Encontros Celebrativos Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude C748c Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Encontros Celebrativos. Brasília, Edições CNBB. 2011. 80 p. : 14 x 21 cm ISBN: 978-85-7972-105-2 1. JMJ. História – Teologia – Cruz – Cristãos – Aprofundamento – Igreja Católica; 2. Envio da Cruz – Acolhida – Celebração – Jovens – Fé-Jesus Cristo; 3. Encontros Celebrativos – Leituras – Liturgia; 4. Cânticos – Organizações da Cruz E Do Ícone de Nossa Senhora da JMJ Rio 2013 – mistério da cruz. CDU – 25:3-053.7 Coordenação: Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude Coordenação Editorial: Pe. Valdeir dos Santos Goulart Revisão Doutrinal: Pe. Hernaldo Pinto Farias Revisão: D. Hugo Cavalcante, OSB. Projeto Gráfico, Capa e Diagramação: Henrique Billygran da Silva Santos 1ª Edição - 2011 Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor - CNBB. Edições CNBB SE/Sul, Quadra 801, Cj. B, CEP 70200-014 Brasília-DF Fone: (61) 2193-3019 - Fax: (61) 2193-3001 [email protected] www.edicoescnbb.com.br Sumário Apresentação.............................................................5 1. Texto de Aprofundamento da Teologia Cruz ...................................................7 A história da JMJ e a Teologia da Cruz dos Cristãos .......7 Introdução..............................................................7 Conclusão ............................................................. 30 2. Celebração de acolhida e envio da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora da JMJ ......................... 33 Celebração de acolhida: .......................................... 33 Celebração de Envio ............................................... 36 3. Encontros Celebrativos ....................................... 39 Itinerário da Cruz - Jornada Mundial da Juventude ..... 40 Leitura Orante ....................................................... 40 Orientações Litúrgicas ............................................ 40 Primeiro Encontro Celebrativo .................................. 41 Segundo Encontro Celebrativo.................................. 45 Terceiro Encontro Celebrativo .................................. 48 Quarto Encontro Celebrativo .................................... 52 Quinto Encontro Celebrativo .................................... 56 4. Cânticos ............................................................. 61 5. Itinerário da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora da JMJ 2013 e Shows Bote Fé ............................ 73 Itinerário da Cruz da JMJ no Brasil: 2011 - 2013 ............ 73 Organização do Itinerário da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora: .................................. 73 6. Orientações Gerais ............................................. 77 7. Mistério da Cruz ................................................. 79 Encontros Celebrativos 5 Apresentação “Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção” (Beato João Paulo II, Roma, 22 de abril de 2004). A Cruz Peregrina é um símbolo da fé católica, da evangelização, da união de várias nações com o objetivo de expressar redenção e fé. Porém, a Cruz Peregrina tem um significado maior, mais forte, mais amplo: representa a figura de Cristo Salvador, o cordeiro de Deus. É o símbolo do amor de Cristo por nós e por toda a humanidade conforme a expressão de João Paulo II. Este material busca justamente refletir a importância e o significado de uma cruz que representa toda a entrega salvífica de Cristo, que caminha ao lado dos jovens. O Filho de Deus não vem sozinho, junto vem Maria, presença materna, testemunho de entrega, Mãe de Deus, representada pelo Ícone de Nossa Senhora. “Hoje eu confio a vocês... o Ícone de Maria. De agora em diante ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a Cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o Apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas” (Roma, 18ª Jornada Mundial da Juventude, 2003). Conhecer esses dois símbolos, refletir sobre eles, a luz da temática da Jornada Mundial da Juventude é o intuito deste material. Continuar o legado que o Beato João Paulo II nos confiou, auxiliar a Igreja e ao Papa Bento XVI na evangelização da juventude e na contemplação destes dois símbolos é nossa resposta a este presente que a juventude recebe em toda a Jornada. “Nossa Senhora esteve presente no cenáculo com os Apóstolos quando eles estavam esperando por Pentecostes. Que ela seja 6 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 vossa mãe e guia. Que ela vos ensine a receber a palavra de Deus, a valorizá-la e meditá-la em seu coração (cf. Lc 2,19) como ela fez com sua vida. Que ela possa encorajar-vos a dizer o vosso “sim” ao Senhor, ao viver “a obediência da fé”. “Que ela possa ajudar-vos a permanecerem fortes na fé, constantes na esperança, perseverantes na caridade, sempre atentos à palavra de Deus” (Sua Santidade Papa Bento XVI, Austrália, Domingos de Ramos, 2006). Dom Eduardo Pinheiro da Silva, SDB Bispo auxiliar de Campo Grande - MS Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude Encontros Celebrativos 7 1. Texto de Aprofundamento da Teologia Cruz A história da JMJ e a Teologia da Cruz dos Cristãos Introdução Um dos maiores símbolos do cristianismo é a Cruz. Também é um dos mais conhecidos. Antes de Jesus Cristo, e mesmo depois de algum tempo que Ele conclui sua obra salvadora entre nós, a cruz era instrumento de castigo, tortura e morte. Depois que Ele, através da Cruz, redimiu a humanidade, com sacrifício, ela tornou-se sinal de salvação, de vida e redenção para todos aqueles que creem em seu nome e na eficácia de seu sacrifício, como cordeiro pascal, pelos nossos pecados. A Cruz foi adotada logo no início do cristianismo, como símbolo da fé, expressão de piedade e compaixão e também como objeto de veneração. Não só a cruz em si, mas também os gestos e atitudes, inspirados nela, enriquecem a liturgia e simbologia cristãs. O grande movimento iniciado pelo Beato João Paulo II, chamado Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), recebeu desse grande Papa, uma Cruz como símbolo. Esse movimento tem como objetivo a evangelização da juventude, a fortificação de sua fé e, momento de intensa catequese. Aqui trataremos desse símbolo das JMJ, do significado da Cruz para a fé cristã, particularmente católica, os gestos e atitudes dos cristãos com relação a esse grande instrumento de Salvação e como a Liturgia e a Religiosidade Popular o valoriza grandemente. 8 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 I. As Jornadas Mundiais da Juventude e a “Cruz Dos Jovens”1 Corriam os anos da década de 1980. O Beato João Paulo estava ainda nos inícios de seu longo pontificado. Uma de suas primeiras grandes iniciativas foi estabelecer o ano de 1983 (25 de março de 1983 – 22 de abril de 1984) como Ano Santo da Redenção com o lema: “Abri as portas ao Redentor”. Como símbolo desse grande evento, o Papa pensou numa grande cruz a ser colocada ao lado do altar principal da Basílica Vaticana. Deveria ser tão grande, que todos a pudessem ver de longe. Foi então construída, e colocada nesse local uma grande cruz de madeira, com 3,8 metros de altura que aí permaneceu durante todas as celebrações pontifícias que se efetuaram na Basílica de São Pedro durante o Ano Santo. Inicialmente ela era conhecida como Cruz do Ano Santo ou Cruz do Jubileu. A última celebração solene daquele ano santo foi o seu encerramento: o Papa fechou a Porta Santa (uma das grandes portas da Basílica) no dia 22 de Abril de 1984, significando sua conclusão. Ao lado da Basílica de São Pedro há um Centro da Juventude, chamado São Lourenço, que o próprio Beato João Paulo II criou para acolher os jovens peregrinos que visitavam Roma, ou mesmo outros jovens necessitados de amparo e ajuda. Foi nessa ocasião que o Papa, num gesto daquilo que, posteriormente, ele mesmo iria chamar de Nova Evangelização, confiou a Cruz do Ano Santo aos jovens, pedindo que a levassem para o Centro da Juventude São Lourenço e dando-lhes uma missão muito específica. Foram essas suas palavras aos jovens: “Meus queridos jovens, ao concluir este Ano Santo, confiovos o símbolo deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levai-a pelo mundo afora como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciai a todos que só na morte e ressurreição de Cristo é que poderemos encontrar salvação e redenção”. Aí foi traçada uma grande missão evangelizadora para os jovens: levar a Cruz de Jesus Cristo como símbolo de seu amor 1 Alguns dados aqui apresentados foram encontrados em http://www.portal. ecclesia.pt/ecclesiaout/ouvidoriapontadelgada/documentos/historia_da_ cruz.pdf acessado em 23-06-11. Encontros Celebrativos 9 pela humanidade e, ao mesmo tempo, evangelizar o mundo, ou seja, anunciar a todos que somente no mistério pascal de Jesus (sua morte-ressurreição) é que podemos encontrar a salvação e redenção. Na verdade, um duplo movimento daí surgiu: de um lado, os jovens foram investidos de uma missão evangelizadora (ir pelo mundo levando a Cruz) e de outro, eles mesmos foram e estão sendo evangelizados, e muitos começaram a seguir mais decididamente a Jesus como discípulos, através das JMJ, que o mesmo Papa começou a organizar em seguida. Em nome de toda a juventude católica, os jovens do Centro São Lourenço levaram-na para lá e começaram, desde 1984, a organizar peregrinações dessa Cruz por todas as partes: Europa Central, Leste Europeu (como em Praga, que nessa época estava sob o regime comunista), alguns lugares das Américas, Ásia, África, Austrália. A primeira peregrinação foi em julho de 1984, na cidade de Munique (Alemanha) para o Katholikentag (Jornadas Católicas).2 Daí por diante, essa Cruz passou a ser conhecida como Cruz Peregrina, Cruz dos Jovens ou Cruz das JMJ. A partir de 1994, a Cruz começou a peregrinar também por todas ou quase todas as igrejas particulares dos países sede de cada JMJ internacional, como um meio de preparação espiritual para o grande evento. Assim, a Cruz das JMJ vai passando de país, em país, de diocese em diocese, tal como uma tocha olímpica, porém, com uma mensagem muito superior e mais sublime: entusiasmar nossa juventude pelo seguimento de Jesus! Num tempo em que, na Europa, e também no Brasil, o cristianismo e principalmente a Igreja Católica, é hostilizada e muitos, em nome de uma mal entendida liberdade religiosa, pretendem retirar os crucifixos dos espaços públicos, é uma sadia provocação que esta Cruz dos Jovens, de grandes dimensões, esteja presente ostensivamente, em nosso meio como testemunha vivo da fé cristã. 2 Essas foram as nações pelas quais já peregrinou a Cruz dos Jovens desde 1984 até 2010: (por ordem alfabética) Argentina, Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Canadá, Tchecoslováquia (República Checa e Eslováquia), Coreia, Croácia, Dinamarca, Escócia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos da América, Filipinas, França, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Malta, México, Mônaco, Noruega, Polônia, Portugal, Reunião (Oceano Indico), Romênia, Suécia, Suíça, Chechênia (cf. http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/ouvidoriapontadelgada/documentos/historia_da_cruz.pdf - acessado em 23-06-11). 10 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Conforme Leen den Blawen, uma das coordenadoras do Centro da Juventude São Lourenço, “esta Cruz simboliza a peregrinação que vai dos preparativos das JMJ até os eventos conclusivos. Representa a união dos jovens católicos, a união com o Papa, com a Igreja e com todo o mundo. Aos jovens, que não conhecem a Cruz de Jesus Cristo ou as JMJ, parece causar intimidação porque pode simbolizar a morte. Por isso, devemos explicar-lhes o significado: representa a redenção, nossa salvação e a ressurreição. É muito bonito explicarlhes isso, pois nos permite dizer-lhes que a Ressurreição de Cristo não nos lembra a morte, mas a vida, a árvore da vida!”. Por sua vez, o Pe. Eric Jacquinet, francês, responsável junto ao Vaticano pelas JMJ afirma que “o Beato João Paulo II queria organizar não somente um encontro internacional de jovens, mas um encontro deles com Jesus Cristo e com a Igreja presente em todo o mundo. Queria que tivessem essa experiência de descobrir Jesus Cristo na Igreja. Ele, e agora Bento XVI, percorreu e percorre os cinco continentes (Manila, Denver, Colônia, Sidney, Madri...) pregando o Evangelho aos jovens. Quando o Santo Padre escolhe um país, tem uma mensagem muito precisa: esse país é uma prioridade para a Igreja, e, nesse momento histórico, precisa de motivações, impulsos e estímulos para fé, que são as JMJ”. Em 1985 tinha sido proclamado Ano Internacional dos Jovens pelas Nações Unidas. João Paulo II disse que a ONU proclamou o Ano da Juventude mas, de fato, quem o realizou foi a Igreja. De fato, no Domingos de Ramos desse ano, 300.000 jovens reuniramse com o Papa, na Praça São Pedro, em Roma, e lá estava a Cruz dos Jovens, acompanhando essa multidão juvenil. No final desse Ano Internacional da Juventude, o Papa anunciou que se iria realizar anualmente um Dia Mundial da Juventude sempre no Domingo de Ramos. Em Buenos Aires (abril de 1987) realizou-se o primeiro desses encontros, verdadeiramente internacionais, fora da Europa, que congregou jovens de todo o mundo num só lugar. Nos anos subsequentes essa Cruz acompanhou a juventude por diversas partes do mundo. No ano 2000, a peregrinação dessa Cruz continuou pela Itália. Ela foi levada a pé nos ombros de 200 jovens de Mântua para Roma, onde, em pleno ano do jubileu do novo milênio, foi aberta a 15a JMJ na Praça São Pedro. A grande Cruz esteve presente na solene Encontros Celebrativos 11 Via Sacra pelo Fórum Romano até o Coliseu e depois testemunhou as correntes de jovens que vieram receber o Sacramento da Reconciliação no Circo Mássimo. Uma multidão de mais de dois milhões participou da Missa de encerramento com o Santo Padre em Tor Vergata, nos arredores de Roma. Passados 11 anos, em agosto de 2011 a grande Cruz da Juventude, após percorrer as dioceses de Espanha e Portugal, esteve em Madri para a abertura da 24a JMJ que se realizou de 16 a 21 de agosto. E então, foi a vez do Brasil recebê-la para que peregrine entre nós, até à realização da JMJ em 2015... Antes de passar ao item seguinte, é interessante notar também que, ao lado do grande símbolo da Cruz, em 2003 o Beato João Paulo II, entregou aos jovens um outro grande símbolo: o ícone de Nossa Senhora. Ela sempre acompanha a Cruz para que os jovens sintam também a presença materna da Mãe de Jesus junto deles. Nossa Senhora não é o centro da História da Salvação, mas por vontade de Deus ela está no centro da nossa história como mãe e auxiliadora. II. O Significado da Cruz para os Cristãos 1. A cruz antes de Jesus Cristo: instrumento e símbolo de tortura e de morte A cruz teve sua origem no Oriente, como instrumento de castigo, suplício, tortura e de morte. Na antiguidade os persas a usaram muito como forma de castigo e pena capital; depois, a trouxeram para o Ocidente. Ela significava, pois, torpeza, degradação, ignomínia. Entre os gregos foi pouco usada, mas muito utilizada pelos cartaginenses e romanos. Era uma punição cruel e temida. Só podia ser aplicada a escravos e pessoas da pior qualidade, como assassinos, ladrões, conspiradores, revoltosos e perturbadores da ordem pública. Um cidadão romano, por causa de sua dignidade, não podia ser suspenso numa cruz: substituíam pela decapitação, como foi o caso de São Paulo (cf. At 22,25-29; 23,27). Um grande historiador judeu, Flávio Josefo, deixou registrado que muitos judeus, no tempo do domínio helênico, foram crucificados por terem se rebelado e não obedecerem aos decretos dos governantes. 12 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Os romanos, que dominaram a Palestina, no tempo de Jesus, tinham técnicas refinadas para executarem os condenados, através da cruz. Eles passavam por humilhações de todo tipo e eram obrigados a carregar um grande madeiro nos ombros, até chegar ao lugar da execução. Essa peça horizontal, era pregada ou amarrada a uma outra haste vertical. O condenado ficava nela pregado com cravos até à morte por fome, sede e, principalmente, por asfixia. Era a terrível crucifixão, o horrível suplício da cruz. O corpo ficava exposto na cruz à vista de todos, até mesmo apodrecer. Um episódio da história do império romano ficou famoso: a revolta de escravos sufocada com a crucifixão de seis mil seguidores de Espártaco, o líder da rebelião. Havia várias formas de cruz. As mais usadas eram a cruz commissa em forma de T, sem a parte de cima da trave horizontal e a cruz immissa ou capitata, com essa parte superior e, por isso, em forma de punhal ou adaga. Como na cruz de Jesus havia, acima da cabeça, um letreiro com o motivo de sua condenação (Mt 27,37), certamente ela era essa segunda forma. Além dos cravos, que não podiam sustentar o peso do corpo, os romanos usavam também cordas que amarravam o corpo à cruz; havia casos em que o condenado se apoiava numa espécie de assento e num apoio para os pés. Eram crucificados inteiramente nus. Se fosse necessário, a morte era apressada, quebrando-se as pernas da vítima; o crucificado, sem apoio nenhum, imediatamente morria por não poder respirar. 2. Jesus e sua Cruz: instrumento e sinal da salvação No Antigo Testamento não há nenhuma referência à cruz ou crucifixão. No Novo Testamento ela é abundantemente citada, pois foi na cruz e através da Cruz, que Jesus, num gesto supremo de humilhação e de rebaixamento, realizou a nossa salvação. De fato, a epístola aos Filipenses diz que Jesus “humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (2,8). Durante sua vida, ministério e pregação, Jesus, conforme os evangelhos sinóticos, predisse por três vezes, a sua morte na cruz e sua ressurreição. Primeiro anúncio: “começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse” Encontros Celebrativos 13 (Mc 8,31; cf. Mt 16,21-23; Lc 9,22). Segundo anúncio: “Achandose eles na Galileia, disse-lhes Jesus: ‘O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens; matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá’. E eles se entristeceram grandemente” (Mt 17,22-23; cf. Mc 9,31, Lc 9,43-45). Terceiro anúncio: “Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: ‘Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia ressurgirá’” (Lc 18,31-34; cf. Mt 20,17-19; Mc 10,32-34). Referiu-se também à sua morte na cruz, quando afirmou: “como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 4,14-17). Esse “levantamento” significa em primeiro lugar o “levantamento” na Cruz onde, tendo dado a sua vida pela salvação do mundo (cf. Jo 6,51), ele ficou à vista de todos. E assim como a serpente, símbolo da morte pelo seu veneno se converteu em símbolo da vida no deserto, assim também a cruz, que é um instrumento de morte, tornou-se instrumento de salvação pelo seu sacrifício na cruz. Mas esse “levantamento” significa também a exaltação de Jesus, seu “levantamento” do sepulcro, ou seja, sua ressurreição. Ainda conforme o Evangelho de João, o momento da morte de Jesus na Cruz, seria a sua “hora”. A hora em que iria realizar plenamente a entrega de sua vida pela salvação do mundo, e por isso mesmo, iria ser glorificado pelo Pai. Nesse Evangelho lemos: “Disse Jesus: ‘é chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto... Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? ‘Pai, salva-me desta hora?’ Mas é precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome’. Veio, então, do céu esta voz: ‘já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei’” (Jo 12,23-24.27-28). Portanto, a Cruz de Jesus foi o momento culminante de sua vida, expressão máxima de seu amor: “sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado 14 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Esse “amar até o fim” significa seu sacrifício cruento, ou seja, o derramamento de todo seu sangue na Cruz, mas também o “sacrifício incruento” (sem derramamento de sangue) que ele nos deixou na Eucaristia, como memória de sua Páscoa, como veremos. Os quatro evangelhos descrevem, com detalhes, a conspiração contra Jesus, a unção em Betânia, a traição de Judas, sua última ceia e a instituição da Santa Eucaristia; sua agonia no horto das oliveiras, a prisão, o julgamento diante do sinédrio e a negação de Pedro; a entrega a Pilatos e seu julgamento; a morte de Judas, a sentença de morte e a libertação de Barrabás; a zombaria dos soldados, o caminho do calvário, a crucifixão; suas últimas palavras na cruz, sua morte, sepultura e sua ressurreição. Essas narrativas foram os primeiros textos dos Evangelhos a serem escritos. De fato, o primeiro anúncio do Evangelho feito pelos apóstolos e discípulos, a mais antiga pregação apostólica logo após Pentecostes e nos anos seguintes, concentrou-se naquilo que era o essencial, ou seja: “Jesus foi entregue por nossos pecados e ressuscitou pela nossa justificação” (cf. Rm 4,25). Era o querigma, ou aquilo que há de mais central na mensagem evangélica. Parte essencial desse querigma, sempre foi a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. 3. As causas que levaram Jesus à Cruz Infelizmente, nem sempre foi bem entendido o sentido da Cruz de Jesus. Suas palavras sobre a necessidade de seus discípulos “tomarem sua cruz a cada dia e segui-lo”, sem dúvida, causam perplexidade, além de serem muito desafiadoras, especialmente se somos conscientes, de um lado, da desproporção que há entre nossa fraqueza e desejo de vida, e, de outro lado o aparente absurdo de abraçar o sofrimento e a morte. Na história da espiritualidade cristã houve correntes que desviaram o sentido profundo das palavras de Jesus, deturpando assim o caminho de seu seguimento. Essa falsa compreensão, baseava a vida cristã mais sobre o esforço pessoal do indivíduo e sobre os méritos que ele deveria ganhar com seu comportamento moral, do que sobre a imitação da vida de Jesus, e sobre o esforço de segui-lo no caminho da vida. A vida cristã se realiza sobretudo pelo mergulho em seu mistério Encontros Celebrativos 15 pascal, iniciado no batismo e desenvolvido depois nos outros sacramentos, pela obediência interior à ação do Espírito Santo em cada um de nós. A interpretação equivocada do mandato de tomar cada um sua cruz e segui-lo, levou a uma concepção moralista da vida cristã e uma visão negativa da cruz. Se analisarmos bem as causas que levaram Jesus a abraçar a Cruz, suportá-la, carregá-la e fazer dela a expressão de seu supremo amor, ficaremos surpresos. De fato, a cruz foi consequência das opções de Jesus em ser fiel e coerente até o fim com a missão que ele recebeu do Pai. No julgamento de Jesus, conforme Lucas, apareceram acusações de tipo político: “Levantaram-se todos e conduziram Jesus a Pilatos. E começaram a acusá-lo, dizendo: ‘Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei’. [...] E insistiam ainda mais, dizendo: ‘Alvoroça o povo ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui’” (Lc 23,1-5). Conforme o Evangelho de João: “Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: ‘Se o soltares, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César’ ” (19,2). Esse foi o motivo que os judeus daquele tempo encontraram para acusar Jesus e leva-lo à morte. Conforme a lei romana, a rebelião e a traição eram crimes que levavam à condenação na cruz. Porém, a motivação mais profunda da condenação de Jesus à morte foi ele dizer estar profundamente unido com Deus, e tudo o que ele realizava, eram “obras de Deus”. E ainda: que ele estava no Pai e o Pai estava nele: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras” (Jo 14,10-11). “Se faço essas obras, muito embora não acrediteis em mim, crede nas obras, para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai” (Jo 10,38). Quais eram essas “obras” pelas quais Jesus foi condenado? Em primeiro lugar, eram seus gestos e atitudes em favor dos sofredores, dos pobres, dos marginalizados. Jesus acolhia os pecadores e lhes manifestava a misericórdia de Deus. Vivia no meio dos pobres e excluídos ou discriminados pela sociedade. Era a eles que Jesus, em primeiro lugar, anunciava o Reinado de Deus e a felicidade completa. Conforme o Evangelho de Mateus, quando Jesus, como novo Moisés, 16 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 quis proclamar a nova lei do Reino do Pai, nomeou os pobres em primeiro lugar, chamando-os de “felizes”, “bemaventurados”. Nesse novo código de conduta, Jesus também proclamou bemaventurados os mansos, os que choram, os misericordiosos, os puros de coração, os construtores da paz e sobretudo “os que têm fome e sede de justiça, os que são perseguidos por causa da justiça”. Deles é que é o Reino dos Céus. E conclui: “Bemaventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que vos precederam” (cf. Mt 5,1-12; Lc 6,20-23). Assim, Jesus se coloca na mesma linha dos profetas que sempre tiveram a coragem de se levantar contra os pecados e a dominação dos poderosos contra os pequenos. Nesse sentido, com o arrojo e bravura dos profetas, Jesus denuncia os desmandos daqueles que, dominados pelo egoísmo, fecham seu coração e sua vida aos irmãos sofredores. Conforme o Evangelho de Lucas, o Evangelho que mais exalta os pobres e pequeninos, Jesus que se mostrou sempre “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), lança também as maldições, em clamoroso contraste com as bemaventuranças: “Ai de vós, ricos... saciados, gozadores, gente cheia de fama... já recebestes vossa recompensa...estareis no luto e chorareis...” (cf. Lc 6,24-26). E afirma, em contraste com o senso comum: “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam; ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra...” (cf. Lc 6,27-29). Como norma suprema de vida, ensina: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). A verdadeira causa da morte violenta de Jesus na cruz está aqui: sua luta e pregação em favor dos menos favorecidos e mais abandonados. A cruz, na vida de Jesus, não é o resultado de uma fatalidade, de um destino, má sorte ou desgraça... A cruz de Jesus foi fruto de sua coerência de vida, de sua fidelidade à vontade do Pai. Essa vontade, da qual ele tanto falou (Mt 6,10; 7,21; 12,50; 26,39-42; Lc 22,42), é justamente “que nenhum desses pequeninos se perca” (Mt 18,14). E Jesus falava da ovelha perdida, que é encontrada e amada pelo Pai. Pesou muito na condenação de Jesus, motivos, digamos religiosos. De fato, Jesus não tinha dúvida em romper com normas Encontros Celebrativos 17 e tradições ritualísticas para fazer o bem, estender a mão para quem precisava, salvar o que estava perdido. Para o judaísmo, do qual Jesus era um membro fiel, a observância do sábado era algo sacratíssimo: era o dia do culto, do descanso (cf. Lc 13,14). Ora, Jesus não teve dúvida em realizar muitas curas e gestos de misericórdia no dia de sábado (cf. Mt 12,2-12; Mc 2,23-28; Lc 6,2-9; 14,13-16; 24,3-5). Marcos diz que numa ocasião “os judeus observavam-no para ver se no sábado curaria um homem, a fim de o acusarem...; Jesus olhando para eles com indignação, entristecido pela dureza dos seus corações, disse ao homem [em dia de sábado]: ‘Estende a tua mão’. Ele estendeu, e a mão ficou em perfeitas condições” (Mc 3,2-5). Seu ensinamento também ia nessa linha: “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2,27) e “o Filho do homem é Senhor do sábado” (Lc 6,5). Essas suas atitudes e ensinamentos provocaram uma intensa polêmica entre ele e os chefes religiosos de seu tempo, a tal ponto de tramarem sua eliminação. Para Jesus, o importante era a dignidade humana, por mais pobre e miserável que fosse a pessoa, sem olhar para raça, cor, religião, condição social... Sua fidelidade à vontade de Deus consistiu em ser fiel a essa atitude misericordiosa, que é também a atitude de Deus. Lucas introduz o capítulo 15 de seu Evangelho, capítulo que traz as três grandes parábolas da misericórdia divina (ovelha perdida, dracma perdida e o pai misericordioso do filho pródigo), com essa observação: “Achegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. Os fariseus e escribas murmuravam, dizendo: ‘ele recebe pecadores, e come com eles’. Então ele lhes propôs esta parábola...” (Lc 15,1-3). Se o Pai age assim com infinita misericórdia, como Jesus iria fazer diferente? Ou seja, Jesus é fiel à vontade do Pai, custe o que custar. Assim, “ele caminhou resolutamente” (Lc 9,30.51) em direção a Jerusalém, onde sabia que o esperavam a prisão e a morte. Não fugiu, não chamou uma legião de anjos em sua defesa na hora de sua prisão (cf. Mt 25,53), mas enfrentou a situação para ser fiel à sua missão: assumir plenamente sua condição humana, viver entre nós como enviado do Pai anunciando seu Reinado, embora isso lhe custasse a vida. 18 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Portanto, o significado da Cruz de Jesus não é a morte, mas a vida e vida em plenitude que ele nos veio anunciar (Jo 10,10). Para obter essa vida, como ele mesmo ensinou, é necessário perdêla: “quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á; pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?” (Mc 8,35-36). “Perder a vida” significa buscar não os próprios interesses e a própria satisfação somente, mas estar atento também à necessidade do irmão. Significa “amar ao próximo como a si mesmo”, a tal ponto de poder renunciar àquilo que é próprio em benefício do mais necessitado; significa superar o egoísmo radical que habita em nós para buscar o bem do outro, mesmo que isso custe sacrifícios e sofrimentos. Conforme o livro do Gênesis, o tentador disse aos nossos primeiros pais no paraíso: “comam desse fruto e sereis deuses”. Eles, enganados, comeram e encontram a morte. O discípulo de Jesus é convidado a “perder a sua vida” para alcançá-la em plenitude. Eis o significado profundo da Cruz de Jesus. Ela é como que a nova árvore da vida, donde pende a salvação do mundo, conforme diz um hino litúrgico da Sexta-feira Santa. Abraçar a cruz junto com Jesus significa para o discípulo. estar totalmente voltado para o Pai e, totalmente voltado para os irmãos, à semelhança de Jesus. É confiar mais no poder que vem da sua graça, do que confiar em si mesmo e nos próprios esforços. Pela graça divina o discípulo, assim como Jesus, tem poder de anunciar e inaugurar o Reinado de Deus desde já, nas incertezas e obscuridades da história humana. A experiência do Reinado de Deus é a transformação dos corações pelo perdão e pela graça divina; é uma maneira de viver e até de organizar de um modo diferente a sociedade, em harmonia com o projeto de Deus. De fato, a vontade do Pai é que todo ser humano tenha vida, e vida plena, em Cristo. 4. A interpretação da morte de Jesus na Cruz: “Cristo morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4,25). Se analisarmos as primeiras pregações apostólicas pelas quais os discípulos de Jesus proclamavam a mensagem de salvação no nome de Jesus e anunciavam a Boa Nova do Evangelho, vemos que Encontros Celebrativos 19 eles se baseavam nas profecias antigas para mostrar que, em Jesus, todas elas se cumpriram. Usaram sobretudo o livro dos Salmos para interpretar a morte de Jesus na Cruz: esse é o livro do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento. Basta ler as pregações de Pedro logo após Pentecostes (At 2,14-36; 3,11-26; 10,34-46), o longo discurso de Estevão diante do Sinédrio (At 7,2-53), ou ainda a pregação do diácono Filipe na Samaria (At 8,26-40), para perceber o núcleo do anúncio evangélico (querigma), a partir das antigas escrituras: é sempre o anúncio da morte redentora de Jesus, sua ressurreição e exaltação junto do Pai. Como exemplo, podemos citar um texto do primeiro discurso de Pedro: “Esse Jesus nazareno, homem que Deus tinha acreditado junto de vós, realizando por ele milagres, prodígios e sinais no meio de vós, como sabeis, esse homem, segundo o plano bem determinado da presciência de Deus, vós o entregastes e matastes, fazendo com que fosse crucificado pelas mãos dos ímpios, mas Deus o ressuscitou, livrando-o das dores da morte, porque não era possível que a morte o retivesse em seu poder”. E após citar Davi e o Salmo 16, 8-11, continua: “Esse Jesus, Deus o ressuscitou: disso nós somos testemunhas. Exaltado assim pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito prometido e o derramou sobre nós como estais vendo e ouvindo”. Cita ainda Davi e o Salmo 110,1 concluindo: “Que toda a casa de Israel saiba com certeza: a esse Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2,22-36). Iluminados pelo Espírito Santo, à luz das Escrituras, os cristãos da primeira geração interpretaram assim o assassinato cruel de Jesus na Cruz, como o sacrifício aceito por Deus pelos pecados da humanidade e sua exaltação na glória da ressurreição. Jesus é a realização perfeita do Cordeiro Pascal sacrificado nos ritos antigos para lembrar das grandes maravilhas realizadas por Deus na História da Salvação. João Batista já o havia indicado como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29.36). E, conforme a cronologia do Evangelho de João, Jesus morre na Cruz, bem no momento em que o cordeiro pascal era sacrificado no templo ou nas casas e preparado pelos judeus para celebrar a páscoa judaica. Ou seja: Jesus é o verdadeiro cordeiro pascal que realiza agora a nova maravilha de Deus em favor da humanidade: seu sangue cancela os nossos pecados. 20 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 O grande profeta Isaías havia anunciado, sete séculos antes de Jesus, a vinda de um verdadeiro servidor de Deus, que carregaria nossos pecados, afirmando: “por suas chagas somos curados”. Os teólogos chamam de “sacrifício vicário” a essa atitude de Jesus, descrita por Isaías e em outros escritos bíblicos (cf. Cl 2,14) como “castigo que nos traz a paz” (53,5), “sacrifício de reparação” (53,10), ou seja: aquele sacrifício de deveríamos fazer pelos nossos pecados, Jesus o assumiu em sua cruz redentora em nosso nome e em nosso lugar. Em quatro grandes “cânticos” (Is 42,1-9; 49,1-7; 50,4-9; 52,13-53,12), o profeta celebra e descreve a missão e o sofrimento que esse Servo do Senhor teve que suportar para trazer a salvação ao povo de Deus. De um modo especial, o último “cântico” é uma verdadeira descrição profética daquilo que Jesus sofreria em sua paixão e cruz. É uma das leituras mais dramáticas e pungentes que lemos na Liturgia da Sexta-feira Santa3 quando, toda a atenção da Igreja está voltada para os acontecimentos históricos de Jesus que nos salva pela sua Cruz. Eis esse texto, de um realismo impressionante, em que o profeta antevê o Salvador como o cordeiro imolado pelos nossos pecados e descreve seus sofrimentos suportados em vista de nossa salvação: “Era desprezado, e rejeitado pelas pessoas; homem das dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como aquele diante do qual a gente esconde o rosto; sim, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou as nossas dores; e nós o reputávamos por atingido, golpeado por Deus, e humilhado. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas chagas fomos curados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. Compelido, submetido a julgamento, ele foi arrebatado, e quem se preocupa com 3 Os outros três “cânticos” são lidos na Segunda, Terça e Quarta-feira da mesma Semana Santa. Encontros Celebrativos 21 os da sua geração? Sim, ele foi suprimido da terra dos vivos, por causa da revolta de seu povo, o golpe recai sobre ele. E deram-lhe uma sepultura com os ímpios, entre os ricos está o seu túmulo, embora nunca tivesse cometido violência, nem houvesse engano na sua boca” (Is 53,3-9). No Novo Testamento, entretanto, o texto que mais interpreta a morte de Jesus na Cruz como sacrifício supremo de salvação é a epístola aos hebreus. É um dos mais lindos escritos neotestamentários. O texto, revela um profundo conhecimento do Antigo Testamento e descreve a extrema solidariedade que une Jesus a “seus irmãos”. Ele é considerado primeiramente como o sacerdote da Nova Aliança que faz a ponte (pontífice!) entre Deus e os homens, acreditado junto a Deus e solidário com a humanidade. O autor mostra a qualidade do novo sacerdócio: seu sacrifício pessoal difere dos ritos antigos e abre o acesso ao novo santuário; estimula a resposta de nossa fé, à semelhança da fé dos antepassados e exorta à perseverança. Eis um texto, dos mais significativos, que interpreta o sacrifício de Jesus na Cruz: “Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou Aquele que lhe disse: ‘Tu és meu Filho, hoje te gerei’; como também em outro lugar diz: ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque’. Ele foi quem, durante a sua vida terrena, ofereceu, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas Àquele que o podia livrar da morte, e foi atendido por causa de sua submissão. Embora sendo Filho, aprendeu a obediência por meio dos próprios sofrimentos, e, levado até à própria consumação, veio a ser, para quantos lhe obedecem, causa de salvação eterna, tendo sido proclamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5,5-10). Essa teologia do sacerdócio de Jesus, por meio de seu sacrifício na Cruz, é admiravelmente proclamada pela Liturgia no quinto prefácio da Páscoa: “Pela oblação de seu corpo, pregado na Cruz, levou à plenitude os sacrifícios antigos. Confiante, entregou em vossas mãos, ó Pai, o seu espírito, cumprindo inteiramente vossa santa vontade, revelando-se, ao mesmo tempo, sacerdote, altar e cordeiro”. 22 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 5. A reflexão sobre a Cruz nos escritos paulinos Já fizemos alusão à “teologia da glória” de São João. Na visão do apóstolo predileto, a Cruz de Jesus é o grande momento, a grande “hora” de Jesus. No momento de estabelecer esta “hora”, São João a faz coincidir com o momento da imolação do cordeiro pascal. A Cruz é o lugar da “exaltação” de Jesus, e todos os que o olharem (olhar da fé!) serão salvos. Vejamos agora, a teologia estaurológica, ou seja, “teologia da cruz” de São Paulo. Ao contrário de João, ela se concentra mais no sofrimento e sacrifício de Jesus através de sua Cruz. De fato, Paulo diz que “pregava Cristo e Cristo crucificado, embora isso fosse escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (cf. 1Cor 1,23) e ainda: “Nada me propus saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2,2). Mas é necessário afirmar também que Paulo valorizava igualmente a ressurreição, como João, a paixão e cruz. Trata-se apenas de acentuações próprias. O texto mais claro de Paulo, em que ele enaltece a igualmente a paixão e ressurreição, é o hino da epístola aos Filipenses, cujo início já citamos atrás: “Cristo Jesus reconhecido exteriormente como homem, humilhou-se, obedecendo até à morte, até à morte humilhante numa cruz. Por iso Deus o exaltou sobremaneira e deu-lhe o nome mais excelso, mais sublime, e elevado muito acima de outro nome, para que, perante o nome de Jesus, se dobre reverente todo joelho, seja nos céus, seja na terra ou nos abismos” (Fl 2,7-11) Toda reflexão e ensinamento de São Paulo, nascem de sua intensa experiência de vida: como perseguidor ele recorreu à violência contra os cristãos; mas a partir de sua conversão, assimilou profundamente a mística de Cristo crucificado, fazendo dele a sua razão de vida e o motivo da sua pregação. Ele dedicou sua vida inteiramente ao apostolado (cf. 2Cor 12,15), cheio de percalços e dificuldades, mas encontrou na Cruz de Jesus Cristo a força para superar todas perseguições, até o martírio. Diz Bento XVI sobre a teologia paulina: “No encontro com Jesus, tornou-se claro para Paulo o significado central da Cruz: compreendera que Jesus tinha morrido e ressuscitado por todos e Encontros Celebrativos 23 por ele mesmo. Ambas as realidades eram importantes; a universalidade: Jesus morreu realmente por todos; e a subjetividade: Ele morreu também por mim. Portanto, na Cruz manifestou-se o amor gratuito e misericordioso de Deus. Paulo experimentou este amor em si mesmo (cf. Gl 2,20) e, de pecador, tornou-se crente; de perseguidor, Apóstolo. Dia após dia, na sua nova vida, experimentava que a salvação era graça, que tudo derivava da morte de Cristo, e não dos seus próprios méritos, que de resto não existiam. Assim, o Evangelho da graça tornou-se para ele o único modo de compreender a Cruz, o critério não somente da sua nova existência, mas também a resposta aos seus interlocutores”.4 Paulo contrapunha a sabedoria humana e a verdadeira sabedoria que provém da Cruz, embora “a linguagem da Cruz seja loucura para os que se perdem, mas para os que estão sendo salvos, para nós, ela é o poder de Deus” (1Cor 1,18). Por isso, ele não queria pregar o evangelho da Cruz na linguagem refinada da sabedoria humana (pregava aos gregos, povo cheio de literatos, filósofos e poetas), justamente para não privar a cruz do seu valor (1Cor 1,18-25). A linguagem da Cruz é absurda para aqueles que, sem ela, se perdem; entretanto é poder de Deus para aqueles que se salvam (Gl 5,11). É também um tema muito recorrente na teologia paulina, mostrar o contraste entre a fraqueza humana e o poder de Deus: “Ele disse-me: ‘basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que a minha força se revela plenamente’. Por isso farei consistir o meu orgulho antes em minhas fraquezas, a fim de que pouse sobre mim o poder de Cristo... pois quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,9-10; cf. 4,10; 2Cor 13,3-4.9). E ainda: “Deus escolheu o que é fraco, segundo o mundo, para confundir o que é forte” (1Cor 1,27). Assim, para ele o único motivo de glória é a Cruz de Jesus Cristo (cf. Gl 6,14). Os judaizantes, que queriam impor a lei de Moisés aos pagãos que se convertiam a Cristo, insistiam na eficácia da circuncisão. Paulo chama-os de falsos apóstolos, “inimigos da Cruz” (cf. Fl 3,18), e na polêmica contra eles, afirma que a Cruz perderia seu valor redentor se ainda a circuncisão do rito judaico fosse 4 BENTO XVI, A teologia da Cruz. Discurso na Audiência geral da quarta feira, 29 de outubro de 2008 in http://www.abcdacatequese.com/partilha/partilha-de-recursos/cat_view/63-ano-paulino/66-novas-catequeses-debentoxvi?limit=10&order=name&dir=ASC, acessado em 25-06-11. 24 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 necessária (cf. Rm 2,25-29; 3,1.30; 4,9-12; 15,8; Gl 5,6.11-15; Fl 3,3; Cl 2,11-13; 3,11). Por outro lado, diante da divisão e desunião entre judeus e gentios, Paulo afirma que a Cruz de Jesus os uniu num só corpo (cf. Ef 2,16). Deus anulou a dívida da humanidade para consigo pregando Cristo na Cruz, isto é, fazendo-o vítima para o pagamento dessa dívida (Cl 2,14). Aqueles que pertencem a Cristo, “crucificaram a carne”, ou seja, dominaram eficazmente as paixões sensuais da natureza e aceitaram a renúncia cristã. Ele mesmo se diz crucificado para o mundo por meio da Cruz de Jesus Cristo, como também o mundo é crucificado para ele: “longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14). Essa metáfora indica uma renúncia completa: o mundo é a cruz sobre a qual a vida de Paulo é sacrificada. III. O Sinal da Cruz Retomando a história, devemos dizer que Constantino Magno (274-337), imperador romano do Oriente e do Ocidente, concedeu em 313, liberdade de culto aos cristãos. Conforme o mais antigo historiador do cristianismo, Santo Eusébio de Cesareia, esse imperador, através de sua mãe, Santa Helena, teria se aproximado muito da fé cristã. Ele teria também tido uma visão em que contemplou no céu uma grande Cruz com essa frase: “nesse sinal vencerás” (in hoc signum vinces). A partir daí, mandou colocar o símbolo da cruz nas armas de seus soldados. Mas o mais importante foi que, logo após ter concedido liberdade de culto aos cristãos, ele proibiu a crucifixão e qualquer uso da cruz como pena judicial, como instrumento de morte. Posteriormente, em 380, o imperador Teodósio declarou o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Esse respeito e uso da Cruz, como símbolo da fé cristã, é muito antigo, mas sofreu evolução ao longo dos séculos.5 Antes de Jesus Cristo, a simbologia da cruz, no seu sentido mais amplo, também é antiquíssima: é encontrada entre o povo Egeu (séc. XII aC), entre os baixos-relevos assírios, em túmulos da cidade de Cartago 5 O que se segue foi amplamente inspirado no artigo de Magno VILELA, In signo Domini: o sinal-da-cruz, marca cristã in Revista de Catequese 23 (2000) n. 89, janeiro-março, pp. 5-18. Encontros Celebrativos 25 pré-cristã e em outros povos. A cruz gamada, de origem hindu, é uma das mais encontradas na antiguidade. Não se pode afirmar, porém, que todas essas cruzes tivessem sentido religioso: eram simples ornamentos geométricos, dada a facilidade de fabricá-las: duas linhas cruzadas. A cruz suástica e a de alça ou dobra dos egípcios parecem ter origem astronômica ou astrológica; esta última poderia ser um símbolo da vida. Com a difusão do cristianismo, difundiu-se também a cruz como símbolo cristão. Inicialmente, o mais divulgado não era tanto o objeto cruz, que tanto usamos hoje, mas o gesto que consiste em traçar (com o dedo, com a mão, com o sopro) os dois riscos que formam uma cruz, em alguma parte do próprio corpo ou do corpo de alguém, também sobre o coração. Tanto o objeto como o gesto, passam a significar a salvação que Jesus nos alcançou com sua morte e ressurreição. Torna-se sinal transcendente de esperança, e a marca do cristão. Santo Irineu, um dos mais antigos santos padres, faz um belo paralelismo entre a árvore plantada no paraíso, pela qual a humanidade se perdeu, enganada pelo tentador, e a árvore da cruz, plantada no alto do Calvário, que a salvou. Ainda conforme ele, a cruz de Jesus, de quatro braços, significa os quatro pontos cardeais, ou seja: a universalidade da salvação através dela. A Liturgia da Semana Santa incorporou esse simbolismo no hino Crux Fidelis.6 O gesto mais antigo com referência à Cruz parece ser a signatio (assinalação): no processo de iniciação cristã, chamado catecumenato, um dos primeiros gestos que o catequista e/ou o introdutor faziam no catecúmeno, ou mesmo no simpatizante (aquele que se aproximava da comunidade cristã) era essa marca da cruz na testa com o polegar. De aí, certamente surgiu o nosso “Pelo sinal da santa cruz”, marcando com uma cruz a testa, os lábios e o peito (persignação). Essa signatio se aproxima também daquilo que os antigos chamavam de estigma (em grego: stigmata), que era um sinal, uma marca, feita com ferro em brasa com que se marcavam os escravos, 6 Conforme a tradução litúrgica: “Fiel madeiro da santa cruz/ ó árvore sem rival, que selva outro lenho produz/ que traga em si fruto igual? Quão doce peso conduz/ o lenho celestial/ Fiel madeiro da santa cruz/ ó árvore sem rival!” 26 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 os soldados... podia ser também uma espécie de tatuagem. Nesse sentido, São Paulo diz: “trago em meu corpo as marcas de Jesus” (stigmata Iesou – Gl 6,17). Tal palavra passou a significar também aquela experiência mística de alguns santos que mergulham tanto na Paixão do Senhor, a ponto de seus corpos ficarem marcados com cicatrizes (estigmas), como foi o caso de São Francisco de Assis, São Pio de Pietralcina, etc. O sinal da cruz foi adquirindo sempre mais entre os cristãos, um sentido espiritual, teologal: a maldição e a loucura da cruz (sentido original da cruz, como vimos), transforma-se em glória e salvação, em poder de Deus (1Cor 1,18; Gl 3,1). Um apoio bíblico para tal gesto é o texto do Apocalipse, conforme o qual, o Anjo que surgia do Oriente, bradava com voz forte: a fronte dos servos do nosso Deus será marcada com o selo (cf. Ap 7,3). Esse sinal da cruz, traçado sobre o próprio corpo foi reconhecido e aprovado pela grande tradição cristã. Já o rigoroso teólogo Tertuliano (séc. II), que muito o usava, escreveu: “Não há nenhuma lei formal das Escrituras que imponha essas diversas práticas, mas a tradição as ensina, o costume as confirma, e a fé as observa”7. A representação da cruz, como objeto de devoção e símbolo de Cristo morto e ressuscitado, era feita em forma da letra hebraica tav (que corresponde ao nosso T) ou na forma da letra tau do alfabeto grego minúsculo (t) ou maiúsculo (T). Um outro simbolismo muito usado que chegou até nossos dias, é o monograma grego resultado do cruzamento das duas primeiras letras maiúsculas do nome Cristo: XP. A história é rica de fatos e episódios relacionados ao uso desse gesto e ou do símbolo da Cruz. Ainda com relação ao gesto, houve mudanças, quer nas partes do corpo onde se assinala a cruz, quer os objetos sobre os quais, com o polegar, se traçava a cruz, quer também com relação ao gesto de traçar uma cruz no ar, com o significado de abençoar, como os sacerdotes usam até hoje, por exemplo, no final da Missa. Quanto a isso podemos observar modos diferentes: os orientais, mesmo os católicos, têm o habito de juntar três dedos (polegar, indicador e médio), fechando-se os dois restantes; faz-se então o sinal-da-cruz começando pela fronte, indo ao peito (ou coração), 7 Citado por M. VILELA, In signo Domini, p. 9. Encontros Celebrativos 27 depois ao ombro direito e, por fim, ao esquerdo. Parece que aí pelo século XIII, a Igreja Latina oficializa um gesto diferente, que é o nosso até hoje: com a mão direita aberta, faz-se o sinal-da-cruz nos mesmos quatro pontos do corpo, porém invertendo a ordem: do ombro esquerdo para o direito. Talvez tenha sido, num clima de polêmica e controvérsia, para estabelecer uma diferença entre as duas Igrejas que se separavam por ocasião do cisma de 1054. Outras maneiras de traçar o sinal-da-cruz foram se impondo, como a que une o polegar e o mindinho, para que os três dedos centrais simbolizem a Santíssima Trindade. Ou ainda, como é costume dos papas abençoar as pessoas ou objetos: unir o dedo mindinho e o anular, restando os outros três unidos, significando a mesma Trindade. Os bispos costumam, nas bênçãos sobre a Assembleia, traçar três pequenas cruzes, significando igualmente o Pai, o Filho e o Espírito Santo, palavras que acompanham o gesto. É importante notar que se consolidou o costume, entre o povo cristão e que foi absorvido pela Liturgia, de iniciar e concluir as grandes celebrações, orações ou mesmo atividades corriqueiras (como uma reunião ou outra atividade) professando a fé trinitária e invocando as três pessoas divinas, ao mesmo tempo em que se traça o sinal-da-cruz. É um grande gesto de fé e piedade cristã. Infelizmente, para muitos, tornou-se um gesto automático e sem sentido, e até supersticioso. Essa banalização de gesto tão sagrado, levou alguns a rejeitar de vez o sinal-da-cruz, como acontece com muitas igrejas reformadas, principalmente pentecostais. Mas, conforme um antigo aforismo, o abuso não pode eliminar o uso (abusus non tolit usum). Daí a importância de, na catequese, ensinar adultos, jovens e crianças a sempre traçar com dignidade e piedade sobre si o sagrado sinal que evoca a Cruz de Jesus Cristo ao mesmo tempo em que invocamos o santíssimo nome da Trindade divina. IV. A Cruz na Liturgia e na Religiosidade Popular 1. A presença da Cruz na Liturgia Desde que Jesus ordenou, na última Ceia: “Fazei isso em minha memória” (1Cor 11,25; Lc 22,19), a Igreja nunca cessou de fazer a memória de Jesus com os mesmos gestos e palavras 28 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 que ele então realizou. A Eucaristia sempre é uma lembrança do mistério pascal de Jesus, sua morte na Cruz e sua ressurreição. É o que se proclama após a Consagração: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. A cruz é particularmente lembrada em outra aclamação: “Salvador do Mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela Cruz e ressurreição”. Assim, a lembrança da Cruz está presente em todas as grandes celebrações da Igreja, não só na Eucaristia, mas em todos os sacramentos. E não se trata de uma simples lembrança. A Igreja Católica, através de sua doutrina sacramental, professa que em cada sacramento, principalmente na Eucaristia, ao evocar o acontecimento central de nossa fé, ou seja, a morte e ressurreição do Senhor, tal fato torna-se presente hoje, aqui e agora, para a assembleia que o celebra, para toda a Igreja (vivos e falecidos). É esse o significado profundo da expressão “memorial da Páscoa”. Pela força do Espírito Santo, invocado pela assembleia presidida pelo sacerdote, que representa Jesus, cabeça da comunidade, nós nos tornamos contemporâneos do momento histórico em que Jesus, na Cruz, deu sua vida por nós e o Pai o ressuscitou. É verdade o que afirma a Epístola aos Hebreus: “Cristo Jesus morreu uma vez só por todas” (cf. Hb 7,279,12.26; Rm 6,10). No entanto, sacramentalmente, misticamente, esse acontecimento salvífico, único e eterno, se perpetua no Sacramento da Eucaristia. Ela é chamada também “memorial da paixão”. É o que diz a oração da solenidade de Corpus Christi: “Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento [da Eucaristia] nos deixastes o memorial da vossa paixão”. O prefácio da mesma solenidade, é mais explícito: “Reunido com os Apóstolos na última Ceia, para que a memória da Cruz salvadora permanecesse para sempre, ele se ofereceu a Vós, ó Pai, como Cordeiro sem mancha e foi aceito como sacrifício de perfeito louvor”. Essa relação profunda da Eucaristia com a paixão do Senhor na Cruz, fez com que a tradição cristã colocasse em todo e qualquer altar em que se celebra a Eucaristia, a imagem de uma Cruz com o Crucificado, para trazer visualmente à memória dos cristãos que eles estão celebrando o Mistério da Cruz. Entretanto, não podemos esquecer que, associada à Cruz de Jesus, sempre está a Ressurreição, pois esse é o sentido total do Mistério Pascal. Encontros Celebrativos 29 Poderíamos aqui trazer muitos outros testemunhos da Liturgia que tem sempre, em seu centro, a Cruz de Jesus. Além de todo ciclo quaresmal-pascal, há uma celebração especial para a Cruz de Jesus: a festa da Exaltação da Santa Cruz que se celebra em 14 de setembro. 2. A Cruz na religiosidade popular Além da Liturgia, oração oficial e autorizada da Igreja, também o Povo cristão, em transbordantes manifestações de fé criou uma série de expressões celebrativas e devocionais ao redor da Cruz de Jesus. Talvez o maior símbolo popular cristão católico seja o crucifixo. A Igreja Reformada (protestantes históricos, e sobretudo pentecostais e neopentecostais) rejeitando a representação através de imagens, aboliu também o crucifixo, cujo uso remonta aos inícios da Igreja. Algumas igrejas evangélicas adotam simplesmente a Cruz, sem o crucificado. Entretanto, na tradição católica e ortodoxa, o crucifixo é supervalorizado. Foi chamado de “catecismo dos iletrados”, pois apenas a contemplação do Senhor morto na Cruz, já desperta a fé e a piedade. Ele é sempre usado para designar que um ambiente, lugar ou espaço é usado por pessoas que têm fé. Muitos o trazem no pescoço, em cruzes de diversas dimensões, ou colocam a cruz na vestimenta. Seu simbolismo está muito ligado à rejeição do demônio e de todas forças maléficas; é muito usado nos ritos de exorcismo. Levar o crucifixo aos lábios de um moribundo ou de um condenado à morte no momento de sua execução, sempre foi tido como um gesto de extrema piedade. Nessa lembrança da Cruz na vida cristã, é bom lembrar tantas ordens, congregações e famílias religiosas, cujo carisma é o culto e a devoção à Paixão de Cristo e à sua Cruz, como os Passionistas, a Congregação da Santa Cruz, os Cônegos Regulares da Santa Cruz, etc. Em nível popular, podemos também recordar o difundidíssimo culto à Paixão do Senhor entre o povo cristão: as encenações da Paixão durante a Semana Santa, que historicamente deu origem aos célebres Oratórios, como o Messias de Haendel, as Paixões de Bach e outros grandes autores, daí evoluindo para o teatro religioso até à ópera. Alguns títulos atribuídos a Jesus demonstram esse culto à Cruz e Paixão do Senhor: a grande devoção ao Senhor dos 30 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Passos, ao Senhor Bom Jesus, Senhor dos Milagres (na América espanhola)... Os cruzeiros, grandes ou pequenos, se multiplicam por toda parte, no Brasil desde o imponente Cristo Redentor do Rio de Janeiro, até pequenas estátuas na entrada de pequenas cidades. Prática de origem medieval, mas que sobrevive até hoje com grande aceitação do povo cristão é a Via Sacra (Via Crucis). Em toda a quaresma, especialmente às sextas-feiras, celebra-se esse ato devocional em quase todas as igrejas católicas, seguindo as 14 tradicionais estações ou conforme formulários mais modernos e renovados. Fazemos notar a beleza e densidade teológica que há naquela jaculatória que, a cada estação se vai repetindo, evocando sempre a Cruz do Senhor: “Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo!”. Por fim, seria necessário percorrer o vastíssimo cancioneiro religioso católico (ou mesmo, protestante), para buscar nele, tantas expressões piedosas e cheias de fé, de compunção e contrição, quando não, de exaltação da Santa Cruz. Damos, como exemplo, esses singelos versos: “Ó Cruz, madeiro Santo, nossa única esperança, Arca da Nova Aliança, altar da Redenção. Quando te vejo em sangue, da Santa Cruz pendente, Jesus minh’alma sente, quanto te devo amar”. Ou: “Bendita e louvada seja, no céu a divina luz, e nós também, cá na terra, louvemos a Santa Cruz”. Ou ainda, para citar uma canção mais recente, e de origem protestante, muito difundida ultimamente (somente o refrão): “E ainda se vier, noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo, o mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo (bis)”.8 Conclusão Poderíamos concluir essas considerações sobre a Cruz do Senhor, com as palavras de Bento XVI, num discurso de 2008, durante o Ano Paulino, excelente síntese de quanto até aqui ficou dito: 8 Composição de origem protestante, de autoria de Carlos Papae do grupo Além do louvor da Igreja do Evangelho Quadrangular de Venda Nova, Belo Horizonte (MG). Foi gravado pela primeira vez pelo Conjunto Vozes de Sião de Teresópolis (RJ). Encontros Celebrativos 31 “A séculos de distância de Paulo, nós vemos que na história venceu a Cruz e não a sabedoria que se opõe à Cruz. O Crucifixo é sabedoria, porque manifesta, verdadeiramente, quem é Deus, ou seja, poder de amor que chega até à Cruz para salvar o homem. Deus serve-se de modos e de instrumentos que para nós, à primeira vista, parecem debilidade. O Crucifixo releva, por um lado, a debilidade do homem e, por outro, o verdadeiro poder de Deus, ou seja, a gratuidade do amor: precisamente esta total gratuidade do amor é a verdadeira sabedoria. São Paulo fez esta experiência até na sua carne, e disso dá-nos testemunho em várias fases do seu percurso espiritual, que se tornaram pontos de referência específicos para cada discípulo de Jesus:. O Apóstolo identifica-se a tal ponto com Cristo que também ele, embora se encontre no meio de muitas provações, vive na fé do Filho de Deus que o amou e se entregou pelos pecados dele e de todos (cf. Gl 1,4; 2,20). Esse dado autobiográfico do Apóstolo torna-se paradigmático para todos nós”.9 9 BENTO XVI, A teologia da Cruz. Discurso na Audiência geral da quarta feira, 29 de outubro de 2008. 32 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Bibliografia A BÍBLIA TEB. São Paulo: Loyola, Paulinas 1995. BARGELLINI, EMMANUELE. Quem não toma sua cruz não é digno de mim, in http://www.anunciame.com.br/portal/quem-nao-toma-sua-cruz-nao-e-digno-de-mim/ acessado em 24-06-2011. Dom Emanuele Bargellini é Prior do Mosteiro da Transfiguração dos Monges Beneditinos Camaldulenses em Mogi das Cruzes-SP. BENTO XVI, PAPA, A teologia da Cruz. Discurso na Audiência geral da quarta feira, 29 de outubro de 2008 in http://www.abcdacatequese.com/partilha/partilha-de-recursos/cat_view/63ano-paulino/66-novas-catequeses-de-bento-xvi?limit=10&ord er=name&dir=ASC, acessado em 25-06-11. MCKENZIE, JOHN L. Dicionário Bíblico. São Paulo: edições Paulinas, 1984. MISSAL ROMANO. São Paulo: Paulus, 2008. 8a Edição. OFÍCIO DIVINO: LITURGIA DAS HORAS. São Paulo/Petrópolis: Paulinas, Paulus, Editora Ave-Maria, Editora Vozes, 1994. VILELA, MAGNO. In signo Domini: o sinal-da-cruz, marca cristã in Revista de Catequese 23 (2000) n. 89, janeiro-março, pp 5-18. WIEDERKEHR, DIETRICH. Cruz/Sofrimento in Peter EICHER, Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo: Paulus 1993, pp. 144-148. Encontros Celebrativos 33 2. Celebração de acolhida e envio da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora da JMJ Celebração de acolhida: É com alegria e esperança que acolhemos a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora da JMJ em nossa comunidade. A peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora querem congregar as Juventudes e prepará-las para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A ligação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora à Jornada Mundial da Juventude começou um ano antes da primeira edição desse evento. No dia 31 de março de 1985, Domingo de Ramos, data que a Igreja Católica assinalou como Dia Mundial da Juventude, o Papa João Paulo II fez a entrega da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora aos jovens, que desde então, tem sido ocasião de aprofundamento da fé e de reconciliação para milhões de jovens em todo o mundo. Canto: Nova Geração (Composição: Pe. Zezinho) Eu venho do sul e do norte, do oeste e do leste, de todo lugar Estradas da vida eu percorro, levando socorro a quem precisar Assunto de paz é meu forte, eu cruzo montanhas e vou aprender O mundo não me satisfaz o que eu quero é a paz, o que eu quero é viver. Refrão: No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus Eu sei que não tenho a idade da maturidade de quem já viveu Mas sei que já tenho a idade de ver a verdade, o que eu quero ser eu O mundo ferido e cansado de um ‘negro’ passado de guerras sem fim Tem medo da bomba que fez, a fé que desfez mas aponta pra mim Refrão: Eu venho trazer meu recado, não tenho passado mas sei entender Um jovem foi crucificado por ter ensinado a gente viver 34 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Eu grito ao mundo descrente que eu quero ser gente, que eu creio na cruz Eu creio na força do jovem que segue o caminho de Cristo Jesus Oração: Ó Deus, que para salvar a todos dispusestes que o vosso Filho morresse na cruz, a nós que conhecemos na terra este mistério, dai-nos colher no céu os frutos da redenção. Por NSJC... Aclamação do Evangelho: Toda palavra é um anseio de comunicar e todo fruto é uma forma da gente se dar. /Põe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão/ (2) Leitura Bíblica: Mt 10,37-39. “Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E quem ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem buscar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará.” Silêncio: Tempo para a contemplação da Cruz e Ícone de Nossa Senhora: Após um momento de silêncio, concluir com o canto. Vitória, tu reinarás. Ó cruz, tu nos salvarás! Preces: Elevemos ao Senhor as nossas preces. 1. Conduzi e orientai esta nossa comunidade, Senhor, neste grande caminho rumo à JMJ. Assim, conduzidos por vós, ensinai-nos como ensinou Maria a assumir vossa Cruz, sinal da nossa salvação. Todos: Senhor ajudai-nos a assumir a Cruz! 2. Senhor, vos pedimos por todas as dioceses, paróquias e comunidades do nosso país que irão acolher esta cruz. Fazei, Senhor, que este gesto, seja sinal do compromisso convosco e com a juventude. 3. Senhor Jesus, olhai para a nossa juventude. Que os nossos jovens, animados pelo vosso Espírito, tenham mais vida e os seus projetos sejam realizados. 4. Senhor Jesus, são muitas as pessoas que estão trabalhando pela JMJ, para que seja um marco histórico na Igreja do Brasil. Dai a todos a força, unidade e a paz. Encontros Celebrativos 35 Preces espontâneas Pai-Nosso Ave Maria Oração: Senhor Jesus, em vossa cruz nos destes a salvação e a reconciliação com o Pai. Tornai-nos anunciadores ardorosos desse tão grande mistério de amor. Vós que viveis e reinais, com o Pai na unidade do Espírito Santo. Amém O Pai de misericórdia, que nos deu um exemplo de amor na paixão do seu Filho, nos conceda, pela dedicação a Deus e ao próximo, a graça de sua bênção. R. Amém. O Cristo, cuja morte nos libertou da morte eterna, conceda-nos receber o dom da vida. R. Amém. Tendo seguido a lição de humildade deixada pelo Cristo, participemos, igualmente, de sua ressurreição. R. Amém. O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna. R. Amém. 36 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Celebração de Envio Tendo vivenciado este tempo de graça junto à Cruz e o Ícone de Nossa senhora da JMJ, nos despedimos através desta celebração, enviando estes símbolos de unidade e fé a outras comunidades. A cruz e o Ícone de Nossa Senhora da Jornada passou por muitos países, por várias mãos de muitos jovens e traz todos os sonhos e a fé de cada um de todos os continentes por onde passou. Com esperança e entusiasmo, celebremos com a Cruz de Cristo e com o Ícone da Virgem Santíssima. Canto: Nova Geração (Composição : Pe. Zezinho) Eu venho do sul e do norte, do oeste e do leste, de todo lugar Estradas da vida eu percorro, levando socorro a quem precisar Assunto de paz é meu forte, eu cruzo montanhas e vou aprender O mundo não me satisfaz o que eu quero é a paz, o que eu quero é viver. Refrão: No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus Eu sei que não tenho a idade da maturidade de quem já viveu Mas sei que já tenho a idade de ver a verdade o que eu quero ser eu O mundo ferido e cansado de um ‘negro’ passado de guerras sem fim Tem medo da bomba que fez, a fé que desfez mas aponta pra mim Refrão: Eu venho trazer meu recado, não tenho passado mas sei entender Um jovem foi crucificado por ter ensinado a gente viver Eu grito ao mundo descrente que eu quero ser gente, que eu creio na cruz Eu creio na força do jovem que segue o caminho de Cristo Jesus Oração: Ó Deus, que para salvar a todos dispusestes que o vosso Filho morresse na cruz, a nós que conhecemos na terra este mistério, dai-nos colher no céu os frutos da redenção. Por NSJC... Comentário: Este tempo de oração e de vivência mostra-nos que, mesmo tão simples, a Cruz é capaz de dar uma força espiritual tão grande que reúne milhares de jovens em todos os lugares. A partir de Cristo, a Cruz Encontros Celebrativos 37 tornou-se um ponto de referência dos valores cristãos como passagem do sofrimento à vida nova, da paixão e da morte à ressurreição. TEXTO BÍBLICO: EF 2,13-18 “Mas agora, no Cristo Jesus, vós que outrora estáveis longe ficastes perto, graças ao sangue de Cristo. De fato, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava e abolindo a Lei com seus mandamentos e exigências. Ele quis, assim, dos dois povos formar em si mesmo um só homem novo, estabelecendo a paz e reconciliando os dois com Deus, em um só corpo, mediante a cruz, na qual matou a inimizade. Veio anunciar a paz: paz para vós que estáveis longe e paz para os que estavam perto. É por ele que todos nós, judeus e pagãos, temos acesso ao Pai, num só Espírito”. Momento de silêncio: Tempo para a contemplação da Cruz e Ícone de Nossa Senhora: Após um momento de silêncio, concluir com o canto. Vitória, tu reinarás. Ó cruz, tu nos salvarás! Preces: Elevemos ao Senhor as nossas preces. 1. Senhor da vida, acompanhai com a vossa presença esta Cruz e este Ícone da Virgem Santíssima e fazei que eles sejam sinal de unidade entre todos que a receberem. Todos: Enviai, Senhor, a vossa Cruz! 2. Fazei, Senhor, que este símbolo de nossa fé seja sinal de força e esperança às comunidades, paróquias e dioceses que o acolherão. 3. Dai força e unidade, Senhor, aos jovens que estão envolvidos na preparação e realização da JMJ, para que, convosco, continuem lutando pela vida e a dignidade de todos. Preces espontâneas Pai-Nosso Ave Maria Oração: Senhor Jesus, que pelo mistério da cruz remistes o mundo, fazei frutificar em boas obras a vida de todos que contemplarem esta cruz. Vós que viveis com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Amém. - Envio: “Ide pelo mundo, pregai o Evangelho a toda criatura...”. Encontros Celebrativos 39 3. Encontros Celebrativos 40 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Itinerário da Cruz - Jornada Mundial da Juventude Leitura Orante A leitura Orante da Bíblia é o coração da vida cristã, pois a vida cristã é alimentada pela Fé (escutar a palavra e colocá-la em prática), pela Esperança (anunciar a Palavra de Deus aos outros por palavras e testemunho) e a Caridade (amar os outros como Deus nos ama). “Entre as muitas formas de ler a Sagrada Escritura existe uma privilegiada à qual todos somos convidados: a Lectio Divina ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura, com seus cinco elementos: leitura, meditação, oração. contemplação e ação. Essa leitura, bem praticada, conduz ao encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias, à comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do universo (cf. Documento de Aparecida, n. 249). Orientações Litúrgicas 1. Nunca colocar os símbolos sobre o altar. 2. Os símbolos podem ser colocados num canto do presbitério. 3. Nas celebrações em preparação à chegada da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora em preparação da JMJ Rio 2013, colocar sempre em destaque: Bíblia, Cruz (sem o Cristo) e Nossa Senhora. 4. A mesa da Palavra deve ser bem preparada. Não usá-la para comunicações e avisos. 5. Os cantos devem ser de acordo com o tempo litúrgico. 6. Cruz e Ícone (já colocados no espaço adequado). 7. Sinal da Cruz quando cantado, que seja sem repetição. Encontros Celebrativos 41 Primeiro Encontro Celebrativo O Anjo do Senhor anunciou a Maria Centralidade desse encontro: A Pessoa Tema: Anunciação Virtude: Projeto de Vida Ícone: Anunciação Gesto concreto: Rezar o terço na casa das famílias Texto Bíblico: Lc 1,26-38 Ícone da Anunciação A. Introdução: Acolhida: Contextualização da Leitura Orante da palavra de Deus. B. Leitura 1. Invocação do Espírito Santo /:Vem Espírito Santo, vem! Vem iluminar!:/ 2. Momento de silêncio 3. Proclamação do Evangelho no ambão (Momento para a escuta atenta da Palavra. Para isso, todos devem voltar o olhar para o ambão enquanto a Palavra é proclamada). 42 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 LUCAS 1,26-38 26 Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo”. 29Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. 31Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” 35O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, 37pois para Deus nada é impossível”. 38Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela. Palavra da Salvação. Assembleia: Glória a vós Senhor 4. Leitura silenciosa e individual do texto bíblico proclamado C. Meditação 1. Meditação pessoal: (Ler o texto explicativo do Ícone e comparar com o texto bíblico proclamado). Texto sobre o ícone: Conta-nos São Lucas que o anjo Gabriel foi enviado pelo Pai celeste a uma cidade de Nazaré, na Galileia. O anjo devia cumprir uma missão Encontros Celebrativos 43 muito especial: procurar uma jovem (15-16 anos) chamada Maria e proporlhe tornar-se a mãe do Messias, do Salvador do mundo, do Filho de Deus que iria fazer-se Homem. Não foi difícil o anjo encontrar Maria. Ao vê-lo, ela ficou perturbada. O anjo, porém, a acalmou e saudou, dizendo: “Alegrate, Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo”. E depois o anjo lhe fez a proposta divina. Passada a perturbação, Maria inclinou a cabeça, respondendo; “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Nesse instante, por intervenção do Espírito Santo, ela se tornou a mãe do Filho de Deus que, ao se fazer Homem, recebeu o nome de “Jesus”, que significa: “Deus salva”! O evangelista São Lucas é chamado “evangelista da alegria”. Com a narração da Anunciação, ele convida o mundo inteiro a alegrar-se porque o Filho de Deus decidiu tornar-se um de nós a fim de nos salvar. Não é sem motivo que o anjo saúda Maria, dizendo: “Alegrate!”. Por isso, a Anunciação a Maria é também a Anunciação do otimismo para o mundo: de fato, como ensina São João, “Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (João 3,17). Por isso, o otimismo faz parte essencial do ser cristão. A alegria, o contentamento, a simpatia pela vida, tudo isso é puro Evangelho. Você pode imaginar a responsabilidade que Maria aceitou sobre seus ombros naquele momento: ainda jovem, ser convidada a tornar-se mãe do Salvador do mundo! Era para se assustar e tremer da cabeça aos pés. Ela, porém, serenamente e alegremente aceitou sua missão e a cumpriu até o fim. Seja otimista! Os pessimistas, os derrotados, só tornam o mundo ainda mais escuro. Como diz um provérbio: “É melhor acender um fósforo do que amaldiçoar a escuridão”. Acenda a luz de seu coração. 2. Partilha (após cada 3 partilhas cantar um refrão). O Senhor fez em mim maravilhas, santo, santo, santo é seu nome! D. Oração 1. Preces espontâneas 2. (Após cada prece responder cantando refrão) Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor! E. Contemplação: olhar a realidade da comunidade com os olhos de Deus 1. Voltar os olhos para a Cruz ou para o Ícone de Nossa Senhora 2. Cantar refrãos meditativos. 44 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 F. Ação 1. O coordenador motiva a comunidade ao gesto concreto a partir da Leitura Orante. (Esse gesto concreto pode ser realizado no dia seguinte). G. Conclusão 1. Pai Nosso,... 2. Ave Maria,... 3. Oração de Bênção: Confirmai, ó Deus, os corações dos vossos filhos e filhas, e fortalecei-os com vossa graça, para que sejam fiéis na oração e sinceros no amor fraterno. Por Cristo, nosso Senhor. (Missal pag. 534, n. 23) Encontros Celebrativos 45 Segundo Encontro Celebrativo Nascimento de Jesus Centralidade: Sociedade Tema: Nascimento de Jesus Virtude: Cuidado com o outro Ícone: Manjedoura Gesto da mística: Visitar os doentes Texto bíblico: Lc 2,1-7 Ícone da Manjedoura Introdução Acolhida: Contextualização da Leitura Orante da palavra de Deus. A. Sequência 1. Invocação do Espírito Santo /:Vem Espírito santo, vem. Vem iluminar!:/ 2. Momento de silêncio 3. Proclamação do Evangelho no ambão (Momento para a escuta atenta da Palavra. Para isso, todos devem voltar o olhar para o ambão enquanto a Palavra é proclamada). 46 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 LUCAS 2,1-7 1 Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra 2– o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. 3 Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. 4Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, 5 para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6 Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. 7Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Assembleia: Glória a vós Senhor 4. Leitura silenciosa e individual do texto bíblico proclamado B. Meditação 1. Meditação pessoal: (ler o texto explicativo do Ícone e comparar com o texto bíblico proclamado) TEXTO EXPLICATIVO: O maior e mais admirável acontecimento do nosso mundo foi a entrada do Filho de Deus em nossa história: ele se fez Homem em tudo igual a nós (menos no pecado) nascendo da Virgem Maria. É isso que celebramos no Natal de cada ano. Como São Paulo lembra, Ele não teve receio de deixar a glória celeste para revestir-se da pobreza e da fraqueza da nossa carne. Fazendo-se nosso irmão, Ele nos ensina que somos todos irmãos e irmãs. Por isso, meditar sobre o NASCIMENTO do Filho de Deus deve ensinar-nos a sermos mais acolhedores do próprio Jesus e dos nossos irmãos e irmãs, particularmente dos mais pobres e marginalizados, como Ele fez. 2. Partilha (após cada 3 partilhas cantar um refrão ligado à aquele Ícone). Confiemo-nos ao Senhor, Ele é justo e tão bondoso. Confiemonos ao Senhor, Aleluia! Encontros Celebrativos 47 C. Oração 1. Preces espontâneas 2. (Após cada prece responder cantando um refrão) Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor! D. Contemplação: olhar a realidade da comunidade com os olhos de Deus 1. Voltar os olhos para o Ícone da Cruz e ou de Nossa Senhora (Em todas as celebrações terão os ícones da cruz e de Nossa Senhora no presbitério). 2. Cantar refrãos meditativos ligados ao texto. E. Ação 1. O coordenador motiva a comunidade ao gesto concreto a partir da Leitura Orante. (Esse gesto concreto pode ser realizado no dia seguinte). F. Conclusão: 1. Pai Nosso,... 2. Ave Maria,... 3. Oração de Bênção: Confirmai, ó Deus, os corações dos vossos filhos e filhas, e fortalecei-os com vossa graça, para que sejam fiéis na oração e sinceros no amor fraterno. Por Cristo, nosso Senhor. (Missal pag. 534, n. 23) 48 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Terceiro Encontro Celebrativo Jesus é pregado na cruz e morte Centralidade: pessoa Tema: Paixão de Jesus Virtude: Renúncia e Ascese Ícone: Cruz Gesto da mística: Visitar os presos e famílias que perderam jovens na violência Texto bíblico: Jo 19,28-42 Paixão De Jesus A. Introdução Acolhida: Contextualização da Leitura Orante da palavra de Deus. B. Sequência 1. Invocação do Espírito Santo /: Vem Espírito Santo, vem. Vem iluminar!:/ 2. Momento de silêncio 3. Proclamação do Evangelho no ambão (Momento para a escuta atenta da Palavra. Para isso, todos devem voltar o olhar para o ambão enquanto a Palavra é proclamada). Encontros Celebrativos 49 JOÃO 19,28-42 28 Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede”! 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. 30Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. 33 Chegando a Jesus, viram que estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, 34mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (35 Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) 36Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E um outro texto da Escritura diz: “Olharão para aquele que traspassaram”. 38Depois disso, José de Arimatéia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. 39Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. 40Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. 41No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. 42 Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus. Palavra da Salvação. Assembleia: Glória a vós Senhor 4. Leitura silenciosa e individual do texto bíblico proclamado 50 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 C. Meditação 1. Meditação pessoal: (ler o texto explicativo do Ícone e comparar com o texto bíblico proclamado) TEXTO EXPLICATIVO Que o Filho de Deus se faça Homem é um acontecimento extraordinariamente fora do comum. Porém, que os homens o crucifiquem é alguma coisa espantosa: foi a tentativa de matar o próprio Deus! A leitura da paixão de Jesus nos Evangelhos nos transmite um pouco do horror da crucificação. Transmite-nos também um pouco do sofrimento terrível que Jesus suportou longamente. Sim, porque não se tratou de alguns momentos, foram longas e longas horas: pelo menos desde o início da noite de quinta-feira até à tarde de sexta-feira. Os Evangelhos, mesmo relatando o sofrimento e a morte de Jesus, são sóbrios. Pergunte, porém, aos médicos que lhe descrevam todos os tipos de sofrimento que Jesus padeceu desde o momento de sua agonia no Horto das Oliveiras até o último respiro na cruz... É assustador ler os relatos desses sofrimentos feitos por médicos que descrevem minuto por minuto toda a dor que levou Jesus à morte. Um mar de dor e de sofrimentos! Por que o Filho de Deus teve que sofrer desse modo? Por si não era necessário. Teria sido suficiente um ato de amor pelo mundo, e o mundo já estaria salvo. Ele, porém, quis demonstrar o máximo do seu amor por nós. Entregou sua vida de forma violenta e atormentada, derramou todo o seu sangue, permitiu que lhe abrissem o coração depois de morto unicamente para mostrar a nós quanto Ele nos ama. Seu amor, entretanto, foi também a forma de compensar a nossa falta de amor para com o Pai e para com nossos irmãos e irmãs. Quanto mais os homens pecaram, tanto mais Jesus nos amou. Ele entregou por amor a sua vida, quando poderia ter vivido regaladamente, dado que tudo tinha nas mãos. Este foi o “jejum” praticado por Jesus. O jejum em si não é uma virtude, é um meio para fortalecer nossa alma e até mesmo nosso corpo, um meio para sujeitar todo o nosso ser ao caminho do bem, ao caminho de Jesus. O caminho de Jesus fatalmente conduz ao calvário. Ele mesmo disse: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si Encontros Celebrativos 51 mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me” (Lucas 9,23). Este é o “jejum” que Jesus espera de nós: dar a vida pelos irmãos. 2. Partilha (após cada 3 partilhas cantar um refrão ligado aquele Ícone). Confiemo-nos ao Senhor, Ele é justo e tão bondoso. Confiemonos ao Senhor, aleluia! D. Oração 1. Preces espontâneas. 2. (Após cada prece responder cantando o refrão) Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor! E. Contemplação: olhar a realidade da comunidade com os olhos de Deus 1. Voltar os olhos para o Ícone da Cruz ou de Nossa Senhora. 2. Cantar refrãos meditativos ligados ao texto. F. Ação O coordenador motiva a comunidade ao gesto concreto a partir da Leitura Orante. (Esse gesto concreto pode ser realizado no dia seguinte). G. CONCLUSÃO: 1. Pai Nosso. 2. Ave Maria. 3. Oração de Bênção: Confirmai, ó Deus, os corações dos vossos filhos e filhas, e fortalecei-os com vossa graça, para que sejam fiéis na oração e sinceros no amor fraterno. Por Cristo, nosso Senhor. (Missal pag. 534, n. 23) 52 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Quarto Encontro Celebrativo Ressurreição de Jesus Centralidade: Pessoa Tema: Ressurreição Virtude: Otimismo e Alegria Ícone: Círio Pascal Gesto da mística: Campanha de solidariedade para com os que passam necessidades. Texto bíblico: Lc 24,1-12 Ressurreição De Jesus A. Introdução Acolhida: Contextualização da Leitura Orante da palavra de Deus. B. Sequência 1. Invocação do Espírito Santo /:Vem Espírito Santo, vem. Vem iluminar!:/ 2. Momento de silêncio 3. Proclamação do Evangelho no ambão (Momento para a escuta atenta da Palavra. Para isso, todos devem voltar o olhar para o ambão enquanto a Palavra é proclamada). Encontros Celebrativos 53 LUCAS 24,1-12 1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo, levando os perfumes que tinham preparado. 2Encontraram a pedra do túmulo removida, 3mas, ao entrarem, não encontraram o corpo do Senhor Jesus 4e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens com vestes resplandecentes pararam perto delas. 5Tomadas de medo, elas olhavam para o chão. Eles, porém, disseram-lhes: “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? 6Não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galileia: 7‘É necessário o Filho do Homem ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e, no terceiro dia, ressuscitar’. 8Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. 9Voltando do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros. 10Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos, 11 mas estes acharam tudo isso um delírio e não acreditaram. 12 Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido. Palavra da Salvação. Assembleia: Glória a vós Senhor 4. Leitura silenciosa e individual do texto bíblico proclamado C. Meditação 1. Meditação pessoal: (ler o texto explicativo do Ícone e comparar com o texto bíblico proclamado) TEXTO EXPLICATIVO Depois do sofrimento e da morte, a ressurreição. Foi o prêmio da vitória sobre o pecado e o diabo, pois a morte é fruto de ambos. O Pai acolheu o amor redentor do seu Filho crucificado e o ressuscitou, tornou-o cheio do Espírito Santo, de tal modo que Jesus ressuscitado irradia até hoje por toda parte: vida, vitória, alegria, esperança, paz. O acontecimento da morte e da ressurreição foi a Páscoa do Senhor. Páscoa significa “passagem”. Jesus passou da morte para a vida, da carne para o espírito, do mundo 54 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 para o Pai. Ressuscitado, Ele está sempre conosco, como nos prometeu, e está em todo lugar, pois as barreiras da matéria não lhe impedem nenhum movimento. Jesus ressuscitado é fonte de alegria, daquela alegria messiânica que o anjo Gabriel anunciou a Maria, mãe de Jesus, no momento da Anunciação. Agora a alegria se tornou plena, se tornou completa. Jesus ressuscitado é também fonte de vida: morrendo, morreu com ele a nossa própria morte e, assim, Ele nos garante a nossa futura ressurreição: pode haver alegria maior? Jesus ressuscitado é igualmente fonte de esperança para o mundo: apesar de todos os problemas, de todos os fracassos, de todos os pecados dos seres humanos, o nosso mundo também, à semelhança do Ressuscitado, um dia será transformado e serão criados novos céus e nova terra, como nos promete a Escritura. Quando Jesus saiu vitorioso do sepulcro derrotou as trevas, o medo, a covardia, e fez explodir de alegria o céu inteiro: Aleluia! É o “aleluia pascal”, que nós cantamos com tanta frequência, que traduz a alegria do mundo, a alegria da Igreja, a alegria dos discípulos e discípulas de Jesus. Dom Bosco orientava seus meninos e jovens a viverem “sempre alegres”, a “servirem a Deus com alegria”. Experimente viver assim. Não confunda, porém, alegria com divertimentos mundanos, nem com prazer. A alegria é alguma coisa simples, suave, tranquila, santa, que brota do fundo do coração dos que amam a Jesus e aos irmãos e irmãs de Jesus. Viver sempre alegres e em ação de graças por tudo o que Jesus fez por nós é a típica “alegria pascal”. 2. Partilha (após cada 3 partilhas cantar o refrão:) Banhados em Cristo somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. /:Aleluia, aleluia, aleluia!:/ D. Oração 1. Preces espontâneas 2. (Após cada prece responder cantando um refrão) Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor! E. Contemplação: olhar a realidade da comunidade com os olhos de Deus 1. Voltar os olhos para o Ícone da Cruz ou de Nossa Senhora 2. Cantar refrãos meditativos ligados ao texto. Encontros Celebrativos 55 F. Ação: 1. O coordenador motiva a comunidade ao gesto concreto a partir da Leitura Orante. (Esse gesto concreto pode ser realizado no dia seguinte). G. CONCLUSÃO: 1. Pai Nosso. 2. Ave Maria. 3. Oração de Bênção: Confirmai, ó Deus, os corações dos vossos filhos e filhas, e fortalecei-os com vossa graça, para que sejam fiéis na oração e sinceros no amor fraterno. Por Cristo, nosso Senhor. (Missal pag. 534, n. 23) 56 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Quinto Encontro Celebrativo Santíssima Trindade Centralidade: Comunidade Tema: Trindade Virtude: Unidade: comunidade, Igreja e Maria Ícone: Cruz trinitária Gesto da mística: Missões Populares no final de semana Texto bíblico: Jo 10,25-30 Ícone da Trindade A. Introdução Acolhida: Contextualização da Leitura Orante da palavra de Deus. B. Sequência 1. Invocação do Espírito Santo /:Vem Espírito Santo, vem. Vem iluminar!:/ 2. Momento de silêncio 3. Proclamação do Evangelho no ambão (Momento para a escuta atenta da Palavra. Para isso, todos devem voltar o olhar para o ambão enquanto a Palavra é proclamada). Encontros Celebrativos 57 JOÃO 10,25-30 25 Jesus respondeu: “Eu já vos disse, mas vós não acredi tais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim. 26Vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”. Palavra da Salvação. Assembleia: Glória a vós Senhor 4. Leitura silenciosa e individual do texto bíblico proclamado C. Meditação 1. Meditação pessoal: (ler o texto explicativo do Ícone e comparar com o texto bíblico proclamado) TEXTO EXPLICATIVO Um só é o nosso Deus, mas em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Quem o pode compreender, só podemos “crer”. Nós o cremos porque Jesus assim nos ensinou e Jesus, Filho de Deus, não pode nos enganar. Cremos, sem compreender plenamente. Aliás, está nisso o valor da nossa fé. Jesus disse ao apóstolo Tomé: “Tomé, creste porque viste. Felizes os que creem sem ter visto” (João 20,29). Assim, a primeira atitude que devemos ter diante do mistério da Santíssima Trindade é a atitude da fé. Em seguida, precisamos tirar uma outra lição para a nossa vida: as três pessoas divinas são distintas entre si, mas vivem na mais perfeita comunhão do amor, a ponto de serem um único Deus. É dessa comunhão divina que também nós participamos por sermos comunidade de Jesus, Igreja de Deus. De fato, a Igreja é a comunidade que deriva da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Pelo batismo, entramos a fazer parte da mesma comunhão da Santíssima Trindade, sem falar que a Santíssima Trindade vem habitar 58 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 em nosso coração. Daqui se conclui que nós somos realmente “igreja” na medida em que mantemos a comunhão com Deus e com nossos irmãos e irmãs. Onde se rompe a unidade, onde se rompe a comunhão, rompe-se também a Igreja. A unidade, a comunhão é a virtude mais preciosa que devemos viver neste mundo, conforme o mandamento que Jesus nos deixou na última ceia: “Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (João 13,34). Essa é também a razão pela qual, no céu, não haverá mais necessidade de fé nem de esperança, porque só o amor reinará para sempre, porque “Deus é amor” (1João 4,16). Maria é o modelo do discípulo e da discípula de Jesus: Ela foi mulher de fé, modelo de comunhão e de serviço fraterno. Ela nos ensina o Evangelho. 2. Partilha (após cada 3 partilhas cantar um refrão ligado à aquele Ícone). Vitória, tu reinarás. Ó cruz, tu nos salvarás! D. Oração 1. Preces espontâneas 2. (Após cada prece responder cantando o refrão:) Firmes na fé, no teu amor, te pedimos, Senhor! E. Contemplação: olhar a realidade da comunidade com os olhos de Deus 1. Voltar os olhos para o Ícone da Cruz ou de Nossa Senhora 2. Cantar refrãos meditativos ligados ao texto. F. Ação 1. O coordenador motiva a comunidade ao gesto concreto a partir da Leitura Orante. (Esse gesto concreto pode ser realizado no dia seguinte). Encontros Celebrativos 59 G. Conclusão 1. Pai Nosso. 2. Ave Maria. 3. Oração de Bênção: Confirmai, ó Deus, os corações dos vossos filhos e filhas, e fortalecei-os com vossa graça, para que sejam fiéis na oração e sinceros no amor fraterno. Por Cristo, nosso Senhor. (Missal pag. 534, n. 23) Encontros Celebrativos 61 4. Cânticos CD No peito eu levo uma cruz (coletânea) 1. Nova geração (INTÉRPRETES: DIVERSOS CANTORES) PE. ZEZINHO, SCJ (ED. PAULINAS-COMEP) Eu venho do sul e do norte Do oeste e do leste De todo o lugar Estradas da vida eu percorro Levando socorro A quem precisar. Assunto de paz é meu forte Eu cruzo montanhas Mas vou aprender O mundo não me satisfaz O que eu quero é a paz O que eu quero é viver No peito eu levo uma cruz, No meu coração o que disse Jesus Eu sei que eu não tenho a idade Da maturidade De quem já viveu Mas sei que eu já tenho a idade De ver a verdade O que eu quero é ser eu O mundo ferido e cansado De um triste passado De guerras sem fim Tem medo da bomba que fez E da fé que desfez Mas aponta para mim 62 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Eu venho trazer meu recado Não tenho passado Mas sei entender Um jovem foi crucificado Por ter ensinado A gente a viver E eu grito ao meu mundo descrente Que eu quero ser gente Que eu creio na cruz Eu creio na força do jovem Que segue o caminho Do Cristo Jesus 2. Meu coração na cruz (INTÉRPRETE: PE. FÁBIO DE MELO) DALVIMAR GALLO (ED. CODIMUC) Quanto tempo eu esperei te encontrar Cheio de dúvidas e tanto pra falar Quanto tempo eu caminhei por aí Um pouco de amor pra dar E muito pra pedir E ao te encontrar És tu que me pedes Me pedes minha vida A vida eu vou te dar Coloco meu coração em tua cruz Consagro minha vida a ti Jesus Que nasça em mim o teu amor Que brilhe a tua luz Coloco o meu coração em tua cruz O Espírito Santo me conduz A ser um discípulo do amor Chamado Jesus... Quanto tempo eu desejei te encontrar Cheio de dúvidas e tanto pra falar Quanto tempo eu caminhei por aí Um pouco de amor pra dar E muito pra pedir Encontros Celebrativos 63 Tantos jovens pra cuidar Tantas almas pra salvar Jamais diria não a um pedido teu Meu Senhor... 3. Terra de Santa Cruz (INTÉRPRETE: VIDA RELUZ) WALMIR ALENCAR / JORGE MONGÓ (ED. PAULINAS-COMEP) Vamos colocar nosso país aos pés do Senhor Vamos consagrar à nossa Mãe o nosso Brasil O mundo poderá saciar a sua fome de Deus Neste celeiro da humanidade Em um só coração louvemos ao Senhor Pelo nosso imenso Brasil Terra abençoada, já o nome diz: Terra de Santa Cruz Um manto azul-anil recobre todo o céu É o manto de Maria 4. Tempo de vitória (INTÉRPRETE: ZIZA FERNANDES) ZIZA FERNANDES (ED. PAULINAS-COMEP) Meu Senhor Eu te ofereço a dor Que existe hoje em mim Que parece não ter fim Meu olhar Sem forças vem te buscar Em tuas mãos vou me esconder Pra depois poder nascer Hoje, eu sei Eu não vejo nada além Só tua palavra vem e me sustenta Mesmo a paz já deixou meu coração Não quero que a ilusão me maltrate mais 64 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Vitória É o que vem depois da cruz E ninguém há de condenar O que o teu amor tocar 5. Dois riscos (INTÉRPRETE: PE. ZEZINHO, SCJ) PE. ZEZINHO, SCJ (ED. PAULINAS-COMEP) Feita de dois riscos é a minha cruz Sem esses dois riscos não se tem Jesus Um é vertical o outro horizontal O vertical eleva o horizontal abraça Sem esses dois riscos não se tem Jesus Feita de dois riscos é a minha fé Sem esses dois riscos religião não é Um é vertical o outro horizontal Um vai buscar na fonte O outro é o aqueduto Feita de dois riscos é a minha fé Sem esses dois riscos religião não é Feito de dois riscos é o meu caminhar Sem esses dois riscos posso não chegar Um é vertical o outro horizontal O vertical medita o horizontal agita Feita de dois riscos é o meu caminhar Sem esses dois riscos posso não chegar 6. Coração de Mãe (INTÉRPRETE: MARIANI) MARIANI (ED. PAULINAS-COMEP) O peso da cruz derrubou o Rei Jesus Só um coração de Mãe pra compreender tamanha dor Como é difícil ser fiel e carregar a minha cruz Mesmo fraco, ferido, o teu olhar me mostra o amor Caminhaste até o calvário com teu filho Te convido a caminhar também comigo Encontros Celebrativos 65 Oh Mãe, levanta-me do chão Acolhe-me em teus braços Intercede pelas lutas do meu coração Oh Mãe, carrega-me em teu colo Educa-me como educaste o Cristo Pra que eu possa entender Que o calvário me ensinará viver 7. Ninguém te ama como eu (INTÉRPRETES: MARTÍN VALVERDE / EUGÊNINO JORGE E ENREDADOS) MARTÍN VALVERDE (ED. PAULINAS-COMEP) Tenho esperado este momento Tenho esperado que viesses a mim Tenho esperado que me fales Tenho esperado que estivesses assim Eu sei bem o que tens vivido Sei também que tens chorado Eu sei bem que tens sofrido Pois permaneço ao Teu lado Ninguém te ama como Eu Olhe para a cruz Esta é minha grande prova Ninguém te ama como Eu Ninguém te ama como Eu Olhe para cruz foi por ti, porque te amo Ninguém te ama como Eu Eu sei bem o que me dizes Ainda que nunca me fales Eu sei bem o que tens sentido Junto a ti permanecido Eu te levo em meus braços Pois sou teu melhor amigo 66 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 8. Marcas de Vitória (INTÉRPRETE: MISSÃO LOUVOR E GLÓRIA) RODRIGO FERREIRA (ED. PAULINAS-COMEP) Estou aqui, ó meu Jesus Aos pés da tua cruz Com meu coração ferido Cansado de sofrer Há uma angústia e um vazio Aqui dentro de mim Sou marcado pelas dores Que parecem não ter fim Mas olhando para ti, Jesus Eu posso entender Que o amor tudo suporta Tudo supera e tudo crê Mas olhando para ti, Jesus Meus sofrimentos nada são Minhas marcas estão Nas marcas de tuas mãos São Marcas de vitória Que marcam minha história Quando sara a ferida Permanece a cicatriz São marcas de vitória Que mudam minha história Quando olho a tua cruz ele me diz: Que o teu peito transpassado Teu rosto desfigurado Não são sinais de que tudo acabou Pois assim a morte foi vencida Tuas chagas devolveram-me a vida Hoje eu sei Jesus que sofrer Não é o fim Encontros Celebrativos 67 9. O verbo é amar (INTÉRPRETE: HEMERSON JEAN) HEMERSON JEAN (ED. PAULINAS-COMEP) O teu gesto inspira até hoje corações Em poemas e revistas Em livros e canções Encanta o olhar De quem buscou te conhecer E na tua luz foi viver Teus braços abertos Me revelam quem Tu és A tua vitória justifica a minha fé A tua cruz me lembra Meu compromisso de cristão Imitar teu coração Foste a voz daqueles Que não tinham vez Conquistando a todos Com teu jeito de amar A pedra que evitaste naquela punição Levou muito mais que um à conversão E provaste que o amor Tudo pode superar Que o amor não tem fronteiras É como o sol a brilhar Sua luz é para todos E o perdão é um gesto nobre De quem sabe amar Que a vida é um milagre Uma dádiva de Deus Que Deus ama sem limites Cada um dos filhos seus E que para ser feliz Não existe uma fórmula O verbo é amar, ter fé é amar O teu gesto intriga até hoje corações Como pode alguém amar 68 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Mesmo na decepção? Mesmo quando perseguido E traído não deixou De agir com todo amor 10. Pelos caminhos da América (INTÉRPRETE: ZÉ VICENTE); ZÉ VICENTE (ED. PAULINAS-COMEP) Pelos caminhos da América Latino América! Pelos caminhos da América Há tanta dor, tanto pranto Nuvens, mistérios, encantos Que envolvem nosso caminhar Há cruzes beirando a estrada Pedras manchadas de sangue Apontando como setas que a liberdade e pra lá... Pelos caminhos da América Há monumentos sem rosto Heróis pintados, mau gosto, livros de história sem cor Caveiras de ditadores, soldados tristes, calados Com olhos esbugalhados, vendo avançar o amor, ô,ô! Pelos caminhos da América Há mães gritando qual loucas Antes que fiquem tão roucas, digam onde acharão Seus filhos, mortos, levados na noite da tirania Mesmo que matem o dia, elas jamais calarão... Pelos caminhos da América No centro do continente Marcham punhados de gente com a vitória na mão Nos mandam sonhos, cantigas Em nome da liberdade Com o fuzil da verdade, combatem firme o dragão Pelos caminhos da América Bandeiras de um novo tempo Vão semeando no vento, frases teimosas de paz Lá na mais alta montanha, há um pau d’arco florido Um guerrilheiro querido que foi buscar o amanhã! Encontros Celebrativos 69 Pelos caminhos da América Há um índio tocando flauta Recusando a velha pauta que o sistema lhe impôs No violão, um menino, um negro toca tambores Há sobre a mesa umas flores Pra festa que vem depois! Pelos caminhos da América 11. Abandono (INTÉRPRETE: ADRIANA) FLAVINHO (ED. CANÇÃO NOVA) Eu sei que andas desolado E atirado pelo mundo Já não encontras mais sentido E nem forças pra seguir Se o que te prende às trevas Ainda é mais forte E sem forças te entregas ao abandono Olhe pro alto sinta essa luz Eu sou aquele Que te guia pelas trevas E numa cruz Doei minha vida só por ti Olhe pro alto sinta essa luz É no abandono Que me encontras Plenamente Deixe que eu me apresente Eu sou Jesus 12. Honra e Glória (INTÉRPRETE: SALETTE FERREIRA) SALETTE FERREIRA (ED. CANÇÃO NOVA) Ele veio pra nos dar a salvação Se fez homem, se fez carne se tornou nosso irmão Deu a vida no madeiro da sua cruz O seu corpo, o seu sangue O seu nome é Jesus 70 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 A Ele a honra, honra A Ele a glória, glória (2x) E o domínio e o poder Toda força e exaltação (2x) Cristo é o pão da vida o pão do céu Pão daqueles que caminham rumo à casa do Pai Ele trouxe a unidade, a comunhão e nos fez fraternidade, nos tornou mais irmãos A Ele a honra… 13. Santa Cruz (INTÉRPRETE: JUNINHO CASSIMIRO E BANDA) ARKANJOS; JUNINHO CASSIMIRO (ED. PAULINAS-COMEP) Todos os pecados os meus e os seus Foram cravados no madeiro Pois Jesus com seu sangue nos lavou Ele se fez cordeiro e recebeu as dores Que nos foram impostas E na cruz com amor nos libertou Ele desceu de sua realeza Para se fazer sacrifício por nós Se aniquilou e se entregou E como ovelha muda ao matadouro Não murmurou, não reclamou por nada E decidido pelas nossas vidas Obediente foi até a morte de cruz Oh! Santa cruz! Bendita cruz! Bendita seja a cruz! O amor por ela se revelou Nós somos a Igreja da cruz Por isso a exaltamos Senhor Não existe mais barreira entre nós Encontros Celebrativos 71 Por ela o véu do templo rasgou O Céu está aberto pra nós O que era pecado agora é graça sem fim 14. Tudo Passa Pela Cruz OLÍVIA FERREIRA (DIRETO) Olhe pra cristo, autor da nossa fé Ferido, humilhado, não abriu a boca Homem de dores Castigado, desprezado, abandonado Ele suportou a cruz Sofreu por nossos pecados Mas ressuscitou Tudo passa pela cruz A minha vida passa pela cruz Tudo passa pela cruz Meus pecados e tribulações Os meus sonhos A ressurreição Passam pela tua cruz, Jesus Tudo passa pela cruz A minha vida passa pela cruz Tudo passa pela cruz A cura, a libertação Das feridas do meu coração Passam pela tua cruz, Jesus Encontros Celebrativos 73 5. Itinerário da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora da JMJ Rio 2013 e Shows Bote Fé Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Igrejas Particulares Mês Sul 1 Leste 2 Nordeste 3 50 30 26 Nordeste 2 21 Nordeste 1 Nordeste 4 Nordeste 5 09 08 12 Centro-Oeste 17 Oeste 1 Oeste 2 Noroeste Norte 1 07 10 07 10 Norte 2 13 Sul 3 Cone Sul 18 Sul 4 10 Sul 2 16 Leste 2 (Sul de Minas) Sul 1 (Vale Do 6 Paraíba) Leste 1 E Rj 15 Datas Regionais Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude 2011 Setembro / Outubro 18/09 a 31/10 Novembro 01 a 30 Dezembro 01 a 31/12 e 01 a 10/01/12 2012 10 a 31/01 e Janeiro / Fevereiro 01 a 17/02 Fevereiro 018 a 29 e 01 a 10/03 Março 11 a 31 Abril 01 a 30 01 a 31/05 e Maio / Junho 01 a 07/06 Junho 08 a 30 Julho 01 a 31 Agosto 01 a 31 Setembro 01 a 30 Outubro 01 a 31 (Círio de Nazaré) Novembro 01 a 30 Dezembro 01 a 31 2013 Janeiro 01 a 31 Fevereiro 01 a 29 Março 01 a 10 Março/Abril 01/03 a 21/04 Abril / Maio / Junho 4 meses / Julho Itinerário da Cruz da JMJ no Brasil: 2011 - 2013 Organização do Itinerário da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora: Bispo responsável: Dom Antonio Carlos Altieri, SDB Coordenador: Pe. Antonio Ramos do Prado. Vice Coordenador Fr. Rubens Nunes da Mota. Cidade Permanência da Cruz Estado Regional Sul 1 São Paulo 18 de set a 31 São Paulo 18 de setembro de out 01 a 30 de Leste 2 MG e ES Belo Horizonte 19 de novembro Adriana Zé Vicente nov 01 de dez a 10 Banda Diego Nordeste 3 BA e SE Salvador 10 de dezembro de jan Dominus Fernandes 21 de janeiro(Rec) PB, AL, PE 10 de jan a 17 Cantores Nordeste 2 Recife e Natal e 11 de fevereiro Cosme Jake E RN de fev de Deus (Nat) Acampamento Revolução Jesus - 14 de janeiro 2012 - Canção Nova - Cachoeira Paulista – SP 18 de fev a 10 Padre Fábio Fortaleza 03 de março Ítalo Villar Beatrix Nordeste 1 Ceará de Melo de mar Padre Márcio 11 de mar Nordeste 4 Piauí Teresina 17 de março Reginaldo Via 33 a 31 Todeschini Manzotti 14 de abril 01 a 30 de Rosa de Amor e Nordeste 5 Maranhão São Luís (Festa da Divina Ceremonya abril Saron Adoração Misericórdia) Centro 01 a 31 de Adoração e Eros DF, GO,TO Brasília 26 de maio Bruno Camurati Oeste maio Vida Biondini Mato Gros- 08 a 30 de Anjos de Olivia Oeste 1 Campo Grande 23 de junho so do Sul junho Resgate Ferreira Mato 01 a 31 de Suely Marcio Oeste 2 Cuiabá 07 de julho Grosso julho Façanha Pacheco Bote Fé Grande evento com a Cruz Peregrinação da Cruz – Shows Bote Fé 74 Cruz Peregrina – Rumo ao Rio - 2013 Paraná Vale do Paraíba Sul 2 Vale do Paraíba Curitiba Florianópolis 21 de abril atè a JMJ 12 - 13 de abril 2013 (segundo domingo Páscoa) EVENTO FINAL DA PEREGRINAÇÃO DA CRUZ - ENVIO PARA O RJ 23 de fevereiro 12 de janeiro 01 a 31 de dezembro 01 a 31 de março a 21 de Aparecida abril 01 a 31 de janeiro 01 a 29 de fevereiro Leste 1 e Rio de Janeiro Santa Catarina Sul 4 Cone Sul AC, Sul do AM e RO Abril a Julho Missionário Shalom Davidson Silva Halleluya - 21 de julho 2012 - Fortaleza – CE - Shalon 01 a 31 de Padre Porto Velho 18 de agosto Dunga agosto Cleidimar 01 a 30 de Eliana Norte 1 AM e RR Manaus 22 de setembro Flavinho setembro Ribeiro 14 e 15 de Julho 2012 - Encontro Mundial da RCC - Foz do Iguaçu – PR 01 a 31 de Belém e Ver data do Círio Louvor Norte 2 PA e AP Vida Reluz outubro Macapá (13, 20 e 27) Acústico 15 de Novembro 2011 - Aparecida – SP - Romaria Nacional da Juventude Rio Gran- 01 a 30 de Sul 3 Porto Alegre 10 de novembro Banda Dom de do Sul novembro Noroeste Encontros Celebrativos 75 Encontros Celebrativos 77 6. Orientações Gerais 1. Cada regional da CNBB deverá buscar a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora no outro Regional; 2. Os gastos de transportes (gasolina, pedágios, aéreos, alimentação dos 3 acompanhantes) da cruz e do Ícone de Nossa Senhora serão por conta de cada (Arqui)Diocese que as recebe; 3. Os Shows Católicos que deverão acontecer em 19 capitais do Brasil serão coordenados pelo Pe. Sávio e sua equipe; 4. A produção dos subsídios, venda e entrega dos mesmos, nas (Arqui)Dioceses do Brasil, será por conta das Edições CNBB; 5. Cada Bispo Responsável pelo Regional deverá indicar um Padre, Religioso/a ou Leigo para referência da cruz e do Ícone de Nossa Senhora na sua Região. Essas pessoas referentes receberão instruções e preparação para a condução da cruz e do Ícone de Nossa Senhora; 6. Padre Toninho se reunirá com a pessoa indicada de cada Regional, com o representante de cada (Arqui)Diocese para capacitá-los para receber a Cruz e usar os subsídios da JMJ; 7. As equipes (comunicação, divulgação, etc.) entrarão em contato com os Bispos Referentes da Juventude e seus referentes para os devidos encaminhamentos; 8. Frei Rubens organizará toda logística e entrega do material nos Regionais do Brasil; 9. Cidades que poderão receber os Shows Católicos: São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Teresina, São Luis, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho, Manaus, Belém, Porto Alegre, Cone Sul, Florianópolis, Curitiba, Aparecida. 10. Toda parte de divulgação e publicidade estará sobre a coordenação do Pe. Sávio e suas equipes; 11. Dom Antonio Carlos Altieri, SDB, receberá o cronograma da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora de cada Regional da CNBB. Encontros Celebrativos 79 7. Mistério da Cruz Apresentamos oito aspectos do mistério da cruz de Cristo para os jovens quando estiverem a venerar a cruz da JMJ: 1. Na Cruz, Cristo conheceu os maiores sofrimentos do mundo. Quando você sofre, Cristo esta muito perto de ti. Confias a Ele os seus sofrimentos! Ele os levará contigo e te aliviará. 2. Na Cruz, Cristo se identificou com aqueles que sofrem. Descubra os que sofrem em torno de ti. Jesus esta presente neles. Vá servi-los! Receberas alegrias! 3. Na Cruz, Cristo perdoa os seus inimigos. Se estás ferido, também tu estas convidado a perdoar e reconciliar com os teus inimigos. Jesus te dará força. Peça e será dado! 4. Na Cruz, Jesus amou cada um de nós. Se há duvida, peça que Ele mostre seu amor pessoal por ti. 5. Na Cruz, Jesus entregou sua vida para o perdão de nossos pecados. Entrega teus pecados! Promete que não voltarás a pecar. E tu receberas seu perdão pelo batismo e pelo sacramento da reconciliação. Então experimentaras a alegria da salvação. 6. Na Cruz, Jesus morreu para abrir o Céu. Reze pelos defuntos que você conhece. Receberas a Esperança da Vida eterna! 7. Na Cruz, Jesus entregou sua vida por amor. Se quiseres ser feliz, entrega generosamente tua vida para amar cada dia como Ele! 8. Jesus ressuscitou. Ele venceu sobre o mal, os pecados e a morte. Se tiveres fracassos, se tem dificuldades para enfrentar o futuro, receba a energia da esperança! Com toda a Igreja, converte em missionário da esperança! Don Eric Jacquinet Tradução: P. Antonio Ramos do Prado,sdb