- SOBRETENSOES Manuel Coelho" Descargas atmosféricas: O fenómeno e os efeitos resumo abstract Os efeitos destrutivos das sobre tensões têm vindo a assumir uma posição de destaque nas preocupações dos responsáveis pela segurança de pessoas e estruturas e pelo bom funcionamento dos equipamentos eléctricos sensíveis aquele fenómeno. Este artigo aborda sumariamente as origens e os principais efeitos da mais importante fonte de sobretensões: a descarga atmosférica. Destructive ejjects 01 overvoliages are seen witli great concern bv lhe responsibles on lhe saiety 01 persons and structures as well as hy the technicians owners and users 01 electronic de vices. The scope 01 this paper is LO review lhe elementary pliysical principies and lhe mairi ejjects 01 lhe ,nOSI im port ant source 01 damageable overvolt ages: lhe lightning. 1 terizarn, nomeadamente, pelo seu grande desenvolvimento vertical, podendo atingir alturas da ordem dos 12.000 metros acima do nível do solo. Uma das consequências do desenvolvimento vertical destas nuvens é o elevado gradiente de ternperarura que existe no seu interior, apresentando uma nuvem de tempestade média temperaturas da ordem dos 15 a 200e na sua base e de - 50°C na zona dos 12.000 metros acima do solo (fig. 1). A intensa movimentação do ar no interior da nuvem, resultante do gradiente de temperatura referido, origina grande número de choques entre gotas de água e cristais de gelo cm suspensão, resultando, por processo ainda não perfeitamente conhecido, a libertação de cargas eléctricas que se vão acumulando, conforme a sua polaridade, em zonas verticalmente opostas da nuvem. Na situação BUlis frequente (90 a 950/0 dos casos). a base da nuvem fica carregada negativamente, concentrando-se o conjunto das cargas positivas correspondentes na sua zona superior. Introdução Problema considerado permanentemente actual desde há 200 anos, tem o fenómeno das descargas atmosféricas sido objecto de crescente atenção, a nível internacional, nos últimos tempos. A extrema sensibilidade às sobretensões dos equipamentos que baseiam o seu funcionamento na microelectrónica, bem como a extensão e a importáncia dos serviços que aqueles equipamentos prestam, onde quer que se encontrem instalados, tem justificado um notável esforço económico e técnico no sentido de aumentar o nível de conhecimentos sobre a origem e os efeitos da principal fonte de sobretensões destrutivas: as descargas atmosféricas. E objectivo deste primeiro artigo acerca de sobretensões resumir as principais considerações que reflectem o estado do conhecimento actual sobre as origens físicas do fenómeno e dos seus principais efeitos imediatos. 2- A situação geradora do fenómeno 2. 1 - A nuvem de tempestade De entre as massas nublosas resultantes de situações de instabilidade meteorológica destacam-se as que são designadas por cumulo nimbus e que se carac- ELECTRICIDADE - N.o 223 - Maio 1986 2.2 - O campo eléctrico à superfície O campo eléctrico à superfície da Terra, em coodíções de bonl tempo, é positivo (isto é, dirigido das (.) Manuel Coelho, Eng. Elect. (FEUP), Sigma Lda., Porto. 167 km 1/. JI' / I 12 , \ + 1 10' J ':!:±- 8: 6 \ \ , t. 2 \ + + ~ ~+ + + \ + + J + -1..-1.. + /" +. ++ + /t + + ++ + +..,/ + + + @+ + + -: t . +_ I_r 1-_1 t-f ">: +; // é_-_ :' -@-\ _t--_ \\ _-\-- !; j /!f +__ 7--;-.J:---- -~ + + + @+ .. .. <; - ,\ ---._ 1 - - -_ @--=- \ / I - -------- -- \ \ I \,/ -, + ....._ 2km Fig. 1 - Desenvolvimento de uma nuvem de tempestade camadas superiores da atmosfera para o solo), com uma amplitude da ordem dos 100 V 1m. A aproximação de uma nuvem de tempestade cuja base esteja carregada negativamente provoca a inversão do sentido do campo eléctrico e a sua progressiva intensificação, podendo a respectiva amplitude alcançar facilmente valores da ordem dos 20 kV [ti: à superfície, em zonas de terreno plano. Sendo sabido que valores de intensidade de campo eléctrico de 4 kV 1m produzem já uma importante ionização do ar junto de objectos condutores salientes do solo, a aproximação da nuvem carregada vai originando a emissão de iões (positivos, se a base da nuvem , . esta negativamente carregada, como é mais frequente), os quais formam pequenas correntes eléctricas ascendentes designadas por «correntes de descarga de ponta» [2]. A velocidade de emissão dos iões positivos referidos é relativamente pequena (da ordem dos 0,5 mls num campo eléctrico de 3 kV 1m), verificando-se que, em grande parte dos casos, a corrente de descarga de ponta associada aos mais diversos objectos salientes do solo é interrompida, a alturas variáveis, pelos fortes ventos que acompanham a nuvem. Deste processo resulta a formação de bolsas de iões positivos que se vão movimentando aleatoriamente no sentido ascendente, sem manter já continuidade eléctrica com o objecto a partir do qual foram emitidos. 2.3 - Nuvem Evolução a partir da base da nuvem Embora se verifique, por vezes, a existência de descargas de desenvolvimento ascendente, isto é, com início a partir do solo, a situação mais frequente é a que corresponde ao percurso descendente da descarga, desde a nuvem até à superfície da Terra. O processo inicia-se, junto da base da nuvem, pela 168 formação de micro-descargas entre a zona carregada negativamente e as gotas de água que lhe estão imediatamente adjacentes (fig. 2) [3]. Com efeito, sob a acção do intenso campo eléctrico existente as gotas de água alongam-se por acção das forças resultantes de indução electrostática, as quais obrigam ao máximo afastamento entre as suas cargas positiva e negativa. Esta nova forma alongada das gotas de água, agora alinhadas com a direcção do campo eléctrico, facilita a criação de pequenas correntes de descarga de ponta que constituem as micro-descargas referidas. Quando uma grande quantidade de gotas de água é sequencialmente submetida ao processo descrito, forma-se um canal ionizado que dá início a uma pré-descarga designada por «traçador» ou «stepped leader», negativa e ligeiramente luminosa, que se movimenta no sentido descendente, por saltos sucessivos que se crêm orientados pelas bolsas de iões positivos referidos em 2.2. No momento em que o traçador descendente encontra um dos fluxos de iões positivos ascendentes que mantenha ainda continuidade eléctrica com o objecto ligado à Terra a partir do qual foi emitido, fica estabelecido um canal condutor entre a base da nuvem e o solo, iniciando-se então a fase mais violenta da descarga. Esta manifesta-se por uma intensa luminosidade que evolui no sentido ascendente com uma velocidade média da ordem dos 3,5.107 mi s, sendc designada por «choque de retorno» (ereturn strocke»). Na maior parte dos casos este processo é repetido várias vezes através do mesmo percurso ionizado, com intervalos da ordem dos 40 ms, sendo variável com a latitude do lugar o número médio de choques de retorno que compõem a descarga. A título de exemplo refere-se que o valor mais frequente de choques de retorno numa única descarga é de 2 nas regiões temperadas e de 4 nas zonas tropicais, tendo-se, todavia, registado fotograficamente nos E.V.A. o número excepcional de 26 choques de retorno numa única descarga [1]. -:-:-:--:-:-:-:--------------+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ Fig. 2 - Formação do canal de descarga nuvem ELECTRICIDADE junto Solo à base da - N. o 223 - Maio 1986 99,90 99,50 99,00 98,00 r-, " l~ 90.00 80,00 I ~ "" "" 95,00 to. em caso de descargas relativamente próximas. As consequências indirectas poderão, contudo, assumir maior gravidade no caso da pessoa afectada pela perda de visão temporária conduzir, no momento da deslarga, qualquer veículo animado de velocidade elevada como, por exemplo, um automox el ou um avião. .. <, I ~ I I r\ \ 70,00 60,00 50,00 I.QOO 30,00 3.2 - l\ o l\. 20,00 1\ 10,00 1"1 5,00 " ~ 2 ·'·L 1 .~ I' 0,5 0.1 10 11.523'5 20 50 100 r-, r- I"- 200 1000 L I (kA) Fig. :> - 3 Curva da distribuição das amplitudes descarga (Prof. Berger) da corrente de Os efeitos A intensidade da corrente que circula no canal ionizado apresenta valores que normalmente se situam no intervalo entre o milhar e as centenas de milhar de amperes, representando a figura 3 uma curva da distribuição das amplitudes respectivas. Por outro lado, a evolução temporal daquela intensidade de corrente caracteriza-se por um muito curto tempo de subida (fig. 4), e, consequentemente, por um elevado valor de di/dt, o que vai fazer com que todo o comportamento do circuito percorrido pela descarga passe a reger-se por leis aplicáveis a fenómenos transitórios. E assim que, por exemplo, se verifica nos condutores do sistema um acentuado efeito pelicular e que se deve considerar em todos os cálculos a impedância de onda dos condutores ou dos eléctrodos de terra e não a sua resistência óhmica. A circulação da corrente de descarga no seu percurso entre a base da nuvem e a Terra origina, pelas suas características peculiares, um conjunto de efeitos cujas consequências variam entre a quase inocuidade e uma enorme capacidade destruidora. As principais consequências associadas à ocorrência de lima descarga atmosférica podem resumir-se corno segue. 3.1 - Efeitos acústicos Efeitos electroquímicos Tratando-se de uma corrente unidireccional de grande intensidade, poderia parecer que os efeitos electroquímicos exercidos sobre os componentes do circuito de descarga mergulhados cm meios eventual" mente electrolíticos (eléctrodos de terra, por exemplo) seriam importantes. Verifica-se. porém, não ser esse o caso, nomeadamente porque o trânsito da corrente de descarga se processa num tempo muito curto, sendo desprezável o efeito electroquímico da descarga atmosférica na decomposição das ligações face a outros efeitos de corrosão permanente a que estas se encontram submetidas. -40 - -10 L A intensa luminosidade emitida a partir do canal de descarga durante a fase de «return stroke» não tem normalrnente consequências graves. podendo apenas provocar cegueiras temporárias e totalmente r versíveis, as quais podem prolongar-se por mais de 1 minu- - N/' 223 -1t1aio 3.3 - [IcA) • Efeitos luminosos ELECfRICIDADE ruído que surge associado às descargas atmosféricas deve-se fundamentalmente à descompressão súbita do canal de descarga, quando cessa a passagem da corrente. Com efeito, a circulação da elevadíssima corrente de descarga produz efeitos electrodinârnicos que se exercem sobre as moléculas de ar do percurso ionizado, tendendo a diminuir a secção do canal de descarga e aumentando assim a sua pressão interna. A este efeito junta-se a influência de altas temperaturas desenvolvidas em poucos micro-segundos no núcleo do canal de descarga (temperatura que se estima em 30.000 K), o que conduz a uma sobrepressão que atinge as 40 atmosferas num raio de 1 cm a partir do núcleo [1]. Os efeitos do estampido resultante são apenas de ordem psicológica, tanto mais que o início da perturbação ruidosa apenas se dá após a circulação da corrente de descarga. 1986 0'"---'"-_ o 50 100 ISO 250 L_ Fig. 4 - E\ olução temporal da corrente numa descarga tiva (Prof. Berger) nega- .69 3.4 - quente projecção de partículas a alta temperatura. Esta situação pode tornar-se especialmente perigosa em locais sujeitos a riscos de incêndio ou de explosão. Efeitos térmicos a) Influência da Carga Eléctrica Na base das mais evidentes manifestações do carácter destrutivo das descargas atmosféricas estão os efeitos térmicos que a circulação da corrente de descarga • • ongina. A elevada carga eléctrica veiculada (que pode atingir as várias centenas de Coulomb), caracterizada pelo valor de fi dt associado a cada descarga, exerce efeitos térmicos que se manifestam no ponto de «entrada» da corrente de descarga. Estes efeitos não são normalmente muito gravosos, traduzindo-se, em alguns casos, na fusão de volumes muito limitados dos elementos metálicos sobre os quais incide a descarga, nomeadamente quando aqueles elementos apresentam uma forma laminar de pequena espessura ou são constituídos por pontas muito finas. No quadro I apresenta-se um conjunto de valores que permite avaliar o efeito térmico do impacto de descargas veiculando diferentes cargas eléctricas, indicando-se, para cada material, o volume de metal fundido pela energia dissipada e a correspondente profundidade afectada, considerando uma zona de incidência com 20 mm de diâmetro. Deve notar-se que os cálculos foram efectuados admitindo-se um aquecimento adiabático do volume em causa. O problema da perfuração de elementos metálicos em forma de chapa coloca-se nomeadamente no dimensionamento de depósitos de produtos inflamáveis instalados ao ar livre ou no posicionamento e concepção dos depósitos de combustíveis de aeronaves. As descontinuidades ou os maus contactos eléctricos existentes ao longo do circuito percorrido pela corrente de descarga comportam-se, na prática, como pontos de «entrada» da carga eléctrica atrás referida, pelo que são de esperar nesses pontos desenvolvimentos de calor que poderão atingir o ponto de fusão dos metais em presença, com formação de arcos e conseQUADRO I Volume de metal fundido e profundidade afectada pela Incídência de uma descarga atmosférica em objectos metálicos de pequena espessura (Tensão anódica UA'k = cte = 20 V) fi dt [As] FERRO [rnrnt] ALUMíNIO COBRB [mm] [rnrnt] [mm) [mm)] [mm] 86 0,3 108 0,4 233 0,7 50 (Normal) 143 0,5 180 0,6 389 1,3 100 (Forte) 287 0,9 359 1,1 771 2,5 861 2,7 1077 3,4 2331 7,4 30 (Moderado) 300 170 (M,to Forte) b) Influência da energia específica Um outro tipo de efeito térmico causado pela corrente de descarga é o que vem associado à chamada «energia específica» (f 17. dt), a qual é definida como sendo a energia dissipada pela corrente de descarga numa resistência de 1 U. Não sendo desprezável a resistência do conjunto de elementos que constitui o circuito de descarga, verifica-se naturalmente um aumento de temperaturas dos condutores daquele circuito, o qual não é, no entanto, susceptível de pôr em risco a sua integridade dado o normal sobredimensionamento daqueles elementos, por razões de ordem mecânica. A título de exemplo poderá referir-se que a circulação da corrente de descarga com maior energia específica até hoje detectada (107 A2.s) através de um condutor de ferro galvanizado com 50 mm' de secção produzirá um aumento d.a temperatura deste condutor da ordem dos 200 K [4]. Já no que se refere à circulação da corrente de descarga através de elementos pouco condutores tais como madeira ou pedra húmida, por exemplo, os efeitos do desenvolvimento do calor devido à energia específica vêm substancialmente agravados. Neste caso, o alto valor da resistência óhmica faz com que a energia dissipada (W = R f z'2 dr) se torne de tal forma elevada que se verifica a vaporização praticamente instantânea da água contida na madeira ou na pedra, provocando a sua explosão e a projecção dos fragmentos, com eventual risco de incêndio. 3.5 - Efeitos electrodinâmicos A circulação das elevadas correntes de descarga através de condutores paralelos e relativamente próximos origina esforços mecânicos em ambos os condutores, os quais tendem a aproximar-se. Como é sabido, a força exercida é directamente proporcional ao quadrado da corrente e inversamente proporcional à disp. tância entre condutores: F = 20 - expressa em N[t», d com I em kA e d medido em cm. Para o posicionamento normal dos condutores num sistema de protecção, com afastamentos entre condutores relativamente grandes, o problema dos efeitos electrodinâmicos não é normalmente de considerar. Deverá, contudo, ser tomado em conta nos casos em que se verifique a existência de duas vias de descarga de corrente com um afastamento mútuo inferior a 1 metro. ELECTRICIDADE - N.o 223 - Maio 1986 A título de exemplo pode referir-se que a circulação de uma corrente de descarga de 100 kA atrav és de dois condutores paralelos afastados de 0,5 metros origina uma força de atracção entre condutores da ordem dos 400 daN por metro. 3.6 - 4 A descrição muito sumária do fenómeno das oescargas atmosféricas que acaba de ser efectuada pretende apenas recordar aos técnicos envolvidos em problemas de proteccão contra sobretensóes os principais aspectos físicos a considerar sendo o seu objectivo principal preparar o leitor para uma VIsão global da filosofia da protecção integrada que será desenvolvida , . . em próximos artigos. Das considerações produzidas é de sublinhar o carácter extremamente aleatório do fenómeno. tanto no que se refere no seu desenvolvimento inicial corno sua intensidade presumível e aos seus efeitos esperados, o que conduz à necessidade de conceber as diferentes partes do sistema integrado de protecção de urna forma individualizada e ajustada às exigências especificas de cada objecto ou instalação a proteger. Efeitos devidos à indução electromagnética Pelas características de evolução temporal da corrente de descarga e, nomeadamente, devido ao muito elevado gradiente da respectiva frente de onda, a descarga atmosférica exerce nas imediações do seu percurso e até distâncias da ordem do milhar de metros uma acentuada influência electromagnética, podendo originar o aparecimento de tensões induzidas muito elevadas em conjuntos de elementos condutores que possam constituir circuitos fechados. E o caso, por exemplo, dos circuitos eléctricos ou de telecomunicações instalados em edifícios ou no exterior, nos quais podem ser induzidas tensoes da ordem dos muitos milhares de volt, com efeitos destrutivos muito graves para os equipamentos alimentados por aqueles circuitos. O problema põe-se com crescente actualidade dada a extrema sensibilidade dos componentes electrónicos às sobre tensões de qualquer origem c ao papel cada dia mais importante que a microelectrónica desernpenha em quase todas 8S actividades modernas. PROTECÇAO Conclusão à REFER~NCIAS [1] [2] [3] R. H. GOLDE. l.iglitning Protection, Edward rnold, Lda., London. 1973 J. A. CHAl MFRS. Atmospheric Electricity. Pcrgarnon Press. Oxford. D. J. MALAN. Physics 01 Ligluning, The Engli~h University [4-] BIBLIOGRÁFICAS Press, Lda, HASSE - Erdung, WI[Sl~GER. Pf1aum Verlag, ESTUDOS • PROTECÇÃO DE EDIFfCIOS • PROTECÇÃO DE EQUIPAMENTOS Handbuch [iir Blitzschuts VDE-Vcrlag. E PROJECTOS E ESTRUTURAS SENSrVEIS CONTRA AS DESCARGAS ATMOSFERICAS SOBRETENSOES , 2-7 - SOCIEDADE DE INSTALAÇÃO RUA FARIA GUIMARÃES. 100-137 «XO PORTO PORTUGAL ELECTRICiDADE und SOBRETENSÕES CONTRA • London. - N:" 223 - Maio 1986 GERAL DE ACESSÓRIOS FIXAÇÃO DE 8 - ELÉCTRODOS DE TERRA E HASTES DE CAPTURA 9- APARELHOS DE PR OTECÇÃO INTERIOR CONTRA SOBRETENSOES MATERIAL TELEX 23 481 - P - CONDUTORES ELÉCTRICO, TELEFONE ENO TELEG LDA. 20 58 P P C A.. SIGMA - PORTO