VIII Colóquio Internacional Marx e Engels Aproximação ao tema da práxis: O dialogo entre Hegel, Feuerbach e Marx e o rompimento marxiano com o idealismo alemão e o início do chamado fim da filosofia. Rayssa Deps Bolelli - Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Espírito Santo Do grego prâksis, o dicionário Priberam da língua portuguesa define a palavra práxis como: Ação e, sobretudo, ação ordenada para um certo fim (proposição ao conhecimento, a teoria). Contudo, a despeito da significação formal do dicionário, a palavra e o tema da práxis talvez seja um dos mais espinhosos e controvertidos dentro da história da filosofia, pois desde os gregos, a palavra vem assumindo diversas formas e suscitado grandes debates em torno de seu real significado e aplicação filosófica. Dentro da teoria marxista o debate e as interpretações a cerca desta categoria não poderiam também ser mais diversos. Sendo que, segundo Bottomore, no artigo sobre práxis do Dicionário do pensamento marxista, os famosos teóricos e políticos marxistas Engels, Lenin e Stalin haviam interpretado a seu modo de forma errônea o que Karl Marx realmente compreendia como práxis, causando assim diversas contradições no estudo e aplicação desta categoria. Para Bottomore, o sentido atribuído por Marx à práxis era o de: [...] atividade livre, universal, criativa e auto-criativa, por meio da qual o homem cria (faz, produz), e transforma (conforma) seu mundo humano e histórico e a si mesmo; atividade específica ao homem, que o torna basicamente diferentes dos outros seres. (BOTTOMORE, 1983, p.292) Contudo, este próprio autor demonstra o quanto esta categoria é por muitas vezes apresentada de formas diferenciadas dentro da obra do próprio Marx. Tal diferenciação é compreensível, já que a medida que Marx avançava em suas investigações ia reelaborando as categorias já trabalhadas ao mesmo tempo em que descobria novas. Assim, nas obras Manuscritos econômicos-filosóficos, Teses sobre Feuerbach, A ideologia alemã, Grundrisse e O capital, temos um Marx trabalhando a práxis de maneira a chegar a sua significação final, em que, ao opor a práxis ao trabalho, entende-a como atividade humana não-alienada, a chamada por Marx auto-atividade. (BOTTOMORE,1982) Entretanto, o objetivo deste trabalho não é discutir como se desenvolveu a categoria práxis em toda a obra marxiana, tampouco o é explanar as discussões sobre a práxis dentro do pensamento marxista. O que me proponho a realizar é como o entendimento diferenciado de Marx sobre a filosofia, tendo por base a categoria da práxis, levou Karl Marx a romper com o pensamento filosófico predominante na academia alemã do período, o idealismo alemão, em evidência naquele período em decorrência do pensamento hegeliano. Adolfo Sánchez Vázquez, em seu livro Filosofia da práxis, coloca que para Gramsci a categoria da práxis era a categoria central e unificadora do pensamento marxista e, portanto, o marxismo deveria ser tratado como uma “filosofia da práxis”. O próprio Sánchez Vásquez neste mesmo livro tem o entendimento do marxismo como uma filosofia que se propõe a sair do mundo das ideias e a colocar em prática uma ação transformadora da realidade, colocando o ser humano como ser concreto e real, como protagonista da história e das transformações sociais. Portanto, ao adotar a perspectiva de Vázquez, o foco principal aqui será discutir a mudança que Marx trouxe ao propor uma filosofia que deixasse o idealismo e tivesse por objetivo a transformação da realidade. Para isso, será necessário contrapor as visões filosóficas de Marx, Hegel e Feuerbach no que concerne a práxis, e demonstrar como estas diferentes visões foram fundamentais para que Marx decidisse abandonar a filosofia idealista estabelecida até então e se propor a construir uma nova filosofia compromissada com a transformação da realidade concreta. Bibliografia: Frederico, Celso. 2009. O Jovem Marx, 1843-1844: As origens da ontologia do ser social. São Paulo. MARX, Karl. Teses sobres Feuerbach. In: ___. LABICA, Georges. As “teses sobres Feuerbach” de Karl Marx. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 30-35, 1990. MARX, Karl. Manuscritos Econômico-Filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010. MARX, Karl. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. PRÁXIS. Dicionário Priberamda Língua Portuguesa. 2008-2013. Disponível em:<http://www.priberam.pt/DLPO/pr%C3%A1xis>; Consultado em <20-07-2014>. VÁZQUEZ, S. Adolfo. 2011. Filosofia da Práxis. São Paulo. BOTTOMORE, Tom. 1983. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de janeiro.