1 Trabalho de Conclusão de Curso ANÁLISE DAS ATIVIDADES FLORESTAIS DESENVOLVIDAS EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE Eucalyptus spp. NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL Bruna Hellen Ricardo Universidade Federal de Santa Catarina Campus Curitibanos Programa de graduação em Engenharia Florestal 2 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos, para a obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Florestal. Discente: Bruna Hellen Ricardo. Orientador: Prof. Dr. Juliano Gil Nunes Wendt 3 AGRADECIMENTOS À Deus, pela dádiva da vida e a construção dos caminhos que trilhei. À vida, por me proporcionar tantas experiências maravilhosas que me tornaram uma pessoa forte, e que deseja evoluir em todos os sentidos, dia após dia. Aos meus pais, que abdicaram de muitos sonhos para que eu pudesse concretizar o meu, sempre me ajudando nesta longa caminhada, que foi caracterizada por muitas batalhas diárias. Também por me ensinarem os ótimos valores, pois por meio destes, estou prestes a concluir um grande sonho, me tornando uma profissional de qualidade. À Universidade Federal de Santa Catarina, e aos professores da instituição, por me proporcionarem a vivência em um mundo que eu ainda não conhecia, e por me instigarem na constante busca por conhecimento: um bem que nunca pode ser perdido. 4 RESUMO O gênero Eucalyptus spp. é o mais cultivado entre as espécies florestais no Brasil, correspondendo a aproximadamente 5,1 milhões de hectares (ABRAF, 2013). O plantio está voltado principalmente ao segmento de papel e celulose, que cresce cada vez mais no país. Muitas técnicas de plantio, condução e manejo são utilizadas nas grandes áreas para garantir o sucesso da produtividade das espécies florestais, em especial o Eucalipto. Neste contexto o objetivo do presente trabalho é mostrar as técnicas utilizadas em grandes áreas de plantio de Eucalyptus spp. localizadas na cidade de Santa Rita do Pardo –MS; observadas em estágio supervisionado pelo período de aproximadamente 60 dias. As descrições vão desde o melhoramento genético das espécies e a produção de mudas clonais do viveiro florestal localizado na propriedade; as atividades de preparo do solo (controle de formigas cortadeiras, subsolagem, adubação de base), plantio com o uso de hidrogel, irrigações, adubações, manutenção de floresta com o uso de herbicidas, inventário florestal, colheita e também tratamento preservante de madeira através do método com pressão. Todas estas atividades foram relacionadas às recomendações da literatura, e no geral apresentaram resultados positivos, mostrando que a maioria das recomendações sugeridas para grandes propriedades são seguidas. Palavras-chave: Silvicultura clonal, eucalipto, manejo florestal, produção florestal. 5 ABSTRACT The genus Eucalyptus spp. is the most cultivated among species in Brazil, corresponding to approximately 5.1 million hectares (ABRAF 2013). The planting is geared primarily to the pulp and paper, that grows increasingly segment in the country. Many planting techniques, ride and handling are used in large areas to ensure the success of productivity of forest species, particularly Eucalyptus. In this context, the objective of this work is to show the techniques used in large areas of Eucalyptus spp. located in the town of Santa Rita do Pardo-MS; observed in supervised internship for a period of approximately 60 days. The descriptions range from the genetic improvement of the species and the production of clonal seedlings of forest nursery located on the property; activities of tillage (control leaf-cutting ants, subsoiling, fertilizer application), planting using hydrogel, irrigation, fertilization, maintenance of forest with the use of herbicides, forest inventory, harvest and also preservative treatment of timber through the method with pressure. All these activities were related to literature recommendations, and overall were positive, showing that most of the recommendations suggested for large properties are followed. Keywords: Clonal forestry, eucalyptus, forest management, forest production. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1- (A) Plantio de miniestacas em tubetes com substrato. (B) Minicepas do jardim clonal mantidas em canaletões...............................................................................................27 Figura 2- (A) Presença de ovos de ácaro em folhas de minicepas; (B) Cochonilha Branca no minijardim clonal; (C) Lagartas-rosca encontradas no minijardim clonal; (D) Quambalaria eucalypti nas minicepas do jardim clonal.....................................................................29 Figura 3- (A) Foto de Costalimaita ferruginea em muda no pátio de crescimento; (B) Muda no pátio de crescimento que sofreu ataque de Costalimaita ferruginea..........................................................................32 Figura 4- (A) Controle de formigas cortadeiras- Isca formicida granulada próxima ao olheiro do formigueiro de formigas cortadeiras; (B) Subsolador com adubação de base em atividade no talhão; (C) Plantadeira associada ao caminhão pipa; (D) Atividade de plantio em talhão......................................................................................................36 Figura 5- (A) Muda recém plantada com hidrogel; (B) Muda que recebeu irrigação, dias após o plantio.....................................................................................................37 Figura 6- (A) Sistema de corte de madeira de Eucalyptus spp.; (B) Madeira classificada por diferentes sortimentos dentro do talhão; (C) Madeira sendo recolhida e transportada para o estaleiro; (D) estaleiro à beira do talhão........................................................................................40 Figura 7- (A) Cilindro de Autoclave no setor de tratamento de madeira; (B) Madeira selecionada por sortimentos no carrinho, prontas para serem introduzidas no cilindro da autoclave.................................................................................................42 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..........................................................................09 2. OBJETIVOS...............................................................................11 2.1 Objetivo geral................................................................................11 2.2 Objetivos específicos.....................................................................11 3. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................12 3.1 Viveiro florestal....................................................... 12 3.1.1Principais pragas e doenças de viveiro ........................15 3.2 Preparando o solo para o plantio de Eucalipto.............................16 3.2.1 Formigas Cortadeiras....................................................................16 3.2.2 O solo e a cultura do Eucalyptus spp............................................17 3.3 Plantio...........................................................................................19 3.3.1 Irrigação de plantio..................................................20 3.4 Manutenção de floresta...............................................................20 3.4.1 Uso de herbicidas na cultura do Eucalyptus spp.........................21 3.5 Inventário florestal.......................................................................22 3.6 Colheita florestal............................................................................22 3.7 O Eucalipto e seus usos..................................................................23 3.8 Tratamento de madeira...............................................................23 3.8.1 Método sem pressão: substituição de seiva................................24 3.8.2 Método com pressão................................................24 4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................26 4.1 Viveiro Florestal.........................................................................26 4.1.1 Jardim clonal..............................................................................26 4.1.1.1 Adubação no Jardim Clonal.......................................................28 4.1.1.2 Pragas e doenças em Jardim Clonal...........................................28 4.1.2 Casa de vegetação e sombra......................................................29 4.1.3 Patio de crescimento..................................................................30 4.1.3.1 Seleção.......................................................................................30 8 4.1.3.2 Toelete geral..............................................................................30 4.1.3.3 Entelamento ..............................................................................31 4.1.3.4 Irrigação.....................................................................................31 4.1.4 Rustificação e Expedição..........................................................32 4.2 Atividades no Campo................................................................32 4.2.1 Tratamento de mudas................................................................32 4.2.2 Preparo do solo e controle de formigas.....................................33 4.2.3 Controle de mato competição....................................................33 4.2.4 Subsolagem com adubação de base...........................................33 4.2.5 Regulagem do subsolador..........................................................34 4.2.6 Plantio........................................................................................34 4.2.7 Irrigação.....................................................................................35 4.2.8 Herbicida no controle de mato competição...............................36 4.2.9 Adubação...................................................................................37 4.2.10 Inventário Florestal....................................................................37 4.2.11 Colheita Florestal.......................................................................38 4.2.12 Biomassa Florestal.....................................................................39 4.3 Tratamento de madeira..............................................................39 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................42 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................48 REFERÊNCIAS....................................................................................49 9 1. INTRODUÇÃO O Brasil é o segundo país com maior área florestal, perdendo apenas para a Rússia, totalizando 463 milhões de hectares de floresta, o que representa 54,4% do território nacional. As áreas florestais são compostas de florestas naturais e plantadas; destas, 456 milhões de hectares correspondem às florestas naturais e 7,2 milhões de hectares correspondem à florestas plantadas (SFB, 2013). Os produtos oriundos da floresta movimentam as exportações brasileiras, geram energia primária (caldeiras industriais, olarias, e consumo doméstico em regiões mais carentes), além de possuir grande importância social, pois gera milhares de empregos diretos e indiretos, e trazem qualidade de vida à população pelos benefícios ambientais que proporcionam (EMBRAPA, 2000). Segundo a ABRAF (2013) no ano de 2012 a cadeia produtiva do setor florestal contribuiu para a geração de 4,4 milhões de empregos no Brasil. Os benefícios ambientais das florestas estão presentes em várias esferas da sociedade, nos quais se destacam a proteção ambiental – proteção do solo, proteção dos recursos hídricos e fauna, captura de dióxido de carbono – e fonte de alimentos, remédios e renda (EMBRAPA, 2000). As florestas plantadas, também apresentam importância para a economia e para a sociedade em geral, gerando produtos, tributos, empregos e bem-estar. Fornece matéria-prima e produtos para exportação, contribuindo também de maneira direta para a conservação e preservação de recursos naturais (ABRAF, 2013). A composição de reflorestamento no Brasil conta com várias espécies: eucalipto, pinus, acácia, seringueira, paricá, teca, araucária, populus e outras (SFB, 2013). A área de plantio com diferentes espécies de pinus e eucalipto no Brasil atingiu 6,66 milhões de hectares no ano de 2012, sendo que os plantios de Eucalyptus representam 76,6% da área total, correspondendo a 5,10 milhões de hectares. Os estados com maiores concentrações de plantio de eucalipto são: Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Mato Grosso do Sul (ABRAF, 2013). A produtividade florestal brasileira vem crescendo nos últimos anos, tanto de coníferas como de folhosas, devido aos fatores ambientais do país e pelo uso de novas tecnologias – melhoramento genético de sementes e clonagem de espécies florestais (SFB, 2013). A pesquisa realizada pela ABRAF para o ano de 2012 aponta que 72,5% da área plantada de eucalipto está relacionada ao segmento de papel e celulose, seguido do segmento de siderurgia e carvão vegetal, 10 que é responsável por 19,5%, painéis de madeira industrializada 7,3% e produtores independentes 0,7% (ABRAF, 2013). Por representar o gênero mais plantado produtivo no nosso país e influenciar vários setores da sociedade – econômico, social, entre outros – é que se deve dar atenção à silvicultura do eucalipto, assim como as práticas adotadas nas áreas de plantio, pois de alguma forma, com manejo adequado, é possível alcançar maior produtividade florestal. 11 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Analisar as etapas envolvidas no processo produtivo de Eucalyptus spp. em uma propriedade localizada no Mato Grosso do Sul e compará-las com as recomendações da literatura. 2.2 Objetivos específicos Descrever as todas as atividades desenvolvidas no viveiro florestal da propriedade. Descrever as atividades anteriores ao plantio bem como o plantio e a manutenção de floresta realizada na propriedade. Caracterizar as atividades de colheita florestal. Detalhar as atividades envolvidas na estação de tratamento de madeiras. Caracterizar todas as atividades, comparando com métodos já utilizados na silvicultura brasileira. Avaliar se as operações realizadas em cada setor são as mesmas indicadas pela literatura. 12 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Viveiro Florestal Viveiros florestais são locais onde ocorrem atividades de produção de mudas, também conhecido como um “berçário de plantas ou berçário de florestas”. A principal função de um viveiro florestal é gerar um material botânico de qualidade, para que posteriormente este material possa ser plantado em local definitivo, propiciando às plantas condições básicas de desenvolvimento no qual possam expressar o seu potencial genético. Nestas condições básicas se enquadram: bom material propagativo, ambiente adequado que forneça luz e água com qualidade, sistemas de irrigação, coberturas adequadas, eficiência no controle fitossanitário e substratos esterilizados (GÓES, 2006). O manejo adotado em um viveiro varia em função do sistema escolhido, que pode ser a céu aberto, hidropônico, em leito de areia, em tubetes; devendo-se considerar a espécie escolhida, o tipo de propágulo, a produtividade anual e o espaçamento adotado (ALFENAS et al., 2009). Os principais pontos a se preocupar para a instalação de um viveiro é a sua localização e estrutura física. Nestes aspectos está a proximidade de estradas não pavimentadas, que deve ser evitada, a posição em relação à orientação solar, a qualidade e intensidade da luz, e a topografia adequada, com declividade variando de 2 a 5%. (ALFENAS et al., 2009). Além da preocupação com a topografia do terreno, tendo em vista a drenagem adequada do local, mais um aspecto merece atenção, que são os quebra-ventos. A formação dos quebraventos tem por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. Devem ser formados por espécies que se adaptem as condições do local, tenham alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento rápido, copa bem formada e raízes profundas. As árvores não devem projetar sombra sobre os canteiros (VILLELA & VALARINI, 2009). Segundo Garcia & Pereira (2010), o viveiro pode ser dividido em setores, como área aberta a pleno sol, área coberta, estufa ou casa de vegetação, e barracão de serviços para o armazenamento dos materiais, substratos etc. A irrigação de um viveiro é o fator de maior importância, sendo aplicada de forma rigorosa e em doses exatas. O excesso ou falta de água podem comprometer rigorosamente o desenvolvimento das mudas. 13 Os métodos mais conhecidos e utilizados de irrigação são a aspersão, o gotejamento e a irrigação manual. A adubação também é fator determinante no desenvolvimento das plantas, já que necessitam de nutrientes para sua sobrevivência. Os nutrientes são divididos em macronutrientes, que são aqueles exigidos em grandes quantidades pela planta, e os micronutrientes, que são os demandados em pequenas quantidades (GARCIA & PEREIRA, 2010). Em um viveiro, estão presentes conjuntos de minicepas (doadoras de miniestacas) ou minitouças, que são mantidas em canteiro suspenso e são chamados de minijardins clonais. Existem muitos tipos de minijardins que se diferenciam pelos materiais usados em sua construção, bem como os sistemas de fertirrigação, entre outros aspectos. (ALFENAS et al. 2009). Nestes jardins, há a produção das miniestacas, ou seja, promoção do enraizamento de partes da planta para gerar novas mudas com produção ilimitada (FERRARI; GROSSI; WENDLING, 2004). Esta produção é chamada de propagação vegetativa ou assexuada. É uma técnica de reprodução para gerar uma planta idêntica à planta mãe, ou seja, um clone. Esta técnica é possível porque as células contém em seus núcleos a informação necessária para gerar uma nova planta, são células chamadas totipotentes, neste tipo de reprodução não há a união de gametas (EMPRAPA, 2000). O objetivo é o melhoramento das plantas para o plantio comercial (EMBRAPA FLORESTAS, 2011). Esta é uma técnica que apresenta várias vantagens, a principal é o ganho genético maior que na reprodução via semente em um menor período de tempo (EMBRAPA, 2000). Existem outros métodos de propagação vegetativa, os mais conhecidos são o de estaquia, enxertia ou alporquia. O método mais usado em viveiros florestais para algumas espécies do gênero Eucalyptus spp. na obtenção de clones é o de estaquia (FERRARI; GROSSI; WENDLING, 2004). Na estaquia proveniente de ramos, é necessário que somente haja a formação de um sistema radicular adventício. A formação das raízes adventícias na estaquia se dá pela resposta a uma injúria, ou seja, na superfície do corte da estaca. Inicialmente, no local forma-se uma camada necrótica, composta de suberina que sela os vasos condutores, assim prevenindo a dessecação e a entrada de patógenos. As células vivas que estão localizadas sobre essa camada começam a se dividir, e uma segunda camada de células do parênquima também se divide, iniciando a formação de calos e depois a periderme. Células vizinhas ao 14 câmbio e ao floema começam a se multiplicar, dando início ás raízes adventícias (EMBRAPA, 2000). Na prática do estaqueamento, é muito comum o uso do AIB – Ácido Indolbutírico. Este regulador de crescimento promove uma maior porcentagem, velocidade, qualidade e uniformidade do enraizamento das miniestacas. O uso de reguladores de crescimento vêm sendo utilizados na propagação vegetativa desde a década de 70, período no qual houve a implementação desta prática de reprodução de espécies de eucalipto no Brasil (WENDLING & XAVIER 2005). Um item importante a ser observado em um viveiro florestal são os substratos, sua qualidade determinará o sucesso do enraizamento das mudas. Os substratos escolhidos para uso em viveiros florestais devem propiciar adequadas condições para o enraizamento e o crescimento das mesmas. A escolha do substrato será baseada em suas características físico-químicas e o comportamento da espécie que será propagada, levando em consideração a uniformidade da composição, baixa densidade, estabilidade volumétrica e granulométrica, porosidade, elevada CTC (capacidade de troca catiônica), boa capacidade de retenção de água, aeração e drenagem, isenção de pragas e organismos patogênicos assim como plantas invasoras. Os substratos mais utilizados atualmente apresentam em sua composição a casca de arroz carbonizada, compostos de casca de eucalipto ou pinus, misturados com vermiculita expandida em diferentes proporções (ALFENAS et al., 2009). A vermiculita citada anteriormente é um material muito utilizado como constituinte do substrato devido as suas características. É um material inerte, de baixa densidade possuindo estrutura variável, sendo constituído de lâminas ou camadas justapostas em tetraedros de sílica e octaedros de Ferro e Magnésio. Pode ser encontrado no mercado com diferentes granulometrias: extrafina, fina, média e grossa (CALDEIRA et al., 2013). Os octaedros de sua composição quando submetidos ao calor expandem-se, melhorando as condições físicas, químicas e hídricas do solo. A vermiculita possui a capacidade de reter a água do solo, deixando disponível para a planta quando for preciso (FORMENTO & SCHORN, 2003). A temperatura é outro fator determinante no enraizamento e também no desenvolvimento das mudas. A recomendação ótima fica entre 25°-30° C, por este motivo em muitos viveiros são utilizadas estufas climatizadas (ALFENAS et al., 2009). Após o enraizamento, as mudas entram na fase de aclimatação, para que cresçam e rustifiquem. O manejo em cada fase é diferenciado, 15 isso influencia diretamente na produtividade do viveiro. Há variação do manejo em função do clone, da época do ano e também da região geográfica, em razão das diferenças das condições climáticas. Na fase de crescimento das mudas acontecem as adubações, para que haja maximização do crescimento. Na rustificação, há uma alteração na formulação da fertirrigação com o objetivo que a planta adquira resistência para as condições do campo. Uma muda de qualidade deve ser bem enfolhada, ter sistema radicular agregado com radicelas brancas, para que haja maior absorção de água e nutrientes (ALFENAS et al., 2009). A expedição ocorre depois de um período de 70-80 dias. É imprescindível o cuidado com o transporte das mudas, tanto no armazenamento quanto no veículo, que deve oferecer proteção adequada. As mudas precisam ser plantadas o mais rápido possível, para evitar as perdas, que segundo Alfenas et al. (2009) variam de 3 a 4%. 3.1.1 Principais pragas e doenças de viveiro As características dos viveiros são ideais para a instalação de pragas e doenças. A água em abundância, as condições de umidade relativa do ar, temperatura, substrato esterilizado, tecido vegetal e a proximidade das mudas são fatores que predispõe o aparecimento e favorecem o desenvolvimento de doenças fúngicas neste ambiente. Por isso é importante um manejo correto para a prevenção das doenças (EMBRAPA, 2001). Dentre as principais doenças e pragas presentes nos viveiros se destacam: Ácaro, Cochonilha branca, Quambalaria eucalypti, Rhizoctonia solani, e o Costalimaita ferruginea. Os ácaros incidem somente nas partes tenras da planta, sua ocorrência é favorecida quando há deficiência de luz no viveiro, desequilíbrio nutricional e condições precárias de manejo. Os ácaros sugam a seiva da planta, e as folhas que são atacadas adquirem tonalidade prateada. As cochonilhas brancas também sugam a seiva continuadamente, formando colônias nas áreas atacadas da planta, e são facilmente visualizadas a olho nú (ALFENAS et al., 2009). O Quambalaria eucalypti é o agente causal da doença fúngica de Quambalaria provocando o anelamento da haste da planta, além de lesões foliares. As lesões se caracterizam por ter coloração marrom e a formação de massa esbranquiçada de estruturas do fungo. Essa massa de esporos é facilmente dispersada por insetos, pelo homem e até pelo vento. A mancha de Rhizoctonia, causada pela Rhizoctonia solani se 16 caracteriza por manchas grandes e irregulares em folhas de diferentes idades, nas quais apresentam coloração palha. As temperaturas amenas e os períodos prolongados de chuva contribuem para o seu aparecimento (ALFENAS et al., 2009). Costalimaita ferruginea: Besouro desfolhador que faz parte do terceiro grupo de insetos praga mais relevante para a silvicultura brasileira, sendo encontrado nos plantios e nos viveiros. É conhecido também como besouro-amarelo, que alimenta-se das folhas deixando-as perfuradas ou rendilhadas. Causa redução na produtividade e também altos custos para o seu controle (MONTES, SATO, CERÁVOLO, 2012). 3.2 Preparando o solo para o plantio de Eucalipto 3.2.1 Formigas cortadeiras As formigas cortadeiras são um grande problema no cultivo do Eucalipto, já que possuem o hábito de cortar partes dos vegetais, no eucalipto em especial as folhas, para cultivar um fungo em seu ninho, que é sua fonte de alimentação. Dentre as formigas cortadeiras estão dois principais gêneros, que são o gênero Atta – as saúvas, e o gênero Acromyrmex- as quenquéns (SENAR, 2010). As saúvas possuem como característica marcante, três pares de espinhos e tamanho avantajado. É relatada no Brasil a presença de dez espécies de saúvas. As características marcantes das quenquéns são 4 a 5 pares de espinhos, e tamanho pequeno. São relatadas no Brasil, 20 espécies de quenquéns (SENAR, 2010). Sobre a organização social das formigas cortadeiras, as colônias são constituídas de castas temporárias sexuadas e as permanentes, e também a rainha que é a fundadora da colônia. Dentre as funções estão as jardineiras, as generalistas, as cortadeiras e escavadeiras, os soldados, o bitu e a rainha. Seus ninhos são constituídos por câmaras ou panelas. O número de câmaras de um ninho de saúva pode chegar a 8000 e em profundidade de até 8 metros, já os ninhos das quenquéns possuem poucas câmaras e são superficiais (SENAR, 2010). As formigas cortadeiras se destacam como principal praga em florestas implantadas de Eucalyptus spp. e Pinus spp., principalmente nas fases de pré-corte, imediatamente após o plantio e também no início da condução de brotação (BOARETTO & FORTI, 1997). O dano é a redução da área foliar, deste modo comprometendo a capacidade fotossintética da planta, e em casos de maior severidade e maiores 17 infestações, a consequência do desfolhamento é a limitação do crescimento da planta (CANTARELLI et al., 2008). Atualmente, existem muitos métodos de controle, que podem ser mecânicos, culturais, biológicos e químicos, dentre os quais o mecânico é o menos utilizado por ter viabilidade restrita. Dentre os métodos químicos, os mais utilizados são os de produtos tóxicos aplicados diretamente no ninho em forma de pó, líquido ou líquidos nebulizáveis e também na forma de iscas granuladas que são aplicadas próximas às colônias. O controle biológico ainda é uma área promissora de pesquisa, e é feito através de predadores, parasitoides e microrganismos patogênicos, que podem regular as populações destes insetos. Nos métodos culturais se destacam o preparo do solo através de aração e gradagem (BOARETTO & FORTI, 1997). 3.2.2 O solo e a cultura do Eucalyptus spp. O solo é um fator imprescindível para o desenvolvimento da planta. Para atingir a produtividade desejada se necessita de condições biológicas, químicas e físicas adequadas, além de mudas de qualidade com boa capacidade genética, associados a técnicas agrícolas aplicadas no campo. Segundo Primavesi (2002) o que se necessita do solo é que ele permita um bom desenvolvimento da raiz, tenha nutrientes suficientes para a planta, conserve a maior quantidade de água disponível, e que seja suficientemente arejado, não contendo substâncias tóxicas que possam prejudicar a raiz. É através da raiz que os nutrientes são absorvidos, e onde há o processamento de parte da síntese dos aminoácidos. Também é por ela que há o abastecimento de água e assimilação das substâncias de crescimento (PRIMAVESI, 2002). O manejo do solo constitui-se de práticas que são indispensáveis para o desenvolvimento das culturas, porém estas práticas são escolhidas de acordo com as particularidades da área; por isso a importância de um estudo do perfil do solo antes da tomada de decisões. Mas basicamente, o manejo do solo tem como principal finalidade criar condições favoráveis à planta, especificamente à raiz, para que a produção ótima seja alcançada (PRIMAVESI, 2002). Na fase de preparação do solo para o plantio de eucalipto é muito comum um controle inicial de plantas daninhas, porque competem com a cultura. Este procedimento é recomendado quando as áreas do plantio estão com média ou alta infestação de plantas daninhas. Este controle ou limpeza varia em função do tipo de vegetação, 18 topografia da área, tamanho da área. E podem ser manuais, mecanizados ou químicos (GARCIA & PEREIRA, 2010). A limpeza manual se caracteriza por eliminar a vegetação rente ao solo usando como instrumento o machado, foice ou motosserra. É utilizada em regiões onde a declividade é acentuada ou em pequenas áreas. Já a limpeza mecanizada é utilizada em grandes áreas com topografia favorável, no qual é feita com o uso de enxadas rotativas, roçadeiras e outros que permitam a roçada. No caso da limpeza química, a principal aplicação é em áreas onde haja a presença de gramíneas ou vegetação rasteira, lançando mão do uso de herbicida: produto químico usado para destruir ou controlar o crescimento das ervas daninhas. A forma de aplicação pode ser feita mecanizada ou manualmente e a escolha de produto e sua dosagem também variam de acordo com o tipo de cobertura e o estágio de crescimento de plantas no local (GARCIA & PEREIRA, 2010). Wilcken et al. (2008) destaca que, as atividades ideais de preparo de solo para o plantio de eucalipto são a adubação, correção do solo, subsolagem com profundidade 40 à 60 cm e coveamento na linha que foi subsolada. Alguns implementos fazem subsolagem com a aplicação de adubo fosfatado. Garcia e Pereira (2010) relatam a importância da atividade da subsolagem, e a consolidação da mesma, por possuir vantagens operacionais e econômicas. Na opinião do autor, a operação deve atingir 60 cm. Este método proporciona o crescimento das mudas, em função do alcance das raízes a maiores profundidades e menor exposição ao solo, fazendo com que a perda por erosão seja reduzida. Os subsoladores são implementos compostos por uma haste de aço com aleta na ponta, as hastes possuem três formatos: reto, curva ou parabólica, que provocam o rompimento do solo para frente, para cima, e para os lados, formando um corpo tridimensional triangular na linha de preparo (SIXEL, 2009). Sobre a adubação de base realizada em solos cultivados com eucalipto Wilcken et al. (2008) cita que a atividade visa o fornecimento de fósforo, cobre e zinco. Em solos que possuam baixos teores de matéria-orgânica e potássio são realizadas adubações com pequenas quantias de nitrogênio e potássio. Lembrando que a adubação deve ser feita em função do teor dos nutrientes que já estão disponíveis no solo, que é determinada através de análise de solo. Com adubos formulados faz-se aplicação mecanizada em filete contínuo ou manualmente em coveta lateral. 19 3.3 Plantio É necessário que haja a escolha do espaçamento adequado para o plantio principalmente em função da espécie escolhida e da finalidade do plantio – celulose, lenha, carvão, serraria, etc. O espaçamento mais utilizado no Brasil é o modelo 3 x 2 (GARCIA & PEREIRA, 2010). Wilcken, et al (2008) defende que o espaçamento das mudas depende da fertilidade do solo e do regime de chuvas. Espaçamentos menores podem ser utilizados em regiões que possuem período seco inferior a 60 dias. Espaçamentos mais abertos são recomendados em regiões com secas acima de 60 dias. O plantio pode ser manual, mecanizado ou semi-mecanizado, e esta escolha está condicionada à topografia do terreno e também à extensão de área do plantio bem como os custos. O plantio manual é realizado com uma ferramenta denominada de chucho e com uma transplantadora de acionamento manual. O plantio mecanizado é feito com as semeadoras ou com as transplantadoras – as semeadoras são destinadas ao plantio de sementes, e as transplantadoras no plantio de mudas produzidas em viveiros (FESSEL, 2003). O uso de hidrogel é muito comum nos plantios, pois otimiza a disponibilidade de água, e também reduz as perdas de nutrientes por percolação e lixiviação, além de melhorar a drenagem e aeração do solo, fazendo com que haja uma aceleração do desenvolvimento radicular e também da parte aérea da planta. O surgimento do hidrogel se deu na década de 50, mas só obteve melhora na capacidade de retenção de água do polímero no ano de 1982, mas não teve êxito esperado pelo preço ser elevado. No Brasil, só ganhou destaque a partir de trabalhos desenvolvidos em 1998 (AZEVEDO et al., 2002). Este polímero hidroretentor permite grande capacidade de retenção para a planta, e possui aparência de pó antes da hidratação. Após a hidratação torna-se uma espécie de gelatina. Os polímeros evitam que a água evapore. A função principal é liberar água quando estiver em contato com as raízes e reter água da chuva ou irrigação e liberá-la aos poucos, para que o solo fique úmido (CARDOSO, 2013). Cardoso (2013) ainda enfatiza que esta tecnologia é muito importante para o desenvolvimento inicial da planta, já que garante a sobrevivência da muda que ainda não desenvolveu raízes suficientes para buscar água em regiões mais profundas do solo. É importante salientar que o gel é biodegradável e não compromete o meio ambiente por possuir pH neutro. 20 3.3.1 Irrigação de plantio Dos fatores ambientais que podem prejudicar ou causar estresse em uma planta a água é o mais limitante, pois afeta as relações hídricas e altera o metabolismo da planta. O estresse hídrico é a principal causa de perdas de produtividade agronômica e florestal (VELLINI et al., 2008). Por ser uma espécie de rápido crescimento, o eucalipto possui um alto gasto energético resultando em grande necessidade hídrica (BERTOLI, LOPES; 2011). Segundo Wilcken et al., (2008), em plantios irrigados de eucalipto a indicação é a aplicação de 2 a 4 L de água por muda, em duas a quatro irrigações, sendo que uma deve ser feita após o plantio e as outras uma vez por semana até 30 dias. Quando há o uso do hidrogel, deve-se fazer duas irrigações, sendo uma após 3 dias do plantio e a outra apenas dez dias após a primeira irrigação. 3.4 Manutenção de floresta Garcia & Pereira (2010) sugerem que o replantio deve ser realizado no período de 30 dias após o plantio caso a ocorrência de mortalidade seja superior a 10%. Correia et al (2013) também sugere o replantio acima de mortalidade de 10%. O intuito é melhorar a produtividade, porém é oneroso e a escolha de realizar a operação depende de fatores técnicos e econômicos. Além do replantio, várias atividades estão envolvidas no pósplantio e na manutenção da floresta, a adubação de cobertura é uma delas. Esta é uma prática muito importante que visa ajudar no crescimento e desenvolvimento adequado da planta fornecendo nutrientes de alta mobilidade no solo – nitrogênio, potássio e boro. Geralmente a primeira adubação de cobertura é feita entre 75 a 90 dias após o plantio e a segunda entre seis e nove meses após o plantio. Os adubos devem ser colocados em coroa quando a aplicação for manual ou em filete contínuo quando for mecanizada, em aproximadamente 30 cm do colo da muda. A sugestão é a de que as doses totais de nitrogênio sejam parceladas em 30 a 40% na primeira cobertura, e 60 a 70% na segunda cobertura (WILCKEN et al., 2008). A adubação de manutenção é realizada entre 18 e 24 meses após o plantio. Um monitoramento deve ser realizado entre 12 e 18 meses de idade da floresta para identificar qual nutriente está limitando o crescimento do eucalipto. A recomendação da adubação será baseada nesse monitoramento (WILCKEN et al, 2008). 21 3.4.1 Uso de Herbicidas na cultura do Eucalyptus spp. Novos controles contra plantas daninhas também são realizados após o plantio. Segundo Garcia & Pereira (2010), este controle deve ser realizado entre o 4° e o 6° mês de cultivo. Após este período a infestação tende a diminuir em função do fechamento das copas das árvores. Destacando que, as plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes com as mudas, e apresentam maior interferência nas fases iniciais de crescimento das plantas de eucalipto, até 1 ano de idade (TOLEDO et al., 2003). Em áreas florestais, o manejo das plantas daninhas é realizado pelo emprego de métodos mecânicos e químicos, isolados ou combinados. Os herbicidas mais empregados em áreas florestais são oxyfluorfen e glifosato, sendo que o último é empregado em grande escala pois é utilizado em pós-emergência das plantas daninhas (TOLEDO 1998 apud TOLEDO et al., 2003). Segundo Krejci (1987) alguns itens importantes devem ser considerados na tomada de decisão sobre a utilização de herbicidas: 1local de aplicação – em função do grau de infestação, tipos de ervas existentes, dosagem e forma de aplicação; 2 - Relação custos x benefício – preço dos produtos, eficácia de controle com os métodos tradicionais. 3 - Preparo do solo – verificar a presença de torrões, brotações de tocos e remanescentes de vegetação anterior, que comprometem os resultados. 4 - Época de aplicação – Está relacionado com o período de desenvolvimento das ervas; 5 - altura das mudas – alturas das mudas em torno de 50 a 60 cm são as mais indicadas em área de aplicação de herbicida, por possibilitar aplicações dirigidas na linha do plantio. 6 Qualidade de aplicação e repasses – é o fator mais importante dentro do contexto de herbicidas. As exigências na qualidade são maiores se o produto for pré-emergência pois não há a possibilidade de “conserto”. Na utilização do pós-emergente ainda há a possibilidade do repasse para cobrir as falhas de aplicação. O herbicida glifosato tem apresentado excelentes resultados no controle do pós-emergência, com eficiência em torno de 90% após 150 dias de aplicação em plantio de eucalipto. Este produto é o que mais apresenta eficiência no controle de Brachiaria humidicola que sem sua erradicação, comprometem seriamente o desenvolvimento das plantas. Para o uso do glifosato é fundamental que a erva daninha esteja em pleno crescimento vegetativo (KREJCI, 1987). No controle em pré-emergência se destaca o oxyfluorfen, que apresenta bons resultados em controle de sementes e desenvolvimento 22 de mudas. Em experimentação, o produto mostrou-se eficiente em um período de 180 dias, o que vai além das expectativas (KREJCI, 1987). 3.5 Inventário florestal É uma técnica para estimar a produção florestal, que pode ser realizado sob diferentes níveis de detalhamento e em diferentes pontos no tempo. São procedimentos para obter informações sobre quantidades e qualidades dos recursos florestais e de características das áreas em que as árvores estão se desenvolvendo. Um inventário pode fornecer diversas informações, entre elas estão: estimativas de área, descrição de topografia, mapeamento da propriedade, descrição de acessos, facilidade de transporte de madeira, estimativas de diferentes recursos florestais, incremento médio anual, volume de madeira e estimativas de crescimento se o inventário for realizado mais de uma vez (SOARES, DE PAULA NETO, SOUZA; 2012). Existem vários tipos de inventário, normalmente estes são definidos pelo seu objetivo. Entre os mais comuns estão: pré-corte, (realizado antes da exploração florestal), convencional (realizado para obtenção do volume de madeira), contínuo (para verificar as mudanças ocorridas em uma floresta), planos de manejo (com alto grau de detalhamento), e de sobrevivência (realizado após o plantio para verificar o percentual de sobrevivência das mudas no campo) (SOARES, DE PAULA NETO, SOUZA; 2012). 3.6 Colheita Florestal O sistema de colheita no Brasil por volta dos anos 70 era feito apenas com o uso da motosserra. Os processos subsequentes de descascamento, baldeio, traçamento e processamento eram feitos de forma bem rústica. Apenas por volta dos anos 90 é que máquinas pesadas começaram a ser utilizadas. Hoje, existem três tipos de principais sistemas de corte e derrubada florestal: Motosserra, Harvester e Feller Buncher (WILCKEN et al., 2008). No sistema de corte com motosserra, alguns aspectos devem ser observados para tomada de decisões. Deve-se observar a direção da queda da árvore com atenção, para evitar acidentes, certificar se a árvore está oca, e preparar caminhos de fuga para a equipe para evitar acidentes no momento da queda da árvore (GARCIA & PEREIRA, 2010). A técnica padrão de corte é a sequencia de três entalhes, o primeiro é a abertura da boca com um corte horizontal no tronco no lado 23 da queda da árvore, a uma altura aproximada de 20 cm do solo; o recomendado é que este corte atinja 1/3 do diâmetro da árvore. O próximo passo é um corte na diagonal até que atinja a linha de corte horizontal, havendo a formação de um ângulo de 45°. O terceiro e último passo é o corte de abate de forma horizontal no lado oposto da boca; este corte deve ser feito à 30 cm do solo. A parte não cortada, chamada de dobradiça apóia a árvore durante a queda para que esta caia na direção da abertura da boca (GARCIA & PEREIRA, 2010). 3.7 O Eucalipto e seus usos A madeira de eucalipto e os produtos da colheita florestal são muito diversificados, dos quais podem ser citados os óleos essenciais extraídos das folhas de Eucalyptus citriodora, que são utilizados na indústria farmacêutica e produtos de higiene; e os produtos provenientes da madeira, que podem ser usados como combustível, madeira para construções, matéria prima para pasta celulósica e papéis, painéis (MDP, MDF, compensados), móveis, etc (EMBRAPA, 2000). Além desses usos, a madeira do eucalipto ainda pode ser destinada para geração de energia. Esta provém de árvores de pequeno diâmetro, ou de galhos, bem como das sobras das árvores. Esta madeira transformada em energia pode ser utilizada para consumo doméstico (fogões à lenha, lareiras), ou também em alguns segmentos da indústria, como fornos de cerâmicas, olarias, etc. Já a madeira picada serve como combustível industrial, em caldeiras, que são comuns à diferentes tipos de indústrias (EMBRAPA, 2000). 3.8 Tratamento de madeira Preservantes de madeira são produtos químicos tóxicos aos fungos e insetos xilófagos que comprometem as propriedades da madeira e consequentemente sua durabilidade. Os preservativos são agrupados em três tipos básicos: oleosos, oleossolúveis e hidrossolúveis. Os oleosos são de natureza oleosa, os oleossolúveis são aqueles que são dissolvidos em algum tipo de solvente orgânico, e os hidrossolúveis são aqueles que o dissolvente é a água. Os hidrossolúveis são os mais utilizados, onde no mercado brasileiro se destacam dois produtos: Arseniato de Cobre Cromatado à base de cromo, cobre e arsênio, e Borato de Cobre Cromatado à base de cromo, cobre e boro. Também há diversidade entre os processos de preservação de madeira, que 24 basicamente são divididos em duas categorias: métodos sem pressão ou caseiros e métodos com pressão ou industriais (JANKOWSKY, 1990). 3.8.1 Método sem pressão: substituição de seiva Existem vários métodos caseiros para efetuar a preservação da madeira, como o de pincelamento, pulverização, imersão, banho quentefrio, porém no tratamento de mourões o processo que mais se destaca é o de substituição de seiva. Este método consiste em substituir a seiva da madeira ainda verde pela solução preservativa e deve ser feito no máximo 24 horas após o corte. Vários produtos podem ser utilizados como preservantes neste método, o mais utilizado é o Borato de Cobre Cromatado. Dependendo da região em que é realizada e dos fatores climáticos o tempo de imersão pode variar de 7 a 40 dias. Quando são tratados de maneira correta possuem garantia de durabilidade de 10 a 15 anos (GARCIA & PEREIRA, 2010). O processo se inicia com o preparo dos mourões, que devem ter suas extremidades cortadas em chanfro ou bisel, lembrando que as peças não devem ter mais de 2,5m de comprimento e 16 cm de diâmetro. As cascas dos mourões devem ser removidas antes do procedimento. Raspa-se a base do mourão que irá ficar imersa na solução preservante para facilitar a penetração, o mesmo deve ser emerso em cerca de 80 cm. No preparo da solução a recomendação é a proporção para cada 100 L de água: 1000 g de Dicromato de potássio, 650 g de ácido bórico, 880 g de sulfato de cobre, e 25 mililitros de ácido acético. No final do tratamento, a impregnação de produto deverá ser de 6,5 kg por m³ de madeira (GARCIA & PEREIRA, 2010). 3.8.2 Método com pressão Os métodos de tratamento de madeira com pressão, também chamados de industriais, se destacam pela qualidade e alta eficiência com um ótimo controle da retenção e penetração do preservativo na madeira, além de proporcionar economia de tempo no tratamento e ter garantia de maior proteção da madeira (MENDES & ALVES, 1988 apud VIVIAN et al, 2012). Nesse processo, grandes cilindros de aço são utilizados, e nele há o controle de vácuo e pressão, onde os produtos químicos preservantes são injetados no interior da madeira através da pressão. Os cilindros de aço são chamados de autoclave (JANKOWSKY 1990). 25 Existem duas categorias nos métodos com pressão, que são: Célula cheia e célula vazia. O de célula cheia ou processo Bethell é o mais importante, tendo por finalidade preencher ao máximo as células da madeira e se diferencia do método de célula vazia por haver um vácuo inicial para extrair o ar das células e facilitar a penetração do preservativo da madeira (APPEL et al, 2006). 26 4. MATERIAIS E MÉTODOS As atividades caracterizadas a seguir foram realizadas na Santa Vergínia Agropecuária e Florestal LTDA, empresa situada no Mato Grosso do Sul, na cidade de Santa Rita do pardo, tendo como principais atividades o plantio de eucalipto e a bovinocultura, distribuídos em 33 000 hectares. A empresa conta com viveiro florestal, que faz a venda de mudas florestais de eucalipto, e fornece para o plantio na própria área; fornece madeira destinada à celulose para grandes empresas e também madeira destinada à mourões, as quais recebem tratamento com preservante na própria estação de preservação de madeira da empresa. 4.1 Viveiro Florestal 4.1.1 Minijardim clonal O minijardim clonal da Santa Vergínia Agropecuária e Florestal foi construído em canaletões, que contam com o uso de areia no cultivo das minicepas de Eucalyptus spp., esta escolhida por ser um material inerte e apresentar características físico-químicas adequadas para este cultivo. As camadas de areia são de granulometria distintas, nas quais as de maior granulometria são colocadas na superfície para minimizar o crescimento de musgos e algas. Plantas invasoras também são erradicadas, pois competem por água, nutrientes e luz. Os canaletões são constituídos de amianto, os quais são montados sobre suportes de alvenaria. Seu leito é forrado com plástico resistente e extremidades vedadas. A quantidade de minicepas plantadas nos canaletões chega a 1200. Mudas novas com material genético escolhido pela empresa, são plantados nos canteiros e mantidos sob constante condução pelo período de dois meses, até que possam estar enfolhadas e adequadas à formação das minicepas. A condução das minicepas se faz pela retirada dos brotos extranumerários e manutenção (EMBRAPA, 2003). O período de condução é feito até que possa produzir miniestacas de qualidade, sendo que as minicepas são trocadas a cada 5 anos. As miniestacas são coletadas pelo broto apical, ou seja, na porção terminal do ramo possuindo de 8 à 10 cm. Estas miniestacas apicais enraízam mais precocemente que as basais, e formam um sistema radicular de melhor estrutura. As miniestacas são selecionadas com dois pares de folhas que posteriormente são seccionadas transversalmente a cerca de um terço do 27 comprimento ou mais, e transplantadas nos tubetes com substrato, para posteriormente serem deslocadas até a casa de vegetação. Figura 1- (A) Plantio de miniestacas em tubetes com substrato. (B) Minicepas do jardim clonal mantidas em canaletões. Fonte: Acervo pessoal. O substrato utilizado nos tubetes, onde as miniestacas são plantadas depois de coletadas é composto de uma mistura de fibra de coco, palha de arroz, vermiculita expandida, P Ca S, termofosfato magnesiano yoorin master, e um mix de N P K Mg B Cu Mn Mo Fe Zn, que são fertilizantes de alta qualidade. Há uma exceção quando o material genético a ser estaqueado é o H15. Neste caso, é adicionado na mistura mais um fertilizante composto de N P K. A irrigação no jardim clonal é feita a cada 2 horas. E atualmente a fertirrigação é realizada 5 vezes ao dia. Estas atividades irão variar conforme a necessidade do jardim, ou seja, a partir de análises foliares obtêm-se o estado nutricional das minicepas, e a recomendação da assessoria à cerca da realização das atividades. O jardim clonal é dividido entre os canteiros mantidos sob teto translúcido e céu aberto, onde: - Nos canteiros do teto translúcido estão os materiais genéticos: C041 e SVA144. - Nos canteiros a céu aberto estão: VR3709, H1069, SV003, e H15. Os materiais genéticos do Jardim clonal são híbridos de Eucalyptus urograndis, originadas do cruzamento entre E. urophylla x E. grandis, com o objetivo de desenvolver plantas com um bom crescimento e obter melhor densidade, rendimento e propriedades físicas da celulose. A exceção está no material SV003, que são clones ainda em experimentação e testes, originários do híbrido Corymbia citriodora X 28 E. torelliana. Nesta variedade, é utilizado o hormônio AIB – Ácido indolbutírico - no estaqueamento. 4.1.1.1 Adubação no minijardim clonal Macronutrientes e micronutrientes são usados na adubação do jardim clonal através de fertirrigação ou bomba costal. A análise foliar promovida por assessoria contratada pela empresa permite que as quantidades de macro e micronutrientes sejam dosadas de maneira correta, ou seja, de acordo com as carências nutricionais encontradas nas minicepas. Na adubação são utilizados: Nitrato de cálcio, cloreto de potássio, MAP, cloreto de cálcio, sulfato de amônio, ureia e sulfato de magnésio. Ainda fazem parte da adubação: ácido bórico, ferro quelatado, sulfato de zinco, sulfato de cobre, sulfato de manganês, e molibdato de sódio. A diluição ocorre em uma caixa d’água de 1000 L em 40 vezes, nos quais inicialmente são diluídos os macronutrientes, e posteriormente os micronutrientes. Estes compostos são utilizados no jardim clonal e também no pátio de crescimento. 4.1.1.2 Pragas e doenças em jardim clonal Durante o período de estágio, houve o aparecimento de pragas e doenças no jardim clonal. As pragas mais frequentes que ocorrem no mesmo são: Ácaro: ovos de ácaro foram localizados em folhas de minicepas. São pequenos ovos de coloração branca, geralmente depositados na superfície inferior das folhas. Os ácaros observados são de vida livre e podem causar necrose das folhas. O tratamento é realizado com o uso de acaricida/inseticida Abamectina ou Vertimec – 1 mL/L + Savey 0,3g/L. Cochonilha branca: atacam as minicepas do jardim clonal com severidade, fixando-se em várias partes da planta, se alimentando da seiva da mesma. O tratamento utilizado é o do inseticida Evidence – 1g + 2 mL de óleo mineral por litro de solução. Lagartas-rosca: possuem hábito noturno, e seccionam a muda geralmente no coleto e nas folhas. A presença de fezes e os danos nas folhas denunciam a sua presença. O combate se faz com o inseticida Decis ou Lanat usando 1 mL de produto a cada litro. A doença com maior ocorrência no jardim clonal é causada pelo fungo Quambalaria eucalypti. É uma doença que provoca anelamento da haste das minicepas e lesões foliares. As lesões observadas são de cor 29 marrom com a formação de uma massa esbranquiçada de estruturas do fungo. O controle é feito com o uso do fungicida Ópera de 1 mL/L. Figura 2- (A) Presença de ovos de ácaro em folhas de minicepas; (B) Cochonilha Branca no minijardim clonal; (C) Lagartas-rosca encontradas no minijardim clonal; (D) Quambalária eucalypti nas minicepas do jardim clonal. Fonte: Acervo pessoal. 4.1.2 Casa de vegetação e sombra As bandejas de miniestacas são colocadas na casa de vegetação até completarem o espaço disponível da casa; este processo dura aproximadamente 5 dias. A partir disso se inicia a contagem de 20 dias de período de enraizamento – até a retirada das mudas para o pátio de crescimento. Neste local as miniestacas ficam por período de 20 a 30 dias – o tempo varia em função das condições climáticas, inverno ou verão – para que possam enraizar e passarem para o pátio de crescimento. A temperatura nas casas de vegetação é de 32°C. É essencial que o ambiente seja estritamente controlado para que haja sucesso no enraizamento. Há irrigação por nebulização intermitente com controle automático. As janelas sempre são reguladas de acordo com o objetivo da temperatura, que sempre deve ser de 32°C. Após a casa de vegetação, as mudas podem ficar em casa de sombra de 5 a 7 dias ou passarem diretamente para o pátio de crescimento, isso pode variar em função do espaço disponível nos locais. A doença mais comum na casa de vegetação e sombra é o fungo Rhyzoctonia solani; as pragas encontradas são as Lagartas rosca, que aparecem se trazidas do jardim clonal por descuido. 30 4.1.3 Pátio de crescimento O pátio de crescimento recebe as mudas da casa de vegetação, as quais permanecem nele por um período de 30 dias - isso dependerá do desenvolvimento e crescimento de cada muda como também do espaço disponível no pátio de rustificação. Mudas consideradas de qualidade, que apresentem um sistema radicular ativo, retidão, livre de doenças, bem nutridas, e de espessura de caule considerável, com 50 a 60 dias estão prontas para ir ao processo de rustificação. A adubação do pátio de crescimento é a mesma utilizada no jardim clonal. As atividades realizadas neste pátio são: catação, toalete geral, e entelamento. Estas são descritas a seguir: 4.1.3.1 Seleção Processo no qual as mudas em desenvolvimento são separadas por tamanho, para que as menores recebam adubação e fiquem por mais tempo no pátio e possam crescer e ter um bom desenvolvimento, e as maiores sejam selecionadas para o crescimento por menor tempo e a rustificação. Os critérios de seleção são a espessura do coleto, altura e retidão. Este processo acontece até três vezes até que se faça o toalete geral, e as colaboradoras possuem algumas classificações como referência para fazer a separação: são separadas em fracas (de pequena espessura e tamanho, necessitando de novas adubações para seu desenvolvimento), e pelos números 1, 2 e 3, que determinam seu tamanho e espessura de forma decrescente. 4.1.3.2 Toalete geral Consiste em fazer a “limpeza” das mudas retirando novos brotos e galhos que estejam em competição com o ápice. Isso permite o bom desenvolvimento das plantas. As mudas chamadas “tombadas”, que são aquelas que sofreram má formação por ação do vento, força mecânica, ou origem genética, na qual estão severamente ou inteiramente dobradas, e são descartadas, já aquelas que estão apenas com um desenvolvimento ruim ficam por um período maior no crescimento, recebendo adubação e cuidados necessários. 31 4.1.3.3 Entelamento Ato de entelar as mudas, ou seja, coloca-las nas grades que possuem cem células, nas quais os tubetes são encaixados. No pátio de crescimento o entelamento é feito com intensidade de 60%, isto significa que, das cem células de cada grade, 60 são usadas pelos tubetes. A intensidade escolhida varia de acordo com o tamanho das mudas, enquanto no crescimento elas são mantidas com intensidade de 60%, por serem menores e exigirem menor espaço para o seu crescimento e desenvolvimento, na rustificação o entelamento é feito com intensidade de 42%, opção escolhida porque as mudas já possuem maior tamanho, e exigem maior espaço para seu desenvolvimento. 4.1.3.4 Irrigação O período de tempo de irrigação varia conforme as condições climáticas. No período de verão, com a ausência de chuvas, o tempo em cada válvula é de até 10 minutos. O tempo de irrigação é igual para o pátio de crescimento e rustificação. O período de adubação é de 3 minutos com posterior irrigação de 3 minutos, em alguns casos a adubação pode ser feita com o uso de regadores. As doenças de comum ocorrência no pátio de crescimento são as bacterioses, enquanto que as pragas são o Costalimaita ferruginea e as lagartas. No controle de lagartas, o tratamento utilizado é o mesmo do jardim clonal, e o controle do Costalimaita ferruginea é realizado com o uso do inseticida Evidence – 1g/L ou Actara 250 WG – 1g/L + Decis 25 SC – 1,5 ml/L. Figura 3 - (A) Foto de Costalimaita ferrugínea em muda no pátio de crescimento; (B) Muda no pátio de crescimento que sofreu ataque de Costalimaita ferrugínea. Fonte: Acervo pessoal. 32 4.1.4 Rustificação e expedição Mudas de boa espessura, retidão e tamanho ficam na rustificação por um período de 15 dias. A adubação no período de rustificação é diferenciada. Apenas nutrientes à base de fósforo e potássio são utilizados. Fontes de nitrogênio são excluídas da adubação. A adubação recomendada possibilita que haja uma diminuição do ritmo do crescimento em altura e aumento do diâmetro do colo, o que melhora a reserva nutricional para o período do pós-plantio. No término do período de rustificação, as mudas estão prontas para o plantio. Elas são retiradas das telas e colocadas em caixas para serem transportadas até a área de plantio. Os tubetes são reutilizados muitas vezes. Ao retornarem do plantio, são higienizados no lavador de tubetes e posteriormente voltam para o estaqueamento no jardim clonal. O desperdício de substrato é de aproximadamente 15%. Parte dele é reaproveitado depois de passar por tratamento adequado devido à possíveis doenças ou contaminações. 4.2 Atividades no campo 4.2.3 Tratamento de mudas O processo se inicia com o recebimento das mudas produzidas no viveiro, as quais passam por um tratamento contra cupim. Este tratamento consiste em imergir a raiz da muda – para isto são usadas as caixas contendo 200 mudas - em uma solução composta por água e o inseticida sistêmico Evidence por um período de tempo de aproximadamente 30 segundos, e posterior retirada do excesso do produto deixando a caixa com pequena inclinação. No preparo da solução são utilizados para cada 100 litros de água, 300 gramas de Evidence, que servem para o tratamento de aproximadamente 8000 mudas. A imersão é feita com os tubetes, para que as raízes não fiquem amolecidas na hora do plantio. Após a imersão e escorrimento do excesso do produto, os tubetes são retirados e as mudas estão prontas para o plantio. O ideal, na retirada dos tubetes, são mudas com até 40 cm de comprimento, e idade de 80 a 90 dias. Isto facilita a retirada dos tubetes. Mudas mais velhas apresentam maior dificuldade na retirada. 33 4.2.4 Preparo do solo e controle de formigas Importantes medidas são tomadas antes do plantio: combate à formiga cortadeira, controle de mato competição, gessagem e calagem, e o preparo do solo. A primeira delas é o controle de formigas. O primeiro controle de formigas é feito 30 dias antes do plantio. Este é realizado com isca formicida granulada, que tem como princípio ativo a sulfluramida (que possui substâncias atrativas), o produto age por ingestão e contato. Inicialmente, os operadores estimam o tamanho do formigueiro. Com esta informação calculam-se quantas gramas de produto é utilizada por formigueiro. A dose recomendada pelo fabricante do produto é de 10 g/m². As iscas são colocadas em aproximadamente 10 cm de distância dos olheiros, e em 10 cm de distância das trilhas ou carreiros. Isto faz com que a passagem das formigas não seja interrompida, e as formigas carreguem a isca para dentro do formigueiro. Esta operação é feita mais de uma vez no local. Faz-se o combate inicial e o repasse se necessário, 60 dias após o primeiro. Ainda assim, é recomendado que haja um monitoramento no primeiro ano de plantio, e a partir disso um monitoramento anual, para evitar a proliferação destas formigas. 4.2.5 Controle de mato competição A dessecação é realizada 10 dias antes do plantio, com objetivo de não haver fitotoxidade na planta. Nesta operação são utilizados 3,5 kg de glifosato para cada hectare. A quantidade em litros pode variar em razão da presença ou não de capim resistente. Nestes casos a variação é de 140 L/ha até 180 L/ha. Este produto é recomendado para o controle na pós-emergência. 4.2.6 Subsolagem com adubação de base O subsolador descompacta o solo em uma profundidade de 50 cm. Esta medida é realizada para beneficiar o desenvolvimento radicular da planta. Este precisa de terra descompactada para um bom crescimento e desenvolvimento. Além de descompactar o solo, realiza a adubação em filete contínuo, a qual é feita a partir do recomendado pela assessoria. O fertilizante usado é o mineral misto Fertipar, que possui em sua composição: NPK 10:28:10; 0,2% B + 0,48% Cu + 0,51% Zn. A 34 adubação ocorre a um distância de 25 a 30 cm da base, sempre tomando cuidado para que posteriormente a raiz não atinja diretamente o adubo. A recomendação de quantidade de adubo/hectare varia conforme o talhão. O subsolador também auxilia na limpeza do local do plantio eliminando a mato competição. Ele também faz a marcação da cova para o plantio, beneficiando a orientação no plantio, assim como a irrigação, que será mantida por mais tempo em cada cova. 4.2.7 Regulagem do Subsolador Para realizar a regulagem do subsolador, algumas informações são necessárias: quantos kg de adubo serão usados por ha, quantas plantas por hectare existem na área, o tempo que o trator percorre em 50 m e a quantidade de plantas existentes em 50 m. Os cálculos são feitos da seguinte maneira: Espaçamento no talhão: 3,5 x 2,0 = 7 m² 1 hectare: 10 000 m² 10 000 m² ÷ 7 m² = 1428 plantas/hectare. 370 kg de adubo (o recomendado para aquele determinado talhão) ÷ 1428 plantas = 259 g/planta. 260 g de adubo x 25 plantas (quantidade de plantas em 50m) = 6,5 kg de adubo para cada 50m. Se a máquina percorre 50m em 30 segundos, a cada 30 segundos, a máquina precisa liberar 6,5 kg de adubo. 4.2.8 Plantio O plantio é realizado empregando-se o hidrogel com o intuito de manter a umidade do solo por mais tempo. O preparo da mistura é composto por 25 kg do produto (hidrogel em pó) para cada 6000L de água. Cada planta recebe aproximadamente 550 a 600 mL de hidrogel. Por dia, aproximadamente 16000 mudas são plantadas por 5 colaboradores com o auxílio de plantadeira conectada ao caminhão pipa, que transporta a solução de gel, e 1 colaborador trabalha com a reposição de mudas para os plantadores. O caminhão permite regularidade na velocidade do plantio, e com 5 pessoas realizando o plantio, consequentemente 5 linhas são plantadas simultaneamente. No final das linhas plantadas, bandeiras são usadas para que as mesmas fiquem ordenadas no talhão. A profundidade da muda quando plantada é 35 de aproximadamente 12 cm – medida de comprimento do tubete – ideal para evitar injúrias, como a seca de coleto, consequência do enterramento de parte do caule ocasionada por enxurradas. Figura 4 - (A) Controle de formigas cortadeiras - Isca formicida granulada próxima ao olheiro do formigueiro de formigas cortadeiras; (B) Subsolador com adubação de base em atividade no talhão; (C) Plantadeira associada ao caminhão pipa; (D) Atividade de plantio em talhão. Fonte: Acervo pessoal. 4.2.9 Irrigação A frequência de irrigações irá variar conforme as condições climáticas no que se refere ao momento do plantio e nos dias subsequentes. Quando o clima está de acordo com o esperado, com temperaturas pouco elevadas e com chuvas frequentes, são feitas três irrigações, no 5°, 10° e 15° dia, porém se houver tempo seco, sem chuvas, com temperaturas muito elevadas, faz-se até seis irrigações. As irrigações também são feitas através de caminhão pipa assim como no plantio. Ao todo cinco operadores fazem a irrigação, que ocorre em 5 linhas simultaneamente. As plantas recebem de 3 a 3,5 L de 36 água cada uma. Depois da primeira irrigação, as demais são feitas conforme a necessidade. Figura 5- (A) Muda recém plantada com hidrogel; (B) Muda que recebeu irrigação, dias após o plantio. Fonte: Acervo pessoal. 4.2.10 Herbicida no controle de mato competição A aplicação de herbicida pré emergente é feita no período de 15 a 20 dias após o plantio. Nas florestas geralmente os pré-emergentes são usados após o plantio ou na reforma da floresta. Após 90 dias do plantio, continua-se o controle contra plantas daninhas, para que não haja um decréscimo na quantidade e qualidade da produção. Para isso utiliza-se um pequeno trator adaptado com pulverizador e lâmina garfo, conhecido na região como “lamininha”, para a aplicação de produto pré-emergente Provence, herbicida seletivo sistêmico do grupo químico isoxazol, indicado no controle de gramíneas. Após 45 a 60 dias do controle com a “lamininha”, aplica-se o pós emergente Roundup WG - herbicida não seletivo de ação sistêmica do grupo químico glicina substituída (glifosato). A seletividade é por aplicação dirigida, com o uso de equipamentos adequados para isso, a aplicação é realizada nas entrelinhas do plantio com pulverizador de arrasto que é revestido por uma saia de borracha para evitar a deriva do herbicida, conhecido como “conceição”, que possui 3 bicos pulverizadores. Quando necessário é realizado o repasse do herbicida, 37 com um intervalo de 2 a 3 semanas da primeira aplicação. A quantidade utilizada é 2,5 kg de produto por hectare. Ainda quando necessário, é utilizado o pós-emergente Verdict somente nas linhas do plantio, por apresentar um elevado valor comercial. O Verdict é um herbicida Seletivo do Grupo Químico Ácido Ariloxifenoxipropiônico, que apresenta muita eficiência no controle da mato competição. A quantidade utilizada é de 2 a 2,5 kg por hectare. 4.2.11 Adubação As adubações são aplicadas conforme a recomendação da assessoria, que faz análises do solo da propriedade, e conforme os resultados, indica a quantidade de nutrientes em cada talhão, são eles: cloreto de potássio, sulfato de amônio grosso, nitrato de amônio e boro. A primeira adubação acontece 30 dias após o plantio. A quantidade de adubo por hectare é de 70 kg. A segunda ocorre 6 meses após o plantio e a quantidade varia de 300 a 350 kg por hectare. A terceira ocorre 18 meses após o plantio, a quantidade varia de 400 kg a 450 kg por hectare. A adubação é feita mecanizada ou manual, isso varia em função da demanda de trabalho. A adubação é feita nas entrelinhas: a primeira é feita à 30 cm da planta, a segunda e a terceira à 50 cm da planta, para que não haja a queima das mesmas. Exemplo de cálculo de quantidade de adubo por planta, usando 300 kg/ ha, e espaçamento de 3 m x 2 m: 3 m x 2 m = 6 m² 1 ha = 10 000 m² 10000 m² ÷ 6 m² =1666 plantas por hectare 300 kg ÷ 1666 = 180 g por planta 4.2.12 Inventário florestal O inventário realizado na fazenda, conta com método de parcelas fixas, circulares, de 400 m², com raio de 11,28 m. As parcelas são instaladas a cada 5 ha de floresta plantada. Os inventários começam a ser realizados a partir de 24 meses de idade da floresta, e são feitos até o pré corte, porém o acompanhamento é feito em somente 50% das parcelas, ou seja, a cada 10 ha. Os dados são anotados e posteriormente repassados para planilhas eletrônicas para que sejam processados no software de análise 38 estatística SAS assim obtendo o Incremento Médio Anual, volume por ha e todos os dados necessários. 4.2.13 Colheita florestal Na colheita florestal, o sistema utilizado para a madeira destinada ao tratamento preservante em autoclave é o sistema semi mecanizado. O corte pode variar em função do talhão. Se as árvores de determinado talhão apresentarem retidão faz-se o sistema de corte seletivo. Se em determinado talhão as árvores não apresentarem um fuste com boa retidão e muitos fustes bifurcados faz-se o corte raso. O corte é feito manualmente, com o uso de motosserra. Primeiramente corta-se uma linha, para a máquina descascadora poder entrar no talhão e posteriormente são selecionadas as árvores para corte, e as que ficarão em pé, para conseguir um melhor incremento sem competição. Quando o CAP (circunferência da altura do peito) da árvore for superior a 50 cm ela é deixada em pé, automaticamente se for menor, é selecionada para o corte. Geralmente, cada árvore tem um rendimento de aproximadamente 6 peças. Os sortimentos variam conforme a encomenda. Os tamanhos mais vendidos são os de 2,20 m e 3,20 m. Os diâmetros variam entre 6 a 8 cm, 8 a 11cm e 11 a 14 cm, assim como maiores diâmetros, que podem ser usados para postes e construção civil, variando conforme a encomenda. As toras derrubadas são marcadas e posteriormente seccionadas. As peças de 2,20 m de comprimento são descascadas à máquina, e as peças de 3,20 m são descascadas manualmente. Após a derrubada e o seccionamento das peças, elas são separadas por tamanho no talhão, e com o auxílio de uma Forwarder são levadas até o estaleiro localizado à beira do talhão. Neste local elas ficam estocadas por no mínimo 15 dias. 39 Figura 6- (A) Sistema de corte de madeira de Eucalyptus spp.; (B) Madeira classificada por diferentes sortimentos dentro do talhão; (C) Madeira sendo recolhida e transportada para o estaleiro; (D) estaleiro à beira do talhão. Fonte: Acervo pessoal. 4.2.14 Biomassa florestal As ponteiras e galhos restantes das árvores são reaproveitados como biomassa, com o uso do picador florestal. Isto permite que o talhão fique livre dos resíduos depois do corte, e que 100% das árvores sejam aproveitadas. A máquina pica e armazena o material e transporta até o pátio, para que dali seja vendida e transportada até o destino final. 4.3 Tratamento de madeira As peças quando chegam à estação de tratamento de madeira são separadas por sortimento. Geralmente os diâmetros variam entre 6 a 40 8 cm, que são destinados à montagem de cercas elétricas, e 8 a 11 cm, que são utilizados como palanques. Após este processo de separação e também de conferência de umidade – que deve ser menor que 30% - as peças são destinadas as máquinas para fazer os furos. São duas máquinas, uma automática e uma manual, que fazem 5 furos nas peças, para que posteriormente os furos sejam usados na confecção das cercas. O próximo passo é o tratamento químico da madeira que é realizado em Autoclave, cilindro que suporta grande pressão pelo processo de vácuo-pressão através do método de célula cheia de Bethell, onde se utiliza o conservante CCA – solução de Cobre, Cromo e Arsênio, chamada de Arseniato de Cobre Cromatado - esta solução penetra nas fibras da madeira preenchendo o lúmen e a parede celular das mesmas. A garantia prevista pela empresa é de uma vida útil de 15 anos. O cobre da composição age como fungicida, o cromo possui ação fixadora e o arsênio possui ação inseticida. A composição do produto utilizado é de: 28,5 % de ácido crômico; 11,1% de óxido cúprico; 20,4% de pentóxido de Arsênio e 40% de inertes. São usados 100 kg de produto para cada 4000 L de água. O processo se inicia colocando as peças de madeira nos carrinhos, que serão introduzidos no cilindro. Depois de fechado, se inicia o processo de vácuo, que dura em torno de 30 minutos. Esta etapa permite a remoção do ar da autoclave e das cavidades celulares da madeira. Após os 30 minutos, o CCA é introduzido no autoclave com uma pressão de 12 kgf/cm². Este processo dura 1 hora e 30 minutos. Neste momento, com a força aplicada da bomba de pressão, o produto químico penetra nas fibras da madeira. De acordo com a norma NBR 16143 a retenção de produto na madeira é de 6,5 kg/ m³ para peças destinadas para uso em contato com o solo. Após libera-se a pressão para remoção do excesso de preservante presente na superfície da madeira. Finalizado o tratamento a solução de produto excedente é retirada do cilindro e é conduzida para o tanque reservatório. A madeira é retirada da autoclave com o auxílio do carrinho e fica no respingo por 2 horas, para que o excesso do produto escorra. Todos os excessos do respingo e do cilindro que estão no reservatório voltam para a bomba, passando por um filtro na operação, para serem armazenados e reutilizados. A autoclave possui a opção manual e automática em seus comandos. O comprimento do cilindro é de 12,5 m, e possui um volume de 22,1 m³. A quantidade de peças que cabem no carrinho varia conforme o diâmetro destas. Quando o diâmetro é de 6 a 8 cm cabem de 41 750 a 800 peças, quando possuem de 8 a 11 cm de diâmetro cabem de 350 a 400 peças. Já quando possuírem de 11 a 14 cm de diâmetro cabem de 200 a 230 peças. Diariamente, são realizados quatro ciclos de tratamento, sendo que cada um tem duração de 3,5 horas. Terminado o processo de tratamento da madeira, e o tempo de respingo, as peças são classificadas e estocadas no pátio por um período de aproximadamente 30 dias para fixação dos sais e posterior carregamento e destino final. Figura 7- (A) Cilindro de autoclave no setor de tratamento de madeira; (B) Madeira selecionada por sortimentos no carrinho, prontas para serem introduzidas no cilindro da autoclave. Fonte: Acervo pessoal. 42 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Viveiro florestal O viveiro florestal em questão segue as recomendações da literatura em vários quesitos, dentre eles estão: o uso da irrigação por nebulização intermitente no tratamento das estacas, nutrição adequada, e regulador de crescimento, que é utilizado em um dos materiais genéticos. Segundo Embrapa (2000) estes tratamentos são imprescindíveis para o sucesso do enraizamento da miniestaca e o crescimento da planta. Ainda sobre o estaqueamento, o mesmo autor enfatiza que a presença de folhas nas estacas estimula significativamente o enraizamento. Este efeito é devido aos carboidratos e às auxinas que são translocados para a base das estacas. Segundo Geary e Harding (1984) apud Embrapa (2000): “a presença de folhas é fundamental para o enraizamento de estacas de eucalipto”. A recomendação é que se deixe um par de folhas com área foliar reduzida a 50% para evitar perdas pela transpiração. Já Alfenas et al (2009), destaca que na miniestaquia em geral usam-se propágulos vegetativos de 4 – 8 cm de comprimento, contendo dois pares de folha por miniestaca, e que por via de regra miniestacas que contém dois pares de folhas tendem a enraizar melhor, sendo o método usado no viveiro da empresa. Levando em consideração à literatura indicada, infere-se que o modo com que se conduz as atividades é correto. 5.1.1 Substrato utilizado Como descreve a Embrapa (2000), a função de um substrato no enraizamento de estacas é sustentá-la durante o período de enraizamento, prover sua umidade, permitir que haja a penetração de ar e a troca gasosa na base da estaca, entre outros. Ainda de acordo com a mesma não há substrato ideal, apenas propriedades que resultem no sucesso do enraizamento, e que no geral uma mistura de componentes é melhor para o desenvolvimento de uma planta que o uso dos mesmos de forma isolada. É o que se pode perceber quando analisamos o substrato utilizado no viveiro, que é composto de uma rica mistura de substratos de alta qualidade. Além do substrato, um material genético do viveiro, o SV003 recebe como auxiliar no enraizamento o regulador de crescimento ácido indol-3-butírico (AIB). A Embrapa (2000) destaca que estes são os reguladores mais efetivos na iniciação radicular, pois inibem o 43 desenvolvimento da parte aérea e estimulam a formação de raízes. Os autores Garcia e Pereira (2010) enfatizam que este tem sido o mais utilizado na propagação vegetativa do eucalipto, e suas concentrações irão variar conforme a espécie e o estado de juvenilidade do material, bem como sua forma de aplicação – líquida ou em talco. Com o uso do AIB, o enraizamento da variedade SV003 é obtido na casa de vegetação em aproximadamente 25 dias. A aplicação é feita em mistura com talco. Todos os processos são muito importantes para a efetividade da produção de mudas, porém o período de enraizamento é o mais crítico, por isso merece muita atenção. Alfenas et al, (2009) ainda faz um parecer sobre a importância das mudas estarem bem espaçadas no período de rustificação, isso propicia um maior arejamento, melhor entrada de luz e diminui o risco de ambiente favorável à infestação de fitopatógenos. Os autores também citam que deve-se evitar a disposição horizontal das mudas em caixas, mas infelizmente o método adotado no viveiro é este, as mudas são transportadas horizontalmente até o comprador. Esse método só não é usado quando as mudas vão para o plantio na própria fazenda, já que dispostas verticalmente a capacidade de mudas por caixa é aumentada. 5.2 Plantio Sabe-se que as atividades anteriores ao plantio (preparo do solo) são imprescindíveis para o sucesso de um povoamento. Para o plantio de eucalipto a subsolagem é uma prática muito utilizada, principalmente em grandes áreas. Segundo Wilcken et al, (2008) a recomendação da atividade de subsolagem é de atingir a profundidade de 40 a 60 cm. E que a melhor opção é a de subsolagem com aplicação de adubo, como é realizado no empreendimento florestal. Na área observada o subsolador atinge 50 cm, confirmando que a atividade está dentro do recomendado. O bom resultado de um plantio e a obtenção de produtividade e qualidade, dependem de uma sequência de atividades, que de acordo com a Embrapa (2000) são: a utilização de mudas de bom padrão provenientes de melhoramento genético, marcação da área a ser reflorestada, a limpeza do terreno, combate a formigas, preparo do solo, escolha do espaçamento, método do plantio, adubação e controle de vegetação invasora. Esta proposta é válida tanto para pequenos como para grandes produtores, e geralmente é seguida como um roteiro no plantio de eucalipto. Esta é uma importante medida a ser tomada, e se feita corretamente determina um elevado nível de qualidade da produção. As mudas plantadas na área são provenientes do viveiro da 44 própria empresa, no entanto nem sempre são de qualidade pois na falta de vendas, as mudas mais velhas e de menor qualidade são destinadas ao plantio no local. A localização de olheiros de formigas cortadeiras e o combate às mesmas – pertencentes aos gêneros Atta e Acromyrmex – é feita de maneira correta em comparação à proposta de Embrapa (2000). O autor relata que esta é a principal praga de florestas plantadas, e por este motivo merece atenção redobrada no seu combate. Os maiores cuidados devem ser tomados na fase que antecede à implantação – como é realizada nas áreas observadas – porque há uma maior facilidade na localização dos formigueiros, e maior eficiência no seu combate. Esta eficiência é maior antes de se revolver a terra, porém o combate deve ser estendido até a exploração final do povoamento, o que não acontece nas áreas analisadas devido ao alto custo que demanda, e a mão de obra requerida diante das grandes extensões de áreas plantadas. O espaçamento determina a produtividade de uma área e para qual finalidade a madeira será empregada. Segundo Balloni (1983) apud Embrapa (2000); O principal objetivo do espaçamento do plantio em uma área é propiciar a cada planta área suficiente para seu desenvolvimento tanto do sistema radicular, quanto do aéreo. A escolha do espaçamento varia em função dos hábitos de crescimento da espécie, da finalidade da plantação e também do volume esperado de madeira. O autor enfatiza que a escolha do espaçamento é baseada em alguns critérios fundamentais: propósito da plantação, circunstâncias favoráveis para poda e desbaste, espécie a ser plantada, possibilidade de mecanização das operações, e fertilidade do solo. Rezende & Fonseca (1986) apud Embrapa (2000) recomenda os seguintes espaçamentos para plantio de espécies de eucalipto: 2 m x 2 m para lenha, carvão e escoras; 3m x 1,5m para lenha, carvão, celulose, cerca, poste e escoras; 3 m x 2 m para lenha, carvão, celulose, postes, vigas, esteios e serraria. Um espaçamento mais amplo, possibilita um fácil acesso de máquinas para plantio e tratos culturais, bem como a retirada da madeira, porém há um menor número de plantas por unidade de área e uma menor desrama natural. Nas áreas observadas trabalha-se com espaçamentos variados em função de experimentações ao longo dos anos, com o objetivo de avaliar qual espaçamento teria um melhor rendimento em madeira levando em consideração a qualidade. Os espaçamentos trabalhados na propriedade são: 2 m x 2 m; 3 m x 2 m; 2,5 m x 3 m; 3,5 m x 2 m. Lembrando que a madeira tem dois destinos principais: celulose e mourões. 45 Na propriedade, o plantio é realizado com hidrogel, em função do clima local que varia entre tropical e tropical de altitude, com chuvas concentradas no verão e inverno seco, com temperaturas que variam entre 23°C e 26°C, e 18°C no mês mais frio do ano (IBGE, 2009). Segundo Cardoso (2013), com o uso do hidrogel nas mudas de eucalipto, dependendo das condições do solo, a planta pode ficar de 8 a 15 dias sem irrigação, na média reduz o consumo de água de 6,5 litros por muda para cerca de 2,5 litros reduzindo ainda o índice de mortalidade das mudas e o replantio. Mesmo com estas recomendações, a primeira irrigação na propriedade é realizada geralmente no 5° dia após o plantio. Quando a temperatura não está muito elevada, são feitas três irrigações: no 5°, 10° e 15° dia, já quando a temperatura está muito elevada sem a presença de chuva faz-se até seis irrigações. A quantidade de água por planta é de 3 a 3,5 litros. Na literatura, consta como indicação 2 a 4 litros de água por muda, e de 2 a 4 irrigações. Uma logo após o plantio e as outras uma vez por semana até 30 dias. Quando há o uso de hidrogel a recomendação é de 2 irrigações: uma após 3 dias do plantio e outra 10 dias após a primeira (WILCKEN et al, 2008). A bibliografia consultada não leva em consideração o clima do local, e o método empregado na propriedade varia também em consequência das condições climáticas, portanto a conclusão a que se chega, é a de que os métodos que estão sendo empregados, estão corretos. 5.3 Controle de mato competição O uso de herbicidas em plantios de eucalipto tem se tornado muito comum, apresentando como efeitos positivos a redução da competição inicial, viabilização de áreas críticas para a implantação de florestas em função da agressividade de ervas daninhas. É fundamental o conhecimento da área a ser aplicada, em função dos tipos de ervas existentes bem como o grau de infestação. A partir desse conhecimento, define-se quais produtos poderão ser utilizados e qual é a real necessidade de aplicação, numero de aplicações, etc. (KREJCI, 1987). Quando o herbicida é seletivo, o cronograma de aplicação é mais flexível, quando não são seletivos o cronograma deve ajustar-se à melhor época de aplicação do produto. Na área de plantio na propriedade, primeiramente ocorre a dessecação, que é realizada 10 dias antes do plantio, e a quantidade é de 3,5 kg de produto – Roundup WG (usado em pós-emergência, tendo como princípio ativo o glifosato), variando de 140 a 180 L/ha. A recomendação na bula do produto varia 46 em função das plantas infestantes, bem como o estágio de desenvolvimento das mesmas, a variação recomendada é de 0,5 kg/ha à 3,5 kg/ha. Na área analisada percebe-se que as plantas infestantes são agressivas pela quantidade usada. Entre 15 e 20 dias após o plantio é feita a aplicação de préemergente, e após 90 dias há outra aplicação do pré emergente Provence 750 WG, que tem como princípio ativo o Isoxaflutol, e que também mostra variação na bula em função das plantas invasoras. No período de 45 a 60 dias após a aplicação de Provence, aplica-se o pós emergente Roundup WG, usando seletividade por aplicação dirigida. Usa-se 2,5 kg de produto por hectare. Vale lembrar que nessa aplicação a quantidade é menor, o que quer dizer que a infestação agressiva já está mais controlada. Quando há necessidade, usa-se o pós-emergente Verdict- do grupo químico Ácido Ariloxifenoxipropiôico- somente nas entrelinhas, apesar do produto ser seletivo. Quando feita a aplicação é realizada desta maneira por ser um produto de alto valor comercial. 5.4 Colheita Florestal Como citado em Materiais e Métodos, a colheita da madeira destinada à estação de tratamento preservante é realizada pela própria empresa, e a colheita de madeira destinada à indústrias de celulose é feita pelas empresas compradoras. O método utilizado para colheita é considerado defasado, em razão de hoje as tecnologias neste setor estarem muito avançadas. Porém deve-se considerar que a quantidade de madeira para tratamento é muito menor, e há variação conforme encomendas. Por este motivo considera-se viável continuar com o mesmo método. 5.5 Tratamento de madeira Embora a madeira preservada com CCA seja proibida na Europa e de uso restrito nos Estados Unidos, devido ao arsênio presente na composição do produto, ele ainda é usado no Brasil, haja vista que possui alta resistência à lixiviação, e elevada eficiência no tratamento de madeira (GALVÃO, MAGALHAES, MATTOS, 2004). O arsênio é um composto muito tóxico e prejudicial à saúde, por este motivo é muito importante que os colaboradores que trabalham com o tratamento da madeira usem os Equipamentos de Proteção individual (EPI’s). Na estação de tratamento de madeira, o que se pode 47 observar, é que luvas, capacete e máscara são usados, o que evita o contato direto com os produtos químicos e com as madeiras tratadas. 48 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Grande parte das atividades realizadas na área avaliada seguem as recomendações da literatura. Em geral, poucos detalhes possuem divergência com o indicado na bibliografia. As divergências se devem à particularidade da região, pois não se pode generalizar todos os procedimentos de um cultivo sem levar em consideração a região em que se está produzindo, haja vista que cada área possui diferentes características. Destas características podem ser citadas: clima, tipo de solo, espécies escolhidas, e também metas de produtividade, que podem ser de pequena escala – produção em pequenas propriedades, que requerem técnicas que visem lucro e poucos gastos- e grande produtividade – plantios em grandes áreas, onde se podem usar tecnologias mais avançadas, que irão influenciar diretamente no aumento da produtividade. Conclui-se que o cultivo do gênero Eucalyptus descrito neste trabalho utiliza as tecnologias aplicadas na maioria dos cultivos de grande escala brasileiros, podendo ainda melhorar em alguns aspectos. Como sugestão, fica o uso de plásticos rocamboles no transporte das mudas do viveiro na expedição, evitando o transtorno com a devolução das caixas, e também dos tubetes no plantio em áreas da empresa, bem como uma nova formulação de substrato, levando em consideração que as minicepas e as mudas já recebem adubação adequada. Isso poderia ser uma fonte de diminuição de custos, porém deve ser realizado estudos com maior detalhamento para qualquer tomada de decisão. 49 REFERÊNCIAS ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anuário estatístico ABRAF 2013 ano base 2012 / ISSN: 1980‑8550. ABRAF. – Brasília: 2013. 148 p. ALFENAS, A. C; ZAUZA, E. A. V; MAFIA, R. G; ASSIS, T. F; Clonagem e Doenças do Eucalipto, 2ᵃ edição. Editora UFV. Universidade Federal de Viçosa, 2009. 500 p. AZEVEDO, T. L. F; BERTONHA, A; GONÇALVES, A. C. A; Uso de hidrogel na agricultura. Revista do Programa de Ciências AgroAmbientais, Alta Floresta, v.1, n.1, p.23-31, 2002. BERTOLI, D. 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