Influência de Erros de Transformadores para Instrumentos na Estimação da Localização de Defeitos em Linhas de Transmissão Melinda C. S. da Cruz Universidade Federal Rural do Semi-Árido Manoel Firmino de Medeiros Junior Universidade Federal do Rio Grande do Norte Mossoró, Brasil [email protected] Natal, Brasil [email protected] Resumo— Algoritmos de localização de faltas são ferramentas extremamente importantes na operação de um sistema elétrico, pois uma correta identificação do local de defeitos está diretamente relacionada à disponibilidade do fornecimento. No entanto, são diversos os fatores que podem influenciar no desempenho de um processo de localização de faltas, tais como a utilização de parâmetros de linha imprecisos, falhas na sincronização de registros oscilográficos e extração de fasores, erros nas medições de tensão e de corrente que alimentarão o algoritmo, entre outros. Na literatura não é bem estabelecida a informação de como erros sistemáticos instrumentais podem influenciar em processos de localização de faltas, por isso, este trabalho objetiva determinar a influência que erros inseridos por transformadores para instrumentos em medições de tensão e de corrente podem provocar na acurácia de um algoritmo de localização de faltas baseado em fasores fundamentais de tensão e de corrente. Resultados mostram que medições de tensão e de corrente corrompidas com erros de transformadores para instrumentos podem interferir significantemente na exatidão da localização de defeitos em linhas de transmissão. Palavras-chaves— Erros sistemáticos, Localização de Faltas, Transformadores para instrumentos. I. INTRODUÇÃO A localização de faltas em linhas de transmissão é um assunto que já vem sendo estudado há algum tempo e muitas propostas com diversos tipos de abordagens têm sido feitas [1] – [5]. Isto se deve à importância que a energia elétrica desempenha dentro da sociedade moderna, o que torna cada vez mais necessário que o sistema elétrico transmita com um alto nível de confiabilidade para que a continuidade no fornecimento de energia seja a máxima possível. De forma geral, um algoritmo localizador de faltas deve determinar, o mais precisamente possível, o ponto de ocorrência de um defeito na linha de transmissão (LT). Isso acarretará um menor tempo para que as equipes de manutenção encontrem o problema, corrijam-no e restaurem o sistema, aumentando assim a confiabilidade do fornecimento e diminuindo as perdas financeiras que são acarretadas pela falta da energia elétrica. Existem diversos fatores que podem influenciar na exatidão de um processo de localização de defeitos. Os parâmetros da linha de transmissão, por exemplo, não são constantes durante todo tempo, pois podem ser afetados diretamente por variações climáticas e pelas condições de carregamento do sistema, influenciando na localização da falta [6]. A sincronização de registros oscilográficos, quando não existe a sincronização via GPS (Global Positioning System), também pode influenciar negativamente na localização de faltas se uma ferramenta exata de processamento não for utilizada [7]. Medições de tensão e de corrente corrompidas com erros sistemáticos instrumentais também podem inserir erros relevantes no processo de localização de faltas. Aliado aos fatores anteriores, ainda existem as imprecisões que o próprio modelo do localizador de faltas pode inserir no processo de indicação de defeitos. Dentre as fontes de erros citadas anteriormente, este artigo tratará especificamente da influência de erros sistemáticos oriundos de transformadores de corrente (TC’s) e de potencial (TP’s) na medição de grandezas elétricas e, consequentemente, na exatidão de um processo de localização de faltas baseado em fasores fundamentais de tensão e de corrente. Sabe-se que a um transformador para instrumento está associada uma determinada classe de exatidão, a qual determina o erro máximo, em módulo e em ângulo, que a medida por ele realizada pode conter. Sendo assim, neste trabalho são simulados erros nas medições de tensão e de corrente, erros esses que são compatíveis com a classe de exatidão de transformadores para instrumentos (TI’s), de tal forma a verificar e quantificar a real influência destes na exatidão de um algoritmo localizador de faltas. Resultados mostram que medições de tensão e de corrente corrompidas com erros sistemáticos de transformadores para instrumentos podem interferir significantemente na exatidão da localização de defeitos em linhas de transmissão quando um algoritmo baseado em fasores fundamentais é utilizado. Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164 II. TEORIA DE ERROS Uma grandeza física é determinada experimentalmente por medidas ou combinações de medidas, as quais, por possuírem uma incerteza intrínseca, são sempre uma aproximação do respectivo valor verdadeiro da grandeza [8]. A incerteza em um resultado pode ser especificada de diversas maneiras, sendo o limite do erro a forma mais utilizada para determinar características técnicas de instrumentos e padrões de calibração. O limite do erro é o máximo valor admissível para o erro de uma determinada grandeza medida. Geralmente ocorrem diversos tipos de erros em uma mesma medição, os quais podem ser agrupados em dois grandes grupos que são os erros estatísticos e os erros sistemáticos. Erro estatístico é aquele que resulta de variações aleatórias que não podem ser controladas ou completamente eliminadas do processo de medição. Por exemplo, considerar medições de uma massa com uma balança em um ambiente exposto a correntes de ar. É certo que a medida efetuada terá uma incerteza ou erro provocado pela natureza estocástica da velocidade do vento. Nesse caso, se a fonte de incertezas não pode ser eliminada, devem-se realizar inúmeras medições, uma vez que o valor médio de um grande número de resultados tem erro estatístico menor [8]. Erro sistemático é aquele que sempre se repete em todas as medições. Isto é, quando existe somente erro sistemático em uma medição, a diferença entre os resultados obtidos e o valor verdadeiro será sempre a mesma. Assim, o efeito de um erro sistemático não pode ser minimizado simplesmente ao repetir medições, o que torna a análise deste tipo de erro, em geral, mais difícil de ser avaliada do que a incerteza estatística. Erros sistemáticos podem ser inseridos em uma medição através de instrumentos (erro de calibração), efeitos do ambiente, falhas na leitura efetuada pelo observador, entre outros. Neste trabalho será analisada apenas a influência dos erros sistemáticos instrumentais na exatidão de um algoritmo de localização de faltas. Esses erros resultam da calibração do instrumento, mas vale salientar que esta calibração pode se alterar devido a fatores como temperatura, desgaste de partes móveis do equipamento, etc. Na próxima seção são detalhadas algumas características das fontes de erros sistemáticos em estudo neste trabalho: os transformadores para instrumentos. III. TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTOS Transformadores para instrumentos são equipamentos elétricos projetados e construídos especificamente para alimentarem instrumentos elétricos de medição, controle ou proteção. São dois os tipos de transformadores para instrumentos: transformador de corrente (TC) e transformador de potencial (TP). Estes instrumentos são capazes de reduzir grandezas elétricas de tensão e de corrente a valores que possam ser suportados por relés e demais equipamentos eletrônicos instalados para supervisionar o sistema elétrico de energia. A um transformador para instrumento é associada uma determinada classe de exatidão ou acurácia, a qual é estabelecida pelo fabricante e indica o erro máximo, em módulo e ângulo, que as medições de tensão ou de corrente realizadas pelo equipamento podem conter. Sendo assim, pode-se dizer que um TC ou TP está dentro de sua classe de exatidão se o ponto determinado pelo seu erro em ângulo e pelo seu erro de relação estiver dentro do paralelogramo de exatidão correspondente à sua classe de exatidão [9]. Vale salientar que algoritmos de localização de faltas utilizam dados de tensão e de corrente que são originados de núcleos de proteção de TP’s e TC’s. Em transformadores de potencial, sejam estes indutivos ou capacitivos, o núcleo de proteção possui classe de exatidão típica de 1,2, enquanto que transformadores de corrente possuem classes de exatidão típicas de 5 e 10. A norma brasileira NBR 6856/1992, que trata sobre transformadores de corrente, não estabelece limites de erro em ângulo para transformadores usados para fins de proteção. Logo, caso um TC possua classe de exatidão igual a 10, a norma diz apenas que este instrumento estará dentro de sua classe de exatidão se apresentar erro máximo de 10% quando sua corrente secundária nominal variar na proporção de um a vinte vezes. Esta determinação é válida se considerarmos que os equipamentos de proteção são sensibilizados pelos módulos das correntes, no entanto, para utilização dessa medida de corrente em algoritmos de localização de faltas, a informação sobre o erro em ângulo seria de relevante importância para determinar mais precisamente o local de defeitos. Dessa forma, neste trabalho, considera-se que tanto medições de corrente quanto medições de tensão possuem erros em ângulo e módulo definidos pelos respectivos paralelogramos de exatidão de TC’s e TP’s [9], independentemente das especificações da NBR 6856/1992 que desconsidera erros em ângulo para instrumentos com classes de exatidão superiores a 3. Na seção seguinte apresenta-se o algoritmo de localização de faltas considerado para obtenção dos resultados. IV. ALGORITMO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS O algoritmo empregado no estudo proposto é conhecido na literatura [10] e seu equacionamento baseia-se na utilização de fasores fundamentais de tensão e de corrente extraídos de ambos os terminais de uma linha de transmissão. Para extração de fasores fundamentais, neste trabalho, utilizou-se a Transformada Discreta de Fourier de um ciclo, considerando dados com taxa de amostragem de 256 amostras/ciclo e sem nenhum tratamento anti-aliasing. Resumidamente, o método de localização de faltas estudado considera a representação da LT através de um modelo de linha curta, utilizando a matriz de impedância série da LT em seu equacionamento e desprezando a sua capacitância shunt. Como, frequentemente, as capacitâncias de linhas de transmissão não estão disponíveis no arquivo de dados dos registradores de falta, ao utilizar-se o algoritmo proposto em [10], desconsideram-se as incertezas oriundas da utilização incorreta desses parâmetros. Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164 Uma descrição detalhada sobre o algoritmo e o seu equacionamento pode ser encontrada também em [11]. Apesar de neste trabalho utilizarem-se dados simulados, os quais já estão previamente sincronizados, uma técnica de sincronização para dados de registros reais foi empregada de tal forma a incluir também a influência dos erros de medições na sincronização dos registros de falta [7]. V. terminais da linha. As demais variáveis são mantidas constantes e iguais aos valores estabelecidos na Tabela I. Para este caso verificou-se que o erro de localização que antes era de 0,34% atingiu 5,02%, conforme combinação de erros de TC’s e TP’s especificados na Tabela I. RESULTADOS Os resultados apresentados nesta seção referem-se à análise de duas linhas de transmissão simuladas no software ATP (Alternative Transients Program). Considerou-se que essas linhas operam com tensão nominal de 138 kV e 230 kV, possuindo comprimentos de 90 km e 180 km, respectivamente. Vale salientar que nas simulações utilizaramse parâmetros típicos de linhas de transmissão da Eletrosul [12], bem como se considerou taxa de amostragem de 256 amostras/ciclo e a ocorrência de faltas apenas do tipo fase Aterra, visto que defeitos envolvendo uma fase e o solo são mais frequentes em sistemas elétricos de energia [13]. A resistência de falta em todas as simulações foi considerada nula. Além disso, simularam-se faltas no início, meio e fim das linhas para verificar se o local do curto-circuito pode implicar em maiores ou menores erros de localização. Quanto à análise de erros nas medições, é importante frisar que medidas de tensão e de corrente podem conter erros tanto em módulo quanto em ângulo de fase. O TP analisado neste trabalho, independente de ser do tipo indutivo ou capacitivo, possuirá classe de exatidão 1,2, o que significa que seu erro em módulo pode atingir ± 1,2% do valor medido pelo instrumento, e seu erro em ângulo pode atingir até ± 62,4 minutos. O TC em análise neste trabalho, por sua vez, possui classe de exatidão 10, o que significa que seu erro em módulo pode atingir ± 10% do valor medido pelo instrumento, e seu erro em ângulo pode atingir ± 520 minutos, conforme determinado pelo paralelogramo de exatidão traçado para a classe de exatidão 10. Sabendo que a cada terminal de uma linha (Terminal 1 e Terminal 2) está associado um TP e um TC, logo serão oito grandezas cujas combinações de erros podem influenciar na exatidão da localização de faltas. Neste trabalho simularam-se aproximadamente 65 mil combinações possíveis dessas oito variáveis, de tal forma a determinar qual a combinação de erros de TP e TC que implicaria em maiores erros de localização de faltas. A. Análise da influência de erros de TP’s e TC’s na localização de faltas de uma linha de transmissão de 138 kV Considerando que uma falta ocorra no início da linha de 138 kV, quilômetro 13, e que os TP’s e TC’s não introduzam erros nas medições de tensão e de corrente, tem-se que o algoritmo de localização de faltas encontra o local do defeito com erro de 0,34%. Caso sejam simuladas diversas combinações possíveis de erros nas medições de tensão e de corrente, obtém-se o gráfico ilustrado na Figura 1. Figura 1. Erro de localização de faltas – início da LT 138 kV TABELA I. ERROS DE TP’S E TC’S QUE CONTRIBUÍRAM PARA MAIOR ERRO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – INÍCIO DA LT DE 138 KV Erros em medições de tensão e corrente Erro em módulo (TC1) Erro em módulo (TC2) Erro em ângulo (TC1) Erro em ângulo (TC2) Erro em módulo (TP1) Erro em módulo (TP2) Erro em ângulo (TP1) Erro em ângulo (TP2) -10 % +10 % 260 minutos 0 minutos -1,2% +1,2% -62,4 minutos 0 minutos Erro de localização 5,02% Pode-se verificar na Tabela I que foram erros extremos do paralelogramo de exatidão dos instrumentos que contribuíram para um maior erro de localização da falta. Percebe-se ainda que os erros de TP e de TC podem influenciar de forma relevante na exatidão do algoritmo localizador de faltas, conforme o aumento do erro verificado para 5,02%. Ainda para uma linha de transmissão de 138 kV, realizou-se a mesma análise anterior, no entanto, considerando faltas no meio e no fim da linha. Para uma falta no meio da linha de 138 kV, o algoritmo de localização de faltas indicou erro de 0,0092%, quando as medições de tensão e de corrente não estão corrompidas com erros de TP’s e TC’s. Quando da aplicação de erros nas medições de tensão e de corrente, verificou-se que para as combinações que constam na Tabela II, o algoritmo de localização de faltas apresentou erro máximo de 5,82%. TABELA II. ERROS DE TP’S E TC’S QUE CONTRIBUÍRAM PARA MAIOR ERRO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – MEIO DA LT DE 138 KV Como o erro de localização de faltas é uma função de oito variáveis, na Figura 1 mostra-se apenas a variação do erro de localização em função dos erros em módulo dos TC’s dos dois Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 Erros em medições de tensão e corrente Erro em módulo (TC1) Erro em módulo (TC2) Erro em ângulo (TC1) Erro em ângulo (TC2) Erro em módulo (TP1) Erro em módulo (TP2) Erro em ângulo (TP1) Erro em ângulo (TP2) -10 % 10 % 520 minutos -520 minutos -1,2% +1,2% -62,4 minutos 62,4 minutos Erro de localização 5,82% ISSN 2177-6164 Para este caso de falta no meio da LT de 138 kV, mostrase na Figura 2 a variação do erro de localização de faltas em função da variação do erro em módulo das medições de tensão dos terminais 1 e 2. Demais variáveis são mantidas constantes e iguais aos valores estabelecidos na Tabela II. Figura 2. Erro de localização de faltas – meio da LT 138 kV Quando da análise de uma falta no fim da linha de 138 kV, quilômetro 80, verificou-se que o algoritmo de localização indicou erro de -0,37% quando não existem erros de TI’s nas medições. No entanto, esse erro de localização pode atingir 5,55% caso os erros de TC e TP assumam as combinações especificadas na Tabela III. Na Figura 3 mostra-se a variação do erro de localização de faltas em função da variação do erro em módulo das medições de corrente e tensão do terminal 1. Demais variáveis são mantidas constantes e iguais aos valores estabelecidos na Tabela III. B. Análise da influência de erros de TP’s e TC’s na localização de faltas de uma linha de transmissão de 230 kV Considerando que uma falta ocorra no início da linha de 230 kV, quilômetro 36, e que os TP’s e TC’s não introduzam erros nas medições de tensão e de corrente, tem-se que o algoritmo de localização de faltas encontra o local do defeito com erro de 0,59%. Caso sejam simuladas diversas combinações possíveis de erros nas medições de tensão e de corrente, obtém-se o gráfico ilustrado na Figura 4, o qual, assim como os anteriores, possui uma característica linear e mostra apenas a variação do erro de localização quando os módulos das medições de corrente variam nos terminais 1 e 2. As demais variáveis são mantidas constantes e iguais aos valores que contribuíram para o maior erro de localização. Para este caso, a combinação de erros de TP e TC que culminou no maior erro de localização de faltas foi a mesma que consta na Tabela I. O erro máximo obtido foi de 4,92%, o que equivale a aproximadamente 9 km de erro na localização do defeito. Figura 4. Erro de localização de faltas – início da LT 230 KV Figura 4. Erro de localização de faltas – início da LT 230 kV No caso da falta no meio da LT de 230 kV, quando não existem erros nas medições de tensão e de corrente, tem-se que o algoritmo de localização de faltas encontra o local do defeito com erro de 0,03%. Para a mesma combinação de erros da Tabela I, o algoritmo de localização indicou erro máximo igual a 5,39%. A Figura 5 apresenta, para este caso, o gráfico da variação do erro de localização em função da variação do erro nos módulos de tensão, terminais 1 e 2. Figura 3. Erro de localização de faltas – fim da LT 138 kV TABELA III. ERROS DE TP’S E TC’S QUE CONTRIBUÍRAM PARA MAIOR ERRO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – FIM DA LT DE 138 KV Erros em medições de tensão e corrente Erro em módulo (TC1) Erro em módulo (TC2) Erro em ângulo (TC1) Erro em ângulo (TC2) Erro em módulo (TP1) Erro em módulo (TP2) Erro em ângulo (TP1) Erro em ângulo (TP2) 10 % -10 % -520 minutos 0 minutos 1,2% -1,2% 62,4 minutos 0 minutos Erro de localização -5,55% Figura 5. Erro de localização de faltas – meio da LT 230 kV Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164 Quando da análise da falta no fim da linha de 230 kV, quilômetro 160, verificou-se que o algoritmo de localização indicou erro de -0,69% quando não existem erros de TI’s nas medições, no entanto, esse erro de localização pode atingir 4,96% caso os erros de TC e TP sejam inseridos. A Figura 6 ilustra, para este caso, o gráfico da variação do erro de localização em função da variação do erro nos módulos de corrente e tensão, terminal 1. A combinação de erros de TI’s que implicou em um maior erro de localização no fim da linha está contida na tabela IV. dois terminais da linha de transmissão. Vale salientar que as demais variáveis foram mantidas constantes e iguais aos valores apresentados na Tabela IV. Figura 7. Erro de localização x variação do erro em ângulo das medições de corrente dos dois terminais da LT Figura 6. Erro de localização de faltas – fim da LT 230 kV TABELA IV. ERROS DE TP’S E TC’S QUE CONTRIBUÍRAM PARA MAIOR ERRO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – FIM DA LT DE 230 KV Erros em medições de tensão e corrente Erro em módulo (TC1) Erro em módulo (TC2) Erro em ângulo (TC1) Erro em ângulo (TC2) Erro em módulo (TP1) Erro em módulo (TP2) Erro em ângulo (TP1) Erro em ângulo (TP2) 10 % -10 % -520 minutos 0 minutos -1,2% -1,2% 0 minutos 0 minutos Erro de localização -4,96% A análise da influência de erros de TI’s na localização de faltas de uma LT de 230 kV mostrou que os erros que antes eram de -0,69% (aproximadamente 1,2 km) passaram a ser 4,96% (aproximadamente 9 km) unicamente em decorrência de erros nas medições de tensão e corrente. Pode-se concluir que erros nas medições de tensão e de corrente podem contribuir de forma significativa para um aumento do erro de localização de faltas. Na próxima subseção mostra-se a influência que os erros em ângulo de TC’s podem incluir na localização de defeitos no fim desta LT de 230 kV. C. Influência de erros em ângulo de TC’s na localização de faltas de uma LT de 230 kV Conforme comentando anteriormente, transformadores de corrente com classes de exatidão superiores a 3 não possuem limitações de erros em ângulo de fase, segundo a NBR 6856/1992. Para fins de localização de faltas, no entanto, a falta de limitação desses erros em ângulo pode contribuir para um aumento do erro de um processo de localização de faltas. A Figura 7 mostra, para uma falta no fim da LT de 230 kV, a variação do erro de localização de faltas em virtude da variação do ângulo de fase em minutos de TC’s instalados nos Para este caso, observou-se que o erro máximo de localização de faltas é de aproximadamente -4,86% quando os erros de fase dos TC’s são nulos. Quando os erros de fase dos TC’s são estabelecidos conforme o paralelogramo de exatidão da classe 10, esse erro máximo passa a ser -4,96%, de acordo com a combinação de erros apresentada na Tabela IV. Logo, pode-se concluir que, se os limites de erros em ângulo não houvessem sido estabelecidos, os erros de localização em função dos ângulos dos TC’s poderiam variar numa faixa bem maior do que a apresentada na Figura 7. CONCLUSÕES Este trabalho mostrou que erros em medições de tensão e de corrente provenientes da classe de exatidão de transformadores para instrumentos podem prejudicar o desempenho de um algoritmo de localização de faltas baseado em fasores fundamentais de tensão e de corrente. Dessa forma, os erros em medições que implicaram em maiores imprecisões na localização de defeitos estão localizados nos pontos extremos dos paralelogramos de exatidão dos TP’s e TC’s analisados. Na análise de uma linha de transmissão de 138 kV, observou-se que os erros de localização podem atingir cerca de 5,82% em virtude da presença de erros de transformadores de corrente e de potencial nas medições. Na linha de transmissão de 230 kV, verificou-se que os erros de localização podem atingir 5,39% caso as grandezas elétricas medidas possuam erros de calibração. Além disso, constatouse que erros em ângulos de fase inseridos por TC’s podem influenciar na localização de defeitos e, por isso, seria apropriado que as normas brasileiras estabelecessem limites de erros em ângulo para transformadores de corrente usados para fins de proteção, visto que o conhecimento dessa grandeza pode estar relacionado ao desenvolvimento e utilização de localizadores de falta mais precisos e eficientes. REFERÊNCIAS [1] [2] A. T. Johns, S. Jamali, “Accurate Fault Location Technique for Power Transmission Lines”, IEE Proceedings, v.137, Pt. C, n.6, p.395-402, 1990. R. K. Aggarwal, D. V. Coury, A. T. 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