industrialização fechada: um breve comparativo entre banheiro

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INDUSTRIALIZAÇÃO FECHADA: UM BREVE COMPARATIVO ENTRE
BANHEIRO CONVENCIONAL E PRÉ-FABRICADO
Victor Emmanuel da Rocha PIETROBON
Eng., Mestrando em Construção Civil pela UFSC - LEE/ECV - R.João Pio Duarte da Silva s/n Córrego
Grande 88040-970. Florianópolis (SC) Brasil. Correio Eletrônico: [email protected]
Francisco José Teixeira Coelho LADAGA
M. Eng., Eng., Professor da Universidade Estadual de Maringá - DEC - Bloco C67 - Av.Colombo, 5790
87020-900 Maringá (PR) Brasil. Correio eletrônico: [email protected]
Cláudio Emanuel PIETROBON
Dr. Eng., Eng., Professor da Universidade Estadual de Maringá - DEC - Bloco C67 - Av.Colombo, 5790
87020-900 Maringá (PR) Brasil. Correio eletrônico: [email protected]
RESUMO
Existem atualmente no mercado da construção civil brasileiro diversos tipos de inovações
tecnológicas. O presente trabalho tratará de assuntos relacionados aos sistemas construtivos préfabricados, com atenção especial voltada para os sistemas em concreto armado. Será
apresentado um breve estudo comparativo entre um banheiro construído nos métodos tradicionais
em alvenaria (no canteiro de obras), e o mesmo banheiro construído no pátio da empresa e
transportado até a obra. É importante salientar que além do aspecto econômico serão analisados
outros aspectos como qualidade, rapidez e facilidade de instalação. O presente trabalho baseia-se
na concepção, projeto, execução de protótipo em escala natural e testes de desempenho
estrutural de forma dinâmica através de simulações experimentais da montagem por içamento e
movimentação em guindaste.
1. INTRODUÇÃO
O setor de construções civis divide-se em dois grandes subsetores, o da construção pesada e o
de edificações. Fazendo uma comparação de um edifício com um automóvel, o Engenheiro Luiz
Henrique Ceoto, diretor de construção da construtora Inpar, de São Paulo, segundo SILVA (1998),
em entrevista a revista Téchne, argumentou: “Ninguém espera que, para trocar o óleo do carro,
seja necessário passar o maçarico no capô. Na construção civil fazemos isso”. Referindo-se à
inacessibilidade das tubulações de água e esgoto, no caso de necessidade de alguma
manutenção, como por exemplo a troca de uma tubulação, ou parte dela, ou mesmo uma
conexão, em virtude de um vazamento. Existem nesse caso vários tipos de transtorno gerados:
• Dificuldade na localização do problema, que pode estar em qualquer ponto de uma parede
toda úmida;
• Incômodo aos moradores da casa/apartamento e não raro aos seus vizinhos, no caso de
apartamentos com fôrro rebaixado nas áreas úmidas;
• Prejuízos com quebras de azulejo, parede e elementos estruturais;
• Demora na solução (procedimentos demorados como colagem da tubulação em PVC);
• Dependência de diversos profissionais especializados tanto para diagnóstico, quanto para o
efetivo conserto;
• Altos custos para realização de todos estes procedimentos.
O objeto do presente trabalho é o subsetor de edificações com atenção voltada aos sistemas préfabricados em concreto. A novidade mais recente apresentada é o banheiro pronto, fabricado
inteiramente no pátio da empresa desde a estrutura até o acabamento. Está sendo desenvolvida
uma linha de produção em série de banheiros para obras que necessitam de várias unidades,
como hotéis por exemplo. O banheiro deriva dos banheiros produzidos pela empresa Rivoli
italiana e possui janelas de inspeção assim como os banheiros em gesso acartonado, os quais
utilizam painéis do tipo shaft.
2. METODOLOGIA
Para a elaboração do presente trabalho utilizou-se de várias fontes de pesquisa como: livros,
catálogos de fabricantes, revistas técnicas, papers e algumas páginas na internet. Outra fonte de
pesquisa, talvez a mais importante de todas, foi a observação “In loco” e documentação
fotográfica de alguns tipos de execuções de banheiros nos métodos tradicionais, destacando
algumas patologias geradas por este processo e também da execução do protótipo do banheiro
pronto executado no pátio da empresa. O método empregado para a execução do banheiro
pronto, inovador no campo da engenharia civil, é o da industrialização fechada e baseia-se na
produção em série. Esta produção em série caracteriza-se basicamente em dividir as atividades
em diferentes setores, cada setor com seus respectivos funcionários. A linha de produção em
questão assemelha-se muito com a de automóveis, só não é toda automatizada sendo
fundamental ainda a presença do fator humano.
3. RESULTADOS
Neste item serão discutidos vários detalhes do banheiro pronto, pontos positivos e negativos e
uma comparação deste produto com outro executado nos moldes tradicionais. É importante
salientar que o comparativo entre os dois banheiros foi realizado utilizando um parâmetro comum
e muito utilizado por todos os engenheiros, a TCPO2000. O banheiro convencional utilizado para
comparação com o pronto utiliza o mesmo projeto arquitetônico, diferenciando-se apenas no
modo de execução e nos materiais utilizados para o fechamento. Em seu fechamento foram
utilizadas lajotas cerâmicas de 6 furos com as seguintes dimensões: 10 x 20 x 20 cm assentadas
a espelho formando uma parede com espessura de 15 cm incluso revestimento de 2,5 cm de cada
lado. Foi utilizada argamassa mista no traço 1:2:8 no assentes formando juntas de 12 mm. O
banheiro pronto é produzido inteiramente dentro do pátio da empresa, podendo-se classificar o
seu processo de produção como industrialização fechada. Os materiais empregados na confecção
dos painéis de fechamento do protótipo (banheiro pronto) foram os seguintes: concreto armado
com tela soldada Q196 da Gerdau utilizando nos sentidos longitudinal e transversal φ 5 mm
espaçados igualmente de 10 cm. O concreto em questão possui resistência de 20 Mpa e pode ser
desformado em 1 dia no máximo devido a utilização de cimento ARI e a presença de aditivos para
acelerar a cura. O traço utilizado foi estudado pela empresa Control Norte de Maringá – PR.
Para a união dos painéis foram utilizadas cantoneiras, chapas retas e perfis “U” de aço utilizando
chapas no 14 de 2mm de espessura. Estes perfis exercem outro papel além de travar a estrutura,
eles funcionam como fôrma na concretagem dos painéis, pois a fôrma em madeira necessária
nada mais é do que um compensado naval de 18 mm de espessura de 3 x 3 m fixado em cima de
uma mesa vibratória. A tela soldada é fixada nas cantoneiras para aumentar a estabilidade na
hora da concretagem, esta fixação é feita furando as cantoneiras a cada 10 cm, passando a tela
soldada pelos furos e soldando. O travamento dos painéis também foi feito através de solda
utilizando eletrodos ESAB 6013 – e=3.25 mm. Foram utilizados aproximadamente 5 kg de
eletrodos em todo o banheiro. O travamento através de soldagem foi necessário devido ao fato de
que no içamento do banheiro pronto, a estrutura não poderia sofrer nenhum tipo de deformação,
por menor que ela fosse. Se ocorresse alguma deformação, os materiais cerâmicos das paredes e
do piso poderiam se soltar, além dos aparelhos instalados no interior do banheiro.
O banheiro convencional possui algumas desvantagens em relação ao banheiro pronto que
podem ser observadas logo abaixo:
• Maior tempo de execução;
• Mão-de-obra desqualificada;
• Problema na modulação e menor precisão nas medidas;
• Maior desperdício de materiais;
• As instalações elétricas e hidráulicas, na hora de sua instalação, acarretam na quebra da
alvenaria;
• Dificuldade de manutenção posterior devido à falta de acesso, possibilitada nos banheiros
prontos pelos painéis shaft;
• Dificuldade na localização das tubulações hidráulicas e elétricas;
• Necessidade de haver um estoque extra de cerâmica das paredes e do piso guardado para
manutenção posterior em caso de avaria do sistema;
• Diminuição do espaço interno, pois a alvenaria convencional acarreta em um aumento na
espessura de11 cm em relação aos painéis de concreto armado;
• Necessitam de reboco antes da pintura;
• Mão-de-obra parada em dias chuvosos, pois os banheiros convencionais têm que ser
executados no canteiro de obras ao contrário dos banheiros prontos, os quais são executados
dentro do pátio coberto da empresa;
• Possuem peso superior aos banheiros prontos, acarretando em carga maior na estrutura e
fundação.
A etapa seguinte do trabalho trata de um comparativo de pesos entre os dois tipos de banheiros,
observa-se através do comparativo acima que o banheiro convencional é cerca de 45,61% mais
pesado do que o banheiro pronto. A diferença de peso entre os dois banheiros já é significativa
analisando somente uma unidade e passa a ser mais significativa ainda quando se analisa um
conjunto de banheiros como em um hotel, por exemplo, onde chega-se a construir até 200
unidades. É importante salientar que a viabilidade de um empreendimento como este se dá
quando são necessárias várias unidades, pois utiliza-se de uma produção em série. Sendo assim,
quanto mais unidades forem produzidas, mais barato sai cada unidade.
Foi realizado um comparativo entre etapas de produção de cada banheiro, possibilitando uma
análise de vários aspectos como as diferentes técnicas e fases de execução, tempo aproximado
da execução de cada unidade e mão-de-obra empregada. Estes aspectos auxiliam na
determinação da produtividade de cada sistema construtivo. Um aspecto muito importante a ser
observado é que o comparativo só analisa os produtos empregados que farão diferença como:
tipo de mão-de-obra utilizada, tipo de concreto, armaduras, fôrmas, etc. Os itens comuns como
louças sanitárias, materiais cerâmicos empregados no piso e decoração das paredes, esquadrias,
tubulações hidráulicas e elétricas e fiação elétrica não serão aqui dispostos evitando assim que o
trabalho venha a ficar maçante para o leitor e para o autor. Outro aspecto importante a ser frisado
é que não serão inclusos nos preços dos banheiros as taxas de BDI, pois cada engenheiro adota
uma forma de cálculo diferente, com lucros e determinação dos encargos sociais. Na
determinação do tempo de execução do banheiro pronto não está sendo computada a produção
em série, pois este sistema ainda está sendo implantado na empresa. As maquetes eletrônicas
que simulam a linha de produção podem ser visualizadas nos anexos. Observa-se nas figuras de
1 a 4 algumas das etapas de produção do protótipo: projeto, armação, fôrmas e concretagem
Figura 1 - Planta
Figura 2 - Perspectiva Figura 3 – Armação e Fôrma
Figura 4 - Concretagem
Figura 5 – Fluxograma das Etapas da Linha de Produção
4. CONCLUSÃO
O comparativo executado confirma a expectativa de que o banheiro pronto é superior ao
convencional em todos os aspectos quantitativos e qualitativos. Dentre os aspectos qualitativos
pode-se citar: econômico, tecnológico, tempo de execução. Dentre os aspectos quantitativos
pode-se citar a linha de produção que reduz drasticamente o tempo de produção de cada unidade
com qualidade superior.
O banheiro pronto utiliza menos mão-de-obra por unidade do que o convencional, sendo 2,75% a
menos de horas de servente e 62,5% a menos de horas de oficial. Sabe-se que o fator mão-deobra é muito significativo, pois onera muitos custos com encargos sociais dentre outros fatores.
O protótipo do banheiro pronto foi executado manualmente, pois a linha de produção ainda está
em fase de implantação, sendo assim pode ser reduzido ainda mais o tempo de execução. A
previsão é de produção de 6 unidades por dia, sendo que cada dia contado tem 8 horas úteis de
produção. A partir do exposto acima pode-se explicar o fato do banheiro pronto estar 1,01% mais
caro do que o convencional. É importante salientar que a viabilidade de emprego dos banheiros
prontos se dá em obras de grande porte como hotéis, condomínios, prédios de porte médio, etc.
Isto ocorre devido ao fato de que a linha de produção é econômica quando o número de
repetições das unidades produzidas é grande, ou seja, quanto mais unidades produzidas, mais
barata fica cada unidade.
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