Um planeta mais inteligente

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Um planeta mais inteligente
Um sistema de saúde mais inteligente
Comentários por Samuel J. Palmisano, Chairman, Presidente e CEO da IBM
Reunião de Cúpula sobre Inovação Médica 2009, Cleveland
Clinic, em 6 de outubro de 2009
Bom dia. É um prazer e uma honra, para mim, estar aqui hoje com vocês.
E digo isso com humildade - enquanto observo uma sala cheia de uma extraordinária variedade de
expertise... e, depois, penso que vou falar sobre um assunto no qual não sou um expert. Felizmente,
minha empresa conta com muitas pessoas que são. A IBM está profundamente envolvida em seu mundo,
pelo menos em três níveis diferentes.
Primeiramente, desenvolvemos uma ampla variedade de soluções tecnológicas e comerciais no
segmento de saúde. Contamos em todo o mundo com mais de 4.000 funcionários dedicados ao segmento
de saúde, incluindo mais de 60 médicos e outros 350 profissionais da área, assim como uma rede de mais
de 1.800 Parceiros de Negócios especializados em fornecer soluções nesta área. Temos equipes de
pesquisadores em cada um de nossos oito laboratórios de pesquisa de ciência de saúde no mundo. A IBM
recebeu mais de 600 patentes em ciências e cuidado da saúde e equipamentos médicos.
Esses pesquisadores, médicos e profissionais experientes trabalham com empresas e agências
governamentais de todo o ecossistema do segmento de saúde – e muitos deles estão presentes nesta
conferência. O segmento de saúde representa um negócio de $4 bilhões para nós – uma de nossas
principais áreas de interesse como empresa.
Segundo, somos uma grande empregadora global. Por isso, dependemos dos sistemas de saúde de todo
o mundo. Só nos Estados Unidos da América, a IBM oferece cobertura para 450.000 funcionários,
aposentados e familiares, para os quais gastamos $ 1,3 bilhões em 2008. Para mim e para nossos
funcionários, a qualidade e a possibilidade de acesso aos serviços de saúde são uma preocupação
imediata.
E, em terceiro lugar, participamos ativamente em esforços nacionais, tanto em mercados desenvolvidos
quanto em emergentes, para estabelecer as bases de um sistema de saúde para o século XXI. Nos
Estados Unidos da América, estivemos trabalhando com o governo nacional, estadual e local sobre
maneiras de usar subsídios econômicos - incluindo o focalizado no sistema de saúde - não somente para
sair da recessão, mas para se preparar para o futuro.
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Por tudo isso, estamos ativamente interessados na direção e evolução segmento de saúde, aqui, nos
Estados Unidos da América, e globalmente. E temos um ponto de vista, baseado na que é uma das
competências centrais da IBM: o pensamento sistêmico.
É o motivo pelo qual eu estava tão ansioso de estar hoje aqui e falar com vocês. Porque, do meu ponto de
vista, a única questão mais crítica para o futuro da saúde neste país – e no mundo—é a necessidade de
um verdadeiro sistema de saúde. E enfatizo a palavra "sistema". Eu acredito que, agora, temos uma
melhor chance do que nunca antes para construí-lo.
"Estamos ativamente interessados na direção e evolução do segmento de
saúde, aqui, nos Estados Unidos da América, e globalmente.
E temos um ponto de vista, baseado na que é uma das competências
centrais da IBM: o pensamento sistêmico."
Para explicar o porquê, vamos falar sobre algumas mudanças emergentes em tecnologia e negócios que
estão ajudando para termos um mundo mais inteligente. Depois, vamos ver as implicações das mudanças
para dão segmento de saúde. E, finalmente, vou sugerir algumas coisas nas quais sua liderança é crítica.
Nosso planeta torna-se cada vez mais inteligente
A primeira década do século XXI, é justo dizê-lo, foi notavelmente movimentada—com certeza, disruptiva.
E houve um padrão para essa disrupção.
• Nos últimos anos, nossa atenção focalizou na mudança climática global...
• E nos assuntos ambientais e geopolíticos relativos à energia.
• Fomos cientes da vulnerabilidade das cadeias de suprimentos globais para alimentos e
medicamentos.
• Ingressamos no novo século com nosso sentido de segurança ameaçado pelos ataques de 9 de
setembro.
• E, com certeza, agora estamos imersos em uma crise financeira global.
Acredito que essa série de crises, embora pareça não ter relação, verdadeiramente tem só uma coisa em
comum: a realidade da integração global. Esses chamados de atenção fizeram com que lembrássemos
que, agora, estamos todos interconectados—econômica, técnica e socialmente.
Mas, também aprendemos que estar conectados não é suficiente. Sim! O mundo vira cada vez "mais
plano." Sim. Ele torna-se cada vez menor e mais interconectado. Mas, parece que isso não é suficiente
para prevenir falhas nos sistemas.
Afortunadamente, outras coisas também acontecem. Resumindo, nosso planeta está virando mais
inteligente.
E não é somente uma metáfora. A inteligência está sendo infundida na maneira em que o mundo
literalmente trabalha—os sistemas e processos que permitem fornecer serviços...desenvolver, fabricar,
comprar e vender coisas,
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tudo, de pessoas e dinheiro até petróleo, água e elétrons para movimentar... e para que bilhões de
pessoas trabalhem e vivam.
Primeiro, nosso mundo está virando instrumentado. Na atualidade, há quase um bilhão de transistores por
pessoa, cada um dos quais custa um milionésimo de centavo. Há 4 bilhões de usuários de telefones
celulares, e 30 bilhões de etiquetas de identificação de radiofreqüência em todo o mundo.
Por causa de sua cada vez maior sofisticação e baixo custo, esses chips, sensores e dispositivos
fornecem, pela primeira vez, instrumentação em tempo real de uma ampla variedade de sistemas do
mundo—sejam naturais ou fabricados pelo homem, comerciais e sociais. Segundo, nosso mundo está
virando interconectado. Prontamente, haverá 2 bilhões de pessoas na Internet. Mas, isso é só o começo.
Agora, os sistemas e os objetos também podem "falar" entre eles. Pensemos na possibilidade de ter um
trilhão de coisas interconectadas e instrumentadas—carros, dispositivos, câmaras, caminhos, ductos...
incluindo gado e produtos farmacêuticos. E pense, também, na quantidade de informações produzida pela
interação de tudo isso. Não terá precedente.
Terceiro, tudo está virando inteligente. Novos modelos de computação, como as "nuvens," podem encarar
a proliferação de dispositivos, sensores e atuadores para usuários finais, e conectá-los a potentes
sistemas de back-end.
Combinados com supercomputadores e lógica analítica avançada, esses modelos novos podem voltar
montes de dados em inteligência. E essa inteligência pode ser traduzida em ação, fazendo com que
nossos sistemas, processos e infraestruturas sejam mais eficientes, mais produtivas e responsivas.
Devido a essas mudanças em tecnologia, nosso mundo está virando mais inteligente. Isso pode ser visto
em como as empresas e instituições estão repensando seus sistemas e aplicando tecnologia de maneira
diferente. Por exemplo:
•
A ilha-nação de Malta está construindo a primeira rede nacional inteligente no mundo, que
também monitorará os sistemas de água do país.
•
Sistemas inteligentes de tráfico estão sendo construídos de Estocolmo até Brisbane e
Singapura—e há muitos mais planos em andamento.
•
O Centro contra Crimes em Tempo Real da cidade de Nova Iorque faz milhões de consultas
sobre informações para descobrir relações entre dados antes desconhecidos—o que originou 27
por cento menos de crimes durante 2001.
A relação continua—uma baía inteligente na Irlanda, rastreio inteligente de alimentos na Noruega,
telecomunicações inteligentes na Índia. E, em todo o mundo, os governos estão injetando estímulos
econômicos, a maioria deles para obter redes inteligentes, gestão de água, integração inteligente de
dados de trânsito e de sistemas de saúde, para melhorar os sistemas que permitem o funcionamento de
nosso mundo.
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O que temos na atualidade não é um sistema de saúde
E como é que essas mudanças podem ser aplicadas ao segmento de saúde? Bom, quando falamos de um
sistema de saúde, acho que todos sabemos que é necessário colocar a palavra "sistemas" entre aspas. O
que temos na atualidade não é um sistema. É uma coleção de indústrias relacionadas—algumas delas
grandes; outras, pequenas, operando muito próximas entre si.
Não acreditem no que eu digo. Na semana passada, o fórum sobre "Cidades inteligentes" foi celebrado
pela IBM na cidade de Nova Iorque, e um dos oradores foi Dr. Denis Cortese, presidente da Mayo Clinic.
Acho que ele surpreendeu algumas pessoas quando disse que o sistema de saúde dos Estados Unidos da
América não estava "quebrado."
Por quê? Porque isso significaria que existe verdadeiramente um sistema para consertado. Ele disse que
não existe um—não temos esse sistema na atualidade. E foi eloqüente na necessidade de construir um.
Bom, na IBM, sabemos sobre sistemas. Em quase um século de trabalho com empresas e governos em
todo o mundo, temos desenhado, construído e, até certo ponto, gerenciado sistemas—de Seguridade
Social até modernos sistemas bancários eletrônicos, para reservas de linhas aéreas, inclusive sistemas
de varejo. Trabalhamos com sistemas de transporte, de alimentos, telecomunicações e outros. Sabemos
o que é necessário para o bom funcionamento de um sistema.
Aos fins desta dissertação, vou focalizar no que acreditamos ser as quatro qualidades essenciais de
qualquer sistema para ser confiável e resiliente.
• Primeiro, o objetivo ou propósito do sistema deve ser claro—uma visão de seu resultado final.
• Segundo, seus elementos devem estar verdadeiramente conectados—o que também significa que as
interfaces são importantes.
• Terceiro, devemos ter a possibilidade de conhecer, de maneira continuada e confiável, o estado do
sistema e de seus componentes críticos.
• Finalmente, o sistema deve ser adaptável às cambiantes condições.
Comparado com essas quatro características, cada sistema que funcione bem parece
surpreendentemente semelhante. Mas não o sistema de saúde.
Na teoria, todos acordamos no objetivo do sistema. Há amplo consenso—construído, em muitos sentidos,
pelo exemplo de instituições como a Cleveland Clinic—de que o serviço de saúde nos Estados Unidos da
América deve estar centralizado no paciente. Sim, a saúde do paciente deve ser a principal consideração.
"Não estou falando somente de dígitos movimentando-se por cabos e
através do ar. Estou falando de processos e protocolos que fazem parte
do trabalho de qualquer sistema.
O segmento de saúde nos Estados Unidos da América não aprova esse
teste chave de um sistema que funciona bem."
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Para estarmos seguros, também deve estar focalizado nos valores, baseado na evidencia, ser
responsável e sustentável. Mas, o mais importante de tudo é o ponto de design inicial. Como Dr. Cortese
disse na semana passada, a razão pela qual otimizamos um sistema—a maneira de visualizar seu estado
final—vai determinar, em última instância, o que o sistema vai fornecer.
Há também um amplo reconhecimento de que os componentes da medicina e da saúde nos Estados
Unidos da América—testando capacidades, hospitais, universidades, resposta à emergência, produtos
farmacêuticos, etc.—são, tipicamente, de alta qualidade, muitos deles ao nível mundial, e muitos são
líderes em inovação tecnológica. Eles não são o problema.
O problema é que não existe verdadeira conectividade entre esses elementos. Isso é tão básico que,
simplesmente, o pressupomos em outras áreas da vida. No sistema bancário, assumimos que podemos
transferir fundos e fazer pagamentos entre instituições. No sistema de linhas aéreas, consideramos certo
que as reservas estejam conectadas com boletos de passagem, pagamentos e programas de fidelidade.
Todos esses sistemas têm padrões e interfaces que permitem o fluxo de informações e dados.
"E não estou falando somente de dígitos movimentando-se por cabos e através do ar. Estou falando de
processos e protocolos que fazem parte do trabalho de qualquer sistema. O segmento de saúde nos
Estados Unidos da América não aprova esse teste chave de um sistema que funciona bem."
Segundo, muitos dos componentes e subsistemas do segmento de saúde não estão instrumentados, e é
impossível conhecer, de maneira confiável, qual seu estado atual. Na verdade, a maioria dos integrantes
do sistema—especialmente, os pacientes—devem registrar novamente sua situação cada vez que
interagem com o sistema.
Vocês conhecem as estatísticas. Nas práticas médicas, o médicos passam uma média de três semanas
por ano em tarefas administrativas relativas a seguros. Para as enfermeiras de prática médica, são 23
semanas por médico por ano. De dez hospitais americanos, menos de um tem implementado algum tipo
de sistema eletrônico para registro de pacientes. E mais de 20 por cento dos testes de laboratório são
repetidos sem necessidade, pois os registros médicos dos pacientes não estão disponíveis no local de
atenção.
Isso não é somente uma enorme perda de tempo e dinheiro. Também significa inconsistências na
qualidade e multíplices oportunidades de erro. Isso é terrível para os pacientes, como você e como eu—e,
do ponto de vista da gestão de sistemas, é uma enorme barreira para nossa capacidade de conhecer o
estado do sistema ou de seus componentes.
Se o sistema de saúde fosse um paciente, e nós fossemos seus médicos, não poderíamos ler seus sinais
vitais.
Não deve necessariamente ser assim. Contamos com a tecnologia para solucioná-lo. A Cleveland Clinic,
por exemplo, tem sido pioneira no uso de registros eletrônicos de pacientes desde 2002, reduzindo erros,
baixando custos e focalizando mais no paciente.
E os mais de 1000 hospitais e clínicas do Departamento de Assuntos de Veteranos (Department of
Veterans Affairs-VA), como um dos mais avançados sistemas de registro eletrônico nos Estados Unidos
da América, foram qualificados como os melhores
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de seu tipo por grupos independentes em relação a uma variedade de medidas—de cuidados crônicos até
o tratamento de doenças cardíacas, até a porcentagem de membros que recebem vacinas contra a gripe.
Enquanto os estudos demonstram que 3 a 8 por cento das prescrições médicas ao nível nacional são
preenchidas com erros, a taxa de precisão do VA é maior de 99,997 por cento. E, mesmo assim, o VA
gasta uma média anual de $5.000 por paciente, v. a média anual nacional de $6.300.
E, com referência à quarta característica de um sistema em boas condições de
funcionamento—capacidade de se adaptar—perguntemo-nos: É nosso atual sistema de saúde nos
Estados Unidos da América—incluindo fornecedores, hospitais, seguradoras, produtos farmacêuticos,
funcionários, comunidades e governo—é esse ecossistema pronto para o que o futuro vai demandar?
Pois, seja que houver 260 milhões de americanos no sistema de saúde—ou 307 milhões—a demanda vai
continuar crescendo. Especialmente, quando a enorme população do Baby Boom chegar à terceira
idade—quando sabemos que o uso do sistema de saúde se incrementa exponencialmente.
Necessitaremos mais capacidade—especialmente, por causa da enorme complexidade e volume de
dados em medicina e cuidado da saúde.
Portanto, se acordamos na necessidade, e na falta, de um verdadeiro sistema de saúde, como o
conseguimos? Como começamos, e por quê? E, quem vai fazê-lo?
Bom, como uma dica, pensemos em um dos sistemas que funciona bem e que usamos no dia a dia—o
varejo. Assumimos que as prateleiras são estocadas e os inventários gerenciados sem interrupção, que
as cadeias de suprimentos globais estão operando sem interrupções e que a eficiência é melhorada
continuamente. Isso foi feito pela Wal-mart... A Wal-mart.
E, o que possibilitou o moderno sistema de varejo global que permitiu que a Wal-mart o conseguisse? De
muitas maneiras, começou com a invenção do simples Código de Barras ou UPC (Universal Product
Code).
Originalmente desenvolvido para ajudar os supermercados a acelerar o processo de checkout, o UPC foi
usado em vivo, pela primeira vez, em Ohio—em uma loja dos Supermercados Marsh em Troy, em 26 de
junho de 1974, quando um caixa escaneou um pacote de chicletes Wrigley.
Mas, substituir o ingresso manual do preço pelo UPC fez muito mais do que melhorar a velocidade de
checkout. Apresentou uma melhor gestão de inventário, simplificou devoluções e descontos assim como
cadeias de suprimentos globais. E isso foi a base para outros avanços em instrumentação. Por exemplo,
estamos trabalhando com o maior fornecedor de carne da Noruega que usa etiquetas RFID para rastrear
a temperatura e a condição de cortes individuais de carne, da fazenda até a mesa.
Esse mesmo padrão é observado na maioria das maneiras de nosso mundo funcionar—de transporte até
alimentos, telecomunicações, mídia e redes elétricas. Também o vemos na própria Internet. A vasta rede
global atual foi possível graças a protocolos arcaicos, como TCP/IP, que foram desenvolvidos para
permitir o trabalho em rede entre usuários militares e pesquisadores, no Departamento de Defesa.
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Em todas essas instâncias, foram introduzidos padrões básicos e blocos de construção —e, depois, o
progresso e a transformação da indústria, antes incrementais, tornaram-se exponenciais.
Há alguma outra coisa que poderia ter o mesmo tipo de efeito catalisador sobre a saúde que o código UPC
ou TCP/IP?
Bom, um forte candidato é o muito desejado registro de saúde eletrônico. A língua franca da saúde e da
informação médica poderia ajudar a iluminar o que algumas pessoas chamam "Internet para a Saúde"—o
que poderia ser o começo de um verdadeiro sistema de saúde.
Certamente, isso seria somente o começo. A conectividade é necessária—mas, como temos apreendido
penosamente na última década, não é suficiente.
Também, precisamos da capacidade de injetar inteligência e análise na rede e no monte de coisas,
processos e sistemas de gestão que ela conecta. Mas, como temos visto em outros segmentos, grandes
árvores podem crescer a partir de aparentemente pequenos frutos.
Hoje, desconhecemos todas as dimensões desse sistema—como os varejistas, em 1974, não puderam
visionar o controle de inventário global, just in time (JIT)... ou como os criadores do ARPANET do
Departamento de Defesa não previram eBay. Mas as experiências sugerem que a vantagem para o
segmento da saúde é enorme.
Claramente, um sistema de saúde mais inteligente, otimizado ao redor do paciente, incrementaria a
eficiência, reduziria erros, melhoraria a qualidade dos resultados e salvaria vidas.
Poderia incluir melhores práticas e conhecimento médico—assim como monitoração do paciente em
tempo real—em fluxos de trabalho clínicos e empresariais, para fornecer cuidados livres de erros. E só
isso é suficiente justificação para o investimento.
•
Mas, isso também permitiria aplicar a lógica analítica para examinar os históricos clínicos dos
pacientes com o objetivo de ter uma nova visão do tratamento de uma doença?
•
Poderia acelerar o descobrimento de novas drogas e terapias?
•
Poderia rastrear e informar doenças infecciosas para predizer populações de alto risco,
permitindo nossa rápida intervenção e manter as pessoas em boas condições?
•
Olhando mais para frente, poderia um sistema de saúde mais inteligente ajudar a aplicar os
descobrimentos de genômica e proteômica, para uma medicina mais personalizada?
Simplesmente, idealista? Hoje, mais cedo, o IBM Research anunciou que tem desenvolvido a capacidade
de criar um dispositivo em nanoescala que pode agir como um "leitor de código de barra" para uma fita
individual de ADN. O objetivo para esse tipo de tecnologia é disponibilizar a maquiagem genética
personalizada para cada pessoa por menos de $1.000. Lembrem que a primeira seqüência feita pelo
Projeto Genoma Humano custou $3 bilhões.
Na atualidade, tudo isso, e mais, é possível, ou vai sê-lo em breve. O progresso da tecnologia avança
rapidamente. A pergunta é: Vamos ter um sistema de saúde capaz de
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alavancar isso? E, muito importante também, teremos sistemas de políticas que garantam apropriada
proteção ética, da privacidade e da segurança?
Para consegui-lo, acredito que todos nesta sala, e nossos colegas no ecossistema de saúde, devemos
adotar uma posição de liderança. E essa é a boa notícia: Não temos que esperar isso do governo — nem
de outras pessoas.
Lembremos que nenhum dos vastos sistemas globais que, hoje, temos por certos—o que faz com que
nosso mundo funcione—foi o resultado de uma ordem governamental. Todos começaram devido a que
alguma empresa, instituição, organização ou pessoa tomou a iniciativa. Não por motivos filantrópicos, mas
para obter lucros reais a partir do investimento (ROI).
Alguém vai voltar o segmento de saúde para um sistema verdadeiro, desenhado levando em conta a
saúde do paciente. Alguém vai colocar os blocos chave de construção em seu lugar. Mais importante,
alguém vai determinar padrões, conseguir conectividade através dos segmentos—e transformar os
compartimentos estanques. Alguém vai liberar—e escalar—a especialização e a criatividade dos
profissionais em saúde. E alguém vai construir a capacidade de identificar os padrões chave em todas
essas informações e conhecimento.
Esse alguém vai trazer um progresso incrível para a medicina e a saúde da população de todos os Estados
Unidos da América e do mundo. Esse alguém também vai trazer incrível crescimento econômico e lucro.
Sugiro que esse alguém sejam vocês.
Quatro áreas chave para o segmento de saúde
Por isso, tanto como um empregador com crescentes lucros no segmento de saúde—e como uma
empresa com uma estratégia comercial que visa conseguir que o mundo funcione melhor e de maneira
mais inteligente—permitam que acabe minha apresentação pedindo a ajuda de vocês em quatro áreas
chave.
Primeiramente, os padrões: Devemos estabelecer padrões de dados acordados para o conteúdo da
saúde. Esse é um assunto postergado há muito tempo, mas confio que será resolvido em breve.
No entanto, enquanto o resolvemos, é essencial que esses padrões sejam abertos. Essa é a única
maneira de interconectar processos e dados através de todo o sistema. Vocês devem ter uma voz ativa
nesse assunto.
Em segundo lugar, o bem-estar: Um modelo centralizado no paciente requer nossas melhores iniciativas
de prevenção e cuidado primário. Deve haver algum componente do sistema que leve em conta o
bem-estar total do indivíduo—e não que simplesmente reaja a sintomas graves e ofereça procedimentos
isolados.
Cada uma das empresas pode cumprir sua função. Por exemplo, a IBM acaba de anunciar 100 por cento
de cobertura para as visitas médicas rotineiras de nossos empregados nos Estados Unidos da América, e
vamos expandir
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nossos reembolsos para casos de boa saúde. Mas, repito, isso deve ser abordado não de maneira
individual, mas sistemática.
Terceiro, mudar para um verdadeiro sistema de saúde permitirá—e requererá—muita mais colaboração.
Não falo somente da idéia conhecida de "cooperação do setor público versus setor privado." Precisamos
de verdadeira colaboração.
Um mundo diverso, com multíplices atores requer que todas as partes trabalhem verdadeiramente juntas,
ombro a ombro, todos os dias, no local de assistência. Ai é onde o sistema deveria ser otimizado—e, fazer
isso, será transformador.
Mas, isso também vai requerer um mudança—muito mais compartilhamento de benefícios e
responsabilidades—entre o paciente, o médico e o hospital.
Finalmente, políticas e ética: De novos modelos de tecnologia... até a cambiante forma da empresa... até a
diferente função do indivíduo na vida moderna... estamos ingressando a um mundo muito diferente. Juntos,
devemos acordar pautas claras sobre como operar e gerenciar nossas organizações e nossa indústria, do
ponto de vista ético e social.
Como profissionais médicos, vocês conhecem quão estimulante é abraçar a tecnologia para melhorar o
cuidado do paciente. Mas, a idéia de um chip de computador inserido no corpo, tomar pílulas que
monitoram a saúde, compartilhar dados com empresas seguradoras e empregadoras—nem todos vão
gostar disso. Se não criamos, juntos, um novo quadro de políticas, as pessoas podem pedir que "não
avancemos". E deveriam fazê-lo.
A condição prévia para a mudança real
Permitam-me concluir com uma dose de otimismo.
Hoje, é um momento único. A condição prévia chave para a verdadeira
mudança existe neste momento: As pessoas a desejam. E estão ávidas de
liderança. Esse momento não acontece frequentemente, e não vai durar para
sempre.
Por isso, perguntem-se: Em retrospectiva, quando as circunstâncias que demandam uma mudança já não
estão, quando tudo retornou a seu estado "normal"—não desejamos, sempre, ter sido mais ousados?
Mais ambiciosos? Ter agido mais rápido... ter ido mais longe?
Estou convencido de que podemos construir um verdadeiro sistema de saúde—um sistema
verdadeiramente útil para os pacientes e que, por isso, consiga tanto progresso social quanto crescimento
econômico. Os sistemas mais inteligentes não são um grande ideal do futuro. Os exemplos mencionados
são reais e, ainda mais, estão sendo implantados.
06 de outubro 2009 9
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Na semana passada, a conferência "Cidades Mais Inteligentes" —onde tivemos mais de 600 líderes, da
Administração Obama, de governos estaduais e de 165 cidades—reforçou amplamente meu otimismo. Foi
uma discussão vibrante, e fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que estavam ansiosas por
agir—por construir redes mas inteligentes, sistemas de segurança pública, transporte, escolas—ainda
esgotos mais inteligentes. Eles me lembraram também que construir um planeta mais inteligente é um
objetivo realista, precisamente pelo fato de ser tão estimulantemente não ideológico.
Sim. Os fortes debates continuarão sobre muitos assuntos controversos em nossa sociedade—de energia
até segurança, mudança climática, economia. E, sim, com certeza vamos continuar deliberando, mais por
algum tempo, sobre como o acesso aos serviços de saúde deveria ser pago e fornecido—por empresas
privadas? Pelo governo? Ou por alguma combinação entre eles?
Há perspectivas sérias e valiosas em todos os aspetos dessas controvérsias. Mas, sem importar o ponto
de vista que compartilhemos—ou qual vai prevalecer— o sistema resultante deverá ser mais
inteligente—mais transparente, mais eficiente, mais acessível, mais equitativo, mais resiliente, mais
inovador.
E isso é um motivo final para ter esperança: Fazer nosso planeta mais inteligente é um desejo de todos.
Por muitas razões, a ação mais ousada e a ação mais pragmática são, agora, uma.
E nós podemos fazê-lo—se o fazemos todos juntos.
Para concluir, é por isso que eu estava tão ansioso de estar aqui hoje, para falar com vocês neste
momento tão importante.
Depois de ter falado com líderes mundiais, eu acredito, cada vez mais, que nosso diálogo deve se tornar
mais amplo. Sim. Todos temos responsabilidades para os clientes, sócios, pacientes. O Juramento de
Hipócrates é um emblema resplandecente dessa responsabilidade pessoal. Mas, no mundo atual, cumprir
essas responsabilidades também exige cumprir nossas responsabilidades com todo o sistema.
E para fazê-lo, precisaremos convocar juntos os líderes de cada área da sociedade—de muitas
indústrias—de ONGs, governo e o público em geral. Devemos juntar-nos como nunca antes.
Espero que compartilhem meu entusiasmo sobre a oportunidade que temos em frente, e que se unam
nesta viagem emocionante.
O mundo que nos convoca hoje é um mundo cheio de promessas. Acredito que é um mundo que podemos
construir—se abrirmos nossas mentes e pudermos pensar no que poderia ser um planeta mais inteligente.
Obrigado.
IBM Corporation
New Orchard Road, Armonk, New York 10504, USA
Instrumentado. Interconectado. Inteligente.
06 de outubro 2009 10
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