UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE COLETIVA CAMILLA DANIELLE SILVA DE LIMA INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: um estudo com adolescentes escolares . NATAL - RN 2014 Camilla Danielle Silva de Lima INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: um estudo com adolescentes escolares Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. Área de Concentração: Distribuição e fatores determinantes dos agravos à saúde nas populações humanas. Orientadora: Profª Drª Iris do Céu Clara Costa NATAL - RN 2014 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Lima, Camilla Danielle Silva de. Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Iniciação sexual e fatores associados: um estudo com adolescentes escolares Biblioteca Setorial deLima. Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. / Camilla Danielle Silva de – Natal, RN, 2014. 72 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Íris do Céu Clara Costa. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. 1. Comportamento sexual - Dissertação. 2. HIV - Dissertação. 3. Aids Dissertação. 4. Autoestima – Dissertação. 5. Relações interpessoais – Dissertação. 6. Adolescentes – Dissertação. 7. Conhecimentos, atitudes e práticas em saúde – Camilla Danielle Silva de Lima INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: um estudo com adolescentes escolares Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em: ____/____/____. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Profª. Drª Iris do Céu Clara Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientadora __________________________________________ Profª. Drª. Maria do Carmo Eulálio Universidade Estadual da Paraíba Membro Externo __________________________________________ Prof. Dr. Kenio Costa de Lima Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro Interno NATAL - RN 2014 Aos adolescentes, alunos do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte - Campus Ipanguaçu, que diariamente deixam suas casas de taipa, se despedem de seus pais agricultores e enfrentam uma longa viagem até a escola. Na mochila carregam sonhos e no coração a esperança de uma vida mais digna e com mais oportunidades. É neste cenário de secas e enchentes que se descobrem capazes, senhores do seu futuro e alcançam lugares nunca antes imagináveis. A eles toda minha admiração! AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela sua presença forte em minha vida, pelo seu amor incondicional, sempre fonte de força e esperança diante das dificuldades. À minha família, especialmente ao meu filho Lucas, que apesar de ainda não ter nascido, desde sua concepção tem me mostrado o real sentido da vida. Ao meu esposo Daniel, por escolher dividir e somar seus dias e sonhos comigo. Aos meus pais e irmão, pois sempre serão corresponsáveis pelas minhas conquistas. À minha orientadora, Profª. Drª Iris do Céu Clara Costa, pela competência e dedicação. Serei sempre grata pela acolhida, confiança e entusiasmo, sempre ampliando meu olhar para novas direções e horizontes da vida e da Saúde Coletiva. Aos professores, Dr. Kenio Costa de Lima, que sempre esteve disposto a contribuir com seu conhecimento e a Drª Neuciane Gomes da Silva que desde a graduação me ensinou que Ser psicólogo é antes de tudo Ser humano, em seu sentido mais amplo. Ao colega de mestrado, Anderson Fernandes, por todo apoio e ajuda nesta reta final da pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte pela cooperação técnica com o Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (UFRN), incentivando assim a qualificação profissional de seus servidores. Aos adolescentes que com sua vontade de viver intensamente e de mudar o mundo sempre nos instauram a esperança por dias melhores. RESUMO A iniciação sexual é um marco significativo na vida do indivíduo, ocorrendo geralmente na adolescência. Importantes transformações biopsicossociais ocorrem nesta fase, denotando vulnerabilidades à vida do adolescente, dentre elas, as decorrentes da iniciação sexual, sendo o risco de infecção pelo HIV/aids a mais grave. A infecção pelo HIV/aids constitui atualmente um importante problema de Saúde Pública, estando os jovens no centro da epidemia mundial. No Brasil, dados do último boletim epidemiológico, lançado em 2013, apontam para a tendência de aumento de sua prevalência na população jovem. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo investigar a associação entre iniciação sexual e o perfil sociodemográfico, o indicador de conhecimento das formas de transmissão do HIV/aids e fatores biopsicossociais – autoestima e habilidades sociais, em adolescentes de 16 a 19 anos, de ambos os sexos, estudantes do nível médio técnico integrado, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal. Trata-se de um estudo transversal, cuja amostra foi constituída aleatoriamente por 200 alunos que responderam de forma anônima a quatro instrumentos: perfil sociodemográfico, questionário da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP), Escala de Autoestima de Rosenberg e o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes de Del-Prette (IHSA). A análise estatística dos dados foi realizada através do teste qui-quadrado de Pearson e do exato de Fisher (α <5%). A média de idade para a primeira relação sexual foi de 15,96 anos, com o início mais cedo para o sexo masculino. Verificou-se associações estatisticamente significativas entre iniciação sexual e as seguintes variáveis: idade, sexo, situação conjugal, religião, renda familiar, autoestima e o repertório de habilidades sociais. Observou-se ainda que apenas 11% dos adolescentes possuíam conhecimento correto acerca das formas de transmissão do HIV/aids. Conclui-se que os esforços para a prevenção das DST/aids precisam ser direcionados a campanhas e programas mais eficazes, que considerem não somente o caráter informativo, mas também os fatores psicossociais já que estes mostraram-se associados ao início da vida sexual. Descritores: Comportamento sexual. HIV. Aids. Autoestima. Relações interpessoais. Adolescentes. Conhecimentos, atitudes e práticas em saúde. ABSTRACT Sexual initiation is a meaningful milestone in the life of the individual, usually occurring during adolescence. Important bio-psycho-social changes occur at this stage, indicating the vulnerabilities of teenage life, among them, those resulting from sexual initiation, and the risk of HIV / AIDS infection as the most serious. The HIV / AIDS infection is now a major public health problem, with young people being in the center of this world wide epidemic. In Brazil, data from the latest epidemiological bulletin, released in 2013, showed that this disease has been increasing in young population. The present study objective was to study the link between sexual activity initiation and the social-demographic profile, the understanding the HIV / AIDS spreading and infection and bio-psycho-social factors - self-esteem and social skills in adolescents between 16-19 years old, of both genders, students in High Integrated Technical level, from the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte, Natal Campus. This is a cross-sectional study involving a random sample consisting of 200 students who responded anonymously to four surveys: social and demographic profile, the Survey of Knowledge, Attitudes and Practices survey in the Brazilian Population (PCAP), Rosenberg Self-Esteem Scale and the Inventory of Social Skills for Teens from Del-Prette (IHSA). The statistical analysis was performed using the chi-square test of Pearson and Fisher's exact test (α <5%). The average age for the first sexual encounter was 15.96 years, males first encounter was even earlier. There were statistically significant associations between sexual initiation and the following variables: age, sex, marital status, religion, family income, self-esteem and social skills. It was also observed that only 11% of adolescents had correct knowledge about the ways of transmission of HIV / AIDS. It is concluded that efforts to control STD / AIDS need to be directed by more effective campaigns and programs that consider not only information but also the psychosocial factors as they are associated to the beginning of sexual activity. Keywords: Sexual Behavior, HIV. AIDS, Self-esteem, Teenagers,Understanding, Attitudes and Health Practices. Personal Relationships. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Caracterização da amostra quanto aos dados sociodemográficos e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014.......................................................... Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014..................................................................................... Tabela 3: 35 Associação entre o indicador de conhecimento e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014..................................................................................... Tabela 4: 33 37 Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (frequência). Natal, RN, 2014................................................................................................ Tabela 5: 41 Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (dificuldade). Natal, RN, 2014................................................................................................ Tabela 6: 41 Associação entre iniciação sexual e as variáveis EAR e IHSA. Natal, RN, 2014................................................................................................ 43 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Descrição resumida das classes e subclasses de HS relevantes para a adolescência. Natal, RN, 2014................................................................. Quadro 2: Descrição resumida da interpretação do IHSA conforme posição percentil dos escores (total e subescalas). Natal, RN, 2014..................... Quadro 3: 22 29 Planejamento da análise estatística de acordo com a distribuição dos dados. Natal, RN, 2014............................................................................ 31 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 12 2.1 INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES ............................................... 12 2.2 FATORES ASSOCIADOS À INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTE .. 17 2.2.1 Fatores sociodemográficos .......................................................................... 17 2.2.2 Fatores psicossociais: autoestima e habilidades sociais ............................... 19 3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 25 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 25 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 25 4 METODOLOGIA ............................................................................................. 26 4.1 DESENHO DO ESTUDO .............................................................................. 26 4.2 PARTICIPANTES ......................................................................................... 26 4.3 INSTRUMENTOS ......................................................................................... 27 4.3.1 Escala de autoestima de Rosenberg – EAR .................................................. 28 4.3.2 Inventário de habilidades sociais para adolescentes – IHSA ........................ 28 4.3.3 Pesquisa de conhecimentos, atitudes e práticas na população brasileira .... 30 4.4 TABULAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .......................................................... 31 4.5 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................... 31 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 32 5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS .................................................................. 32 5.2 DADOS DO QUESTIONÁRIO PCAP .............................................................. 36 5.3 DADOS DA ESCALA DE AUTOESTIMA E DO IHSA .................................. 40 6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 44 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 47 ANEXO A .......................................................................................................... 52 ANEXO B .......................................................................................................... 53 APÊNDICE A .................................................................................................... 56 APÊNDICE B .................................................................................................... 59 10 1 INTRODUÇÃO Na adolescência ocorrem inúmeras transformações biopsicossociais que interferem de forma decisiva no desenvolvimento salutar dos adolescentes, com repercussões ao longo da vida (SILVA et al., 2004; BRETAS et al., 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). De acordo com a Organização das Nações Unidas (2008), em função dessas transformações e de outros fatores, adolescentes e jovens tornam-se mais vulneráveis a situações como a iniciação sexual precoce, gravidez não desejada e infecção por HIV/aids e outras DST. Um dos grandes acontecimentos na vida do ser humano é o início da vida sexual que, geralmente, ocorre na adolescência. A literatura aponta que um conjunto complexo de fatores pode influenciar a iniciação sexual, estando associada a fatores sociodemográficos como idade, sexo, escolaridade e nível socioeconômico (PAIVA et al., 2008; BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010; HUGO et al., 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013); a questões familiares (BORGES; LATORRE; SCHOR, 2007) e ao uso de drogas (SANDFORT et al., 2008; HUGO et al., 2011). Apesar desse contexto de vulnerabilidades, existem alguns fatores, como a autoestima e o repertório de habilidades sociais, que se desenvolvidos adequadamente servem de proteção para desequilíbrios físicos e psicológicos, preparando melhor os adolescentes para as adversidades da vida e para escolhas mais acertadas, evitando assim, por exemplo, o uso de drogas e o comportamento sexual de risco (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). No Brasil e no mundo, o início da vida sexual tem ocorrido cada vez mais cedo, tornando-se tema de interesse de pesquisadores e de preocupação por parte do Ministério da Saúde (MS), bem como das agências internacionais, especialmente no que diz respeito à prevenção do HIV/aids. Dados do último boletim apresentado em 2013 pela UNAIDS (Organização das Nações Unidas para Aids) apontam que mais de 35 milhões de pessoas vivem com HIV em todo mundo. Segundo a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas, 2008), os jovens estão no centro da epidemia global do HIV, ocorrendo com maior incidência no grupo etário dos 15 aos 24 anos e que, apesar disso, a prioridade à prevenção da transmissão do vírus nesse grupo populacional tem sido insuficiente. O boletim epidemiológico da aids e DST lançado em 2013 pelo MS, estima que aproximadamente 718 mil indivíduos vivam com o HIV/aids no Brasil, com tendência de aumento de sua prevalência na população jovem. Aponta ainda que a região Nordeste vem ocupando o terceiro lugar no número de casos notificados de aids desde 1980, tendo o Rio 11 Grande do Norte apresentado um aumento de mais de 100% na taxa de detecção da doença nos últimos 10 anos. O maior número de infecções pelo vírus do HIV tem ocorrido pela transmissão sexual, representando 68% dos casos notificados no Brasil (BRASIL, 2014a). Não obstante, a promoção do sexo mais seguro é a principal estratégia da política de prevenção do HIV no país, baseada na defesa e promoção dos direitos sexuais dos indivíduos (BRASIL, 2011). Tal estratégia tem sido colocada em prática através de campanhas que visam o acesso às informações sobre os meios de transmissão do HIV e os métodos de prevenção. Diante deste cenário, percebe-se que compreender melhor os fatores relacionados à iniciação sexual nos adolescentes, contemplando aspectos sociodemográficos, conhecimentos acerca das DST/aids e comportamentos sexuais, bem como questões psicossociais como a autoestima e as habilidades sociais podem contribuir significativamente para o controle de agravos como às infecções por HIV/aids e DST. 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES E SUAS CONSEQUENCIAS À SAÚDE DOS MESMOS. A sexualidade é socialmente construída através das interações dos indivíduos com seu meio, no qual perpassam a cultura e os seus significados (PARKER, 2000). De acordo com Araújo (2002), a experiência sexual humana é produto não somente das questões biológicas e de gênero, mas também de um complexo conjunto de processos sociais, culturais e históricos. Ela é intrínseca à natureza humana, e de fundamental importância na adolescência, pois é parte integrante do desenvolvimento da personalidade, capaz de interferir no processo de aprendizagem e na saúde física e mental ao longo da vida (BRÊTAS, 2003). A adolescência é um período ímpar do desenvolvimento humano, de transição entre a infância e a fase adulta e marcada por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais (SILVA et al., 2004). Ao processo de transformação anatômico e fisiológico dá-se o nome de puberdade. Segundo Papalia e Feldman (2013), a puberdade é o processo que leva à maturidade sexual, ou seja, a fertilidade - a capacidade de reprodução. A partir de certa idade, comumente aos 12 ou 13 anos, a criança começa a sofrer mudanças físicas influenciadas pela grande produção de hormônios, com aumento significativo do peso e altura, bem como mudanças nas formas corporais. Nas meninas, os ovários aumentam abruptamente a produção do hormônio feminino estrogênio, o qual estimula o crescimento dos seus genitais e desenvolvimento dos seios. Nos meninos, os testículos aumentam a produção de andrógenos, principalmente testosterona, os quais estimulam o crescimento dos genitais e dos pêlos corporais masculinos. Diferentemente da puberdade, que é um evento biológico universal, a adolescência é influenciada culturalmente, ou seja, é uma construção social e histórica, e que por isso ganha contornos diferenciados em diferentes espaços e tempos (ALBINO et al., 2005). Por esse motivo, não existe consenso para a faixa etária que compreende a adolescência. Para o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ocorre entre 12 e 18 anos, já para a OMS (Organização Mundial da Saúde) é considerado adolescente aquele que possui entre os 10 e 19 anos, compreendendo a pré-adolescência (10 a 14 anos) e a adolescência propriamente dita (15 a 19 anos). Em relação aos jovens, a OMS considera aqueles entre 15 e 24 anos. No entanto, essa classificação vai além da faixa etária, os colocando numa categoria sociológica que indicaria o processo de preparação para o exercício da vida adulta. 13 A sexualidade na adolescência tem impulso fortemente marcado pelas transformações psicossociais que acontecem nesta etapa do desenvolvimento. Segundo Silva (2004), é um período de descobertas dos próprios limites, de curiosidade por experiências novas, de questionamentos dos valores/normas familiares e de adesão aos valores/normas dos seus pares, ou seja, uma fase assinalada pela busca da auto-afirmação, independência individual e integração social. É nesta fase que ocorre a construção da identidade que está intimamente ligada ao desenvolvimento da sexualidade do adolescente (BRÊTAS e t al., 2011). Além disso, mudanças dramáticas nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no julgamento, organização do comportamento e autocontrole ocorrem entre a puberdade e o início da vida adulta (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Isso significa dizer que o adolescente ainda encontra-se em amadurecimento cognitivo. Conforme o mesmo autor, os comportamentos de risco podem refletir imaturidade do cérebro adolescente: “A propensão para comportamento de risco parece resultar da interação de duas redes cerebrais: (1) uma rede socioemocional que é sensível a estímulos sociais e emocionais, tal como a influência dos pares, e (2) uma rede de controle cognitivo que regula as respostas a estímulos. A rede socioemocional torna-se mais ativa na puberdade, enquanto a rede de controle cognitivo amadurece mais gradualmente até o início da idade adulta. Esses achados podem explicar a tendência dos adolescentes a explosões emocionais e a comportamento de risco.” Essas inúmeras transformações biopsicossociais, que estão interligadas e se influenciam mutuamente, podem denotar riscos e vulnerabilidades à vida do adolescente. Nesta fase, há um aumento nas possibilidades de ocorrência de danos ou agravamentos, como, por exemplo, o início precoce da atividade sexual, os casos de infecção pelo HIV/aids e outras DST, a gravidez não planejada, sem qualquer orientação médica ou familiar, os abortos inseguros, a morbidade materna e os casos de violência sexual (BRÊTAS, 2010). De acordo com Gonçalves et al. (2008), a vulnerabilidade social entre os jovens impõe a necessidade de trabalhar mais cedo, assumir maiores responsabilidades com o próprio sustento e dos que com ele moram, antecipando em anos algumas condutas, inclusive a sexual. A primeira relação sexual é um marco importante na vida do indivíduo, ocorrendo geralmente na adolescência e marcando sua vida de maneira significativa, tanto do ponto de vista emocional e social, como também de sua saúde de maneira geral. Segundo Borges, Latorre e Schor (2007), “a iniciação sexual não tem ocorrido de forma homogênea entre homens e mulheres, grupos sociais ou entre gerações, sugerindo que um conjunto de fatores complexos pode determinar a tomada de decisão em iniciar a vida sexual ou adiar esse evento para um momento considerado mais adequado”. 14 Vários estudos estabelecem associação entre fatores sociodemográficos como sexo, idade, escolaridade, nível socioeconômico, dentre outros, com o início da vida sexual (PAIVA et al., 2008; BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010; HUGO et al., 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013). Outros autores chamam a atenção também para os fatores familiares associados, como a qualidade da comunicação e o relacionamento entre pais e filhos (BORGES; LATORRE; SCHOR, 2007) e para o uso de álcool e outras substâncias psicoativas como facilitadoras desta iniciação (SANDFORT et al., 2008; HUGO et al., 2011). Além disso, o comportamento na primeira relação sexual tem sido associado ao estabelecimento de padrões comportamentais que podem permanecer por toda vida (TEXEIRA et al., 2006). De acordo com a literatura, o início da vida sexual por pessoas muito jovens passa a ser um fator de risco para a gravidez não planejada e para aquisição de DST/aids (XAVIER, 2005; KAESTLE et al., 2005; SANDFORT et al., 2008). Gontijo e Medeiros (2004) apontam a gravidez na adolescência como problema de saúde pública e um fator de risco tanto para a criança gerada quanto para a mãe adolescente. A mesma tem sido relacionada à baixa escolaridade, baixo nível socioeconômico (BONETTO, 2007; AMORIM et al., 2009; CERQUEIRA-SANTOS, 2010), início precoce da vida sexual (DINIZ; KOLLER, 2012), falta de informação sobre meios contraceptivos e a deficiência de programas de apoio ao adolescente (SABROZA et al., 2004). Além das doenças sexualmente transmissíveis mais conhecidas como a sífilis e a gonorreia, o surgimento de outra doença pode ser potencializado com a iniciação sexual precoce: a infecção por HPV (papiloma vírus humano). Alguns tipos desse vírus são os responsáveis pelo câncer de colo do útero, que acomete hoje 290 milhões de mulheres no mundo (OMS; OPAS, 2014), sendo o terceiro câncer mais comum entre mulheres no Brasil (BRASIL, 2014a). Quanto mais cedo as adolescentes são infectadas pelos tipos do vírus HPV causadores do câncer, maior sua probabilidade de desenvolver a doença (TAQUETE, 2013). Por isso, o Ministério da Saúde (MS) lançou a campanha de vacinação contra o HPV nas escolas desde março de 2014, em meninas de 11 a 13 anos, antes que as mesmas tenham se iniciado sexualmente. Em 2015, o MS pretende oferecer a vacina para as adolescentes de 9 a 11 anos (BRASIL, 2014b). A maneira como a iniciação sexual vem acontecendo, os fatores associados e suas consequências tem sido tema de destaque em estudos sobre a prevenção de HIV/aids e outras DST na população adolescente. A literatura brasileira aponta que os adolescentes tem se iniciado sexualmente cada vez mais cedo, com diferenças entre os sexos (BRASIL, 2011). Ao se considerar todas as transformações pela qual passa, a idade do adolescente pode denotar 15 imaturidade para a decisão de iniciar-se sexualmente, bem como para o uso do preservativo na primeira e nas demais relações sexuais. Segundo a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas, 2008), uma das agências da ONU que apoia a resposta à aids no Brasil, os comportamentos que colocam as pessoas em maior risco de infecção pelo HIV incluem o sexo sem proteção, em especial com vários parceiros, e o uso de drogas com material não esterilizado. Concomitantemente, Cruzeiro et al. (2010) afirmam que comportamento sexual de risco diz respeito ao sexo desprotegido, ou seja, manter relações sexuais sem o uso do preservativo, e ao fato do indivíduo ter múltiplos parceiros sexuais. Tal comportamento pode ter consequências sérias, com repercussões emocionais, orgânicas e socioeconômicas importantes (MOSER; REGGIANI; URBANETZ, 2007), especialmente na adolescência, quando geralmente ocorre a iniciação sexual. Nesta perspectiva, a literatura aponta que o uso do preservativo na primeira relação sexual está intimamente ligado ao uso frequente do mesmo nas relações sexuais ao longo da vida (TEXEIRA et al., 2006). Da mesma forma, pesquisas evidenciaram que os jovens que não fizeram uso da camisinha na última relação sexual apresentaram iniciação sexual mais cedo (PAIVA et al., 2008; HUGO et al., 2011). Não por acaso, o Ministério da Saúde defende que a promoção do sexo mais seguro é a principal estratégia da política de prevenção do HIV/aids e outras DST no país (BRASIL, 2011). Posto isto, verifica-se a importância dos estudos acerca da iniciação sexual e os comportamentos sexuais associados como o uso do preservativo, dentre outros, em adolescentes, como forma de prevenção mais eficaz de vários agravos à saúde da população, especialmente a infecção pelo HIV/aids. A aids, também conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é o estágio mais avançado da doença causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana) que ataca o sistema imunológico (BRASIL, 2014c). É uma doença recente, tendo completado em 2008, apenas três décadas, mas que se alastrou rapidamente e logo se tornou uma epidemia mundial. Inicialmente foi associada, de forma preconceituosa, a grupos minoritários tais como homossexuais, prostitutas, dependentes químicos e hemofílicos (PINTO et al., 2007). Duas décadas após seu surgimento, a infecção deixou de ocorrer predominantemente em homens e o número de mulheres infectadas cresceu assustadoramente, aumentando a transmissão vertical do vírus (OMS, 2009). A epidemia da aids assumiu algumas características diferentes ao longo do tempo. No Brasil, a porcentagem dos pacientes com 50 anos ou mais com diagnóstico da aids aumentou 16 progressivamente de 7% em 1996 para 13% em 2004, resultando no aumento de infecções pelo HIV/aids em pessoas com 60 anos ou mais (REZENDE; LIMA; REZENDE, 2009). Atualmente, dados do último boletim apresentado pela UNAIDS (Organização das Nações Unidas para Aids) em 2013, apontam que mais de 35 milhões de pessoas vivem com HIV em todo mundo. De acordo com a UNFPA (2008), a população jovem está no centro da epidemia global do HIV, com a estimativa de que 5,4 milhões de jovens vivem com HIV, sendo que aproximadamente 59% são do sexo feminino e 41% do sexo masculino. Segundo a OMS (2014), o número de adolescentes, entre 10 e 19 anos, portadores do vírus da aids ultrapassou 2 milhões em 2013, o que significou um aumento de 33% desde 2001, sendo a maioria adolescentes da África subsaariana ou Ásia. Neste sentido, novas recomendações da OMS foram lançadas em 2013 para esse público através do manual “HIV e adolescentes: guia para testes de HIV, aconselhamento e cuidados para adolescentes que vivem com HIV”. Em relação ao contexto brasileiro, conforme o boletim epidemiológico da aids e DST lançado em 2013 pelo MS, estima-se que aproximadamente 718 mil indivíduos vivam com o HIV/aids no país, o que representa prevalência de 0,4% na população em geral, dos quais em torno de 80% (574 mil) tenham sido realmente diagnosticados. Aponta ainda que, corroborando o cenário mundial, a prevalência da infecção pelo HIV na população jovem brasileira apresenta tendência de aumento (BRASIL, 2011). Considerando as pesquisas realizadas em Conscritos do Exército Brasileiro, de 17 a 21 anos de idade, a prevalência de infecção pelo HIV passou de 0,09% em 2002 para 0,12% em 2007, sendo que o aumento mais significativo ocorreu na população de HSH (homens que fazem sexo com homens) jovens, cuja prevalência subiu de 0,56% em 2002 para 1,2% em 2007 (BRASIL, 2013). Estudos realizados em 10 municípios entre 2008 e 2009 com relação aos grupos populacionais com mais de 18 anos em situação de maior vulnerabilidade, estimam a prevalência de HIV de 5,9% entre UD (usuários de drogas), de 10,5% entre HSH e de 4,9% entre PS (mulheres profissionais do sexo) (BRASIL, 2013). Com base nesses resultados, verifica-se que a epidemia do HIV no Brasil está concentrada em populações em situação de maior risco e vulnerabilidade, pois estas apresentam maiores prevalências de infecção pelo HIV quando comparadas à população geral. De acordo com a UNAIDS (2012), os grupos de maior risco são homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas e profissionais do sexo. 17 O boletim aponta ainda que atualmente a região Nordeste ocupa o terceiro lugar no número de casos notificados de aids no período de 1980 a 2013, com aumento significativo da taxa em 62,6% nos últimos 10 anos. Neste mesmo período, o Rio Grande do Norte foi destacado como um dos seis estados brasileiros a apresentar aumento considerável (103,2%) na taxa de detecção da aids. Vale ressaltar que ainda existe a subnotificação de casos em todo o país e, portanto, a necessidade de aprimorar a capacidade da vigilância para a notificação oportuna dos casos de aids. Nesses últimos 10 anos, verificou-se que o perfil etário dos casos de aids mudou para indivíduos mais jovens, tanto entre os homens, quanto entre as mulheres. Observou-se uma tendência de aumento nas taxas de detecção entre os jovens de 15 a 24 anos e entre os adultos com 50 anos ou mais (BRASIL, 2013). Diante desta realidade, o MS vem enfatizando, dentre outras ações, campanhas de estímulo ao uso de preservativos e ao conhecimento precoce do status sorológico para o HIV, através dos exames de aids, sífilis e hepatite viral oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Percebe-se, portanto, a necessidade da ampliação de estudos sobre os fatores associados à iniciação sexual nos adolescentes, fomentando assim estratégias mais eficazes para a promoção do sexo seguro e do combate a disseminação das DST, especialmente do HIV/aids. 2.2 FATORES ASSOCIADOS À INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES 2.2.1 Fatores sociodemográficos Na literatura, diversos fatores têm sido descritos como associados ao início da vida sexual na adolescência, sendo a maioria deles referentes aos fatores sociodemográficos. No Brasil, esses estudos se concentram na população adolescente das regiões Sul e Sudeste. Segundo Borges e Schor (2005), em estudo no município de São Paulo, a idade média da primeira relação sexual dos adolescentes foi de 15,13 anos, não havendo diferenças significativas entre homens e mulheres. Neste estudo, o início da vida sexual esteve relacionado ao não planejamento da primeira vez e ao uso, pela maioria (61,0%), de algum método contraceptivo nesta ocasião. Em 2007, em pesquisa semelhante, o mesmo autor constatou que ter 17 anos de idade ou mais e estar namorando elevou a chance de iniciação sexual, independentemente do sexo. Já em pesquisa com adolescentes escolares apenas do sexo masculino em Santa Catarina, Gubert e Madureira (2008) observaram que a média de 18 idade da primeira relação foi de 14,4 anos, sendo que 73,8% usaram preservativo na primeira relação. Em estudo realizado por Paiva et al. (2008), observou-se que a idade média para a iniciação sexual foi de 14,9 anos, com o aumento do uso de preservativo na primeira relação sexual, quando comparado ao mesmo estudo realizado em 1998. No entanto, verificou-se diminuição no uso de preservativo por aqueles que se iniciaram sexualmente antes dos 14 anos. Em outra pesquisa brasileira que objetivou identificar fatores de risco para infecção do HIV numa amostra de adolescentes do sexo feminino, constatou-se que as jovens soropositivas tiveram significativamente mais relações sexuais em troca de dinheiro, história de gravidez e aborto prévio, bem como iniciação sexual mais precoce do que as adolescentes soronegativas (BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010). Em estudo realizado por Cerqueira-Santos et al. (2010) foi constatado baixa idade para a primeira relação sexual, sendo significativamente menor para o sexo masculino (média de 13.6 anos), enquanto que para o sexo feminino a média foi de 14.8 anos. Se na gravidez precoce (não planejada e não desejada) as meninas apresentam suas vidas mais propensas aos prejuízos biopsicossociais, é na iniciação sexual que os meninos ficam mais vulneráveis às DST/aids, tendo em vista a cultura vigente que estimula o início da vida sexual mais cedo no sexo masculino. Segundo Hugo et al. (2011), em pesquisa que visou à avaliação do comportamento em saúde de 1621 jovens no Rio Grande do Sul, as variáveis diretamente relacionadas com a iniciação sexual precoce foram: sexo masculino, baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade, ter pais separados, morar com companheiro (a), não praticar uma religião e uso de tabaco e drogas. Em pesquisa realizada no Nordeste e Sudeste do país, constatou-se que o baixo nível de escolaridade revelou-se ser um fator de risco para a iniciação sexual, o não uso de métodos anticoncepcionais na primeira relação sexual e a gravidez na adolescência (LEITE; RODRIGUES; FONSECA, 2004). Outros fatores, ainda que apontados com menor frequência na literatura, também tem sido associado à iniciação sexual. De acordo com Borges, Latorre e Schor (2007), o namoro e as questões familiares, tais como os valores parentais no tocante às práticas sexuais de adolescentes e a presença de irmão (ã) que já passou por gravidez antes de uma união mostraram-se determinantes favoráveis para a iniciação sexual dos jovens entrevistados. 19 2.2.2 Fatores Psicossociais: autoestima e habilidades sociais As vulnerabilidades dos adolescentes e jovens resultam de um conjunto de fatores que, combinados, podem potencializá-las, especialmente em relação à infecção pelo HIV/aids. De acordo com UNFPA (2008): “um conjunto de fatores podem reduzir a capacidade dos indivíduos e das comunidades de evitar a infecção pelo HIV. Estes podem incluir: fatores pessoais como a falta das aptidões e dos conhecimentos necessários para que o indivíduo proteja a si próprio e aos outros; fatores relacionados com a qualidade e a cobertura dos serviços, como a inacessibilidade dos mesmos devido à distância, ao custo e a outros aspectos; fatores sociais como as normas sociais e culturais, as práticas, as crenças e as leis que estigmatizam e incapacitam determinadas populações e funcionam como barreiras contra as mensagens essenciais da prevenção do HIV”. Apesar de ser uma fase marcada por vulnerabilidades, a adolescência pode e precisa ser vista como uma “janela de oportunidade” para o desenvolvimento salutar de adultos, mais preparados para as adversidades da vida e mais felizes consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. De acordo com Papalia e Feldman (2013), a adolescência “oferece oportunidades para o crescimento não só em termos de dimensões físicas, mas também em competência cognitiva e social, autonomia, autoestima e intimidade”. Quando certas características são desenvolvidas e estimuladas de maneira positiva, servem de proteção para desequilíbrios físicos e psicológicos, preparando melhor os adolescentes para as adversidades da vida e para escolhas mais acertadas, evitando assim, por exemplo, os conflitos interpessoais, o uso de drogas e o comportamento sexual que podem denotar risco, como a iniciação sexual precoce e o sexo desprotegido. Dentre essas características psicossociais, este estudo destaca a autoestima e as habilidades sociais. Desta forma, torna-se imprescindível investigar se há a associação dessas variáveis psicossociais e a iniciação sexual. A autoestima é compreendida como um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo (ROSENBERG, 1965). Alguns autores destacam que o ponto fundamental da autoestima é seu aspecto valorativo, influenciando no modo como o indivíduo define suas metas, aceita a si mesmo, valoriza o outro e projeta suas expectativas para o futuro (BEDNAR; PETERSON, 1995). Considerada um dos principais preditores de resultados favoráveis na adolescência e na vida adulta, a autoestima se apresenta como um fator de proteção, influenciando positivamente nos relacionamentos interpessoais e no desempenho acadêmico dos indivíduos 20 (TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003). Além disso, tem sido vista como um importante indicador de saúde mental, dada sua relação com o ajustamento psicossocial (MRUK, 1995). Na adolescência, a noção do autovalor torna-se um aspecto central, porque os indivíduos desenvolvem capacidades cognitivas que lhes permitem realizar abstrações a respeito de si mesmo (SBICIGO; BANDEIRA; DELL’AGLIO, 2010). Nesse período, passa também a atribuir maior importância à percepção que os outros têm sobre ele, o que pode interferir no desenvolvimento de sua autoestima. Pesquisas apontam que a preocupação com a opinião dos outros pode levar à redução dos níveis de autoestima na adolescência (CLAY; VIGNOLES; DITTMAR, 2005; HEAVEN; CIARROCHI, 2008). Na literatura nacional, entretanto, o construto autoestima tem sido pouco investigado (AVANCI et al., 2007). Dentre as pesquisas nacionais encontradas, algumas apontam relações entre autoestima e gênero na adolescência, indicando escores ligeiramente superiores em jovens do sexo masculino (ROMANO; NEGREIROS; MARTINS, 2007; SANTOS; MAIA, 2003). Outro fator psicossocial que pode interferir na iniciação sexual dos adolescentes apontado neste estudo é o repertório de habilidades sociais. Habilidades sociais é a designação utilizada para um conjunto de diferentes classes de comportamentos sociais, presentes no repertório de um indivíduo, que contribuem para a qualidade e a efetividade das interações interpessoais (DEL PRETTE, 2001). Tais habilidades contribuem para a competência social do mesmo, entendida como a capacidade de articular pensamentos, sentimentos e ações em função de objetivos pessoais e demandas culturais, gerando sentimento positivo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). As habilidades sociais dizem respeito a comportamentos necessários a uma relação interpessoal bem-sucedida, conforme parâmetros típicos de cada contexto e cultura. De acordo com Murta (2005), pode incluir os comportamentos de iniciar, manter e finalizar conversas; pedir ajuda; fazer e responder a perguntas; fazer e recusar pedidos; defender-se; expressar sentimentos, agrado e desagrado; pedir mudança no comportamento do outro; lidar com críticas e elogios; admitir erro, pedir desculpas e escutar empaticamente, dentre outros. Durante toda a vida, as habilidades sociais são aprendidas e desenvolvidas, exercendo grande importância no desenvolvimento humano salutar, quando adquiridas desde a infância. Diversos estudos indicam correlação positiva entre HS e funcionamento mais adaptativo no que diz respeito à responsabilidade, independência, cooperação e rendimento escolar (DEL PRETTE et al., 2009). Desenvolver este potencial ao longo da vida, especialmente na 21 adolescência, é ampliar a capacidade do indivíduo em lidar melhor com situações adversas e estressantes, bem como estimular seu senso de humor, empatia, de resolução de problemas e autonomia, contribuindo assim para escolhas mais acertadas diante dos desafios. Um repertório bem elaborado dessas habilidades contribui, de maneira decisiva, para o estabelecimento de relações harmoniosas com seus pares e adultos, tendo em vista que habilidades de comunicação, expressividade e desenvoltura nas interações sociais podem ser transformadas em amizade, respeito, status no grupo ou mesmo em convivência mais agradável (DEL PRETTE et al., 2009). As habilidades sociais consideradas mais relevantes para o desenvolvimento salutar dos adolescentes, segundo Del Prette e Del Prette (2009), estão expressas no Quadro 1. De acordo com Feitosa (2013), o déficit em HS tende a estar associado ao sofrimento psíquico dos indivíduos. A falta ou o déficit dessas habilidades pode comprometer a autonomia, a assertividade e autoestima dos adolescentes, contribuindo para a dificuldade em negociar ou dizer não, como por exemplo, no momento de negociar o uso do preservativo e/ou negar-se a aceitar o sexo sem proteção, como prova de confiança no parceiro. Não obstante a esta realidade, o MS destaca que há um grande desafio para controle da epidemia da aids: estimular, especialmente entre o sexo feminino, a negociação do uso do preservativo diante da falsa percepção de segurança em relação ao parceiro e a negação do sexo desprotegido como prova de amor (BRASIL, 2014a). Não foi encontrado na literatura nenhum artigo que associasse iniciação sexual e habilidades sociais. No entanto, estudos evidenciam a conexão de alguns comportamentos de risco, seja como causa ou consequência, ao déficit em habilidades sociais em adolescentes e jovens, como o uso e abuso do tabaco (PINHO; OLIVA, 2007), maconha e outras drogas (WAGNER; OLIVEIRA, 2009). Em outro estudo, concluiu-se que a construção de habilidades de resistência ao oferecimento de drogas, a autoeficácia e o estímulo à capacidade de tomada de decisões pode reduzir o uso de substâncias psicoativas (WAGNER; OLIVEIRA, 2009). Além disso, programas para o treino em habilidades sociais, seja em qualquer idade, são utilizados como recurso terapêutico eficaz para problemas psicológicos como transtornos de ansiedade social (D'EL REY et al., 2006; MULULU et al., 2009) e depressão (FERNANDES; FALCONE; SARDINHA, 2012). O treino em habilidades sociais também é utilizado para potencializar as habilidades de pais (CIA et al., 2006) para com o relacionamento e educação de seus filhos, de estudantes e no (ou para o) ambiente de trabalho (SARRIERA et al., 2000). 22 Quadro 1: Descrição resumida das classes e subclasses de HS relevantes para a adolescência. Natal, RN, 2014. CLASSES DAS HS EM ADOLESCENTES DESCRIÇÃO Reconhecer e nomear as emoções próprias e dos outros, controlar a ansiedade, falar sobre emoções e AUTOCONTROLE E EXPRESSIVIDADE sentimentos, acalmar-se, lidar com os próprios EMOCIONAL sentimentos, controlar o humor, tolerar frustrações, mostrar espírito esportivo, expressar emoções positivas e negativas. Cumprimentar pessoas, despedir-se, usar expressões CIVILIDADE como: por favor, obrigado, desculpe, com licença, aguardar a vez para falar, fazer e aceitar elogios, seguir regras, dentre outros. EMPATIA Prestar atenção, ouvir e demonstrar interesse pelo outro, reconhecer/inferir sentimentos do interlocutor, compreender a situação, demonstrar respeito as diferenças, expressar compreensão pelo sentimento ou experiência do outro, oferecer ajuda, compartilhar. Expressar sentimentos negativos (raiva e desagrado), falar sobre as próprias qualidades ou defeitos, concordar ou discordar de opiniões, fazer e recusar ASSERTIVIDADE pedidos, lidar com críticas e gozações, pedir mudança de comportamento, negociar interesses conflitantes, defender os próprios direitos, resistir à pressão de colegas. Fazer perguntas pessoais, responder perguntas, oferecendo informação livre (auto-revelação), sugerir FAZER AMIZADES atividade, cumprimentar,apresentar-se, elogiar, aceitar elogios, oferecer ajuda, cooperar, iniciar e manter conversação (enturmar-se). Acalmar-se diante de uma situação problema, pensar antes de tomar decisões, identificar e avaliar possíveis SOLUÇÃO DE PROBLEMAS INTERPESSOAIS alternativas de solução, escolher, implementar e avaliar uma alternativa, avaliar o processo de tomada de decisão. Fonte: Manual de aplicação, apuração e interpretação do IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Em relação à sexualidade, a literatura aponta estudo que relata a experiência de 93 adolescentes em programa de promoção de habilidades interpessoais e direitos sexuais e reprodutivos. O mesmo foi estruturado em três módulos: (I) identidade e resiliência, (II) habilidades sociais e manejo das emoções e (III) sexualidade, gênero e direitos sexuais e 23 reprodutivos (MURTA et al., 2012). Dentre outros, tal programa teve por objetivo promover melhoria nas relações interpessoais, estimular a empatia, identificar comportamentos de risco para a violência no namoro e recursos comunitários para proteção à violência contra a mulher e o adolescente. De acordo com a pesquisadora, o programa teve boa aceitação pelos adolescentes, que o avaliaram como um instrumento eficaz para o desenvolvimento saudável da sexualidade. Verifica-se, portanto, que as habilidades sociais, quando desenvolvidas satisfatoriamente, podem interferir de modo positivo na tomada de decisão, bem como no comportamento de adolescentes e jovens. Além disso, o treinamento em HS parece ser uma valiosa ferramenta a ser utilizada em programas de orientação sexual, a fim de promover a prevenção de HIV/aids e outras DST, bem como adiar a iniciação sexual para um momento mais oportuno. 25 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Identificar a ocorrência da iniciação sexual entre adolescentes escolares e investigar sua associação com o perfil sociodemográfico e biopsicossocial – autoestima e habilidades sociais – dos mesmos, bem como com seus conhecimentos acerca das formas de transmissão do HIV/aids. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Investigar a associação entre o perfil sociodemográfico e a iniciação sexual; Descrever os conhecimentos, atitudes e práticas dos sujeitos nos moldes da PCAP (Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira); Relacionar o indicador de conhecimento das formas de transmissão do HIV/aids e a iniciação sexual; Avaliar a autoestima e o repertório de habilidades sociais dos estudantes; Verificar associação entre a autoestima, o repertório de habilidades sociais e a iniciação sexual nos adolescentes; 26 4 METODOLOGIA 4.1 DESENHO DO ESTUDO Trata-se de um estudo de corte transversal realizado com adolescentes estudantes do ensino médio técnico integrado, de 16 a 19 anos, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) - Campus Natal Central. 4.2 PARTICIPANTES O recorte etário da população estudada baseou-se na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera adolescentes os indivíduos que possuem entre 10 e 19 anos, dividindo-os na fase da pré-adolescência (10 a 14 anos) e na fase da adolescência propriamente dita (15 a 19 anos). Seguindo esta classificação, a presente pesquisa contemplou adolescentes dos 16 aos 19 anos, estudantes do ensino médio técnico-profissionalizante do IFRN – Campus Natal Central, considerando que por estarem dentro da fase da adolescência propriamente dita, teriam tido mais oportunidades de se iniciarem sexualmente, possibilitando assim a investigação mais adequada de seu desfecho. Além disso, considerando o número total de escolares do ensino médio, observou-se serem poucos os alunos com 15 anos, representando apenas cerca de 10% dos alunos matriculados nessa modalidade de ensino. Diferentemente do perfil das escolas privadas e de outras escolas públicas, os Institutos Federais destacam-se no cenário da educação do país por oferecerem aos alunos não somente o ensino médio, mas também o ensino técnico-profissionalizante. Por meio de um projeto político-pedagógico voltado para preparação de jovens profissionais técnicos para o mercado de trabalho, proporciona aos alunos experiências com projetos de pesquisa e extensão, bem como experiência profissional através dos estágios. Tais características parecem ampliar as experiências de vida dos estudantes e seus projetos para o futuro. Inicialmente foi realizado um estudo piloto de forma aleatória com 30 adolescentes, de ambos os sexos, estudantes do 3º ano da mesma instituição. Na ocasião, verificou-se a adequação dos instrumentos utilizados e os resultados serviram de subsídio para o cálculo da amostra final. O cálculo amostral foi realizado por meio do sítio do Lee (Laboratório de Epidemiologia e Estatística) da Universidade de São Paulo. Considerando o percentual de alunos que haviam iniciado sua vida sexual (27%) e a precisão de estimativa relativa de 25%, 27 obteve-se como tamanho da amostra 166 sujeitos, sendo o nível de significância de 5%. Em função das possíveis perdas na coleta de dados, a amostra foi elevada em 20%, passando assim a uma amostra final aproximada de 200 sujeitos. A amostra foi selecionada através do recurso estatístico da amostragem aleatória sistemática, objetivando o sorteio periódico de sujeitos a partir de uma população ordenada. Assim, a partir do banco de dados por ordem alfabética de todos os adolescentes na faixa etária pretendida, procedeu-se o sorteio dos participantes. Uma vez definidos, os alunos eram convidados, por meio das pedagogas e de informativo impresso, a comparecer à sala de aplicação, no dia e horário conveniente para os mesmos. Por fim, já desconsiderando as perdas, a amostra final foi constituída por 200 sujeitos, dos 16 aos 19 anos, estudantes do 2º, 3º e 4º anos, dos cursos de Geologia, Construção Civil, Administração, Edificações, Controle Ambiental, dentre outros, conforme anuência da Diretora de Ensino do IFRN. Como critério de inclusão, o adolescente precisava ter entre 16 e 19 anos e estar matriculado em um dos cursos técnicos integrados do IFRN – Campus Natal Central. Não houve critério de exclusão. 4.3 INSTRUMENTOS A coleta de dados ocorreu em grupo, mediante a aplicação de quatro instrumentos, sendo todos eles de auto-aplicação, de forma anônima, de modo a encorajar os adolescentes a serem mais fidedignos aos seus reais comportamentos e sentimentos. Após responder aos instrumentos, os mesmos eram depositados pelo aluno em uma urna, conferindo assim total sigilo das informações. Os instrumentos foram organizados em blocos e os alunos recebiam orientações pertinentes a cada um deles. O primeiro bloco (Bloco A – Informações Sociodemográficas) foi destinado aos aspectos sociodemográficos: idade, sexo, raça, escolaridade dos pais, religião, renda familiar, situação conjugal, dentre outros. Os demais blocos foram: bloco B - Escala de Autoestima, Bloco C - Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes e Blocos D ao I - módulos da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP, 2011). 28 4.3.1 Escala de autoestima de Rosenberg - EAR O segundo bloco contemplou a versão brasileira da Escala de Autoestima de Rosenberg – EAR (ROSENBERG, 1965). Tal escala tem sido mundialmente utilizada para a mensuração da autoestima, classificando o nível de autoestima em baixo, médio e alto. A baixa autoestima se expressa pelo sentimento de incompetência, inadequação e incapacidade de enfrentar os desafios; a média é caracterizada pela oscilação do indivíduo entre o sentimento de aprovação e rejeição de si mesmo; e a alta consiste no autojulgamento de valor, confiança e competência (ROSENBERG, 1965). A escala original foi desenvolvida para adolescentes e possui dez sentenças fechadas, sendo cinco referentes à atitude positiva de si mesmo (autoimagem positiva/autovalor) e cinco referentes à atitude negativa de si mesmo (autoimagem negativa/autodepreciação). As sentenças são dispostas no formato Likert de quatro pontos, variando entre “concordo totalmente” e “discordo totalmente”. Vários estudos já verificaram que a EAR apresenta qualidades psicométricas satisfatórias, mostrando-se um instrumento confiável para medir autoestima em adolescentes brasileiros e na população brasileira de forma geral (SBICIGO; BANDEIRA; DELL’AGLIO, 2010; AVANCI et al., 2007). 4.3.2 Inventário de habilidades sociais para adolescentes - IHSA O bloco C foi reservado ao Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes – IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009) que é destinado à população adolescente de 12 a 17 anos, sendo oportuno para este estudo já que a média de idade dos participantes foi de 17 anos. Trata-se de um instrumento brasileiro, de auto-relato, que permite avaliar o repertório de habilidades sociais de adolescentes em um conjunto de situações interpessoais cotidianas através de dois indicadores: a frequência e a dificuldade com que reagem às diferentes demandas de interação social. O inventário é constituído por 38 itens que descrevem uma situação de interação social e uma possível reação a ela. Para cada item, o indivíduo precisar assinalar a frequência com que apresenta a reação indicada, através de uma escala de frequência que varia de 0-2 (em cada 10 situações desse tipo, reajo dessa forma no máximo 2 vezes) a 0-9 (em cada 10 situações desse tipo, reajo dessa forma de 9 a 10 vezes) e a dificuldade com a qual apresenta 29 essa mesma reação, por meio de uma escala tipo Likert de cinco pontos (nenhuma, pouca, média, muita e total). Tal instrumento foi elaborado para contemplar, junto a diferentes interlocutores e contextos, as principais classes1 de habilidades sociais requeridas na adolescência. No que diz respeito aos contextos, os itens do inventário incluem demandas próprias das relações familiares e escolares, de amizade, afetivo-sexuais, de lazer e de trabalho, particularmente críticas nessa fase do desenvolvimento. Já em termos de interlocutores, os itens representam demandas para habilidades requeridas na relação com os pais, irmãos, amigos, parceiros afetivo-sexuais, pessoas de autoridade e desconhecidos. A interpretação do escore total do IHSA permite classificar o repertório de habilidades sociais do adolescente em função de sua frequência e dificuldade (Quadro 2). Quadro 2 - Descrição resumida da interpretação do IHSA conforme posição percentil dos escores (total e subescalas). Natal, RN, 2014. Percentil Interpretação Interpretação FREQUENCIA 76 – 100 DIFICULDADE Repertório altamente elaborado de HS. Indicativo de recursos interpessoais altamente Alto custo de satisfatórios. 66 – 75 respostas ou ansiedade Repertório elaborado de HS. Indicativo de recursos interpessoais na emissão das bastante habilidades. satisfatórios. 36 – 65 Bom repertório de HS, com resultados dentro da Médio custo de resposta ou média ou equilíbrio entre recursos e déficits nesses ansiedade na emissão das itens e subescalas. 26 – 35 Repertório médio inferior de HS. Indicativo de necessidade de Treinamento de HS. 01 – 25 habilidades. Baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão das Repertório abaixo da média inferior de HS. habilidades. Indicativo de necessidade de Treinamento de HS. Fonte: Manual de aplicação, apuração e interpretação do IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). O IHSA permite também a obtenção dos escores para cada uma das seis subescalas: empatia, autocontrole, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social. As subescalas representam a especificidade situacional das habilidades sociais na medida em que 1 As classes de habilidades sociais relevantes para a adolescência são: autocontrole e expressividade emocional, civilidade, empatia, assertividade, fazer amizades, solução de problemas interpessoais e habilidades sociais acadêmicas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009b, p. 5). 30 agrupam demandas associadas a determinados conjuntos de comportamentos, contextos e interlocutores. 4.3.3 Pesquisa de conhecimentos, atitudes e práticas na população brasileira Os últimos blocos foram retirados da PCAP – Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira. Pesquisa nacional realizada em 2008, como uma das ações do sistema de monitoramento de indicadores do DST/Aids, o MONITORAIDS, que é o sistema utilizado para o monitoramento dos principais indicadores de produtos, de resultados e de impactos relacionados à epidemia de HIV/aids e outras DST. Foi desenvolvida pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DST/Aids/HV), da Secretaria de Vigilância em Saúde - Ministério da Saúde do Brasil, através de inquérito domiciliar com uma amostra de 8.000 indivíduos de 15 a 64 anos (BRASIL, 2011). A PCAP ocorre em periodicidade trienal, tendo sido o primeiro inquérito realizado em 2004 e tem por objetivo coletar dados que possibilitem a construção de indicadores para monitoramento da epidemia de DST/aids, no que se refere às medidas de prevenção e de controle das infecções sexualmente transmissíveis. Trata-se de uma pesquisa de extrema importância para o monitoramento da epidemia e para o controle das DST/Aids e hepatites virais, pois subsidiou as principais campanhas de grande mídia e ações de prevenção nos últimos anos no país. Possibilitou, ainda, o cálculo de estimativas confiáveis quanto ao tamanho de algumas populações sob maior risco para o HIV, fundamentais para o adequado monitoramento da epidemia de aids no Brasil, a saber: homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas injetáveis e mulheres profissionais do sexo (BRASIL, 2011). Tendo em vista o uso oportuno para a faixa etária dos 16 aos 19 anos, alguns módulos da PCAP pertinentes ao objetivo desta pesquisa foram utilizados, contemplando as seguintes seções: conhecimento sobre transmissão do HIV e outras DST; prevenção e controle de DST; testagem de HIV; uso de drogas lícitas e ilícitas e práticas sexuais. Através desses módulos foi possível investigar a idade da iniciação sexual dos adolescentes, bem como alguns dos fatores associados. Por conter questões íntimas como o uso de drogas e as práticas sexuais, utilizouse o autopreenchimento como forma de coleta de dados, tanto para os módulos do PCAP, como para os demais instrumentos. Para avaliação do indicador do conhecimento correto acerca das formas de transmissão do HIV da população, a PCAP (2008) estabeleceu o acerto de cinco questões importantes: saber que uma pessoa com aparência saudável pode estar infectado pelo HIV; 31 achar que ter parceiro fiel e não infectado reduz o risco de transmissão do HIV; saber que o uso de preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV; saber que não pode ser infectado por picada de inseto e saber que não pode ser infectado pelo compartilhamento de talheres. Esses mesmos critérios foram utilizados nesta pesquisa para classificar o conhecimento correto dos adolescentes acerca das formas de transmissão do HIV e outras DST. 4.4 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Para a tabulação adequada dos dados foi construído um banco de dados através do programa Statistical Package of Social Sciences (SPSS, IBM, São Francisco, CA, USA), versão 20.0. Com o banco já construído, realizou-se a análise descritiva dos dados para que fosse possível caracterizar a amostra quanto suas características sociodemográficas, dentre outras. Realizou-se também a análise inferencial (Quadro 3) com o teste estatístico correspondente à natureza da distribuição dos dados, tornando possível assim responder às perguntas deste estudo. Quadro 3: Planejamento da análise estatística de acordo com a distribuição dos dados. Qui-quadrado Associação Não Normal Exato de Fisher (Caselas com contagem esperada <5 e tabelas 2x2) Fonte: Pesquisa de campo, 2014. 4.5 ASPECTOS ÉTICOS Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP UFRN) através do parecer de nº 261.282, sendo assim cumpre as determinações éticas exigidas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS. 32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para melhor apresentação dos resultados, os dados foram sistematizados em quatro subitens: 5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS Da amostra total de 200 adolescentes, verificou-se que a maioria dos sujeitos era do sexo masculino e consideravam-se solteiros (as), sendo a idade média de 17,33 anos. Em relação à cor ou raça, a maioria diz ter cor parda. Quanto ao tipo de escola onde cursaram o nível fundamental, houve pequena prevalência de alunos provenientes da rede pública de ensino. No que diz respeito à religião, 70% dos sujeitos relataram ter alguma religião. A maioria afirma ser católico ou evangélico, e uma parcela significativa (30%) diz não possuir nenhuma religião. Quanto ao convívio familiar, a maior parte deles reside com os pais ou com os pais e irmãos e os demais não se enquadram no modelo de núcleo familiar/tradicional, residindo com pais, irmãos e outros parentes (avós, primos, tios, dentre outros). Apenas 1% reside com o cônjuge. Já em relação à renda familiar dos estudantes, a maioria afirma possuir de dois a três salários mínimos. Tais dados podem ser melhor visualizados na Tabela 1. No que se refere ao nível de escolaridade dos pais, verificou-se um bom nível de escolaridade tanto materna quanto paterna, com mais de 70% com ensino médio completo ou superior completo ou incompleto. Em relação ao início da vida sexual, observa-se que 42,6% já se iniciaram sexualmente (Tabela 1). No que tange à associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual dos adolescentes, encontrou-se associação entre o desfecho e as seguintes variáveis: idade, sexo, situação conjugal, religião e renda familiar (Tabela 2). Em relação à idade, observa-se associação entre o início da vida sexual e alunos com 18 anos ou mais, o que caracteriza que quanto maior a idade, maior a probabilidade dos sujeitos já terem tido sua primeira vez. Tal fato parece estar relacionado com o perfil desses estudantes, que geralmente possuem mais expectativas para o futuro e para o mercado de trabalho, já que cursam o nível médio e o técnico de forma integrada no IFRN. Parece ocorrer, então, um maior adiamento do início da vida sexual, por isso a presença dessa associação com adolescentes com maior idade. 33 Tabela 1: Caracterização da amostra quanto aos dados sociodemográficos e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014. N % Sexo Masculino 125 62,5 Feminino 75 37,5 Solteiro 137 68,8 Namorando sério 59 29,6 Vive com companheiro(a) 3 1,5 Escola pública 102 51,5 Escola privada 96 48,5 Parda 97 49,2 Branca 71 36 Preta 18 9,1 Outras 11 5.6 Possui 140 70 Não possui 60 30 Sim 85 42,5 Não 85 42,5 Não sei 30 15 Família tradicional/núcleo familiar 152 76,4 Família não tradicional 47 23,6 Até 1 SM 36 18,3 2 a 3 SM 88 44,7 Mais de 4 SM 73 37,1 Ensino fundamental incompleto/completo 28 14,1 Ensino médio incompleto/completo 84 42,4 Ensino superior incompleto/completo 86 43,4 Ensino fundamental incompleto/completo 39 20 Ensino médio incompleto/completo 73 37,4 Ensino superior incompleto/completo 83 42,6 Situação conjugal Ensino fundamental Cor da pele Religião Considera-se uma pessoa religiosa Com quem reside Renda familiar Escolaridade do mãe Escolaridade do pai Relação sexual 34 Sim 83 42,6 Não 112 57,4 Fonte: Pesquisa de campo, 2014 No que diz respeito ao sexo, verificou-se que quase metade (49,6%) dos adolescentes do sexo masculino já haviam se iniciado sexualmente, enquanto que do sexo feminino apenas 30,6%. Em relação ao total dos adolescentes que se iniciaram sexualmente (42,6%), os do sexo masculino representam a maior parte deles, corroborando assim o que tem evidenciado a literatura. A associação entre o sexo masculino e a iniciação sexual tem sido constante em diversos estudos (CRUZEIRO, 2008; BRETAS 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013), pois reflete as influências socioculturais na expressão da sexualidade, especialmente na adolescência e juventude. Desde cedo os meninos são encorajados e cobrados a terem sua primeira relação sexual como uma forma de reafirmar sua masculinidade, enquanto as meninas, mesmo com toda a revolução sexual feminina dos últimos tempos, ainda são impelidas a se manterem virgens por mais tempo, como forma de se conservarem puras e dignas. Possuir um namoro sério mostrou-se estar associado ao início da vida sexual, o que parece ocorrer devido a maior sensação de segurança e confiança ao se ter um parceiro fixo, numa relação afetiva mais estável, segundo evidencia outras pesquisas (BORGES, 2007). Nesta perspectiva, estudo realizado com adolescentes aponta que morar com companheiro (a) está relacionado ao início da vida sexual precoce (HUGO, 2011). Vale ressaltar que apenas 1,5% dos sujeitos desta pesquisa afirmaram morar com companheiro (a), esta variável foi recategorizada passando a ser contemplada na categoria “namorando sério” (Tabela 2). Já em relação à religião, verificou-se que ser católico ou evangélico pode adiar o início da vida sexual e que possuir outra religião ou nenhuma está associado ao início da vida sexual, como pode ser observado na Tabela 2. Outros estudos apontam haver associação entre o início da vida sexual e não praticar uma religião (PAIVA et al., 2008; CRUZEIRO et al., 2008; HUGO et al., 2011). No entanto, não se encontrou associação significativa entre considerar-se uma pessoa religiosa e iniciar-se sexualmente neste estudo. 35 Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014. Já teve relações sexuais Sim (%) Não (%) Masculino 61 (49,6) 62 (50,4) Feminino 22 (30,6) 50 (69,4) 16 a 17 anos 33 (27,7) 86 (72,3) 18 a 19 anos 50 (65,8) 26 (34,2) Solteiro 43 (32,1) 91 (67,9) Namorando sério 40 (65,6) 21 (34,4) Escola pública 35 (35,7) 63 (64,3) Escola privada 47 (49,5) 48 (50,5) Possui 53 (38,7) 84 (61,3) Não possui 30 (51,7) 28 (48,3) Sim 32 (38,1) 52 (61,9) Não 40 (48,8) 42 (51,2) Não sei 11 (37,9) 18 (62,1) Até 1 SM 12 (35,3) 22 (64,7) 2 a 3 SM 29 (33,7) 57 (66,3) Mais de 4 SM 40 (55,6) 32 (44,4) Parda 36 (37,9) 59 (62,1) Branca 30 (42,9) 40 (57,1) Outras 16 (57,1) 12 (42,9) 20 (45,5) 24 (54,5) Ensino médio completo 30 (40) 45 (60) Ensino superior incompleto/completo 32 (43,2) 42 (56,8) Ensino fundamental incompleto/completo 18 (37,5) 30 (62,5) Ensino médio completo 34 (47,9) 37 (52,1) Ensino superior incompleto/completo 29 (40,8) 42 (59,2) p Sexo 0,009 Idade <0,001 Situação conjugal <0,001 Ensino fundamental 0,053 Religião 0,127 Considera-se uma pessoa religiosa 0,327 Renda familiar 0,015 Cor da pele 0,193 Escolaridade da mãe Ensino fundamental incompleto/completo 0,833 Escolaridade do pai Com quem reside 0,494 36 Família tradicional 58 (39,5) 89 (60,5) Família não tradicional 24 (51,1) 23 (48,9) 0,218 Fonte: Pesquisa de campo, 2014. No que diz respeito à renda familiar, verificou-se associação entre maior renda (acima de 4 salários mínimos) e iniciação sexual (Tabela 2). No entanto, várias pesquisas apontam relação entre baixa renda familiar e a iniciação sexual (LEITE; RODRIGUES FONSECA, 2004; HUGO et al., 2011), bem como com a iniciação sexual precoce (HUGO et al., 2011). Verifica-se, portanto, que o início da vida sexual, pode não estar atrelado especialmente à baixa renda e, portanto, à falta de oportunidades. A vivência da sexualidade é da natureza humana, sendo perpassada por várias questões, dentre elas a necessidade de autoafirmação e pertencimento ao grupo, sensações que a primeira vez pode conferir ao adolescente. A associação entre iniciação sexual e o tipo de escola onde os sujeitos cursaram o ensino fundamental quase foi estabelecida (p = 0,053), o que demonstra que com o aumento da amostra possivelmente se encontraria significância na associação entre escola privada e o início da vida sexual (Tabela 2). Para as variáveis, raça e escolaridade dos pais, não foi identificada associação significativa, conforme verifica-se na tabela 2. 5.2 DADOS DO QUESTIONÁRIO PCAP Alguns módulos do questionário da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (2008) foram contemplados conforme suas temáticas (secções) mais relevantes para alcance dos objetivos deste trabalho. A secção “conhecimento sobre transmissão do HIV e outras DST” foi contemplada no Bloco D com o título “Formas de transmissão de algumas doenças” que revelou dados preocupantes acerca desses conhecimentos por parte dos adolescentes. Verificou-se que 89% deles erraram pelo menos uma das cinco questões e, portanto, apenas 11% atenderam aos critérios (o acerto das cinco questões). Dessa forma, a maior parte dos adolescentes demonstrou conhecimento incorreto sobre a transmissão do HIV, sendo a maioria do sexo masculino. Tais resultados confirmam os da PCAP (2008) que constatou que apenas 57,1% da população brasileira de 15 a 64 anos acertaram as cinco questões, sendo sua maioria também do sexo masculino. A PCAP revela ainda que os menores percentuais desses acertos foram obtidos pelos jovens de 15 a 24 anos (BRASIL, 2011). 37 Na Tabela 3, observa-se o indicador de conhecimento e sua relação com a iniciação sexual. Apesar de não se ter obtido uma associação significativa, é importante observar que dos adolescentes que se iniciaram sexualmente, somente 10,8% apresentaram o conhecimento correto, o que denota um grande risco à saúde dos mesmos. Por outro lado, os dados apontam que a maioria dos alunos (57,1%) que possuíam o conhecimento correto não se iniciou sexualmente, o que pode denotar que o acesso à informação está contribuindo para o adiamento da primeira relação sexual. Tabela 3: Associação entre o indicador de conhecimento e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014. Já teve relações sexuais Sim (%) Não (%) Conhecimento incorreto 74 (42,5) 100 (57,5) Conhecimento correto 9 (42,9) 12 (57,1) p Indicador de conhecimento 0,977 Fonte: Pesquisa de campo, 2014. Observou-se também que entre as cinco questões que correspondem ao indicador de conhecimento correto sobre a transmissão do HIV, as que obtiveram maior número de respostas erradas, inclusive para aqueles que já se iniciaram sexualmente, foram: desconhecer que “ter parceiro sexual fiel diminui risco de infectar-se com HIV” e que “compartilhar talheres e copos pode transmitir o HIV”. De acordo com a PCAP (2008), essas também foram as duas questões com maior porcentagem de erro na população em geral. Dos que se iniciaram sexualmente, apenas pouco mais de 12% discordaram que ter parceiro fiel e não infectado diminui o risco de contaminação pelo HIV, o que parece estar relacionado com a associação significativa entre iniciação sexual e “namorando sério”, como foi observado nesta pesquisa. O percentual de desconhecimento de outras questões acerca da transmissão do HIV também chamou a atenção neste estudo, assim como revela a pesquisa PCAP (2008). Uma parcela significativa dos adolescentes, assim como a população em geral, ainda acredita que através do uso do banheiro público é possível contaminar-se com o HIV e desconhecem, de forma mais expressiva, que “o tratamento durante a gravidez diminui o risco de infecção para o bebê no parto” – 26,34% dizem não saber e 2,4% não concordam com a afirmação. A seção prevenção e controle de DST esteve presente nos blocos E e G. O bloco E foi intitulado como “Doenças Sexualmente Transmissíveis” e apresentou os seguintes resultados: do total de adolescentes do sexo feminino, 33,3% realizou exame ginecológico nos últimos 38 três anos e, o mais preocupante, a maioria delas, 49,3% referem nunca ter realizado, 10,1% realizou quatro a cinco anos atrás e 7,2% diz não saber quando realizou seu último exame. Das adolescentes que referiram ter realizado exame ginecológico nos últimos três anos, apenas 10% diz ter realizado o papanicolau, exame preventivo de câncer, enquanto que as demais não o realizaram ou a maioria não sabe se realizou (16,7%). Do total de adolescentes, apenas 26% referiram algum problema que pode estar associado à infecção por DST, como corrimento, verrugas e bolhas nos órgãos sexuais, sendo mais frequente no sexo feminino. Desses alunos, quase todos (23,4%) afirmam ter realizado algum tipo de tratamento. No entanto, a maioria refere que a primeira pessoa que procurou foi “outra pessoa” que não o médico (16,7%) ou o farmacêutico (4,8%). Daqueles que realizaram algum tratamento na última incidência do problema, somente 39,1% afirmam ter recebido orientações sobre o uso regular de preservativo, sobre a necessidade de informar ao parceiro (28,6%), sobre fazer o teste HIV (17,4%) e realizar o teste de sífilis (9,1%). Por meio do bloco G (acesso a preservativos), verificou-se que 44% dos sujeitos receberam ou pegaram camisinha gratuitamente na escola, 36% no serviço de saúde e somente 7% em uma ONG (organização não governamental). Quanto ao preservativo feminino, 95% dizem que o conhecem mesmo só de ouvir falar. Já a secção testagem de HIV, contemplada no Bloco F (Teste de HIV), revelou que 88% dos sujeitos nunca realizaram o teste para HIV. Daqueles que realizaram, 70% o fizeram nos últimos 12 meses, sendo que 61% o realizou apenas uma vez. Em relação ao teste rápido de HIV, cujo resultado é emitido na hora, somente 11,8% já o realizaram. O principal motivo para a realização do último teste para HIV foi atribuído à doação de sangue e apenas um adolescente foi motivado por algum comportamento de risco. Dos adolescentes que fizeram o teste para HIV, todos dizem ter obtido resultado negativo, com exceção de um que não quis informar o resultado. Quanto à doação de sangue, a maioria, 91% nunca doou. Apenas 30% do total dos participantes sabem de algum serviço de saúde onde o teste de aids é feito gratuitamente. Por fim, a temática sobre práticas sexuais e uso de drogas estão contidas no Bloco H (Iniciação Sexual) e no bloco I (comportamento sexual). No que diz respeito à iniciação sexual, 42,6% dos adolescentes afirmam já terem tido sua primeira relação sexual, a maioria deles (81%) com 15 anos ou mais. A média de idade para a primeira relação sexual da amostra foi de 15,96 anos, sendo para o sexo feminino a média de 16,43 anos e para o sexo masculino 15,79 anos, ou seja, os meninos se iniciaram sexualmente com menor idade. 39 A literatura aponta que a média para a primeira relação sexual tem sido de 15 anos para ambos os sexos (BORGES; SCHOR, 2005; HUGO et al., 2011) e outros apontam para a média de 14 anos (CRUZEIRO et al., 2008; PAIVA et al., 2008). Entretanto, corroborando os dados encontrados, a maioria das pesquisas assinalam diferenças entre os sexos e apontam que os meninos se iniciam sexualmente mais cedo, geralmente antes dos 15 (GUBERT; MADUREIRA, 2008) e as meninas a partir dos 15 anos (VONK; BONAN; SILVA, 2013). Percebe-se, portanto, prevalência das influências culturais sobre a iniciação sexual masculina, mesmo em regiões do Sul e Sudeste do Brasil, onde ocorre a maioria desses estudos, contrariando a ideia de que o machismo na região Nordeste se sobrepõe às demais. Quanto ao sexo seguro, mais da metade, 63,9%, refere ter feito uso da camisinha na primeira vez. Outros estudos evidenciam que na primeira vez o uso do preservativo tem sido mais frequente (GUBERT; MADUREIRA, 2008; PAIVA et al., 2008). Entretanto, verifica-se que quase 40% dos adolescentes participantes desta pesquisa apresentaram comportamento sexual de risco, ou seja, não praticou sexo seguro. Quanto ao número de parceiros sexuais, 54,2% disseram já terem tido mais de um parceiro sexual e 17,8% mais de 10 parceiros. Apenas 14,6% referem já ter tido relação com pessoas do mesmo sexo. Desse percentual, apenas 3 adolescentes afirmam manter relações sexuais atualmente com homens e mulheres e 5 deles dizem manter apenas com o mesmo sexo. No que se refere às experiências sexuais nos últimos doze meses, quase a totalidade (98,8%) manteve relações sexuais nesse período. Na última relação sexual, 63,7% dizem ter usado a camisinha. Nota-se, portanto, que não houve diferença significativa entre a porcentagem do uso de camisinha na primeira e na última relação, o que parece confirmar a literatura (TEXEIRA et al., 2006), quando evidencia que os comportamentos associados à primeira vez tendem a refletir o comportamento sexual ao longo da vida. De acordo com Paiva et al. (2008), é relevante e significativo o incremento no uso de preservativo na primeira relação sexual para diminuição da vulnerabilidade ao HIV, já que em sua pesquisa constatou que jovens que não usaram camisinha na última relação sexual apresentaram iniciação sexual mais cedo. Em relação às experiências sexuais nos últimos 12 meses, 78,8% afirmaram ter mantido relação sexual com parceiros (as) fixos (as), ou seja, namorado (a), noivo (a), esposo (a), companheiro (a). No entanto, 44,4% apenas dizem ter usado camisinha em todas as vezes, o que revela que ter parceiro fixo parece reduzir a preocupação em utilizar a camisinha. 40 Já os adolescentes que tiveram relação sexual com parceiros (as) casuais, ou seja, com paqueras, “ficantes”, rolos, nesse mesmo período de tempo, representaram 46,9%. Desses, 18,4% referem terem tido relação com mais de cinco parceiros casuais. Durante o período de 12 meses, 61,3% afirmam ter usado camisinha em todas as vezes com esses parceiros sexuais. Sobre já ter tido relação sexual com pessoas que conheceu na internet, 18,5% dos adolescentes afirmam que sim e que apenas um não utilizou camisinha na última vez com essa pessoa. Percebe-se então que adolescentes que praticaram sexo com parceiro fixo utilizaram menos o preservativo (todas as vezes) do que aqueles que praticaram sexo com parceiro casual. Por outro lado, um número significativo, quase 40%, praticou sexo inseguro com parceiros casuais, o que aumenta o risco de infecção por HIV/aids e outras DST. Sobre hábitos e costumes, a PCAP chama a atenção para a relação entre práticas sexuais inseguras e o uso de drogas. Desta forma, foi perguntado aos adolescentes se eles concordavam com a afirmativa: “o uso de álcool ou drogas pode fazer com que as pessoas transem sem usar camisinha”. Do total, a maioria, 87,4% respondeu que sim e 7,1% disseram que isso já havia ocorrido com eles. Sobre o consumo de drogas lícitas e ilícitas, observou-se que 74,4% já bebeu álcool alguma vez na vida e 26% bebe atualmente; 23% já fumou cigarro alguma vez na vida, enquanto que atualmente apenas 3% continuam; que 13,1% dos adolescentes já usaram maconha alguma vez na vida e 2% ainda usam e que 3% afirmam já ter cheirado cocaína e atualmente disseram não utilizar mais. Não houve afirmativa para o uso de cocaína injetável e crack. 5.3 DADOS DA ESCALA DE AUTOESTIMA E DO IHSA Em relação à amostra total, a maioria dos adolescentes apresentou sua autoestima classificada entre média e alta, sendo quase equivalentes. Com autoestima alta foram pouco mais que a metade dos adolescentes (53%), com média autoestima foram 43,5% e apenas 3,5% com baixa autoestima. Já em relação à avaliação das habilidades sociais, verificou-se que a maioria dos adolescentes obteve escores dentro da média (31,8%) e que por isso foram classificados como apresentando um bom repertório de habilidades sociais (Tabela 4). Observou-se também que mais de 65% da amostra obteve escores acima da média, significando assim que a maioria dos adolescentes possui um repertório de habilidades de bom a altamente elaborado. 41 Tabela 4: Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (frequência). Natal, RN, 2014. Repertório de HS/ Frequência n (%) Repertório altamente elaborado de habilidades sociais. Bom repertório de habilidades sociais, com resultados acima da média. Bom repertório de habilidades sociais, com resultados dentro da média. Repertório médio inferior de habilidades sociais, com resultados abaixo da média. Repertório abaixo da média inferior de habilidades sociais. 25,8% 7,6% 31,8% 7,6% 27,3% Fonte: Pesquisa de campo, 2014. Com relação aos resultados do fator dificuldade, ou seja, o quão difícil é para os adolescentes a emissão de alguns comportamentos que envolvam as habilidades sociais, observou-se que grande parte dos adolescentes apresentou entre baixo e médio custo em suas respostas que envolvam as habilidades sociais. Desta forma, mais de 73% possuem entre média e baixa ansiedade ao serem hábeis socialmente (Tabela 5). Tais resultados para a dificuldade confirmam os resultados de frequência, uma vez que se a maioria dos adolescentes possui um repertório satisfatoriamente elaborado de habilidades sociais, consequentemente terão menor dificuldade/ansiedade em ser assertivos, empáticos, em manter o autocontrole, dentre outras características que compõem o conjunto de habilidades sociais. Tabela 5: Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (dificuldade). Natal, RN, 2014. Repertório de HS/ Frequência n (%) Alto custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades Médio custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades 26,8% 36,4% Baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades 36,9% Fonte: Pesquisa de campo, 2014. Após a análise estatística descritiva desses fatores psicossociais, procedeu-se a análise inferencial, com o intuito de verificar a existência da associação entre o desfecho, a iniciação sexual, e as variáveis autoestima e habilidades sociais. Para isso, foi necessário recategorizar algumas variáveis. A classificação baixa e média autoestima passam a compor a mesma 42 categoria, tendo em vista ser quase insignificante a porcentagem de alunos com autoestima baixa (3,5%). Já a classificação para frequência das habilidades sociais também foi recategorizada, sem prejuízo à interpretação padrão do IHSA, em três categorias: repertório acima da média, na média e abaixo da média. Conforme a Tabela 6 constata-se haver associação entre essas duas variáveis e a iniciação sexual. Com relação à autoestima, observou-se que os alunos com autoestima alta já haviam se iniciado sexualmente em relação àqueles que possuíam média e baixa autoestima, o que pode representar a influência da autoestima no sentimento de confiança e de maior facilidade nas relações interpessoais e afetivas (TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003), contribuindo assim para a ocorrência da primeira vez. O que pode também explicar o fato de quase 70% dos que possuem baixa e média autoestima não terem se iniciado sexualmente. Entretanto, percebe-se também que quase metade dos adolescentes com autoestima alta não haviam se iniciado sexualmente (46,1%), o que por outro lado parece denotar que ter um alto valor de si mesmo pode contribuir para o adiamento da primeira relação sexual para um momento mais oportuno, confirmando também a associação já estabelecida nesta pesquisa entre o desfecho e a maior idade dos adolescentes. Vale ressaltar que a maioria dos adolescentes (81%) não se iniciou sexualmente de maneira precoce, ou seja, antes dos 15 anos. Posto isto, verifica-se que a autoestima alta esteve associada ao início da vida sexual, tendo este início não ocorrido precocemente. Não se encontrou na literatura uma definição exata quanto à idade que caracteriza a iniciação sexual precoce, porém os estudos citados neste trabalho, inclusive a PCAP, tem apontado para o sexo antes do 15 anos. Identificou-se também a associação entre iniciação sexual e habilidades sociais, conforme a Tabela 6. Observou-se que os adolescentes que se iniciaram sexualmente apresentaram repertório mediano e acima da média de habilidades sociais. Verificou-se também que a maioria dos adolescentes (68,7%) que não se iniciou sexualmente apresentou repertório de HS abaixo da média o que pode revelar certa dificuldade em estabelecer vínculos afetivo-sexuais, o que inclui habilidades de manter conversação, fazer e receber elogio, autocontrole da ansiedade, falar sobre suas emoções e sentimentos, dentre outras. 43 Tabela 6: Associação entre iniciação sexual e as variáveis EAR e IHSA. Natal, RN, 2014. Já teve relações sexuais Sim (%) Não (%) Alta autoestima 55 (53,9) 47 (46,1) Baixa e média autoestima 28 (30,1) 65 (69,9) 30 (46,9) 34 (53,1) 31 (50) 31 (50) 21 (31,3) 46 (68,7) p Escala autoestima 0,001 IHSA Frequência Repertório acima da média Repertório na média Repertório abaixo da média Fonte: Pesquisa de campo, 2014. 0,019 44 6 CONCLUSÕES O presente estudo trouxe importantes contribuições para a temática da sexualidade na adolescência, especialmente no que diz respeito ao início das experiências sexuais e sua relação com importantes fatores, principalmente aqueles pouco evidenciados na literatura, como a autoestima e o repertório de habilidades sociais. Um dos resultados mais importantes desta pesquisa foi constatar que a maioria dos adolescentes não possui conhecimento correto acerca das formas de transmissão do HIV/aids, sendo os meninos aqueles que possuem menor conhecimento. Além disso, o estudo mostrou que são eles os que iniciam sua vida sexual mais cedo. Sabe-se que a sexualidade, bem como a adolescência são construções sociais e que por isso sofrem forte influência cultural que muitas vezes coloca o indivíduo em situação de maior vulnerabilidade. Há tempos, os meninos, diferentemente das meninas, são incentivados a ter a sua primeira vez mais cedo e sem a necessidade de vínculo afetivo, como forma de afirmação da sua masculinidade. Nesse contexto, o acesso às informações sobre os meios de transmissão do HIV tem sido um dos componentes estruturantes da política de prevenção do HIV/aids no Brasil (BRASIL, 2011). Por isso, os resultados desta pesquisa poderão contribuir para o ajuste e a adequação das estratégias informativas de prevenção na adolescência, tanto por parte do MS, como pelos programas de educação/orientação sexual nas escolas, já que certamente o desconhecimento dos participantes desta pesquisa não parece estar associado à falta de acesso aos meios de comunicação, haja vista a renda familiar e o nível de instrução apresentado pelos mesmos. O estudo apontou ainda que a iniciação sexual esteve associada ao relacionamento sério. Corroborando esses dados, mostrou também que a maioria deles acertou ao concordar com a afirmativa que dizia “ter parceiro fiel reduz o risco de contaminação pelo HIV/aids”. É importante frisar que apesar desse comportamento contribuir para a redução dos riscos, não deixa de ser uma porta de entrada em potencial para a infecção, uma vez que a sensação de segurança do relacionamento sério contribui para a prática do sexo desprotegido. Não obstante a esta realidade, o Ministério da Saúde destaca ainda que há um grande desafio para as políticas de prevenção das DST/aids: estimular, especialmente entre o sexo feminino, a negociação do uso do preservativo diante da falsa percepção de segurança em relação ao parceiro e a negação do sexo desprotegido como prova de amor (BRASIL, 2014b). 45 Neste sentido, conforme aponta o MS, as meninas tornam-se mais vulneráveis as consequências negativas da relação sexual, seja a gravidez não desejada, seja a aquisição de alguma DST. Nota-se, portanto, que as atitudes e comportamentos favoráveis à iniciação sexual ou mesmo as experiências sexuais vão muito além dos aspectos socioeconômicos e cognitivos. O modo como o adolescente percebe a si mesmo e o mundo ao seu redor, bem como a forma como interage com ele reflete em muito seu comportamento, especialmente o sexual. Desta forma, saber identificar o melhor momento para o início da vida sexual, bem como saber dizer não ao parceiro (a) quanto não se sentir preparado(a), negociar o uso do preservativo, não ceder às pressões dos pares, ter autocontrole diante dos convites prazerosos e arriscados da vida, são alguns dos exemplos que interferem na prevenção das DST e que exigem do adolescente um satisfatório nível de autoestima e de habilidades sociais. Nesta perspectiva, a presente pesquisa revelou uma importante questão: a associação entre o repertório de habilidades sociais e a autoestima com a iniciação sexual. Adolescentes com habilidades sociais mais desenvolvidas, ou seja, indivíduos mais assertivos, com maior capacidade de expressar seus sentimentos, de estabelecer conversação e de formar vínculos afetivos haviam se iniciado sexualmente. Nesta mesma direção observou-se que adolescentes com autoestima mais elevada haviam iniciado sua vida sexual em relação àqueles que obtiveram baixos escores na escala de mensuração da autoestima. Vale ressaltar que tantos a autoestima quanto as habilidades sociais são construídas e aprendidas ao longo da experiência de vida de cada um e que, por isso, programas, campanhas e experiências positivas ao longo da vida podem influenciar na qualidade do desenvolvimento desses constructos. No entanto, faz-se necessário que outras pesquisas sejam desenvolvidas neste âmbito, tendo em vista a escassez de produção de literatura que relacionem autoestima e as habilidades sociais com comportamento sexual. Ter uma religião, sendo ela católica ou evangélica, também mostrou estar associada ao adiamento da iniciação sexual. Tal fato parece estar relacionado ao sentimento de pertencimento dos adolescentes a um conjunto de valores religiosos e também sociais que o fazem retardar o início da vida sexual. A interligação entre religião e comportamento sexual ainda tem sido pouco explorada na literatura científica e mais estudos nessa direção são necessários no Brasil. Conclui-se, portanto, que as políticas de prevenção do MS, bem como suas estratégias de intervenção na população adolescente precisam urgentemente contemplar formas mais atrativas de informação e de educação, que levem em consideração aspectos culturais e o 46 desenvolvimento psicológico e social dos mesmos. A intersetorialidade da Saúde e Educação, através também do Programa Saúde na Escola (PSE), precisa ocorrer de maneira mais eficaz, já que a escola tem sido palco de grandes transformações na vida dos adolescentes, posto que ainda estão com sua cognição e personalidade em construção. 47 REFERÊNCIAS ALBINO, G. C. et al. A sexualidade pelo olhar das jovens: contribuições para a prática do médico de adolescentes. Rev. Paul. Pediatr., v. 23, n. 3, p. 124-129, 2005. AMORIM, M. M. R. et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 31, n. 8, p. 404-410, 2009. ARAUJO, M. F. Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações. Psicol. Cienc. Prof., v. 22, n. 2, p. 70-77, 2002. AVANCI, J. Q. et al. Adaptação tanscultural de escala de auto-estima para adolescentes. Psicol. Reflex. Crit., v. 20, n. 3, p. 397-405, 2007. BASSOLS, A. M. S.; BONI, R.; PECHANSKY, F. Álcool, drogas e comportamento sexual de risco estão relacionados à infecção por HIV em mulheres adolescentes. Rev. Bras. Psiquiatr., v. 32, n. 4, p. 361-368, 2010. BEDNAR, R; PETERSON, S. Self-esteem: paradoxes and innovation in clinical theory and practice. 2. ed. Washington, D.C.: American Psychological Association, 1995. BONETTO, D. V. S. Gravidez na adolescência. In: LOPEZ, F. A.; CAMPOS JÚNIOR, D. Tratado de pediatria. Barueri: Manole, 2007. p. 399-403. BORGES, A. L. V.; LATORRE, M. R. D. O.; SCHOR, N. Fatores associados ao início da vida sexual de adolescentes matriculados em uma unidade de saúde da família da zona leste do Município de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 23, n. 7, p. 15-83-1594, 2007. BORGES, A. L. V.; SCHOR, N. Início da vida sexual na adolescência e relações de gênero: um estudo transversal em São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 21, n. 2, p. 499-507, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Jovem. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/jovem>. Acesso em: 02 fev. 2014a. BRASIL. Ministério da Saúde. O que é AIDS. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/aids>. Acesso em: 20 mar 2014b. BRASIL. Ministério da Saúde. A partir de 10 de marco, a vacina será incorporada ao calendário de vacinação de meninas de 11 a 13 anos. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2014/01/ministro-da-saude-faz-pronunciamento-sobrevacinacao-contra-hpv>. Acesso em: 20 mar 2014c. BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico - Aids e DST, ano II, n. 1. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa de conhecimentos, atitudes e práticas na população brasileira. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 48 BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. (Saraiva de Legislação). BRÊTAS, J. R. S. A mudança corporal na adolescência: a grande metamorfose. Rev. Temas Desenv., v. 12, n. 72, p. 29-38, 2003. BRÊTAS, J. R. S. et al. Aspectos da sexualidade na adolescência. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 16, n. 7, p. 3221-3228, 2011. BRÊTAS, J. R. S. Vulnerabilidade e adolescência. Rev. Soc. Bras. Enferm. Pediatr., v. 10, n. 2, p. 89-96, 2010. CERQUEIRA-SANTOS, E. et al. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 1, p. 73-85, 2010. CIA, F. et al. Habilidades sociais parentais e o relacionamento entre pais e filho. Psicol. estud., Maringá, v. 11, n. 1, p. 73-81, 2006. CLAY, D.; VIGNOLES, V.; DITTMAR, H. Body image and self-esteem among adolescent girls: testing the influence of sociocultural factors. J. Res. Adolesc., v. 15, n. 4, p. 451-477, 2005. CRUZEIRO, A. L. S. et al . Comportamento sexual de risco: fatores associados ao número de parceiros sexuais e ao uso de preservativo em adolescentes. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 15, p. 1149-1158, 2010. Suplemento 1. CRUZEIRO, A. L. S. et al. Iniciação sexual entre adolescentes de Pelotas, Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Crescimento Desenvol. Hum., v. 18, p. 116-125, 2008. DEL PRETTE, A; DEL PRETTE, Z. A. P. Inventário de habilidades sociais para adolescentes (IHSA-Del-Prette): manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. DEL PRETTE, Z. A. P. et al. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009. DEL PRETTE, Z. A. P. et al. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001. D'EL REY, G. J. F. et al. Terapia cognitivo-comportamental da fobia social: modelos e técnicas. Psicol. Estud., v. 11, n. 2, p. 269-275, 2006. DINIZ, E.; KOLLER, S. H. Fatores associados à gravidez em adolescentes brasileiros de baixa renda. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 22, n. 53, p. 305-314, 2012. FEITOSA, F. B. Habilidades sociais e sofrimento psicológico. Arq. Bras. Psicol., v. 65, n. 1, p. 38-50, 2013. 49 FERNANDES, C. S.; FALCONE, E. M. O.; SARDINHA, A. Deficiências em habilidades sociais na depressão: estudo comparativo. Psicol. Teor. Prát., v. 14, n. 1, p. 183-196, 2012. GONÇALVES, H. B. et al. Determinantes sociais da iniciação sexual precoce na coorte de nascimentos de 1982 a 2004-5, Pelotas, RS. Rev. Saúde Pública, v. 42, p. 34-41, 2008. Suplemento 1. GONTIJO, D. T.; MEDEIROS, M. Gravidez/maternidade e adolescentes em situação de risco social e pessoal: algumas considerações. Rev. Eletrônica Enferm., v. 6, n. 3, 2004. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen>. Acesso em: 20 mar. 2014. GUBERT, D.; MADUREIRA, V. S. F. Iniciação sexual de homens adolescentes. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 13, p. 2247-2256, 2008. Suplemento 2. HEAVEN, P.; CIARROCHI, J. Parental styles, gender and the development of hope and selfesteem. Eur. J. Personal., v. 22, n. 8, p. 707-724, 2008. HUGO, T. D. O. et al. Fatores associados à idade da primeira relação sexual em jovens: estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública, v. 27, n. 11, p. 2207-2214, 2011. KAESTLE, C. E. et al. Young age at first sexual intercourse and sexually transmitted infections in adolescents and young adults. Am. J. Epidemiol., v. 161, n. 8, p. 774-780, 2005. LEITE, I. C.; RODRIGUES, R. N.; FONSECA, M. C. Fatores associados com o comportamento sexual e reprodutivo entre adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 20, n. 2, p. 474-481, 2004. MOSER, A. M.; REGGIANI, C.; URBANETZ, A.. Comportamento sexual de risco entre estudantes universitárias dos cursos de ciências da saúde. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 53, n. 2, p. 116-121, 2007. MRUK, C. J. Self-esteem: research, theory, and practice. New York: Springer, 1995. MULULO, S. C. C. et al . Terapias cognitivo-comportamentais, terapias cognitivas e técnicas comportamentais para o transtorno de ansiedade social. Rev. Psiquiatr. Clín., v. 36, n. 6, p. 221-228, 2009. MURTA, S. G. Aplicações do treinamento em habilidades sociais: análise da produção nacional. Psicol. Reflex. Crit., v. 18, n. 2, p. 283-291, 2005. MURTA, S. G. et al. Programa de habilidades interpessoais e direitos sexuais e reprodutivos para adolescentes: um relato de experiência. Psico-USF, v. 17, n. 1, p. 21-32, 2012. OMS. Simulação das Nações Unidas para Secundaristas (SINUS). Guia de estudos. Brasília: OMS, 2009. OMS; OPAS. 80% das adolescentes das Américas terão acesso à vacina contra o HPV depois da sua introdução no Brasil. Disponível em: <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4607:80-das- 50 adolescentes-das-americas-terao-acesso-a-vacina-contra-o-hpv-depois-da-sua-introducao-nobrasil&catid=1016:bra-01-noticias>. Acesso em: 18 mar 2014. PAIVA, V. et al . Idade e uso de preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros. Rev. Saúde Pública, v. 42, p. 45-53, 2008. Suplemento 1. PAPALIA, E. D; FELDMAN, R. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2013. PARKER, R. Na contramão da Aids: sexualidade, intervenção, política. São Paulo: Editora 34, 2000. PINHO, V. D.; OLIVA, A. D. Habilidades sociais em fumantes, não fumantes e exfumantes. Rev. Bras. Ter. Cogn., v. 3, n. 2, 2007. PINTO, A. C. S. et al. Compreensão da pandemia da aids nos últimos 25 anos. DST – J. Bras. Doenças Sex. Transm., v. 19, n. 1, p. 45-50, 2007. REZENDE, M. C. M.; LIMA, T. J. P.; REZENDE, M. H. V. Aids na terceira idade: determinantes biopsicossociais. Estudos, v. 36, n. 1/2, p. 235-253, 2009. ROMANO, A.; NEGREIROS, J.; MARTINS, T. Contributos para a validação da escala de auto-estima de Rosenberg numa amostra de adolescentes da região interior norte do país. Psic., Saúde & Doenças, v. 8, n. 1, p. 107-114, 2007. ROSENBERG, M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press, 1965. SABROZA, A. R. et al. Perfil sócio- demográfico e psicosocial de puérperas adolescentes do município do Rio de Janeiro, Brasil – 1999-2001. Cad. Saúde Pública, v. 20, n. 1, p. 112120, 2004. SANDFORT, T. G. M. et al. Long-term health correlates of timing of sexual debut: results from a National US Study. Am. J. Public Health, v. 98, n. 1, p. 155-161, 2008. SANTOS, P.; MAIA, J. Análise factorial confirmatória e validação preliminar de uma versão portuguesa da escala de auto-estima de Rosenberg. Psicol. Teor. Investig. Prát., v. 2, p. 253268, 2003. SARRIERA, J. C. et al. Elaboração, desenvolvimento e avaliação de um programa de inserção ocupacional para jovens desempregados. Psicol. Reflex. Crit., v. 13, n. 1, 2000. SBICIGO, J. B.; BANDEIRA, D. R.; DELL'AGLIO, D. D. Escala de autoestima de Rosenberg (EAR): validade fatorial e consistência interna. Psico-USF (Impr.), v. 15, n. 3, p. 395-403, 2010. SILVA, V. M. et al. Os jovens são mais vulneráveis às drogas? In: PINSKY, I.; BESSA, M. A. (eds.). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, 2004. p. 31-43. 51 TAQUETTE, S. R. Epidemia de HIV/Aids em adolescentes no Brasil e na França: semelhanças e diferenças. Saúde Soc., v. 22, n. 2, p. 618-628, 2013. TEIXEIRA, A. M. F. B. et al. Adolescentes e uso de preservativos: as escolhas dos jovens de três capitais brasileiras na iniciação e na última relação sexual. Cad. Saúde Pública, v. 22, n. 7, p. 1385-1396, 2006. TRZESNIEWSKI, K.; DONNELLAN, M; ROBINS, R. Stability of self-esteem across the life span. J. Personal. Soc. Psychol., v. 84, n. 1, p. 205-220, 2003. UNAIDS. A ONU e a resposta à Aids no Brasil. Brasília: UNAIDS, 2012. UNAIDS. Global report: UNAIDS report on the global AIDS epidemic 2013. Genebra: UNAIDS, 2013. UNITED NATIONS POPULATION FUND (UNFPA). Resumos globais de orientação: intervenções para os jovens no âmbito do HIV. Nova Iorque: UNFPA, 2008. VONK, A. C. R. P.; BONAN, C.; SILVA, K. S. Sexualidade, reprodução e saúde: experiências de adolescentes que vivem em município do interior de pequeno porte. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 18, n. 6, p. 1795-1807, 2013. WAGNER, M. F.; OLIVEIRA, M. S. Estudo das habilidades sociais em adolescentes usuários de maconha. Psicol. Estud., v. 14, n. 1, p. 101-110, 2009. XAVIER, A. C. M. Comportamento sexual de risco na adolescência: aspectos familiares associados. 2005. 130 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. 52 ANEXO A 53 ANEXO B 54 55 56 APÊNDICE A UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA ADOLESCENTES MENORES DE 18 ANOS Esclarecimentos: Estamos solicitando a você a autorização para que o (a) adolescente pelo qual você é responsável participe da pesquisa: INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: UM ESTUDO COM ADOLESCENTES ESCOLARES, que tem como pesquisador responsável a psicóloga Camilla Danielle Silva de Lima, CRP 17/1535. Esta pesquisa pretende investigar aspectos da sexualidade, autoestima e habilidades sociais dos adolescentes, dos 16 aos 19 anos, estudantes do IFRN. O motivo que nos leva a fazer este estudo é tentar compreender aspectos da sexualidade, da autoestima e da interação social que influenciam diretamente a vida dos jovens, já que atualmente é evidente o início das relações sexuais muito cedo na adolescência, bem como o aumento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a dificuldade dos mesmos em conversar com os pais e educadores sobre o assunto, buscando na maioria das vezes a internet e os amigos, o que dificulta o desenvolvimento biopsicossocial dos adolescentes. Esta pesquisa pretende contribuir também para a educação e orientação sexual na escola. Caso você autorize e o adolescente deseje participar desta pesquisa, ele (a) precisará responder a quatro questionários, um sobre sua sexualidade, outro sobre como ele se relaciona socialmente, outro sobre autoestima e mais um para seus dados sociodemográficos. Os questionários serão aplicados em grupo, na sala de aula, durante cerca de 30 minutos, com a devida permissão da escola. O adolescente não precisará colocar seu nome, ou seja, ninguém saberá quem respondeu o questionário, nem mesmo a pesquisadora. E se ele (a) se sentir envergonhado com alguma pergunta terá o direito de não responder. 57 Durante a realização dos questionários a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco de prejuízo psicológico e físico é mínimo, mas se acontecer algum desconforto o adolescente poderá contar com o apoio da equipe do IFRN (psicóloga, pedagogas, médico e enfermeiro). Como participante o (a) aluno (a) terá o benefício de conhecer melhor a si mesmo ao refletir sobre as perguntas e de contribuir para a sociedade em que vive participando voluntariamente. Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para a psicóloga Camilla Lima, através dos telefones 8847- 6080 e 9646-4814. Você tem o direito de recusar sua autorização, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você e para ele (a). Os dados que ele (a) irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa identificá-lo (a). Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela participação dele (a) nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se ele (a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, ele (a) será indenizado. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes – UFRN, localizado na avenida Nilo Peçanha, 620, Petrópolis, Natal/RN, telefone (84) 3342-5003, E-mail: [email protected]. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável, a psicóloga Camilla Lima. Consentimento Livre e Esclarecido Eu, ____________________________________________________, representante legal do (a) adolescente ____________________________________________, autorizo sua participação na pesquisa INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: UM ESTUDO COM ADOLESCENTES ESCOLARES. Esta autorização foi concedida após os esclarecimentos que recebi sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados, por ter entendido os riscos, 58 desconfortos e benefícios que essa pesquisa pode trazer para ele (a) e também por ter compreendido todos os direitos que ele (a) terá como participante e eu como seu representante legal. O adolescente, pelo qual sou responsável, também deverá assinar este termo afirmando seu desejo em participar desta pesquisa. Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por ele (a) em congressos e/ou publicações científicas, desde que os dados apresentados não possam identificá-lo (a). Natal, 02 de janeiro de 2013. ________________________________ Assinatura do representante legal ________________________________ Assinatura de assentimento do adolescente (menor de 18 anos) _________________________________ Assinatura do pesquisador responsável 59 APÊNDICE B UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Prezado aluno(a), Os questionários estão divididos em blocos e fazem parte da pesquisa INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS: UM ESTUDO COM ADOLESCENTES ESCOLARES a qual você foi convidado (a) a participar. Contamos com a sua colaboração para responder com atenção e sinceridade. Em caso de dúvidas, pergunte a pesquisadora responsável. Lembre-se: você não precisa identificar-se. Trata-se de uma pesquisa anônima. Ao concluir basta depositar na urna. BLOCO A - INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS 01. Data de Nascimento: ____/____/____ 02. Idade completa: ______ anos 03. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 04. Situação conjugal: ( ) Casado atualmente ( ) Vive com companheiro atualmente ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) Namorando sério ( ) Solteiro 05. Em qual bairro e cidade você mora? _______________________________________ 06. Qual ano está cursando? ( ) 1º ano ( ) 2º ano ( ) 3º ano ( ) 4º ano 07. Qual o seu curso técnico? __________________________________________ 08. Atualmente você é: ( ) Estagiário ( ) bolsista de Pesquisa ou Extensão ( ) bolsista de Iniciação Profissional ( ) Empregado sem carteira de trabalho ( ) Empregado com carteira de trabalho ( ) Apenas estudo ( ) Outro: ___________ 09. Onde realizou o ensino fundamental? ( ) Escola pública ( ) Escola privada 10. Como você se classifica em relação à sua cor? ( ( ) Amarela ) Preta ( ) Parda ( )Branca ( ) Indígena ( ) Outro. Qual?______________ 11. Sua religião é: ( ) Católica ( )Evangélica ( ) Espírita ( ) Umbanda/Candomblé( ) Não possui ( ) Outras religiões. 12. Você se considera uma pessoa religiosa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 13. Com quem você reside [Você pode marcar várias alternativas]? ( ) Mãe ( ) Pai ( ) Madrasta ( ) Padrasto ( ) Irmãos. Quantos? ________ 60 ( ) Cunhado ou cunhada. Quantos? ______ ( ) Sobrinho ou sobrinha. Quantos? ______ ( ) Avô ( ) Avó ( ) Tio ou tia. Quantos?______ ( ) Primo ou prima. Quantos? ______ ( ) Cônjuge ( ) Com filho(s). Quantos? _______ ( ) Com amigos ( ) Sozinho ( ) Outros. Quais? ___________ 14. Qual sua renda familiar? ( ) Menos de 1 salário mínimo ( ) 1 salário mínimo ( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 4 salários mínimos 15. Escolaridade da Mãe: Ensino Fundamental: Ensino médio: ( ) completo ( ) incompleto ( ) completo ( ) incompleto Ensino superior: ( ) completo ( ) incompleto Pós-Graduação: ( ) completo ( ) incompleto 16. Escolaridade do Pai: Ensino Fundamental: ( ) completo ( ) incompleto Ensino médio: ( ) completo ( ) incompleto Ensino superior: ( ) completo ( ) incompleto Pós-Graduação: ( ) completo ( ) incompleto 17. Quais e quantos dos itens abaixo existem na casa onde você mora? Televisão Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Rádio Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Banheiro Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Automóvel Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Maquina de lavar Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Geladeira Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Videocassete ou DVD Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Empregada mensalista Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Não tem ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais ( ) Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex) 61 BLOCO B – ESCALA DE AUTOESTIMA Instruções: Leia cada uma das frases com atenção e circule para cada uma o número correspondente a sua opinião de acordo com o quadro abaixo: 1 Concordo Totalmente 2 Concordo 3 Discordo 4 Discordo Totalmente De uma forma geral, estou satisfeito comigo mesmo. 1 2 3 4 Às vezes eu acho que não sirvo para nada (desqualificado em relação aos 1 2 3 4 outros). Sinto que tenho um tanto de boas qualidades 1 2 3 4 Eu sou capaz de fazer coisas tão bem quanto à maioria das outras pessoas. 1 2 3 4 Não sinto satisfação nas coisas que realizei. Eu sinto que não tenho muito 1 2 3 4 do que me orgulhar. Às vezes, eu realmente me sinto inútil. 1 2 3 4 Eu sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos no mesmo nível das 1 2 3 4 outras pessoas. Não me dou o devido valor. Gostaria de ter mais respeito por mim 1 2 3 4 mesmo. Quase sempre eu estou inclinado a achar que sou um fracasso. 1 2 3 4 Eu tenho uma atitude positiva (pensamentos, atos e sentimentos 1 2 3 4 positivos) em relação a mim mesmo. 62 BLOCO C – INVENTÁRIO DE HABILIDADES SOCIAIS PARA ADOLESCENTES Instruções: Leia com bastante atenção cada item. Ele apresenta uma situação social comum (parte sem grifo) e uma ação ou reação (parte grifada). Nas colunas de FREQUÊNCIA, assinale um X naquela que corresponde à quantidade de vezes que você apresenta a reação (parte grifada) indicada no item. Para isso use a seguinte escala: 0 a 2 - Em cada 10 situações desse tipo me comporto dessa forma no máximo 2 vezes; 3 a 4 - Em cada 10 situações desse tipo me comporto dessa forma de 3 a 4 vezes; 5 a 6 - Em cada 10 situações desse tipo me comporto dessa forma de 5 a 6 vezes; 7 a 8 - Em cada 10 situações desse tipo me comporto dessa forma de 7 a 8 vezes; 9 a 10 - Em cada 10 situações desse tipo me comporto dessa forma de 9 a 10 vezes; Nas colunas de DIFICULDADE, assinale um X naquela que corresponde à sua dificuldade para apresentar a reação (parte grifada) indicada no item. Para isso, use a seguinte escala: NENHUMA, POUCA, MÉDIA, MUITA E TOTAL. Responda a todos os itens. Se uma ou mais situação nunca lhe ocorreu, imagine como se ela estivesse ocorrendo e, então, proceda como nas demais. Não há respostas certas ou erradas. Ao final confira se todos os itens foram respondidos. 63 64 65 OS PRÓXIMOS BLOCOS DIZEM RESPEITO AO SEU CONHECIMENTO E COMPORTAMENTO SEXUAL. LEIA COM ATENÇÃO E SEJA SINCERO EM SUAS RESPOSTAS. BLOCO D – FORMAS DE TRANSMISSÃO DE ALGUMAS DOENÇAS 01. Qual ou quais das doenças abaixo uma pessoa pode ser infectada ao ser picado por um inseto, como por exemplo, um mosquito ou pernilongo? Aids ( ) Sífilis ( ) Gonorreia ( ) 02. Hepatite ( ) Dengue ( ) Malária ( ) Nenhuma destas ( ) E qual ou quais das doenças abaixo uma pessoa pode ser infectada ao usar banheiros públicos? Gonorreia ( ) Sífilis ( ) Hepatite ( ) Aids ( ) Malária ( ) Dengue ( ) Nenhuma destas ( ) 03. E qual ou quais das doenças abaixo uma pessoa pode ser infectada ao com-partilhar seringa ou agulha com outras pessoas? Dengue ( ) Gonorreia ( ) Malária ( ) Aids ( ) Nenhuma destas ( ) Hepatite ( ) Sífilis ( ) 04. E qual ou quais das doenças abaixo uma pessoa pode ser infectada ao não usar preservativos em relações sexuais? Malária ( ) Gonorreia ( ) Aids ( ) Dengue ( ) Nenhuma destas ( ) Hepatite ( ) Sífilis ( ) 05. E para qual ou quais das doenças descritas abaixo existe cura? Sífilis ( ) Malária ( ) Dengue ( ) Nenhuma destas ( ) AGORA, PARA CADA FRASE Gonorreia ( ) Hepatite ( ) CITADA ABAIXO, MARQUE Aids ( ) SE VOCÊ CONCORDA OU DISCORDA. 06. O risco de transmissão do vírus da aids pode ser reduzido se uma pessoa tiver relações sexuais somente com parceiro fiel e não infectado. Concorda ( ) Discorda ( ) Não sabe ( ) 07. Uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada pelo vírus da aids. Concorda ( ) Discorda ( ) Não sabe ( ) 08. Usar preservativo é a melhor maneira de evitar que o vírus da aids seja transmitido durante a relação sexual. 66 Concorda ( ) Discorda ( ) Não sabe ( ) 09. Uma pessoa pode ser infectada com o vírus da aids compartilhando talheres, copos ou refeições. Concorda ( ) Discorda ( ) Não sabe ( ) 10. Uma mulher grávida que esteja com o vírus da aids e recebe um tratamento específico durante a gravidez e no momento do parto diminui o risco de passar o vírus da aids para o seu filho. Concorda ( ) Discorda ( ) Não sabe ( ) BLOCO E – DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 11. MULHER: Quando foi a última vez que fez um exame ginecológico? Nos últimos 3 anos ( ) 4-5 anos atrás [pular para a questão 13] ( ) Mais de 5 anos atrás ( ) Nunca fez [pular para a questão 13] ( ) [pular para a questão 13] Não sabe [pular para a questão 13] ( ) 12. MULHER: Pensando nessa última vez que você fez o exame ginecológico, você fez o exame chamado papanicolaou, onde o médico ou a enfermeira coletam material para o exame preventivo de câncer? Sim ( ) Não ( ) Não lembra ( ) 13. MULHER: Você já teve, alguma vez na vida, algum dos seguintes problemas? [Se todas as respostas forem NÃO, pule para o bloco D – questão 19] Corrimento Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos Feridas na vagina Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos Pequenas bolhas na vagina Verrugas (berrugas) na vagina Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos Idade do último episódio: ___ anos 14. HOMEM: Você já teve, alguma vez na vida, algum dos seguintes problemas? [Se todas as respostas forem NÃO, pule para a questão 18] Corrimento no canal da urina Feridas no pênis Pequenas bolhas no pênis Verrugas (berrugas) no pênis Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos Idade do último episódio: ___ anos Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos Sim ( ) Não ( ) Idade do último episódio: ___ anos 15. E na última vez em que você teve algum desses problemas, você fez algum tipo de tratamento? Sim ( ) Não ( ) Não lembra ( ) 67 16. Quem foi a primeira pessoa que você procurou na última vez que teve algum desses problemas? Médico ( ) Farmacêutico ( ) Outra pessoa ( ) Não procurou atendimento ( ) [pular para questão 18] 17. Na última vez que você teve um desses problemas, recebeu alguma dessas orientações? Usar regularmente preservativo Sim ( ) Não ( ) Informar aos(às) parceiros(as) Sim ( ) Não ( ) Fazer o teste de HIV Sim ( ) Não ( ) Fazer o teste de sífilis Sim ( ) Não ( ) 18. HOMEM: Você já operou de fimose ou fez circuncisão? Sim ( ) Não ( ) BLOCO F – TESTE DE HIV 19. Você já fez o teste para aids alguma vez na vida? Sim ( ) Não [pular para a questão 28] ( ) Não lembra [pular para 28] ( ) 20. E você fez o teste para aids nos últimos 12 meses? Sim ( ) Não [pular para a questão 22] ( ) Não lembra [pular para a 22] ( ) 21. E quantas vezes você fez o teste para aids nos últimos 12 meses? ________ vezes 22. Você já fez um teste rápido de aids, cujo resultado sai na hora? Sim ( ) Não ( ) Não lembra ( ) 23. E em que local você fez o último teste para aids? CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento, também chamado COA ou COAS) ( ) Rede Pública de Saúde (Posto/Hospital/Pronto Socorro, EXCETO CTA/COA/COAS) ( ) Banco de sangue (doação) ( ) Hospitais/laboratórios particulares ( ) Na empresa onde trabalha ( ) Outro local ( ) Não lembra ( ) 24. E qual foi o principal motivo para você ter feito o último teste para aids? [Marque apenas uma opção] Por solicitação do empregador ( ) Doou sangue porque precisou ou quis ( ) Algum comportamento de risco ( ) Doou sangue somente para se testar ( ) Pré-natal ( ) Curiosidade ( ) Parceira(o) está infectada(o) pelo vírus da aids ( ) Outro motivo ( ) Parceira(o) pediu ( ) Indicação médica ( ) Não lembra ( ) 68 25. Quanto tempo o resultado do último teste demorou para ficar pronto? No mesmo dia ( ) Menos de uma semana ( ) Mais de uma semana e menos de um mês ( ) De 1 a 2 meses ( ) Mais de dois meses ( ) 26. Ainda com relação ao seu último teste para aids, você sabe o resultado? Sim ( ) Não [pular para a questão 28] ( ) Não lembra [pular para a questão 28] ( ) 27. Você se importa em me dizer o resultado do seu último teste? Positivo ( ) Negativo ( ) Não quero informar ( ) 28. Você já doou sangue alguma vez na vida? Sim, nos últimos 12 meses ( ) Sim, entre um ano e 20 anos atrás ( ) Sim, há mais de 20 anos ( ) Não ( ) 29. Você sabe de algum serviço de saúde onde o teste de aids é feito gratuitamente? Sim ( ) Não ( ) BLOCO G – ACESSO A PRESERVATIVOS 30. Nos últimos 12 meses, você recebeu ou pegou camisinha de graça no serviço de saúde? Sim ( ) Não ( ) 31. Nos últimos 12 meses, você recebeu ou pegou camisinha de graça em organização não governamental (ONG)? Sim ( ) Não ( ) 32. Nos últimos 12 meses, você recebeu ou pegou camisinha de graça na escola? Sim ( ) Não ( ) 33. Você conhece o preservativo feminino, mesmo que só de ouvir falar? Sim ( ) Não ( ) BLOCO H – INICIAÇÃO SEXUAL 34. Você já teve relações sexuais alguma vez na sua vida? Sim ( ) Não [passar para Bloco I – questão 29] ( ) 35. Com quantos anos de idade você teve a sua primeira relação sexual?______ anos BLOCO I – COMPORTAMENTO SEXUAL 01. Você usou camisinha na sua primeira relação sexual? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 02. Você já teve mais do que um parceiro sexual em toda sua vida? 69 Sim ( ) Não [pular para a questão 4] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 4] 03. Você já teve mais do que 10 parceiros sexuais em toda sua vida? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 04. Você já teve relação sexual com pessoa do mesmo sexo que o seu alguma vez na vida? Sim [se MULHER, pular para a questão 7] ( ) Não [pular para a questão 7] ( ) Não sei/não quero responder [pular para a questão 7] ( ) 05. HOMEM: Atualmente, de uma maneira geral, você tem relações sexuais com homens e com mulheres? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 06. HOMEM: Atualmente, de uma maneira geral, você tem relações sexuais somente com homens? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) AGORA, VAMOS FALAR DE SUAS EXPERIÊNCIAS SEXUAIS SOMENTE DOS ÚLTIMOS 12 MESES. 07. Você teve relações sexuais nos últimos 12 meses? Sim ( ) Não [pular para a questão 27] ( ) Não sei/não quero responder [pular para a questão 27] 08. Pensando na sua última relação sexual, vocês usaram camisinha? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 09. Você teve relação sexual com parceiros (as) fixos (as), ou seja, namorado (a), noiva, esposa, companheiro (a), etc., nos últimos 12 meses? Sim ( ) Não [pular para a questão 12] ( ) Não sei/não quero responder [pular para a questão 12] ( ) 10. Nas relações sexuais que você teve com esses(as) parceiros(as) fixos(as) nos últimos 12 meses, vocês usaram camisinha? Sim ( ) Não [pular para a questão 12] ( ) Não sei/não quero responder [pular para a questão 12] ( ) 11. Vocês usaram camisinha em todas as vezes? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 12. Você teve relação sexual com parceiros(as) casuais, ou seja, paqueras, “ficantes”, rolos, etc., nos últimos 12 meses? 70 Sim ( ) Não [pular para a questão 20] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 20] 13. Você teve mais do que cinco parceiros sexuais casuais nos últimos 12 meses? Sim ( ) 14. Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) Nas relações sexuais que você teve com esses(as) parceiros(as) casuais(as) nos últimos 12 meses, vocês usaram camisinha? Sim ( ) Não [pular para a questão 17] ( ) Não sei/não quero responder [pular para a questão 17] ( ) 15. Vocês usaram camisinha em todas as vezes? Sim [pular para a questão 17] ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 16. Pensando somente na última relação sexual com parceiro(a) casual, nos últimos 12 meses, você usou camisinha? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 17. Desses parceiros casuais, nos últimos 12 meses, você recebeu dinheiro em troca de sexo de algum deles? Sim ( ) Não [pular para a questão 20] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 20] 18. Vocês usaram camisinha nas relações sexuais em que você recebeu dinheiro em troca de sexo, nos últimos 12 meses? Sim ( ) Não [pular para a questão 20] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 20] 19. Vocês usaram camisinha em todas as vezes que você recebeu dinheiro em troca de sexo? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 20. Ainda pensando nos últimos 12 meses, você pagou alguma pessoa para ter sexo? Sim ( ) Não [pular para a questão 23] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 23] 21. Você usou camisinha nas relações sexuais que você teve com esses(as) parceiros(as) que você pagou para ter sexo? Sim ( ) Não [pular para a questão 23] ( ) Não sei/não quero responder ( ) [pular para a questão 23] 22. Vocês usaram camisinha em todas as vezes que você teve relações sexuais com parceiros que você pagou para ter sexo? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 71 23. Você já teve relações sexuais com pessoas que conheceu pela internet? Sim ( ) Não [HOMEM: pular para a questão 25; ( ) MULHER: pular para a questão 26] 24. Na última relação sexual que você teve com essas pessoas que conheceu pela internet, você usou camisinha? Sim ( ) Não ( ) AGORA, IREMOS FALAR SOBRE PRESERVATIVOS E LUBRIFICANTES ÍNTIMOS. 25. HOMEM: Você já teve relação sexual com mulher usando preservativo feminino? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 26. MULHER: Você já teve relação sexual usando preservativo feminino? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 27. Você conhece os lubrificantes íntimos, mesmo que só de ouvir falar? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 28. Nas relações sexuais, para uma lubrificação extra, você usa lubrificantes íntimos? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE HÁBITOS E COSTUMES. POR FAVOR, MARQUE UM X NA ALTERNATIVA ESCOLHIDA. 29. Você concorda com a seguinte afirmação: “o uso de álcool ou drogas pode fazer com que as pessoas transem sem usar camisinha”? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 30. Isso já aconteceu com você? Sim ( ) 31. Alguma vez em sua vida você já tomou bebida alcoólica? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 32. Você bebe atualmente? Sim ( ) 33. Alguma vez em sua vida você já fumou cigarro? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 72 34. Você fuma cigarro atualmente? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 35. Alguma vez em sua vida você já fumou maconha? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 36. Você fuma maconha atualmente? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 37. Alguma vez em sua vida você já usou crack? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 38. Você usa crack atualmente? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 39. Alguma vez em sua vida você já cheirou cocaína em pó? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 40. Você cheira cocaína atualmente? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 41. Alguma vez em sua vida você já usou cocaína injetada? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) 42. Você usa cocaína injetável atualmente? Sim ( ) Não ( ) Não sei/não quero responder ( ) MUITO OBRIGADA PELA SUA PARTICIPAÇÃO! AGORA É SÓ DEPOSITAR NA URNA.