relações raciais: em busca de um (re) conhecimento identitário

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RELAÇÕES RACIAIS: EM BUSCA DE UM (RE) CONHECIMENTO
IDENTITÁRIO.
Neilton Felix
Maria Samara
Carolina Ferreira
Angelo Antonio
Resumo: Este trabalho tem por finalidade analisar as questões das relações raciais,
trazendo para nós, futuros professores, a abordagem de forma ampla e eficaz da temática
em sala de aula. Porém não se findando nisto, uma vez que através da parceria
Universidade/Escola, através do Programa de Iniciação à Docência – PIBID, nós
podemos trazer algumas reflexões, no que cerne as relações raciais no Brasil, já que tais
questões permanecem pouco difundidas e problematizadas nas escolas. Sendo tal
abordagem de suma importância para florescer o reconhecimento, ao mesmo passo em
que se desmistifica estigmas criados quanto à tonalidade da pele.
Palavras-Chave: Relações Raciais, Escola, Identidade.
O trabalho apresentado se dá através de uma ação efetuada no projeto do PIBID, onde
o mesmo se mostra inovador ao atender antigas demandas da formação dos licenciandos
pois possibilita a capacitação dos futuros docentes através do contato com a comunidade
escolar e com a prática docente, tão importante para a qualificação profissional dos
mesmos. Também, permite observar quais as dificuldades a serem trabalhadas e as metas
a serem atingidas para melhor instrumentalização dos licenciandos. Contribuindo não
apenas para a formação dos futuros professores, mas também proporcionando à
Universidade uma conexão com a realidade social da comunidade escolar.
Compreendemos que compartilhar e socializar conhecimentos e informações sobre o
funcionamento das políticas sociais raciais é fundamental para a expansão dos direitos de
cidadania legitimamente conquistados. As políticas públicas não devem ser entendidas
como facilitadoras e sim como correções às injustiças e desigualdades sociais
historicamente determinadas.
RELAÇÕES RACIAIS: EM BUSCA DE UM (RE) CONHECIMENTO
IDENTITÁRIO
Os negros no Brasil correspondem à maior parcela da população, uma vez que
segundo registros do ano de 2010, os pretos e pardos representam um total de 51% da
população do país1, é valido ressaltar que esta informação é retirada a partir de
autodeclaração, uma vez que segundo Eliane Azevêdo (1987) “senão é possível delimitar
biologicamente as raças, sua definição terá que necessariamente ser imprecisa”.
Ainda assim os negros são maior parcela da população brasileira, porém isto não
se reflete no acesso aos direitos sociais2, uma vez que são os detentores das piores
condições econômico/sociais, pois segundo Chiavenato (2012) 70% da população pobre
é negra, além do acesso a direitos como: educação, saúde e habitação.
Resultados como este é um reflexo do que foi construído no país, uma vez que o
Brasil possui - histórica e culturalmente - um legado social racista e conservador, no qual
a população negra (pretos e pardos) é tida como menos evoluída, devendo desta forma
estar de acordo com o padrão3 da população “dita” evoluída, sendo este padrão o
ditador/normatizador de sua vida social e particular.
Neste aspecto a população africana e afro-brasileira quando se estabelece no
Brasil são destituídos do direito, dentre outras coisas, de permanecer com sua língua,
cultura e religião, porém mesmo tendo muitas perdas ao longo do percurso, algumas
coisas são perpetuadas, por meio de muita luta, a qual foi encabeçada pelos movimentos
sociais e religiosos. E hoje após um árduo período de lutas a história e cultura por tanto
tempo negligenciada tem sua aplicabilidade amparada em uma Lei Federal, a saber a Lei:
10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino destes saberes nas escolas.
Em cumprimento da Lei acima mencionada, uma vez que se reconhece sua
importância, tem-se como objetivo principal da ação trazer um reconhecimento
Esses dados se encontram no Livro “O negro no Brasil” de José Júlio Chiavenato (2012), porém referese aos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2010, data do
último senso.
2
Ao falar em direito sociais me refiro aos descritos na carta magna de 1988.
3
Este padrão ao qual estaria subsumida a população negra é o europeu.
1
identitário, no que concerne as questões relativas à raça. De forma a analisar de modo
crítico como são construídas as relações raciais no Brasil, incentivar os alunos a pensar
nas experiências conflituosas que percebem em seu cotidiano, e por fim, realizando uma
atividade como ferramenta pedagógica para a compreensão de conceitos sociológicos
sobre relações raciais, a saber: uma literatura de cordel.
Para tal ação nos apoiamos em Reis (2008), pois, segundo ele a pesquisa-açãoparticipativa, tem como princípios teórico-metodológicos a participação, o processo
coletivo, a conscientização e, para ter relevância científica e social, refere-se também à
articulação radical entre teoria e prática. Dito de outra forma: a pesquisa-açãoparticipativa é práxis social. Tendo ela mais condições de materializar nossos objetivos.
Para isto, se fez necessário reconhecer o potencial investigativo da metodologia
da pesquisa-ação. Esse potencial se expressa pela principal característica da metodologia,
que permite, aliás, exige, a articulação profunda e radical entre a produção de
conhecimentos e a ação educativa. Isso significa dizer que a metodologia da pesquisaação refere-se a um tipo especial de produção de conhecimentos, comprometida com a
ação/intervenção no espaço social em que realiza a investigação. Como forma de
instrumentalização, para efetivação desta metodologia foram utilizadas: aula expositiva;
apresentação de conteúdo por meio de slide; roda de dialogo; vídeo debate; oficina da
história e importância e construção do cordel.
Como resultado esperado, tinha-se o propósito de deixar um germe, porém, ao
longo do processo o que pudemos observar foi muito além do esperado/previsto. A
temática por si só deixou-os bastante intrigados, bem como, fez com que os mesmos se
vissem, pela proximidade com suas realidades, causando envolvimentos mais afetivos em
suas discussões, pelos vídeos comoventes e na criação dos cordéis, onde descreveram em
linhas suas vivências.
A modo de conclusão, podemos observar/sentir que os seminários foram muito
proveitosos e impactantes na vida dos alunos, pois trouxeram à reflexão de suas próprias
realidades e vivências sociais. Houve troca de experiências em sala. Eles puderam
perceber a importância da análise sociológica diante dos fenômenos sociais, entenderam
a importância da Sociologia como disciplina escolar, que de um fato ou de outro ela está
presente no cotidiano. Interagiram com perguntas e exemplos de suas vivências. Foi bem
debatido em sala a questão das relações raciais.
Sendo de fato muito proveitoso, por termos aproximado a Sociologia como
disciplina junto às suas experiências, conhecimentos e atuação de cada sujeito na
sociedade podendo ser esta ação analisada, interpretada, compreendida e contextualizada
com a presença do senso de criticidade, cabendo a cada um de nós naturalizar ou
desnaturalizar os fatos sociais.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Joel Zito Almeida de. A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira São Paulo : editora SENAC são Paulo , 2000.
BRYM, Robert (et al). Raça e Etnicidade In: Sociologia: Sua Bússola para um Novo
Mundo – São Paulo: Thomson Learning, 2006.
CHIAVENATO, Julio José. O negro no Brasil – I. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2012.
FANON, Frantz (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA.
FERNANDES, Florestan (2008). A integração do negro na sociedade de classes, Vol.
1. São Paulo: Editora Globo.
HOOKS, Bell. Alisando o Nosso Cabelo – (Revista Gazeta de Cuba – Unión de
escritores y Artista de Cuba, janeiro-fevereiro de 2005. Tradução do espanhol: Lia Maria
dos
Santos.
Retirado
do
blog
coletivomarias.blogspot.com/.../alisando-o-
nossocabelo.html.)
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional
versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
NILMA Lino Gomes: Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução
de estereótipos ou ressignificação cultural? Corpo e cabelo como símbolos da identidade
negra.
NOGUEIRA, Cláudio Marques Martins; NOGUEIRA, Maria Alice. A Sociologia da
Educação de Pierre Bourdieu: limites e contribuições. Educação & Sociedade,
Campinas, v. 23, n. 78, p. 15-35, 2002.
OLIVEIRA, Amurabi Pereira de. Ensino de Sociologia: desafios epistemológicos para
o Ensino Médio. Revista Espaço acadêmico n° 119, abril de 2011
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. 2. Ed.- São Paulo: Saraiva,
2010. www.ibge.gov.br.
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