Copyright © 2007 by Maria de Fátima Gonçalves Lima DIAGRAMAÇÃO: Victor Marques REVISÃO: Sandra Rosa COORDENAÇÃO GRÁFICA: Editora Kelps Rua 19 nº 100 - St. Marechal Rondon CEP: 74.560-460 - Goiânia-GO Fone: (62) 3211-1616 Fax: (62) 3211-1075 E-mail: [email protected] homepage: www.kelps.com.br Leart Editora e Distribuidora Av. Goiás, 1.505, Centro CEP: 74.050-100 - Goiânia-GO Fone: (62) 3093-2191 CIP. Brasil. Catalogação na Fonte BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL PIO VARGAS LIM lit Lima, Maria de Fátima Gonçalves Literatura para PAS/UnB - 3ª etapa/2007: análise das quatro obras indicadas com exercícios resolvidos / Maria de Fátima Gonçalves Lima; Waldevira Bueno Pires de Moura; Sebastião Augusto Rabelo . -- Goiânia Kelps/Leart, 2007 124p. ISBN: 978-85-7766-117-6 1. Análise literária. 2. Crítica e interpretação literária brasileira. 3. Moura, Waldevira Bueno Pires de. 4. Rabelo, Sebastião Augusto. I. Título. CDU: 82.09(81) Índice para catálogo sistemático: CRÍTICA LITERÁRIA BRASILEIRA CDU: 82.09(81) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS a Leart Editora e Distribuidora Impresso no Brasil Printed in Brazil 2007 Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa APRESENTAÇÃO Literatura é arte e “grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”, instrui Ezra Pound. (POUND E. A.B.C. da literatura, 2002 p.32). A arte da palavra transfigura um mundo, traduz uma imagem, portanto, é sugestão. Nesse sentido, a obra literária nomeia a existência das coisas por meio de metáforas que pluralizam a significação do silêncio, porque dizem o indizível e possuem uma sintaxe invisível. Esta sintaxe manifesta uma plurissignificação e conduz o texto artístico para outras margens da linguagem, numa realização silenciosa da metáfora. É o silêncio do sentido. A arte tem natureza simbólica. Tal natureza e sua peculiar “estranheza” são denominadas muitas vezes de “transparência”. “Essa transparência é o que nos é obscurecido se nosso interesse é distraído pelos significados dos objetos imitados; neste caso, a obra de arte assume um significado literal e evoca sentimentos, que obscurecem o conteúdo emocional da forma”. (Langer, Sunanne K. Sentimento e Forma. 1980. p. 57). Isto porque as formas no sentido mais amplo estão numa dimensão intelectual a fim de serem percebidas. O sentimento está expresso na arte, mas ela não é feita de arranjos de elementos sensoriais, uma vez que o seu sentimento ou emoção apresenta “o caráter qualitativo de conteúdo “imaginal”, é “um espelho e uma transparência” (cf. Idem. 1980, 60) de um símbolo. O leitor necessita contemplar a arte literária com os olhos de quem ama e, com perspicácia, deve ler as entrelinhas das inúmeras sugestões. O objetivo desse trabalho é conduzir o LEITOR/ VESTIBULANDO no percurso imprescindível da leitura e compreensão das obras indicadas para o PAS/UNB. As análises, A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa elaboradas por críticos literários, orientam a leitura dos textos, indicam os aspectos estilísticos e temáticos, as informações técnicas sobre as obras, norteiam nas possíveis leituras e interpretações e apontam o conjunto imaginal e plurissignificativo de cada texto. Dessa forma, o trabalho dos ensaístas e críticos assinalam teorias e demonstram possíveis interpretações das obras literárias, pois, como já foi assegurado, a arte não se esgota em fórmulas e receitas de interpretações. Por esse motivo, a leitura da obra literária é um prazer intransferível. Sentir a arte da palavra é uma experiência que se eterniza na lembrança e no desejo do reencontro. Maria de Fátima Gonçalves Lima A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa SUMÁRIO BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA de Alcântara Machado .......................................................................................... 9 INCIDENTE EM ANTARES de Érico Veríssimo .............................................................................................. 33 QUINTANA DE BOLSO de Mário Quintana ............................................................................................. 69 O REI DA VELA de Oswald de Andrade ........................................................................................ 95 A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA DE ALCÂNTARA MACHADO UM AUTÊNTICO QUADRO SOCIAL Profª. Waldevira Bueno Pires de Moura INTRODUÇÃO Brás, Bexiga e Barra Funda é a primeira obra no gênero conto publicada por Alcântara Machado. É o segundo livro do autor, antecedido por Pathé Baby (crônica de viagens), prefaciado pelo amigo Oswald de Andrade e sucedido por Laranja da China, também no gênero conto. Inserido no primeiro tempo do Modernismo brasileiro, Alcântara Machado é uma prova inconteste de que o movimento modernista trazia naquele momento de rupturas algo de importante dentro do rol de novidades que propunha. É ele um “prosador saboroso e ágil, sagaz movimentador de figuras e observador agudo de flagrantes da vida urbana”. (SODRÉ, N.W. 1976, p.29). Como Mário de Andrade, Alcântara Machado amou de forma incondicional a cidade de São Paulo e, por isso, transformou-a em matéria ficcional. Se o primeiro cantou a capital paulista, principalmente em verso, o segundo trouxe-a com os seus mais variados aspectos na prosa de ficção. Seus dois livros de contos são um atestado de que o autor soube atenuar os exageros da primeira geração modernista através da escolha de um novo fundamento temático, ou seja, o cotidiano dos bairros periféricos de São Paulo. Brás, Bexiga e Barra Funda atesta em suas onze narrativas a simpatia do escritor pelos ítalo-paulistas que demonstravam uma vontade firme de se impor. O autor marca estas personagens pela ação numa metrópole que se formava nas duas primeiras metades do século XX. Exímio observador, Alcântara Machado monta um autêntico quadro social em que as personagens, verdadeiras representantes de uma classe em formação, buscam se interagir com os brasileiros nos bairros paulistas que dão A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa INCIDENTE EM ANTARES DE ÉRICO VERÍSSIMO Profª. Drª. Maria de Fátima Gonçalves Lima INTRODUÇÃO Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, retrata basicamente a luta pelo poder político na cidade de Antares, nome de ficção, entre duas poderosas famílias: a Oligarquia dos Vacarianos e a Oligarquia dos Campolargos, inicialmente representadas pelos patriarcas Francisco Vacariano e Anacleto Campolargo. A partir desse universo ficcional, essa análise discorre sobre o espaço literário, inserido na obra, que transfigura uma realidade. Nessa transfiguração arraiga a história do Brasil e a trama romanesca de Érico Veríssimo. Dentro da perspectiva da verdade factual, muitas histórias são movimentadas na trama do romance para descrever universos históricos da nação, entre eles a Era Vargas e um retrato do Brasil de Juscelino Kubitschek. Nesse jogo entre realidade e ficção, o romancista utiliza-se de um mecanismo denominado “realizante-irrealizante”, no qual a realidade é “recriada” e transformada pela imaginação do artista. No aspecto crítico, várias teorias serviram de base nesse estudo, mas a Teoria dos Mitos de Northop Frye norteou as análises do Modo Mítico, dos Símbolos Demoníacos e dos Exemplários Arquitípicos. Além desses embasamentos teóricos, outros procedimentos estéticos e estilísticos do romance, dentro das fronteiras do presente ensaio, foram evidenciados. No entanto, a leitura da obra é a base primeira e fundamental para compreender o nosso olhar crítico. O prazer da leitura de um bom livro é análogo ao prazer da existência, ninguém pode sentir ou viver pelo outro. É exatamente o enleio, o êxtase provocado pela obra de arte, que perturba e provoca as percepções e as sensações intransferíveis. A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa QUINTANA DE BOLSO DE MÁRIO QUINTANA Drª. Maria de Fátima Gonçalves Lima INTRODUÇÃO O objetivo do presente trabalho é guiar o estudante na leitura e compreensão da obra do poeta gaúcho Mário Quintana. Para isso, procuramos seguir algumas análises de especialistas e críticos que estudaram a obra deste artista. E, embora Jung professe que aquilo que um poeta diz acerca de sua obra, nem sempre e nem muito menos, é o que melhor se possa dizer sobre ela (JUNG, (1940), p. 342), recorremos também a alguns conceitos ministrados pelo poeta em estudo. Partimos do lirismo moderno de Quintana, percorremos suas imagens poéticas, sua metalinguagem, sua poesia e a essência dela, a função de sua poesia, sua vida, enfim, procuramos fazer um retrato didático de sua obra. As edições da obra de Mário Quintana, consultadas e citadas estão relacionadas a seguir, mas apenas Mário Quintana de Bolso possui a sigla MQB: 1. MÁRIO QUINTANA DE BOLSO – L ÚPM , 1997, (MQB) 2. MÁRIO QUINTANA - POESIA COMPLETA - Edit. Aguillar, 2005 1 O LIRISMO DE MÁRIO QUINTANA Mário Quintana é um poeta que se recusa a ser enquadrado em qualquer escola literária e orgulha-se de não ter “freqüentado” nenhuma (Cf. PEIXOTO, S. A. (1994) p. 31). Sua obra não segue nenhum modismo específico, mas percorre os caminhos da mais pura poesia lírica moderna. A poesia de Quintana tem correspondências com o Pré-Simbolismo de Baudelaire (1821 - 1867), primeiro poeta moderno a sistematizar o poema como A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa O REI DA VELA OSWALD DE ANDRADE Prof. Dr. Sebastião Augusto Rabelo. INTRODUÇAO A peça teatral O Rei da Vela, de Oswald de Andrade foi escrita em 1933, publicada em l937, mas só foi encenada em 1967. Composta em três atos possui como cenários o escritório de usura de Abelardo e Abelardo (1º e 3º atos) e a ilha tropical na Baía de Guanabara (2º ato). O texto mostra a crise de 1929 através da despudorada aliança entre a aristocracia rural falida, representada por Heloísa de Lesbos, e os novos ricos do capitalismo industrial, representados por Abelardo, agiota e dono de uma fábrica de velas. O casamento de Abelardo e Heloísa é um negócio que interessa a ambos e, principalmente, a Mr. Jones, o americano. Oswald traça um retrato sarcástico e impiedoso das elites. Em O Rei da Vela, a crise social é focalizada a partir da classe que lucra com ela: a burguesia industrial. A aristocracia falida também está presente, mas de modo cínico e pragmático: buscando aliança com a burguesia, vendendo-se a ela. Se O Rei da Vela retrata o jogo de interesses que norteia o comportamento das antigas e novas elites, constitui-se a partir de um olhar permanentemente distanciado e impiedosamente crítico. O texto transita o tempo todo nas esferas da sátira e da irreverência, o que ameniza o impacto de algumas simplificações também existentes, principalmente, na apresentação e encaminhamento de determinadas posições ideológicas, como o capitalismo e o socialismo. Os arranjos cênicos transcorrem, principalmente, na cidade; é ela o cenário da história. Um cenário onde convivem modernidade e atraso, padrões burgueses e valores derivados de uma sociedade patriarcal. A cidade é, enfim, o espaço dos contrastes e a arena onde se realizam os jogos do poder; a cidade é o cenário da História. O representante do capitalismo industrial é dono de uma fábrica de velas, indústria incipiente, que atende às necessidades de uma A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP Literatura para PAS/UNB 2007 3ª etapa Este livro foi impresso na oficina da ASA EDITORA GRÁFICA / KELPS LTDA. No papel: off-set 75g Fone: (62) 3211-1616 www.kelps.com.br A AR SP TO EN M AG FR ÃO AÇ I C RE AP