Nº 3 outubro 2015 Querem que o trabalhador pague pela crise Em notícia de jornal no dia 20 de outubro os passageiros das barcas descobriram mais uma falcatrua. Não bastasse as longas filas, os problemas de segurança e constantes acidentes, o grupo CCR Barcas quer devolver ao governo do estado a concessão das seis linhas que opera, alegando desequilíbrio econômico-financeiro no contrato e falta de interesse estratégico no negócio. A situação é desfavorável ao estado porque o contrato de concessão, assinado em 1998 e aditado sete vezes, não prevê garantias e multas em caso de quebra do acordo. A desistência pode afetar 97 mil passageiros que utilizam diariamente o transporte marítimo no Rio, sendo 63 mil apenas na travessia Praça Quinze-Araribóia. Além da travessia Rio-Niterói, o consórcio opera os trajetos Praça QuinzeCharitas, Praça Quinze-Paquetá, Praça Quinze-Cocotá, Ilha Grande-Angra e Ilha Grande-Mangaratiba. Desde o fim de 2011, o serviço de transporte aquaviário ganhou subsídios e isenção de ICMS para manter uma “tarifa social”. O estado também se comprometeu a comprar nove embarcações, das quais três já foram entregues. Há 24 embarcações em uso. Destas 21 foram compradas com financiamento público com juros de “pai para filho”. Privatização: precarização e aumento das tarifas Até março deste ano a CCR não havia detectado desequilíbrio econômico-financeiro no contrato. Também não havia expressado falta de interesse estratégico no negócio. O que mudou foi que Luiz Fernando Pezão suspendeu o subsídio da “tarifa social”. Segundo o governador a suspensão resulta em uma economia de R$ 600 milhões. No caso específico do transporte aquaviário a tarifa é de cinco reais. Destes o trabalhador paga R$ 3,50 e governo R$ 1,50. Foi este subsídio que Pezão cortou alegando queda de cinco bilhões da receita prevista em 2014. A travessia Rio – Niterói é um monopólio doado pelo governo para a CCR que recebe tarifa nas barcas e no pedágio da ponte. Os preços são mais caros que a travessia de barca que liga Wall Street à Rua 34, passando por Long Island. Ir a Niterói é mais caro, ainda, que ir de Nápoles à Ilha de Capri, na Itália. De Belém a Marajó, no Pará, uma viagem que tem o equivalente a 16 vezes o percurso, com arcondicionado, não chega ao preço pago no Rio. A CSP-Conlutas exige do governo de Luiz Fernando Pezão a imediata expropriação das embarcações e a reestatização, sob controle dos sindicatos e associações dos funcionários das Barcas S/A. O governo do Estado deve garantir este direito dos trabalhadores fluminense. Este serviço executado diretamente pelo Estado poderia ter um valor igual a 20% da atual tarifa, garantidos os salários dos marinheiros, dos bilheteiros, dos demais funcionários, todos os encargos sociais, trabalhistas, combustível e insumos. No outubro de luta petroleiros vão à greve por direitos Agora é greve! Essa foi a decisão da direção da Federação Nacional dos Petroleiros reunidos nesta sexta (23 de outubro), no Sindipetro-RJ. A partir das deliberações de construção da greve aprovadas nas assembleias dos cinco sindicatos que compõe a Federação e devido à falta de resposta da empresa mesmo com todas as mobilizações da categoria. A diretoria da FNP definiu o dia 29 de outubro como data de início da greve nacional dos petroleiros. O movimento denuncia o Plano de Desinvestimento de Dilma/Bendine e os PLs contra a exploração estatal do pré-sal. Na avaliação dos petroleiros, essas propostas atacam centralmente a caráter público da Petrobrás, ameaçam postos e condições de trabalho e aprofundam a privatização do petróleo brasileiro. A pauta de reivindicações ainda destaca a luta pelo ACT sem cortes de direitos e com aumento real, o estabelecimento da mesa de negociação unificada com todas as subsidiárias da Petrobrás e o posicionamento contrário às demissões dos terceirizados da companhia. Desde o dia 24 de setembro, a FNP vem fazendo mobilizações por todas as bases que compõe a Federação buscando avançar na construção rumo à greve nacional unificada da categoria. A Petrobrás insiste em não apresentar nova proposta para dialogar com os trabalhadores. Reafirmando a pauta histórica da categoria protocolada junto à Petrobrás, a FNP e seus sindicatos encaminharam à companhia na última segunda (26) documento com pontos fundamentais, igualmente aprovados em Congresso da Federação, como ponto-de-partida de negociação. Este tem como base o Acordo Coletivo vigente, sem prejuízo de nenhuma das suas cláusulas, já prorrogadas pela Súmula 277 do TST. Esta ação reforça a vontade da categoria em demonstrar disposição para negociar. Umas das iniciativas apontadas pela FNP como orientação para intensificar as mobilizações é a orientação para que todos da EOR – Equipe Organizacional de Respostas (brigadistas), regulamentados pela NR20, renunciem até a assinatura do ACT. Esses trabalhadores da Petrobrás exercem esse serviço voluntário ganhando em troca um dia de folga, só que mesmo este único incentivo recebido por arriscarem suas vidas em situações de emergência vem sendo negado pela companhia. Esta iniciativa serve também como resposta dos trabalhadores a todas as retaliações ocorridas durante as mobilizações, tais como assédio, força policial ostensiva, corte de transporte, corte de direitos e, por último, frente à redução Trabalhadores do COMPERJ unificam e fortalecem a luta dos petroleiros Trabalhadores fecharam a entrada do COMPERJ, complexo petroquímico de Itaboraí, no leste fluminense, nesta quinta, 22 de outubro. Os manifestante exigem a retomada das obras do complexo e o retorno dos trabalhadores demitidos. A garantia de um acordo coletivo de trabalho digno e luta contra a venda de ativos da Petrobrás também fazem parte das prioridades da pauta de reivindicações. O protesto, organizado pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro e pela Federação Nacional dos Petroleiros, faz parte do processo de mobilização da greve nacional dos petroleiros. Os trabalhadores do Comperj, terceirizados e demitidos formavam a maioria do ato. A defesa dos direitos dos trabalhadores terceirizados também foi uma reivindicação com peso. A paralisação que começou às 7h da manhã contou com adesão de 100% dos trabalhadores. Ônibus e caminhões se enfileiraram num congestionamento que chegou a 4,5 km. Às 9h, em assembleia, decidiram interromper o ato, mas seguem em estado de mobilização podendo deflagar greve a qualquer momento. arbitrária do pagamento das horas extras de feriados previstos no ACT vigente. A reunião também aprovou a produção de uma carta aberta à população para explicar os motivos da greve e convocar a sociedade a se solidarizar com este movimento que precisa ser de todo o povo brasileiro em defesa da Petrobrás 100% pública e estatal. Na noite de sexta-feira, 30 de outubro, os sindicatos que integram a FNP irão fazer uma reunião de reavaliação da continuidade da greve. A disposição da categoria diante da intransigência da Petrobrás é radicalizar o movimento até que a companhia apresente uma resposta.