A natureza da Ciência em conteúdos de genética - CCEN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
A NATUREZA DA CIÊNCIA EM CONTEÚDOS DE GENÉTICA NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO E SUA INFLUÊNCIA NO
DESENVOLVIMENTO DO SABER CIENTÍFICO
DAIANA KARLA GOMES FRADE
Hilzeth de Luna Freire Pessôa (Orientadora)
Marsílvio Gonçalves Pereira (Coorientador)
João Pessoa - 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
A NATUREZA DA CIÊNCIA EM CONTEÚDOS DE GENÉTICA NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO E SUA INFLUÊNCIA NO
DESENVOLVIMENTO DO SABER CIENTÍFICO
DAIANA KARLA GOMES FRADE
Monografia apresentada ao Curso de Ciências
Biológicas (Trabalho Acadêmico de conclusão de
Curso), como requisito parcial à obtenção do grau
de Licenciada em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profª Drª Hilzeth de Luna Freire
Pessôa. Coorientador: Prof. Ms. Marsílvio
Gonçalves Pereira.
João Pessoa – 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
A Natureza da Ciência em conteúdos de Genética nos Livros Didáticos de Biologia do
Ensino Médio e sua influência no desenvolvimento do saber científico
DAIANA KARLA GOMES FRADE
Graduanda em Ciências Biológicas
Concluinte 2013/2 – CCEN/UFPB
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Biológicas da Universidade
Federal da Paraíba, como requisito à obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas.
Data: 07 de março de 2014.
Resultado: 9,8
BANCA EXAMINADORA:
Profª Dra. Hilzeth de Luna Freire Pessôa (DBM/CCEN/UFPB) – Orientadora
Profª Dra. Maria do Socorro Vieira Pereira (DBM/CCEN/UFPB) – Membro titular
Profª Me. Vera Lucia Araujo de Lucena (DFE/CE/UFPB) – Membro titular
Profª Dra. Eliete Lima de Paula Zárate (DSE/CCEN/UFPB) - Suplente
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é
senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria
menor se lhe faltasse uma gota.
(Madre Teresa de Calcutá)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por esta grande realização, que sempre ergueu minha cabeça
nos momentos de dificuldades e trilhou um bom caminho em minha vida.
Agradeço de forma especial a meus pais José Frade e Silene Frade, meus incentivadores
eternos, e a meus irmãos Rosimira e Luciano, que sempre acreditaram em mim e me ajudaram
muito para que eu chegasse ate aqui, me dando muito amor e carinho. Sem eles nada disso
seria possível!
A meu namorado Erick Silva, pelo estímulo e força, sempre acreditando em mim e ficando ao
meu lado.
A meus queridos amigos, Larissa Rodrigues, Polyanna Moreira, Jessica Bernardo, Julie Anne,
Wilson Lima e Nathan Duarte que participaram de muitos momentos importantes na minha
formação acadêmica, dando-me apoio, motivação e amizade durante esses anos que passamos
juntos.
Agradeço a professora Hilzeth Pessoa, minha orientadora, bem como ao professor Marsílvio
Pereira, que me ajudou bastante em meu trabalho e por quem tenho admiração.
Aos professores do curso, que contribuíram grandemente para o caminho que passei.
E aos demais que contribuíram direta ou indiretamente em minha formação acadêmica.
RESUMO
A pesquisa relacionada à área de ensino de genética é um tema cada vez mais recorrente na
biologia, haja vista que há uma multiplicidade de maneiras de se transmitir estes conteúdos,
porém nem sempre promovem um aprendizado eficiente e estruturado, bem como o
entendimento dos conceitos básicos necessários para a formação de opinião e tomada de
decisão a respeito de diversas questões atuais. Um importante contribuidor para a formação
do conhecimento científico e, consequentemente, para o ensino da genética é o livro didático,
sendo capaz de influenciar e criar estereótipos quanto às pesquisas científicas e, assim, pela
ciência. O aprendizado por meio da Natureza da Ciência pode influenciar bastante na
aprendizagem, assim como permite que o estudante compreenda como ocorreu o
desenvolvimento do saber científico. O objetivo da pesquisa é analisar cinco coleções
didáticas mais utilizadas nas escolas de ensino médio, observando como se dá a abordagem da
genética nos livros didáticos, de que forma são mostrados os cientistas no livro e se os
mesmos buscam despertar a curiosidade e o interesse pela história do conhecimento científico.
A pesquisa foi do tipo qualitativa, feita a partir de uma ficha de análise. Os resultados
mostraram que os livros pouco abordam o conteúdo da genética a partir de uma abordagem
histórica do assunto, o que pode dificultar o entendimento no que diz respeito ao
desenvolvimento do saber científico nos estudantes, bem como sua visão de ciência. Os
cientistas também foram pouco comentados nas obras, com informações escassas quanto a seu
trabalho e a sua vida, o que poderia influenciar muito na visão que os estudantes possuem dos
mesmos. Também se observou a predominância de cientistas do sexo masculino, o que pode
criar um falso estereótipo de quem pode ou não estudar ciência. Portanto, assumindo a
importância do livro didático na promoção de uma adequada compreensão da Natureza da
Ciência e do trabalho científico pelos discentes, se faz necessária a inserção dos fundamentos
de história e de epistemologia da ciência na formação de conceitos científicos e visando
influenciar os estudantes a se interessarem mais pela ciência como um todo.
Palavras-chave: Genética; Natureza da Ciência; Livro Didático.
ABSTRACT
The research about the field of genetics education is an interesting topic in biology, once that
is a bunch of ways to go into it. However, genetics education's learning isn't structured and
efficient, likewise the understand of the basic concepts of the opinion's formation and the
decision about the current issues. An important scientific knowledge former is the textbook. It
can stereotype the researches. The learning through the nature of science can influence the
knowledge, making the student understand the process of scientific searching. The aim of this
research is analyze the five most used textbooks in high schools, studying how it approaches
genetics to the students, how scientists are presented in the book and if it makes student
excited for the scientific knowledge. It was a qualitative research, made through a record. The
results showed that books poorly present the genetic through a historical approach, it can,
eventually, complicates the development of the student's knowledge, as well the scientific
view. The scientists were few commented in the books, with scarce information about their
works and lives. Besides, we noted the predominance of male scientists, causing a false
impression about the gender of who can study science. Therefore, assuming the importance of
the textbooks in the formation of an appropriate view of the teachers about the science and the
scientific work, it is necessary inserts fundamental science's history and epistemology in the
formation concepts and influence the students to be interested by science.
Keywords: Genetics; Nature of Science; Textbook.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Porcentagens de cientistas mulheres e homens mencionados nos conteúdos de
Genética em cinco coleções didáticas do Ensino Médio. (pág 22)
Tabela 2 – Cientistas mais citados nos conteúdos de Genética nas cinco coleções didáticas de
Biologia analisadas. (pág 23)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................11
2. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................14
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................14
2.1.1 A NATUREZA DA CIÊNCIA E O SABER CIENTÍFICO................................14
2.1.2 A
EPISTEMOLOGIA
DA
CIÊNCIA
E
O
APRENDIZADO
DOS
CONTEÚDOS CIENTÍFICOS.....................................................................................17
2.1.3 O ENSINO DE GENÉTICA POR MEIO DE UMA ABORDAGEM
EPISTEMOLÓGICA....................................................................................................20
3. MATERIAL E MÉTODO..................................................................................................23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................25
4.1
ABORDAGEM
DA
NATUREZA
DA
CIÊNCIA
NO
LIVRO
DIDÁTICO....................................................................................................................25
4.2 IMAGEM DO CIENTISTA....................................................................................29
4.3 GÊNERO E NOMES DOS CIENTISTAS.............................................................32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................34
6. REFERÊNCIAS..................................................................................................................38
1. INTRODUÇÃO
Os conteúdos científicos geralmente são de difícil compreensão, frequentemente pela
própria natureza dos assuntos, como dos conceitos persentes na Biologia como DNA, genes e
proteínas, os quais podem parecer distantes do cotidiano dos estudantes se não for feita uma
relação eficiente entre os mesmos. Em muitos casos, a informação que os estudantes têm a
respeito de diversos processos da Biologia pode interferir em uma construção correta dos
significados, levando a um conhecimento equivocado de conceitos.
A educação científica pode ser utilizada como um elemento preponderante para o
entendimento de diversos conteúdos, visto que a escola atualmente se depara com diversos
desafios a serem enfrentados para possibilitar que os estudantes tenham uma aprendizagem
eficiente e uma formação para a cidadania.
Para Cobern e Loving (2000), quando se fala em ciência refere-se ao conhecimento
descritivo da natureza, o qual é desenvolvido por meio de uma experiência com a mesma, ou
seja, é buscar um “parecer racional da realidade”. Muitos pesquisadores dedicaram suas vidas
em estudos, sem contar que o caminho que os levou a compreensão do que se estava
estudando foi, muitas vezes, com equívocos, mas acima de tudo com muito esforço. Desta
forma que tudo foi sendo descoberto e entendido, como sabemos hoje. No entanto, muitas
vezes o que observamos é que o estudo da natureza desse conhecimento científico não é bem
vista na comunidade escolar, pois os livros deixam a desejar esse tipo de abordagem.
O estudo da História e da Filosofia das Ciências têm diversos efeitos na educação dos
estudantes, haja vista que esta é uma maneira de humanizar as ciências, aproximando-as dos
interesses de uma comunidade, sejam pessoais, éticos, culturais ou políticos. As aulas de
ciências podem ser vistas como desafiadoras, que levem o estudante a refletir e, neste caso,
permitir o desenvolvimento de um pensamento crítico a respeito de um determinado conteúdo
que anteriormente não lhe chamasse devida atenção. Com base no entendimento de uma
forma mais geral do conteúdo científico, as aulas de ciências passam a ter mais significação e,
assim, despertam mais o interesse dos discentes, saindo da falta de significação que inunda
diversos assuntos e que passam a ser de difícil compreensão.
O desenvolvimento de uma epistemologia da ciência que seja mais rica e fidedigna, isto
é, que permita um maior entendimento das ciências como um todo, assim como o espaço que
ela ocupa na formação dos educandos é notável e necessita estar cada vez mais presente no
cotidiano escolar, não simplesmente para melhorar a aprendizagem da ciência, mas também
incentivar uma visão mais voltada para o caráter humanístico presente no tema. Para tanto, os
11
discentes devem aprender não somente os conteúdos presentes nas ciências atuais, mas
também um tanto a respeito da Natureza da Ciência (NdC) e sua influência na tecnologia e,
consequentemente, na sociedade.
A pesquisa a respeito da NdC nos conteúdos de Genética em coleções didáticas de
Biologia do ensino médio passou a ser idealizada pela escassez desse tipo de pesquisa na
literatura, haja vista que quando diz respeito ao livro didático, muito se tem de análises do
conteúdo em si, porém este não é o objetivo que se busca este estudo, mas sim observar como
o assunto de Genética é abordado, partindo do pressuposto que este seria melhor
compreendido pelos estudantes quando trás consigo relatos da natureza do conhecimento
científico.
O livro didático é um instrumento pedagógico, utilizado pelo professor para auxílio no
ensino aprendizagem. Apesar dos avanços tecnológicos e da enorme variedade de materiais
curriculares, atualmente disponíveis no mercado, ele continua sendo o recurso mais utilizado
no ensino de ciências, sendo este disponibilizado às escolas com mais facilidade do que outros
recursos. Desse modo, se faz importante que os livros tragam uma abordagem de seus
conteúdos de uma maneira que seja de mais fácil entendimento e que promova a construção
do conhecimento científico dos estudantes.
Em alguns casos especiais, o professor se detém muito ao que está proposto pelo livro
didático e não faz uso de outros meios que possam enriquecer sua aula e despertar o interesse
dos estudantes. Vale salientar que o livro é um recurso utilizado como subsídio, desta forma
atuando como um apoio para o professor, contudo quando o mesmo apresenta uma
abordagem, como no caso na epistemologia da ciência, fomenta facilitar não somente a
explicação do conteúdo como também no entendimento do estudante.
Considerando-se o baixo poder aquisitivo da população e a elevada taxa de evasão e
repetência nas escolas, é possível afirmar que o livro didático talvez represente um dos únicos
textos que os brasileiros interagem durante suas vidas, e assim percebe-se o quão notório é
quando o livro trás consigo uma linguagem que leve a uma maior compreensão do conteúdo
pelos discentes, isto sem contar que ao mesmo tempo desperta um maior interesse na leitura
do assunto.
Logo, quando pensamos na educação atual, o livro didático assume um papel marcante
para os discentes, especialmente no que diz respeito ao ensino de ciências, visto que é uma
ferramenta de suma importância quando relacionado ao conteúdo que é ensinado pelos
docentes e o que é estudado pelos estudantes dentro e fora da sala de aula. Desse modo,
considerando a preponderância da História da Ciência no ensino, bem como a relevância do
12
ensino da Natureza da Ciência, é notável que se pesquise quanto à presença ou não desses
assuntos nos livros didáticos, não só pela sua influência no ensino de ciências, mas também
por o mesmo usualmente não apresentar esse assunto.
A Genética como sendo um tema indispensável para a compreensão de diversos
conceitos de suma importância, como da evolução dos seres vivos e do próprio ser humano,
dentre outras linhas do pensamento que podem ser colocadas dentro de um todo coerente, o
ensino de Genética é um campo de estudo que necessita de bastante atenção para não causar
uma distorção do conhecimento (CID; NETO, 2005). Muitas são as dificuldades que são
observadas nos discentes quando se trata de aprender Genética, visto que é aparentemente
uma disciplina bastante decorativa e que não mostra uma relação mais direta com o cotidiano
dos mesmos. Para tanto, é preponderante que sejam colocadas em prática outras formas de
ensinar, buscando fomentar a aprendizagem dos conteúdos pelos estudantes do ensino médio.
Diante das diversas metodologias que são comumente utilizadas em busca de uma
maneira de alcançar um aprendizado eficiente e estruturado, a abordagem por meio da
Natureza da Ciência se mostra como um fator capaz de levar o estudante a compreender os
conteúdos, visto que o uso de textos históricos valoriza o ensino e a aprendizagem de aspectos
que caracterizamos como componentes básicos da alfabetização científica, como também
pode mostrar que muitas dúvidas que podem estar presentes nas mentes dos estudantes são
semelhantes as dos estudiosos que trabalharam no entendimento de determinado conteúdo,
que enfrentaram um longo caminho para chegar à concepção que temos hoje. Isto pode
contribuir para que haja um entendimento do assunto e uma maior relação do mesmo em seu
dia a dia, entendendo “o porquê de estudar tal assunto”.
Este trabalho tem como objetivo analisar como a história da ciência é apresentada nos
conteúdos de Genética de cinco coleções didáticas do ensino médio, os quais são os livros
didáticos de Biologia mais utilizados nas escolas do estado da Paraíba, assim como as
percepções a respeito da Natureza da Ciência que estão presentes ao longo dos conteúdos, os
quais usualmente estão presentes na segunda ou terceira série do ensino médio.
13
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.1 A NATUREZA DA CIÊNCIA E O SABER CIENTÍFICO
Desde muito tempo o tema Natureza da Ciência (NdC) tem se tornado recorrente no
ensino. No início do século XX, pesquisadores em educação científica já manifestavam
preocupação no que diz respeito às concepções dos discentes sobre a NdC e a constante
necessidade de se incluir no ensino de ciências instruções a este respeito, de modo a fomentar
um aprendizado mais adequado acerca dos conteúdos científicos (LEDERMAN, 1992).
Recentemente, a visão pautada na NdC foi alterada, destacando-se a importância do enfoque
na história e filosofia das ciências propriamente ditas para uma educação científica de
qualidade, e não somente o ensino sobre o “método científico” (LEDERMAN; WADE;
BELL, 1998).
O termo 'Natureza da ciência' normalmente se refere à epistemologia da ciência, a
ciência como uma forma de conhecimento, ou os valores e crenças inerentes ao
desenvolvimento
do
conhecimento
científico
(LEDERMAN,
1992).
Além
dessas
caracterizações gerais, atualmente existe um consenso entre os filósofos, historiadores,
cientistas e educadores de ciências a respeito de uma definição específica para NdC, porém
esta definição pode ainda não ser tão bem estruturada para caracterizar este termo. O uso da
do termo NdC ao longo deste trabalho é empregada de modo simples para representar um
tema bastante amplo e dada a sua natureza multifacetada, complexa e altamente dinâmica que
provém do esforço científico (ABD-EL-KHALICK; LEDERMAN, 2000.).
Autores como Mc Comas, Clough e Almazroa (1998) consideram a NdC como:
[...] uma fértil e híbrida arena que recolhe aspectos de vários estudos
sociais da ciência, que incluem a história, sociologia e filosofia da ciência
combinada com investigações derivadas das ciências cognitivas como a
psicologia, que aportam uma rica descrição do que é a ciência, como
trabalha, como operam os cientistas como grupo social e como a
sociedade dirige e reage em direção ao esforço científico (MC COMAS;
CLOUGH; ALMAZROA, 1998, p.4).
Pensar em um conceito para a NdC pode adquirir um aspecto mais abrangente, como
mostra Vázquez:
O conceito de natureza da ciência engloba uma diversidade de aspectos
sobre o que é a ciência, seu funcionamento interno e externo, como
constrói e desenvolve o conhecimento que produz, os métodos que usa
14
para validar este conhecimento, os valores implicados nas atividades
científicas, a natureza da comunidade científica, os vínculos com a
tecnologia, as relações da sociedade com o sistema tecnocientífico e,
vice-versa, as contribuições deste à cultura e ao progresso da sociedade
(VÁZQUEZ, et al., 2007, p.332).
O compreendimento das ciências não pode resumir-se a um saber enciclopédico dos
seus principais conceitos, fatos e princípios, como é observado por diversas vezes no ensino
tradicional. Com isso, nos últimos anos observa-se como um marco da educação científica, o
constante objetivo de alcançar uma adequada compreensão da NdC, o que tem amplificado
sua notoriedade
por ser considerada como primordial para uma autentica alfabetização
científica para todo e qualquer cidadão (VÁZQUEZ; et al., 2001).
A investigação do conhecimento científico mostra que a natureza dessa atividade está
baseada em múltiplos processos instrumentais que podem ser empregados para o seu
entendimento, com uma ampla dinâmica de raciocínio prático que transcende os limites do
próprio ambiente em que se estuda, quer seja em uma sala de aula, em um laboratório ou em
qualquer organização que trate da investigação e dos mais diversos aspectos da vida científica
(VÁZQUEZ, 2007). Logo, o conhecimento científico é algo que vem ganhando cada vez mais
espaço, no que se refere a entender quais as melhores formas de transmissão do mesmo, tanto
para docentes como discentes.
Algo que tem sido objeto de grande investigação nos últimos 50 anos é a NdC.
Lederman (1992) apresentou uma revisão de literatura bastante abrangente a respeito deste
tema. Ele observou que a pesquisa relacionada com a epistemologia da ciência que foi
realizada ao longo de quatro relacionadas, mas distintas, linhas, foram as seguintes:
(a) Avaliação das concepções dos alunos sobre a natureza da ciência, (b)
o desenvolvimento, utilização, e avaliação de currículos projetados para
“melhorar” as concepções dos estudantes sobre a natureza da ciência, (c)
avaliação, e tentativas de melhorar, concepções de professores natureza
da ciência, e (d) identificação da relação entre as concepções dos
professores, concepções de prática em sala de aula e dos alunos
(LEDERMAN, 1992, p. 332).
Um componente preponderante na alfabetização científica é que se tenha uma
compreensão adequada da NdC (ABD-EL-KHALICK; LEDERMAN, 2000). Na verdade, o
objetivo de ajudar os alunos a desenvolver entendimentos apropriados da NdC é "um dos
objetivos mais comumente indicados para o ensino das ciências". Esta ideia ganhou força pela
maioria dos cientistas e educadores de ciências nos últimos 85 anos e, recentemente, foi
15
novamente enfatizado, quando percebemos que está entre os principais esforços de reforma na
educação em ciências.
É evidente a importância de se estudar a NdC, como relata Brian J. Alters:
Muito tem sido escrito sobre a necessidade de retratar Natureza da
Ciência (NdC) para professores e alunos. Por mais de meio século, tem
havido um esmagador consenso de organizações literatura e ciência da
educação científica a respeito dessa necessidade de ensinar a NdC para
professores e/ou os seus alunos. Hoje, é um importante, se não o principal
objetivo da educação científica (ALTERS, 1997, p. 39).
No entanto, Alters (1997) também relata que ainda não há um consenso no que diz
respeito à posição filosófica subjacente à NdC existente entre os próprios especialistas e,
consequentemente no ensino de ciências. Portanto, este é um dos aspectos que podem levar a
uma maior dificuldade em relatar a epistemologia da ciência na educação científica dos
educandos.
Muitos autores afirmam que não há uma visão unificada a respeito da NdC, ou mesmo
uma imagem considerada “correta” da mesma. Contudo, a não abordagem de conceitos de
NdC, ou até mesmo relatos equivocados a respeito da mesma podem formar concepções não
condizentes com a epistemologia da ciência. Entre as concepções inadequadas que são
encontradas de maneira recorrente entre os estudantes, Teixeira, E. S.; Freire Jr., O.; El-Hani,
C. N. (2009, p.531), citam as seguintes:
[...] ausência de compreensão sobre a natureza do conhecimento
científico; compromisso com uma visão epistemológica absolutista, de
acordo com a qual uma forma de conhecimento pode ser entendida como
definitiva e absolutamente verdadeira; uma visão empírico-indutivista da
ciência, segundo a qual o conhecimento científico é obtido por
generalização indutiva a partir de dados de observação destituídos de
qualquer influência teórica e/ou subjetiva, o que asseguraria a natureza
verdadeira das proposições científicas; crença na existência de um
método único, que seria capaz de assegurar a verdade absoluta das
afirmações científicas sobre o mundo; ausência de reconhecimento do
papel da criatividade e da imaginação na produção do conhecimento
científico; falta de compreensão dos conceitos metateóricos ‘fato’,
‘evidência’, ‘observação’, ‘experimentação’, ‘modelos’, ‘leis’ e ‘teorias’,
bem como de suas inter-relações etc.
Com isso, é notório observar que uma das causas que podem resultar na formação de
conceitos equivocados reside, muitas vezes, na carência de materiais instrucionais apropriados
para serem utilizados em sala de aula para a promoção de concepções epistemológicas mais
condizentes e apropriadas entre os discentes (LEDERMAN, 1992).
McComas e Olson (1998) destacam não somente a disciplina ciências é quem trás
consigo conteúdos da NdC, também não podem deixar de ser mencionadas quatro disciplinas
16
principais (metaciências) que parecem fornecer informações acerca da Natureza da Ciência,
que são a filosofia, a história, a sociologia e a psicologia da ciência. De acordo com os
autores, a história e a filosofia da ciência causam um maior impacto no que diz respeito ao
entendimento sobre os assuntos de ciências, porém a sociologia e a psicologia também
contribuem com elementos preponderantes.
2.1.2 A EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA E O APRENDIZADO DOS CONTEÚDOS
CIENTÍFICOS
O termo Natureza da Ciência não é um sinônimo para a filosofia da ciência (MC
COMAS, OLSON, 1998). A NdC é utilizada para descrever quanto as similaridades que estão
presentes nas questões relacionadas a filosofia, história, sociologia e psicologia da ciência, sua
aplicação e qual o impacto que elas exercem no ensino e aprendizagem da ciência. O papel e a
importância do ensino da NdC é um domínio primordial para conduzir os docentes de ciências
numa correta e clara descrição do que é ciência ao discente (MC COMAS, CLOUGH,
ALMAZROA, 1998).
De acordo com Echeverría (1998) a filosofia da ciência é constitui-se como a
metaciência com maior influência na visão atual da NdC. Ela proporciona à NdC os aspectos
epistemológicos relevantes do conhecimento científico, tais como:
[...] as relações entre a ciência, tecnologia e sociedade, o choque entre
paradigmas rivais, o progresso científico e sua influência sobre o
ambiente, as comunidades e as instituições científicas, a construção dos
fatos e das representações científicas, etc. (ECHEVERRÍA, 1998, p.7).
A História e Filosofia da Ciência (HFC) passaram a ser incluídas no currículo de
ciências, pois estas se mostram como um recurso pedagógico apropriado para o ensino
aprendizagem dos conteúdos de ciências, em especial àqueles que necessitam da
epistemologia para a sua melhor apreensão.
As disciplinas metacientíficas reconhecem que não é possível separar os
atos de conhecer do conhecimento. A ciência é algo que nas mentes
humanas gera e recebe, regenera ou revisa, comunica e interpreta (através
da percepção, da cognição e da linguagem que desempenham um
importante papel). Muitas das características da ciência se configuram
através de mecanismos psicológicos que utilizam os cientistas, individual
ou coletivamente, em seus estudos sobre o mundo. Nesta linha de
argumentação, a psicologia cognitiva fornece à natureza da ciência uma
compreensão dos processos cognitivos que os cientistas utilizam quando
desenvolvem atividades científicas, e também o conhecimento sobre as
características pessoais dos cientistas (ALMEIDA; FARIAS, 2011, p.
476).
17
Nesse sentido, a HFC tem se mostrado como uma adequada maneira de ensinar, que
fomenta atingir diversos propósitos na formação científica básica dos educandos, bem como
ela tem se apresentado como uma construção sócio histórica do conhecimento e, em especial
leva ao entendimento da NdC de uma maneira correta e mais relacionada com o cotidiano do
mesmo (FORATO; MARTINS; PIETROCOLA, 2011). Por meio da introdução da HFC
como uma metodologia de ensino de ciências será permitida uma visão mais útil da ciência
em seu desenvolvimento e, desse modo,
O estudo adequado de alguns episódios históricos permite compreender
as interrelações entre a ciência, tecnologia e sociedade, mostrando que a
ciência não é uma coisa isolada de todas as outras, mas sim faz parte de
um desenvolvimento histórico, de uma cultura, de um mundo humano,
sofrendo influências e influenciando por sua vez muitos aspectos da
sociedade (MARTINS, 2006, p. 17-18).
Muitos teóricos defendem a HFC tanto no ensino de ciências como no treinamento de
docentes, visto que este para Forato, Pietrocola e Martins (2011, p. 29),
Dentre as diversas abordagens possíveis sobre a ciência – por exemplo,
questões sociais, metodológicas, econômicas, políticas, ambientais – os
usos da história e da filosofia da ciência (HFC) na educação científica
vem sendo recomendado como um recurso útil para uma formação de
qualidade, especialmente visando o ensino/aprendizagem de aspectos
epistemológicos da construção da ciência.
Desse modo, a HFC promove uma abordagem contextualizada da educação em
ciências, haja vista que esta será abordada e compreendida nos mais diversos contextos, tanto
em aspectos éticos, sociais, históricos e filosóficos. A terminologia adotada pelo Currículo
Nacional Britânico (NCC) estabelece que os estudantes do primeiro e segundo grau devem
aprender além do conteúdo das ciências atuais, algo a respeito da Natureza da ciência.
(MATTHEWS, 1994).
Na parte introdutória à seção de HFC do curso, o Conselho Britânico de Currículo
Nacional afirma que:
[...] os estudantes devem desenvolver seu conhecimento e entendimento
sobre como o pensamento científico mudou através do tempo e como a
natureza desse pensamento e sua utilização são afetados pelos contextos
sociais, morais, espirituais e culturais em cujo seio se desenvolvem
(MATTHEWS, 1995, p. 167).
Por meio da observação do que relata o Conselho de Currículo Nacional (NCC) podese encontrar um exemplo do tipo de entendimento e de habilidades que o mesmo tenta
favorecer no novo modelo de currículo, o qual informa que os estudantes deverão ser capazes
de:
18

Discernir entre afirmações e argumentos embasados em dados e provas científicas e os
que não o são;

Perceber a maneira pela qual o desenvolvimento de uma determinada teoria ou
pensamento científico pode se relacionar com o seu contexto moral, espiritual, cultural
e histórico;

Estudar relatos de mudanças no pensamento científico, bem como de controvérsias
científicas (MATTHEWS, 1995, p. 167).
No capítulo que fala sobre A Natureza da Ciência são incluídas uma série de
discussões a respeito do caráter objetivo e mutável da ciência, elencando as possibilidades de
se perceber as diferenças entre a ciência e uma pseudociência, com base em provas científicas
e suas relações com a teoria, o método científico, a explicação, a predição e a organização
social da ciência. O objetivo proposto é que seja fomentado aos estudantes que esses temas
sejam conhecidos e compreendidos, sem necessitar de substituir os conteúdos propostos na
disciplina para a inclusão da HFC (METTHEWS, 1995).
Nesse sentido, é possível perceber que é difícil se ter uma forma adequada de abordar
a NdC ou da própria atividade científica, como relata Praia, Gil-Pérez e Vilches (2007, p. 147):
Estamos conscientes das dificuldades que se colocam ao falar de uma
“imagem adequada” da atividade científica, que parece sugerir a
existência de um suposto método universal, de um modelo único de
desenvolvimento científico. É preciso evitar qualquer interpretação deste
tipo, mas tal não se consegue renunciando a falar das características da
atividade científica; consegue-se com um esforço consciente para evitar
simplismos e deformações claramente contrárias ao que pode entender-se,
em sentido amplo, como aproximação científica ao tratamento de
problemas.
Para Acevedo et al. (2005) é comum que nos currículos de ciências ocorra uma
presença maior de conteúdos conceituais e não processuais, “tendo como referência a lógica
interna da própria ciência e, assim, esquecem a formação que exige a construção científica”.
Um fator que pode explicar tal referência é devido a complexidade da NdC, bem como pelo
fato de que ocorrem divergências até mesmo entre os próprios filósofos e sociólogos da
ciência no que diz respeito aos princípios básicos desta.
Ainda para Matthews (1994), a tradição contextualizada certifica que a história da
ciência tem o papel de contribuir para o ensino porque:
(1) motiva e atrai os alunos; (2) humaniza a matéria; (3) promove uma
compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu
desenvolvimento e aperfeiçoamento; (4) há um valor intrínseco em se
compreender certos episódios fundamentais na história da ciência, a
Revolução Científica, o darwinismo, etc.; (5) demonstra que a ciência é
19
mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico atual está
sujeito a transformações que (6) se opõem a ideologia cientificista; e,
finalmente, (7) a história permite uma compreensão mais profícua do
método científico e apresenta os padrões de mudança na metodologia
vigente (METTHEWS, 1995, p. 172).
Portanto, a abordagem por meio da História e Filosofia da Ciência se mostra como um
dos instrumentos didáticos metodológicos mais promissores para uma reestruturação do perfil
educacional por meio da alfabetização científica, como já mencionado. O desafio, então, é
levar ao estudante um conhecimento que lhe proporcione um satisfatório embasamento, para
posteriormente saber tomar decisões com criticidade, fundamentação e entendimento acerca
dos mais diversos aspectos que engloba a ciência (CARVALHO; SASSERON, 2010).
Independentemente de quais são os instrumentos de pesquisa utilizados para o ensino
das ciências, estudos realizados mostram que os docentes, bem como os discentes, em geral
possuem concepções epistemológicas não condizentes com a realidade. Há um predomínio de
visões ‘empíricoindutivistas’ e absolutistas da natureza da ciência entre os próprios
professores, com relação à variação de fatores, como “o contexto cultural, a experiência de
ensino e o nível de atuação e de formação” (TEIXEIRA; FREIRE-JÚNIOR; EL-HANI,
2009).
2.1.3 O ENSINO DE GENÉTICA
POR
MEIO
DE
UMA ABORDAGEM
EPISTEMOLÓGICA
É evidente a preocupação atual com o ensino de Genética, visto que é considerado um
conteúdo da Biologia de difícil compreensão, tanto para os estudantes quanto para os próprios
professores para transmitir seus conhecimentos acerca do assunto, sendo então um dos temas
de maior preocupação no ensino de Biologia. Muitas vezes, as ciências como um todo são
vistas pelos estudantes como disciplinas que servem somente para decorar nomes e fórmulas
(KRASILCHIK, 2004).
Para Griffiths et al. (2001), o aprendizado de Genética é de suma importância e podem
ser mencionadas duas razões básicas para aprendermos genética:
Primeiro porque a genética chegou para ocupar uma posição fundamental
na biologia como um todo. Portanto, é essencial o entendimento da
genética para qualquer estudo sério sobre a vida vegetal, animal e
microbiana. Segundo, a genética, como nenhuma outra disciplina
científica, tem-se tornado fundamental para os inúmeros aspectos dos
interesses humanos. Ela toca nossa humanidade de muitas maneiras
diferentes (GRIFFITHS; et al., 2001, p. 2).
20
As pesquisas na área de genética estão cada dia mais avançadas e cada vez mais
presentes em nosso cotidiano, fazendo-se necessário que haja uma compreensão por parte dos
estudantes de como ocorrem diversos processos que envolvem a Genética. No entanto, algo
que se tem uma preocupação crescente é o fato dos estudantes não dominarem sequer os
conceitos básicos de Genética ao final do ensino médio. É notório que os mesmos tenham
algum conhecimento deste conteúdo, porém é perceptível que hajam dificuldades, visto que
seus conceitos geram confusões, especialmente com as suas terminologias, que geralmente
são mal interpretadas (SCHEID; FERRARI, 2006).
O aprendizado de Genética é base para a compreensão de diversas questões que,
atualmente, estão presentes nos mais variados meios de comunicação. Muito se tem debatido
a respeito da importância do DNA na transmissão dos caracteres hereditários, da descoberta e
mapeamento de genes que são responsáveis por favorecer a formação de tumores, bem como
o uso terapêutico das famosas células tronco, melhoramento genético, entre muitos outros
(GRIFFITHS, et al., 2001).
A Ciência geralmente é vista como uma realidade inquestionável, que não pode ser
refutada, como sendo uma verdade absoluta. Esta visão dificulta o aprendizado, bem como a
natureza da atividade científica, tornando-se não convidativo para os estudantes. Desse modo,
o estudo da Natureza da Ciência é uma estratégia interessante para introduzir diversos
conteúdos de Genética, podendo ser uma facilitadora para proporcionar uma adequada
formação científica (SCHEID; DELIZOICOV; FERRARI, 2003).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Biologia sugerem que haja um
direcionamento do conteúdo para os fundamentos filosóficos e sociais, envolvendo
“conhecimentos básicos de História, Filosofia e Metodologia da Ciência, Sociologia e
Antropologia, para dar suporte à sua atuação profissional na sociedade, com a consciência de
seu papel na formação de cidadãos” (BRASIL, 2001).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) enfatizam que
o ensino de biologia necessita passar por reformas para que, dessa forma, novas visões em
especial nos conteúdos relacionados à genética, sejam abordadas de maneira a facilitar o
entendimento do estudante em sala de aula (BRASIL, 2000). Dessa maneira, a abordagem por
meio da epistemologia da ciência pode ser um caminho que proporcione uma aprendizagem
significativa dos assuntos de Genética.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de Ciências
Naturais,
21
Estudos na História e Filosofia das Ciências são um desafio para o
professor, uma vez que raramente sua formação inicial contemplou estes
campos de conhecimentos dedicados à natureza da Ciência. São estudos
que proporcionam consistência à visão de Ciência do professor e uma
distinção mais clara entre Ciência e Natureza. Informam que um mesmo
fenômeno foi explicado de formas diversas em épocas diferentes e que
muitos fenômenos naturais foram descobertos ou evidenciados por efeito
da investigação científica, não sendo possível sua verificação ou
compreensão por simples observação direta. São estudos que permitem
melhor compreensão da natureza teórica e abstrata das Ciências Naturais,
de seu caráter dinâmico. Ao mesmo tempo, o professor adquire subsídios
para entender e dar exemplos da mútua dependência entre o
desenvolvimento científico e tecnológico e da grande influência do
conhecimento científico na modelagem das visões de mundo.
(BRASIL.MEC/SEF, 1998. p. 89).
Nessa perspectiva, fica claro que o estudo da Natureza da Ciência é importante para o
ensino de diversos conteúdos da Biologia, especialmente da Genética. Para tanto, se faz
importante que não só o docente faça esse direcionamento, assim como o próprio livro
didático, visto que este é um instrumento pedagógico, utilizado pelo professor para auxilio no
ensino aprendizagem.
No mesmo sentido, o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) foi criado no
Brasil há mais de 70 anos, no entanto ganhou maior importância a partir de 1985 com a
edição do Decreto nº 95542/85 (FNDE, 2004), o qual permitiu um suporte à política
educacional brasileira com o objetivo de corresponder de maneira eficiente à demanda que
assume caráter obrigatório com a Constituição de 1988:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de
(...) VII – atendimento ao educando no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde (art. 208).
Fica claro que para o pleno desenvolvimento do aprendizado o estudante necessita de
uma contextualização do que está sendo estudando, o que pode também ter relação com o
contexto em que vive. Por conseguinte, é importante entender como se dá o desenvolvimento
do estudante, para entender como o conteúdo pode ser consolidado. Para Rego (2000, p. 58):
O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sócio
cultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e
dialética) através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas
reorganizações por parte do individuo.
Vale ressaltar que os livros didáticos têm tido uma grande proeminência ao longo da
história da educação brasileira, e eles continuam sendo um dos mais importantes suportes para
o planejamento e execução das aulas em grande parte das escolas. Nos últimos anos, por meio
22
do Plano Nacional do Livro do Ensino Médio (2008), o governo brasileiro realiza a
distribuição gratuita de livros, incluindo os de Biologia, aos estudantes da rede pública de
ensino, isto buscando proporcionar a todos os discentes a oportunidade de que se utilize um
material de qualidade dentro ou fora da sala de aula. Para Vasconcelos e Souto (2003) os
livros didáticos constituem objetos pedagógicos preponderantes que dão suporte na formação
dos cidadãos.
De uma maneira geral, o livro didático é um poderoso estabilizador do ensino teórico,
técnico e fragmentário das Ciências, coibindo a função do professor como planejador e
executor do currículo (KRASILCHICK, 2004). Diante disso, é importante que se perceba se o
livro didático está mostrando-se um meio preponderante para o aprendizado dos conteúdos de
Genética, levando em consideração a aprendizagem por meio da compreensão do assunto,
partindo dos aspectos em que a Natureza da Ciência está envolvida.
3.
MATERIAL E MÉTODO
3.1
MATERIAL
O objeto de estudo da pesquisa consistiu em livros didáticos de Biologia mais utilizados
no ensino médio, pela rede pública de ensino, de acordo com a Secretaria da Educação do
Estado da Paraíba. Foi utilizado também o Guia de Livros Didáticos PNLD (BRASIL, 2012).
Partindo desse pressuposto foram escolhidas cinco coleções de livros didáticos para a
análise:
Livro 1: AMABIS, J.M.; MARTHO, G. R. Biologia das populações - Vol 3. 3 ed. São
Paulo: Ed. Moderna, 2010.
Livro 2: LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje – Genética, Evolução e
Ecologia - Vol. 3. 1 ed. São Paulo: Ed. Ática, 2011.
Livro 3: LOPES, S.; ROSSO, S. Bio – Vol. 2. 1 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010.
Livro 4: SILVA, C. J.; SASSON, S.; CALDINI, N. J. Biologia – Vol. 3. 1 ed. São Paulo: Ed.
Saraiva, 2010.
Livro 5: PEZZI, A.; GOWDAK D.O.; MATTOS, N.S. Biologia: Genética, Evolução e
Ecologia - Vol. 3. 1 ed. São Paulo: FTD, 2010.
23
3.2
MÉTODO
Este trabalho foi desenvolvido utilizando-se uma abordagem qualitativa, através da
pesquisa exploratória. Segundo Gil (1999, p.43), “a pesquisa exploratória tem o objetivo de
desenvolver, esclarecer e modificar determinados conceitos e ideias”.
O presente trabalho foi desenvolvido da seguinte forma:
1. Revisão de literatura para embasamento teórico.
2. Construção de um instrumento (ficha de análise), utilizada para obtenção dos
dados.
3. Análise qualitativa dos dados.
4. Quanto à idealização da pesquisa, bem como a coleta e análise dos dados,
realizaram-se os seguintes aspectos operativos:
Partindo de leituras de trabalhos que são voltados para a análise de livros didáticos,
percebe-se que a utilização de uma ficha de análise seria o instrumento mais adequado e
relevante para a pesquisa. Dos trabalhamos lidos, dois contribuíram mais especialmente: Leite
(2002) e Peters (2005). A ficha de análise que é apresentada neste trabalho é composta de sete
tópicos e 26 itens para análise. Portanto, a análise do conteúdo, bem como a avaliação dos
dados obtidos efetivou-se por meio da ficha de análise (APÊNDICE I).
Por conseguinte, o que se buscou observar nos livros partiu do pressuposto a seguir:
 Como se dá a transmissão do conhecimento científico presente no livro didático?
 De que forma são mostrados os cientistas no livro?
 O livro busca despertar a curiosidade e o interesse pela história do conhecimento
científico?
 É demonstrado interesse em desvendar aspectos relacionados à história da genética?
 O livro instiga o estudante a treinar o seu conhecimento a respeito da história da
genética?
Com relação ao cientista, buscou-se observar qual é o estereótipo do mesmo que está
presente no livro, observando:
 Qual o perfil do cientista?
o Como ele é?
o O que ele faz?
o Qual o seu local de trabalho?
o Como é a sua vida?
 Quais os cientistas mais mencionados?
24
 Como são as imagens dos cientistas?
A análise da imagem do cientista verificará algumas características que podem estar de
maneira mais frequente presentes nas ilustrações que são escolhidas para serem colocadas nos
livros. Para Finson, Beaver e Cramond (1995) comentam que há algumas características que
levam em consideração alguns estereótipos presentes nas imagens dos cientistas. Estes
elementos mostram a significância de determinadas características presentes na imagem, bem
como as que formam o estereótipo do cientista que geralmente é apresentado nos livros
didáticos. As mais importantes são:
 Gênero masculino
 Branco (caucasiano)
 Indicativos de perigo
 Presença de lâmpadas
 Indicativos de secreticidade
 Cientista trabalhando em ambientes isolados
 Cientista idoso ou de idade avançada
Lüdke e André (1986) comentam que a análise documental, tal como foi adotada na
presente pesquisa, é uma técnica de abordagem de dados qualitativos que tem bastante
preponderância para a compreensão do objeto de estudo.
Sendo assim, foi evidenciado de maneira detalhada a forma que os conteúdos de
Genética estão presentes no livro didático, bem como entender o tipo de abordagem que é
utilizada pelos livros, se ela é capaz de promover um ensino aprendizagem eficiente para os
discentes da disciplina de Biologia do Ensino Médio, verificando as coleções didáticas que
são mais utilizadas nas escolas, sendo possível refletir como o ensino se dá na atualidade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Abordagem da Natureza da Ciência no Livro Didático
Com base na análise realizada nas coleções didáticas de biologia do Ensino Médio,
algumas conclusões podem ser tiradas no que diz respeito à abordagem epistemológica da
ciência. Geralmente, a visão que é mostrada indica que as descobertas não passaram por um
grande processo, o qual houve muitos equívocos até chegar ao conhecimento que temos hoje.
25
É preponderante que se tenha uma abordagem dessa forma, mostrando a história das
descobertas para que o estudante compreenda a natureza do conhecimento científico.
No que se refere ao ensino de Genética, um dos maiores problemas
encontrados reside na veiculação da ideia/visão de Ciência como verdade
inquestionável. Esta concepção dificulta o entendimento da natureza da
atividade científica e desestimula os estudantes. A concepção positivista
de Ciência, ainda muito presente, impõe uma racionalidade técnica que
faz com que, muitas vezes, os professores sintam-se responsáveis pela
detenção das verdades definitivas que deverão transmitir aos estudantes
(SCHEID; FERRARI, 2006, p.1).
O que foi observado de maneira mais frequente nos livros, de uma maneira geral, foi
que a abordagem histórica dos conteúdos de genética era carente de informações a respeito
tanto da vida dos autores, suas descobertas, seu campo de trabalho, bem como a
contextualização histórica da época em que as pesquisas estavam ocorrendo, o que tem grande
influência no desenvolvimento de pesquisas e publicação de trabalhos.
Desse modo, apenas citar os fatos ocorridos não é uma forma interessante para se
abordar a Natureza da Ciência. Se a História da Ciência for colocada somente como uma
sequência de fatos que foram marcantes para a construção de um determinado conhecimento
científico, ou mesmo se os episódios históricos forem apresentados como pormenores de
segundo plano , também não será atingido o objetivo que é proposto pelo ensino (SCHEID;
FERRARI, 2006). Nesse pressuposto, a análise epistemológica de um conteúdo expresso é
necessária para promover um ensino aprendizagem de qualidade para os estudantes do ensino
médio.
Um dos grandes desafios que permeiam a produção de um livro didático é transformar
um assunto que é complexo em algo que seja mais simples e atraente para os estudantes, sem
que este perca sua qualidade. A partir disso, percebe-se que conteúdos mesmo que complexos
tem uma história atrelada a sua descoberta que pode facilitar a forma que o estudante entende
o assunto, isso partindo do conhecimento prévio dos princípios da Genética Clássica que são
necessários para o entendimento de conceitos de Genética Molecular.
A Genética, principalmente a Genética Molecular, é uma área de
pesquisas que se desenvolve muito rapidamente e o conhecimento, mais
do que nunca, é do tipo estrutural. São necessários os conhecimentos
prévios para que um novo conceito seja introduzido. No entanto, na
tentativa de se introduzir muita informação, algumas delas ficam por
demais simplificadas, chegando a parecer inverídicas (VILAS-BOAS,
2006, p.10).
O conteúdo de Genética Clássica é o que apresentava uma abordagem histórica mais
evidente nos livros, entretanto a mesma mostrava poucos aspectos referentes à epistemologia
26
da ciência, contendo apenas algumas informações históricas. Este conteúdo geralmente estava
presente no primeiro capítulo da unidade, fazendo uma introdução de conceitos da genética,
bem como os autores de algumas de suas descobertas mais importantes. Apesar de alguns
livros não serem tão ricos em comentar sobre esses aspectos, uma opção para o professor é o
uso da história como uma forma de tratar sobre a epistemologia da ciência em sala de aula,
mostrando-se como uma alternativa bastante interessante para o ensino, visando uma
construção de conceitos sobre a evolução do conhecimento científico. (NASCIMENTO,
2004).
A partir da análise, pode-se dizer que a NdC foi pouco abordada no conteúdo de
Genética das cinco coleções didáticas, o que mostra uma situação preocupante, visto que esta
abordagem permite que o estudante compreenda a ciência como algo mutável, e como
surgiram os seus diversos conceitos, bem como quase não haviam questões para ser testado o
conhecimento da história da ciência. Para Ludwik Fleck (1986) “a ciência moderna não pode
ser compreendida sem que se estude a forma que a mesma se desenvolveu, uma vez que ela é
produto de saberes remotos que foram se transformando e se desenvolvendo ao longo do
tempo até chegar ao entendimento atual”.
A forma como o conteúdo de Genética é abordado no livro apresenta-se como
descritivo, o qual em muitos momentos confere pouca importância a História da Ciência, que
se faz preponderante para que o assunto passe a fazer sentido.
Incluir a história da ciência no ensino de biologia, especificamente no de
genética, não é apenas registrar os fatos ocorridos, ou fazer uma simples
crônica dos conhecimentos científicos, cuja pretensão se restrinja a
descrever nomes, datas e resultados. É sim, fazer uma história
essencialmente crítica, utilizando-se de juízos de valor na reconstrução da
linha de desenvolvimento do saber científico (SCHEID; DELIZOICOV;
FERRARI, 2003).
A presença da História da Ciência no livro pode mostrar o saber científico com um
aspecto dinâmico e inesgotável de conhecimento, sendo de grande importância que isto fique
claro para o estudante. No entanto, a dificuldade dos professores em se trabalhar os temas de
genética em seu contexto histórico é proveniente, muitas vezes, da falta da abordagem do
mesmo nos livros didáticos, em que foi observado que tratam da ciência como uma verdade
absoluta e imutável, o que pode levar ao professor passar uma informação inadequada para os
discentes.
Não é difícil observar que muitos estudantes do ensino médio têm dificuldades em
entender e conseguir relacionar diversos termos da Genética, sendo de grande importância que
se compreenda como eles se correlacionam, bem como as dificuldades e restrições existentes
27
na época para estudar diversos assuntos. Deixar de compreender esses processos leva a
dificuldades na aprendizagem dos conteúdos de genética como um todo, haja vista que o
estudo da epistemologia da ciência pode ajudar a entender a respeito das terminologias,
facilitando o aprendizado dos mesmos (SCHEID; FERRARI, 2006).
Estudar história da ciência é uma forma de adquirir conhecimento
científico e não apenas a simples crença científica. Crença essa que
corresponde ao conhecimento dos resultados científicos, junto com sua
aceitação como verdade, baseado no respeito à autoridade do professor ou
dos cientistas. Enquanto o conhecimento científico sobre algum assunto
seria saber os resultados científicos, aceitar esses resultados e ter o direito
de aceitá-los, pois sabe como este conhecimento é justificado e sobre o
que está baseado. (SILVA; MARTINS, 2003, p.55)
De maneira geral, muito pouco foi mencionado nos livros quanto à evolução do
conhecimento científico, das bases experimentais, os instrumentos existentes na época, o
processo dinâmico das descobertas (ou das invenções), as teorias que foram sendo difundidas,
para que se tornasse possível entender como uma teoria foi justificada e por quais razões a
mesma foi aceita. Estes elementos são de grande importância para o entendimento da NdC e
da Genética em si.
Outro aspecto que foi observado nos livros foi a pequena abordagem da vida dos
principais pesquisadores da área da genética, nos quais relatavam quase que exclusivamente
da vida de Gregor Mendel, isto quando eram mencionados detalhes da mesma. Quanto aos
outros pesquisadores, pouco foi comentado, bem como do contexto histórico da época de seus
estudos. Dessa forma, a não abordagem de estudos históricos a respeito da vida e o tempo de
importantes e influentes cientistas podem tornar o aprendizado do conteúdo menos atrativo
aos estudantes, pois não há uma humanização do ensino de ciências (HEERING, 2000;
MATTHEWS, 1994).
A história da ciência valoriza o caráter mutável da ciência mostrando aos
estudantes sua dependência de contextos históricos e culturais,
derrubando mitos, humanizando gênios e ainda mostrando que o
conhecimento científico aceito atualmente é suscetível de transformações
(SILVA; MARTINS, 2003, p. 2-3).
A contextualização tanto social, quanto política e religiosa foi outro aspecto pouco
comentado no livro, o que seria bastante importante considerando as influências que os
cientistas e, consequentemente, a própria ciência sofre de fatores externos, não se pode deixar
de se comentar o contexto histórico no qual estão inseridos. A ciência segue uma relação
íntima com a sociedade, a qual tem grande influência e é também influenciada por ela em
diversas maneiras, sendo que dentre eles, não se pode esquecer a grande influência da religião
28
na ciência, do mesmo modo que das dificuldades enfrentadas pela mulher para participar de
pesquisas durante muito tempo.
4.2 Imagem do cientista
Em todos os livros analisados, o perfil dos cientistas era pouco mencionado. Muitos dos
aspectos referentes à sua vida, carreira e pesquisas não foram mostrados. No entanto, na
maioria das coleções foi observada a colocação de datas de nascimento e falecimento em cada
um dos nomes dos pesquisadores que foram citados, quase sempre estava presente sua
nacionalidade e/ou local de nascimento e/ou local que desenvolveu seu trabalho, os quais são
detalhes que têm grande importância para o estudante conhecer a época e o local em que
viveu e trabalhou, podendo entender como se dava o desenvolvimento das pesquisas na época,
bem como suas restrições e compará-la com o que acontece hoje, para entender as influências
nos estudos atuais.
Entretanto, a presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino em que o cientista
trabalhou, bem como os períodos de dedicação ao seu trabalho foram comentados de maneira
insuficiente nos livros. Informações como estas são imprescindíveis para que o estudante
compreenda a vida do pesquisador, como se deram suas descobertas, além de despertar um
maior interesse pelo conteúdo e por estudar as ciências no geral.
No que se refere às características do cientista que são interessantes de serem colocadas
no texto, das quais podem ser mencionadas quatro categorias:

Como ele é
A formação de uma ideia de como é o cientista é, muitas vezes, resultado do que os
estudantes leem, sendo então o livro didático um fator de importante contribuição para a
formação de uma concepção a respeito do que é um cientista e, a partir desse pressuposto, o
estudante irá desenvolver ou não interesse por pesquisas futuramente. Mostrar como é o
cientista, portanto, é imprescindível, para que não sejam formadas falsas ideias do que é a
ciência.
Um fator de grande contribuição para entender como era o cientista é por meio da
imagem (foto) do mesmo. Quando era colocada no livro constitui um fator necessário para
que o discente possa conhecer mais do pesquisador e se interessar pelo seu trabalho. Walls
(2012) realizou pesquisas a respeito da imagem que os estudantes têm dos cientistas e
constatou que muitos deles consideram o cientista como “estudioso” e “inteligente”, o que é
29
um aspecto positivo, e a presença da imagem do cientista pode contribuir para atingir tal
efeito no pensamento dos discentes.
No entanto, não só a imagem do cientista é capaz de promover o entendimento de quem
ele é, o próprio’ texto pode mostrar características importantes que permitam traçar um perfil
do mesmo. Porém, pouco se observou a colocação de características mais descritivas a
respeito do pesquisador. Somente em um dos livros (SILVA, C. J.; SASSON, S.; CALDINI,
N. J. Biologia – Vol. 3) esteve presente a biografia do cientista Gregor Mendel. Este foi o
cientista mais bem comentado em todas as coleções didáticas, mas mesmo assim ainda deixou
a desejar na maioria dos livros a respeito de como era o pesquisador em si, mas as imagens
dele presentes nos livros muito contribuíram para formar um perfil do mesmo.
Vale ressaltar que outro aspecto bastante eminente é os cientistas presentes nas imagens
nos livros analisados serem brancos (caucasianos), além de serem homens, em sua grande
maioria, o que reforça determinados perfis e formam falsas imagens na mente dos estudantes.

O que ele faz
Como mencionado anteriormente, os livros didáticos analisados não elencavam muitos
detalhes da vida dos cientistas do campo da Genética. O que estava presente de maneira mais
homogenia era a respeito de sua formação e quais as pesquisas eram do interesse do
pesquisador. Isto percebia-se por meio de suas descobertas, as quais foram de grande
importância para conclusões posteriores em seus próprios estudos ou para outros
pesquisadores.
Mostrar no livro o trabalho dos pesquisadores pode ser bastante preponderante para que
o estudante entenda como o trabalho é desenvolvido, e queira ou não tornar-se um
pesquisador da área. Walls (2012) reportou que a maioria dos estudantes veem os cientistas
como pesquisadores que realizam atividades relacionadas com a solução de problemas
especificamente ligados à aprendizagem sobre o mundo. O que o cientista faz pode servir de
inspiração para o discente, podendo o mesmo se interessar pela área de pesquisa, ou o
contrário.
Ainda nessa perspectiva, o estudante também pode entender melhor sobre determinado
conteúdo se primeiro compreender a respeito das atividades do cientista. Isto desperta o
interesse do estudante e o instiga a entender de que forma um determinado conhecimento foi
formado, por que o interesse em pesquisar a respeito de determinado assunto e como o
pesquisador conseguiu chegar a conclusões a respeito do que descobriu.
30

Local de trabalho
Quanto à presença do local de trabalho do cientista, as coleções didáticas elencaram
simplesmente a respeito das universidades em que estavam estudando e realizando suas
pesquisas, mas não é mostrado de maneira clara o ambiente em que o cientista trabalha. O que
foi mais comentado a este respeito foi em relação ao trabalho de Mendel, em que seu trabalho
era realizado em um mosteiro.
No entanto, em relação à maioria dos outros pesquisadores que foram citados nos
capítulos, não se fez uma menção direta de seu ambiente de trabalho. Este tipo de abordagem
faz com que a maioria dos estudantes acredite que o trabalho de qualquer cientista é em um
laboratório, com diversos equipamentos perigosos (WALLS, 2012), e muitas vezes
trabalhando isoladamente. Estas concepções são formadas devido ao fato de que pouco se é
comentado a respeito de ambientes de trabalho diferenciados para ocorrerem as pesquisas,
formando um falso entendimento de onde se deve trabalhar, bem como um entendimento
estereotipado e icônico dos cientistas e de seu trabalho.
Por conseguinte, entender onde o pesquisador trabalha influencia muito na formação de
sua imagem. Portanto, quando se é mencionado que o cientista trabalha juntamente com uma
equipe. Para diversos pesquisadores, a visão dos estudantes de ensino médio a respeito de
como é a vida dos cientistas geralmente observa-se que eles são pessoas que estão em
constante busca por conhecimentos, que tem uma vida sem tempo pra nada, solitária e sem
vida social e fazendo loucuras. Isso pode ser resultado da escassa abordagem de como é a sua
vida nos livros. Quando não são mencionados aspectos como estes, normalmente são
formadas visões equivocadas do trabalho dos cientistas, bem como de sua vida, a qual é pouco
atrativa e não desperta o interesse do discente.

Elementos que constituem um estereótipo do cientista
Não é difícil de entender que a ciência para os estudantes de ensino médio permanece
de uma forma que, muitas vezes, está em desacordo com o que ocorre na verdade. Muitas
pesquisas demonstraram que há uma visão estereotipada dos cientistas, como comentam Reis
et al. (2006) e Zamunaro (2002), que realizaram trabalhos sobre esta temática e constataram
que as visões dos estudantes do 1º ciclo do ensino básico como sendo:
Uma visão estereotipada do cientista, ou seja, para eles o cientista inventa
coisas para ajudar as pessoas ou fazem coisas malucas. São geralmente
do sexo masculino, vestem uma espécie de bata, usam óculos, têm barba
e geralmente fazem o estilo excêntrico, imagens que são divulgadas por
31
filmes ou desenhos animados, que são os estereótipos referidos na
literatura. [...] Isso acaba gerando um pensamento igual ao que é
vinculado a programas de televisão, que acaba sendo a única informação
que eles recebem, e no decorrer do seu crescimento vão apenas acoplando
novas informações trazidas pelos mesmos meios de comunicação (REIS
et al., 2006; ZAMUNARO, 2002).
Nessa perspectiva, uma das poucas fontes que estão ao alcance dos estudantes de
Ensino Médio são os livros didáticos, os quais têm a função de desmistificar estes estereótipos
e deixar claro como é um cientista. Nas coleções analisadas, não se mencionou muito a
respeito do cientista, o que é um aspecto negativo, pois dessa forma o estudante irá aceitar
estereótipos que estão presentes na mídia que, em muitos momentos, não condizem com a
realidade. As imagens que estavam presentes, em sua maioria, só mostravam uma imagem de
perfil do cientista, sendo que no texto também não foi observado a colocação de estereótipos
nos cientistas.
O ideal seria que a abordagem presente nos livros fosse a respeito das características
marcantes dos ambientes de trabalho diversos, não somente do laboratório, mas também
mostrasse uma diferença de conceitos e falas para desmistificar o estereótipo em detrimento
da imagem do cientista como uma pessoa geralmente idosa, afastada da vida social e da
sociedade, permanecendo totalmente imerso em sua área de especialização e desligado de
maneira integral de outras atividades que não sejam relacionadas à pesquisa.
4.3 Gênero e nomes dos cientistas
Como foi mencionado anteriormente, a grande parte dos cientistas que estão presentes
nas cinco coleções didáticas analisadas são do sexo masculino. Esta característica é recorrente
devido ao fato da grande dificuldade da aceitação de cientistas mulheres pela sociedade. Isso é
um fator que forma falsos perfis, levando a crer que mulheres têm desvantagens em relação
aos homens na pesquisa, o que não acontece.
Tabela 1 - Porcentagens de cientistas mulheres e homens
mencionados nos conteúdos de Genética em cinco
coleções didáticas do Ensino Médio.
Caracteres
N
%
Homem
Mulher
79
4
95,18
4,81
32
Chambers (1983) em suas pesquisas a respeito das imagens dos cientistas, feitas por
estudantes de educação básica, revela que na maioria das vezes os discentes só conhecem
cientistas homens. Nos desenhos realizados por eles, somente estudantes do sexo feminino
desenharam cientistas mulheres, o que mostra claramente que há a formação de um
estereótipo a respeito dos cientistas serem homens. Isto poderia ter sido questionado nos
livros, mostrando que as mulheres também tiveram e têm dado grandes contribuições em
diversas descobertas na área da Genética, bem como em outras áreas.
De acordo com os dados obtidos (Tabela 1), a quantidade de cientistas mulheres
apresentou-se bastante insuficiente, com a menção de poucas pesquisadoras na área e
deixando de mencionar várias que tiveram grande importância para diversas descobertas no
campo da Genética.
Outro aspecto relevante é a respeito dos nomes dos cientistas que são mais citados nos
livros didáticos analisados. Alguns considerados mais relevantes no que diz respeito a
descobertas de grande importância na área da Genética foram mencionados pela maioria ou
por todos os livros analisados, entretanto, outros autores mereciam um papel de maior
destaque na coleção. Conforme a (Tabela 2), os cientistas Gregor Mendel, Hugo de Vries,
Walter Sutton e Thomas Morgan foram citados em todas as coleções didáticas, ao passo que
as cientistas foram mencionadas de maneira isolada em cada coleção didática, havendo uma
coleção que não mencionou nenhuma mulher como pesquisadora.
33
Apesar da quantidade considerável de nomes citados pelas coleções didáticas, vale
ressaltar que não se observa a Natureza da Ciência contada quando são mencionados os
nomes dos pesquisadores, muito menos aspectos que são pertinentes para a construção do
conhecimento científico.
Apenas uma das coleções analisadas (AMABIS, J.M.; MARTHO, G. R. Biologia das
populações - Vol 3) está presente uma síntese dos principais marcos da Genética do século
XX, em que o estudante pode acompanhar a evolução das ideias científicas e compreender o
processo das descobertas feitas pelos pesquisadores. Nas outras, a epistemologia da ciência
têm um pequeno destaque, podendo não influenciar positivamente para a compreensão do
desenvolvimento do conhecimento científico.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notório que o ensino de Biologia, em especial o ensino de Genética, seja um processo
que impõe dificuldades, tanto para os professores quanto para os estudantes do ensino médio.
Isto ocorre geralmente por não haver uma abordagem do conteúdo que contribua para que
ocorra um ensino aprendizagem efetivo e de qualidade.
Muitas metodologias já foram mencionadas na literatura buscando uma maneira de
ensinar que faça o estudante compreender melhor o conteúdo, bem como despertar o seu
interesse pela disciplina. A utilização da Natureza da Ciência (NdC) no ensino de Genética é
uma maneira bastante interessante e viável para se atingir a melhoria do ensino aprendizagem
de Genética, pois o caminho a ser percorrido pelos professores é o da cooperação entre a
Educação Científica e a História da Ciência (SCHEID; FERRARI, 2009).
É indiscutível a importância que o livro didático exerce na vida da maioria dos
estudantes de educação básica, haja vista que este geralmente é um dos únicos materiais
científicos que estão disponíveis para grande parte dos discentes brasileiros (ABÍLIO;
GUERRA, 2005). Desse modo, a forma como o conteúdo está disposto no livro exerce grande
influência no desenvolvimento do saber científico, bem como na forma como se aprende
ciências.
Tendo em vista as grandes dificuldades no aprendizado de Genética e sabendo de sua
fundamental importância para o entendimento de diversos processos que estão presentes em
nosso cotidiano, uma abordagem como a da NdC nos livros didáticos deverá levar o estudante
a se sensibilizar a respeito de que a Ciência como um todo não pode ser considerada algo fixo
34
e acabado, mas sim como uma sequência de processos que têm como objetivo entender e ter
respostas a respeito de diversos aspectos que estão atrelados a nossa existência, permitindo
uma construção sócio-histórico-cultural do conhecimento.
Descrever a sucessão de tentativas, de impasses e de retomadas que
marcam a linha de desenvolvimento da ciência, até que determinado
conhecimento se imponha como verdade, mesmo que provisoriamente,
mostra ao aluno que a ciência é dinamismo, é trabalho, e que suas
verdades, na medida em que são construídas sócio-históricoculturalmente, poderão vir a ser modificadas numa época futura
(SCHEID; DELIZOICOV; FERRARI, 2003, p.8).
Ludwik Fleck (1986) argumenta que para a história da descoberta e do desenvolvimento
das pesquisas de um fato científico, nada se pode chamar de absolutamente errado ou
indiscutivelmente verdadeiro. Muito que se conhece hoje passou por diversos processos que
envolveram equívocos, os quais deixaram de herança diversos conceitos, explicações de
problemas, na própria linguagem a ser utilizada e em nossa própria vida cotidiana. É
imprescindível que se tenha em mente as dificuldades enfrentadas no passado para a
realização das pesquisas para entender quanto progresso já foi feito. Dessa forma, entender
que os mais diversos fatos científicos são resultado do desenvolvimento de pensamentos
coletivos que buscavam respostas para muitos processos, especialmente dos relacionados às
descobertas da área da Genética, não sendo possível que se deixe de lado ou que seja
considerado ínfimo o trabalho ou as descobertas dos mais diversos pesquisadores e sua
contribuição para a ciência.
Vale ressaltar que a epistemologia da ciência poderá auxiliar o estudante a entender
diversos conceitos da área da Genética que são fundamentais para a disciplina de Biologia,
utilizando os modelos existentes, entendendo que foi, também, a partir de dados
experimentais, que não eram conhecidos de início, que esses modelos foram construídos. A
isto se deve o fato de a Genética possuir diversas palavras que são de difícil compreensão e
que pouco podem ser relacionados com algo presente no cotidiano, e, consequentemente, são
mais difíceis de aprender.
É incontestável que o livro didático de Biologia contribui enormemente para a formação
das concepções a respeito da ciência e da imagem dos cientistas pelos estudantes,
especialmente da educação básica. Geralmente ocorre a formação de estereótipos e
interpretações equivocadas a respeito dos cientistas, que podem levar ao estudante não
entender como se dá a formação do conhecimento e, assim, não se interessar por estudar o
mesmo.
35
Muito se pensa que o cientista é uma pessoa isolada, que desenvolve seu trabalho em
um laboratório ou em lugares de alta periculosidade. Além disso, o que muitas vezes é
retratado é que o mesmo tem uma idade mais avançada, além de outros estereótipos como ser
branco (caucasiano), geralmente do sexo masculino e que trabalha de maneira secreta e
individual. Este tipo de concepção pode levar ao estudante a não simpatizar com o ritmo de
trabalho, e dessa forma não se interessar pela ciência e pelas pesquisas, especialmente no
campo da Genética.
A transmissão do conhecimento científico se dá, em grande parte dos livros didáticos
analisados, através de uma abordagem histórica que pouco se remete a NdC, como esperado,
pois pouco se tem dado importância a este tipo de abordagem do conhecimento de Genética, o
que pode fazer com que não se tenha um aprendizado eficiente e estruturado do assunto, não
permitindo que se dê a real importância ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos e
as ideias que foram equivocadas, mas que tiveram real influencia no saber científico.
O trabalho aponta que os livros analisados pouco contribuem para o entendimento da
NdC. De acordo com Demirbas (2009), é bem comentado que as concepções de estudantes
sobre a NdC e os cientistas desempenham um impacto positivo ou negativo sobre a seleção de
sua futura profissão dos estudantes, o que pode ser intimamente influenciado pela abordagem
que é realizada no livro, ou mesmo por meio da preponderância que professores emitem ao
conteúdo histórico.
Embora ele tenha sido proposto que a presença de conteúdos históricos a respeito das
pesquisas com Genética nas coleções didáticas, é notório que os professores deem devida
importância a este tipo de conteúdo em suas aulas de Genética. No entanto, mesmo com uma
abordagem insuficiente em sala de aula, existir esse tipo de conteúdo no livro dá uma chance
de que o estudante possa ler e se interessar pelo conteúdo, pois por meio de uma abordagem
histórica há a possibilidade de se poder correlacionar o conteúdo estudado com o cotidiano do
discente, bem como entender como se deram as pesquisas que foram necessárias para a sua
descoberta, em que o estudante pode se encontrar em algum momento da pesquisa, que foi
realizada pelos pesquisadores, em seu conhecimento prévio.
A respeito dos cientistas que são mencionados nos livros didáticos, foi observado que
em sua grande maioria são do sexo masculino, bem como poucos deles foram mencionados de
maneira homogenia nas cinco coleções didáticas. Com isso, é possível perceber que na
abordagem que é adotada pelos livros não mostra os mais diversos pesquisadores que tiveram
uma contribuição imprescindível nas pesquisas de Genética, bem como pouco se fala de sua
vida, ou de seu local de trabalho.
36
Os estudos nessa área têm grande valia para que se compreenda que este tipo de
abordagem é bastante interessante para a compreensão dos conteúdos de Genética, bem como
das ciências como um todo. Isto não só contribui para a formação mais adequada dos
conhecimentos, mas sim para a formação de cidadãos conscientes e que entendam a
importância das pesquisas para o melhoramento e compreensão da vida, despertando o
interesse do estudante em querer realizar pesquisas e também deixar sua contribuição para a
ciência.
37
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44
APÊNDICE
45
APÊNDICE – Fichas para a análise dos livros didáticos
Unidade 2 pág. 226 à 425 – BIO (Lopes & Rosso) Vol. 2
Capítulos: A genética e os genes; a herança de uma característica; a herança simultânea de duas ou
mais características; outros mecanismos de herança; biotecnologia.
Texto
analisado
Capítulos
analisados
no livro
Quantidade de nomes citados
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Colocações de datas de nascimento e falecimento
PERFIL
(x) Ótimo () Bom () Insuficiente
DO
Presença da nacionalidade e/ou local de nascimento
CIENTISTA
e/ou local que desenvolveu seu trabalho no texto
( ) Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Períodos de dedicação mostrados no texto
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Dinâmica da Ciência e Cronologia
da História da ciência (x) Sempre presente () Pouco presente
PRODUÇÃO
Descrição das produções científicas
DO
Evolução do
(x) Sim () Não () Às vezes
CONHECIMENTO
conhecimento
Apresenta controvérsias e/ou rupturas de maneira
científico
() Frequente () Isolada (x) Não foi observado
Característica da
(x) Ciência como atividade individual
atividade científica
() Ciência como atividade coletiva
ILUSTRAÇÕES
Imagens
CONTEXTUALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TEMA NO TEXTO
Presença da atividade
Tipo da atividade
ATIVIDADES
Proposta para realização
CLASSIFICAÇÃO DO TEMA QUANTO
AO DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA
DA CIÊNCIA
Figuras de cientistas
(x) Sim () Não () À vezes
Figuras das etapas de um experimento e/ou de
máquinas e/ou de equipamentos*
() Sim () Não (x) Às vezes
Modelos
(x) Sim () Não () Às vezes
Figuras que relacionam o cotidiano com modelos
originais
(x) Sim () Não () Às vezes
Social - não
Político - não
Religioso - não
Presente no corpo do texto (sim)
Presente em leituras complementares e/ou sites
sugeridos (sim)
(x) Sim () Não () Às vezes
Leitura dirigida
(x) No próprio livro didático () Em outras fontes
Pesquisas escolares
(x) Sim () Não
Análise de dados históricos
(x) Sim () Não
Reprodução de experimentos históricos
() Sim (x) Não
Individual (sim)
Em grupo (sim)
Informação histórica – presente no início do capítulo
Natureza da ciência – insuficiente a ausente
46
Unidade A pág. 14 à 141 – Biologia (Amabis e Martho) Vol. 3
Capítulos: A descoberta da segregação dos genes; relação entre genótipo e fenótipo; genes com
segregação independente; genética relacionada ao sexo e ligação gênica; aplicações do
conhecimento genético.
Quantidade de nomes citados
(x) Ótimo () Bom () Insuficiente
Colocações de datas de nascimento e falecimento
PERFIL
(x) Ótimo () Bom () Insuficiente
DO
Presença da nacionalidade e/ou local de nascimento
CIENTISTA
e/ou local que desenvolveu seu trabalho no texto
(x) Ótimo () Bom () Insuficiente
Presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Períodos de dedicação mostrados no texto
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Dinâmica da Ciência e Cronologia
da História da ciência (x) Sempre presente () Pouco presente
PRODUÇÃO
Descrição das produções científicas
DO
Evolução do
(x) Sim () Não () Às vezes
CONHECIMENTO
conhecimento
Apresenta controvérsias e/ou rupturas de maneira
científico
() Frequente () Isolada (x) Não foi observado
Característica da
(x) Ciência como atividade individual
atividade científica
(x) Ciência como atividade coletiva
ILUSTRAÇÕES
Imagens
CONTEXTUALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TEMA NO TEXTO
Presença da atividade
Tipo da atividade
ATIVIDADES
Proposta para realização
CLASSIFICAÇÃO DO TEMA QUANTO
AO DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA
DA CIÊNCIA
Texto
analisado
Capítulos
analisados
no livro
Figuras de cientistas
() Sim () Não (x) À vezes
Figuras das etapas de um experimento e/ou de
máquinas e/ou de equipamentos*
() Sim (x) Não () Às vezes
Modelos
(x) Sim () Não () Às vezes
Figuras que relacionam o cotidiano com modelos
originais
() Sim () Não (x) Às vezes
Social - não
Político - não
Religioso - não
Presente no corpo do texto (sim)
Presente em leituras complementares e/ou sites
sugeridos ()
() Sim (x) Não () Às vezes
Leitura dirigida
(x) No próprio livro didático () Em outras fontes
Pesquisas escolares
() Sim (x) Não
Análise de dados históricos
() Sim (x) Não
Reprodução de experimentos históricos
() Sim (x) Não
Individual (sim)
Em grupo (sim)
Informação histórica – mais presente no 1º capítulo
Natureza da ciência – presente de maneira sutil
47
Unidade 1 pág. 10 à 67 – Biologia (Pezzi, Gowdak, Mattos) Vol. 3
Capítulos: Hereditariedade e mendelismo; Variação na distribuição dos descendentes; Polialelismo
ou alelos múltiplos; Interação Gênica; Genética do sexo.
Texto
analisado
Capítulos
analisados
no livro
Quantidade de nomes citados
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Colocações de datas de nascimento e falecimento
PERFIL
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
DO
Presença da nacionalidade e/ou local de nascimento
CIENTISTA
e/ou local que desenvolveu seu trabalho no texto
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Períodos de dedicação mostrados no texto
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Dinâmica da Ciência e Cronologia
da História da ciência (x) Sempre presente () Pouco presente
PRODUÇÃO
Descrição das produções científicas
DO
Evolução do
() Sim () Não (x) Às vezes
CONHECIMENTO
conhecimento
Apresenta controvérsias e/ou rupturas de maneira
científico
() Frequente () Isolada (x) Não foi observado
Característica da
(x) Ciência como atividade individual
atividade científica
(x) Ciência como atividade coletiva
ILUSTRAÇÕES
Imagens
CONTEXTUALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TEMA NO TEXTO
Presença da atividade
Tipo da atividade
ATIVIDADES
Proposta para realização
CLASSIFICAÇÃO DO TEMA QUANTO
AO DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA
DA CIÊNCIA
Figuras de cientistas
() Sim () Não (x) À vezes
Figuras das etapas de um experimento e/ou de
máquinas e/ou de equipamentos*
() Sim (x) Não () Às vezes
Modelos
() Sim () Não (x) Às vezes
Figuras que relacionam o cotidiano com modelos
originais
() Sim () Não (x) Às vezes
Social - não
Político - não
Religioso - não
Presente no corpo do texto (sim)
Presente em leituras complementares e/ou sites
sugeridos (sim)
() Sim (x) Não () Às vezes
Leitura dirigida
(x) No próprio livro didático () Em outras fontes
Pesquisas escolares
() Sim (x) Não
Análise de dados históricos
() Sim (x) Não
Reprodução de experimentos históricos
() Sim (x) Não
Individual (sim)
Em grupo ()
Informação histórica – pouco mostrada
Natureza da ciência – não abordada
48
Unidade 2 pág. 66 à 198 – Biologia (César, Sezar, Caldini) Vol. 3
Capítulos: Os trabalhos de Mendel: a primeira lei; A primeira lei de Mendel e a espécie humana;
Genética e probabilidades; Os alelos múltiplos; Cromossomos sexuais e a herança de seus genes; A
segunda lei de Mendel; A ligação gênica (linkage); Interação gênica; Anomalias genéticas na espécie
humana; Biotecnologia.
Quantidade de nomes citados
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Colocações de datas de nascimento e falecimento
PERFIL
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
DO
Presença da nacionalidade e/ou local de nascimento
CIENTISTA
e/ou local que desenvolveu seu trabalho no texto
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Períodos de dedicação mostrados no texto
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Dinâmica da Ciência e Cronologia
da História da ciência () Sempre presente (x) Pouco presente
PRODUÇÃO
Descrição das produções científicas
DO
Evolução do
() Sim () Não (x) Às vezes
CONHECIMENTO
conhecimento
Apresenta controvérsias e/ou rupturas de maneira
científico
() Frequente () Isolada (x) Não foi observado
Característica da
(x) Ciência como atividade individual
atividade científica
(x) Ciência como atividade coletiva
ILUSTRAÇÕES
Imagens
CONTEXTUALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TEMA NO TEXTO
Presença da atividade
Tipo da atividade
ATIVIDADES
Proposta para realização
CLASSIFICAÇÃO DO TEMA QUANTO
AO DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA
DA CIÊNCIA
Texto
analisado
Capítulos
analisados
no livro
Figuras de cientistas
() Sim () Não (x) À vezes
Figuras das etapas de um experimento e/ou de
máquinas e/ou de equipamentos*
() Sim (x) Não () Às vezes
Modelos
() Sim () Não (x) Às vezes
Figuras que relacionam o cotidiano com modelos
originais
() Sim () Não (x) Às vezes
Social - não
Político - não
Religioso - não
Presente no corpo do texto (sim)
Presente em leituras complementares e/ou sites
sugeridos (sim)
() Sim (x) Não () Às vezes
Leitura dirigida
(x) No próprio livro didático () Em outras fontes
Pesquisas escolares
() Sim (x) Não
Análise de dados históricos
() Sim (x) Não
Reprodução de experimentos históricos
() Sim (x) Não
Individual ()
Em grupo ()
Informação histórica – pouco mostrada
Natureza da ciência – insuficiente a ausente
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Unidade 1 pág. 11 à 124 – Biologia Hoje (Linhares, Gewandsznajder) Vol. 3
Capítulos: Primeira lei de Mendel; Probabilidade e genética molecular; Segunda lei de Mendel;
Polialelia e grupos sanguíneos; Interação gênica; Ligação gênica; Sexo e herança genética; A
tecnologia do DNA.
Quantidade de nomes citados
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Colocações de datas de nascimento e falecimento
PERFIL
(x) Ótimo () Bom () Insuficiente
DO
Presença da nacionalidade e/ou local de nascimento
CIENTISTA
e/ou local que desenvolveu seu trabalho no texto
() Ótimo (x) Bom () Insuficiente
Presença do tipo de formação e/ou instituição de ensino
() Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Períodos de dedicação mostrados no texto
( ) Ótimo () Bom (x) Insuficiente
Dinâmica da Ciência e Cronologia
da História da ciência (x) Sempre presente () Pouco presente
PRODUÇÃO
Descrição das produções científicas
DO
Evolução do
() Sim () Não (x) Às vezes
CONHECIMENTO
conhecimento
Apresenta controvérsias e/ou rupturas de maneira
científico
() Frequente () Isolada (x) Não foi observado
Característica da
(x) Ciência como atividade individual
atividade científica
(x) Ciência como atividade coletiva
ILUSTRAÇÕES
Imagens
CONTEXTUALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO DO TEMA NO TEXTO
Presença da atividade
Tipo da atividade
ATIVIDADES
Proposta para realização
CLASSIFICAÇÃO DO TEMA QUANTO
AO DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA
DA CIÊNCIA
Texto
analisado
Capítulos
analisados
no livro
Figuras de cientistas
() Sim () Não (x) À vezes
Figuras das etapas de um experimento e/ou de
máquinas e/ou de equipamentos*
() Sim (x) Não () Às vezes
Modelos
() Sim () Não (x) Às vezes
Figuras que relacionam o cotidiano com modelos
originais
() Sim () Não (x) Às vezes
Social - não
Político - não
Religioso - não
Presente no corpo do texto (sim)
Presente em leituras complementares e/ou sites
sugeridos (sim)
() Sim (x) Não () Às vezes
Leitura dirigida
(x) No próprio livro didático () Em outras fontes
Pesquisas escolares
() Sim (x) Não
Análise de dados históricos
() Sim (x) Não
Reprodução de experimentos históricos
() Sim (x) Não
Individual (sim)
Em grupo ()
Informação histórica – pouco mostrada
Natureza da ciência – insuficiente a ausente
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