VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 INDICADORES FÍSICO-BIÓTICOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO ECOTURISMO EM ÁREAS PROTEGIDAS BRASILEIRAS Nadja Maria Castilho da Costa; Vivian Castilho da Costa; Rodrigo Silva da Conceição; Leandra Fernandes Alves, Júlia Vicente Martins Ribeiro; INSTITUIÇÃO(ÕES): Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ EMAIL DOS AUTORES: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. RESUMO Desenvolver o turismo na natureza, particularmente o ecoturismo, tem sido uma prática crescente em países como o Brasil, principalmente em regiões onde predominam ecossistemas florestais, a exemplo da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro. Suas práticas, na maioria das vezes, ocorrem nas áreas protegidas, entretanto, quase sempre de maneira desordenada e sem respeitar seus pressupostos básicos: lazer e recreação controlados, educação para a conservação ambiental e inclusão social. Na realidade, o que se tem desenvolvido é o turismo na natureza nas suas diferentes modalidades e, com raras exceções, o turismo ecológico. O objetivo do presente trabalho é mostrar como indicadores físico-bióticos (geoindicadores) poderão ser aplicados para avaliar e dimensionar a eficiência do desenvolvimento do ecoturismo em áreas protegidas brasileiras. Tais indicadores deverão nortear o poder público no ordenamento das ações e transformações territoriais que as práticas ecoturísticas impingem ao espaço, particularmente nas áreas com remanescentes de ecossistemas frágeis, a exemplo da Mata Atlântica brasileira. Foram definidos e detalhados 22 indicadores, sendo 10, de natureza físico-biótica. A sua aplicação em duas das mais importantes áreas protegidas do Estado do Rio de Janeiro, quais sejam, Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) e Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) no sudeste brasileiro, permitiu avaliar a importância do uso de geoindicadores no processo de planejamento e monitoramento das atividades de lazer e recreação em ambientes naturais. Na prática, o ecoturismo pode se tornar um grande aliado na conservação ambiental de vários ecossistemas, na medida em que consiga efetivamente se realizar alicerçado no tripé: proteção dos recursos naturais, sustentabilidade econômico-social e educação para a conservação. 1 Tema 5 - Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo 1- INTRODUÇÃO Dentre os países da America Latina o Brasil tem se destacado no desenvolvimento do turismo, principalmente do turismo na natureza nas suas diferentes modalidades, considerando suas dimensões continentais e sua biodiversidade, reconhecida internacionalmente. Neste contexto, o Estado do Rio de Janeiro, com suas belezas naturais relacionadas a vários ecossistemas tropicais, a exemplo da Mata Atlântica, tem procurado estimular o desenvolvimento do ecoturismo, que ainda não tem plenamente incorporado às suas práticas o trinômio: lazer e recreação controlados, educação para a conservação ambiental e inclusão social. O ecoturismo ocorre, na maioria das vezes, no interior de áreas protegidas, entretanto, quase sempre de maneira desordenada, sem que haja a efetiva participação de seus gestores e das comunidades do entorno na sua correta implementação. Por sua vez, a apropriação dos espaços naturais pelo turismo implica em transformações e intervenções espaciais que, se feitas sem o devido planejamento e monitoramento, podem acarretar sérios impactos, principalmente em ecossistemas frágeis e vulneráveis, como os existentes nas regiões tropicais brasileiras. A contribuição do presente trabalho é mostrar alguns mecanismos de ordenamento e monitoramento das práticas ecoturísticas em unidades de conservação do Estado do Rio de Janeiro, tomando como áreas-piloto o Parque Estadual da Pedra Branca, localizado na cidade do Rio de Janeiro e o Parque Estadual da Ilha Grande, situado na Ilha de mesmo nome, no município de Angra dos Reis, no sul fluminense. De acordo com Costa (2002) a avaliação dos aspectos geográficos de uma determinada área irá conduzir ao conhecimento das potencialidades locais, bem como dos fatores limitantes às práticas ecoturísticas. Dos aspectos mais relevantes que poderão ser trabalhados pela Geografia destacam-se a identificação e aplicação de indicadores que permitam analisar se o ecoturismo vem sendo desenvolvido de acordo com que preceitua seu conceito e em bases sustentáveis. 2 – OBJETIVO O presente trabalho tem por objetivo geral mostrar os primeiros resultados da seleção e aplicação de indicadores geo-ambientais de desenvolvimento sustentável do ecoturismo, tomando como base a realidade físico-biótica das duas unidades de conservação supra citadas. Os indicadores escolhidos deverão nortear as decisões do 2 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 poder público - bem como da inciativa privada implementadora do turismo nas duas regiões - no planejamento e ordenamento das ações previstas, assim como no monitoramento das transformações territoriais que serão impingidas no espaço, particularmente naqueles locais que apresentem remanescentes vegetacionais importantes de serem preservados. 3 – SIGNIFICADO E IMPORTÂNCIA DE INDICADORES GEO-AMBIENTAIS NA AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO A recente bibliografia (nacional e internacional) existente sobre ecoturismo, em sua grande maioria, aborda de maneira incipiente, a questão da definição e aplicabilidade de indicadores de desenvolvimento, principalmente sustentável. Os geoindicadores são usados em geociências desde a década de 1970, sendo principalmente voltados para a avaliação de recursos minerais (FABBRI & PATRONO, 1995). Entretanto, segundo estes mesmos autores, nos últimos anos uma atenção especial tem sido dada para a avaliação de impactos ambientais e riscos geológicogeomorfológicos. O início do conceito de geoindicadores enfatizou a importância do monitoramento de 27 geoindicadores na avaliação de impactos ambientais. Berger (2002, apud REGO NETO, 2003) criou uma lista de geoindicadores associada às mudanças abióticas, aos sistemas biológicos e geológicos afetados por influências humanas, com melhor compreensão das mudanças ambientais. Na literatura foram encontradas diversas terminologias para os indicadores, tais como: indicadores geoambientais (FABBRI & PATRONO, op. cit.), indicadores geomorfológicos (RIX, 1995) e geoindicadores (BERGER & IAMS, 1996; BUSH et al., 1999). Apesar das diferentes terminologias, conceitualmente elas são bastante similares. Segundo Bellen (2007, p. 43), “*...+ os indicadores podem comunicar ou informar sobre o progresso em direção a uma determinada meta, como por exemplo, o desenvolvimento sustentável *...+”. Segundo este mesmo autor, as principais funções dos indicadores são: avaliação de condições e tendências; comparação entre lugares e situações; avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos; prover informações de advertência e antecipar futuras condições e tendências. 3 Tema 5 - Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo A estrutura de indicadores geoambientais deve considerar: os tipos de indicadores, seus estados e suas mudanças de estado, a interdependência das mudanças naturais e induzidas, a dinâmica das mudanças, os valores dos limiares, a unidade geoambiental (UGA) e seu conjunto de indicadores e, finalmente, os índices associados (FABBRI & PATRONO, op.cit.). Freqüentemente os geoindicadores são apresentados na forma de índices ambientais. De acordo com Fabbri & Patrono (op. cit.), índices ambientais procuram simplificar a apresentação dos dados, agregando os valores dos indicadores individuais em um único valor. Os indicadores geoambientais também podem ser usados como uma alternativa para o estudo do ecoturismo sustentável, devendo ajudar na resposta a quatro questões básicas (REGO NETO, 2003): O que está acontecendo no meio ambiente em decorrência das práticas ecoturísticas? (condições e tendências); Por que está acontecendo? (causas dos impactos mais freqüentes, vínculo entre influências humanas e processos naturais); Por que determinados impactos são significativos? (efeitos ecológicos, econômicos e sociais); O que se pode fazer para mitigá-los? (implicações no manejo, no planejamento e nas Políticas Públicas). CINTRA (2004:1) destaca ainda que “é fundamental que o planejamento e a gestão do desenvolvimento turístico sejam realizados com responsabilidade, usando de estratégias e ferramentas adequadas à manutenção, em todas as suas dimensões, da qualidade dos recursos que promovem o turismo e o sustentam”. O referido autor, bem como Filleto (2007), trabalharam, em seus estudos acadêmicos, na definição de indicadores de desenvolvimento do ecoturismo. 4 - MATERIAIS E MÉTODOS Na fase inicial dos trabalhos foram definidos 85 indicadores quali-quantitativos, agrupados de acordo com a sua natureza e classificados pela Matriz PEIR (pressão, estado, 4 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 impacto e resposta) do projeto GEO Cidades - para avaliação ambiental integrada do meio ambiente urbano - (CONSÓRCIO PARCERIA 21: IBAN/ISER/REDEH, 2002), sendo a mesma utilizada pelo Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (PNUMA) na elaboração das séries GEO (Global Environment Outlook)1. Do universo de 85 indicadores iniciais, foi possível escolher, através do método Delphi de discussões organizadas2, aqueles que são passíveis de serem aplicados e espacializados através de ferramentas de geoprocessamento (ARCGIS 9) nas áreas selecionadas, utilizando-se da análise multicritério, que se configura um procedimento metodológico de cruzamento de variáveis, amplamente aceito em análises espaciais (XAVIER-DA-SILVA, 2001). Foram realizadas discussões presenciais e virtuais com especialistas com o objetivo de definir os melhores indicadores a serem avaliados para as áreas selecionadas. Durante a seleção dos 22 indicadores finais, levou-se em consideração, além do potencial de espacialização, outros critérios, tais como: a fácil compreensão (ou transparência) do que ele representa; a confiabilidade ou credibilidade técnico-científica; a transversalidade, podendo ser utilizados para conhecer as tendências de diferentes fenômenos, e, ao mesmo tempo, permitir fazer comparações entre diversas realidades locais; e a disponibilidade de variáveis e dados em distintas escalas (territorial, temporal, etc). Cabe ressaltar que, no presente trabalho, deu-se destaque aos indicadores relacionados ao meio físico-biótico considerando a importância da conservação dos ecossistemas existentes nas áreas selecionadas, bem como o seu significado para o desenvolvimento, em bases sustentáveis, da principal e mais adequada modalidade de turismo na natureza em áreas protegidas. 1 A metodologia GEO pode ser considerada um instrumento analítico que permite organizar e agrupar, de maneira lógica, os principais fatores que atuam sobre o meio ambiente. A matriz PEIR busca estabelecer um vínculo entre seus diversos componentes, de forma a orientar a avaliação do estado do meio ambiente, desde os fatores que exercem pressão sobre os recursos naturais (entendidos como as “causas” do seu estado atual), passando pelo estado atual do meio ambiente (“efeito”), e os impactos deste efeito sobre o meio, até as respostas (ações/reações) que são produzidas para enfrentar os problemas ambientais em cada localidade (CONSÓRCIO PARCERIA 21: IBAN/ISER/REDEH, 2002). 2 O método Delphi baseia-se na escolha de um grupo multidisciplinar de especialistas, que conheçam bem o fenômeno e a realidade espacial onde ele se localiza, aos quais solicita-se que hierarquizem ou coloquem as variáveis (ou planos de informação) em ordem de importância para a manifestação ou ocorrência do fenômeno estudado (MOURA, 2007). 5 Tema 5 - Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo 5 - AREAS DE ESTUDO: BREVE CARACTERIZAÇÃO GERAL Os remanescentes da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro concentram uma riqueza de espécies e endemismos dos diferentes grupos animais e vegetais, muitos deles ameaçados de extinção e por este motivo, várias áreas do Estado foram reconhecidas como de “Extrema Importância Biológica” (MMA/SBF, 2000 apud ROCHA, et al, 2003). São reconhecidos cinco grandes blocos de remanescentes florestais, que, segundo Rocha et al (op. cit), são identificados no Estado do Rio de Janeiro como Blocos das Regiões: Norte Fluminense, Serra da Mantiqueira, Serrana Central, Metropolitana do Rio de Janeiro e Sul Fluminense. Nos dois últimos blocos, estão localizados os Parques Estaduais da Pedra Branca (PEPB) e da Ilha Grande (PEIG), conforme pode ser observado na Figura 1. Figura 1 – Mapa de localização dos Parques Estaduais da Ilha Grande e Pedra Branca - Base de dados IQM Verde II, CIDE (2003). 6 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 O Parque Estadual da Pedra Branca localiza-se na porção central da cidade do Rio de Janeiro, sendo a maior unidade de conservação carioca (aproximadamente 13.000 ha). Ainda pouco conhecido do público (tanto turista como visitante local) apresenta áreas em seu interior de grande beleza cênica e elevado potencial para a visitação, a exemplo do açude do Camorim, em sua vertente sul (COSTA, 2008). Por sua vez, o Parque Estadual da Ilha Grande localiza-se na ilha de mesmo nome, ao sul do Estado do Rio de Janeiro (município de Angra dos Reis), tendo sua importância turística reconhecida internacionalmente. Entretanto, as atividades que hoje são implementadas ainda não estão ordenadas, de acordo com o que prevê o uso público de uma unidade de conservação. Foi recentemente ampliado compreendendo a quase totalidade da ilha. Ambas são áreas protegidas que apresentam elevado potencial ecoturístico, com diferentes níveis de visitação, cujas práticas precisam ser avaliadas e reorientadas, de maneira a conciliar recreação/lazer com conservação ambiental. 6 – INDICADORES FÍSICO-BIÓTICOS: MECANISMOS DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO ECOTURISMO EM ÁREAS NATURAIS Os 10 indicadores físico-bióticos definidos foram classificados de acordo com a matriz PEIR e categorizados em: saneamento e infraestutura sanitária, cobertura vegetal nativa, relevo/solo e uso do solo. Cada grupo apresenta seus indicadores, acompanhados de sua unidade de medição (índice) e o referencial de avaliação, ou seja, o tipo de análise que deverá mostrar como o desenvolvimento do ecoturismo vem sendo desenvolvido nas áreas selecionadas, conforme mostra o Quadro 1. 7 Tema 5 - Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo Quadro 1: Indicadores de desenvolvimento sustentável do ecoturismo. Classe de Indicadores Unidade de Medição Referencial de Avaliação Matriz PEIR 1 litro de lixo (saco plástico) num raio de 10 m do entorno do atrativo e ao longo (extensão de) 100 m da trilha presença de lixeiras (quantidade, acessibilidade e manutenção), regularidade da coleta (frequência semanal/mensal) e quantidade de lixo coletado (ton/ dia ) ausência e/ou pequena quantidade de lixo (> de 1 L de lixo) por atrativo, cheiro de lixo (s/n), presença de lixeiras (quantidade e manutenção) I alta regularidade da coleta (igual/superior a 2x/semana) associada a baixa quantidade de lixo coletado E Indicadores a) lixo nos atrativos e nas trilhas b) coleta oficial de lixo nos principais pontos 3 c) acessibilidade a água tratada captação direta, com reservatório, com controle de sedimentação e clorificação, presença de bebedouros e filtros de água (a um raio de 500 m). d) acessibilidade a esgotamento sanitário saneamento básico, variáveis do IBGE (censo), presença de edificações com esgotamento sanitário canalizado e não a céu aberto. e) qualidade dos recursos hídricos degradação da bacia hidrográfica f) qualidade das águas oceânicas degradação da água do mar, fauna marinha a) presença de florestas em diferentes estágios sucessionais % de área coberta com floresta (em diferentes estágios sucessionais), com relação a área total da UC a) atrativos ecoturísticos 1. Saneamento e infraestutura sanitária 2 - Cobertura vegetal nativa 3 – Relevo/ solo/uso do solo b) erosão nos atrativos c) evolução (transformações) do uso do solo quantidade de litros/m de água em reservatório e no processo de clorificação, presença ou ausência de bebedouros ou filtros em distância inferior a um raio de 500 m. quantidade (percentual) de residências presentes por setor censitário no interior da UC com esgotamento sanitário canalizado (com fossa séptica). assoreamento (erosão) e poluição (caso tenha-se os dados de índice de coliformes fecais e pH da água), alto índice de inundação (volume/vazão) e trabalhos sobre a potabilidade na região. índice de qualidade da água (aspecto visual – lixo boiando, areia suja e com lixo, coliformes fecais e trabalhos sobre a balneabilidade na região) E E E E + de 50 % da área coberta com floresta E n total de atrativos existentes no interior da UC alto índice de atrativos E % de áreas de fragilidade ecoturística, em relação à área total da UC (se possível, com relação a área destinada ao uso público) % de perda da categoria floresta com relação às demais categorias de uso do solo, no período 2002/2008 baixo percentual (> de 30 %) da área da UC ou (> de 50 %) da área de uso público coberta por áreas de alta/média fragilidade ecoturística I baixo índice (?) de perda da floresta no período analisado P o Fonte: Nadja Costa, 2010. 8 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 A análise inicial dos geoindicadores físico-bióticos aplicados ao Parque Estadual da Pedra Branca e ao Parque Estadual da Ilha Grande mostrou que, em ambas as áreas protegidas, as respostas foram satisfatórias, quanto a avaliação do desenvolvimento do ecoturismo. Os indicadores de saneamento e infraestrutura sanitária, analisados sob a ótica da matriz PEIR, mostraram que o PEPB se apresenta em situação mais crítica do que o PEIG, embora ambos apresentem índices baixos nos 6 indicadores trabalhados. Já no que diz respeito aos indicadores relacionados à: cobertura vegetal nativa, relevo, solo e uso do solo, ambas as unidades de conservação apresentaram índices elevados, demonstrando condições bióticas satisfatórias para o desenvolvimento do ecoturismo. Isso significa dizer que a presença da floresta, em seus diferentes estágios sucessionais, ainda é expressiva, apesar das constantes ações de degradação que os dois Parques vêm sofrendo, nos últimos anos. Ressalva deve ser feita as áreas de fragilidade ambiental detectadas através do indicador “erosão nos atrativos”. Apesar dos baixos valores encontrados, em ambas as áreas trabalhadas, os locais de atrativos com alta fragilidade ecoturística (COSTA et al., 2009) devem ser monitorados, em decorrência do risco de acidentes a que estão submetidos seus visitantes. 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Os principais resultados apresentados no presente trabalho mostraram a importância da definição e aplicação dos geoindicadores na avaliação e monitoramento das atividades ecoturísticas em áreas de alto potencial, a exemplo dos dois parques trabalhados. No entanto, o Parque Estadual da Ilha Grande vêm mostrando, pela análise dos indicadores físico-bióticos, maior número de índices positivos ao desenvolvimento de práticas corretas e sustentáveis. A constatação de índices abaixo do esperado para alguns indicadores significa que medidas corretivas deverão ser implementadas pelo poder público responsável pela gestão dessas áreas, visando o êxito sócio-ambiental e empresarial das atividades (a serem) implementados. Entretanto, esssa realidade deverá ser ratificada ao incorporar, nas avaliações finais, os indicadores sócio-econômicos e culturais. Apesar de serem realidades sócio-econômicas e ambientais distintas, ambas as áreas protegidas são geridas pelo mesmo órgão ambiental, que necessita de parâmetros nortadores na implementação do uso público em seu interior. 9 Tema 5 - Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLEN, H. M. V. Indicadores de Sustentabilidade: Uma Análise Comparativa. Rio de Janeiro: ed. FGV, 2007. 256 p. BERGER, A. R.; IAMS W. J. Geoindicators: Assessing rapid environmental changes in earth systems. Rotterdam: Balkema, 1996. 466 p. BUSH, D. M.; NEAL, W. J.; YOUNG, R. S. & PILKEY, O. H. (1999). Utilization of geoindicators for rapid assessment of coastal-hazard risk and mitigation. Ocean & Coastal Management, v. 42, p. 647-670, 1999. CIDE. Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. 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