Criança Positiva: Série Radiofônica sobre Aids Infantil na Paraíba Angelita Lucas dos Santos Resumo A Série é composta de dez programas, com quase vinte minutos cada, mixada em três volumes. Cada um tem todos os assuntos relacionados à AIDS, incluindo várias vinhetas. Ainda há entrevistas com soropositivos, médicos, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. A recepção da Série nas rádios ultrapassou nossas expectativas, inclusive, sendo solicitada para reprisá-las. A Série ainda hoje, é escolhida para participar de Congressos e seminários nacional e internacional sobre Aids. Palavras-chave: Criança; Rádio; Série; Aids; Congresso. Corpo do Texto Este trabalho tem por finalidade mostrar um estudo empírico científico e testemunhal que desenvolvemos em locais onde encontramos um público excluído da sociedade, pessoas que são vistas como o “Câncer Social” ou “Mal do Século”. Os lugares que visitamos foram: hospital Universitário, núcleo de pré-natal, hospital Clementino Fraga, referência em AIDS no estado, Secretária de Saúde do Estado e Secretária Municipal de Saúde, núcleos DST/AIDS, Casa de Apoio aos Soropositivos. O apoio das pessoas e das instituições foi fundamental em várias etapas do trabalho. Os depoimentos, as entrevistas e as emoções de cada fato relatado nos fortaleciam permanentemente. Escolhemos o rádio para desenvolver este trabalho, por está em toda parte. Em cada dez famílias com automóveis, seis tem rádio no carro. Noventa e cinco por cento das residências tem pelo menos um rádio relógio, ou seja, quase metade da população dorme, acorda e locomove-se ouvindo rádio. O rádio continua sendo o mio de comunicação mais abrangente no Brasil, cresce a cada dia, não só em tecnologia, mas em popularidade, audiência e credibilidade; isso faz com que o rádio continua mais vivo e mais forte do que nunca. Nenhuma outra mídia oferece segmentação, agilidade e fidelidade ao seu público. (IBOPE e Escritório da rádio, http://www.104fm.com.br/a104). O rádio é um veículo de informações mais popular do Brasil, tendo como principais objetivos à informação e o entretenimento. Esses dois fatores se traduzem em audiência quando atingem os ouvintes que são o público-alvo do nosso veículo de comunicação. O rádio noticia, historia os fatos, envolve pessoas transmite emoção. Como sabemos, o profissional do rádio deve divulgar os fatos e as informações que esclareçam aos ouvintes a importância das notícias. Pensando dessa forma, resolvemos fazer esta série radiofônica sobre AIDS infantil, porque sabemos que o rádio ainda é o meio de comunicação de massa mais ouvido. O rádio está no ônibus, nas caminhadas nos calçadões, nos presídios e nos hospitais, quer dizer o rádio está em todos os lugares. Nas chamadas emissoras comerciais, aquelas dirigidas por empresários do ramo, e que estão preocupados principalmente cm o lucro, cresceu paralelamente uma guerra predatória pela audiência, que se caracteriza pela veiculação de programas de radio jornalismo ou policiais em que o ibope se media pelo número de palavrões agressões produzidos por seus apresentadores, quase sempre tendo como alvo pessoas das camadas mais carentes da população. Os donos de algumas empresas radiofônicas, não aderem à transmissão e a divulgação de projetos informativos e educativos que levam aos cidadãos informações esclarecedoras dos direitos e deveres. Alguns segmentos da própria imprensa se insurgem contra esse estado de coisas que merecem o repúdio da população. Essa prática não deve servir de justificativa para alcançar o ibope desejado. Direcionados na luta de buscar informações a respeito da AIDS, doença que hoje cresce assustadoramente na população infantil, resolvemos levar para o rádio pó assunto AIDS, que ainda é visto como um fantasma (que existe, mas que uns acham que nunca vão ser atingidos). Resolvemos então estudar a melhor forma de tirar as dúvidas, tanto nossos quanto dos ouvintes, pesquisando o assunto e contribuindo para o esclarecimento das pessoas, usando o rádio como veículo. A metodologia, segundo Minayo (1994), consiste no conjunto de técnicas necessárias para a investigação de um objeto de estudo, ou seja, a metodologia responde a pergunta de como pesquisar o nosso problema. Para realização desta série radiofônica foi necessária uma análise qualitativa das informações pesquisadas em livros, folders e sites para determinação dos tópicos abordados em cada programa, incluindo entrevista com médico, Psicólogos, nutricionista, pedagogo assim como o depoimento de um portador do vírus HIV. Em seguida buscamos organizar as informações no formato radiofônico. Depois de pesquisar e ler muitos livros e revistas com o assunto AIDS, não poderíamos deixar de enfatizar assuntos de suma importância dentro deste relatório, mesmo sabendo que são assuntos já debatidos em outras ocasiões, em trabalhos, mas por ser um tema que todos os dias temos novidades resolvemos ampliá-los e nos enriquecemos nosso projeto. A literatura médica relata que comprovam existência da AIDS no mundo desde a década de 50, em países da África Central. A propagação do HIV (vírus da imunodeficiência humana) deu-se a partir da década de 70. Porém, nos anos 80 é que a propagação da doença alcançou índices suficientemente elevados para transformá-la na “doença do século”. Ao de ser essencialmente masculina. As mulheres de drogados e de parceiros bissexuais também foram sendo contaminadas fechando o cerco, onde mais ninguém ficou de fora. O tema AIDS é tão abrangente, que depois de consultar vários livros, revistas e sites na Internet, não poderia deixar de contar também sobre AIDS no mundo dentro deste projeto, no mundo principalmente na África setenta por cento das pessoas estão contaminadas, como se trata de fatos relevantes decide então, falar mais sobre o assunto, como podemos observar nas páginas seguintes. Dentro de um contexto geral observamos que as crianças são as que mais sofrem desde as doenças oportunistas até o preconceito dentro de sua casa, na escola e em outros ambientes, observemos, um pouco adiante, algumas fotos de crianças soro positivas que estão passando por problemas sérios, que é a presença da famosa evolução da doença. AIDS no Brasil Os primeiros dados sobre a AIDS no Brasil são da década de 80. Hoje já são mais de seiscentos mil casos notificados (dados do Ministério da Saúde, Boletim epidemiológico da Coordenação Nacional de Saúde). Segundo esse mesmo estudo, aproximadamente dez mil crianças, abaixo de 13 anos, foram contaminados pelo vírus HIV, o que é um dado assustador. Em 1997, a previsão do Ministério da Saúde, seria que no ano 2000, ultrapassaria em 1,2 milhões de casos de Aids. Já estamos em 2008, e temos apenas a metade desta estimativa. A epidemia do HIV representa uma das mais sérias ameaçadas à saúde de nossos tempos. Na falta de métodos preventivos e curativos eficazes no campo da biologia, as possibilidades de combate à propagação do vírus continua sendo amplamente sustentada no trabalho educativo, precisando, então, estimular a adoção de comportamentos que reduzam os riscos de infecção. Esta realidade demanda o constante aprofundamento do debate e da reflexão em torno das práticas educativas, de modo a aumentar sua eficácia a apontar caminhos que respondam aos diversos desafios a elas relacionados. A doença do HIV pode inicialmente apresentar-se como enfermidade de soro conversão (passar a ser positivo) poucas semanas após a infecção. Com esta “doença aguda” o paciente apresenta-se indisposto, com febre, erupção cutânea, dor na garganta e na cabeça. Geralmente, o paciente se recupera deste estado em uma semana, de forma espontânea. Não se sabe qual a porcentagem de indivíduos infectados que desenvolvem esta “doença crônica”, sendo, que muitos acreditem tratar-se de uma gripe ou resfriado comum, negando-se a busca de assistência médica. Os vírus são micróbios muito pequenos que não podem ser vistos a olho nu. Eles não conseguem sobreviverem sozinhos, de maneira independente. Por isso, ao invadirem o organismo humano, procuram penetrar em alguma célula, tornando-se parasitas para conseguirem sobreviver, multiplicar-se. Existem dois tipos de vírus causadores da AIDS, o HIX-1 e o HIV-2, que se diferem tanto pela variabilidade genética de seus códigos quanto pelas suas ações no organismo. Segundo o pesquisador Richard Marlink da Universidade de Harvard, o HIV-1, o vírus é mais comum no Ocidente, chega a ser dez vezes mais mortal que o HIV-2, que existe quase exclusivamente na África. Esta afirmação foi feita VIII Conferência Internacional de AIDS, em Amsterdã Holanda. As infecções são responsáveis por uma variedade das qual a Pneumonia é a que mais definem a AIDS, outras doenças relacionadas à AIDs são fûngicas, tais como: Candidiase, infecções por protozoários ou toxoplasmose, tumores, vírus ou herpes genital. A perda de massa corporal, por exemplo, é uma das manifestações mais grave da doença por HIV. Os bebês nascidos de mães infectadas pelo HIV podem ganhar menos peso aos três meses de vida, aparentam ser menores do que os bebês normais. As pessoas contaminadas pelo HIV, mas que não desenvolveram a doença, e/ou nem apresentaram sintomas são chamadas de soropositivos, portadores assintomáticos ou portadores sadios. Sífilis é uma doença infecciosa de evolução crônica, o Treponema pollidium é o agente causador da doença contraída por meio de relação sexual ou materno fetal que passa da gestante para o feto, sendo que esta última dá origem á sífilis congênita, porém, é uma das doenças mais facilmente prevenireis bastando que a gestante infeccionada seja imediatamente tratada, assim como seu parceiro sexual. As crianças com infectadas pelo HIV são mais vulneráveis ás doenças hepáticas. O comprometimento do fígado pode ocorrer em qualquer fase da imunodeficiência. A intensidade das alterações depende na maioria das vezes da resposta imunológica. A giárdia lambia é um protozoário encontrado com freqüência nos pacientes infectados pelo HIV, em qualquer fase da doença. Na apresentação clínica da giardíase, dor abdominal e diarréia são comuns principalmente nas crianças. Manifestações Dermatológicas As manifestações dermatológicas são muito freqüentes em crianças portadoras do HIV e podem inclusive, complicar o caso quando elas estiverem com seu sistema imunológico baixo, portanto, as mães devem tomar bastante cuidado para que este quadro não e torne recidivo, que melhora, mas volta a ocorrer à descontinuidade do tratamento. Lesões Virais O herpes zoster acomete geralmente as pessoas que estão com a imunologia baixa. Os sinais de pior prognóstico são os mesmos relatados na varicela. Há possibilidade também de ocorrer disseminação cutânea, com quadro dermatológico semelhante ao da varicela. As manifestações dolorosas devem ser combatidas com antiflamatório, anestésicos tópicos ou bolsas de gelo. Manifesta-se geralmente por bolhas dolorosas nos lábios, na língua, na faringe ou na mucosa oral, com lesões extensas. . Verrugas Ano genitais : Verrugas ano genitais venéreas ou condilomas acuminados são as reações freqüentes que determinam as lesões cutâneas provocadas pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). Estas lesões são tumores benignos oi proliferação do epitélio ou mucoso, cuja coloração varia do róseo ao hipigmentado em relação á pele sã. Podem ser únicas Ou múltiplas, confluentes ou isolados. Por vezes assumindo a forma de tumorações carnosas com aspectos de “couve-flor”. A principal via de infecção em adultos é a relação sexual, mas a criança adquire o HPV através da mãe durante o parto, ou a falta de higiene também pode ocasionar muitas infecções. O tratamento pediátrico para a retirada das lesões é a cirurgia por eletro coagulação. São mais comuns na região perineal embora também sejam descritas em boca, laringe, dorso, membros superiores e inferiores, bexiga, reto e cicatriz umbilical. Infecções Fúngicas Candidiase muco cutâneas é a infecção fúngica mais freqüente em crianças com AIDS, com incidência aproximada entre 48% e 85%. “““ “““ A lesão oral tem aspecto típico, formando “placas” de diâmetros variados, de coloração branca, sobre sua superfície, mais parecida com” leite coalhada”. As lesões de pele geralmente são apresentadas por pequenas úlceras rasas, formando lesões maiores. A infecção causa prurido e orados. A infecção crônica pode aparecer também em forma de ínguas. A difusão imunológica nos indivíduos com AIDS favorece o aparecimento das infecções oportunistas e dos processos de tumores cancerígenos neoplásicos, essas infecções podem ocorrer em locais considerados incomuns, por exemplo, o esôfago. Segundo especialistas, as deficiências da imunidade celular sistemática e distúrbios locais podem provocar a mucosa esofagiana causando a lesão. A disfagia que é a dificuldade de engolir é um sinal mais nítido nos lactentes, a irritabilidade e choro nas mamadas podem ser indício de algum distúrbio no esôfago. Crianças maiores ao sentirem dor na deglutição podem desencadear uma recusa alimentar e conseqüentemente à perda de peso. É importante ressaltar que as lesões esofagianas podem ocorrer em qualquer idade sem dúvida, a incidência é mais elevada na fase avançada da imunodeficiência. Doenças Gastrintestinais As manifestações gastrintestinais são consideradas as mais freqüentes entre as crianças infectadas pelo HIV, e na maioria das vezes como principal responsável pela perda de peso e conseqüentemente a desnutrição grave como podemos observar a foto acima. A incidência das doenças gastrintestinais, principalmente a diarréia é mais elevada nos pacientes com disfunção imunológica severa e nas regiões onde as condições socioeconômicas são menos favoráveis. As doenças gastrintestinais afetam mais de 85% das crianças infectadas pelo HIV, e pode alcançar quase 100% na fase tardia da AIDS. Infecção nas Mulheres O impacto da infecção pelo HIV na população feminina talvez seja o aspecto menos estudado da epidemia, apesar da grande ameaça para a saúde das mulheres, que são infectadas a cada dia, em todo mundo. A maior parte delas, oitenta e cinco por cento, são mulheres jovens, em idade reprodutiva. O nível de HIV no sangue das mulheres é mais baixo do que nos homens, isto na fase similar da infecção por HIV, as mulheres tendem a apresentar carga viral mais baixo no sangue do que os homens. Existem resultados conflitantes em relação ao assunto. Mas a nova pesquisa, que analisou 13 estudos anteriores envolvendo mais de 10.500 pacientes, conclui que a maioria das evidências mostra um claro efeito do gênero. (Fonte: Clinical Infectius Diseases 2002). Um problema complementar transmissão heterossexual e que expõe sobremaneira as mulheres, vários estudos têm demonstrado que a transmissão do vírus é cerca de 20 vezes mais eficiente dos homens para as mulheres, quando as relações, quando de relações sexuais sem proteção. HIV e a Gravidez A própria mulher soropositivas é quem deve decidir se deve engravidar ou não. Para isso, deve reunir o máximo de informações possíveis, a fim de fazer uma opção consciente. Um dos principais pontos a serem analisados é a transmissão perinatal, que vem sendo uma preocupação mundial, pois o HIV pode ser transmitido da mãe para o filho durante a gestação (intra-uterina), no parto (intraparto) e no pós-parto (aleitamento). Mas é uma decisão que apenas a mulher pode ter. Há uma tendência na literatura em afirmar que a gestação agrava a evolução da infecção pelo HIV nas mulheres que apresentam um número elevado de CD4, quer dizer que tem uma carga viral mais alta, mas nunca foram atingidas por doenças oportunistas e que se encontram em bom estado nutricional. Por outro lado, quando o sistema imunológico está fraco, (principalmente abaixo de 200 CD4) ou quando a mulher contrai doenças oportunistas e não se apresentam em bom estado nutricional, os problemas médicos são freqüentes e também é mais elevado o risco de que a criança seja portadora do vírus. O aborto espontâneo, a pré-maturidade, a rotura prematura de membrana, o retardo de crescimento extra-uterino e o baixo peso ao nascer são freqüentes nas gestantes sintomáticas. É importante o conhecimento de que o tratamento anti HIV (uso de antiretrovirais, principalmente o AZT, sozinho ou em terapia dupla) permite reduzir o risco de transmissão do vírus a criança. Entre as mulheres que não recebem tratamento durante a gravidez o risco é três vezes maior. Esse tratamento pode também ser necessário para melhorar o estado de saúde da mulher. Para os pesquisadores do assunto, já está bem estabelecida à transmissão do HIV da mãe para o feto no decorrer do ciclo grávido-pueperal, seja pela placenta, no parto ou no aleitamento. Acredita-se que o materno-fetal varia entre 15% a 40%, dependendo da prevalência do vírus na população materna nos diferentes países. A probabilidade de transmissão é mais elevada nas mulheres sintomáticas e nas doenças mais avançadas. A recomendação é quando a mulher engravidar, a partir da 14ª semana deverá ser oferecido o AZT a toda gestante portadora do vírus durante o pré-natal e no período intraparto, e ao seu recém-nascido. (Se houve um tempo em que pensávamos que a AIDS não era um problema feminino... e que as mulheres seriam somente as pessoas a cuidar dos doentes da AIDS... ou que elas não poderiam ser infectadas pelo HIV nos contatos heterossexuais... Essas são suposições passadas) (Ministro da Saúde José Serra, Revista Saúde Brasil 2000). Hoje é um tempo em que o cuidado com as mulheres no que diz respeito á prevenção da AIDS, é assunto da família dependentemente da saúde da mulher. A mulher é a primeira provedora de cuidados á saúde. Assim, os efeitos da AIDS nas mulheres não são somente umas afeições individuais. Pelos seus múltiplos papéis a mulher soro positivas introduz uma profunda modificação nas relações sociais e familiares. A proteção da mulher, que diz respeito á prevenção da infecção pelo HIV, não pode ser realizada isoladamente. Devem-se levar em consideração os valores culturais, sociais e econômicos que determinam o modo de ser das relações familiares e sociais, além de suporte da sociedade aos cuidados da saúde. Isso significa exercer a plenitude da cidadania, entendem-se o Estado como provedor da assistência integral á saúde e essa como direito de todos os cidadãos, homens e mulheres. Assim, as mensagens a serem enviadas às mulheres no sentido de prevenirem contra AIDS, devem estar conectadas á essa realidade. Caso contrário cairá no vazio. Quantas mulheres podem perguntar aos seus parceiros sobre sua história sexuais passada, ou mesmo sobre outros parceiros atuais? Quantas mulheres podem tomar decisões sobre como e quando fizer sexo e mesmo, se devem ou não fazer sexo com seus parceiros? A luz do rápido incremento da infecção pelo HIV através do contato heterossexual e, considerando as dificuldades de negociação das regras sexuais, necessita-se atualmente de novas tecnologias e métodos para a prevenção da AIDS nas mulheres, que possam ser utilizados sem a cooperação ou mesmo sem o esperado consentimento do seu parceiro. Observa-se que, mesmo as mulheres estando a par das medidas preventivas para evitar a AIDS, elas podem não estar aptas a praticar sexo seguro por causa de sua baixa condição sócio-econômica. Elas não têm o poder de negociar com seus parceiros o uso ou não do preservativo. Sabemos que o governo ainda disponibilizou no mercado o preservativo feminino gratuito, deixando a mulher à mercê da vontade dos seus parceiros sexuais. No Brasil, percebe-se uma mudança nas categorias de riscos nos últimos anos, com uma acentuada elevação para os grupos heterossexuais. A proporção de novos casos atribuídos á transmissão homossexual caiu de quarenta e sete por cento para vinte e quatro entre 1986 e 1991. A transmissão heterossexual, no mesmo período, aumentou de cinco por cento para vinte por cento. AIDS na Paraíba Na Paraíba, os primeiros casos de AIDS surgiram na década de 80. Já são quase dois mil casos em todo estado. Com número de soropositivos registrado de 1985 até 2007. A Paraíba está acompanhando a tendência nacional de heterossexuais, a AIDS não é mais aquele mito de ser a doença do “Gay”, hoje a AIDS não escolhe sexo, idade ou classe social. A Paraíba ocupa o quinto lugar em números de casos de AIDS no Nordeste e o décimo lugar no recorde nacional. O número das mulheres infectadas com o HIV vem aumentando desde 1995. Para cada três homens contaminados com o HIV no estado, há uma mulher com o vírus. A camada mais vulnerável a doença é a pobre, porque tem dificuldades de informações de acesso e medidas de prevenção. A incidência da doença na Paraíba é registrada na faixa etária de vinte e trinta e nove anos. Atualmente os heterossexuais são os mais atingidos seguidos dos bissexuais e homossexuais. Os números são assustadores já que conta com quase dois mil casos. A Secretária de Saúde revela que já somam cinqüenta e um casos entre adolescentes e crianças afetadas pela doença. E que também já existem quarenta e seis mulheres grávidas soro positivas no estado. A transmissão vertical acontece ainda quando o bebê está no útero, isto faz com que a mulher deva tomar providências imediatas a partir do momento que descobrir que está grávida. A mulher deve procurar os hospitais de referências para começar fazer prénatal. Os hospitais Clementino fraga e Hospital Universitário já dispõem de ambulatório específico para cuidar dos casos. A cada mês surgem novos casos de mulheres grávidas contaminadas. Os “Filhos da AIDS”, como são chamado talvez mais do que os adultos, sofram duplamente com a situação, com as conseqüências de outras doenças e o preconceito no meio em que vivem principalmente na escola. Como estão descobrindo a vida, as crianças estão mais propensas ao sofrimento de descriminação. No estado, os municípios mais atingidos são: João Pessoa, Campina Grande, Bayeux; Cabedelo Santa Rita. (Dados da Secretária de saúde do Estado da Paraíba). Atualmente, em todo o estado, quinze ONGS Organizações Não Governamentais trabalham com a questão AIDS. Todas elas trabalham junto à população específicas como mulheres profissionais do sexo, homossexuais e outros. Existem ainda três CTA/ COAS Centro de Orientações e Apoio Sorológico, onde as pessoas podem fazer e receber apoio e orientações psicológicas. A mãe soro positiva não poderá amamentar seu bebê, ele irá se alimentar através do soro materno vindo de bancos de leite, vinculado a Secretária de Saúde. A maternidade Cândida Vargas e Frei Damião são referências em bancos de leite em João Pessoa. As mães devem saber que o seu filho tem o direito à vida e os pais são responsáveis por elas. AIDS e Imprensa AIDS e Imprensa é uma questão que, a nosso ver ainda não estão em sintonia perfeita. A imprensa não dá cartaz para que a prevenção da AIDS seja divulgada. Os donos das grandes empresas de radiodifusão não estão se incomodando com a quantidade de pessoas que a cada minuto se infectam. Enquanto a mídia e o governo estão preocupados em divulgar dados de candidatos políticos, existem milhares de pessoas que estão morrendo, ou se infectando em sua cidade, no seu bairro, no Brasil e Mundo. Está na hora dos órgãos competentes se preocuparem com o povo. Na década de 80/90 a Imprensa aparecia como vilã das informações, amedrontando as pessoas que ouviam as anucialidades, algumas pessoas ficavam em pânico porque sabiam que a AIDS em 2002 já teria infectado mais de 1,2 milhões de brasileiros, no entanto não ultrapassou 600 mil, a metade de um prognóstico da primeira projeção. Estamos em 2002 e graças a um trabalho continuado do Ministério da Saúde, que desde 1992 vem investindo fortemente no tratamento e na prevenção, com apoio da sociedade civil organizada. O governo na revista estima que um milhão de homossexuais esteja contaminado pelo vírus, segundo a revista saúde Brasil, 2000 e decidiu que brevemente pela primeira vez vai fazer uma campanha especifica para este público, não fez antes para não aumentar o preconceito contra os gays, porque de inicio esse era o grupo da população mais afetada pelo vírus. Prevenção As divulgações sobre o HIV/AIDS São hoje mais visíveis através de folhetos, folders, cartilhas informando como evitar e como pega a AIDS. A AIDS é transmitida da seguinte forma: líquido seminal; esperma; secreção vaginal; e leite materno; nas relações sexuais com pessoas infectadas pelo HIV sem o uso do preservativo; uso de agulhas, seringas e objetos perfuro-cortantes infectados; da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou aleitamento. O vírus HIV não se transmite: no abraço, beijo na boca contato pele/espirro, aperto de mão, lágrima, suor, saliva, assentos públicos, picadas de insetos, pias, piscinas, saunas, ônibus elevadores, dormindo no mesmo quarto, na mesma cama, usando as mesmas roupas, toalhas, sabonetes, trabalhando no mesmo ambiente, freqüentando a mesma sala de aula, cinemas teatros, academias de ginásticas e restaurantes, doando sangue utilizando materiais descartáveis. Como se prevenir: usar a camisinha em todas as relações sexuais (vaginal, oral e anal), desde o início das carícias, transfusões de sangue somente com sangue testado negativo para HIV, não compartilhar agulhas, seringas e material perfuro-cortantes, sem esterilizá-lo ante de usar material descartável, as mães soro positivas não devem amamentar seus filhos. Produção do Programa Todo aluno é crucificado, desde a escolha do tema até a conclusão do projeto experimental. Tentamos várias vezes escolhermos um tema que pudesse ser fácil desenvolver, pedimos opiniões a vários amigos, mas existia um, porém, eles estavam na mesma situação que a minha, não tinham idéia. Então surgiu a idéia de fazer uma grande reportagem sobre AIDS infantil, conversei com alguns professores sobre o assunto, mas eles disseram que eu não podia, porque reportagem era para quem estivesse habilitado em Jornalismo, novamente veio à dúvida. Em contato com crianças soropositivas tivemos a idéia de fazer uma série radiofônica sobre AIDS Infantil na Paraíba e a partir daí fomos definir quem poderia nos orientar. Convidamos Norma Meireles que aceitou prontamente. Daí então, começamos a ter encontros semanais para as devidas orientações. Depois de vários encontros com Norma ela falou que aceitava a ser minha orientadora por conhecer as dificuldades de um aluno na época de conclusão de cursos Colocamos no papel como séria está série, pesquisamos assuntos interessantes, porque AIDS é muito abrangente, mas como se trata de AIDS infantil, as bibliografias não são suficientes. Visitamos hospitais para podermos entrevistar médicos, psicológos, infectologistas, assistentes sociais, pedagogos, nutricionistas e portadores de HIV. Ainda fomos a Secretária Municipal de Saúde de João Pessoa e Secretária Estadual de Saúde, em busca de dados sobre a doença aqui na Paraíba. Com uma vasta documentação e material, fomos produzir “Criança Positiva”: a série é composta de dez programas; para cada programa foi escolhido um tema que mais chamasse atenção do público, a seleção musical foi feita com músicas infantis que passassem uma mensagem de aprendizagem, cultura, sonhos, brincadeiras, entretenimentos, higiene, saúde e informações em relação a AIDS. Pegamos todos estes materiais, organizamos os scripts e fomos ao estúdio de gravação. A série foi gravada e mixada nos estúdios da Rádio Cultura de Guarabira e tivemos que viajar duas vezes durante a semana. Em uma semana deixávamos os primeiros cinco programas gravados, na outra semana teríamos que editar, enquanto isto produzia os últimos scripts. Cada programa era produzido com muito cuidado na linguagem radiofônica, para que o ouvinte viesse a entender o verdadeiro conteúdo do assunto AIDS. A série radiofônica é composta de 10 programas, cada um com mais de 15 minutos de duração. Os programas são compostos de vinheta de abertura, vinheta de passagem, vinheta de encerramento, dicas de saúde, músicas infantis, textos, entrevistas e músicas de encerramento. Pensamos deixar o ouvinte se deleitando com as informações que a música fala detalhadamente sobre AIDS/DST, enquanto a emissora preparava sua programação normal. Após a edição dos programas fomos mixá-los nos CDs, o resultado são três volumes. Dentro dos CDs existem fotos de crianças soropositivos descaraterizadas, já que por ordem judicial não podemos expor nomes e fotos de crianças que pudessem ser identificadas. Terminada esta etapa agora tínhamos que criar um logotipo para as capas dos CDs, pensamos em colocar fotos de crianças soropositivas, mas o juiz havia indeferido nosso pedido. Tivemos que repensar outro logotipo, então decidimos colocar o símbolo da AIDS que é um bonequinho com um fone nos ouvidos, representando AIDS e Rádio. Recepção do Programa A nossa preocupação com a recepção dos programas seriam como o público iria receber em seus lares esta programação, com um tema que ainda assusta uma maioria, principalmente aquelas pessoas da periferia ou da zona rural. Por isso decidimos que os programas teriam que ser veiculados também no interior. Sabemos que o rádio nestas áreas é muito ouvido, principalmente no interior do estado, onde as pessoas acordam cedo e já ligam seus rádios. Os programas foram veiculados no interior nas rádios: Constelação de Guarabira FM, Rádio Comunitária Araçá FM da cidade de Mari e Rádio Difusora Voz de Odilândia em Santa Rita. Segundo informações dos radialistas dos programas deste horário que veiculam o Criança Positiva, houve uma aceitação muito boa por parte do público. Já na cidade de João Pessoa, as Rádios Sanhauá e Rádio Comunitária de Cruz das Armas, nos informaram que foi grande a audiência. A Rádio Comunitária de Cruz das Armas recebeu quase 20 correspondências, enquanto a Rádio Sanhauá recebeu 5, Rádio Constelação recebeu 15 e a Rádio Araçá 10. Recebemos cinco e-mails particularmente não esperava que os programas fossem tão bem aceitos, mesmo neste período eleitoral, onde as emissoras estão com problemas de espaço dentro dos seus horários. O radialista Manoel Batista da Rádio Araçá FM de Mari, requereu que esta série radiofônica continuasse sendo veiculada na emissora, durante seu programa em um dos quadros que ajuda os ouvintes a tirarem dúvidas em vários assuntos, mesmo depois deste espaço concedido ao projeto da universidade. Dentro dos programas, nós pedimos aos ouvintes que escrevessem, telefonassem ou mandassem seus e-mails tirando suas dúvidas e falando se gostaram da programação e entre as correspondências lidas, uma chamou mais atenção, esta veio do brejo paraibano mais precisamente da cidade de Bananeiras: um casal, ele com 60 anos e ela com 53 estão contaminados, eles não sabem como adquiriram o vírus. Estão passando por problemas sérios, segundo relata a carta, seus vizinhos não querem sequer falar com eles, não permitem que o casal tome água nas suas casas, com medo de serem contaminados através do copo. Outro fato curioso, é que uma ouvinte ligou desesperada para a Rádio Comunitária de Cruz das Armas enquanto estava passando o programa e segundo o radialista do horário das 5hs, ela estava chorando em desespero, pedia o telefone da produção do programa. Recebemos uma ligação, às 05h30min da manhã de uma senhora de nome Rosa de Lourdes residente em oitizeiro, chorando, dizendo que a sua irmã de 15 anos teria contraído o vírus da AIDS na sua primeira relação sexual, porque até antes era virgem. Segundo Dona Rosa de Lourdes, a sua irmã de nome fictício de Lana havia conhecido um rapaz na praia de Cabedelo e fez amizade naquele mesmo dia e a menina manteve relação sexual com o rapaz, cujo paradeiro é desconhecido. Depois daquela data, época de carnaval, após três meses a Lana vinha sentindo tonturas, dores de cabeça, vômitos e bastante diarréia, os familiares pensaram de imediato uma gravidez, depois que a Lana falou que teria mantido relações sexuais na praia, e cada dia a menina ficava mais fraca, e nada da barriga crescer, foi quando decidiram ir ao posto médico de Cruz das Armas, com as suspeitas de algo anormal estaria acontecendo com a menina. Quando chegaram ao posto de saúde à médica orientou que elas deveriam procurar o hospital Clementino Fraga para fazerem alguns exames mais especializados, e foi através destes exames que descobriram que a adolescente Lana estaria com o vírus HIV. O maior problema que aflige a Rosa é contar para a família o problema que Lana está enfrentando. Então muitos casos parecidos com o de Lana têm no estado, país e mundo. Recebemos a carta da Vânia, ela diz que tem três, dois são soropositivos, mas o último nasceu são graças ao tratamento que ela fez durante a gestação tomando toda medicação e sendo acompanhada por equipe médica especializada, já foi descartada a possibilidade do seu filho ser positivo. Há 60 anos, uma “pegadinha” de Orson Welles transmitida por uma emissora de rádio, fez a América tremer de medo. De acordo com os relatos da época, os telefones das delegacias não paravam de tocar e os gritos de socorro escoavam pela rua. Foi o caso mais polêmico e discutido até hoje na história do rádio. O poder deste aparelho chamado rádio é indiscutível, faz você chorar, sorrir e se emocionar. Quando pensávamos numa série radiofônica, também pensávamos nos inúmeros ouvintes que estariam ao nosso lado, necessitando de informações que pudessem lhe ajudar. O que de início era uma série radiofônica sobre AIDS infantil, para tirar as dúvidas das pessoas que quisessem saber mais detalhes sobre AIDS, depois se tornou como um consultório médico ou um divã psicológico, onde as pessoas queriam sempre ser consultadas e orientadas com relação ao assunto. A produção dos programas, a veiculação e a audição dos mesmos foram além das nossas expectativas. Foi muito gratificante uma luta que já tratávamos há quatro anos, esperando apenas o dia “D”. Um trabalho que teve a participação de todos os meus professores de todas as disciplinas, quando sempre nos orientavam e nos ensinavam para este dia. A Série CRIANÇA POSITIVA alcançou a maior parte de seus objetivos que era chamara atenção das pessoas com relação a um tema muito polêmico chamado AIDS Infantil na Paraíba. A prova está na recepção dos programas, quando recebemos das emissoras quase cinqüenta cartas, onde alguns radialistas das emissoras falaram que dificilmente as pessoas escrevem para a programação da emissora, ficaram, felizes em saber que durante a sua programação estava chegando correspondências. Radialista da Rádio Araçá de Mari, Rádio Comunitária de Cruz das Armas e Sanhauá projetam a permanência dos programas nas emissoras. Já o diretor presidente da Rádio Comunitária de Cruz das Armas, pediu inclusive que houvesse programas idênticos ao nosso, que fosse também veiculado na emissora. Particularmente o que está faltando é mais empenho para divulgação de trabalhos educativos nas emissoras comerciais, os donos das grandes empresas radiofônicas não estão preocupados com o bem estar do cidadão, esquecem dos trabalhos sociais que por lei as emissoras comerciais têm que divulgar, mas infelizmente almejam apenas os lucros de horários vendidos, ás vezes sem cultura alguma, é mais fácil você divulgar um CD com músicas pornográficas nas emissoras comerciais do que divulgar um CD com trabalhos educativos. Existe uma briga predatória pela audiência, tudo isso, depois que foi descoberta a imprensa, ou melhor, Marconi inventou o rádio. Pelas ondas hertzianas radiotelevisas pessoas desconhecidas entram em nossos ouvidos, nas nossas casas. Não são médicos, psicólogos, nutricionistas são apenas os “profissionais” da imprensa freqüentemente provisórios, ávidos do cheiro de escândalos como urubus atraídos pela carniça, onde o sistema radiotelevisivo é totalmente entregue a iniciativa privada e aos mercadores do templo. Mas há também os que se preocupam com a educação e a cultura, felizmente. De vez em quando ouvimos programas de boa qualidade. A obrigação da mídia é informar os fatos no seu nível de realidade. Não cabe contar enredo de uma peça como se fosse fato real, muito menos um fato que viesse agradar a uns e a outros não, como se fosse uma obra santa. A meu ver, a imprensa como qualquer outro seguimento da sociedade em geral deve se preocupar com as causas sociais, com as pessoas carentes e necessidades de informações. O governo precisa se preocupar mais com as campanhas que visem prevenir a doença. E os meios de comunicação de massa devem abrir mais espaços para divulgações de trabalhos e programas direcionados aos soropositivos. Que as pessoas também se sensibilizem que a AIDS é um problema nosso, que devemos estar todos unidos para juntos combatermos esta doença que a cada dia está se proliferando, sem pedir licença ao seu pai, sua mãe, sua esposa, seu marido, seu namorado ou a família inteira. Podemos fazer alguma coisa, vamos nos inteirar mais no assunto para podermos divulgá-lo, principalmente aos jovens, que estão descobrindo a sua sexualidade, que os pais devem conversar com seus filhos sobre a doença mostrando a realidade e ensinando como devem prevenir-se. O rádio pode e deve fazer parte desse processo de esclarecimento de um assunto tão sério como a AIDS, especialmente observando as “crianças positivas”. Basta apenas um pouco de disposição dos radialistas e das emissoras para o maior envolvimento com o tema. Apesar das dificuldades, valeu a pena! 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