Simpósio nos Estados Unidos aborda avanços em uro

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Simpósio nos Estados Unidos aborda avanços em urooncologia
O médico do Departamento de Oncologia Clínica, Dr. Fabricio Augusto Martinelli
de Oliveira, especialista do IOP, participou do “2016 Genitourinary Cancers
Symposium” (ASCO-GU), realizado em São Francisco (EUA) entre os dias 7 e 9
de janeiro de 2016. Durante o simpósio foram abordados os avanços no
tratamento de câncer próstata, rim e algumas revisões conceituais a respeito dos
tumores de testículos e bexiga. Confira a seguir os principais pontos:
Câncer de próstata
Destacou-se que desde as décadas de 60, 70 e 80, os únicos métodos eficazes
de tratar câncer de próstata eram o bloqueio hormonal completo, seja através da
retirada dos testículos (orquiectomia bilateral) ou do uso de medicamentos de
ação no sistema nervoso central que bloqueiam a produção da testosterona
(hormônio masculino, associado ao desenvolvimento do câncer da próstata, na
maioria das vezes). Na última década, principalmente, mudou-se o conceito de
tratamento dos tumores de próstata sensíveis a manipulações hormonais,
incluindo a quimioterapia ao tratamento oncológico mais precocemente. Foram
apresentados 2 importantes estudos que mostram que o uso precoce de
quimioterapia (docetaxel) aumentam a taxa de sobrevida global em cerca de 18
meses para casos metastáticos, com uma redução do risco de morte pela
doença em cerca de 40 %. Ademais, novas abordagens terapêuticas foram
apresentadas e/ou revisadas, com intuito de estabelecer protocolos-padrão de
tratamento, tendo em vista que a doença hoje envolve cada vez mais
complexidade em seu tratamento, exigindo consenso multidisciplinar (urologista,
cirurgião oncológico e oncologista clínico). Discutiu-se os protocolos de St.
Gallen para câncer de próstata do último ano (2015), um dos mais respeitados
hoje, visando justamente o estabelecimento desses protocolos. Finalmente,
revisou-se a aplicabilidade de biomarcadores tumorais e genéticos na prática
clínica, com resultados ainda precoces, mas encorajadores.
Câncer de rim
As discussões mais modernas a respeito do câncer renal são a respeito de novas
estratégias de tratamento, em especial sobre a imunoterapia. Esta já vem sendo
estudada há cerca de 100 anos, para diversos tipos de tumores, sem resultados
encorajadores. Entretanto, pesquisas iniciadas no começo da década de 90
mostram que a atuação de novas drogas sobre determinados pontos do sistema
imune (“checkpoins”) tem relevância clínica; assim, drogas como ipilumumab,
nivolumab, entre outras, têm aumentado significativamente a sobrevida de
pacientes com câncer renal e outros, como melanoma, pulmão e doença de
Hodgkin, por exemplo. Corroborando a importância dessas novas drogas, sabese que até o começo de 2005, portadores de câncer renal tinham à disposição
somente interferon e interleucina para tratamento de carcinoma de células claras
(tipo mais comum de câncer renal). Nos 11 anos subsequentes, houve a
aprovação pelo FDA de 7 novas drogas, algumas inibidoras de uma enzima
chamada de tirosino-quinase e outras tendo como alvo a via mTOR, que são
“caminhos” intracelulares tumorais, levando à morte dos clones malignos. Os
estudos conduzidos comparando essas classes de medicamentos e as novas
drogas imunoterápicas vêm mostrando que estas podem aumentar a sobrevida
de pacientes com carcinoma de células claras renais em até 10 meses,
resultados estes considerados relevantes pela comunidade científica.
Câncer de testículo
Doença comum entre os adultos jovens e com altos índices de curabilidade,
neste ano na ASCOGU discutiu-se as complicações tardias do tratamento do
câncer de testículo e o impacto disso na qualidade de vida dos pacientes. Foram
lembradas as seguintes situações médicas: aparecimento de neoplasias
secundárias, novos tumores testiculares, complicações pulmonares, toxicidade
cardiovascular, fenômeno de “Raynaud-like”, neurotoxicidade, ototoxicidade,
nefrotoxicidade, fadiga, hipogonadismo, infertilidade. Além disso, questões de
biologia molecular foram aventadas, como, por exemplo, se os genes BRCA 1 e
BRCA 2 não poderiam estar envolvidos nas formas familiares do câncer
testicular. Questão esta ainda a ser melhor elucidada pelos pesquisadores.
Câncer de bexiga
Durante as últimas duas décadas, pouco se evoluiu no tratamento do câncer de
bexiga, em especial nas formas músculo-invasivas, que correspondem a 25%
dos casos e chegam a ter uma sobrevida em cinco anos de somente 50%. Os
modelos para estudo do câncer de bexiga ainda não são considerados ideais,
mas sabe-se que a biologia molecular representa uma área promissora. Por
exemplo, a proteína ARF, encontrada nos subtipos mais agressivos de câncer
de bexiga, responde melhor à quimioterapia, em particular com a cisplatina, do
que naqueles tumores agressivos que não expressam a proteína ARF. Esta
informação pode ser clinicamente importante na estratégia terapêutica, acham
os pesquisadores. Uma outra questão controversa que ganha robustez entre os
cientistas é o papel da quimioterapia neoadjuvante no tumor músculo-invasivo.
Não se deve privar o paciente dessa terapia sempre que possível, tendo em vista
que existe ganho de sobrevida global nos casos em que se tem resposta
patológica completa com esta abordagem terapêutica; considerando-se que
cerca de 40 % dos casos atingem esta resposta, em grandes centros, a mesma
deve ser ofertada.
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