consumo alimentar de energia, macronutrientes e vitaminas

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CONSUMO ALIMENTAR DE ENERGIA, MACRONUTRIENTES E VITAMINAS
ANTIOXIDANTES POR PACIENTES EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO.
Lívia Christine Santana e Silva (bolsista do ICV/CNPq), Gilmara Péres Rodrigues
(Orientadora, Depto de Nutrição – UFPI)
Introdução
O câncer é definido como enfermidade multicausal crônica, caracterizado pelo
crescimento descontrolado das células. A controvérsia envolve resultados de estudos que apontam o
consumo de suplementos vitamínicos antioxidantes como estratégia para auxiliar na prevenção ou
cura de doenças crônicas, bem como resultados de pesquisas recentes que têm mostrado a ingestão
excessiva de vitaminas como fator de mudança em seu mecanismo de ação, passando a assumir
efeito pró-oxidante, com promoção de alterações no DNA. Além disso, algumas análises sugerem
que o consumo excessivo de β-carotenos, vitamina A e vitamina E pode aumentar o risco de morte
em pacientes com câncer. Portanto, não há suficiente evidência científica para promover ou
desencorajar o uso de suplementos multivitaminas para a prevenção de doenças crônicas, entre as
quais o câncer ((ROHENKOHL; CARNIEL; COLPO, 2011; PALOMO; MOORE-CARRASCO;
CARRASCO; et al., 2010; DÜSMAN; FERREIRA; BERTI, 2012).
Tomando-se como referencial os aspectos apresentados, julga-se importante a
realização deste estudo, na perspectiva de contribuir para a identificação do consumo alimentar de
energia, macronutrientes e vitaminas antioxidantes por pacientes com câncer durante o tratamento
quimio e radioterápico.
Metodologia
O presente estudo é de natureza transversal, realizado com 100 pacientes portadores de
câncer, de ambos os sexos, faixa etária entre 20 e 59 anos, assistidos em um hospital especializado
em tratamento oncológico na cidade de Teresina-PI. Realizou-se a aplicação de questionário sobre
características clínicas dos pacientes e três recordatórios alimentares de 24 horas, em dias
diferentes, sendo dois dias da semana e um dia no final de semana, para avaliação do consumo
alimentar de energia, macronutrientes e vitaminas antioxidantes.
Calculou-se ainda o percentual de adequação das vitaminas C e E de acordo com a
Estimated Average Requirement (EAR), por meio da verificação do perceptual que os valores obtidos
representavam em relação ao valor médio recomendado. Para análise do valor energético total
utilizou-se como referência a “Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009: Análise do
Consumo Alimentar Pessoal no Brasil”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2011. Quanto às recomendações de macronutientes, utilizou-se as recomendações da
Acceptable Macronutrient Distribution Range - AMDR, por ser uma faixa de ingestão que está
associada ao risco reduzido de doença crônica (PADOVANI; AMAYA-FARFÁN; COLUGNATI, 2006;
BRASIL, 2011).
Os dados foram organizados no programa Microsoft Excel 2010 para análise descritiva,
com determinação de frequências, valores médios e desvios padrão, utilizados na elaboração de
tabelas.
Resultado e Discussão
A amostra foi composta por 100 pacientes, sendo 82% do sexo feminino (n=82) e 18%
do sexo masculino (n=18), cujo tempo médio de diagnóstico do câncer foi de 11,4 ± 10,2 meses.Os
valores médios e desvio padrão para idade foram de 43,4 ± 8,6. Todos os pacientes do estudo
encontravam-se em tratamento quimioterápico, porém 8% (n=8) já haviam realizado radioterapia. É
importante mencionar que 43% (n=43) possuía história familiar positiva para a doença.
Entre os participantes do estudo foram identificados 10 diferentes tipos de neoplasias
malignas, mostrando uma maior prevalência de câncer de mama entre as mulheres 67,1% (n=55) e
de próstata e pulmão entre os homens 27,8% (n=5).
Os resultados confirmam dados epidemiológicos que apontam a elevada frequência de
câncer de mama entre as mulheres e de próstata entre os homens. Entre as mulheres, o câncer de
mama é o de maior prevalência e incidência em todo o mundo. Representando cerca de 25% de
todos os tipos de câncer diagnosticados na população feminina. Nesse sentido, a idade é apontada
como um dos mais importantes fatores de risco, uma vez que as taxas de incidência aumentam
rapidamente após os 50 anos. Na população masculina, a última estimativa mundial apontou o câncer
de próstata como sendo o segundo tipo mais frequente, estando atrás do câncer de pele. Da mesma
forma que para o câncer de mama entre as mulheres, a idade figura como importante fator de risco.
Aproximadamente 62% dos casos diagnosticados no mundo ocorrem em homens com 65 anos ou
mais (INCA, 2014).
Os resultados demonstram que o valor médio de consumo energético encontra-se
abaixo do recomendado, enquanto que a distribuição de macronutrientes encontra-se dentro do
recomendado. Achados semelhantes foram encontrados por Tartari; Busnello e Nunes (2010), em
que se investigou o perfil nutricional de pacientes em tratamento quimioterápico, encontrou-se média
de consumo energético equivalente a 1.875 ± 200,2 kcal/dia, também inferior às necessidades
energéticas daquela população.
Nesse sentido, é oportuno destacar que a doença neoplásica maligna pode ter
componentes de hipo e hipermetabolismo, na dependência do tipo de tumor, do estágio do câncer e
das formas de tratamento, resultando em diminuição ou aumento do gasto energético. Mostrando que
comparar os dados sobre o consumo energético é uma difícil tarefa, considerando a escassez de
estudos que utilizam esse instrumento para avaliar consumo alimentar de pacientes oncológicos
(FIRME e GALLON, 2010; TARTARI; BUSNELLO e NUNES 2010).
Os resultados demonstraram consumo médio das vitaminas C e E superior ao
recomendado pela EAR, porém abaixo do estabelecido pelo UL. Usam-se estes parâmetros, por
serem considerados os mais adequados para a avaliação de dietas de indivíduos. Valores habituais
de consumo abaixo da EAR denotam grande probabilidade de inadequação, e acima da UL indicam
risco de desenvolvimento de efeitos adversos por toxicidade (PADOVANI; AMAYA-FARFÁN;
COLUGNATI, 2006).
É importante destacar que as vitaminas C e E garantem um efeito protetor em relação ao
câncer, devido ao fato de serem antioxidantes e de evitarem a formação de carcinógenos a partir de
compostos precursores, mantendo a integridade e a regeneração dos tecidos, além de aumentar a
imunidade. Além disso, as concentrações séricas maiores de vitamina C e tocoferóis, bem como o
consumo de alimentos ricos nesses nutrientes, são capazes de reduzir pela metade o risco de lesões
pré-neoplásicas evoluírem para o câncer (SAMPAIO e ALMEIDA, 2009).
Conclusão
Conclui-se que o consumo alimentar dos pacientes em tratamento oncológico está adequado
quanto à contribuição dos macronutrientes para o valor energético total, embora não seja suficiente
para atender as necessidades energéticas desta população. Em acréscimo, o consumo alimentar das
vitaminas antioxidantes C e E, a partir de alimentos fontes, apresenta baixo percentual de
inadequação, com consumo superior às recomendações para a maior parte da população estudada.
Palavras-Chave: Câncer. Consumo Alimentar. Vitaminas Antioxidantes.
Referências
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