LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EXAMES LABORATORIAIS AO DIAGNÓSTICO: Exames essenciais: • exame físico com atenção especial para os sítios linfonodais (incluindo o anel de Waldeyer) e tamanho do fígado e do baço; • performance status; • presença de sintomas B; • hemograma completo; • LDH, ácido úrico, β 2-microglobulina; • função renal e hepática; • teste de Coombs direto; • sorologias (HBV, HCV, HIV 1 e 2, HTLV I e II, sífilis e chagas); • eletroforese de proteínas séricas e quantificação de imunoglobulinas; • RX simples de tórax PA e perfil; • TC tórax/abdome/pelve (se adenopatia periférica); • imunofenotipagem de sangue periférico ou medula óssea utilizando os seguintes anticorpos: CD3, CD5, CD20, CD23, CD38, FMC7 e ciclina D1; • biópsia de medula óssea. Exames desejáveis: § determinação do CD38 e do ZAP-70 por citometria de fluxo ou por imunohistoquímica; § citogenética ou FISH (preferencial) para detecção de 17p- e 11q-. Critérios diagnósticos: § § § linfocitose absoluta em sangue periférico >5000/µL; linfócitos maduros com menos de 55% de pró-linfócitos; CD5+, CD19+,CD20+, CD23+, baixa densidade de imunoglobulinas de superfície. ESCORE PARA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE LLC E OUTROS LNH B: MARCADOR PONTUAÇÃO 1 SmIg fraco CD5 positivo CD23 positivo FMC7 negativo CD22 ou CD79a fraco O escore em LLC é geralmente >3. Nos LNH B, o escore é normalmente <3. PONTUAÇÃO 0 forte negativo negativo positivo forte ESTADIAMENTO DE BINET: ESTÁGIO DESCRIÇÃO A Hb>= 10g/dL, plaquetas>= 100.000/mm 3, menos de 3 áreas acometidas B Hb>= 10g/dL, plaquetas>= 100.000/mm 3, 3 ou mais áreas acometidas C Hb< 10g/dL ou plaquetas< 100.000/mm 3 Obs1: consideram -se 5 áreas: cervical, axilar, inguinal, fígado e baç o. Obs2: devem-se excluir outras causas de anemia ou plaquetopenia. ESTAGIAMENTO DE RAI: ESTÁGIO DESCRIÇÃO 0 linfocitose isolada RISCO Bom I linfadenopatia II hepatomegalia e/ou esplenomegalia III Hb< 11g/dL IV plaquetas< 100.000/mm 3 Obs: devem-se excluir outras causas de anemia ou plaquetopenia. Intermediário Intermediário Alto Alto FATORES PROGNÓSTICOS: Seqüenciamento DNA Vh ZAP70 (citometria) >20% das células leucêmicas CD38> 30% 17p- (FISH) 11q- (FISH) FAVORÁVEL >2% mutação negativo negativo ausente ausente DESFAVORÁVEL ≤ 2% mutação positivo positivo presente presente INDICAÇÕES DE TRATAMENTO • falência medular progressiva por infiltração linfomatosa: desenvolvimento ou piora de anemia ou trombocitopenia (excluir outras causa de anemia/trombocitopenia); • linfadenopatia progressiva ou maciça (> 10 cm); • esplenomegalia progressiva ou maciça (6 cm abaixo RCD); • linfocitose progressiva: aumento> 50% em 2 meses ou tempo de dobra de contagem linfocitária< 6 meses; • sintomas sistêmicos: perda de peso >10% últimos 6 meses, febre >38 o nas 2 últimas semanas, sudorese noturna e fadiga extrema. Deve-se excluir outras causas destes sintomas, como infecção por exemplo; • citopenias auto-imunes; • infecções recorrentes; • transformação histológica. CRITÉRIOS DE RESPOSTA (NCI): RESPOSTA COMPLETA RESPOSTA PARCIAL PROGRESSÃO Exame físico normal redução =50% aumento =50% Sintomas ausentes Linfócitos (x106/L) =4.000 redução =50% do basal aumento >50% Neutrófilos (x106/L) =1.500 =1.500 ou aumento =50% do basal Plaquetas (x106/L) >100.000 =100.000 ou aumento =50% do basal Hemoglobina (g/dL) >11 (sem transfusão) >11 ou aumento =50% Mielograma <30% de linfócitos BMO sem infiltração infiltração nodular Outros duração =2 meses duração =2 meses Síndr de Ritcher Obs: os critérios de resposta tendem a se tornar mais complexos com a evolução do tratamento da LLC TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA Idade <70 anos sem 17p- (deleção do p53): 6 ciclos de fludarabina associada à ciclofosfamida. Repetir de 28 em 28 dias. Administrar G-CSF profilaticamente durante o tratamento caso o paciente apresente neutropenia severa (<500 neutrófilos x 106/L) após o primeiro ciclo. fludarabina 25 mg/m 2 D1-D3 ciclofosfamida 250 mg/m 2 D1-D3 fludarabina 24 mg/m 2 D1-D5 ORAL ciclofosfamida 150 mg/m 2 D1-D5 Obs1: administrar alopurinol nos primeiros 7 dias dos três primeiros ciclos; Obs2: ajustar dose de fludarabina conforme função renal Obs3: profilaxias para PCP com sulfametoxazol/Trimetroprim e para HSV com aciclovir durante o tratamento e por pelo menos 6 meses após o término. Evitar uso concomitante de corticóide devido à piora da imunossupressão. VENOSO Idade >70 anos ou pacientes com PS =3 ou com disfunç ão orgânica grave: clorambucil contínuo ou em “pulso”. O clorambucil em pulso em alta dose associa-se a maiores taxas de SG, porém com toxicidade hematológica mais pronunciada. Contínuo (usar de 6 meses até 3 anos) clorambucil 0,1 mg/kg/dia Pulso (28 em 28 dias) clorambucil 40mg/m 2 no D1 (baixa dose) ou (usar de 6 meses até 1 ano) clorambucil 10 mg/m 2/dia do D1 ao D7 (alta dose) Obs1: administrar alopurinol nos primeiros 7 dias dos três primeiros ciclos; Obs2: o acréscimo de corticóide ao clorambucil não aumenta a taxa de resposta. Idade <70 anos com 17p- (deleção do p53): o tratamento inicial com FC associa-se a uma sobrevida livre de progressão de 0% em 3 anos. Nestes casos, o tratamento de escolha é o alemtuzumabe. Como alternativa, pode se utilizar a metilprednisolona em altas doses. ALEMTUZUMABE Administrar pela via SC (menos tóxica). 30mg 3 vezes por semana (segunda, quarta e sexta). Iniciar com duas doses de 3 e 10mg. Repetir o esquema acima se o paciente ficar mais de 7 dias sem a droga. Usar por 12 a 18 semanas. METILPREDNISOLONA EM ALTAS DOSES 1 g/m 2 do D1 ao D5. Administrar de 28 em 28 dias por até 6 ciclos. Obs1: administrar alopurinol nos primeiros 7 dias dos três primeiros ciclos; Obs2: profilaxias para PCP com sulfametoxazol/Trimetroprim e para HSV com aciclovir durante o tratamento e por pelo menos 6 meses após o término. Obs3: pacientes em uso de alemtuzumabe devem ser monitorados quanto a reativação da infecção latente por CMV. Recomenda-se antigenemia ou PCR a cada 2 semanas durante o tratamento e por pelo menos 6 meses após o término. Pacientes com anemia hemolítica auto-imune ou PTI secundárias: tratamento com prednisona na dose de 1mg/kg/dia por pelo menos 3 semanas. Retirada gradativa do corticóide. Pacientes com teste de Coombs direto positivo, porém sem evidência de hemólise podem usar a fludarabina. TRATAMENTO DE SEGUNDA LINHA: • recaída tardia (mais de 6 meses após o término do tratamento de primeira linha): repetir o protocolo de tratamento inicial. • recaída precoce ou progressão durante o tratamento: SEM USO PRÉVIO DE FLUDARABINA fludarabina 25 mg/m 2 IV D1-D3 ciclofosfamida 250 mg/m 2 IV D1-D3 ou fludarabina 25 mg/m 2 IV D1-D5 ou fludarabina 24 mg/m 2 VO D1-D5 ciclofosfamida 150 mg/m 2 VO D1-D5 USO PRÉVIO DE FLUDARABINA (repetir de 28 em 28 dias por 6 ciclos) CICLO 1: Rituximabe 375mg/m 2 IV D1 fludarabina 25 mg/m 2 IV D2-D4 ciclofosfamida 250 mg/m 2 IV D2-D4 CICLOS 2-6: Rituximabe 500mg/m 2 IV D1 fludarabina 25 mg/m 2 IV D1-D3 ciclofosfamida 250 mg/m 2 IV D1-D3 TRANSPLANTE ALOGÊNICO Considerar em pacientes com menos de 60 anos, refratários ao tratamento baseado em análogos da purina ou com 17p-. O transplante ideal é do tipo aparentado não-mieloablativo. Procurar reduzir a carga tumoral do paciente antes do transplante. SITUAÇÕES ESPECIAIS Transformação de Richter. Geralmente associada com o aumento rápido de linfonodos, febre e perda de peso. Biopsiar o linfonodo para a confirmação diagnóstica. Deve ser tratado como um linfoma agressivo (R-CHOP). Avaliar transplante autólogo para consolidação. Transformação pró-linfocítica B. Ocorre em 10% dos pacientes e apresenta prognóstico reservado. Considerar uso de análogos da purina e/ou de anticorpos monoclonais.