Programa de graduação em Engenharia Florestal

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1
Trabalho de Conclusão de Curso
ANÁLISE DAS ATIVIDADES FLORESTAIS
DESENVOLVIDAS EM UMA EMPRESA
PRODUTORA DE Eucalyptus spp. NO ESTADO
DO MATO GROSSO DO SUL
Bruna Hellen Ricardo
Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Curitibanos
Programa de graduação em Engenharia Florestal
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal de Santa Catarina,
Campus Curitibanos, para a obtenção do Título
de Bacharel em Engenharia Florestal.
Discente: Bruna Hellen Ricardo.
Orientador: Prof. Dr. Juliano Gil Nunes Wendt
3
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela dádiva da vida e a construção dos caminhos que
trilhei.
À vida, por me proporcionar tantas experiências maravilhosas
que me tornaram uma pessoa forte, e que deseja evoluir em todos os
sentidos, dia após dia.
Aos meus pais, que abdicaram de muitos sonhos para que eu
pudesse concretizar o meu, sempre me ajudando nesta longa caminhada,
que foi caracterizada por muitas batalhas diárias. Também por me
ensinarem os ótimos valores, pois por meio destes, estou prestes a
concluir um grande sonho, me tornando uma profissional de qualidade.
À Universidade Federal de Santa Catarina, e aos professores da
instituição, por me proporcionarem a vivência em um mundo que eu
ainda não conhecia, e por me instigarem na constante busca por
conhecimento: um bem que nunca pode ser perdido.
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RESUMO
O gênero Eucalyptus spp. é o mais cultivado entre as espécies florestais
no Brasil, correspondendo a aproximadamente 5,1 milhões de hectares
(ABRAF, 2013). O plantio está voltado principalmente ao segmento de
papel e celulose, que cresce cada vez mais no país. Muitas técnicas de
plantio, condução e manejo são utilizadas nas grandes áreas para
garantir o sucesso da produtividade das espécies florestais, em especial
o Eucalipto. Neste contexto o objetivo do presente trabalho é mostrar as
técnicas utilizadas em grandes áreas de plantio de Eucalyptus spp.
localizadas na cidade de Santa Rita do Pardo –MS; observadas em
estágio supervisionado pelo período de aproximadamente 60 dias. As
descrições vão desde o melhoramento genético das espécies e a
produção de mudas clonais do viveiro florestal localizado na
propriedade; as atividades de preparo do solo (controle de formigas
cortadeiras, subsolagem, adubação de base), plantio com o uso de
hidrogel, irrigações, adubações, manutenção de floresta com o uso de
herbicidas, inventário florestal, colheita e também tratamento
preservante de madeira através do método com pressão. Todas estas
atividades foram relacionadas às recomendações da literatura, e no geral
apresentaram resultados positivos, mostrando que a maioria das
recomendações sugeridas para grandes propriedades são seguidas.
Palavras-chave: Silvicultura clonal, eucalipto, manejo florestal,
produção florestal.
5
ABSTRACT
The genus Eucalyptus spp. is the most cultivated among species in
Brazil, corresponding to approximately 5.1 million hectares (ABRAF
2013). The planting is geared primarily to the pulp and paper, that grows
increasingly segment in the country. Many planting techniques, ride and
handling are used in large areas to ensure the success of productivity of
forest species, particularly Eucalyptus. In this context, the objective of
this work is to show the techniques used in large areas of Eucalyptus
spp. located in the town of Santa Rita do Pardo-MS; observed in
supervised internship for a period of approximately 60 days. The
descriptions range from the genetic improvement of the species and the
production of clonal seedlings of forest nursery located on the property;
activities of tillage (control leaf-cutting ants, subsoiling, fertilizer
application), planting using hydrogel, irrigation, fertilization,
maintenance of forest with the use of herbicides, forest inventory,
harvest and also preservative treatment of timber through the method
with pressure. All these activities were related to literature
recommendations, and overall were positive, showing that most of the
recommendations suggested for large properties are followed.
Keywords: Clonal forestry, eucalyptus, forest management, forest
production.
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- (A) Plantio de miniestacas em tubetes com substrato. (B)
Minicepas
do
jardim
clonal
mantidas
em
canaletões...............................................................................................27
Figura 2- (A) Presença de ovos de ácaro em folhas de minicepas; (B)
Cochonilha Branca no minijardim clonal; (C) Lagartas-rosca
encontradas no minijardim clonal; (D) Quambalaria eucalypti nas
minicepas do jardim clonal.....................................................................29
Figura 3- (A) Foto de Costalimaita ferruginea em muda no pátio de
crescimento; (B) Muda no pátio de crescimento que sofreu ataque de
Costalimaita ferruginea..........................................................................32
Figura 4- (A) Controle de formigas cortadeiras- Isca formicida
granulada próxima ao olheiro do formigueiro de formigas cortadeiras;
(B) Subsolador com adubação de base em atividade no talhão; (C)
Plantadeira associada ao caminhão pipa; (D) Atividade de plantio em
talhão......................................................................................................36
Figura 5- (A) Muda recém plantada com hidrogel; (B) Muda que
recebeu
irrigação,
dias
após
o
plantio.....................................................................................................37
Figura 6- (A) Sistema de corte de madeira de Eucalyptus spp.; (B)
Madeira classificada por diferentes sortimentos dentro do talhão; (C)
Madeira sendo recolhida e transportada para o estaleiro; (D) estaleiro à
beira do talhão........................................................................................40
Figura 7- (A) Cilindro de Autoclave no setor de tratamento de madeira;
(B) Madeira selecionada por sortimentos no carrinho, prontas para
serem
introduzidas
no
cilindro
da
autoclave.................................................................................................42
7
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO..........................................................................09
2.
OBJETIVOS...............................................................................11
2.1 Objetivo geral................................................................................11
2.2 Objetivos específicos.....................................................................11
3.
REFERENCIAL TEÓRICO......................................................12
3.1
Viveiro florestal....................................................... 12
3.1.1Principais pragas e doenças de viveiro ........................15
3.2
Preparando o solo para o plantio de Eucalipto.............................16
3.2.1 Formigas Cortadeiras....................................................................16
3.2.2 O solo e a cultura do Eucalyptus spp............................................17
3.3
Plantio...........................................................................................19
3.3.1 Irrigação de plantio..................................................20
3.4
Manutenção de floresta...............................................................20
3.4.1 Uso de herbicidas na cultura do Eucalyptus spp.........................21
3.5
Inventário florestal.......................................................................22
3.6 Colheita florestal............................................................................22
3.7 O Eucalipto e seus usos..................................................................23
3.8
Tratamento de madeira...............................................................23
3.8.1 Método sem pressão: substituição de seiva................................24
3.8.2 Método com pressão................................................24
4.
MATERIAIS E MÉTODOS....................................................26
4.1
Viveiro Florestal.........................................................................26
4.1.1 Jardim clonal..............................................................................26
4.1.1.1 Adubação no Jardim Clonal.......................................................28
4.1.1.2 Pragas e doenças em Jardim Clonal...........................................28
4.1.2
Casa de vegetação e sombra......................................................29
4.1.3
Patio de crescimento..................................................................30
4.1.3.1 Seleção.......................................................................................30
8
4.1.3.2 Toelete geral..............................................................................30
4.1.3.3 Entelamento ..............................................................................31
4.1.3.4 Irrigação.....................................................................................31
4.1.4
Rustificação e Expedição..........................................................32
4.2
Atividades no Campo................................................................32
4.2.1
Tratamento de mudas................................................................32
4.2.2
Preparo do solo e controle de formigas.....................................33
4.2.3
Controle de mato competição....................................................33
4.2.4
Subsolagem com adubação de base...........................................33
4.2.5
Regulagem do subsolador..........................................................34
4.2.6
Plantio........................................................................................34
4.2.7
Irrigação.....................................................................................35
4.2.8
Herbicida no controle de mato competição...............................36
4.2.9
Adubação...................................................................................37
4.2.10 Inventário Florestal....................................................................37
4.2.11 Colheita Florestal.......................................................................38
4.2.12 Biomassa Florestal.....................................................................39
4.3
Tratamento de madeira..............................................................39
5.
RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................42
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................48
REFERÊNCIAS....................................................................................49
9
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é o segundo país com maior área florestal, perdendo
apenas para a Rússia, totalizando 463 milhões de hectares de floresta, o
que representa 54,4% do território nacional. As áreas florestais são
compostas de florestas naturais e plantadas; destas, 456 milhões de
hectares correspondem às florestas naturais e 7,2 milhões de hectares
correspondem à florestas plantadas (SFB, 2013).
Os produtos oriundos da floresta movimentam as exportações
brasileiras, geram energia primária (caldeiras industriais, olarias, e
consumo doméstico em regiões mais carentes), além de possuir grande
importância social, pois gera milhares de empregos diretos e indiretos, e
trazem qualidade de vida à população pelos benefícios ambientais que
proporcionam (EMBRAPA, 2000). Segundo a ABRAF (2013) no ano
de 2012 a cadeia produtiva do setor florestal contribuiu para a geração
de 4,4 milhões de empregos no Brasil.
Os benefícios ambientais das florestas estão presentes em várias
esferas da sociedade, nos quais se destacam a proteção ambiental –
proteção do solo, proteção dos recursos hídricos e fauna, captura de
dióxido de carbono – e fonte de alimentos, remédios e renda
(EMBRAPA, 2000). As florestas plantadas, também apresentam
importância para a economia e para a sociedade em geral, gerando
produtos, tributos, empregos e bem-estar. Fornece matéria-prima e
produtos para exportação, contribuindo também de maneira direta para a
conservação e preservação de recursos naturais (ABRAF, 2013).
A composição de reflorestamento no Brasil conta com várias
espécies: eucalipto, pinus, acácia, seringueira, paricá, teca, araucária,
populus e outras (SFB, 2013).
A área de plantio com diferentes espécies de pinus e eucalipto
no Brasil atingiu 6,66 milhões de hectares no ano de 2012, sendo que os
plantios de Eucalyptus representam 76,6% da área total, correspondendo
a 5,10 milhões de hectares. Os estados com maiores concentrações de
plantio de eucalipto são: Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Mato Grosso
do Sul (ABRAF, 2013). A produtividade florestal brasileira vem
crescendo nos últimos anos, tanto de coníferas como de folhosas, devido
aos fatores ambientais do país e pelo uso de novas tecnologias –
melhoramento genético de sementes e clonagem de espécies florestais
(SFB, 2013).
A pesquisa realizada pela ABRAF para o ano de 2012 aponta
que 72,5% da área plantada de eucalipto está relacionada ao segmento
de papel e celulose, seguido do segmento de siderurgia e carvão vegetal,
10
que é responsável por 19,5%, painéis de madeira industrializada 7,3% e
produtores independentes 0,7% (ABRAF, 2013).
Por representar o gênero mais plantado produtivo no nosso país
e influenciar vários setores da sociedade – econômico, social, entre
outros – é que se deve dar atenção à silvicultura do eucalipto, assim
como as práticas adotadas nas áreas de plantio, pois de alguma forma,
com manejo adequado, é possível alcançar maior produtividade
florestal.
11
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar as etapas envolvidas no processo produtivo de
Eucalyptus spp. em uma propriedade localizada no Mato Grosso do Sul
e compará-las com as recomendações da literatura.
2.2 Objetivos específicos
Descrever as todas as atividades desenvolvidas no viveiro
florestal da propriedade.
Descrever as atividades anteriores ao plantio bem como o
plantio e a manutenção de floresta realizada na propriedade.
Caracterizar as atividades de colheita florestal.
Detalhar as atividades envolvidas na estação de tratamento de
madeiras.
Caracterizar todas as atividades, comparando com métodos já
utilizados na silvicultura brasileira.
Avaliar se as operações realizadas em cada setor são as mesmas
indicadas pela literatura.
12
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Viveiro Florestal
Viveiros florestais são locais onde ocorrem atividades de
produção de mudas, também conhecido como um “berçário de plantas
ou berçário de florestas”. A principal função de um viveiro florestal é
gerar um material botânico de qualidade, para que posteriormente este
material possa ser plantado em local definitivo, propiciando às plantas
condições básicas de desenvolvimento no qual possam expressar o seu
potencial genético. Nestas condições básicas se enquadram: bom
material propagativo, ambiente adequado que forneça luz e água com
qualidade, sistemas de irrigação, coberturas adequadas, eficiência no
controle fitossanitário e substratos esterilizados (GÓES, 2006).
O manejo adotado em um viveiro varia em função do sistema
escolhido, que pode ser a céu aberto, hidropônico, em leito de areia, em
tubetes; devendo-se considerar a espécie escolhida, o tipo de propágulo,
a produtividade anual e o espaçamento adotado (ALFENAS et al.,
2009).
Os principais pontos a se preocupar para a instalação de um
viveiro é a sua localização e estrutura física. Nestes aspectos está a
proximidade de estradas não pavimentadas, que deve ser evitada, a
posição em relação à orientação solar, a qualidade e intensidade da luz, e
a topografia adequada, com declividade variando de 2 a 5%.
(ALFENAS et al., 2009). Além da preocupação com a topografia do
terreno, tendo em vista a drenagem adequada do local, mais um aspecto
merece atenção, que são os quebra-ventos. A formação dos quebraventos tem por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial
dos ventos. Devem ser formados por espécies que se adaptem as
condições do local, tenham alta flexibilidade, folhagem perene,
crescimento rápido, copa bem formada e raízes profundas. As árvores
não devem projetar sombra sobre os canteiros (VILLELA &
VALARINI, 2009). Segundo Garcia & Pereira (2010), o viveiro pode
ser dividido em setores, como área aberta a pleno sol, área coberta,
estufa ou casa de vegetação, e barracão de serviços para o
armazenamento dos materiais, substratos etc.
A irrigação de um viveiro é o fator de maior importância, sendo
aplicada de forma rigorosa e em doses exatas. O excesso ou falta de
água podem comprometer rigorosamente o desenvolvimento das mudas.
13
Os métodos mais conhecidos e utilizados de irrigação são a aspersão, o
gotejamento e a irrigação manual. A adubação também é fator
determinante no desenvolvimento das plantas, já que necessitam de
nutrientes para sua sobrevivência. Os nutrientes são divididos em
macronutrientes, que são aqueles exigidos em grandes quantidades pela
planta, e os micronutrientes, que são os demandados em pequenas
quantidades (GARCIA & PEREIRA, 2010).
Em um viveiro, estão presentes conjuntos de minicepas
(doadoras de miniestacas) ou minitouças, que são mantidas em canteiro
suspenso e são chamados de minijardins clonais. Existem muitos tipos
de minijardins que se diferenciam pelos materiais usados em sua
construção, bem como os sistemas de fertirrigação, entre outros
aspectos. (ALFENAS et al. 2009). Nestes jardins, há a produção das
miniestacas, ou seja, promoção do enraizamento de partes da planta para
gerar novas mudas com produção ilimitada (FERRARI; GROSSI;
WENDLING, 2004).
Esta produção é chamada de propagação vegetativa ou
assexuada. É uma técnica de reprodução para gerar uma planta idêntica
à planta mãe, ou seja, um clone. Esta técnica é possível porque as
células contém em seus núcleos a informação necessária para gerar uma
nova planta, são células chamadas totipotentes, neste tipo de reprodução
não há a união de gametas (EMPRAPA, 2000). O objetivo é o
melhoramento das plantas para o plantio comercial (EMBRAPA
FLORESTAS, 2011). Esta é uma técnica que apresenta várias
vantagens, a principal é o ganho genético maior que na reprodução via
semente em um menor período de tempo (EMBRAPA, 2000).
Existem outros métodos de propagação vegetativa, os mais
conhecidos são o de estaquia, enxertia ou alporquia. O método mais
usado em viveiros florestais para algumas espécies do gênero
Eucalyptus spp. na obtenção de clones é o de estaquia (FERRARI;
GROSSI; WENDLING, 2004).
Na estaquia proveniente de ramos, é necessário que somente
haja a formação de um sistema radicular adventício. A formação das
raízes adventícias na estaquia se dá pela resposta a uma injúria, ou seja,
na superfície do corte da estaca. Inicialmente, no local forma-se uma
camada necrótica, composta de suberina que sela os vasos condutores,
assim prevenindo a dessecação e a entrada de patógenos. As células
vivas que estão localizadas sobre essa camada começam a se dividir, e
uma segunda camada de células do parênquima também se divide,
iniciando a formação de calos e depois a periderme. Células vizinhas ao
14
câmbio e ao floema começam a se multiplicar, dando início ás raízes
adventícias (EMBRAPA, 2000).
Na prática do estaqueamento, é muito comum o uso do AIB –
Ácido Indolbutírico. Este regulador de crescimento promove uma maior
porcentagem, velocidade, qualidade e uniformidade do enraizamento
das miniestacas. O uso de reguladores de crescimento vêm sendo
utilizados na propagação vegetativa desde a década de 70, período no
qual houve a implementação desta prática de reprodução de espécies de
eucalipto no Brasil (WENDLING & XAVIER 2005).
Um item importante a ser observado em um viveiro florestal são
os substratos, sua qualidade determinará o sucesso do enraizamento das
mudas. Os substratos escolhidos para uso em viveiros florestais devem
propiciar adequadas condições para o enraizamento e o crescimento das
mesmas. A escolha do substrato será baseada em suas características
físico-químicas e o comportamento da espécie que será propagada,
levando em consideração a uniformidade da composição, baixa
densidade, estabilidade volumétrica e granulométrica, porosidade,
elevada CTC (capacidade de troca catiônica), boa capacidade de
retenção de água, aeração e drenagem, isenção de pragas e organismos
patogênicos assim como plantas invasoras. Os substratos mais utilizados
atualmente apresentam em sua composição a casca de arroz
carbonizada, compostos de casca de eucalipto ou pinus, misturados com
vermiculita expandida em diferentes proporções (ALFENAS et al.,
2009).
A vermiculita citada anteriormente é um material muito
utilizado como constituinte do substrato devido as suas características. É
um material inerte, de baixa densidade possuindo estrutura variável,
sendo constituído de lâminas ou camadas justapostas em tetraedros de
sílica e octaedros de Ferro e Magnésio. Pode ser encontrado no mercado
com diferentes granulometrias: extrafina, fina, média e grossa
(CALDEIRA et al., 2013). Os octaedros de sua composição quando
submetidos ao calor expandem-se, melhorando as condições físicas,
químicas e hídricas do solo. A vermiculita possui a capacidade de reter a
água do solo, deixando disponível para a planta quando for preciso
(FORMENTO & SCHORN, 2003).
A temperatura é outro fator determinante no enraizamento e
também no desenvolvimento das mudas. A recomendação ótima fica
entre 25°-30° C, por este motivo em muitos viveiros são utilizadas
estufas climatizadas (ALFENAS et al., 2009).
Após o enraizamento, as mudas entram na fase de aclimatação,
para que cresçam e rustifiquem. O manejo em cada fase é diferenciado,
15
isso influencia diretamente na produtividade do viveiro. Há variação do
manejo em função do clone, da época do ano e também da região
geográfica, em razão das diferenças das condições climáticas. Na fase de
crescimento das mudas acontecem as adubações, para que haja
maximização do crescimento. Na rustificação, há uma alteração na
formulação da fertirrigação com o objetivo que a planta adquira
resistência para as condições do campo. Uma muda de qualidade deve
ser bem enfolhada, ter sistema radicular agregado com radicelas
brancas, para que haja maior absorção de água e nutrientes (ALFENAS
et al., 2009).
A expedição ocorre depois de um período de 70-80 dias. É
imprescindível o cuidado com o transporte das mudas, tanto no
armazenamento quanto no veículo, que deve oferecer proteção
adequada. As mudas precisam ser plantadas o mais rápido possível, para
evitar as perdas, que segundo Alfenas et al. (2009) variam de 3 a 4%.
3.1.1 Principais pragas e doenças de viveiro
As características dos viveiros são ideais para a instalação de
pragas e doenças. A água em abundância, as condições de umidade
relativa do ar, temperatura, substrato esterilizado, tecido vegetal e a
proximidade das mudas são fatores que predispõe o aparecimento e
favorecem o desenvolvimento de doenças fúngicas neste ambiente. Por
isso é importante um manejo correto para a prevenção das doenças
(EMBRAPA, 2001).
Dentre as principais doenças e pragas presentes nos viveiros se
destacam: Ácaro, Cochonilha branca, Quambalaria eucalypti,
Rhizoctonia solani, e o Costalimaita ferruginea.
Os ácaros incidem somente nas partes tenras da planta, sua
ocorrência é favorecida quando há deficiência de luz no viveiro,
desequilíbrio nutricional e condições precárias de manejo. Os ácaros
sugam a seiva da planta, e as folhas que são atacadas adquirem
tonalidade prateada. As cochonilhas brancas também sugam a seiva
continuadamente, formando colônias nas áreas atacadas da planta, e são
facilmente visualizadas a olho nú (ALFENAS et al., 2009).
O Quambalaria eucalypti é o agente causal da doença fúngica
de Quambalaria provocando o anelamento da haste da planta, além de
lesões foliares. As lesões se caracterizam por ter coloração marrom e a
formação de massa esbranquiçada de estruturas do fungo. Essa massa de
esporos é facilmente dispersada por insetos, pelo homem e até pelo
vento. A mancha de Rhizoctonia, causada pela Rhizoctonia solani se
16
caracteriza por manchas grandes e irregulares em folhas de diferentes
idades, nas quais apresentam coloração palha. As temperaturas amenas e
os períodos prolongados de chuva contribuem para o seu aparecimento
(ALFENAS et al., 2009).
Costalimaita ferruginea: Besouro desfolhador que faz parte do
terceiro grupo de insetos praga mais relevante para a silvicultura
brasileira, sendo encontrado nos plantios e nos viveiros. É conhecido
também como besouro-amarelo, que alimenta-se das folhas deixando-as
perfuradas ou rendilhadas. Causa redução na produtividade e também
altos custos para o seu controle (MONTES, SATO, CERÁVOLO,
2012).
3.2 Preparando o solo para o plantio de Eucalipto
3.2.1 Formigas cortadeiras
As formigas cortadeiras são um grande problema no cultivo do
Eucalipto, já que possuem o hábito de cortar partes dos vegetais, no
eucalipto em especial as folhas, para cultivar um fungo em seu ninho,
que é sua fonte de alimentação. Dentre as formigas cortadeiras estão
dois principais gêneros, que são o gênero Atta – as saúvas, e o gênero
Acromyrmex- as quenquéns (SENAR, 2010).
As saúvas possuem como característica marcante, três pares de
espinhos e tamanho avantajado. É relatada no Brasil a presença de dez
espécies de saúvas. As características marcantes das quenquéns são 4 a 5
pares de espinhos, e tamanho pequeno. São relatadas no Brasil, 20
espécies de quenquéns (SENAR, 2010).
Sobre a organização social das formigas cortadeiras, as colônias
são constituídas de castas temporárias sexuadas e as permanentes, e
também a rainha que é a fundadora da colônia. Dentre as funções estão
as jardineiras, as generalistas, as cortadeiras e escavadeiras, os soldados,
o bitu e a rainha. Seus ninhos são constituídos por câmaras ou panelas.
O número de câmaras de um ninho de saúva pode chegar a 8000 e em
profundidade de até 8 metros, já os ninhos das quenquéns possuem
poucas câmaras e são superficiais (SENAR, 2010).
As formigas cortadeiras se destacam como principal praga em
florestas implantadas de Eucalyptus spp. e Pinus spp., principalmente
nas fases de pré-corte, imediatamente após o plantio e também no início
da condução de brotação (BOARETTO & FORTI, 1997). O dano é a
redução da área foliar, deste modo comprometendo a capacidade
fotossintética da planta, e em casos de maior severidade e maiores
17
infestações, a consequência do desfolhamento é a limitação do
crescimento da planta (CANTARELLI et al., 2008).
Atualmente, existem muitos métodos de controle, que podem
ser mecânicos, culturais, biológicos e químicos, dentre os quais o
mecânico é o menos utilizado por ter viabilidade restrita. Dentre os
métodos químicos, os mais utilizados são os de produtos tóxicos
aplicados diretamente no ninho em forma de pó, líquido ou líquidos
nebulizáveis e também na forma de iscas granuladas que são aplicadas
próximas às colônias. O controle biológico ainda é uma área promissora
de pesquisa, e é feito através de predadores, parasitoides e
microrganismos patogênicos, que podem regular as populações destes
insetos. Nos métodos culturais se destacam o preparo do solo através de
aração e gradagem (BOARETTO & FORTI, 1997).
3.2.2
O solo e a cultura do Eucalyptus spp.
O solo é um fator imprescindível para o desenvolvimento da
planta. Para atingir a produtividade desejada se necessita de condições
biológicas, químicas e físicas adequadas, além de mudas de qualidade
com boa capacidade genética, associados a técnicas agrícolas aplicadas
no campo. Segundo Primavesi (2002) o que se necessita do solo é que
ele permita um bom desenvolvimento da raiz, tenha nutrientes
suficientes para a planta, conserve a maior quantidade de água
disponível, e que seja suficientemente arejado, não contendo substâncias
tóxicas que possam prejudicar a raiz. É através da raiz que os nutrientes
são absorvidos, e onde há o processamento de parte da síntese dos
aminoácidos. Também é por ela que há o abastecimento de água e
assimilação das substâncias de crescimento (PRIMAVESI, 2002).
O manejo do solo constitui-se de práticas que são
indispensáveis para o desenvolvimento das culturas, porém estas
práticas são escolhidas de acordo com as particularidades da área; por
isso a importância de um estudo do perfil do solo antes da tomada de
decisões. Mas basicamente, o manejo do solo tem como principal
finalidade criar condições favoráveis à planta, especificamente à raiz,
para que a produção ótima seja alcançada (PRIMAVESI, 2002).
Na fase de preparação do solo para o plantio de eucalipto é
muito comum um controle inicial de plantas daninhas, porque
competem com a cultura. Este procedimento é recomendado quando as
áreas do plantio estão com média ou alta infestação de plantas daninhas.
Este controle ou limpeza varia em função do tipo de vegetação,
18
topografia da área, tamanho da área. E podem ser manuais, mecanizados
ou químicos (GARCIA & PEREIRA, 2010).
A limpeza manual se caracteriza por eliminar a vegetação rente
ao solo usando como instrumento o machado, foice ou motosserra. É
utilizada em regiões onde a declividade é acentuada ou em pequenas
áreas. Já a limpeza mecanizada é utilizada em grandes áreas com
topografia favorável, no qual é feita com o uso de enxadas rotativas,
roçadeiras e outros que permitam a roçada. No caso da limpeza química,
a principal aplicação é em áreas onde haja a presença de gramíneas ou
vegetação rasteira, lançando mão do uso de herbicida: produto químico
usado para destruir ou controlar o crescimento das ervas daninhas. A
forma de aplicação pode ser feita mecanizada ou manualmente e a
escolha de produto e sua dosagem também variam de acordo com o tipo
de cobertura e o estágio de crescimento de plantas no local (GARCIA &
PEREIRA, 2010).
Wilcken et al. (2008) destaca que, as atividades ideais de
preparo de solo para o plantio de eucalipto são a adubação, correção do
solo, subsolagem com profundidade 40 à 60 cm e coveamento na linha
que foi subsolada. Alguns implementos fazem subsolagem com a
aplicação de adubo fosfatado. Garcia e Pereira (2010) relatam a
importância da atividade da subsolagem, e a consolidação da mesma,
por possuir vantagens operacionais e econômicas. Na opinião do autor, a
operação deve atingir 60 cm. Este método proporciona o crescimento
das mudas, em função do alcance das raízes a maiores profundidades e
menor exposição ao solo, fazendo com que a perda por erosão seja
reduzida. Os subsoladores são implementos compostos por uma haste de
aço com aleta na ponta, as hastes possuem três formatos: reto, curva ou
parabólica, que provocam o rompimento do solo para frente, para cima,
e para os lados, formando um corpo tridimensional triangular na linha
de preparo (SIXEL, 2009).
Sobre a adubação de base realizada em solos cultivados com
eucalipto Wilcken et al. (2008) cita que a atividade visa o fornecimento
de fósforo, cobre e zinco. Em solos que possuam baixos teores de
matéria-orgânica e potássio são realizadas adubações com pequenas
quantias de nitrogênio e potássio. Lembrando que a adubação deve ser
feita em função do teor dos nutrientes que já estão disponíveis no solo,
que é determinada através de análise de solo. Com adubos formulados
faz-se aplicação mecanizada em filete contínuo ou manualmente em
coveta lateral.
19
3.3 Plantio
É necessário que haja a escolha do espaçamento adequado para
o plantio principalmente em função da espécie escolhida e da finalidade
do plantio – celulose, lenha, carvão, serraria, etc. O espaçamento mais
utilizado no Brasil é o modelo 3 x 2 (GARCIA & PEREIRA, 2010).
Wilcken, et al (2008) defende que o espaçamento das mudas depende da
fertilidade do solo e do regime de chuvas. Espaçamentos menores
podem ser utilizados em regiões que possuem período seco inferior a 60
dias. Espaçamentos mais abertos são recomendados em regiões com
secas acima de 60 dias.
O plantio pode ser manual, mecanizado ou semi-mecanizado, e
esta escolha está condicionada à topografia do terreno e também à
extensão de área do plantio bem como os custos. O plantio manual é
realizado com uma ferramenta denominada de chucho e com uma
transplantadora de acionamento manual. O plantio mecanizado é feito
com as semeadoras ou com as transplantadoras – as semeadoras são
destinadas ao plantio de sementes, e as transplantadoras no plantio de
mudas produzidas em viveiros (FESSEL, 2003).
O uso de hidrogel é muito comum nos plantios, pois otimiza a
disponibilidade de água, e também reduz as perdas de nutrientes por
percolação e lixiviação, além de melhorar a drenagem e aeração do solo,
fazendo com que haja uma aceleração do desenvolvimento radicular e
também da parte aérea da planta. O surgimento do hidrogel se deu na
década de 50, mas só obteve melhora na capacidade de retenção de água
do polímero no ano de 1982, mas não teve êxito esperado pelo preço ser
elevado. No Brasil, só ganhou destaque a partir de trabalhos
desenvolvidos em 1998 (AZEVEDO et al., 2002).
Este polímero hidroretentor permite grande capacidade de
retenção para a planta, e possui aparência de pó antes da hidratação.
Após a hidratação torna-se uma espécie de gelatina. Os polímeros
evitam que a água evapore. A função principal é liberar água quando
estiver em contato com as raízes e reter água da chuva ou irrigação e
liberá-la aos poucos, para que o solo fique úmido (CARDOSO, 2013).
Cardoso (2013) ainda enfatiza que esta tecnologia é muito
importante para o desenvolvimento inicial da planta, já que garante a
sobrevivência da muda que ainda não desenvolveu raízes suficientes
para buscar água em regiões mais profundas do solo. É importante
salientar que o gel é biodegradável e não compromete o meio ambiente
por possuir pH neutro.
20
3.3.1 Irrigação de plantio
Dos fatores ambientais que podem prejudicar ou causar estresse
em uma planta a água é o mais limitante, pois afeta as relações hídricas
e altera o metabolismo da planta. O estresse hídrico é a principal causa
de perdas de produtividade agronômica e florestal (VELLINI et al.,
2008). Por ser uma espécie de rápido crescimento, o eucalipto possui um
alto gasto energético resultando em grande necessidade hídrica
(BERTOLI, LOPES; 2011).
Segundo Wilcken et al., (2008), em plantios irrigados de
eucalipto a indicação é a aplicação de 2 a 4 L de água por muda, em
duas a quatro irrigações, sendo que uma deve ser feita após o plantio e
as outras uma vez por semana até 30 dias. Quando há o uso do hidrogel,
deve-se fazer duas irrigações, sendo uma após 3 dias do plantio e a outra
apenas dez dias após a primeira irrigação.
3.4 Manutenção de floresta
Garcia & Pereira (2010) sugerem que o replantio deve ser
realizado no período de 30 dias após o plantio caso a ocorrência de
mortalidade seja superior a 10%. Correia et al (2013) também sugere o
replantio acima de mortalidade de 10%. O intuito é melhorar a
produtividade, porém é oneroso e a escolha de realizar a operação
depende de fatores técnicos e econômicos.
Além do replantio, várias atividades estão envolvidas no pósplantio e na manutenção da floresta, a adubação de cobertura é uma
delas. Esta é uma prática muito importante que visa ajudar no
crescimento e desenvolvimento adequado da planta fornecendo
nutrientes de alta mobilidade no solo – nitrogênio, potássio e boro.
Geralmente a primeira adubação de cobertura é feita entre 75 a 90 dias
após o plantio e a segunda entre seis e nove meses após o plantio. Os
adubos devem ser colocados em coroa quando a aplicação for manual ou
em filete contínuo quando for mecanizada, em aproximadamente 30 cm
do colo da muda. A sugestão é a de que as doses totais de nitrogênio
sejam parceladas em 30 a 40% na primeira cobertura, e 60 a 70% na
segunda cobertura (WILCKEN et al., 2008).
A adubação de manutenção é realizada entre 18 e 24 meses
após o plantio. Um monitoramento deve ser realizado entre 12 e 18
meses de idade da floresta para identificar qual nutriente está limitando
o crescimento do eucalipto. A recomendação da adubação será baseada
nesse monitoramento (WILCKEN et al, 2008).
21
3.4.1 Uso de Herbicidas na cultura do Eucalyptus spp.
Novos controles contra plantas daninhas também são realizados
após o plantio. Segundo Garcia & Pereira (2010), este controle deve ser
realizado entre o 4° e o 6° mês de cultivo. Após este período a
infestação tende a diminuir em função do fechamento das copas das
árvores. Destacando que, as plantas daninhas competem por água, luz e
nutrientes com as mudas, e apresentam maior interferência nas fases
iniciais de crescimento das plantas de eucalipto, até 1 ano de idade
(TOLEDO et al., 2003).
Em áreas florestais, o manejo das plantas daninhas é realizado
pelo emprego de métodos mecânicos e químicos, isolados ou
combinados. Os herbicidas mais empregados em áreas florestais são
oxyfluorfen e glifosato, sendo que o último é empregado em grande
escala pois é utilizado em pós-emergência das plantas daninhas
(TOLEDO 1998 apud TOLEDO et al., 2003).
Segundo Krejci (1987) alguns itens importantes devem ser
considerados na tomada de decisão sobre a utilização de herbicidas: 1local de aplicação – em função do grau de infestação, tipos de ervas
existentes, dosagem e forma de aplicação; 2 - Relação custos x benefício
– preço dos produtos, eficácia de controle com os métodos tradicionais.
3 - Preparo do solo – verificar a presença de torrões, brotações de tocos
e remanescentes de vegetação anterior, que comprometem os resultados.
4 - Época de aplicação – Está relacionado com o período de
desenvolvimento das ervas; 5 - altura das mudas – alturas das mudas em
torno de 50 a 60 cm são as mais indicadas em área de aplicação de
herbicida, por possibilitar aplicações dirigidas na linha do plantio. 6 Qualidade de aplicação e repasses – é o fator mais importante dentro do
contexto de herbicidas. As exigências na qualidade são maiores se o
produto for pré-emergência pois não há a possibilidade de “conserto”.
Na utilização do pós-emergente ainda há a possibilidade do repasse para
cobrir as falhas de aplicação.
O herbicida glifosato tem apresentado excelentes resultados no
controle do pós-emergência, com eficiência em torno de 90% após 150
dias de aplicação em plantio de eucalipto. Este produto é o que mais
apresenta eficiência no controle de Brachiaria humidicola que sem sua
erradicação, comprometem seriamente o desenvolvimento das plantas.
Para o uso do glifosato é fundamental que a erva daninha esteja em
pleno crescimento vegetativo (KREJCI, 1987).
No controle em pré-emergência se destaca o oxyfluorfen, que
apresenta bons resultados em controle de sementes e desenvolvimento
22
de mudas. Em experimentação, o produto mostrou-se eficiente em um
período de 180 dias, o que vai além das expectativas (KREJCI, 1987).
3.5 Inventário florestal
É uma técnica para estimar a produção florestal, que pode ser
realizado sob diferentes níveis de detalhamento e em diferentes pontos
no tempo. São procedimentos para obter informações sobre quantidades
e qualidades dos recursos florestais e de características das áreas em que
as árvores estão se desenvolvendo. Um inventário pode fornecer
diversas informações, entre elas estão: estimativas de área, descrição de
topografia, mapeamento da propriedade, descrição de acessos, facilidade
de transporte de madeira, estimativas de diferentes recursos florestais,
incremento médio anual, volume de madeira e estimativas de
crescimento se o inventário for realizado mais de uma vez (SOARES,
DE PAULA NETO, SOUZA; 2012).
Existem vários tipos de inventário, normalmente estes são
definidos pelo seu objetivo. Entre os mais comuns estão: pré-corte,
(realizado antes da exploração florestal), convencional (realizado para
obtenção do volume de madeira), contínuo (para verificar as mudanças
ocorridas em uma floresta), planos de manejo (com alto grau de
detalhamento), e de sobrevivência (realizado após o plantio para
verificar o percentual de sobrevivência das mudas no campo)
(SOARES, DE PAULA NETO, SOUZA; 2012).
3.6 Colheita Florestal
O sistema de colheita no Brasil por volta dos anos 70 era feito
apenas com o uso da motosserra. Os processos subsequentes de
descascamento, baldeio, traçamento e processamento eram feitos de
forma bem rústica. Apenas por volta dos anos 90 é que máquinas
pesadas começaram a ser utilizadas. Hoje, existem três tipos de
principais sistemas de corte e derrubada florestal: Motosserra, Harvester
e Feller Buncher (WILCKEN et al., 2008).
No sistema de corte com motosserra, alguns aspectos devem ser
observados para tomada de decisões. Deve-se observar a direção da
queda da árvore com atenção, para evitar acidentes, certificar se a árvore
está oca, e preparar caminhos de fuga para a equipe para evitar acidentes
no momento da queda da árvore (GARCIA & PEREIRA, 2010).
A técnica padrão de corte é a sequencia de três entalhes, o
primeiro é a abertura da boca com um corte horizontal no tronco no lado
23
da queda da árvore, a uma altura aproximada de 20 cm do solo; o
recomendado é que este corte atinja 1/3 do diâmetro da árvore. O
próximo passo é um corte na diagonal até que atinja a linha de corte
horizontal, havendo a formação de um ângulo de 45°. O terceiro e
último passo é o corte de abate de forma horizontal no lado oposto da
boca; este corte deve ser feito à 30 cm do solo. A parte não cortada,
chamada de dobradiça apóia a árvore durante a queda para que esta caia
na direção da abertura da boca (GARCIA & PEREIRA, 2010).
3.7 O Eucalipto e seus usos
A madeira de eucalipto e os produtos da colheita florestal são
muito diversificados, dos quais podem ser citados os óleos essenciais
extraídos das folhas de Eucalyptus citriodora, que são utilizados na
indústria farmacêutica e produtos de higiene; e os produtos provenientes
da madeira, que podem ser usados como combustível, madeira para
construções, matéria prima para pasta celulósica e papéis, painéis (MDP,
MDF, compensados), móveis, etc (EMBRAPA, 2000).
Além desses usos, a madeira do eucalipto ainda pode ser
destinada para geração de energia. Esta provém de árvores de pequeno
diâmetro, ou de galhos, bem como das sobras das árvores. Esta madeira
transformada em energia pode ser utilizada para consumo doméstico
(fogões à lenha, lareiras), ou também em alguns segmentos da indústria,
como fornos de cerâmicas, olarias, etc. Já a madeira picada serve como
combustível industrial, em caldeiras, que são comuns à diferentes tipos
de indústrias (EMBRAPA, 2000).
3.8 Tratamento de madeira
Preservantes de madeira são produtos químicos tóxicos aos
fungos e insetos xilófagos que comprometem as propriedades da
madeira e consequentemente sua durabilidade. Os preservativos são
agrupados em três tipos básicos: oleosos, oleossolúveis e hidrossolúveis.
Os oleosos são de natureza oleosa, os oleossolúveis são aqueles que são
dissolvidos em algum tipo de solvente orgânico, e os hidrossolúveis são
aqueles que o dissolvente é a água. Os hidrossolúveis são os mais
utilizados, onde no mercado brasileiro se destacam dois produtos:
Arseniato de Cobre Cromatado à base de cromo, cobre e arsênio, e
Borato de Cobre Cromatado à base de cromo, cobre e boro. Também há
diversidade entre os processos de preservação de madeira, que
24
basicamente são divididos em duas categorias: métodos sem pressão ou
caseiros e métodos com pressão ou industriais (JANKOWSKY, 1990).
3.8.1 Método sem pressão: substituição de seiva
Existem vários métodos caseiros para efetuar a preservação da
madeira, como o de pincelamento, pulverização, imersão, banho quentefrio, porém no tratamento de mourões o processo que mais se destaca é
o de substituição de seiva. Este método consiste em substituir a seiva da
madeira ainda verde pela solução preservativa e deve ser feito no
máximo 24 horas após o corte. Vários produtos podem ser utilizados
como preservantes neste método, o mais utilizado é o Borato de Cobre
Cromatado. Dependendo da região em que é realizada e dos fatores
climáticos o tempo de imersão pode variar de 7 a 40 dias. Quando são
tratados de maneira correta possuem garantia de durabilidade de 10 a 15
anos (GARCIA & PEREIRA, 2010).
O processo se inicia com o preparo dos mourões, que devem ter
suas extremidades cortadas em chanfro ou bisel, lembrando que as peças
não devem ter mais de 2,5m de comprimento e 16 cm de diâmetro. As
cascas dos mourões devem ser removidas antes do procedimento.
Raspa-se a base do mourão que irá ficar imersa na solução preservante
para facilitar a penetração, o mesmo deve ser emerso em cerca de 80
cm. No preparo da solução a recomendação é a proporção para cada 100
L de água: 1000 g de Dicromato de potássio, 650 g de ácido bórico, 880
g de sulfato de cobre, e 25 mililitros de ácido acético. No final do
tratamento, a impregnação de produto deverá ser de 6,5 kg por m³ de
madeira (GARCIA & PEREIRA, 2010).
3.8.2 Método com pressão
Os métodos de tratamento de madeira com pressão, também
chamados de industriais, se destacam pela qualidade e alta eficiência
com um ótimo controle da retenção e penetração do preservativo na
madeira, além de proporcionar economia de tempo no tratamento e ter
garantia de maior proteção da madeira (MENDES & ALVES, 1988
apud VIVIAN et al, 2012).
Nesse processo, grandes cilindros de aço são utilizados, e nele
há o controle de vácuo e pressão, onde os produtos químicos
preservantes são injetados no interior da madeira através da pressão. Os
cilindros de aço são chamados de autoclave (JANKOWSKY 1990).
25
Existem duas categorias nos métodos com pressão, que são:
Célula cheia e célula vazia. O de célula cheia ou processo Bethell é o
mais importante, tendo por finalidade preencher ao máximo as células
da madeira e se diferencia do método de célula vazia por haver um
vácuo inicial para extrair o ar das células e facilitar a penetração do
preservativo da madeira (APPEL et al, 2006).
26
4. MATERIAIS E MÉTODOS
As atividades caracterizadas a seguir foram realizadas na Santa
Vergínia Agropecuária e Florestal LTDA, empresa situada no Mato
Grosso do Sul, na cidade de Santa Rita do pardo, tendo como principais
atividades o plantio de eucalipto e a bovinocultura, distribuídos em 33
000 hectares.
A empresa conta com viveiro florestal, que faz a venda de
mudas florestais de eucalipto, e fornece para o plantio na própria área;
fornece madeira destinada à celulose para grandes empresas e também
madeira destinada à mourões, as quais recebem tratamento com
preservante na própria estação de preservação de madeira da empresa.
4.1 Viveiro Florestal
4.1.1 Minijardim clonal
O minijardim clonal da Santa Vergínia Agropecuária e Florestal
foi construído em canaletões, que contam com o uso de areia no cultivo
das minicepas de Eucalyptus spp., esta escolhida por ser um material
inerte e apresentar características físico-químicas adequadas para este
cultivo. As camadas de areia são de granulometria distintas, nas quais as
de maior granulometria são colocadas na superfície para minimizar o
crescimento de musgos e algas. Plantas invasoras também são
erradicadas, pois competem por água, nutrientes e luz. Os canaletões são
constituídos de amianto, os quais são montados sobre suportes de
alvenaria. Seu leito é forrado com plástico resistente e extremidades
vedadas. A quantidade de minicepas plantadas nos canaletões chega a
1200. Mudas novas com material genético escolhido pela empresa, são
plantados nos canteiros e mantidos sob constante condução pelo período
de dois meses, até que possam estar enfolhadas e adequadas à formação
das minicepas. A condução das minicepas se faz pela retirada dos brotos
extranumerários e manutenção (EMBRAPA, 2003). O período de
condução é feito até que possa produzir miniestacas de qualidade, sendo
que as minicepas são trocadas a cada 5 anos. As miniestacas são
coletadas pelo broto apical, ou seja, na porção terminal do ramo
possuindo de 8 à 10 cm. Estas miniestacas apicais enraízam mais
precocemente que as basais, e formam um sistema radicular de melhor
estrutura. As miniestacas são selecionadas com dois pares de folhas que
posteriormente são seccionadas transversalmente a cerca de um terço do
27
comprimento ou mais, e transplantadas nos tubetes com substrato, para
posteriormente serem deslocadas até a casa de vegetação.
Figura 1- (A) Plantio de miniestacas em tubetes com substrato. (B) Minicepas
do jardim clonal mantidas em canaletões.
Fonte: Acervo pessoal.
O substrato utilizado nos tubetes, onde as miniestacas são
plantadas depois de coletadas é composto de uma mistura de fibra de
coco, palha de arroz, vermiculita expandida, P Ca S, termofosfato
magnesiano yoorin master, e um mix de N P K Mg B Cu Mn Mo Fe Zn,
que são fertilizantes de alta qualidade. Há uma exceção quando o
material genético a ser estaqueado é o H15. Neste caso, é adicionado na
mistura mais um fertilizante composto de N P K.
A irrigação no jardim clonal é feita a cada 2 horas. E atualmente
a fertirrigação é realizada 5 vezes ao dia. Estas atividades irão variar
conforme a necessidade do jardim, ou seja, a partir de análises foliares
obtêm-se o estado nutricional das minicepas, e a recomendação da
assessoria à cerca da realização das atividades. O jardim clonal é
dividido entre os canteiros mantidos sob teto translúcido e céu aberto,
onde: - Nos canteiros do teto translúcido estão os materiais genéticos:
C041 e SVA144. - Nos canteiros a céu aberto estão: VR3709, H1069,
SV003, e H15. Os materiais genéticos do Jardim clonal são híbridos de
Eucalyptus urograndis, originadas do cruzamento entre E. urophylla x
E. grandis, com o objetivo de desenvolver plantas com um bom
crescimento e obter melhor densidade, rendimento e propriedades físicas
da celulose.
A exceção está no material SV003, que são clones ainda em
experimentação e testes, originários do híbrido Corymbia citriodora X
28
E. torelliana. Nesta variedade, é utilizado o hormônio AIB – Ácido
indolbutírico - no estaqueamento.
4.1.1.1 Adubação no minijardim clonal
Macronutrientes e micronutrientes são usados na adubação do
jardim clonal através de fertirrigação ou bomba costal. A análise foliar
promovida por assessoria contratada pela empresa permite que as
quantidades de macro e micronutrientes sejam dosadas de maneira
correta, ou seja, de acordo com as carências nutricionais encontradas nas
minicepas. Na adubação são utilizados: Nitrato de cálcio, cloreto de
potássio, MAP, cloreto de cálcio, sulfato de amônio, ureia e sulfato de
magnésio. Ainda fazem parte da adubação: ácido bórico, ferro
quelatado, sulfato de zinco, sulfato de cobre, sulfato de manganês, e
molibdato de sódio. A diluição ocorre em uma caixa d’água de 1000 L
em 40 vezes, nos quais inicialmente são diluídos os macronutrientes, e
posteriormente os micronutrientes. Estes compostos são utilizados no
jardim clonal e também no pátio de crescimento.
4.1.1.2 Pragas e doenças em jardim clonal
Durante o período de estágio, houve o aparecimento de pragas e
doenças no jardim clonal. As pragas mais frequentes que ocorrem no
mesmo são:
Ácaro: ovos de ácaro foram localizados em folhas de minicepas.
São pequenos ovos de coloração branca, geralmente depositados na
superfície inferior das folhas. Os ácaros observados são de vida livre e
podem causar necrose das folhas. O tratamento é realizado com o uso de
acaricida/inseticida Abamectina ou Vertimec – 1 mL/L + Savey 0,3g/L.
Cochonilha branca: atacam as minicepas do jardim clonal com
severidade, fixando-se em várias partes da planta, se alimentando da
seiva da mesma. O tratamento utilizado é o do inseticida Evidence – 1g
+ 2 mL de óleo mineral por litro de solução.
Lagartas-rosca: possuem hábito noturno, e seccionam a muda
geralmente no coleto e nas folhas. A presença de fezes e os danos nas
folhas denunciam a sua presença. O combate se faz com o inseticida
Decis ou Lanat usando 1 mL de produto a cada litro.
A doença com maior ocorrência no jardim clonal é causada pelo
fungo Quambalaria eucalypti. É uma doença que provoca anelamento
da haste das minicepas e lesões foliares. As lesões observadas são de cor
29
marrom com a formação de uma massa esbranquiçada de estruturas do
fungo. O controle é feito com o uso do fungicida Ópera de 1 mL/L.
Figura 2- (A) Presença de ovos de ácaro em folhas de minicepas; (B)
Cochonilha Branca no minijardim clonal; (C) Lagartas-rosca encontradas no
minijardim clonal; (D) Quambalária eucalypti nas minicepas do jardim clonal.
Fonte: Acervo pessoal.
4.1.2
Casa de vegetação e sombra
As bandejas de miniestacas são colocadas na casa de vegetação
até completarem o espaço disponível da casa; este processo dura
aproximadamente 5 dias. A partir disso se inicia a contagem de 20 dias
de período de enraizamento – até a retirada das mudas para o pátio de
crescimento. Neste local as miniestacas ficam por período de 20 a 30
dias – o tempo varia em função das condições climáticas, inverno ou
verão – para que possam enraizar e passarem para o pátio de
crescimento.
A temperatura nas casas de vegetação é de 32°C. É essencial
que o ambiente seja estritamente controlado para que haja sucesso no
enraizamento. Há irrigação por nebulização intermitente com controle
automático. As janelas sempre são reguladas de acordo com o objetivo
da temperatura, que sempre deve ser de 32°C. Após a casa de vegetação,
as mudas podem ficar em casa de sombra de 5 a 7 dias ou passarem
diretamente para o pátio de crescimento, isso pode variar em função do
espaço disponível nos locais.
A doença mais comum na casa de vegetação e sombra é o fungo
Rhyzoctonia solani; as pragas encontradas são as Lagartas rosca, que
aparecem se trazidas do jardim clonal por descuido.
30
4.1.3 Pátio de crescimento
O pátio de crescimento recebe as mudas da casa de vegetação,
as quais permanecem nele por um período de 30 dias - isso dependerá
do desenvolvimento e crescimento de cada muda como também do
espaço disponível no pátio de rustificação. Mudas consideradas de
qualidade, que apresentem um sistema radicular ativo, retidão, livre de
doenças, bem nutridas, e de espessura de caule considerável, com 50 a
60 dias estão prontas para ir ao processo de rustificação.
A adubação do pátio de crescimento é a mesma utilizada no
jardim clonal. As atividades realizadas neste pátio são: catação, toalete
geral, e entelamento. Estas são descritas a seguir:
4.1.3.1 Seleção
Processo no qual as mudas em desenvolvimento são separadas
por tamanho, para que as menores recebam adubação e fiquem por mais
tempo no pátio e possam crescer e ter um bom desenvolvimento, e as
maiores sejam selecionadas para o crescimento por menor tempo e a
rustificação. Os critérios de seleção são a espessura do coleto, altura e
retidão. Este processo acontece até três vezes até que se faça o toalete
geral, e as colaboradoras possuem algumas classificações como
referência para fazer a separação: são separadas em fracas (de pequena
espessura e tamanho, necessitando de novas adubações para seu
desenvolvimento), e pelos números 1, 2 e 3, que determinam seu
tamanho e espessura de forma decrescente.
4.1.3.2 Toalete geral
Consiste em fazer a “limpeza” das mudas retirando novos
brotos e galhos que estejam em competição com o ápice. Isso permite o
bom desenvolvimento das plantas. As mudas chamadas “tombadas”, que
são aquelas que sofreram má formação por ação do vento, força
mecânica, ou origem genética, na qual estão severamente ou
inteiramente dobradas, e são descartadas, já aquelas que estão apenas
com um desenvolvimento ruim ficam por um período maior no
crescimento, recebendo adubação e cuidados necessários.
31
4.1.3.3 Entelamento
Ato de entelar as mudas, ou seja, coloca-las nas grades que
possuem cem células, nas quais os tubetes são encaixados. No pátio de
crescimento o entelamento é feito com intensidade de 60%, isto
significa que, das cem células de cada grade, 60 são usadas pelos
tubetes. A intensidade escolhida varia de acordo com o tamanho das
mudas, enquanto no crescimento elas são mantidas com intensidade de
60%, por serem menores e exigirem menor espaço para o seu
crescimento e desenvolvimento, na rustificação o entelamento é feito
com intensidade de 42%, opção escolhida porque as mudas já possuem
maior tamanho, e exigem maior espaço para seu desenvolvimento.
4.1.3.4 Irrigação
O período de tempo de irrigação varia conforme as condições
climáticas. No período de verão, com a ausência de chuvas, o tempo em
cada válvula é de até 10 minutos. O tempo de irrigação é igual para o
pátio de crescimento e rustificação. O período de adubação é de 3
minutos com posterior irrigação de 3 minutos, em alguns casos a
adubação pode ser feita com o uso de regadores.
As doenças de comum ocorrência no pátio de crescimento são
as bacterioses, enquanto que as pragas são o Costalimaita ferruginea e
as lagartas. No controle de lagartas, o tratamento utilizado é o mesmo do
jardim clonal, e o controle do Costalimaita ferruginea é realizado com o
uso do inseticida Evidence – 1g/L ou Actara 250 WG – 1g/L + Decis 25
SC – 1,5 ml/L.
Figura 3 - (A) Foto de Costalimaita ferrugínea em muda no pátio de
crescimento; (B) Muda no pátio de crescimento que sofreu ataque de
Costalimaita ferrugínea.
Fonte: Acervo pessoal.
32
4.1.4 Rustificação e expedição
Mudas de boa espessura, retidão e tamanho ficam na
rustificação por um período de 15 dias. A adubação no período de
rustificação é diferenciada. Apenas nutrientes à base de fósforo e
potássio são utilizados. Fontes de nitrogênio são excluídas da adubação.
A adubação recomendada possibilita que haja uma diminuição do ritmo
do crescimento em altura e aumento do diâmetro do colo, o que melhora
a reserva nutricional para o período do pós-plantio.
No término do período de rustificação, as mudas estão prontas
para o plantio. Elas são retiradas das telas e colocadas em caixas para
serem transportadas até a área de plantio.
Os tubetes são reutilizados muitas vezes. Ao retornarem do
plantio, são higienizados no lavador de tubetes e posteriormente voltam
para o estaqueamento no jardim clonal. O desperdício de substrato é de
aproximadamente 15%. Parte dele é reaproveitado depois de passar por
tratamento adequado devido à possíveis doenças ou contaminações.
4.2 Atividades no campo
4.2.3 Tratamento de mudas
O processo se inicia com o recebimento das mudas produzidas
no viveiro, as quais passam por um tratamento contra cupim. Este
tratamento consiste em imergir a raiz da muda – para isto são usadas as
caixas contendo 200 mudas - em uma solução composta por água e o
inseticida sistêmico Evidence por um período de tempo de
aproximadamente 30 segundos, e posterior retirada do excesso do
produto deixando a caixa com pequena inclinação.
No preparo da solução são utilizados para cada 100 litros de
água, 300 gramas de Evidence, que servem para o tratamento de
aproximadamente 8000 mudas. A imersão é feita com os tubetes, para
que as raízes não fiquem amolecidas na hora do plantio.
Após a imersão e escorrimento do excesso do produto, os
tubetes são retirados e as mudas estão prontas para o plantio. O ideal, na
retirada dos tubetes, são mudas com até 40 cm de comprimento, e idade
de 80 a 90 dias. Isto facilita a retirada dos tubetes. Mudas mais velhas
apresentam maior dificuldade na retirada.
33
4.2.4 Preparo do solo e controle de formigas
Importantes medidas são tomadas antes do plantio: combate à
formiga cortadeira, controle de mato competição, gessagem e calagem, e
o preparo do solo.
A primeira delas é o controle de formigas. O primeiro controle
de formigas é feito 30 dias antes do plantio. Este é realizado com isca
formicida granulada, que tem como princípio ativo a sulfluramida (que
possui substâncias atrativas), o produto age por ingestão e contato.
Inicialmente, os operadores estimam o tamanho do formigueiro.
Com esta informação calculam-se quantas gramas de produto é utilizada
por formigueiro. A dose recomendada pelo fabricante do produto é de
10 g/m². As iscas são colocadas em aproximadamente 10 cm de
distância dos olheiros, e em 10 cm de distância das trilhas ou carreiros.
Isto faz com que a passagem das formigas não seja interrompida, e as
formigas carreguem a isca para dentro do formigueiro.
Esta operação é feita mais de uma vez no local. Faz-se o
combate inicial e o repasse se necessário, 60 dias após o primeiro. Ainda
assim, é recomendado que haja um monitoramento no primeiro ano de
plantio, e a partir disso um monitoramento anual, para evitar a
proliferação destas formigas.
4.2.5 Controle de mato competição
A dessecação é realizada 10 dias antes do plantio, com objetivo
de não haver fitotoxidade na planta. Nesta operação são utilizados 3,5
kg de glifosato para cada hectare. A quantidade em litros pode variar em
razão da presença ou não de capim resistente. Nestes casos a variação é
de 140 L/ha até 180 L/ha. Este produto é recomendado para o controle
na pós-emergência.
4.2.6 Subsolagem com adubação de base
O subsolador descompacta o solo em uma profundidade de 50
cm. Esta medida é realizada para beneficiar o desenvolvimento radicular
da planta. Este precisa de terra descompactada para um bom
crescimento e desenvolvimento. Além de descompactar o solo, realiza a
adubação em filete contínuo, a qual é feita a partir do recomendado pela
assessoria.
O fertilizante usado é o mineral misto Fertipar, que possui em
sua composição: NPK 10:28:10; 0,2% B + 0,48% Cu + 0,51% Zn. A
34
adubação ocorre a um distância de 25 a 30 cm da base, sempre tomando
cuidado para que posteriormente a raiz não atinja diretamente o adubo.
A recomendação de quantidade de adubo/hectare varia conforme o
talhão.
O subsolador também auxilia na limpeza do local do plantio
eliminando a mato competição. Ele também faz a marcação da cova para
o plantio, beneficiando a orientação no plantio, assim como a irrigação,
que será mantida por mais tempo em cada cova.
4.2.7 Regulagem do Subsolador
Para realizar a regulagem do subsolador, algumas informações
são necessárias: quantos kg de adubo serão usados por ha, quantas
plantas por hectare existem na área, o tempo que o trator percorre em 50
m e a quantidade de plantas existentes em 50 m. Os cálculos são feitos
da seguinte maneira:
Espaçamento no talhão: 3,5 x 2,0 = 7 m²
1 hectare: 10 000 m²
10 000 m² ÷ 7 m² = 1428 plantas/hectare.
370 kg de adubo (o recomendado para aquele determinado
talhão) ÷ 1428 plantas = 259 g/planta.
260 g de adubo x 25 plantas (quantidade de plantas em 50m) =
6,5 kg de adubo para cada 50m. Se a máquina percorre 50m em 30
segundos, a cada 30 segundos, a máquina precisa liberar 6,5 kg de
adubo.
4.2.8 Plantio
O plantio é realizado empregando-se o hidrogel com o intuito
de manter a umidade do solo por mais tempo. O preparo da mistura é
composto por 25 kg do produto (hidrogel em pó) para cada 6000L de
água. Cada planta recebe aproximadamente 550 a 600 mL de hidrogel.
Por dia, aproximadamente 16000 mudas são plantadas por 5
colaboradores com o auxílio de plantadeira conectada ao caminhão pipa,
que transporta a solução de gel, e 1 colaborador trabalha com a
reposição de mudas para os plantadores. O caminhão permite
regularidade na velocidade do plantio, e com 5 pessoas realizando o
plantio, consequentemente 5 linhas são plantadas simultaneamente. No
final das linhas plantadas, bandeiras são usadas para que as mesmas
fiquem ordenadas no talhão. A profundidade da muda quando plantada é
35
de aproximadamente 12 cm – medida de comprimento do tubete – ideal
para evitar injúrias, como a seca de coleto, consequência do
enterramento de parte do caule ocasionada por enxurradas.
Figura 4 - (A) Controle de formigas cortadeiras - Isca formicida granulada
próxima ao olheiro do formigueiro de formigas cortadeiras; (B) Subsolador com
adubação de base em atividade no talhão; (C) Plantadeira associada ao
caminhão pipa; (D) Atividade de plantio em talhão.
Fonte: Acervo pessoal.
4.2.9 Irrigação
A frequência de irrigações irá variar conforme as condições
climáticas no que se refere ao momento do plantio e nos dias
subsequentes. Quando o clima está de acordo com o esperado, com
temperaturas pouco elevadas e com chuvas frequentes, são feitas três
irrigações, no 5°, 10° e 15° dia, porém se houver tempo seco, sem
chuvas, com temperaturas muito elevadas, faz-se até seis irrigações.
As irrigações também são feitas através de caminhão pipa assim
como no plantio. Ao todo cinco operadores fazem a irrigação, que
ocorre em 5 linhas simultaneamente. As plantas recebem de 3 a 3,5 L de
36
água cada uma. Depois da primeira irrigação, as demais são feitas
conforme a necessidade.
Figura 5- (A) Muda recém plantada com hidrogel; (B) Muda que recebeu
irrigação, dias após o plantio.
Fonte: Acervo pessoal.
4.2.10 Herbicida no controle de mato competição
A aplicação de herbicida pré emergente é feita no período de 15
a 20 dias após o plantio. Nas florestas geralmente os pré-emergentes são
usados após o plantio ou na reforma da floresta.
Após 90 dias do plantio, continua-se o controle contra plantas
daninhas, para que não haja um decréscimo na quantidade e qualidade
da produção. Para isso utiliza-se um pequeno trator adaptado com
pulverizador e lâmina garfo, conhecido na região como “lamininha”,
para a aplicação de produto pré-emergente Provence, herbicida seletivo
sistêmico do grupo químico isoxazol, indicado no controle de
gramíneas.
Após 45 a 60 dias do controle com a “lamininha”, aplica-se o
pós emergente Roundup WG - herbicida não seletivo de ação sistêmica
do grupo químico glicina substituída (glifosato). A seletividade é por
aplicação dirigida, com o uso de equipamentos adequados para isso, a
aplicação é realizada nas entrelinhas do plantio com pulverizador de
arrasto que é revestido por uma saia de borracha para evitar a deriva do
herbicida, conhecido como “conceição”, que possui 3 bicos
pulverizadores. Quando necessário é realizado o repasse do herbicida,
37
com um intervalo de 2 a 3 semanas da primeira aplicação. A quantidade
utilizada é 2,5 kg de produto por hectare.
Ainda quando necessário, é utilizado o pós-emergente Verdict
somente nas linhas do plantio, por apresentar um elevado valor
comercial. O Verdict é um herbicida Seletivo do Grupo Químico Ácido
Ariloxifenoxipropiônico, que apresenta muita eficiência no controle da
mato competição. A quantidade utilizada é de 2 a 2,5 kg por hectare.
4.2.11 Adubação
As adubações são aplicadas conforme a recomendação da
assessoria, que faz análises do solo da propriedade, e conforme os
resultados, indica a quantidade de nutrientes em cada talhão, são eles:
cloreto de potássio, sulfato de amônio grosso, nitrato de amônio e boro.
A primeira adubação acontece 30 dias após o plantio. A
quantidade de adubo por hectare é de 70 kg. A segunda ocorre 6 meses
após o plantio e a quantidade varia de 300 a 350 kg por hectare. A
terceira ocorre 18 meses após o plantio, a quantidade varia de 400 kg a
450 kg por hectare.
A adubação é feita mecanizada ou manual, isso varia em função
da demanda de trabalho. A adubação é feita nas entrelinhas: a primeira é
feita à 30 cm da planta, a segunda e a terceira à 50 cm da planta, para
que não haja a queima das mesmas.
Exemplo de cálculo de quantidade de adubo por planta, usando
300 kg/ ha, e espaçamento de 3 m x 2 m:
3 m x 2 m = 6 m²
1 ha = 10 000 m²
10000 m² ÷ 6 m² =1666 plantas por hectare
300 kg ÷ 1666 = 180 g por planta
4.2.12 Inventário florestal
O inventário realizado na fazenda, conta com método de
parcelas fixas, circulares, de 400 m², com raio de 11,28 m. As parcelas
são instaladas a cada 5 ha de floresta plantada. Os inventários começam
a ser realizados a partir de 24 meses de idade da floresta, e são feitos até
o pré corte, porém o acompanhamento é feito em somente 50% das
parcelas, ou seja, a cada 10 ha.
Os dados são anotados e posteriormente repassados para
planilhas eletrônicas para que sejam processados no software de análise
38
estatística SAS assim obtendo o Incremento Médio Anual, volume por
ha e todos os dados necessários.
4.2.13 Colheita florestal
Na colheita florestal, o sistema utilizado para a madeira
destinada ao tratamento preservante em autoclave é o sistema semi
mecanizado. O corte pode variar em função do talhão. Se as árvores de
determinado talhão apresentarem retidão faz-se o sistema de corte
seletivo. Se em determinado talhão as árvores não apresentarem um
fuste com boa retidão e muitos fustes bifurcados faz-se o corte raso.
O corte é feito manualmente, com o uso de motosserra.
Primeiramente corta-se uma linha, para a máquina descascadora poder
entrar no talhão e posteriormente são selecionadas as árvores para corte,
e as que ficarão em pé, para conseguir um melhor incremento sem
competição. Quando o CAP (circunferência da altura do peito) da árvore
for superior a 50 cm ela é deixada em pé, automaticamente se for menor,
é selecionada para o corte.
Geralmente, cada árvore tem um rendimento de
aproximadamente 6 peças. Os sortimentos variam conforme a
encomenda. Os tamanhos mais vendidos são os de 2,20 m e 3,20 m. Os
diâmetros variam entre 6 a 8 cm, 8 a 11cm e 11 a 14 cm, assim como
maiores diâmetros, que podem ser usados para postes e construção civil,
variando conforme a encomenda.
As toras derrubadas são marcadas e posteriormente seccionadas.
As peças de 2,20 m de comprimento são descascadas à máquina, e as
peças de 3,20 m são descascadas manualmente. Após a derrubada e o
seccionamento das peças, elas são separadas por tamanho no talhão, e
com o auxílio de uma Forwarder são levadas até o estaleiro localizado à
beira do talhão. Neste local elas ficam estocadas por no mínimo 15 dias.
39
Figura 6- (A) Sistema de corte de madeira de Eucalyptus spp.; (B) Madeira
classificada por diferentes sortimentos dentro do talhão; (C) Madeira sendo
recolhida e transportada para o estaleiro; (D) estaleiro à beira do talhão.
Fonte: Acervo pessoal.
4.2.14 Biomassa florestal
As ponteiras e galhos restantes das árvores são reaproveitados
como biomassa, com o uso do picador florestal. Isto permite que o
talhão fique livre dos resíduos depois do corte, e que 100% das árvores
sejam aproveitadas. A máquina pica e armazena o material e transporta
até o pátio, para que dali seja vendida e transportada até o destino final.
4.3 Tratamento de madeira
As peças quando chegam à estação de tratamento de madeira
são separadas por sortimento. Geralmente os diâmetros variam entre 6 a
40
8 cm, que são destinados à montagem de cercas elétricas, e 8 a 11 cm,
que são utilizados como palanques.
Após este processo de separação e também de conferência de
umidade – que deve ser menor que 30% - as peças são destinadas as
máquinas para fazer os furos. São duas máquinas, uma automática e
uma manual, que fazem 5 furos nas peças, para que posteriormente os
furos sejam usados na confecção das cercas.
O próximo passo é o tratamento químico da madeira que é
realizado em Autoclave, cilindro que suporta grande pressão pelo
processo de vácuo-pressão através do método de célula cheia de Bethell,
onde se utiliza o conservante CCA – solução de Cobre, Cromo e
Arsênio, chamada de Arseniato de Cobre Cromatado - esta solução
penetra nas fibras da madeira preenchendo o lúmen e a parede celular
das mesmas. A garantia prevista pela empresa é de uma vida útil de 15
anos. O cobre da composição age como fungicida, o cromo possui ação
fixadora e o arsênio possui ação inseticida. A composição do produto
utilizado é de: 28,5 % de ácido crômico; 11,1% de óxido cúprico; 20,4%
de pentóxido de Arsênio e 40% de inertes. São usados 100 kg de
produto para cada 4000 L de água.
O processo se inicia colocando as peças de madeira nos
carrinhos, que serão introduzidos no cilindro. Depois de fechado, se
inicia o processo de vácuo, que dura em torno de 30 minutos. Esta etapa
permite a remoção do ar da autoclave e das cavidades celulares da
madeira. Após os 30 minutos, o CCA é introduzido no autoclave com
uma pressão de 12 kgf/cm². Este processo dura 1 hora e 30 minutos.
Neste momento, com a força aplicada da bomba de pressão, o produto
químico penetra nas fibras da madeira. De acordo com a norma NBR
16143 a retenção de produto na madeira é de 6,5 kg/ m³ para peças
destinadas para uso em contato com o solo.
Após libera-se a pressão para remoção do excesso de
preservante presente na superfície da madeira. Finalizado o tratamento a
solução de produto excedente é retirada do cilindro e é conduzida para o
tanque reservatório. A madeira é retirada da autoclave com o auxílio do
carrinho e fica no respingo por 2 horas, para que o excesso do produto
escorra. Todos os excessos do respingo e do cilindro que estão no
reservatório voltam para a bomba, passando por um filtro na operação,
para serem armazenados e reutilizados.
A autoclave possui a opção manual e automática em seus
comandos. O comprimento do cilindro é de 12,5 m, e possui um volume
de 22,1 m³. A quantidade de peças que cabem no carrinho varia
conforme o diâmetro destas. Quando o diâmetro é de 6 a 8 cm cabem de
41
750 a 800 peças, quando possuem de 8 a 11 cm de diâmetro cabem de
350 a 400 peças. Já quando possuírem de 11 a 14 cm de diâmetro cabem
de 200 a 230 peças. Diariamente, são realizados quatro ciclos de
tratamento, sendo que cada um tem duração de 3,5 horas.
Terminado o processo de tratamento da madeira, e o tempo de
respingo, as peças são classificadas e estocadas no pátio por um período
de aproximadamente 30 dias para fixação dos sais e posterior
carregamento e destino final.
Figura 7- (A) Cilindro de autoclave no setor de tratamento de madeira; (B)
Madeira selecionada por sortimentos no carrinho, prontas para serem
introduzidas no cilindro da autoclave.
Fonte: Acervo pessoal.
42
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Viveiro florestal
O viveiro florestal em questão segue as recomendações da
literatura em vários quesitos, dentre eles estão: o uso da irrigação por
nebulização intermitente no tratamento das estacas, nutrição adequada, e
regulador de crescimento, que é utilizado em um dos materiais
genéticos. Segundo Embrapa (2000) estes tratamentos são
imprescindíveis para o sucesso do enraizamento da miniestaca e o
crescimento da planta. Ainda sobre o estaqueamento, o mesmo autor
enfatiza que a presença de folhas nas estacas estimula significativamente
o enraizamento. Este efeito é devido aos carboidratos e às auxinas que
são translocados para a base das estacas. Segundo Geary e Harding
(1984) apud Embrapa (2000): “a presença de folhas é fundamental para
o enraizamento de estacas de eucalipto”. A recomendação é que se deixe
um par de folhas com área foliar reduzida a 50% para evitar perdas pela
transpiração. Já Alfenas et al (2009), destaca que na miniestaquia em
geral usam-se propágulos vegetativos de 4 – 8 cm de comprimento,
contendo dois pares de folha por miniestaca, e que por via de regra
miniestacas que contém dois pares de folhas tendem a enraizar melhor,
sendo o método usado no viveiro da empresa. Levando em consideração
à literatura indicada, infere-se que o modo com que se conduz as
atividades é correto.
5.1.1 Substrato utilizado
Como descreve a Embrapa (2000), a função de um substrato no
enraizamento de estacas é sustentá-la durante o período de
enraizamento, prover sua umidade, permitir que haja a penetração de ar
e a troca gasosa na base da estaca, entre outros. Ainda de acordo com a
mesma não há substrato ideal, apenas propriedades que resultem no
sucesso do enraizamento, e que no geral uma mistura de componentes é
melhor para o desenvolvimento de uma planta que o uso dos mesmos de
forma isolada. É o que se pode perceber quando analisamos o substrato
utilizado no viveiro, que é composto de uma rica mistura de substratos
de alta qualidade.
Além do substrato, um material genético do viveiro, o SV003
recebe como auxiliar no enraizamento o regulador de crescimento ácido
indol-3-butírico (AIB). A Embrapa (2000) destaca que estes são os
reguladores mais efetivos na iniciação radicular, pois inibem o
43
desenvolvimento da parte aérea e estimulam a formação de raízes. Os
autores Garcia e Pereira (2010) enfatizam que este tem sido o mais
utilizado na propagação vegetativa do eucalipto, e suas concentrações
irão variar conforme a espécie e o estado de juvenilidade do material,
bem como sua forma de aplicação – líquida ou em talco. Com o uso do
AIB, o enraizamento da variedade SV003 é obtido na casa de vegetação
em aproximadamente 25 dias. A aplicação é feita em mistura com talco.
Todos os processos são muito importantes para a efetividade da
produção de mudas, porém o período de enraizamento é o mais crítico,
por isso merece muita atenção. Alfenas et al, (2009) ainda faz um
parecer sobre a importância das mudas estarem bem espaçadas no
período de rustificação, isso propicia um maior arejamento, melhor
entrada de luz e diminui o risco de ambiente favorável à infestação de
fitopatógenos. Os autores também citam que deve-se evitar a disposição
horizontal das mudas em caixas, mas infelizmente o método adotado no
viveiro é este, as mudas são transportadas horizontalmente até o
comprador. Esse método só não é usado quando as mudas vão para o
plantio na própria fazenda, já que dispostas verticalmente a capacidade
de mudas por caixa é aumentada.
5.2 Plantio
Sabe-se que as atividades anteriores ao plantio (preparo do solo)
são imprescindíveis para o sucesso de um povoamento. Para o plantio de
eucalipto a subsolagem é uma prática muito utilizada, principalmente
em grandes áreas. Segundo Wilcken et al, (2008) a recomendação da
atividade de subsolagem é de atingir a profundidade de 40 a 60 cm. E
que a melhor opção é a de subsolagem com aplicação de adubo, como é
realizado no empreendimento florestal. Na área observada o subsolador
atinge 50 cm, confirmando que a atividade está dentro do recomendado.
O bom resultado de um plantio e a obtenção de produtividade e
qualidade, dependem de uma sequência de atividades, que de acordo
com a Embrapa (2000) são: a utilização de mudas de bom padrão
provenientes de melhoramento genético, marcação da área a ser
reflorestada, a limpeza do terreno, combate a formigas, preparo do solo,
escolha do espaçamento, método do plantio, adubação e controle de
vegetação invasora. Esta proposta é válida tanto para pequenos como
para grandes produtores, e geralmente é seguida como um roteiro no
plantio de eucalipto. Esta é uma importante medida a ser tomada, e se
feita corretamente determina um elevado nível de qualidade da
produção. As mudas plantadas na área são provenientes do viveiro da
44
própria empresa, no entanto nem sempre são de qualidade pois na falta
de vendas, as mudas mais velhas e de menor qualidade são destinadas ao
plantio no local.
A localização de olheiros de formigas cortadeiras e o combate
às mesmas – pertencentes aos gêneros Atta e Acromyrmex – é feita de
maneira correta em comparação à proposta de Embrapa (2000). O autor
relata que esta é a principal praga de florestas plantadas, e por este
motivo merece atenção redobrada no seu combate. Os maiores cuidados
devem ser tomados na fase que antecede à implantação – como é
realizada nas áreas observadas – porque há uma maior facilidade na
localização dos formigueiros, e maior eficiência no seu combate. Esta
eficiência é maior antes de se revolver a terra, porém o combate deve ser
estendido até a exploração final do povoamento, o que não acontece nas
áreas analisadas devido ao alto custo que demanda, e a mão de obra
requerida diante das grandes extensões de áreas plantadas.
O espaçamento determina a produtividade de uma área e para
qual finalidade a madeira será empregada. Segundo Balloni (1983) apud
Embrapa (2000); O principal objetivo do espaçamento do plantio em
uma área é propiciar a cada planta área suficiente para seu
desenvolvimento tanto do sistema radicular, quanto do aéreo. A escolha
do espaçamento varia em função dos hábitos de crescimento da espécie,
da finalidade da plantação e também do volume esperado de madeira. O
autor enfatiza que a escolha do espaçamento é baseada em alguns
critérios fundamentais: propósito da plantação, circunstâncias favoráveis
para poda e desbaste, espécie a ser plantada, possibilidade de
mecanização das operações, e fertilidade do solo.
Rezende & Fonseca (1986) apud Embrapa (2000) recomenda os
seguintes espaçamentos para plantio de espécies de eucalipto: 2 m x 2 m
para lenha, carvão e escoras; 3m x 1,5m para lenha, carvão, celulose,
cerca, poste e escoras; 3 m x 2 m para lenha, carvão, celulose, postes,
vigas, esteios e serraria. Um espaçamento mais amplo, possibilita um
fácil acesso de máquinas para plantio e tratos culturais, bem como a
retirada da madeira, porém há um menor número de plantas por unidade
de área e uma menor desrama natural.
Nas áreas observadas trabalha-se com espaçamentos variados
em função de experimentações ao longo dos anos, com o objetivo de
avaliar qual espaçamento teria um melhor rendimento em madeira
levando em consideração a qualidade. Os espaçamentos trabalhados na
propriedade são: 2 m x 2 m; 3 m x 2 m; 2,5 m x 3 m; 3,5 m x 2 m.
Lembrando que a madeira tem dois destinos principais: celulose e
mourões.
45
Na propriedade, o plantio é realizado com hidrogel, em função
do clima local que varia entre tropical e tropical de altitude, com chuvas
concentradas no verão e inverno seco, com temperaturas que variam
entre 23°C e 26°C, e 18°C no mês mais frio do ano (IBGE, 2009).
Segundo Cardoso (2013), com o uso do hidrogel nas mudas de
eucalipto, dependendo das condições do solo, a planta pode ficar de 8 a
15 dias sem irrigação, na média reduz o consumo de água de 6,5 litros
por muda para cerca de 2,5 litros reduzindo ainda o índice de
mortalidade das mudas e o replantio. Mesmo com estas recomendações,
a primeira irrigação na propriedade é realizada geralmente no 5° dia
após o plantio. Quando a temperatura não está muito elevada, são feitas
três irrigações: no 5°, 10° e 15° dia, já quando a temperatura está muito
elevada sem a presença de chuva faz-se até seis irrigações. A quantidade
de água por planta é de 3 a 3,5 litros.
Na literatura, consta como indicação 2 a 4 litros de água por
muda, e de 2 a 4 irrigações. Uma logo após o plantio e as outras uma
vez por semana até 30 dias. Quando há o uso de hidrogel a
recomendação é de 2 irrigações: uma após 3 dias do plantio e outra 10
dias após a primeira (WILCKEN et al, 2008). A bibliografia consultada
não leva em consideração o clima do local, e o método empregado na
propriedade varia também em consequência das condições climáticas,
portanto a conclusão a que se chega, é a de que os métodos que estão
sendo empregados, estão corretos.
5.3 Controle de mato competição
O uso de herbicidas em plantios de eucalipto tem se tornado
muito comum, apresentando como efeitos positivos a redução da
competição inicial, viabilização de áreas críticas para a implantação de
florestas em função da agressividade de ervas daninhas. É fundamental
o conhecimento da área a ser aplicada, em função dos tipos de ervas
existentes bem como o grau de infestação. A partir desse conhecimento,
define-se quais produtos poderão ser utilizados e qual é a real
necessidade de aplicação, numero de aplicações, etc. (KREJCI, 1987).
Quando o herbicida é seletivo, o cronograma de aplicação é
mais flexível, quando não são seletivos o cronograma deve ajustar-se à
melhor época de aplicação do produto. Na área de plantio na
propriedade, primeiramente ocorre a dessecação, que é realizada 10 dias
antes do plantio, e a quantidade é de 3,5 kg de produto – Roundup WG
(usado em pós-emergência, tendo como princípio ativo o glifosato),
variando de 140 a 180 L/ha. A recomendação na bula do produto varia
46
em função das plantas infestantes, bem como o estágio de
desenvolvimento das mesmas, a variação recomendada é de 0,5 kg/ha à
3,5 kg/ha. Na área analisada percebe-se que as plantas infestantes são
agressivas pela quantidade usada.
Entre 15 e 20 dias após o plantio é feita a aplicação de préemergente, e após 90 dias há outra aplicação do pré emergente Provence
750 WG, que tem como princípio ativo o Isoxaflutol, e que também
mostra variação na bula em função das plantas invasoras.
No período de 45 a 60 dias após a aplicação de Provence,
aplica-se o pós emergente Roundup WG, usando seletividade por
aplicação dirigida. Usa-se 2,5 kg de produto por hectare. Vale lembrar
que nessa aplicação a quantidade é menor, o que quer dizer que a
infestação agressiva já está mais controlada.
Quando há necessidade, usa-se o pós-emergente Verdict- do
grupo químico Ácido Ariloxifenoxipropiôico- somente nas entrelinhas,
apesar do produto ser seletivo. Quando feita a aplicação é realizada
desta maneira por ser um produto de alto valor comercial.
5.4 Colheita Florestal
Como citado em Materiais e Métodos, a colheita da madeira
destinada à estação de tratamento preservante é realizada pela própria
empresa, e a colheita de madeira destinada à indústrias de celulose é
feita pelas empresas compradoras. O método utilizado para colheita é
considerado defasado, em razão de hoje as tecnologias neste setor
estarem muito avançadas. Porém deve-se considerar que a quantidade de
madeira para tratamento é muito menor, e há variação conforme
encomendas. Por este motivo considera-se viável continuar com o
mesmo método.
5.5 Tratamento de madeira
Embora a madeira preservada com CCA seja proibida na
Europa e de uso restrito nos Estados Unidos, devido ao arsênio presente
na composição do produto, ele ainda é usado no Brasil, haja vista que
possui alta resistência à lixiviação, e elevada eficiência no tratamento de
madeira (GALVÃO, MAGALHAES, MATTOS, 2004).
O arsênio é um composto muito tóxico e prejudicial à saúde,
por este motivo é muito importante que os colaboradores que trabalham
com o tratamento da madeira usem os Equipamentos de Proteção
individual (EPI’s). Na estação de tratamento de madeira, o que se pode
47
observar, é que luvas, capacete e máscara são usados, o que evita o
contato direto com os produtos químicos e com as madeiras tratadas.
48
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Grande parte das atividades realizadas na área avaliada seguem
as recomendações da literatura. Em geral, poucos detalhes possuem
divergência com o indicado na bibliografia. As divergências se devem à
particularidade da região, pois não se pode generalizar todos os
procedimentos de um cultivo sem levar em consideração a região em
que se está produzindo, haja vista que cada área possui diferentes
características.
Destas características podem ser citadas: clima, tipo de solo,
espécies escolhidas, e também metas de produtividade, que podem ser
de pequena escala – produção em pequenas propriedades, que requerem
técnicas que visem lucro e poucos gastos- e grande produtividade –
plantios em grandes áreas, onde se podem usar tecnologias mais
avançadas, que irão influenciar diretamente no aumento da
produtividade.
Conclui-se que o cultivo do gênero Eucalyptus descrito neste
trabalho utiliza as tecnologias aplicadas na maioria dos cultivos de
grande escala brasileiros, podendo ainda melhorar em alguns aspectos.
Como sugestão, fica o uso de plásticos rocamboles no
transporte das mudas do viveiro na expedição, evitando o transtorno
com a devolução das caixas, e também dos tubetes no plantio em áreas
da empresa, bem como uma nova formulação de substrato, levando em
consideração que as minicepas e as mudas já recebem adubação
adequada. Isso poderia ser uma fonte de diminuição de custos, porém
deve ser realizado estudos com maior detalhamento para qualquer
tomada de decisão.
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REFERÊNCIAS
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