PDF - Associação Catarinense de Medicina

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Arquivos Catarinenses de Medicina
ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
Quality of Life and Non-Melanoma Skin Cancer
Thiago Alessandro Ferri , Kuang Hee Lee1, Daniel Ongaratto Barazzetti1, Rosemeri Maurici2, Jorge Bins Ely3
1
RESUMO
ABSTRACT
Os cânceres de pele não-melanoma são os cânceres
humanos mais comuns e, embora as taxas de mortalidade
sejam baixas, estes tipos de câncer podem causar
deformidades físicas consideráveis. A face e o pescoço
são as regiões mais afetadas devido à maior exposição
aos raios solares. Os tumores nestas localizações
podem apresentar morbidade significativa e levar a um
grau variável de deformidade, com prejuízo funcional e
estético, resultando em distúrbios psíquicos e sociais. A
avaliação da qualidade de vida é de suma importância
durante o tratamento do paciente oncológico, já que o
diagnóstico de câncer traz aos pacientes sentimentos
negativos de raiva e angústia, e principalmente medo
da morte, do sofrimento, da recorrência, das limitações
físicas e financeiras. Existem diversos estudos sobre
qualidade de vida, no entanto, não foi identificado
nenhum estudo sobre a qualidade de vida nos pacientes
com câncer de pele não-melanoma no Brasil.
Non-melanoma skin cancers are the most
common human cancers and although mortality
rates are low, these cancers can cause considerable
physical deformities. Face and neck are the most
affected regions due to sunlight exposure. Tumors in
these locatiosn may show significant morbidity and
lead to a varying degree of deformity, with funcional
and aesthetic impairment, resulting in psychological
and social disorders. The evaluation of quality of
life is of paramount importance for the treatment
of cancer patients, as diagnosis of cancer brings
to patients negative feelings of anger and anguish,
and especially fear of death, suffering, recurrence,
physical and financial limitations. There are several
studies about quality of life, however, was not
identified any study about quality of life in patients
with non-melanoma skin cancer in Brazil.
DESCRITORES: Cirurgia Plástica, Qualidade de vida,
Neoplasias cutâneas
KEYWORDS: Plastic Surgery, Quality of life, Skin
Neoplasms
1. Residente de Cirurgia Plástica HU/UFSC
2. Médica pneumologista
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
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Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
INTRODUÇÃO
e “quality of life” e “skin cancer”.6-10
Os cânceres de pele não-melanoma (CPNM) são
os cânceres humanos mais comuns. A incidência
do carcinoma basocelular (CBC), isoladamente, tem
aumentado 10% ao ano no mundo, sugerindo que a
prevalência deste tumor em breve será igual a de todos
os outros tipos de câncer combinados. Além disso,
estima-se que de 40 a 50% dos pacientes com um
carcinoma primário irá desenvolver pelo menos um ou
mais CBCs adicionais em 5 anos.1
Foram encontrados 5 artigos no Portal de Periódicos
da Capes, 2 artigos na BIREME, 8 artigos na LILACS, 149
artigos no Pubmed e nenhum artigo na SCIELO. Um artigo
estava repetido em três portais e um artigo em dois.
Estima-se que em 2014 serão 182 mil novos casos
de CPNM no Brasil, sendo a maior incidência nos estados
de Santa Catarina (210 casos/100 mil pessoas), Rio de
Janeiro (183 casos/100 mil pessoas) e Rio Grande do
Sul (159 casos/100 mil pessoas).2
Embora as taxas de mortalidade por CBC e carcinoma
espinocelular sejam baixas, estes tipos de câncer podem
causar deformidades físicas consideráveis.3 Como a
maioria desses tumores ocorre em áreas expostas e
visíveis, como face e pescoço, tanto o câncer de pele,
como a cicatriz cirúrgica, podem ser difíceis de esconder.
Faces desfiguradas decorrentes de uma malignidade ou
de seu tratamento cirúrgico podem ser causadoras de
angústia, e esses pacientes podem conviver com altos
níveis de ansiedade, depressão e isolamento social.4
Qualidade de vida (QoL) é um termo amplo que
envolve temas como bem-estar social, saúde, inserção
do indivíduo na família e na sociedade, dentre outros.
A avaliação da QoL é utilizada na medicina há alguns
anos para mensurar o quanto os resultados obtidos se
aproximam dos objetivos fundamentais de prolongar
a vida, aliviar a dor, restaurar a função e prevenir
incapacidades. A mensuração da QoL é de extrema
importância para a tomada de decisões na prática
clínica, especialmente nos casos de CPNM.5
OBJETIVO
O objetivo desse estudo é realizar uma revisão da
literatura sobre a qualidade de vida nos pacientes com
câncer de pele não-melanoma no Brasil.
MÉTODO
Foi realizada uma busca bibliográfica na base de
dados do Portal de Periódicos da Capes, na Biblioteca
Regional de Medicina (BIREME), na base de dados da
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS), na Scientific Electronic Library Online
(SCIELO) e no Pubmed, utilizando como descritores as
palavras-chave “qualidade de vida” e “câncer de pele”,
RESULTADOS
Após a leitura dos artigos encontrados ou de seus
resumos, verificou-se que nenhum deles avaliava a
qualidade de vida nos pacientes com câncer de pele
não-melanoma no Brasil.
DISCUSSÃO
O termo CPNM engloba linfomas cutâneos, tumores
anexiais, carcinoma de células de Merkel e outras
neoplasias cutâneas primárias raras, mas é usado
principalmente para definir o CBC e o CEC.1
Apesar de continuar sendo a neoplasia mais incidente
em nosso país, em ambos os gêneros, considera-se
que os dados estejam subestimados pelo fato de que
muitas lesões suspeitas são retiradas sem diagnóstico.
Em estatísticas norte-americanas, um em cada cinco
indivíduos de pele clara, em algum momento de suas
vidas, adquirirá um tipo de câncer cutâneo.11
O risco de desenvolver CPNM depende do genótipo,
fenótipo e de fatores ambientais. O risco é maior em
moradores de regiões com altos índices de irradiação
solar e que têm marcadores de susceptibilidade à
radiação ultravioleta, como pele, olhos e cor do cabelo
claros (caucasianos), incapacidade para bronzear, e
aqueles com lesões de pele benignas relacionadas ao
sol, como ceratose actínica e lentigo solar.1
A variação geográfica na incidência de CPNM é
outro dado que relaciona esta doença à exposição ao
sol. A incidência dentro dos países está associada com
o aumento da proximidade com o equador. A camada
de ozônio mais fina e a menor distância percorrida por
raios ultravioleta em latitudes mais baixas do que em
altas latitudes, fazem moradores dessas regiões mais
vulneráveis aos efeitos desta radiação. Os gradientes
são semelhantes para homens e mulheres, em todas as
idades.1
A face e o pescoço são as regiões mais afetadas
devido à maior exposição aos raios solares. Os tumores
nesta localização podem apresentar morbidade
significativa e levar a um grau variável de deformidade,
com distúrbios funcional e estético, resultando em
distúrbios psíquicos e sociais.11
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Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
A avaliação da QoL é de suma importância durante o
tratamento do paciente oncológico, já que o diagnóstico
de câncer traz aos pacientes sentimentos negativos de
raiva e angústia, e principalmente o medo da morte,
do sofrimento, da recorrência, das limitações físicas
e financeiras. A necessidade de cuidados de suporte
já é reconhecida como peça-chave no tratamento de
doentes oncológicos.5
Sabe-se que a prevalência dos sintomas físicos está
diretamente relacionada à angústia psicológica e à
baixa qualidade de vida nestes indivíduos, enfatizando
a necessidade de avaliação da QoL em todas as fases
da doença. Esta avaliação também pode ser utilizada
para predizer a evolução do tratamento e a sobrevida
dos pacientes.5
Em nossa pesquisa, encontramos estudos sobre QoL
nos pacientes com doenças dermatológicas benignas
(como psoríase), melanoma cutâneo, neoplasias
da cabeça e pescoço, câncer de mama, assim como
avaliação da auto-estima nos pacientes com CPNM.
Encontramos também estudos sobre QoL nos pacientes
com CPNM realizados em outros países. No entanto, não
foi identificado nenhum estudo sobre a qualidade de
vida nos pacientes com câncer de pele não-melanoma
no Brasil.
5. Barbato MT, Bakos L, Bakos RM, Prieb R, Andrade
CD. Preditores de qualidade de vida em um grupo
de pacientes com melanoma cutâneo em clínica
dermatológica de um hospital universitário. An Bras
Dermatol. 2011;86(2):249-56.
6. Portal de Periódicos da Capes. Disponível em:
<http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em:
22 fev. 2015.
7. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: <http://
www.bireme.br>. Acesso em: 22 fev. 2015.
8. Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde. Disponível em: < http://lilacs.bvsalud.
org>. Acesso em: 22 fev. 2015.
9. The Scientific Electronic Library Online. Disponível
em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 22 fev.
2015.
10.US National Library of Medicine, National Institutes
of Health. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed>. Acesso em: 22 fev. 2015.
11.Carvalho MP, Filho RSO, Gomes HC, Veiga DF, Juliano Y,
Ferreira LM. Auto-estima em pacientes com carcinomas
de pele. Rev Col Bras Cir. 2007;34(6):361-6.
CONCLUSÃO
Apesar do elevado número de casos de CPNM
no Brasil e de sua provável influência na QoL dos
indivíduos acometidos, não identificamos nenhum
estudo relacionado ao assunto. Assim, torna-se
fundamental que estudos sejam conduzidos visando
ampliar o conhecimento sobre QoL nos pacientes com
CPNM no Brasil.
REFERÊNCIAS
1. Madan V, Lear JT, Szeimies RM. Non-melanoma skin
câncer. Lancet. 2010;375:673–85.
2. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes
da Silva. Estimativa 2014, Incidência do Câncer
no Brasil. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/
estimativa/2014/index.asp>. Acesso em: 29 nov. 2014.
3. Souza RJS, Mattedi AP, Corrêa MP, Rezende ML,
Ferreira ACA. Estimativa do custo do tratamento do
câncer de pele tipo não-melanoma no Estado de São
Paulo – Brasil. An Bras Dermatol. 2011;86(4):657-62.
4.Caddick J, Stephenson J, Green L, Spyrou G.
Psychological outcomes following surgical excision of
facial skin cancers. Eur J Plast Surg. 2013;36:75–82.
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