ID:1653 OFICINA DE MUSICA COM PACIENTES

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ID:1653
OFICINA DE MUSICA COM PACIENTES HOSPITALIZADOS:UMA PROPOSTA DE
PROMOÇÃO DE SAÚDE
Roth, Maria Cecilia. Brasil
RESUMO
O mundo hospitalar impõe dificuldades e condições especiais de atuação que irão requerer novas
dimensões no processo de cuidado psicológico a pacientes e a seus cuidadores. Para poder dar conta de
tantos pacientes em pouco tempo, em espaço coletivo, é necessário criar novas possibilidades de
intervenção psicológica que ajudem o paciente a lidar melhor com sua condição de adoecimento e ter
um melhor prognóstico.
A ideia de introduzir atividades artísticas e lúdicas na rotina hospitalar dos pacientes num Hospital de
pacientes Renais teve como objetivo promover a mudança de postura do paciente: de doente passivo
para pessoa ativa e produtiva, com isso favorecendo uma melhor recuperação do paciente
internado.Convidamos os pacientes a participar de uma roda de música apresentada por psicólogos,
através de uma viola e um violão.Os pacientes eram convidados a solicitar a musica que gostariam de
ouvir. A este trabalho denominaram Tocando em Frente, nome título de uma música muito solicitada
pelos pacientes.
Além dos pacientes e familiares também foram se agregando médicos e enfermeiros, que usavam
aquele lugar para descontrair um pouco da rotina. O trabalho melhorou a qualidade da estadia do
doente no hospital, tornando-o mais ativo e participativo bem como serviu para promover bem estar
nos funcionários, e melhorar a relação entre médico – paciente e familiares.
Palavras chave: oficina de musica em hospital, psicologia hospitalar, promoção de saúde;
INTRODUÇÃO
:
Os pacientes renais crônicos, no pós transplante acabam internando-se várias vezes ao longo da vida
em decorrência de complicações pós cirúrgica ou outras afecções contraídas no pós transplante.Essas
internações costumam ser de longa permanência , e geralmente os pacientes acabam por apresentar
quadros de desânimo e depressão decorrentes de internações recorrentes e a longa permanência muitas
vezes com complicações imprevisíveis.
Criar condições que ajudem o paciente a sair da posição de doente e limitado para uma postura mais
ativa, certamente ajudará o paciente a encontrar formas melhores de lidar com a situação de
adoecimento. Assim, mesmo sendo afetado por uma doença que restringe a sua vida, como a doença
renal no caso dos pacientes desse trabalho, o paciente pode abrir-se para novas possibilidades do
próprio existir, encontrando formas de enfrentamento da doença e desenvolvendo novos recursos que
favorecerem a muitos uma recuperação mais rápida .
OBJETIVO
:
Criar oportunidade através das oficinas de musica para que os pacientes possam encontrar novas
formas de vivenciar o processo de hospitalização e adoecimento , resignificando sua estadia e
encontrando novas formas de enfrentamento da doença A música escolhida pelo paciente certamente
tem valor afetivo para a pessoa, podendo mobilizar sentimentos e emoções, que o ajudariam a falar de
suas dificuldades., numa roda de pacientes em situação similar e assistida por músicos psicólogos.
MATERIAL
Foram disponibilizados para esse trabalho dois psicólogos – músicos com 1 violão e uma viola, bem
como chocalhos para serem usados pelos pacientes quando quisessem.A oficina se realizou nos
corredores do hospital e contou com a participação dos pacientes que se dispusessem a vir, bem como
com a ajuda das enfermeiras que ajudavam o paciente a vir até o local carregando soro, sonda e outros
equipamentos.Familiares e funcionários também costumavam participar das oficinas.
METODO
Os músicos psicólogos passavam de quarto em quarto convidando os pacientes para participarem da
oficina de música.Vinham os pacientes que quisessem , bem como seus acompanhantes. O espaço era
apresentado para eles como uma roda onde seriam tocadas as músicas que eles quisessem.
Consideramos de vital importância o paciente solicitar a música que ele gostaria de ouvir e não apenas
fosse um espectador de uma apresentação musical. O violão e a viola facilitaram muito essa proposta,
não só por serem instrumentos que facilitavam o contato com os pacientes enquanto a música era
tocada, mas também porque a viola enriquecia sobremaneira as músicas regionais solicitadas com
muita frequência. Geralmente os pacientes faziam comentários depois de cantarem uma determinada
musica, , qual o significado desta musica para ele, alguma situação importante que remetia aquela
musica.Assim a partir disso outros pacientes também comentavam e entre musicas e comentários a
roda durava 2 horas.A participação na Oficina de Música era bem acolhida pelos pacientes por nada
exigir deles . Por ser um espaço aberto, passou com o tempo ser muito comum que enfermeiras e
médicos também parassem para cantar junto com os pacientes o que acabou gerando uma mudança
positiva na relação médico paciente.
RESULTADOS
A Oficina de Música conduzida por músicos-psicólogos fez muita diferença não só para os pacientes
ali internados como para o ambiente hospitalar pois a musica podia ser ouvida pelos corredores e isso
descontraia os funcionários que ali trabalhavam que com frequência passavam cantando; assim como
médicos que também davam uma parada para cantar alguma musica ou ouvir os pacientes..
Muitos pacientes que ali estavam, estavam aguardando a cirurgia que se realizaria daqui algumas horas,
ou ali estavam pacientes que estavam perdendo o enxerto; muitos com quadro crônico e internados há
muito tempo. ao participarem da oficina passou a haver uma maior troca entre os próprios pacientes, e
uma qualidade melhor na estadia daqueles que ali estavam muito tempo.
Mesmo sendo afetado por uma doença que restringe a sua vida, como a doença renal, no caso dos
pacientes desse trabalho, o paciente pode abrir-se para novas possibilidades do próprio existir.
Recuperar o prazer e vislumbrar novas possibilidades através da revisitação de situações prazerosas
mobilizadas pelas musicas favoreceu a melhora de muitos pacientes que ali estavam.
Após a participação na oficina alguns pacientes foram escolhidos aleatoriamente para serem
entrevistados. A entrevista consistiu em perguntar ao paciente a sua história , e como foi para ele
participar da oficina.
Dessas entrevistas foi possível verificar o significado da oficina de musica para os pacientes:
•
•
•
A Oficina de Música: um cuidado para os sujeitos que ali estavam. nada lhes foi solicitado,
apenas lhes foi oferecido: pedir as músicas que gostariam de ouvir, se quisessem. respeito
também ao o silêncio e o recolhimento, ainda que estando entre os demais pacientes.
A Oficina de Música: oportunidade, assim como o processo terapêutico, para que o paciente se
transforme seguindo a direção que para ele fizer sentido levando-o ao lugar onde a libertação
poderá ocorrer. O ser saudável só pode existir onde há o ser-doente.
A Oficina de Música: uma viagem no tempo e espaço, na qual cada paciente lembra de uma
situação, digamos “contrária “ a situação atual , em que a situação de doença entendida como
restrição das possibilidades de realização não está presente.
“ No dia de hoje, por exemplo, que a gente está internado num hospital
igual a esse, quando a gente vê um grupo musical é uma alegria, porque
a gente começa a lembrar daqueles que ficaram na casa da gente e é uma
coisa que marca para gente e faz bem, porque a música levanta o astral,
neste momento de tristeza, é um momento que a gente se sente alegre, se
sente familiar no meio de jovens,principalmente, a viola que é um
instrumento bem de raiz. Então faz muito bem para a gente, então quer
dizer que para mim hoje foi ótimo e diferente.”
“Então para gente foi um dia que relembrou muito o passado. O passado
bom. Realmente foi muito bom mesmo, no dia de hoje estar com vocês”
.
Se tem algum que lembra é aquela que a gente conhece mais, mas são
todos ótimo, é uma “fisioterapia” através da música, né? Então é tudo
bom.
A gente começa a lembrar daqueles que ficaram na casa da gente e é
uma coisa que marca para gente e faz bem, porque a música levanta o
astral, neste momento de tristeza, é um momento que a gente se sente
alegre, se sente familiar
CONCLUSÕES
A Oficina de Música pode vir a ser um recurso de trabalho do psicólogo hospitalar
A Psicologia Hospitalar pode dispor de várias formas inovadoras de atuar fora do ambiente clínico
clássico adaptado-se a novas circunstâncias e pensando numa forma de promoção de saúde que possa
abranger mais pessoas.Para isso faz-se necessário uma formação mais humanística e voltada para
comunidade, pesquisando novas formas de intervenção.
As restrições das condições físicas dos pacientes não implicam em impossibilidade de receber o
atendimento psicológico. O psicólogo deve encontrar uma forma alternativa para que esse paciente
possa expressar sua vivência; é convidado a ser criativo e a buscar novas formas de compreender a
vivência do adoecimento do paciente para poder intervir em seu benefício.
Considerando que as entrevistas foram feitas durante o período de hospitalização dos pacientes,
devemos considerar que o ser-doente de cada um deles que é revelado nas entrevistas relaciona-se
também com a situação de hospitalização em que se encontravam.
REFERÊNCIAS
:
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Simonetti, Alfredo:Manual de Psicologia Hospitalar, o Mapa da Doença, São Paulo, Casa do
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Spink, Mary Jane. Contribuições da Psicologia para avançar o SUS. Trabalho apresentado no I Fórum
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_______________ Psicologia Social e Saúde, Práticas, saberes e sentidos.Petrópolis, Editora Vozes,
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