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Guimarães Rosa
Data:
Professor: Flávia Poloni
2º ano
Aluno:
nº:
Questão 1
(UFJF-MG) Leia o trecho e responda à questão que se segue:
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
ANDRADE, Carlos Drummond. Nova reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. p. 79.
Explique a concepção de poesia desenvolvida nesses versos.
Segundo Drummod, o poeta entende que a poesia é manifestação da realidade, portanto não deve afastar-se dela, não deve
ser evasiva ou omissa. Através de uma poesia engajada, é possível promover uma reflexão crítica a respeito dos problemas
sociais. Isso pode ser notado no trecho “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente”.
Questão 2
(PUC-Campinas) Atente para este poema de Manuel Bandeira:
Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação,
não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo estender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.(Poesia completa & Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1985. p. 288)
Para Bandeira, a “arte de amar” implica:
A) um sentimento de elevação que beira a transcendência mística.
B) um reducionismo tal que elimina a possibilidade de um amplo prazer.
C) a aceitação de um prazer material já bastante em si mesmo.
D) um inevitável e desgastante confronto entre a carne e o espírito.
E) o desentendimento final entre os que aspiram a um prazer supremo.
Questão 3
No Brasil, a primeira fase modernista representou:
a) o período mais radical do movimento modernista devido à necessidade de definições e de rompimento com
estruturas do passado.
b) uma volta à filosofia materialista, à linguagem rebuscada, ao exotismo.
c) A valorização do misticismo, de uma linguagem solene e do inconsciente.
d) O resgate à expressão egocêntrica do sofrimento amoroso, de nítida influência romântica.
e) a realidade focalizada de maneira vaga.
Questão 4
Texto I
Fui de um... Fui de outro... Este era médico...
Um, poeta ... Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.
Manuel Bandeira
Texto II
Eu mísera mulher nas amarguras
Descorei e perdi a formosura.
No amor impuro profanei minh’alma...
nesta vida não amei contudo!
Não sou a virgem melindrosa e casta
Que nos sonhos da infância os anjos beijam
E entre as rosas da noite adormecera
Tão pura como a noite e como as flores;
Mas na minh’alma dorme amor ainda.
Levanta-me, poeta, dos abismos
Até ao puro sol do amor dos anjos!
Álvares de Azevedo
(Mackenzie) Assinale a alternativa correta.
a) Os dois textos têm como foco o lamento da meretriz desprezada pelos homens nas relações afetivas.
b) Tanto em I como em II a confissão da mulher é marcada por intenso sofrimento, deixando patente sua amargura e
remorso.
c)
Nos
dois
textos
há
uma
crítica
explícita
ao
comportamento
amoroso
considerado
imoral.
d) Em I, o arrependimento da mulher prostituta revela-se no tom de displicência com que rememora as ardentes paixões do
passado.
e) Em II, o apelo que a mulher faz ao poeta denota não só a mágoa mas também o desejo de redenção.
Questão 5
Peixe na cama
O “politicamente correto” tem seus exageros, como chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas no fundo vem de
uma louvável preocupação em não ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar estrabismo de “idiossincrasia ótica”
do que de vesguice. O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas e preconceituosas que precisam de uma
correção, e até as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo, pé de cana) poderiam ser substituídas por algo como
“contumaz etílico” para lhe poupar os sentimentos.
O tratamento verbal dado aos negros é o melhor exemplo da condescendência que passa por tolerância racial no Brasil.
Termos como “crioulo”, “negão” etc. são até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se dá a inferiores, e
felizmente cada vez menos ouvidos. “Negro” também não é mais correto. Foi substituído por “afrodescendente”, por
influência dos “afro-americans”, num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo. Enquanto o racismo que não quer
dizer seu nome continua no Brasil, uma integração real pode começar pela linguagem. E poderia vir mais rápido se as
outras etnias adotassem autodenominações parecidas. Eu só teria dificuldade em definir minha ascendência com alguma
concisão. Luso-ítalo-germano (e provavelmente afro)-descendente? Como boa parte dos brasileiros, não sou de uma linha,
sou de um emaranhado.
Quando eu era garoto nós tínhamos uma empregada negra que usava um nome apropriado para nós, de carne branca:
peixe. Lembro da Araci me tirando da cama para ir para a escola com a frase “Levanta, peixe!” E completando: “A coisa
que eu tenho mais nojo é ver peixe na cama”. Se fosse hoje, eu poderia protestar: “Peixe, não. Áqua-descendente”. A Araci
provavelmente viraria a cama.
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Diário de Pernambuco. 10 set. 2006.
(UFPE) Peixe na cama é uma crônica de autor contemporâneo, cujo estilo adota liberdades temáticas e formais, propostas
pela Semana de Arte Moderna. De fato, nessa crônica, podem ser vistas características do Modernismo, tais como:
a) a inovação técnica conseguida pela criação de novos gêneros de narrativa.
b) a ruptura com a gramática normativa, sobretudo com os padrões da sintaxe.
c) o tom anárquico, imprevisível e obscuro que resulta do fluxo da consciência.
d) a atitude destruidora de sentidos e formas e a busca de uma nova ordem estética.
e) a incorporação da linguagem coloquial e de temas do cotidiano.
Questão 6
Embora Olavo Bilac tenha sido considerado um dos mais típicos representantes do Parnasianismo brasileiro, em alguns de
seus poemas, percebem-se características da escola romântica.
Baseando-se no texto abaixo, identifique características formais do poema de Bilac que sejam tipicamente parnasianas e
aponte algum aspecto que o aproxima da estética romântica.
TERCETOS
Olavo Bilac
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito!
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"
- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
(in Bilac, Olavo. ALMA INQUIETA, POESIAS. 13ª ed. São Paulo: Livr. Francisco Alves, 1928, pp. 171-72)
Olavo Bilac demonstra seu vínculo com o Parnasianismo através da estrutura formal de seu texto, dividido em tercetos com
versos decassílabos e rimas encadeadas, ou seja, é a típica manifestação de habilidade técnica dessa escola literária. No
entanto, a temática do amor, do casal apaixonado que sente dificuldade de afastar-se retoma o Romantismo, estética que
fundamentalmente interessou-se por esse assunto.
Questão 7
(Fuvest-SP)
Gente que mamou leite romântico pode meter o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe cheirando a teta gótica e oriental,
deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da infância. Oh! meu doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.
*Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente e sangrante na parte central,
servido em fatias.
A imagem do “rosbife naturalista” – empregada, com humor, por Machado de Assis, para evocar determinadas
características do Naturalismo – poderia ser utilizada também para se referir a certos aspectos do romance O cortiço?
Justifique sua resposta.
O Cortiço, como é de esperar de uma obra naturalista, apresenta preocupação de exibir sem eufemismo, rodeio ou censura
os aspectos mais degradantes do ser humano, o que é compatível com a imagem do rosbife, que é sangrento.
Questão 8
(Fuvest-SP)
(...) É uma bela moça, mas uma bruta... Não há ali mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais beleza do que
numa linda vaca turina. Merece o seu nome de Ana Vaqueira. Trabalha bem, digere bem, concebe bem. Para isso a fez a
Natureza, assim sã e rija; e ela cumpre. O marido todavia não parece contente, porque a desanca. Também é um belo
bruto... Não, meu filho, a serra é maravilhosa e muito grato lhe estou... Mas temos aqui a fêmea em toda a sua animalidade
e o macho em todo o seu egoísmo...
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
Neste excerto, o julgamento expresso por Jacinto, ao falar de um casal que o serve em sua quinta de Tormes, manifesta
um ponto de vista semelhante ao do
a) Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias, ao se referir aos desocupados cariocas do tempo do rei.
b) narrador de Iracema, em particular quando se refere a tribos inimigas e a franceses.
c) narrador de Vidas secas, principalmente quando ele enfoca as relações sexuais de Fabiano e Sinha Vitória.
d) Anjo, do Auto da barca do inferno, ao condenar os pecados da carne cometidos pelos humanos.
e) narrador de O cortiço, especialmente quando se refere a personagens de classes sociais inferiores.
Questão 9
(PUC-Campinas) Lê-se logo no início do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis:
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou
à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave.
(...) Há meio século os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia
ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de panhar pancada.
Nessa passagem, o narrador machadiano faz uso de uma de suas principais características,
A) a ingenuidade política, que não lhe permitiu avaliar a significação trágica e cruel do escravismo.
B) o conformismo político, pelo qual buscava justificar a necessidade histórica do sistema escravocrata.
C) o conservadorismo monárquico, que o levou a combater o movimento abolicionista.
D) a mordacidade crítica, presente na provocadora operação da naturalização da violência.
E) a indiferença pela História, razão pela qual preferiu tratar de questões místicas e metafísicas.
Questão 10
(Enem)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das
almas, de Cruz e Sousa, são
A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.
Questão 11
(UFPA) As ideias de Marinetti influenciaram muito os nossos autores. Dele, os escritores brasileiros seguiram:
a)
a
exacerbação
do
nacional
e
a
sintaxe
tradicional.
b)
a
paixão
pela
metáfora,
intelectualista
e
rebuscada,
e
pelas
frases
de
efeito.
c)
a
negação
do
passado
e
o
uso
de
palavras
em
liberdade.
d) o conceito de felicidade na vida em contato com a natureza e a fé na razão e na ciência.
e) o gosto pelo psicologismo na ficção e a supervalorização da natureza.
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