a filosofia é o abstrato inalcançável

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A FILOSOFIA É O ABSTRATO
INALCANÇÁVEL
Ivandilson Miranda Silva*
Num mundo em que se prioriza mais o TER do que o SER, nós seres humanos, temos
limitações para alcançar as coisas abstratas e dificuldades para valorizar aquilo que a priori não
tem valor.
É lógico que precisamos ter casa, ter emprego, ter dinheiro para fazer determinadas coisas,
pois estamos num sistema capitalista (o mérito da questão não é um debate político-ideológico
sobre modos de produção). Mas, é fundamental ser amigo, ser irmão, ser amoroso, ser crítico, ser
cético, ser utópico, ser...
Às vezes, ou na maioria das vezes, só valorizamos as questões que envolvem uma reflexão
sobre a nossa condição de SER quando perdemos alguém próximo, quando a relação amorosa não
vai bem ou já acabou, quando somos demitidos, quando o TER está ameaçado. Aí refletimos sobre
nossas emoções, sobre o que estamos gostando de fazer, sobre como estamos tratando as
pessoas em casa e no trabalho, sobre como estamos vivendo de forma tão dura, fria, pragmática e
automatizada
TER e não SER é estabelecer uma distância incomensurável com o abstrato, é não se
predispor ao menos ao risco e a ousadia de cutucar o infinito. "Preciso aprender a ver o que não se
vê, para me transformar no que o amor quiser." canta o músico Jorge Vercilo na música Invisível.
A Filosofia e a possibilidade do conhecimento crítico nos coloca diante dessa prazerosa
missão de saber e ao mesmo tempo de reconhcer que nada sabemos. Sócrates, um dos primeiros
filósofos que reconhceu essa dinâmica, nos deu uma grande lição com o SEI QUE NADA SEI e
o CONHECE-TE A TI MESMO.
Merleau Ponty, pensador contemporâneo afirmava que "filosofar é reaprender a ver o
mundo." Traduzindo em miúdos: precisamos perceber melhor a realidade, os dias passam e não
são iguais e a necessidade de TER compromete a possibilidade de SER.
O Ter é absoluto, concreto, imediato, temporal. O Ser é processo, atemporal, histórico,
infinito. A Filosofia é o abstrato inalcançável e como canta Vercilo em sua música paradigmática:
"Eu quero ver o invisível, prever o que está no ar.
Eu preciso SER para TER e não TER para SER.
(*) Graduado em Filosofia Pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Especialista em
Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Pela Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), Professor de Humanidades I e II na UNIME-PARALELA- SAVADOR, Professor e colaborador
da Associação Educacional, Cultural e Ambiental Comunidade Universitária.
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