Trabalhando a Dengue de Forma Lúdica.

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ISBN 978-85-8015-076-6
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ - UENP
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
TRABALHANDO A DENGUE DE FORMA LÚDICA
Vânia Maria de Oliveira
Mestre Fernando Emmanuel Gonçalves Vieira
RESUMO
Dengue é um tema que tem sido objeto de estudo de muitos cientistas, diante da preocupação quanto
à proliferação do seu agente transmissor – Aedes aegypti; com base em particularidades adaptativas
as relações dessa espécie com o ambiente e com o homem. Com esta inquietação, propusemos
desenvolver uma proposta lúdica que instigue o educando a analisar e pesquisar ações/atitudes que
ajudem na redução da propagação e contaminação do agente transmissor. O estudo foi realizado
com alunos do 2° ano – Formação de Docentes, partindo da importância do tema, pois se trata de um
problema de saúde pública. Após as realização das atividades, as alunas compreenderam a
importância do trabalho preventivo, assim como a disseminação das informações referentes aos
cuidados que se deve ter em relação a propagação dos mosquitos transmissores.
Palavras – chave: Saúde Pública; Dengue; Ludicidade; Conscientização.
INTRODUÇÃO
Dengue é um dos mais sérios problemas da Saúde Pública da atualidade. A
prevenção e o combate requerem ações que envolvem a cidadania de todos nós.
Somente a efetiva participação da comunidade, adotando medidas que
ajudem na redução da propagação e contaminação do agente transmissor,
revertendo assim o quadro de situação epidêmica do Estado do Paraná,
possibilitando uma melhor qualidade de vida da população.
Diante disto as atividades realizadas na implementação pedagógica tiveram
o foco de associar a ludicidade para desenvolver a temática Dengue nas ações
cotidianas dos educandos propiciando desta maneira uma aprendizagem mais
significativa, objetivando o que determina as Diretrizes Curriculares Estaduais
(DCEs) que contemplam o processo de ensino e aprendizagem a relação
educador/educando
ferramentas
essenciais
de
trabalho
na
construção
do
conhecimento.
Os saberes escolares, em sua constituição, vão sendo
profundamente marcados pelas relações que professores e alunos
estabelecem com o conhecimento, a partir de múltiplas possibilidades de
interesses, de ênfases, de modos de transmissão, de complexidade das
análises e de articulações dos conteúdos com a prática social. Tais saberes
expressam-se no currículo real da escola, constituído no desenvolvimento
de aprendizagens previstas nas propostas de seus educadores e que
também inclui aprendizagens de um conjunto mais implícito ou oculto de
normas, valores e práticas que estão impregnadas na cultura da escola
(PARANÁ, 2006, p.9).
Baseando desta forma em uma aprendizagem colaborativa. Onde a mesma
se refere ao processo em que aprendizes trabalham em grupo, geralmente na
produção de algo (um texto, um projeto, uma apresentação, um produto etc.). Tratase de uma abordagem congruente com as perspectivas educacionais construtivistas,
tais como o sócio-interacionismo, a abordagem histórico-cultural da aprendizagem e
a perspectiva da cognição distribuída. Apesar de ser aplicável a diversos contextos
de ensino, a aprendizagem colaborativa pode ser particularmente interessante para
se trabalhar com domínios complexos e fracamente estruturados. Isso, porque, a
interação
em
grupo
pode
fazer
emergir
múltiplas
visões,
interpretações,
conhecimentos e valores em torno dos problemas propostos, e, com isso, abrir
espaço para a emergência de conflitos, negociações, argumentações voltadas para
o consenso ou o dissenso, e tomadas de decisão pelo grupo. O professor pode
aproveitar todas essas situações para evidenciar a natureza complexa, dinâmica e
diversa do próprio conhecimento, trabalhar as relações dos aprendizes com esse
conhecimento, bem como as relações dos alunos entre si (TRACTMBERG;
STRUCHINER, 2011).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Saúde Pública
A palavra Saúde, de origem latina salute – salvação, conservação da vida –
vem assumindo significados muito diversos, pois a concepção de saúde que
permeia as relações humanas não pode ser compreendida de maneira abstrata ou
isolada. Os valores recursos e estilos de vida que contextualizam e compõem a
situação de saúde das pessoas e grupos em diferentes épocas e formações sociais
se expressam por meio de seus recursos para a valorização da vida, de seus
sistemas de cura, assim como das políticas públicas que revelam as prioridades
estabelecidas (BRASIL, PCNs – Saúde, 1998).
A definição mais completa de Saúde Pública é apresentada por Amory
(1920): Saúde Pública é a arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida,
promover a saúde e a eficiência física e mental mediante o esforço organizado da
comunidade, abrangendo o saneamento do meio, o controle das infecções,
educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, a organização de
serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e pronto tratamento
das doenças e o desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a cada
indivíduo na sociedade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde.
A promoção da boa saúde e evitar doenças são objetivos das políticas de
saúde pública, portanto, quando são garantidas as condições para a vida digna dos
cidadãos, e, especialmente, por meio da educação, da adoção de atitudes e ações
de vida saudáveis.
Desta forma, podemos destacar que os maiores problemas de saúde que a
humanidade enfrenta estão relacionados com a natureza da vida comunitária.
Dengue
A palavra “Dengue” é de origem espanhola e significa “melindre”, “manhã”
que, por sua vez, é a maneira ou estado em que uma pessoa se encontra. É uma
doença febril aguda, de etiologia viral que persiste na natureza mediante o ciclo do
homem – Aedes aegypti - homem, sendo o homem a fonte de infecção e
reservatório (BRASIL, 1997).
O A. aegypti é de origem africana e veio para o continente americano logo
depois do descobrimento. Nas Américas se tornou um mosquito urbano e doméstico.
Sua associação ao habitat humano é estreita e acompanha o homem em seus
deslocamentos, principalmente, na forma de transporte passivo (REY, 1992).
Segundo Braga e Valle (2007), a dengue e a febre amarela urbana (FAU)
têm sido objeto de uma das maiores campanhas de Saúde Pública já realizada no
País. O combate ao A. aegypti foi institucionalizado no Brasil, de forma
sistematizada, a partir do século XX. Diversas epidemias de febre amarela urbana
ocorriam no País, levando à morte milhares de pessoas.
Uma primeira campanha pública contra a dengue, iniciada por Oswaldo Cruz
no Rio de Janeiro (1902-1907), instituiu as brigadas sanitárias, cuja função era
detectar e eliminar os focos de A. aegypti.
Em abril de 1990, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foi criada e
passou a ser responsável pela coordenação das ações de controle da dengue. Em
1996, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Erradicação do Aedes
aegypti (PEAa), cuja principal preocupação residia nos casos de dengue
hemorrágica, que podem levar à morte. Entretanto, com aumento do número de
casos de dengue e o avanço da infestação vetorial demonstravam que a
implementação do PEAa não havia alcançado o êxito esperado. Acredita-se que as
principais causas do fracasso do PEAa tenham sido a não-universalização das
ações em cada Município e a descontinuidade na execução das atividades de
combate ao vetor. Em julho de 2001, a Funasa abandonou oficialmente a meta de
erradicar A. aegypti do País e passou a trabalhar com o objetivo de controlar o vetor.
Foi implantado o Plano de Intensificação das Ações de Controle da Dengue (PIACD),
que focalizou as ações em Municípios com maior transmissão da doença,
considerados prioritários, escolhidos entre aqueles com infestação por A. aegypti e
registro de transmissão de dengue nos anos de 2000-2001.
Em 2002, foi implantado o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD), que dá continuidade a algumas propostas do PIACD e enfatiza a
necessidade de mudanças nos modelos anteriores, inclusive em alguns aspectos
essenciais, como:
1) a elaboração de programas permanentes, pois não há qualquer evidência
técnica de que a erradicação do mosquito seja possível à curto prazo;
2) o desenvolvimento de campanhas de informação e de mobilização da
população, de maneira a se promover maior responsabilização de cada família na
manutenção de seu ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor;
3) o fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica, para ampliar
a capacidade de predição e detecção precoce de surtos da doença;
4) a melhoria da qualidade do trabalho de campo no combate ao vetor;
5) a integração das ações de controle da dengue na atenção básica, com a
mobilização do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e do
Programa Saúde da Família (PSF);
6) a utilização de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público
na eliminação de criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas etc.;
7) a atuação multissetorial, no fomento à destinação adequada de resíduos
sólidos e à utilização de recipientes seguros para armazenagem de água;
8) o desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e
supervisão das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, Estados e
Municípios. Discussões recentes sobre o controle da dengue apontam para a
necessidade de maiores investimentos em metodologias adequadas, para
sensibilizar a população sobre a necessidade de mudanças de comportamento que
objetivem o controle do vetor; e no manejo ambiental, incluindo a ampliação do foco
das ações de controle racional de vetores, para minimizar a utilização de inseticidas
e, dessa forma, garantir maior sustentabilidade às ações.
Segundo a FUNASA, a Dengue é um dos mais sérios problemas da Saúde
Pública brasileira da atualidade, pois o clima do Brasil é favorável para a proliferação
de vetores de agentes causadores desta arbovirose. No Brasil, a dengue apresenta
um padrão sazonal, com maior incidência de casos nos primeiros cinco meses do
ano, período mais quente e úmido, típico dos climas tropicais.
O controle da dengue na atualidade é uma atividade complexa, tendo em
vista os diversos fatores externos ao setor saúde, que são importantes
determinantes na manutenção e dispersão tanto da doença quanto do seu vetor
transmissor. Dentre esses fatores, destacam-se o surgimento de aglomerados
urbanos, inadequadas condições de habitação, irregularidade no abastecimento de
água, destinação imprópria de resíduos, o crescente trânsito de pessoas e cargas
entre países e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global
(BRASIL, 2009).
De acordo com o PORTAL DA SAÚDE - o vírus causador da doença possui
quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá
proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária
contra os outros três.
Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. A dengue
clássica apresenta-se geralmente com febre, dor de cabeça, no corpo, nas
articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos, mas raramente
mata. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois além dos
sintomas citados, é possível ocorrer sangramento, ocasionalmente choque e
consequências como a morte.
A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. Seu principal vetor é o
mosquito Aedes aegypti que, após um período de 10 a 14 dias, contados depois de
picar alguém contaminado, pode transportar o vírus da dengue durante toda a sua
vida. O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita
seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água
por cerca de uma semana. Após este período empupam e sofrem metamorfose
transformando-se em adultos, onde a fêmea está pronta para picar as pessoas. O
Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média
45 dias.
A ovoposição do A. aegypti é feita em recipientes que acumulam água o que
facilita o ciclo de seu desenvolvimento. Sendo assim, períodos chuvosos são
favoráveis para a reprodução do mosquito, pois efetiva-se nestes períodos a
presença de criadouros de mosquitos, tais como: latas, vidros, pneus, caixas d’água,
tanques, piscinas, poços, vasos.
Deve-se destacar também a responsabilização dos administradores e
proprietários, com a supervisão da secretaria municipal de saúde, na adoção dos
métodos de controle dos imóveis não domiciliares, que se constituem em áreas de
concentração de grande número de criadouros produtivos e funcionam como
importantes dispersores do Aedes. Citamos como exemplos os prédios públicos que
tem a função de guarda de veículos e locais de grande circulação de pessoas e
cargas (terminais rodoviários e ferroviários, portos e aeroportos). No setor privado,
destacamos os canteiros de obras, grandes indústrias e depósitos de materiais
utilizados na reciclagem, além dos ferros-velhos e sucatas (Brasil, 2009).
Pesquisas realizadas em campo indicam que os grandes reservatórios,
como caixas d’água, galões e tonéis (muito utilizados para armazenagem de água
para uso doméstico em locais dotados de infraestrutura urbana precária), são os
criadouros que mais produzem A. aegypti e, portanto, os mais perigosos. Isso não
significa que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios,
como vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de
ar-condicionado, poço de elevador, entre outros. O alerta é para que os cuidados
com os reservatórios de maior porte sejam redobrados, pois é neles que o mosquito
seguramente encontra melhores condições para se desenvolver de ovo a adulto.
Por ser um mosquito que vive perto do homem, sua presença é mais comum
em áreas urbanas e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade
populacional - principalmente, em espaços urbanos com ocupação desordenada,
onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais
criadouros para desovar. A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão,
em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que
propiciam a eclosão de ovos do mosquito. Para evitar esta situação, é preciso adotar
medidas permanentes para o controle do vetor, durante todo o ano, a partir de ações
preventivas de eliminação de focos do vetor. Como o mosquito tem hábitos
domésticos, essa ação depende sobretudo do empenho da população.
Ciclo de vida
Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do A. aegypti varia de acordo com a
temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no
mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento (em um mesmo
criadouro com pouca água) consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto
para a fase adulta. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o
desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias.
Por isso, a eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por
semana: assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido.
Os maiores índices de infestação pelo A. aegypti são registrados em bairros
com alta densidade populacional e baixa cobertura vegetal, onde o mosquito
encontra alvos para alimentação mais facilmente. Outro fator importante é a falta de
infraestrutura de algumas localidades. Sem fornecimento regular de água, os
moradores precisam armazenar o suprimento em grandes recipientes, que na
maioria das vezes não recebem os cuidados necessários e, por não serem
completamente vedados, acabam tornando-se focos do mosquito.
Alimentação
Machos
e
fêmeas
do Aedes
aegypti alimentam-se
de
substâncias
açucaradas, como néctar e seiva. Somente a fêmea pica o homem para sugar
sangue (hematofagia), alimento necessário à maturação dos ovos. Geralmente, a
hematofagia é mais voraz a partir do segundo ou terceiro dia depois da emergência
da pupa e da cópula com o macho.
Reprodução e desova
O acasalamento do Aedes aegypti se dá dentro ou ao redor das habitações,
geralmente nos primeiros dias depois que o mosquito chega à fase adulta. É preciso
somente uma cópula para a reprodução ser concretizada, pois a fêmea guarda o
esperma na espermateca. Após a cópula, as fêmeas precisam realizar a
hematofogia (alimentação com sangue) importante para o desenvolvimento
completo dos ovos e sua maturação nos ovários. Normalmente, as fêmeas do Aedes
aegypti encontram-se aptas para a postura de ovos três dias após a ingestão de
sangue, passando então a procurar local para desovar.
A desova acontece, preferencialmente, em criadouros com água limpa e
parada. Os ovos são depositados nas paredes do criadouro, bem próximo à
superfície da água, porém não diretamente sobre o líquido. Daí a importância de
lavar, com escova ou palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser
eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.
Ovos
Segundo o Instituto Osvaldo Cruz, uma fêmea pode dar origem a 1.500
mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros –
estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver
infectada pelo vírus da dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade
de as larvas filhas já nascerem com o vírus, no processo chamado de transmissão
vertical.
Inicialmente, os ovos possuem cor branca e, com o passar do tempo,
escurecem devido ao contato com o oxigênio. O ovo do A. aegypti mede
aproximadamente 0,4 mm de comprimento e é difícil de ser observado.
Os ovos adquirem resistência ao ressecamento muito rapidamente, em
apenas 15h após a postura. A partir de então, podem resistir a longos períodos de
dessecação – até 450 dias, segundo estudos do Instituto Osvaldo Cruz. Esta
resistência é uma grande vantagem para o mosquito, pois permite que os ovos
sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, até que o próximo período
chuvoso e quente propicie a eclosão.
Em condições favoráveis de umidade e temperatura, o desenvolvimento do
embrião do mosquito é concluído em 48 horas. A resistência à dessecação permite
também que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes
secos. Esse aspecto importante do ciclo de vida do mosquito demonstra a
necessidade do combate continuado aos criadouros, em todas as estações do ano.
Quantas pessoas um mosquito é capaz de infectar?
Segundo o Instituto Osvaldo Cruz, os mosquitos fêmea sugam sangue para
produzir ovos. Se o mosquito da dengue estiver infectivo, poderá transmitir o vírus
da dengue neste processo. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote
de ovos que produzem. O mosquito da dengue tem uma peculiaridade que se
chama “discordância gonotrófica”, que significa que é capaz de picar mais de uma
pessoa para um mesmo lote de ovos que produz.
Conforme Dr. Dráuzio Varella (2013), pode-se descrever sobre esta doença:
Sintomas
A grande maioria das infecções é assintomática. Quando surgem, os
sintomas costumam evoluir em obediência a três formas clínicas: dengue clássica,
forma benigna, similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por
alterações da coagulação sanguínea; e a chamada síndrome do choque associado à
dengue, forma raríssima, mas que pode levar à morte, se não houver atendimento
especializado.
Vacina
Uma vacina contra os quatro tipos da dengue, desenvolvida a partir de uma
cepa do vírus vivo, geneticamente modificado, está sendo testada em humanos. Até
o momento os voluntários não apresentaram reações adversas.
Tratamento
Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue. Tomar muito
líquido para evitar desidratação e utilizar medicamentos para baixar a febre e
analgésicos são as medidas de rotina para aliviar os sintomas.
Pacientes com dengue, ou com suspeita da doença, precisam de assistência
médica. Sob nenhum pretexto, devem recorrer à automedicação, pois jamais podem
usar antitérmicos, nem anti-inflamatórios que interferem no processo de coagulação
do sangue.
Recomendações
* Dengue é uma doença que pode evoluir rapidamente da forma clássica
para quadros de maior gravidade;
* A pessoa só desenvolve imunidade para o tipo de vírus que contraiu e
pode infectar-se com outro sorotipo, o que aumenta o risco de doença hemorrágica;
* A identificação precoce dos casos de dengue é de importância fundamental
para o controle das epidemias;
* Combater os focos do mosquito transmissor é a única maneira de prevenir
a transmissão da doença.
ANALISE DE DISCUSÃO DOS RESULTADOS
Para atender aos objetivos propostos desde o início do PDE, o trabalho
desenvolvido na implementação pedagógica teve como foco primordial, a
sensibilização dos alunos em relação à prevenção e controle da Dengue, doença
que pode matar.
As atividades desenvolvidas para atender a este proposito foram bem
diversificadas, tendo início com a fundamentação teórica, ou seja, com textos
informativos e pesquisas sobre a saúde pública e dengue – histórico, ciclo de vida,
reprodução, ovoposição, transmissão, controle.
Pesquisa e leitura de textos informativos da SESA – Secretaria de Estado da
Saúde, para verificação de dados sobre a 19ª Regional de Saúde.
Confecção de Mapa Geográfico informativo para visualização da situação da
região, sobre casos de Dengue.
Organização de informações sobre a temática iniciando a confecção de
cartazes, voltados para as formas de controle da Dengue.
Digitalização dos cartazes selecionados, para elaboração de quebracabeças.
Exposição de todos os cartazes no ambiente escolar e dos quebra-cabeças.
Realizar um caça-palavras, enfocando atitudes corretas para evitar a criação
de larvas de Aedes aegypti.
Encontro com profissional de Saúde do Núcleo Estadual de Entomologia
Médica, Pais e escolar, quanto aos riscos causados pelo Aedes aegypti, com
exposição de larvas e pupas adultas.
Estas atividades vêm de encontro, segundo Nakagawa (2013) a promoção
da saúde como estratégia tem seu foco nos fatores determinantes do processo
saúde–doença e propõe ações que se baseiam em uma perspectiva ampliada de
saúde, sem fragmentações e potencializando as capacidades de sujeitos e
comunidades na transformação de suas realidades, promovendo o fortalecimento da
atenção básica. Desse modo, ações de saúde além dos limites dos pontos de
atenção (centros de saúde, hospitais e clínicas, por exemplo), que possibilite
escolhas mais saudáveis pela comunidade no território em que vivem, trabalham,
estudam, entre outros, e estimulem o protagonismo do cidadão.
A dengue constitui um grande desafio para a saúde pública, tendo em vista o
grande número de casos notificados e confirmados, sendo assim as ações
desenvolvidas na escola alcançam diretamente a comunidade como um todo, pois
os alunos residem nas proximidades da escola a atuam como promotores para
disseminar as ações para o combate à dengue.
Para comprovar estes achados Regis et al (1995) salientam que a escola é
um espaço privilegiado, onde envolve a população no controle de vetores de
doença, pois há o envolvimento dos membros das famílias nos bairros, pela
proximidade de um problema existente na comunidade, e em especial porque
envolve mudanças de atitudes, que costumam ser mais facilmente adquirido em
crianças.
Estas informações são confirmadas nos trabalhos de Chiaravolloti et al
(1998) apud Wurzuis (2011, p. 37) que relatam a realização de estudo em São José
do Rio Preto, avaliam que as atividades educativas para a comunidade resultam
ganhos de conhecimento, de forma estatisticamente significativa, no que se refere
ao conhecimento da doença, seus vetores e criadouros potenciais, principalmente
entre as mulheres.
Tendo em vista que a implementação foi realizada no curso de Formação de
Docentes, onde a grande maioria é do sexo feminino, há que se ressaltar as
palavras de Vasconcelos (1998, p. 03) que salienta “a educação é o campo de
prática e conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a
criação de vínculos entre a ação médica e o pensar e fazer cotidiano da população”.
As alunas envolvidas nas atividades são futuras professoras, o que agrega
ainda mais importância a educação como promotora de ações e intervenções
educativas, no controle da dengue, verificam-se que iniciativas educativas e sociais
não devem estar limitadas à transmissão de informações sobre a doença e o vetor,
como na distribuição de folhetos, faixas, cartazes e painéis, mas deve ter como
objetivo “uma eliminação significativa de criadouros dos vetores no ambiente. No
controle de endemias o poder público conta com diversas atividades. As formas
tradicionais de controle do dengue vêm se tornando ineficientes, afetando a saúde
da população e agredindo o meio ambiente (BROSSOLATTI e ANDRADE, 2002).
O ambiente escolar é um espaço privilegiado de troca de saberes e valores
entre professores, alunos e comunidade escolar, ou seja, torna-se um local de
grande referência nas ações educativas de combate a dengue.
Palangana (2001) relata que a estrutura educacional está organizada com a
finalidade de promover a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano, nas
diferentes visões e explicações podem ser adaptadas na compreensão da forma
com o sujeito aprende e se desenvolve.
As alunas se mostraram muito interessadas em aprender os conteúdos que
foram transmitidos, e também participaram muito bem de todas as atividades. A
palestra realizada pelo Agente de Saúde, foi até repetida, pois as perguntas foram
tantas que o tempo foi escasso, motivo pelo qual o mesmo se prontificou a retornar e
responder as questões que ficaram pendentes.
Na busca de atender as grandes diversidades de nossas alunas, e também
do tema em questão, optou-se pela aprendizagem colaborativa em grupos e
equipes, o qual foi muito bem aceito e desenvolvido, pois a dengue não é um
problema que cabe apenas as autoridades de saúde, mas a toda a sociedade, pois a
parte mais importante, a prevenção, é de responsabilidade de cada um de nós.
Atualmente,
cabe
aos
professores
promover
nos
estudantes
uma
consciência social e política capaz de contribuir para o bem estar da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Promover a saúde, atualmente vai muito além de estar livre de doenças e
propaga um conceito muito mais amplo no sentido de envolver toda a comunidade, o
território em que vivem e possuem vínculos, suas histórias, hábitos, culturas entre
outros fatores.
Outro ponto de grande importância, é que a promoção da saúde não deve se
restringir ao setor da saúde, mas deve envolver ações continuas dos diversos
setores e atores, em especial para este trabalho a educação, no combate contra a
dengue.
Com o trabalho foi possível sensibilizar os alunos sobre a importância da
prevenção contra a dengue, e demonstrar que a prevenção é melhor que o
tratamento.
Os alunos realizaram as atividades de maneira muito participativas e tiveram
a oportunidade de manifestar como ocorre o controle da dengue em seu município,
se este é bem feito, se os agentes estão preparados ou não.
O conhecimento teórico que os alunos adquiriram a respeito do tema é muito
significativo, pois se tratando de futuras professoras este será repassado para seus
alunos, dos alunos para os pais o que formará uma cadeia de conhecimento que
com certeza ajudará e muito na prevenção de uma doença que pode matar e que
muitas vezes não tem a devida prevenção.
4. REFERÊNCIAS
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Cuiabá 2011
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