universidade do vale do itajaí

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
LUCIANI FIGUEREDO PADILHA
MARIANA FURTADO
A INTERAÇÃO ENFERMEIRO/CLIENTE NA CONSULTA PRÉNATAL: UMA PROPOSTA PARA ADESÃO A PROFILAXIA ANTIRETROVIRAL DAS GESTANTES HIV POSITIVAS
BIGUAÇU (SC), dezembro de 2006.
2
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
LUCIANI FIGUEREDO PADILHA
MARIANA FURTADO
A INTERAÇÃO PROFISSIONAL/CLIENTE NA CONSULTA PRÉ-NATAL:
UMA PROPOSTA PARA ADESÃO A PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL
DAS GESTANTES HIV POSITIVAS
Monografia apresentada como requisito parcial para
obtenção de título de Bacharel em Enfermagem pela
Universidade do Vale do Itajaí – Centro de Educação
Superior e Ciências da Saúde de Biguaçu.
Professora orientadora: Enfº Msc. Haimée Emerich
Lentz Martins.
BIGUAÇU (SC), dezembro de 2006.
3
LUCIANI FIGUEREDO PADILHA
MARIANA FURTADO
A INTERAÇÃO ENFERMEIRO/CLIENTE NA CONSULTA PRÉ-NATAL: UMA
PROPOSTA PARA ADESÃO A PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL DAS GESTANTES
HIV POSITIVAS.
Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem e aprovada pelo curso de Enfermagem da universidade do vale do Itajaí, Centro de
Educação Superior de Biguaçu.
BIGUAÇU, 27 de novembro de 2006.
Enfª Profª Msc. Haimée Emerich Lentz Martins
UNIVALI – CE BIGUAÇU
Orientadora
Enfª Profª Esp. Janelice de Azevedo Neves Bastiani
UNIVALI – CE BIGUAÇU
Membro
Enfº Esp. Obstetrícia Maria da Graça Chraim dos Anjos
GERÊNCIA ESTADUAL DE VIGILÂNCIA DAS DST/HIV/AIDS – DIRETORIA DE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – SES
Membro
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida...
A nossa orientadora que nos estimulou e incentivou sempre feliz e prestativa...
A todas as gestantes que participaram desta pesquisa...
A Amália pela grande amizade e ajuda...
A Gladis pelo apoio, estímulo que nos deu em todos os momentos deste trabalho...
A professora e amiga Ledronete que em vários momentos bons e ruins sempre em nossas
conversas nos ajudou...
Aos nossos colegas de graduação pelas diferenças compartilhadas, principalmente ao nosso
grupo de Estágio...
A Gerência de Vigilância das DST/HIV/Aids pelos materiais utilizados na elaboração desta
pesquisa e por oportunizar os dados epidemiológicos, enriquecendo a fundamentação deste
trabalho...
Ao Centro de Estudos do LACEN pelos materiais disponibilizados.
Ao Paulo pela dedicação, e principalmente por estar sempre prestativo, acreditando na
concretização desta pesquisa...
Mariana
A minha mãe que esteve ao meu lado, a qual fez tudo valer a pena...
A minha vó Icelda, que esteve presente em todos os momentos...
A todos meus familiares, que de uma maneira ou de outra, me estimularam e incentivaram
nesta caminhada...
A Luciani minha amiga, que sempre esteve presente, me ensinando o valor de uma grande
amizade...
Aos colegas de trabalhos que foram pacientes e entenderam minhas horas de ausência...
A Ira pela amizade, conhecimentos transmitidos, apoio, compreensão e amizade...
Ao meu tio (in memorian), me ensinou a dar valor nas coisas simples da vida...
5
As minhas amigas e companheiras, que mesmo distante, depositaram confiança e me
estimularam a conquistar esta etapa...
Luciani
Aos meus pais pela dedicação e amor com que participaram dos meus passos, e pela
compreensão de minhas ausências. Amo vocês...
A minha irmã Daiani pela força, ajuda e compreensão pela minha falta de tempo Obrigada.
Amo você...
Aos meus familiares...
A minha prima Inara pela força e amizade...
A minha amiga Ana Flávia que mesmo distante se fez muito presente em todos os momentos...
A minha amiga Sabrina pelo incentivo e amizade...
As minhas amigas Julia e Mônica que sempre me ajudaram e principalmente pela amizade
verdadeira...
A Mariana pela amizade que construímos no decorrer destes anos e que tenho certeza que será
para sempre, pois é verdadeira...
Aos funcionários Rogério, Lucas, Ney, Ceni, Naura, Elaine, Lúcia e Vanessa da Gerência de
Imunização e Imunopreveníveis do Estado...
A Leonor pela amizade, conhecimentos transmitidos, apoio, compreensão e amizade.
Obrigada...
Aos funcionários Telmo, Patrícia e Dilma do Centro de Referência de Imunobiológicos
Especiais - CRIE pela força e amizade...
A Terezinha minha companheira de trabalho pela grande amizade que construímos...
A minha amiga Penélope pela ajuda e amizade em todos os momentos, e pela compreensão de
minhas ausências no serviço para realizar este trabalho...
6
RESUMO
A Aids é uma doença infecciosa crônica que acomete o sistema de defesa do organismo, porém é
potencialmente controlável com o surgimento de medicamentos eficazes para seu tratamento,
conseqüentemente qualidade de vida, porém não a cura. O perfil epidemiológico apresentado pela
Aids marcou um crescimento de casos de Aids no sexo feminino, sendo a heterossexual sua
principal forma de contágio. A feminização e heterossexualização da Aids trouxeram consigo
aumento de casos de Aids em mulheres, sendo a faixa etária mais atingida entre 15 a 49 anos,
idade reprodutiva da mulher, conseqüentemente houve o aumento de casos em recém-nascido
pela transmissão vertical do HIV. A partir de 1994 através do Protocolo ACTG Clinical Group
que se comprovou a eficiência de medicamentos que reduzem 65% da transmissão do HIV por
transmissão vertical. São muitas as estratégias que estão sendo realizadas para que seja
estimulada a adesão à profilaxia anti-retroviral às gestantes HIV positivas. Este é o tema desta
pesquisa que tem como objetivo: identificar a interação enfermeiro/cliente na consulta de prénatal para estimular a adesão à profilaxia através da coleta das percepções das gestantes frente a o
atendimento de Enfermagem e dados sócio-econômicos e gestacionais. A pesquisa realizou-se no
Serviço de Assistência Especializada - SAE da unidade de Saúde Bela Vista – São José, com 5
gestantes soropositivas acompanhadas no programa DST/HIV/Aids, no período de 25 de julho a
25 de agosto de 2006, através da realização de Consulta de pré-natal e entrevista com aplicação
de um roteiro semi-estruturado. Usamos como marco conceitual desta pesquisa, a teoria de
relações interpessoais descrita pela Enfermeira psiquiátrica Joyce Travelbee (1979). Para
análise destas percepções optou-se pela abordagem metodológica qualitativa, especificamente o
método etnográfico, com enfoque cognitivo interpretativo. Os resultados mostraram que a
interação Enfermeiro/cliente na consulta de pré-natal é fundamental para construir um vínculo de
confiança com as gestantes, e a comunicação é a principal forma de estabelecer esta relação,
assim as gestantes sintam-se percebidas e estimuladas pelo serviço de saúde para aderir profilaxia
anti-retroviral. Observamos também que o perfil das gestantes atendidas influencia na construção
das intervenções prestadas individualmente, já que algumas variáveis sócios-econômicas e
gestacionais podem interferir na adesão ao tratamento e profilaxia. Acreditamos que esta pesquisa
contribui principalmente para ação dos profissionais de Enfermagem na assistência as gestantes
soropositivas.
Palavras-chaves: Aids, Enfermagem, gestantes, consulta de pré-natal, adesão, profilaxia antiretroviral.
7
ABSTRACT
The Aids is a chronic infections disease which attacks de defense system of the human body,
however is potentially controllable with the coming up of effective drugs in its treatment,
resulting in quality of life, however not a cure. The Aids’ epidemic profile has shown a growth in
women affected, as mean caused by heterosexual contamination. The feminism and
heterosexualism becoming of Aids brought with it a raise in Aids cases in women, in a range of
age from 10 to 49 years, women’s reproducing ages, resulting in a raise of the just-born
contaminated in vertical transmition of the HIV. Since 1994, by the ACTG Clinical Group
Protocol, it has been proved that the effeteness of drugs reduce 67,5% of contamination in
vertical transmitions. Many have been the strategies used to stimulate the use of prophylaxis antiretrovirus in pregnant women with HIV positive. So that is the system of this research with has as
purpose: identify the interaction nurse/client in the prep-natal meeting in order to stimulate the
use of anti-retrovirus prophylaxis in the gathering of perceptions of the pregnant in the nurse
assistance and social economic and pregnancy data collection. The research was realized in the
SAE - Serviço de Assistência Especializada at the unity of heath from Bela Vista – São José, with
5 contaminated pregnant women in the DST/HIV/AIDS program, in the period within 25 of July
to 25 of March of 2006, by realizing the prep-natal meeting and interviewing with the use of an
application script half-frame. It was used, as main conceptual base, the masterpiece relações
interpessoais, written by psychiatrist Joyce Travelbee (1979). For the analysis of this
perceptions it was chosen a qualitative method, specifically, with elucidative cognitive focus. The
results showed that the interaction nurse/client in the prep-natal meeting is essential to build a
bond of trust with the pregnant, and the communicating is the main key to establish this relation,
where the pregnant women feel taken care and stimulated by the health services adopting the
anti-retrovirus prophylaxis. It was also observed that the profile of pregnant attended has great
influence in the construction of the individual bonds, mainly because some social-economic e
pregnancy variables may interfere in the adopting of the treatment and prophylaxis. We believe
this research has added a lot in the area regarding the quality of action in professionals of Nursing
Assistance for HIV positive pregnant women.
Key-words: Aids, Nursing, pregnant women, prep-natal meeting, adoption, prophylaxis
anti-retrovirus.
8
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA.................................................................................................................10
2
OBJETIVOS......................................................................................................................................................15
2.1 OBJETIVO GERAL ...............................................................................................................................................15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................................................15
3
REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................................16
3.1 MULHER E AS POLÍTICAS DE SAÚDE .....................................................................................................................16
3.2 GESTAÇÃO E O HIV/AIDS......................................................................................................................................18
3.3 RELAÇÃO PESSOA A PESSOA NA ENFERMAGEM E A CONSULTA PRÉ-NATAL .........................................................21
3.4 HIV: PROFILAXIA E TRATAMENTO .......................................................................................................................26
4
MARCO CONCEITUAL E CONCEITOS RELEVANTES.........................................................................31
4.1 CONCEITOS RELEVANTES ...................................................................................................................................31
4.2 MARCO CONCEITUAL .........................................................................................................................................33
5
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................................................35
5.1 PASSOS METODOLÓGICOS ...................................................................................................................................36
5.2 ESPAÇO DE PESQUISA ..........................................................................................................................................36
5.3 SUJEITO DA PESQUISA .........................................................................................................................................38
5.4 ÉTICA E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA ....................................................................................................................39
5.5 COLETA, ABORDAGEM E REGISTRO DE DADOS .....................................................................................................40
5.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................................................................................42
5.7 PROCESSO DE ANÁLISE ........................................................................................................................................43
6
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................................................................44
7
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..........................................................................................48
7.1 PERFIL DAS GESTANTES PESQUISADAS ................................................................................................................48
7.1.1
Perfil sócio-econômico .........................................................................................................................48
7.1.2
Perfil obstétrico ....................................................................................................................................51
7.2 CONHECIMENTO DA SOROLOGIA E A PERCEPÇÃO DAS GESTANTES À PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL ..................52
7.3 PERCEPÇÃO DAS GESTANTES FRENTE À ATENÇÃO AO HIV/AIDS NOS SERVIÇOS E OS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS
.................................................................................................................................................................................55
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................59
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................................................62
9
APÊNDICE .................................................................................................................................................................69
ANEXOS .....................................................................................................................................................................75
10
1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
O Vírus da Imunodeficiência Humaa (HIV) é um lentivirús pertecente a família dos
retrovirús (RNA) e apresenta atração seletiva pelo linfócito T humano, levando a alterações do
sistema imunológico, defeitos na imunidade celular em conseqüência da redução do número de
células T. É este vírus o causador da doença Aids (TURGEON, 1996).
A Aids é uma doença infecto-contagiosa crônica, que acomete as células de defesa do
organismo, afetando principalmente o sistema imunológico, as células T, causando diminuição da
defesa, deixando-o assim susceptíveis a doenças, estas chamadas de oportunistas (AMATO
NETO, 1989).
A evolução da doença geralmente é lenta, podendo levar dez ou mais anos entre a
contaminação e o momento que a pessoa desenvolve a doença. Nesse intervalo, ela é conhecida
como “soropositiva”.
A identificação, em 1981 da síndrome do HIV/Aids, tornou-se um marco na história da
humanidade. Ela destaca-se entre as enfermidades infecciosas emergentes pela grande magnitude
e extensão dos danos causados às populações e, desde a sua origem, cada uma de suas
características e repercussões tem sido exaustivamente discutida pela comunidade científica e
pela sociedade em geral.
Como resultado de profundas desigualdades da sociedade brasileira, a propagação da
infecção pelo HIV revela epidemia de múltiplas dimensões que vem sofrendo transformações
significativas em seu perfil epidemiológico.
Até a década de 80 atingia prioritariamente homens com prática sexual homossexual e
indivíduos hemofílicos, desta data em diante, o quadro transformou-se gradativamente pelos
processos de heterossexualização, feminização, interiorização e pauperização (SECRETARIA
DO ESTADO DA SAÚDE, 2004).
A freqüência de casos de Aids entre as mulheres cresceu consideravelmente quando a
transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão. A razão de sexo entre
indivíduos com Aids passou de 28 homens para 1 mulher em 1985 e de 2 homens para 1 mulher
em 2000 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
11
Estima-se que o número total de indivíduos vivendo com HIV/Aids atingiu seu maior
número, sendo registrado atualmente no total de 40,3 milhões de portadores, um aumento
significativo referente ao ano de 2003 que eram de 37,5 milhões (MILHOMENN, 2005).
Desde o início da epidemia, em 1980 até junho de 2000 foram notificados à Coordenação
Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, 190.949 casos de Aids.
No Brasil os primeiros casos confirmados foram em meados de 1982, no município de São
Paulo, sendo em 1983 notificado no mesmo estado o primeiro caso de HIV no sexo feminino
(PROGRAMA NACIONAL DST/HIV/Aids, 2005). No estado de Santa Catarina, o primeiro
caso confirmado no sexo masculino foi em 1984, no município de Chapecó, sendo o primeiro
caso no sexo feminino em meados de 1987 e em criança (menor de 13 anos de idade) em 1988
(BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2004).
Estes dados acima fazem-nos compreender que a Aids é uma doença jovem, com impacto
avassalador, pois observamos uma epidemia alarmante que aumenta a cada dia, mas que possui
estratégias de prevenção que dependem da consciência humana, envolve comportamentos,
cultura, religiões, tornando-as mais complexas na sua implementação.
De acordo com a Coordenação Estadual das DST/HIV/Aids de Santa Catarina, no ano de
2004, as mulheres estão se igualando aos homens em termos de contaminação, sendo registrados
dados de 13.937 (100%) casos notificados de Aids, onde 9.179 (65,9%) casos foram no sexo
masculino e 4.758 (34,1%) no sexo feminino, isto se justifica pela feminização da Aids,
mostrando assim, uma queda nos índices de casos no sexo masculino, passando de 4,8 homens
para uma mulher em 1984 e 1,5 homem para cada mulher em 2002 (SECRETARIA DO
ESTADO DA SAÚDE, 2004).
A feminização da Aids é um reflexo do comportamento social e sexual da população
associado ao aspecto de vulnerabilidade 1 e gênero 2 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
1
É a qualidade ou estado de vulnerável, desamparado. É a condição e, que o indivíduo se apresenta a certos fatores
de risco, ponto pelo qual tem mais chance de ser atacado (FERREIRA, 1999).
12
As mulheres hoje, principalmente em idade fértil, têm sido alvos da contaminação pelo
vírus HIV.
Segundo GIR, 1997 a transmissão do homem para mulher ocorre mais efetivamente, tanto
devido às desvantagens biológicas (como por exemplo, a maior extensão da mucosa vaginal);
como pelo fato do vírus apresentar em quantidade muito maior no líquido seminal, quando
comparado ao fluído vaginal.
Sendo as mulheres mais susceptíveis às doenças sexualmente transmissíveis que os homens,
a incidência da transmissão vertical do vírus HIV é preocupante e requer atenção especial,
principalmente na gestação, por implicar também no bem estar do feto.
Na gestação a mulher possui medos, ansiedades, angústias que algo possa dar errado com
ela e principalmente com seu bebê. Toda a gestação pode ser aceita ou rejeitada (GARCIA,
2005).
A maioria das mulheres descobre ser soropositiva na gestação, causando um grande
impacto emocional. As repercussões na vida do casal/família, como reprovação e recriminação
do meio social, sentimento de culpa devido ao diagnóstico são alguns sentimentos que as levam a
uma condenação, como o risco e o temor de transmitir o vírus para o seu filho durante 18 meses.
E o desconhecimento sobre a prevenção, o tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos
sobre o feto e o bebê podem ter dificuldades em relação às múltiplas informações (GARCIA,
2005).
Os serviços de saúde ainda necessitam se reestruturar, pois o que observamos nos dias de
hoje, são atendimentos que se desvinculam das ações humanizadas, do cuidado integral do ser
humano, pois são observadas estruturas deficientes nos serviços, centralizados somente nos
cuidados biológicos, esquecendo dos cuidados psicossociais.
1
Classe, cuja, extensão se divide em outras classes. Qualquer agrupamento de indivíduos, objetos, fatos, idéias, que
tenham caracteres em comum, espécies (FERREIRA, 1999)
13
Destacamos neste sentindo, a inexistência de um trabalho de prevenção da transmissão
vertical, destacando a importância da profilaxia em relação à redução da transmissão e o
acompanhamento da gestante no atendimento do pré-natal.
É notório o baixo número de
profissionais que ofertam a testagem anti-HIV e o despreparo do aconselhamento frente ao
resultado positivo, assim como a dificuldade de orientação para abordar à profilaxia antiretroviral para estas gestantes (NETO 2005).
Sabemos que para que ocorra a adesão 3 ao tratamento e à profilaxia anti-retroviral é
necessário que os objetivos sejam entendidos e aceitos pela gestante.
O termo "adesão" ao tratamento deve ser visto como uma atividade conjunta na qual o
portador não apenas obedece à orientação recebida, mas entende, concorda e segue a prescrição
estabelecida pelo seu médico (VITÒRIA, 2003).
Significa que deve existir um comprometimento entre profissional de saúde e portador 4 ,
na qual são reconhecidas não apenas a responsabilidade específica de cada um no processo, mas
também de todos que estão envolvidos no tratamento.
Com todas estas dificuldades observadas e registradas na literatura consultada, analisamos
que a transmissão vertical necessita de um maior investimento humano, pois a Aids é uma doença
que ainda não se achou a cura, mas ao mesmo tempo, possui medicamentos que podem prevenir a
transmissão de uma das suas formas de contágio.
Hoje o Ministério da Saúde distribui kit profilático transmissão vertical, destacado sua
efetividade pelos resultados do Protocolo 076 do Aids Clinical Trial Group (PACTG 076)
realizado em 1994 que comprovou que o uso de zidovudina associado a outros medicamentos,
como terapia tripla reduz a transmissão vertical do HIV em 67,5% quando usado durante a
gestação, trabalho de parto e parto e pelos recém nascidos que foram alimentados exclusivamente
com fórmula infantil.
Sabendo das estratégias preconizadas pelo Ministério da Saúde, 2006 como: a indicação de
via de parto conforme carga viral e/ou indicação obstétrica, indicação de não amamentação,
3
Ato de aderir, aderência. Assentimento, aprovação, concordância, manifestação de solidariedade a uma idéia, a
uma causa, apoio, aprovação e certas orientações a certos seguimentos (FERREIRA, 1999).
4
Que porta ou conduz, traz consigo ou em si. Indivíduo que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum
tipo de doença ou deficiência (FERREIRA, 1999).
14
inibição de lactação, distribuição da fórmula Infantil e principalmente para a prevenção a
orientação para o diagnóstico precoce.
Foi a partir desta realidade e, pelas dificuldades apresentadas pelos serviços prestados às
gestantes soropositivas que escolhemos realizar este estudo, partindo da seguinte questão
norteadora: Qual a importância da interação enfermeiro/cliente para a adesão ao tratamento e a
profilaxia anti-retroviral das gestantes HIV positivas.
A Consulta de pré-natal foi à estratégia de escolha como uma ação de enfermagem
organizada e interativa, possibilitando uma relação interpessoal, profissional/cliente focalizada
para a prática de adesão ao tratamento.
15
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar a interação do enfermeiro/cliente na consulta pré-natal como instrumento para o
aumento da adesão à profilaxia das gestantes HIV positivas.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
9 Identificar a percepção das gestantes HIV positiva sobre a interação do enfermeiro/cliente
na consulta de pré-natal;
9 Contribuir para a interação do Enfermeiro com as gestantes HIV positivas para adesão à
profilaxia anti-retroviral da transmissão vertical.
.
16
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 MULHER E AS POLÍTICAS DE SAÚDE
Durante muito tempo as mulheres estiveram excluídas do exercício de cidadania. Em 1932,
garantiram o direito de voto, lutar contra ditadura militar, pela garantia da democracia, contra o
racismo e a homofobia 5 .
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população feminina foi
projetada em 89.800.471 pessoas para o ano de 2003, representando aproximadamente 50,77% da
população total, inclusive as crianças.
As mulheres em idade reprodutiva, ou seja, de 10 a 49 anos, representam um número de
48.404.409, isto, são de 65% do total da população feminina, confirmando um segmento social
importante para elaboração das políticas de saúde.
A situação da saúde envolve diversos problemas que se relacionam a inúmeros fatores
variáveis como: raça, etnia, hereditariedade, predisposição de gênero, situação de pobreza e
responsabilidade doméstica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
LAURELL, 1983 afirma que a saúde e a doença estão intimamente relacionadas e
constituem um processo, cujo resultado está determinado pela atuação de fatores sociais,
econômicos, culturais e históricos. Isso implica em afirmar que o perfil de saúde e a doença
variam no tempo e no espaço, de acordo com grau de desenvolvimento econômico, social e
humano de cada região.
No Brasil as políticas voltadas para as mulheres surgiram nos primeiros dez anos do século
XX, com enfoque para o período gravídico-puerperal. As ações de promoção à saúde estavam
direcionadas aos grupos de risco, e em situação de maior vulnerabilidade, como é o caso das
crianças e gestantes.
A partir da Constituição de 1988, onde o direito à saúde é um dos direitos fundamentais
constitucionais, a saúde da mulher consolida-se como um dever do estado, que deverá garantir
acesso aos serviços de saúde.
5
Homofobia, aversão a homossexuais ou ao homossexualismo (FERREIRA, 1999)
17
Para implantação das Políticas de Saúde na área da mulher é importante considerar o fato
de que determinados problemas afetam de maneira distinta homens e mulheres. Isso se apresenta
de maneira marcante no caso de problemas de saúde associados ao exercício da sexualidade,
resultando em complicações com a transmissão vertical do HIV, sífilis, mortalidade materna e
outras morbidades (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Para COELHO, 2003 o corpo da mulher é visto apenas na sua função reprodutiva e a
maternidade torna-se seu principal atributo. Fatores biológicos, sócio-culturais e assistenciais
também contribuem para a vulnerabilidade das mulheres de contraírem o HIV e outras DST’s.
A mortalidade materna é um bom indicador para avaliar as condições de saúde de uma
população. É a partir desta vertente que se analisa o grau de desenvolvimento da sociedade
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Esta colocação é de suma importância, pois é a partir destes dados que identificamos a
importância de investimentos pelo setor público na implantação das políticas e melhoria na
assistência à saúde das mulheres.
Considerando que 70% das mulheres são usuárias do SUS e que cerca de 65% dos óbitos
maternos ocorrem no momento do parto, destacamos a importância da assistência à mulher no
processo de gestação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Dados do pré-natal registram uma tendência no aumento de consultas de pré-natal, que no
ano de 1995 era de 1,2 consultas para cada parto realizado no SUS. Em dezembro de 2002, essa
razão era de 4,4 consultas de pré-natal para cada parto (Tab SIA-Datasus e Tabwin-Datasus2005).
Segundo MARIN, 1991 a assistência pré-natal é um fator predominante na prevenção e no
tratamento de patologias que põem em risco o bem estar materno e fetal, proporcionando uma
redução na taxa de morbimortalidade materna, fetal e neonatal.
Com o acesso da mulher à assistência integral à saúde, direito garantido na lei maior do
país, mostra a importância do cuidado que os profissionais devem prestar a mulher com uma
atenção especial voltada ao período da gestação. É nesta fase que ela necessita de informações
para o autocuidado e também do concepto.
18
3.2 GESTAÇÃO E O HIV/AIDS
A gestação, incluindo o parto é ou poderá ser uma experiência emocionante ou dramática
na vida de uma mulher. Devido às diferenças e mudanças nos padrões culturais da sociedade, a
gestação é muitas vezes vivenciada, sem apoio da família e amigos. Ela pode ser uma experiência
gratificante e excitante, mas pode também ser um período de estresse e mudança abrupta na vida
do casal.
Apesar de poder ser emocionalmente estressante, enfatiza-se, tradicionalmente, o lado
físico da avaliação do pré-natal, que se apresenta como: alteração do aparelho reprodutor, a
imagem corporal, alterações endócrinas entre outras, o que influenciam diretamente no processo
da gestação.
Segundo BURROUGHS, 1999:
“A imagem corporal é a percepção que a pessoa tem do seu próprio corpo” (p.
77).
A mudança na forma do corpo já pode causar sentimentos negativos em relação à gestação.
As gestantes podem se sentir feias e gordas. A demonstração do amor físico é uma boa maneira
de diminuir sentimentos negativos em relação à gestação.
A gestação é um acontecimento importante na vida da mulher e da sua família. É a época
em que ela e as pessoas próximas encaram o desafio de redefinir seus papéis, ultrapassando
conflitos prévios e assumindo novos papéis.
BURROUGHS, 1999 destaca fatores de grande influência no impacto psicológico da
gestação: dificuldade financeira, nível de maturidade e preparo da mulher para a maternidade.
Ao falar em gestação não podemos deixar de relacionar as situações de risco que podem
ocorrer através das doenças sexualmente transmissíveis – DSTs que são infecções específicas
transmitidas, principalmente, durante o contato sexual. Elas podem ser causadas por bactérias,
fungos, vírus e protozoários. Um grande número de DSTs está associado com sérias
complicações na gestação, principalmente pelo seu efeito teratogênico 6 .
6
Teratogênico é um agente físico ou químico capaz de provocar teratogenia, que não é nada mais que produção de
monstruosidades e malformações. (FERREIRA, 1999)
19
O HIV é uma DST, considerada uma infecção grave, de caráter epidêmico considerado um
grande problema no contexto de saúde pública, com evolução letal e para qual não existe ainda
tratamento curativo, nem vacina.
Por uma tendência de feminização na epidemia, aumento dos casos em mulheres com idade
reprodutiva, no ano de 2000, apresentado em estudos epidemiológicos e a publicação da Portaria
993/2000 que instituiu a notificação compulsória de gestantes HIV, a assistência pré-natal tornase uma situação especial (MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2006).
O momento exato em que a infecção pelo HIV ocorre no feto não é conhecido. MARIN,
1991 ressalta que a transmissão pode ocorrer durante a gestação, parto, pós-parto ou pelo
aleitamento materno.
SPRECHER et al, 1986; MUNDY et al, 1987 apud VAZ & BARROS, 2000 a transmissão
perinatal intra-útero foi comprovada pela detecção do HIV no líquido amniótico, tecidos fetais e
placenta. No mesmo artigo EHRNST et al, 1991 o risco de transmissão seria maior no final da
gestação e no período intraparto.
Os fatores maternos que podem estar relacionados ao aumento do risco de transmissão
perinatal incluem a doença materna avançada, a baixa contagem de CD4+ 7 e o aumento da carga
viral 8 bem como, corioamionites 9 , DST, prematuridade (CDC, 1995).
Não está completamente estabelecido como a gestação poderia interferir na evolução da
infecção pelo HIV. MINKOFF, 1995 cita que a gestação, interferindo na resposta imunológica,
poderia acelerar o desenvolvimento da Aids.
7
CD4 é o marcador das células T, consideradas células de defesa do sistema imunológico do organismo
(MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2006).
7
Carga Viral é a quantidade de vírus circulante no organismo, a qual pode ser evidenciada através de exames
específicos para contagem de marcadores virais (MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2006).
7
Corioamionite é uma infeccção no córion, membrna que envolve o bebê dentro do útero da mãe (MINISTÈRIO DA
SAÙDE, 2006).
20
As complicações da infecção pelo HIV na gestação, tais como abortamentos, baixo peso ao
nascer, trabalho de parto prematuro, podem estar relacionadas também, à presença de outros
fatores, que por si só prejudicam o desenvolvimento da gestação, como uso de drogas ilícitas e
lícitas: como o álcool e o cigarro, a presença de outras infecções associadas e a desnutrição
(DUARTE, 1997).
A Aids traz consigo muitas revoluções sociais com a sua epidemia.
PAIVA, 2000 coloca que:
“A epidemia da Aids ainda precisa de uma mudança radical de mentalidade,
fortemente marcada pela estigmatização do portador do HIV como já se discute
há mais de duas décadas”. (p. 84)
A mudança radical da mentalidade colocada por Paiva, traz-nos como pontos-chaves: a
discriminação e o preconceito em relação à doença. Estes pontos são evidenciados pela contínua
associação do HIV com a promiscuidade sexual, desorganização familiar, uso de drogas, todas as
dimensões do viver constantemente associadas a “desvios incuráveis” (PARKER E
AGGLETON, 2001).
Os “desvios incuráveis” vêm da construção da resposta a essa epidemia intensificada
principalmente pela somatória de diferentes fontes de estigma 10 : estigma em relação à
sexualidade e aos gêneros (“peste gay” “de promíscuos”, “prostitutas”), em relação à raça e etnia
(“doença africana”), em relação à divisão de classes (“mal de pobre”), intensificada pela
associação com as noções do contágio e medo da fatalidade inevitável. (PARKER &
AGGLETON, 2001).
Por ser uma doença que traz consigo várias denominações relacionadas ao preconceito
como podemos observar acima, na gestação ocorre principalmente quando o estigma da doença
confronta com as alterações comportamentais encontradas na mulher durante a gestação. Assim,
o conhecimento da sorologia 11 e o planejamento de uma gravidez já sendo portadora do vírus são
momentos delicados, que precisam ser abordados prioritariamente na consulta pré-natal.
10
11
Estigma marca infante vergonha, sinal natural do corpo (FERREIRA, 1999).
Sorologia é um rumo da imunologia, que se ocupa do estudo in vitro das reações que no soro ocorrem entre o
antígeno e o anticorpo (FERREIRA, 1999).
21
Por ser considerado um dos princípios reguladores do desenvolvimento histórico cultural
da humanidade intensificam as discussões éticas em torno da Aids que, por se tratar de doença
que até o momento não tem cura, que tem caráter epidêmico e mobiliza a sociedade, desencadeou
uma revolução em todos os sentidos, principalmente na discussão ética sobre pesquisa, vacinas e
tratamentos eficazes para doença oportunista.
O ponto ético bastante delicado em relação a Aids, surge da necessidade de balancear os
direitos e as necessidades do indivíduo e do bem público. Em meio a essas questões, há a
preocupações com a privacidade e a confidencialidade, já que o profissional de Enfermagem em
sua profissão entra na vida particular e na intimidade dessas pessoas (DURHAM, 1989).
Ao cuidar de um paciente é preciso que o profissional o veja como um ser humano, com
suas necessidades básicas afetadas, encontrando-se fragilizado, portanto, merecendo mais
respeito e atenção. È importante que os profissionais estimulem o auto-cuidado desses pacientes
com o objetivo de incentivarem sua autonomia e auto-estima.
LUNARDI, 1999 coloca que a ética do profissional para com o paciente está presente
cada vez que ele reconhece seus clientes como pessoas iguais a ele, e que precisam ser ouvidas e
compreendidas para que exista a interação e, por conseguinte, o cuidado efetivo.
Diante dessas reflexões, faz-se necessário à inserção da ética no cotidiano, norteando à
atividade, seja realizando ações voltadas para o cuidado de pacientes soropositivos, seja na
pesquisa, pois a consciência ética na sociedade e no cuidado torna as pessoas e os profissionais
melhores.
3.3 RELAÇÃO PESSOA A PESSOA NA ENFERMAGEM E A CONSULTA
PRÉ-NATAL
Para GEOVANINI, et al, 2005 a enfermagem é um trabalho que perpassa a maioria das
ações desenvolvidas pelo setor saúde, sejam estas de cunho assistencial ou de suporte ao trabalho
de outros profissionais como a participação efetiva de uma equipe multiprofissional. Seu trabalho
é fluido (de difícil limitação), auxiliar (possibilita a atuação de outros profissionais) e essencial.
O mesmo autor refere que a participação da equipe de Enfermagem na concretização do ato
médico é essencial, no sentido que o ato médico não se concretiza sem a sua participação. Ela é
22
responsável pela relação direta do profissional com o cliente, ou a condições necessárias para o
desenvolvimento e sucesso dessa relação.
A ação essencial da Enfermagem é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.
Portanto, abrange mais do que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa uma
atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro
(BOFF, 2004).
GHIORZI, 2004 ressalta que do ponto de vista social, as emoções vão ser sentidas em todos
os lugares onde as pessoas estão em processo de interação, porque viver traz idéias e sentimentos.
A Enfermagem na sua formação acadêmica se distancia do envolvimento emocional, porém
seja esta a ação humana que mais promove uma relação de cuidado essencial (FERREIRA &
HISAMITSU, 1993).
Embora o envolvimento emocional seja considerado como uma condição básica para se
estabelecer uma relação, TRAVELBEE, 1979 coloca que um dos princípios seguidos pela
enfermagem é a política do não envolvimento. Esta política se expressa pelos seguintes
argumentos: quanto maior for o envolvimento emocional menos profissional será a relação; o
envolvimento emocional leva a identificação excessiva com o paciente.
A autora relata que esta política traz prejuízo tanto para o paciente como para o profissional.
A relação enfermeiro/cliente, também denominada relação de ajuda, relação pessoa a
pessoa ou relacionamento terapêutico, tem sido não só objeto de estudo, mas também um
componente importante no discurso do ensino da enfermagem em várias áreas, principalmente na
Saúde Mental e Psiquiatria.
Segundo TRAVELBEE, 1979 enfermeira psiquiátrica e teórica autora da “teoria de
relações pessoais” coloca que:
“O envolvimento emocional é a capacidade de transcender a si mesmo e
interessar-se por outra pessoa sem que este interesse nos inabilite (...) p.14”.
É através do envolvimento que nós percebemos o outro, tornando-nos sensíveis à situação
que estamos vivenciando o que nos mobiliza a oferecer ajuda necessária.
23
O paciente é uma pessoa, um ser humano único que no momento requer nossa ajuda. O
Enfermeiro é uma pessoa, um ser humano único, que adquiriu conhecimentos e habilidades
específicas para cuidar dos outros e dispõe-se a isso. Através da comunicação interpessoal, ambos
poderão atingir seus objetivos.
SADALA & STEFANNELLI, 1996 citam que a comunicação é vista na enfermagem
como instrumento básico, uma competência e uma habilidade que precisam ser desenvolvidas,
praticadas após terem passado por um aprendizado teórico do relacionamento.
Para FREIRE, 2002 a comunicação é essencial às práticas de educação em saúde, não
existe orientação no cuidado de enfermagem, se não ocorrer diálogo na relação interpessoal. O
diálogo é uma exigência existencial para possibilitar a comunicação, é necessário ir a busca de
fatos, experiências já vivenciadas para descobrir e redescobrir o mundo, o qual todos fazem parte
dele.
Paulo Freire em sua filosofia tinha como eixo norteador, seis princípios de acordo com
BARROSO E MIRANDA, 2004:
9 Toda a ação educativa deve ser planejada através da reflexão sobre o homem e o
educando em sua realidade;
9 A educação deve levar o sujeito a refletir sobre seu meio, levando-o a tomar
consciência de sua realidade e mudá-la;
9 O homem na sua relação com o meio tem capacidade de discernimento sobre este,
e de intervir sobre o mesmo;
9 O homem precisa se integrar às condições de seu contexto de vida, para poder
obter respostas para os problemas encontrados por ele mesmo;
9 O homem é criador de cultura e fazer de história.
Acreditamos que a educação libertadora proposta por FREIRE, 2002 ajuda a construção
pelo paciente de uma nova realidade, focalizando esta construção com uma visão integral de
forma contextualizada ao resgate da cidadania, o conhecimento de seus direitos e principalmente
a autonomia no seu autocuidado.
24
A Enfermagem direcionada a relação pessoa a pessoa procura desenvolver uma
comunicação com o paciente através da Consulta de Enfermagem, ela é um meio para a
realização da educação em saúde.
Para CASTRO, 1975 apud CARRARO & WESTPHALEN, 2001:
“Consulta de Enfermagem é caracterizada como atividade de deliberação,
baseada em metodologia própria. Inclui exame físico do cliente, estabelece
relações de confiança, tem objetivos complexos, imediatos e mediatos, com
ênfase na prevenção. Constitui-se em uma atividade final, isto é, dispensada
diretamente ao cliente”. (p.45)
CARRARO & WESTPHALEN, 2001 refere que o primeiro contato na consulta de
Enfermagem marcará o início da relação enfermeiro/cliente. Inicia-se com a coleta de dados,
preparando-se todas as etapas da consulta, levantando as informações necessárias. Através da
entrevista, o enfermeiro colhe os fatos envolvendo o levantamento de dados pessoais e da família,
relacionados com as necessidades físicas, psíquicas e sociais. Requer a interpretação e a
relevância de cada etapa para uma história clara e concisa que envolva toda a história da cliente,
objetivando o registro para sua avaliação apropriada.
Abordagem ao cliente constitui um processo complexo que exige habilidade de
comunicação eficaz e relacionamento interpessoal. Isso só será eficiente se houver um laço de
confiança e respeito mútuo.
O enfermeiro tem que buscar um relacionamento com a cliente de interesse, para que o
mesmo possa expor seus problemas e preocupações. Para que a entrevista transcorra com um
desenvolvimento esperado é necessário transmitir: confiança, através de coerência, firmeza e
honestidade, empatia, sinceridade (WESTPHALEN; CARRARO, 2001).
Ao término da entrevista espera-se que ocorra a possibilidade da cliente sanar suas
dúvidas e assim procurar um melhor estado de saúde, conseqüentemente de qualidade de vida.
É através da consulta de enfermagem que os Enfermeiros intermediando o atendimento
para a saúde da mulher e a gestação realiza o acompanhamento do pré-natal.
ZIEGEL e CANLEY, 1989 apud DAVIM & TORRES et al. 2003:
25
“A assistência pré-natal tem sido tradicionalmente definida como aquela
prestada à futura mãe durante a gestação. É o período ideal para que o médico,
enfermeiro, o nutricionista, o psicólogo ou outro membro da equipe de saúde
atue e forneça conhecimentos básicos para a mulher viver a gestação com mais
tranquilidade”. (p.27)
O responsável pela assistência no pré-natal deve construir um vínculo com a gestante afim
de que a mesma confie no profissional para fazer perguntas e questionamentos buscando a
compreensão de seu processo e vivência.
A consulta de Enfermagem como cuidado à gestante HIV positiva visa um atendimento às
necessidades biopsicossociais tais como: reações adversas aos medicamentos, medos,
preconceitos aprendidos socialmente, aceitabilidade do tratamento, acompanhamento da evolução
da doença.
Nesta consulta de Enfermagem a interação do profissional enfermeiro e a cliente é
primordial para que a mesma seja receptiva às orientações sobre a profilaxia e a importância do
acompanhamento durante o período gestacional.
Além de todos estes cuidados GARCIA, 2005 chama atenção para a necessidade de criar
um ambiente acolhedor a partir do primeiro contato da gestante com a equipe de pré-natal,
possibilitando o estabelecimento de vínculo/relação de confiança; proporciona condições para
que as gestantes possam falar sobre seus temores, dores psíquicas e oferecer apoio emocional;
fornecer todas as informações referentes à profilaxia em linguagem simples, repetidas vezes,
certificando-se de que foi compreendido; inclusão do parceiro nas consultas para orientação e
aconselhamento, é indispensável para adesão da mulher e efetividade do tratamento.
A Enfermagem ao realizar uma consulta de pré-natal a gestante HIV positiva deve estar
preparada para esclarecer dúvidas quanto as seguintes questões: as taxas de transmissão vertical
do HIV, o uso de anti-retroviral durante a gestação, segurança, efeitos colaterais e manejo dos
mesmos; o risco do aleitamento materno para a transmissão vertical, assim como o do
aleitamento cruzado, lembrando que o leite artificial é ofertado pelos serviços de saúde até a
criança completar seis meses.
Os cuidados especiais no acompanhamento da gestante HIV positiva incluem: consultas
multiprofissional, se possível agendar retornos para o mesmo dia (infectologia, obstetrícia,
26
nutrição, psicologia, etc). As consultas médicas ou de enfermagem podem ter a periodicidade
habitual 1° e 2° trimestres com retornos mensais, no 3° trimestres quinzenal e último mês,
semanal. Porém a atenção para exceções em momentos de início ou troca de terapia, ou qualquer
outra causa de não adesão, como efeitos colaterais e crise familiar; ter referência garantida de
maternidade e serviço de pediatria que proporcione segurança a gestante.
É importante que o serviço de pré-natal disponha destas medicações com garantia em caso
de faltar na maternidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2005).
Todas estas informações contribuirão na condução da consulta de pré-natal das gestantes
infectadas pelo HIV, proporcionando segurança e acessibilidade aos direitos como usuária do
sistema de saúde
3.4 HIV: PROFILAXIA E TRATAMENTO
Desde o início da epidemia da Aids até o final da década de 80, pouco se podia fazer às
pessoas vivendo com HIV/Aids, uma vez que as medicações existentes eram apenas para o
tratamento de infecções oportunistas e o óbito dos portadores era freqüente, com curta sobrevida.
Em 1996, com a terapia anti-retroviral conhecida como “coquetel”, deu-se nova perspectiva e
outra dimensão à doença, com possibilidade de tratamento e melhora na qualidade de vida, sendo
todo tratamento financiado pelo Ministério de Saúde e gratuitos a todos os portadores desta
doença (LEWI, 2005).
A profilaxia 12 anti-retroviral durante a gestação deve ser iniciada a partir da 14° semanas de
acordo com o Ministério da Saúde, e tem como objetivo exclusivo reduzir a transmissão vertical.
Já o tratamento depende do critério clínico e laboratorial e é a utilização de medicamentos com o
objetivo de tratar a gestante e sua patologia, esta terapia não é uma emergência, pode ser
preconizada para pacientes com doença sintomática avançada e naqueles que mesmo sendo
assintomáticos apresentam imunodeficiência acentuada (contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo
de 200/mm), mas todos estes critérios devem ser avaliados sistematicamente pelo médico que
prescreverá terapia adequada para cada caso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
12
Profilaxia parte da medicina que tem por objetivo medidas preventivas contra alguma doença (FERREIRA, 1999)
27
O tratamento adicionado ao período gestacional torna-se um caminho difícil de percorrer
devido o reajustamento social e familiar, assim também como a gravidez não desejada pela
dificuldade de negociação do uso do preservativo com o parceiro.
Para NARCISO & PAULILO, 2005 estas dificuldades contribuem para não adesão do
tratamento anti-retroviral que está diretamente relacionada com o desenvolvimento de resistência
viral, com conseqüente falência terapêutica e surgimento de vírus circulante multirresistentes,
aumentando a carga viral.
A troca de terapia também ocasiona novos efeitos colaterais que surgem principalmente
no começo de um novo tratamento (NARCISO & PAULILO, 2005).
Os efeitos colaterais dos anti-retrovirais são freqüentes e são os principais responsáveis
pela descontinuação do tratamento e a profilaxia. Cada medicamento tem seu determinado efeito
colateral.
Segundo a classificação do MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006 para os medicamentos
utilizados no tratamento e profilaxia anti-retroviral, são divididos em 3 categorias: 1) inibidores
da transcriptase reversa análogo ou não análogo do nucleosídeio respectivamente (ITRN) e
(IRNN) 2) inibidores da protease (IP) e 3) inibidores de fusão (IF), este último considerado uma
categoria nova no universo do tratamento.
O tratamento não deve ser iniciado até que os objetivos e a necessidade de adesão ao
tratamento sejam entendidos e aceitos pelo paciente.
De acordo com VITÒRIA, 2006 o termo "adesão" ao tratamento deve ser visto como uma
atividade conjunta na qual o cliente não apenas obedece a orientação recebida, mas entende,
concorda e segue a prescrição estabelecida pelo médico.
Significa que deve existir um comprometimento entre profissional de saúde e cliente,
onde são reconhecidas não apenas a responsabilidade específica de cada um no processo, mas
também de todos que estão envolvidos no tratamento.
MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2006:
“As mulheres que já vinham recebendo anti-retrovirais previamente à gestação
devem ser informadas sobre os potenciais riscos/benefícios da manutenção,
28
modificação ou suspensão do tratamento no tocante à evolução da sua própria
doença. Além disso, devem ser considerados efeitos adversos da terapêutica
anti-retroviral sobre a criança. As condutas deverão ser decididas, caso a caso,
pelo obstetra e clinico/infectologista, em conjunto com a gestante”. (p. 7 )
Outros aspectos como tolerabilidade e adesão aos anti-retrovirais deverão ser discutidos e
esclarecidos com a gestante antes de se iniciar a profilaxia durante o pré-natal.
De acordo com o Protocolo ACTG Clinical Groupus comprovou-se a eficácia de
esquemas anti-retrovirais combinados utilizados na gestação que devem conter, sempre que
possível Zidovudina (AZT), Lamivudina (3TC) associado ao Nelfinavir (NFV) e Nevirapina
(NVP), são indicados em idade inferior a 28 semanas e para mulheres com imunodepressão
acentuada, já o uso de Nevirapina é indispensável o monitoramento rigoroso da função hepática
durante as primeiras 18 semanas. Os medicamentos Efavirenz e Hidroxiuréia não são indicados
na gestação, devido seu potencial teratogênico.
Assim, com o procolo ACTG realizado em 1994 que comprova a eficiência de
Zidovudina da redução da transmissão vertical até o atual Consenso de 2006 da profilaxia antiretroviral para as gestantes, a terapia tripla está mais comumente utilizada para a prevenção da
transmissão vertical, pelo seus ótimos resultados.
O conhecimento acerca da patogenia da transmissão do HIV mostra que a transmissão
pode ser evidenciada através do primeiro trimestre da gestação, pelo leite materno e o período
intraparto (AMATO NETO, 1989).
Recomendações do MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006 referente ao período intraparto,
demonstram que cerca de 65% das transmissões ocorrem neste período, sugerindo que a
intervenção obstétrica por meio da cesariana eletiva pudesse reduzir essa taxa. Esta intervenção
obstétrica, porém, é recomendada quando a carga viral é > 1000 cópias/ml e > ou igual há 34
semanas. Destacando outros critérios, como a idade gestacional realizada entre 38ª e 39ª semanas
e administra-se Zidovudina (AZT) injetável respeitando criteriosamente o horário, que deve ser
administrado 3 horas antes da cesariana eletiva e mantido até a ligadura do cordão umbilical.
Deve-se atentar para os cuidados adicionais como: a ligadura do cordão umbilical sem ordenha,
retirada do neonato mantendo a bolsa das águas íntegras (parto impelicado) evitarem toques
repetitivos (usar partograma), recomenda-se à utilização de antibiótico-profilaxia com cefalotina
29
2g administrada em dose única imediatamente após o clampeamento do cordão umbilical. Ainda
no período intraparto, o parto vaginal está indicado quando a carga viral estiver < 1000 cópias/ml
ou indetectável e > 34 semanas de gestação. No trabalho de parto e parto são contra-indicados
todos os procedimentos invasivos como: aminiocentese 13 , cordocentese 14 , amniotomia 15 , uso de
fórceps e vácuo 16 (extrator), assim como deve ser evitada a episiotomia 17 .
Para a complementação da profilaxia o MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006 recomenda que
após o parto lavar o recém nascido com água e sabão, aspirar delicadamente às vias aéreas do
recém nascido, administração de AZT solução oral até 8 horas de nascimento, permanecer no
alojamento junto com a mãe e não ser alimentado no peito, e sim utilizar para alimentação uma
fórmula infantil com leite pasteurizado disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
Todos estes cuidados englobam medidas profiláticas para redução da transmissão vertical,
sendo este tema o nosso propósito: a abordagem do esquema profilático, seus efeitos adversos e
medidas satisfatórias que contribuem para o aumento da adesão, que usualmente diminui à
medida que a complexidade (número de drogas, número de comprimidos e número de doses ao
dia) e a duração do esquema proposto aumentam e interfere nas atividades e estilo de vida do
cliente.
Segundo VITÓRIA, 2003 muitos fatores podem ser confrontos enfrentados no dia-dia,
tais como: os efeitos colaterais, o impacto diagnóstico, a negação com o diagnóstico, baixa
estima, alteração da auto-imagem, pessimismo em relação à sua doença e problemas
13
Punção através da parede abdominal da câmara âmnica para retirada de líquido amniótico (DICIONÁRIO
DIGITAL TERMOS TÈCNICOS, 2006).
14
Trata-se da punção do cordão umbilical, intraútero, orientada pela ultra-sonografia, para coleta de sangue fetal,
feita após 20ª semana de gestação (DICIONÁRIO DIGITAL TERMOS TÈCNICOS, 2006).
15
Rompimento cirúrgico das membranas fetais (MINISTÈRIO DA SAÚDE, 2006).
16
É um instrumento médico semelhante a uma tenaz, que serve para retirada de um feto quando o corpo da mãe já
não consegue mais ter forças para que ele saia naturalmente (FERREIRA, 1999).
17
É uma incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto
e prevenir que ocorra um rasgamento irregular durante a passagem do bebê (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006)
30
socioeconômicos podem prejudicar a continuidade do tratamento, bem como quando a
comunicação e a interação entre o cliente o profissional de saúde são deficientes, os aspectos
psíquicos como depressão, ansiedade, distúrbios da memória, uso de drogas e álcool, assim como
as crenças e religiões que podem surgir confrontos.
É necessário e muito importante contornar estas questões com cuidado, favorecendo
abordagem com equipe multidisciplinar, ou até mesmo abrir o serviço para membros ou
representante da religião para orientações sobre forma de prevenção e tratamento e da
importância da medicação no tratamento. A equipe deve ficar atenta em relação às crenças,
porque muitas vezes o uso de substâncias como ervas podem levar a interação com antiretrovirais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2005).
O profissional de saúde deve adequar o regime terapêutico ao estilo de vida do cliente,
elaborar juntamente com o cliente uma típica escala diária de tomada dos medicamentos, mantêlo sempre bem informado sobre os progressos do seu tratamento e resultados de seus exames
laboratoriais.
É importante fazer um maior investimento nas estratégias de acompanhamento visando o
desenvolvimento de uma boa adesão ao tratamento principalmente nas primeiras semanas após
seu início, já que diversos estudos demonstraram que uma taxa de adesão precoce é um
importante fator preceptivo de uma boa adesão em longo prazo. Quanto mais motivado e
consciente o portador de HIV/Aids estiver, maiores são as chances de a adesão ser efetiva e
completa (VITÒRIA, 2003).
31
4 MARCO CONCEITUAL E CONCEITOS RELEVANTES
4.1 CONCEITOS RELEVANTES
Ser Humano
LEOPARDI, 2003:
“O ser humano é capaz de pensamento racional e lógico, são organismos
biológicos e podem ser afetadas por hereditariedade, meio ambiente, cultura e
experiências de vida. O homem é provido de unicidade, capaz de enfrentamento,
de dar significado ao cuidado e ter empatia e simpatia” (p. 86).
Para as pesquisadoras o ser humano mesmo doente pode ter saúde, pois ele está
confrontando com problemas não só agudos, mas crônicos que exigem tratamentos prolongados,
sem cura na maioria dos casos, mas tratamentos que promovam bem estar e qualidade de vida,
fazendo com que o ser humano tenham vidas normais, ausentes de sintomas doentios.
Gestação
Segundo FERREIRA, 1999 a gestação é um fenômeno de desenvolvimento, no útero, do
produto da fecundação, e que compreendem a fase ovular, embrionária e fetal, até que, finda a
última, ocorre o nascimento; gravidez.(...).
Consulta Pré-natal
De acordo com o Ministério da Saúde o protocolo do pré-natal é regulamentado e envolve
consultas e acompanhamento específico durante a gestação.
A consulta de Enfermagem Segundo VANZIN & NERY, 1996 “é uma atividade privativa do
enfermeiro que enfatiza a proteção e promoção de saúde, tendo o ser humano como sujeito e
como marco referencial na assistência” (p.18).
Comunicação
Segundo FREIRE, 1992 é por meio da comunicação que a vida humana adquire
significado, e o mundo social humano só existe por ser um mundo onde é possível comunicar-se.
Ele define comunicação como situação social em que as pessoas criam conhecimentos juntas, ao
32
invés de transmiti-las. A comunicação é uma interação entre sujeitos iguais e criativos, devendo
está fundamentada no diálogo.
A comunicação é importante para o desenvolvimento da assistência de Enfermagem, pois
compreendida como um conjunto de sinais verbais ou não verbais emitidos e percebidos com a
intenção de expor idéias, de torná-las comuns, representa a base de sustentação das ações de
Enfermagem, tendo em vista, ao cuidar do paciente, o enfermeiro precisa interagir.
Para WEIL & TOMPAKOW, 1999 uma mensagem pode ser enviada de forma não verbal,
sem o uso da verbal. O silêncio, o olhar, expressão facial são algumas formas de comunicação
não-verbal que, quando manifestada, não necessitam obrigatoriamente da expressão verbal. Mas
quando uma pessoa utiliza a linguagem falada ela inconscientemente ou não, é acompanhada de
expressão não verbal, como gestos, olhar, toque, expressão facial e outros sinais, que são
percebidos ou não.
A comunicação sem palavras é de grande significado para o enfermeiro, muitas vezes o
paciente é incapaz de expressar seus verdadeiros sentimentos e desejos em palavras, utilizando
para tal o corpo mediante os gestos.
Prevenção
Segundo FERREIRA, 1999:
“Prevenção é o ato de previnir-se, disposição ou preparo antecipado e
preventivo. Modo de ver antecipado, premeditação” (...).
As autoras conceituam a prevenção como um ato antecipado de abordar as questões de
vulnerabilidade e risco 18 relacionando com as DST/Aids. Acreditamos que por meio da
comunicação sobre os meios de transmissão e situação de vulnerabilidade e risco, possa ocorrer
novas mudanças de comportamentos social e sexual, criando alternativas para o enfrentamento da
epidemia.
18
Risco é considerado perigo ou possibilidade de perigo, situação que há probabilidades mais ou menos previsíveis,
ou perda ou ganho de alguma coisa (FERREIRA, 1999)
33
4.2 MARCO CONCEITUAL
Com base nos conceitos relevantes que norteiam esta pesquisa descrevemos que o marco
conceitual escolhido é o descrito pela Enfermeira Psiquiátrica Travelbee que tem teoria
norteadora às “Relações Interpessoais”, escolhemos e enfocamos aqui as linhas teóricas que
utilizamos para abordar o modelo assistencial voltado para a interação enfermeiro/cliente, onde
acreditamos que por meio da consulta de Enfermagem, o enfermeiro estabelecerá um vínculo de
confiança mútua com o cliente, possibilitando a adesão das gestantes à profilaxia antirretroviral.
LEOPARDI, 1999 citando Travelbee refere que a pesquisa tem o intuito de avaliar a
interação do paciente e o enfermeiro na consulta de Enfermagem, promovendo orientação mais
acessível, pois estudos comprovam que uma grande interação auxilia na receptividade das
orientações.
A teoria das relações interpessoais é uma hierarquização de conceitos sobre a relação entre
pessoas, cujo seu conceito básico na Enfermagem é a interação. Sua teoria teleológica 19 , ou seja,
a relação tem raízes nos conflitos que vão sendo superados. É usada na pesquisa prática com
ênfase na proposta de relação pessoa/pessoa entre enfermeiro/cliente. (LEOPARDI, 1999).
Para Travelbee a Enfermagem é um processo interpessoal entre dois seres humanos, no qual
um deles precisa de ajuda e outro fornece ajuda. O objetivo desta ajuda é proporcionar os meios
para o cliente enfrentar a situação da doença, aprender a experiência e encontrar seu significado
(LEOPARDI, 1999, p 86).
Acreditamos que a Enfermagem contribui no cuidado da saúde, pois ela está em
comunicação direta com o indivíduo que possui um problema de saúde que precisa ser resolvido
e a Enfermagem tem a função de amenizar os sintomas deste problema promovendo conforto ao
indivíduo, seja fisicamente, psicologicamente ou socialmente.
“Cuidar é a relação pessoa/pessoa com o objetivo de ajudar o indivíduo ou família a
enfrentar e compreender a experiências, dados e sofrimentos pelo qual está passando”
(LEOPARDI, 1999, p 86).
19
Teleológico, relativa à teleologia diz que o argumento, conhecimento, ou explicação que relaciona um fato com
sua casa final. Teleologia da finalidade doutrina que considera o mundo como um sistema de relações entre meios e
fins. Estudo dos fins humanos (FERREIRA, 1999).
34
O Ambiente para Travelbee não é um dos conceitos a serem muito abordados, pois se
trata de objeto subjetivo e não tão significativo no processo interpessoal, porque a pessoa tendo
uma interação empática e recíproca não necessita de lugar, nem circunstâncias específicas. O que
importa é a pessoa e suas subjetividades. A relação interpessoal veio nos fornecer subsídios para
acreditar que a interação entre o paciente e a equipe de Enfermagem é necessária para adesão à
profilaxia anti-retroviral às gestantes HIV positivas.
Conhecer os pressupostos de Travelbee nos auxilia conhecer sua linha teórica e agrupar
conceitos fundamentais abordados por ela, nas relações interpessoais, como:
Seres sociais podem conhecer, amar e responder os outros compreendendo sua unicidade;
A relação enfermeiro/cliente é a essência do propósito da enfermagem;
Relações são estabelecidas quando parceiros percebem a singularidade um do outro,
então, tal relação humana transcede os papéis e são verdadeiras, significativas e efetivas,
baseadas nas relações de singularidade;
Doença e sofrimento não são somente conflitos fiscos para os seres humanos, são
conflitos emocionais e espirituais também;
A interação enfermeiro/cliente, quando tem um propósito, preenche os objetivos da
enfermagem;
A comunicação é um processo que pode capacitar o enfermeiro e estabelecer a relação
enfermeiro/cliente e, então, preencher o propósito de enfermagem que é assistir indivíduos e
família e prevenir e enfrentar experiência da doença e sofrimento e, se necessário, assisti-los para
que busquem significado naquela existência.
Foram estes pressupostos, conceitos e teoria que nortearam as questões deste estudo.
35
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo tem como eixo principal a interação do enfermeiro/cliente frente à consulta de
pré-natal e como ela contribuiu para a adesão à profilaxia anti-retroviral às gestantes HIV
positivas, desta forma metodológicamente optou-se pela abordagem qualitativa com enfoque
cognitivo interpretativo.
De acordo com MINAYO, 1994 “esse tipo de pesquisa (qualitativa) não pode basear-se no
critério numérico, para poder garantir sua representatividade...” (p.32) A amostragem boa é
aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas
dimensões. Trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Pelo grau de coleta de dados que se realizou, e por ser características importantes frente à
epidemia da Aids, a revolução social, o perfil epidemiológico apresentado, decidimos por
apresentar também dados quantitativos além do qualitativo pois acreditamos ser de grande
contribuição para interpretação na análise dos dados.
As autoras defendem que para um conhecimento da epidemia da doença não basta só o dado
qualitativo, mas também é necessário conhecer dados epidemiológicos que para que se faça um
acompanhamento da prevalência da infecção entre as gestantes, possibilitando a detecção precoce
de flutuações e alterações do perfil epidemiológico, facilitando o planejamento e
desenvolvimento mais ágil das ações do programa de controle da doença.
O estudo realizado utilizou a pesquisa Convergente Assistencial descrita por TRENTINI E
PAIM, 1999 que é uma categoria de pesquisa de campo, uma vez que sustenta uma investigação
de cunho assistencial que associa o pensar, o cuidado e o fazer.
A partir da proposta da pesquisa convergente assistencial em refletir o desenvolvimento nas
experiências assistenciais mostra-se o delineamento que melhor se ajustou para a condução deste
estudo referente à abordagem da gestante HIV positiva e sua coleta e orientação sobre a
profilaxia anti-retroviral pela Enfermagem.
36
Neste sentindo, encontramos na Consulta de Enfermagem a melhor forma de assistir a
gestante, um instrumento fundamental para a comunicação e o acesso as informações necessárias.
5.1 PASSOS METODOLÓGICOS
Definimos aqui os passos em que percorremos para chegar ao resultado desta pesquisa.
Como se desenvolveu e as abordagens necessárias para a chegada dos objetivos:
9 Visita a unidade de Saúde Bela Vista;
9 Apresentação da proposta de pesquisa;
9 Estruturação do desenvolvimento da pesquisa e registro de dados;
9 Definição dos sujeitos da pesquisa;
9 Coleta de dados;
9 Análise dos dados;
5.2 ESPAÇO DE PESQUISA
O estudo foi realizado no município de São José – SC na Unidade de Saúde Bela Vista,
situado no bairro Bela Vista, a partir de solicitação prévia de autorização á Instituição (Apêndice
I).
O município de São José possui uma população de 190.907 habitantes do IBGE para 2006,
estende-se por uma área física de 114,69 KM quadrados, situada na região da Grande
Florianópolis.
A unidade onde se desenvolveu a pesquisa atua no nível primário de assistência,
constituindo-se uma porta de entrada para usuários do Sistema Único de Saúde – SUS. A unidade
através da Secretaria municipal de saúde tem como missão promover a saúde, a prevenção e
tratamento de doenças e a recuperação da saúde através de ações coletivas e individuais.
Constitui uma área física composta por duas (2) recepções (uma voltada à população em
geral e outra aos pacientes destinados ao serviço de referência em HIV/Aids e Hepatites), duas
(2) farmácias (uma voltada à população em geral e outra aos pacientes destinados ao serviço de
referência em HIV/Aids), uma (1) sala de curativo, uma (1) sala de vacina, uma (1) copa, dois (2)
37
banheiros, oito (8) consultórios (onde se estabelecem as equipes de PSF e profissionais
específicos aos programas existentes).
As ações que são desenvolvidas na unidade são realizadas por quatro (4) Equipes de PSF
constituídas cada uma com um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e seis
agentes comunitários. Trabalha com as seguintes diretorias: Saúde do Trabalhador, Vigilância
Sanitária e Vigilância Epidemiológica. Além de outras coordenações que desenvolvem ações
voltadas para a imunização, programas como a saúde da criança, saúde do adulto do idoso, saúde
da mulher, saúde mental, controle de hanseníase, tuberculose, controle das doenças sexualmente
transmissíveis.
O controle das DST/Aids é realizado através de um serviço de atenção Especializado –
SAE, implantado em 1997 trabalha enfocando as ações de prevenção e assistência às pessoas
vivendo com HIV/Aids e o Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA voltado ao
aconselhamento e realização da sorologia anti-HIV.
A equipe que trabalha especificamente nesta referência são compostas por: dois (2) médicos
infectologistas, um (1) assistente social, uma (1) psicóloga, quatro (4) enfermeiras, duas (2)
técnicas de enfermagem, um (1) farmacêutico.
Os CTAs estão voltados para o atendimento de toda a população que necessita e quer
realizar e conhecer sua sorologia em relação ao HIV. Assim como também atende a população
vulnerável e em situação de risco que necessita de um aconselhamento.
O serviço de CTA é uma ótima ferramenta para conhecer o perfil epidemiológico da
população em que abrange. O acesso a este serviço se dá através de procura espontânea, assim
como encaminhamento de unidades de atenção básica á saúde.
As gestantes quando atendidas em uma rede local, são encaminhadas aos CTAs para a
realização da testagem anti-HIV, isso se destina, por considerar a realização de um pré e pósaconselhamento mediante a realização da testagem.
Como a unidade é um centro de referência em DST/Aids assim como um centro em que
realiza a testagem anti-HIV nas gestantes do município de São José, escolhemos este espaço por
tratar-se de um universo de pesquisa em que seria mais acessível aos sujeitos de pesquisa
38
determinados. E por ser uma unidade dispensadora de medicamentos, fundamental para
abordagem da adesão à profilaxia.
5.3 SUJEITO DA PESQUISA
Para implementação desta investigação os sujeitos participantes deste estudo foram
gestantes com sorologia reagentes para Elisa 20 (anti-HIV) que já estejam em tratamento
profilático anti-retroviral.
A inclusão das gestantes como participante se deu através de uma busca de prontuários
determinando a idade gestacional e data de acompanhamento no mês. Como as gestantes fazem
acompanhamento mensal com infectologista, conversamos com os dois profissionais para que
abordassem as gestantes para a realização de um acompanhamento de pré-natal com as
pesquisadoras após sua consulta, e assim as encaminhassem a nós.
Para a participação dos sujeitos no desenvolvimento deste estudo foram respeitados os
preceitos éticos (Apêndice II), constantes na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
que dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Em respeito à individualidade e as questões éticas na pesquisa com os seres humanos as
autoras apresentam nomes de flores para caracterizar os sujeitos deste estudo.
No momento que paramos para escolhermos os nomes fictícios que daríamos as gestantes
nos passou vários pensamentos e idéias e chegamos juntas na mesma escolha por se tratar de que
tivemos os mesmos sentimentos.
Escolhemos os nomes fictícios de flores por representarem vida, esperança, alegria, paz e
por serem lindas, as escolhemos por nos transmitirem esses sentimentos, cada flor tem um
significado diferente mais todas de alguma forma nos ensinaram a ver a vida através dos olhos de
cada uma, e também nos ensinaram o verdadeiro significado da vida, do amor e em todos os
momentos que elas enfrentaram, nos mostraram serem iguais as mais belas flores fortes e cheias
de esperança. Por tudo que as flores significam como explicamos acima e pelo o que estudamos e
apreendemos a respeito delas optamos nomear as gestantes pelo nome fictício de flor por isso
20
Enzyme Linked Immunuo Sorbent Assay – ELISA é um teste imunienzimático que permite a detecção de
anticorpos específicos no soro. É o teste de primeira linha no diagnóstico da infecção pelo vírus do HIV
(MINISTÈRIO DA SAÚDE, 2006).
39
apresentamos as mais belas e fortes que são elas: Flor de lis, Laelia purpurata, Tulipa,
Bromélia e Jasmim, para saber um pouco mais sobre elas consulte o (Apêndice V) deste estudo
para conhecer um pouco mais da historia de cada flor.
5.4 ÉTICA E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
O convívio entre as pessoas é pautado pela ética. O certo e o errado em nossa sociedade, os
movimentos sociais e a historicidade das condutas adequadas ou não desenham e explicitam o
ético e o não ético (CLOTET, 2003).
Desta forma, de acordo com CLOTET (2003):
“Não podemos identificar ética como bom”.
A citação se justifica, pois a conduta humana direciona-se entre o bem e/ou mal. Assim os
seres humanos estão diante de um grande dilema que é o avanço dos estudos, das pesquisas com
seres humanos e a influência que isto acarretará para vida em sociedade e o relacionamento
social. E, quando a temática permeia a área da saúde passamos a compor a Bioética. É uma
composição, haja vista que a bioética é bem mais abrangente em suas discussões. Refere-se à
vida como um todo, para que as relações se desenvolvam harmoniosamente com vistas à
qualidade de vida (GARRAFA, 2000).
Os seres humanos respondem a evolução da ciência com aprimoramento tecnológico, com
isto faz surgir à necessidade de prudência e a responsabilidade bioética. Diante disto, pensa-se no
cuidado que a ciência deva ter para que não perca o controle sobre os avanços e não considere
menor o respeito à dignidade humana.
As questões do processo saúde-doença no percurso vivencial vem ao longo do tempo
sofrendo transformações no tocante às práticas assistenciais, em conformidade com alta
complexidade tecnológica nas instituições hospitalares e a preocupação com a promoção da
saúde.
Resgatamos aqui que a ética é um dos princípios reguladores do desenvolvimento históricocultural da humanidade. Nesta história, enfrentamos na sua evolução um conjunto de forças de
diferentes seguimentos como: indúsrias farmacêuticas multinacionais, profissionais de saúde com
interesse científico, portadores e agências financiadoras que a acompanham; Ressaltamos que
40
para o desenvolvimento das pesquisas nesta área, é necessário, na maioria das vezes, que os
portadores do virús possam se dispor para contribuir com esses estudos, sendo a ética
imprescíndivel nesse contexto. Em meio a essas questões, há preocupações com a privacidade e a
confidencialidade e a decisão de cada cidadão que deve ser respeitada, neste sentido, por isso
utilizamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE que visa tanto à decisão,
autonomia, sigilo e à privacidade do sujeito da pesquisa, assim como a garantia dos dados
coletados às pesquisadoras. Os critérios são definidos na resolução 196/96 referente à pesquisa de
seres humanos.
A partir desta resolução, anteriormente citada, MARTIN, 2002 resgata a ética principialista
que implica em: a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos alvo e a proteção de grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Nesse sentido, a pesquisa envolvendo seres
humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-lo em sua autonomia e defendê-los
em sua vulnerabilidade; b) ponderação entre risco e benefícios, tanto atuais como potenciais,
individuais e coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o
mínimo de danos ou riscos; c) garantia de que danos prevísiveis serão evitados (não
maleficência); d) relevância social da pesquisa, com vantagens significativas para os sujeitos da
pesquisa e minimização de ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração
dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária
5.5 COLETA, ABORDAGEM E REGISTRO DE DADOS
A pesquisa convergente-assistencial (TRENTINI e PAIM, 1999) nos permite ir a campo e
através do fazer e construir conhecimentos indispensáveis para a contribuição na qualidade do
atendimento dos profissionais à humanidade.
A pesquisa desenvou-se no período de um mês, especificamente do dia 25 de julho a 25 de
agosto de 2006 (4 semanas) com a realização de Consultas de Enfermagem de Pré-natal às
gestantes HIV positivas. A abordagem se deu através de encaminhamento dos profissionais pós
consulta médica. Portanto, acompanhávamos a agenda médica, para que possamos estar presentes
no dia e hora das consultas.
41
O primeiro contato com a paciente para nós pesquisadoras é o momento muito delicado e
importante, pois a comunicação utilizada de maneira adequada contribui para o relacionamento
interpessoal.
A abordagem a gestante se deu através de consultas de pré-natal e foi realizada em um
consultório, onde as pesquisadoras apresentavam a proposta de estudo e se a gestante estivesse
disposta a participar da pesquisa respondia as perguntas do roteiro. Informávamos que a gestante
estaria livre para desistir em qualquer momento da entrevista, garantindo-lhe o anonimato,
quando os dados fossem publicados. Após a explicação, as pesquisadoras ofereciam e liam o
termo de consentimento livre e esclarecido onde a mesma assinava duas (2) folhas uma ficando
com ela e a outra com as pesquisadoras.
Foi aplicado um roteiro semi-estruturado como descrito no (Apêndice III), com várias
perguntas, dentre elas, conhecer a interação enfermeiro/cliente e sua contribuição na adesão ao
tratamento anti-retroviral.
Também foram realizadas orientações descritas no Manual de Adesão conforme (Apêndice
IV), este manual foi adaptado do Manual e Práticas de Adesão elaborada pela Sociedade
Brasileira de Infectologia em 2005. As informações foram revisadas pelas pesquisadoras,
servindo de referência nas consultas de enfermagem diante das necessidades que poderiam surgir,
portanto as orientações realizadas foram:
9 Medicações, benefícios para a gestante e a criança;
9 Importância de não interromper o tratamento;
9 Direito a Suplementação com a fórmula infantil específica;
9 Acompanhamento dos recém-nascidos (RN) ao hospital dia, imunização, entre
outras;
9 Conversa sobre o HIV/Aids e seu conhecimento referente à doença.
De acordo com WESTPHALEN & CARRARO, 2001 a consulta de enfermagem é
individualizada e requer conhecimento, competência e responsabilidade. Estabelece ao
enfermeiro a autonomia de avaliar e decidir com o cliente sobre as metas a serem alcançadas em
42
conjunto, e é na consulta de enfermagem que o enfermeiro tem que ser capaz de encontrar
problemas que possam interferir na saúde do cliente.
O registro de Informações foi realizado através de um diário de campo a qual eram
colocadas nossa análise atual diante do relato das gestantes e a consulta de pré-natal. Assim, o
resultado desta análise, buscamos na literatura conceitos e a linha de teoria que utilizamos no
corpo deste estudo.
Segundo TENTRINI; PAIM, 1999 traz:
“O diário é forma antiga de registro utilizado por psicologia nos anos de 20 e 30,
e tem duas distintas finalidades: os diários destinados a registrar observações, e
os” diários “para registrar observações referentes a outras pessoas ou contextos
sociais”. (p.52)
É humanamente impossível para um pesquisador assistencial registrar, tudo que ocorre
durante uma unidade de tempo, que envolvem pesquisa e assistência. As entrevistas formais
geralmente são gravadas em fita cassete, se o cliente permitir (TENTRINI; PAIM, 1999).
Não optamos por utilizar fita cassete, por ser a pesquisa coletada por duas pesquisadoras
onde uma interagia diretamente com a gestante, e a outra observava e registrava os relatos e as
expressões apresentadas.
5.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O instrumento de coleta de dados, conforme citado anteriormente compõem-se de perguntas
sócio-econômicas, sobre a situação gestacional e o conhecimento delas quanto ao tratamento e a
profilaxia.
As informações sócio-econômicas e gestacionais foram relacionadas com as variáveis que
definimos importantes para abordar o perfil epidemiológico e as percepções das gestantes em
relação à Enfermagem frente o HIV/Aids.
Acreditamos que este instrumento trouxe-nos informações necessárias para o
desenvolvimento da análise deste estudo.
43
5.7 PROCESSO DE ANÁLISE
Em qualquer tipo de pesquisa qualitativa, a análise das informações consta de quatro
processos genéricos: apreensão, síntese, teorização e recontextualização, que ocorrem de maneira
mais ou menos seqüencial (MORSE; FRELD apud TENTRINI; PAIM, 1999).
Segundo TENTRINI; PAIM, 1999:
“Pesquisa convergente assistencial, os processos de assistência e coleta e análise
de informações deverão ocorrer silmutaneamente, o que facilitará a imersão
gradativa do pesquisado nos relatos das informações, a fim de refletir sobre
como fazer interpretações e descobrir vazios que poderão ser preenchidos ao
longo do processo” (p 101).
Toda pesquisa do tipo convergente assistencial cobre duas classes de resultado ligado ao
processo: o problema enfocado e a ampliação do resultado em processo de modo a explicitar seus
reflexos, na qualidade da assistência desenvolvida no âmbito de atuação da pesquisa.
(TENTRINI; PAIM, 1999).
A nossa pesquisa tem como forma de análise, a interpretativa, através dos relatos
coletados na pesquisa.
44
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Tabela 1 – Dados sócio-econômicos das gestantes pesquisadas.
Sujeitos da pesquisa
Estado civil
Escolaridade
Ocupação
Renda Familiar
Flor de Lis
casada
7º série
Do lar
+ ou - 300,00
Laelia purpurata
casada
2º grau
Técnica em Contabilidade
+ou - 950,00
Tulipa
casada
3º grau completo
Chefe de Departamento
+ ou – 2500,00
Bromélia
casada
2º série do primário
Babá em casa
+ ou – 180,00
Jasmim
casada
2º grau incompleto
Do lar
+ ou – 450,00
FONTE: dados coletados através de Roteiro de Entrevista (Apêndice IV) jul/ago de 2006, São José – SC
Gráfico 1 - Distribuição por Idade
Gráfico 2 – Distribuição por Escolaridade
1º Grau
2º Grau
3º Grau
2,5
2
1,5
28 anos
18 anos
2
1
1
2
2
1
1
25 anos
0,5
1
33 anos
0
FONTE: dados coletados através de Roteiro de Entrevista (Apêndice IV) jul/ago de 2006, São José – SC
45
Tabela 2 – Dados obstétricos das gestantes pesquisadas
Sujeitos da
Gesta
Para
Aborto
Ùltimo Parto
pesquisa
Idade Gestacional
(momento pesquisa)
N° consultas no
pré-natal
Flor de Lis
II
0
I
0
28 semanas
*
Laelia
IV
I
II
1997
32 semanas
*
Tulipa
II
0
I
0
18 semanas
2
Bromélia
II
1
0
1991
36 semanas
8
Jasmim
II
I
0
2001
20 semanas
3
purpurata
* Dados não solicitados, devido à inclusão da pergunta após já iniciado a pesquisa.
FONTE: dados coletados através de Roteiro de Entrevista (Apêndice IV) jul/ago de 2006, São José – SC.
Tabela 3 - Método diagnóstico e profilaxia
Sujeitos da pesquisa
Conhecimento da sorologia antes de
Interrupção da profilaxia anti-
engravidar
retroviral na gestação.
Flor de Lis
Não
Não
Laelia purpurata
Não
Não
Tulipa
Não
Não
Bromélia
Sim
Não
Jasmim
Sim
Não
FONTE: dados coletados através de Roteiro de Entrevista (Apêndice IV) jul/ago de 2006, São José – SC.
Gráfico 3 – Distribuição segundo conhecimento da sorologia
II G es ta
4
80,0%
20,0%
IV G esta
1
46
Apresentação dos relatos referente a pergunta sobre o conhecimento das gestantes ao
tratamento e a profilaxia anti-retroviral:
“... o médico explicou sobre os medicamentos que estavam na
receita e falou da doença comigo...”. – Flor de Lis
“... as meninas da farmácia me explicam sobre os medicamentos,
o médico fala que o medicamento é importante para que meu filho não
nasça com o vírus, isso se eu tomar o remédio direitinho...” – Laelia
purpurata
“... Sinto cansaço após tomar os medicamentos, o médico falou
que isso acontece, mas não sinto dificuldade...” – Tulipa
“... Não posso amamentar a gestação já era planejada, estava em
tratamento há 3 anos, vou fazer parto normal, pois minha carga viral
está baixa...” – Bromélia.
“... Sei que a gestante toma o remédio para a criança nasça sem o
vírus, já tenho uma experiência na primeira gestação, minha filha
negativou...” - Jasmim.
Apresentação dos dados referentes à percepção das gestantes ao atendimento de
enfermagem voltado à adesão ao tratamento e profilaxia anti-retroviral:
“Fui bem recebida nesta unidade, ela conversa sobre o
tratamento comigo, diferencia de outras unidades que já fui, acho que a
enfermeira faz um atendimento diferenciado quando fala comigo, o que
me fez continuar fazendo pré-natal aqui, eu consigo conversar com ela
sobre o tratamento”. – Flor de Lis
“Me deram bastante atenção, é bem importante às informações
que ela nos passa na hora da entrega dos medicamentos e na consulta de
pré-natal, pois me sinto à vontade para conversar sobre minhas aflições
com ela, acho bem importante para as pessoas que não tem muita
informação como eu fazer perguntas”.– Laelia purpurata
47
“Acho que a Equipe é muito boa, deixa a gente à vontade e
tranqüila, a enfermeira sabe falar comigo sobre a doença, mas o que me
deixa preocupada é a especificação do atendimento dentro da unidade, já
que é sigiloso pra mim e meu marido falar sobre nossa doença e não
queremos que ninguém saiba. Poderiam tirar aquela faixa vermelha, ou
fazer uma unidade isolada só para este tipo de atendimento. Não me sinto
à vontade de falar sobre isso”.– Tulipa
“Ela é bem simpática, ajuda todos, fala da doença comigo, ela
consegue resolver os problemas pra mim, bem diferente de outra unidade
que já fui que tudo era uma demora. Aqui eu me sinto mais à vontade
para me tratar. Eu planejei este filho, a minha médica até falou que eu
posso ter parto normal, porque a minha carga viral está baixa, eu não
vou precisar sofrer novamente com a cesárea”. – Bromélia
“Bom, não tenho reclamação do atendimento, sempre fui bem
atendida, a enfermeira fala sobre a doença comigo e me orienta os
exames que eu tenho que fazer, ela também me ajuda a tomar meus
medicamentos direitinhos, ela é muito acessível, tudo se torna mais
rápido porque ela senta comigo e conversa bastante”. – Jasmim.
48
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Devido à abrangência de informações e riqueza de assuntos explorados nos resultados
obtidos no decorrer da aplicação da pesquisa, optou-se em separá-las em três eixos temáticos,
para agrupar de maneira compreensiva para nossa avaliação.
Baseados na metodologia utilizada nesta pesquisa foram definidos os seguintes eixos
temáticos:
1) perfil sócio-econômico e obstétrico das gestantes pesquisadas;
2) o conhecimento da sorologia e a percepção das gestantes frente à profilaxia antiretroviral;
3) as percepções das gestantes frente ao cuidado de enfermagem para o HIV/Aids e a
interação na consulta de pré-natal.
7.1 PERFIL DAS GESTANTES PESQUISADAS
7.1.1 Perfil sócio-econômico
Durante as consultas com as participantes do estudo através da aplicação do roteiro
estabelecido, nos possibilitou o desenho do perfil das gestantes pesquisadas.
O perfil sócio-econômico das gestantes soropositivas apresentado na Tabela 1, foram
analisadas comparando os dados registrados na ficha de notificação compulsória instituída pela
portaria 993/2000 de gestantes infectadas pelo HIV.
A notificação do HIV em gestantes justifica-se considerando o protocolo ACTG 076
Clicincal Group que comprova a eficiência da profilaxia para redução da transmissão vertical.
É neste sentido que através da notificação as gestantes de alguma forma entram no banco do
Sistema de Informação e Agravos de Notificação - SINAN/Aids.
Conhecer o perfil epidemiológico das gestantes do estudo traz subsídios para construção de
intervenções específicas para a relação interpessoal, a recepção de orientações e
conseqüentemente a aderência à profilaxia anti-retroviral.
No presente estudo, apresentam-se gestantes na faixa etária de 18 a 33 anos representada no
Gráfico 1, considerada a idade em que a mulher está no auge da sua idade reprodutiva, tanto
49
sexualmente quanto socialmente. Neste sentindo, definimos que a mulher é grande vítima da
transmissão heterossexual e o bebê da transmissão vertical.
No banco de dados SINAN/Aids em Santa Catarina no de 2006, a média de mulheres
infectadas pelo HIV na faixa etária destacada no estudo é 493 casos de Aids, sendo em gestantes
298 casos notificados que corresponde a (60,4 %) da população feminina, com estes números
vimos que o grande número de casos notificados em gestantes se dá devido a solicitação da
sorologia compor o elenco dos exames requisitados no pré-natal. Vimos que a população do
estudo representa um número bem significativo referente aos diversos programas e estratégias
implantadas pelo Ministério da Saúde para a prevenção da transmissão vertical.
As variáveis que compõe a pesquisa demonstram características importantes entre as
gestantes pesquisadas. Na variável estado civil, podemos considerar que todas as gestantes
apresentam-se casadas, este número iguala-se ao elevado número de casos de Aids em mulheres
casadas no Estado. As pesquisadoras colocam que isto se deve ao fato da iniciativa das mulheres
que tem medo de solicitar ao parceiro o uso de preservativo, por surgir assuntos ligados a
“traição”.
Segundo GIR, 1997 a transmissão do homem para mulher ocorre mais efetivamente, tanto
devido às desvantagens biológicas (como por exemplo, a maior extensão da mucosa vaginal);
como pelo fato do vírus apresentar em quantidade muito maior no líquido seminal, quando
comparado ao fluído vaginal.
A situação da contaminação remete à condição feminina, referendo à submissão e
dependência de seus parceiros e ao amor como elementos integrantes da identidade feminina,
impedindo de ações preventivas.
A feminização da Aids e a diferença de gênero que envolve sua epidemia ainda se tornam
um obstáculo para a aderência de práticas preventivas à transmissão do HIV.
Na variável escolaridade, apresentadas no Gráfico 2, destacamos que todas as gestantes
tiveram algum contato com a alfabetização, 1º grau até o 3º grau completo, porém apenas uma
gestante alcançou o 3º grau completo.
Destacamos que a escolaridade é uma variável bem discutida, ela define o perfil da
população atendida nos serviços de saúde e influência a abordagem nas práticas envolvidas para
50
estimular a adesão ao tratamento e profilaxia anti-retroviral, pois colocamos que o grau de
instrução interfere de alguma forma nas recepções das orientações. Concluímos que as gestantes
do estudo apresentam-se variadas, sendo algumas já possuem grau de instrução necessário para
conhecer a doença e seus cuidados, portanto tornou-se mais acessível orientá-las e elas
compreenderem as orientações recebidas. Também destacamos que é considerado um obstáculo
na utilização de métodos contraceptivos para gravidez, assim como falta de conhecimento das
formas de transmissão do HIV.
Para este público é importante que se estabeleça um vínculo/relação de confiança na
primeira consulta de pré-natal, porque desta ação, determinará as consultas seguintes.
VITÓRIA, 2003 coloca que para a adesão ao tratamento anti-retroviral seja efetiva é
importante que o paciente entenda e estejam dispostas a seguir as orientações recebidas. Para que
haja um bom relacionamento interpessoal é fundamental que o contato seja evidenciado por
assuntos vividos pelas duas pessoas no processo.
A escolaridade influência nas variáveis trabalho e renda, pois observamos no estudo que
quanto maior for o grau de escolaridade maior será sua posição no mercado de trabalho
proporcionando-lhe uma maior renda fixa.
Destacamos na variável trabalho e renda familiar, os dados apresentados possuem uma
instabilidade, sendo que a ocupação varia da profissão do Lar à Chefe de Departamento,
mostrando que a Aids não é impeditivo para o mercado de trabalho. Já a renda apresenta-se
diferente daquela apresentada na avaliação do perfil da epidemia no Estado em meados do ano
2000, que considerava a pauperização como uma forte característica, no estudo a renda teve uma
variação de R$ 180,00 a 2.500,00 reais.
As dificuldades financeiras podem influenciar na realização de ações preventivas da
transmissão vertical, especialmente no que diz respeito ao comparecimento aos retornos do prénatal. A vulnerabilidade social que as camadas sócias mais baixas estão sujeitos, no sentindo que
a pobreza e a falta de perspectiva estão associadas à situação de exclusão social e à ausência de
direitos humanos.
51
COUTO, 2002 afirma que a inexistência da intersetorialidade na elaboração de políticas
públicas brasileiras compromete a resposta integral á dupla vulnerabilidade gerada pela
sobreposição pobreza e Aids.
As pesquisadoras definem que há uma necessidade de implementação de políticas públicas,
não apenas com ações pontuais, mas com vista à intersetorialidade, abrangendo não só a saúde e
assistência social, mas também, educação, trabalho, cultura e lazer para as pessoas que vivem
com HIV/Aids, como forma de diminuir as barreiras financeiras que comprometem a adesão ao
tratamento.
7.1.2 Perfil obstétrico
Quando nos deparamos com o perfil obstétrico das gestantes pesquisadas e apresentadas na
Tabela 2, podemos observar que na variável número de gestações e partos, dentre elas, duas (2)
delas são nulíparas, sendo atual gestação motivo de grande expectativa, três (3) são multíparas,
diante disto, destacamos que já possuem um conhecimento sobre a gestação e experiência
referente a este conhecimento.
A variável traz-nos a importância que o profissional de saúde deve depositar nas primeiras
consultas de pré-natal com essa gestante, pois desta consulta dependerá as seguintes.
As pesquisadoras consideram que a primeira consulta de pré-natal necessita ser um
momento acolhedor, o profissional necessita declarar a gestante que será um participante ativo na
sua gestação, abrindo espaço para que ela possa expressar as suas dúvidas.
A relação interpessoal é utilizada neste momento como uma oportunidade de se estabelecer
um vínculo/confiança com a gestante na primeira consulta.
Quanto à idade gestacional encontra-se entre 18 a 36 semanas, ou seja, entre o segundo e
terceiro trimestre de gestação, assim as pesquisadoras destacam a importância do
acompanhamento a estas mulheres e a adesão á profilaxia anti-retroviral que se inicia na 14°
semana de gestação. Assim o acompanhamento deverá ser mais amplo e estimulante no primeiro
trimestre, já que é o início da gestação, e os efeitos colaterais estarão mais presentes e associados
aos sintomas da gravidez. Já o terceiro trimestre também ganhará uma atenção especial na
prevenção e seguimento do protocolo da transmissão vertical, que é orientação quanto à
52
medicação na hora do parto, discussão sobre a indicação da via de parto e as vivências no
ambiente do parto.
Na variável aborto, observamos duas (2) gestantes tiveram um (1) aborto, duas (2) não
obtiveram abortos, uma (1) dois (2) abortos, esta nos chamou a atenção para o caso de Laelia
Purpurata, que está na quarta gestação, apenas um nascimento, com ocorrência de dois abortos.
Isto evidência a necessidade de um acompanhamento de pré-natal sistemático e multiprofissional,
trazidas pelas pesquisadoras como justificativa do estudo.
Diante do apresentamos, justificamos que não nos aprofundamos na causa destes abortos,
mas colocamos que é notório na pesquisa, que das 60% das gestantes que tiveram abortos
desconhecem sua sorologia. O aborto poderia ser causado por DST’s ou outros fatores, portanto
deixamos uma contribuição para outras pesquisas nesta área.
Na variável acompanhamento de pré-natal, das cinco (5) gestantes, três (3) foram
solicitados o nº de consultas de pré-natal, duas (2) outras gestantes ficaram impossibilitadas
neste contexto, por ser acrescentado esta pergunta após já ter iniciado a pesquisa.
Assim, as três (3) gestantes acompanhadas no pré-natal realizaram o número de consultas
preconizadas pelo Ministério da Saúde conforme Portaria 569/00.
7.2 CONHECIMENTO
DA
SOROLOGIA
E
A
PERCEPÇÃO
DAS
GESTANTES À PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL
O conhecimento da sorologia ainda é um grande impacto para as pessoas que recebem o
resultado, pois a negação, os sentimentos de impossibilidade de planos futuros adicionados aos
sentimentos e alterações psicológicas da gestação, faz com que as gestantes sintam-se
abandonadas, culpadas pelas atitudes realizadas e principalmente por trazer no ventre um bebê
que não tem culpa de suas atitudes.
Com relação ao conhecimento do status sorológico em relação à gestação, representada na
Tabela 3 e Gráfico 3, a população estudada possuía duas (2) gestantes que já sabiam seu status
sorológico e três (3) delas que tomaram conhecimento por meio dos exames de pré-natal.
Segundo CAVALCANTI et al, 2004 os dados corroboram os achados de outros estudos que
mostram que o pré-natal ainda é um fator fundamental na identificação de mulheres soropositivas
53
e conseqüentemente para a prevenção da transmissão vertical, uma que vez que muitas delas
desconhecem seu status sorológico antes da gravidez.
Isto sugere a necessidade de um oferecimento mais amplo da sorologia à população
feminina em geral, mediante ao aconselhamento, antes de engravidar ou planejar a gravidez.
Os relatos abaixo se referem ao tratamento e a profilaxia anti-retroviral na gestação e a
relação das gestantes com a equipe de saúde. Podemos observar que todas as pesquisadas
possuem grau de esclarecimento sobre a importância da profilaxia na gestação, mas foram
identificados nas falas a não compreensão total do tratamento na gestação.
Quando Flor de Lis relata “o médico explicou sobre os medicamentos que estavam no
receita (...)” identificamos falta de esclarecimento do profissional sobre o tratamento da
prevenção da transmissão vertical e as outras estratégias de prevenção envolvidas. Assim como,
real efeito do vírus no organismo.
KNAUTH, 1999 coloca que para os profissionais, trata-se de cumprir a responsabilidade
social de controle epidêmico da Aids, reduzindo taxas de transmissão vertical do HIV, por meio
da prevenção, assim como operar tecnologia disponível para evitar o adoecimento e morte por
Aids. Para dar conta dessas finalidades, os profissionais em geral, utilizam as prescrições (que se
referem a tratamentos e cuidados), que indicam inclusive o uso de preservativo como estratégia
para o controle da transmissão.
Nesse sentido, dada a centralidade no controle clínico e epidemiológico da doença, poderá
por vezes escapar aos profissionais de saúde a dimensão de outras questões ligadas ao viver com
HIV/Aids.
A gestante necessita conhecer a doença e seus efeitos para poder compreender as
intervenções de saúde que lhe são aplicadas.
Voltamos a trazer o conceito de VITÓRIA, 2003 quando coloca que para que haja uma
adesão efetiva é necessário que o paciente entenda e deseje seguir as orientações estabelecidas.
A mesma situação é aplicada no relato de Laelia purpurata quando fala: “as meninas da
farmácia me explicam sobre os medicamentos, o médico fala que o medicamento é importante
para que meu filho não nasça com o vírus...”.
54
Em relação às outras estratégias de prevenção envolvidas destacamos aqui o relato de
Bromélia, que por já conhecer sua sorologia há quatro (4) anos antes do planejamento desta
gestação, aprofundou seus conhecimentos da doença, solicitando suas dúvidas a equipe de saúde.
Assim, podemos identificar no relato de Bromélia “não posso amamentar, a gestação já era
planejada, estava em tratamento há 03 anos, vou fazer parto normal, pois minha carga viral está
baixa” que ela conhece as estratégias de prevenção da transmissão vertical do HIV, podendo ser
uma participante ativa no seu tratamento.
FREIRE, 2002 coloca que o ser humano faz uma reflexão sobre seu meio, levando a tomar
consciência de sua realidade e mudá-la.O homem na sua relação com o meio tem capacidade de
discernimento sobre este e de intervir sobre o mesmo.
Destacamos que FREIRE, 2002 coloca sobre a estimulação do profissional ao paciente, para
construir sua autonomia. Assim, evidenciamos que Bromélia não está restrita aos protocolos
estabelecidos, possui outros conhecimentos essenciais sobre a doença e seguimento do seu
tratamento.
O profissional necessita conversar com seu paciente, estabelecer uma relação interpessoal
que faz com que ele sinta-se estimulado em ir à busca do seu auto-cuidado, que pode ser
evidenciado na citação de FREIRE, 2002:
“Que a comunicação é essencial para as práticas da educação em saúde, não
existe orientação no cuidado de enfermagem se não ocorrer diálogo na relação
interpessoal. O diálogo é uma exigência existencial para possibilitar a
comunicação, é necessário ir a busca de fatos, experiências já vivenciadas para
descobrir e redescobrir o mundo, o qual todos fazem parte dele”.(p. 23)
A experiência comprovada que a profilaxia anti-retroviral é eficiente na prevenção da
transmissão vertical pode ser observada no relato de Jasmim: “já tenho uma experiência na
primeira gestação, minha filha negativou”.
Esta afirmação demonstra que a eficácia da profilaxia estimula Jasmim a planejar outra
gestação e afirmar que a Aids não é impeditivo para que se possa engravidar novamente.
55
As necessidades reprodutivas são marcadas por contextos sociais, culturais e morais. O
desejo por ter filhos, por exemplo, é parte de um determinado papel social esperado ou desejado
pelas mulheres e ameaçado pela condição sorológica, conforme registra KNAUTH, 1999.
Todas estas colocações vêm reforçar a importância do conhecimento individual e integral
das gestantes, para que se possa construir e aplicar intervenções de saúde de compreensão a todos
os envolvidos no processo.
7.3 PERCEPÇÃO DAS GESTANTES FRENTE À ATENÇÃO AO HIV/AIDS
NOS SERVIÇOS E OS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS
No que diz respeito ao ponto fundamental desta pesquisa que é identificar a percepção das
gestantes frente ao atendimento de Enfermagem traz-nos assuntos importantes que justifica a
ação da Enfermagem ao acompanhamento da pessoa vivendo com HIV/Aids.
Quando Flor de Lis relata: “... a enfermeira faz um atendimento diferenciado quando fala
comigo, o que me fez continuar fazendo o pré-natal aqui...” ela refere-se que o atendimento de
Enfermagem apresenta-se individualizado e diferenciado de outras profissionais, não segue
protocolos definidos e estabelecidos, e sim dá maior ênfase a solucionar as necessidades
apresentadas pela cliente no seu momento.
Esta estratégia mostra que a relação interpessoal descrita por Travelbee é fundamental no
momento da consulta de pré-natal, pois assim a cliente se sente à vontade para conversar sobre
suas intimidades e anseios que decorrem da gestação e outros problemas. Tem neste momento a
oportunidade para fazer perguntas para conhecer melhor sua sorologia, quando achar necessário.
As gestantes percebem que o profissional enfermeiro proporciona-lhe uma maior atenção,
fazendo com que sejam percebidas não só na hora da consulta, e sim pelos serviços de saúde.
Sentindo-se mais estimuladas, maiores serão as chances de o seguimento do tratamento ser
cumprido adequadamente.
No relato de Laelia purpurata quando enfatiza: “... é bem importante às informações que
ela nos repassa na hora da entrega dos medicamentos e na consulta de pré-natal, pois me sinto à
vontade para conversar sobre minhas aflições com ela...” reforça a importância que a relação
interpessoal focalizada na interação pessoa a pessoa é uma ferramenta fundamental para que as
56
gestantes sintam-se percebidas no serviço de saúde, estimulando-as a participar do seu
tratamento, seguindo e aderindo à profilaxia anti-retroviral de maneira eficiente.
BOFF, 2003 coloca que o cuidado é sustentáculo da criatividade, da liberdade e da
inteligência humana, tão importante para humanidade, que é preciso que cada um de nós venha a
desenvolver a afetividade para com os outros, que passa perceber suas necessidades, para que a
construção de um mundo melhor, não seja apenas uma utopia 21 .
É fundamental principalmente para os trabalhadores da área da saúde, perceber o cuidado
na sua dimensão mais ampla, que tem como princípio uma forma de viver plenamente não apenas
como uma execução de tarefas para promover o conforto de alguém.
Destacamos a importância de atitudes éticas em relação ao preconceito quando nos
referimos ao relato de Tulipa que mesmo distante da tendência atual da pauperização,
apresentando-se com um bom grau de instrução, formação universitária e emprego fixo relata que
“... o que me deixa preocupada é a especificação do atendimento dentro da unidade, já que é
sigiloso pra mim e meu marido, falar sobre a doença...” este relato refere-se ao medo trazido
pela sociedade no conhecimento de sua sorologia, isto se deve ao fato de que a Aids na sua
epidemia traz estudos epidemiológicos que associam os portadores da doença aos chamados
“grupos de risco”, expressão esta, que mesmo superada, marcou irreversivelmente a construção
social e histórica da Aids, implicando na discriminação, estigma, preconceito e exclusão do
indivíduo infectado. È a recriminação do sujeito que transgrediu que se comporta fora do
recomendável.
O medo das conseqüências sociais da Aids tais como o isolamento social, a discriminação
no círculo de amigos e principalmente a perda do emprego, pode fazer com que a omissão do
diagnóstico, se constitua uma barreira, diminuindo a adesão ao tratamento.
GIR, 1997 apud NEVES, 2005 cita que “ao contrário do que pensou inicialmente, a
infecção pelo HIV não se limita à identidade sexual, mas a comportamentos adequados”.
21
Utopia é a concepção imaginária de um governo ideal, que é um sistema ou um projeto irrealizável; quimera;
fantasia (KOOGAN; HOWAISS, 2000).
57
Para BOFF, 2000 a vida em comunidade, é preciso que exista a solidariedade, qualidade
essencial para se enxergar as necessidades do outro, principalmente, se esse é portador de uma
doença estigmatizada como a Aids.
Trazemos LUNARDI, 1999 que identifica a ética do profissional para com o paciente é
pautada cada vez que ele reconhece o cliente como igual a ele, que precisam ser ouvidas e
compreendidas para que exista interação e assim, por conseguinte, o cuidado efetivo.
É através destas colocações que o profissional de saúde precisa conhecer as questões éticas
que consiste na predominância de atitudes voltadas para o amor verdadeiro ao próximo, assim
para o bem e a dor do outro possam ser encontrados no coração de quem acredita nestes
princípios.
No relato de Bromélia, direcionamos nossa análise não só ao profissional enfermeiro, mas
também a qualidade dos serviços de saúde prestados as pessoas vivendo com HIV/Aids, quando
Bromélia relata: “... aqui é bem diferente de outra unidade que já fui, que tudo era uma demora,
aqui eu me sinto mais à vontade para me tratar...”. Os serviços se saúde devem oferecer
atendimentos de qualidade a estas pessoas, incluindo não só humanização no cuidado, assim
como prover de insumos e tecnologia necessária para que o protocolo de prevenção da
transmissão vertical seja efetivamente seguido.
As pessoas vivendo com HIV/Aids, as gestantes, possuem direito sancionadas na
Constituição Federal Brasileira no que diz respeito ao direito e acesso às tecnologias consideradas
essenciais para seu tratamento.
Quando colocamos que as tecnologias necessárias ao paciente devem estar disponíveis com
qualidade, nos direcionamos para a sensibilização do gestor que lidera este serviço, estar atento
às necessidades apresentadas pelos seus usuários, e a partir desta análise manter um serviço digno
aos seres humanos, de igual para igual.
E por fim, o relato de Jasmim trouxe-nos a comprovação de que os serviços de
Enfermagem são considerados uma grande contribuição para trabalhar a adesão com gestantes
HIV positivas. A gestante refere que “a enfermeira fala sobre a doença comigo, e me orienta os
exames que eu tenho que fazer, ela também me ajuda a tomar meus medicamentos direitinhos,
ela muito acessível, tudo se torna mais rápido porque ela senta comigo e conversa bastante”.
58
Nesta fala destaca-se a consulta de Enfermagem (pré-natal) como cuidado a gestante HIV
positiva, visando um atendimento às necessidades biopsicossocial tais como: reações adversas
aos medicamentos, preconceitos apreendidos socialmente, medos, aceitabilidade de tratamentos,
acompanhamento da evolução da doença. Nesta consulta de enfermagem a interação do
profissional enfermeiro e a mulher é primordial para que a mesma seja receptiva às orientações
sobre a profilaxia e a importância do acompanhamento do seu tratamento durante o período
gestacional.
Além de todos estes cuidados é necessário criar um vínculo a partir do primeiro contato da
gestante com a equipe de pré-natal, pois assim possibilitará o estabelecimento de uma relação de
confiança; proporcionará condições para que as gestantes possam falar sobre seus temores, dores
psíquicas e oferecer apoio emocional; fornecer todas as informações referentes à profilaxia em
linguagem simples, repetidas várias vezes, certificando de que as orientações foram
compreendidas.
È neste sentido que defendemos nas práticas rotineiras do profissional enfermeiro, assim
como todas as profissões que utilizem a relação interpessoal através da comunicação como uma
ferramenta essencial às relações humanas, para que o ser humano possa ser percebido e
compreendido e assim esteja estimulado para ir a busca da sua autonomia e auto-cuidado.
59
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi realizado com gestantes HIV positivas a fim de coletar as percepções delas
frente ao cuidado de Enfermagem para a adesão à profilaxia anti-retroviral e tratamento. Falar
sobre a Enfermagem e o HIV/Aids é abordar a referência entre um profissional dotado de
princípios, que utiliza estes princípios éticos e solidários para prestar assistência em forma de
cuidado, do outro lado o paciente soropositivo é um paciente considerado vulnerável socialmente,
pois passou por algumas evoluções históricas advindas da epidemia, que faz com que ele
necessite de atenção ampla e digna.
Trabalhar com HIV é uma tarefa desafiadora, que exige além do conhecimento, coragem
para o enfrentamento das situações encontradas. A escolha do tema surgiu pelo prazer e
experiências que as pesquisadoras adquiriram ao trabalhar na área, especificamente com este
público. A satisfação encontrada pelas pesquisadoras na reflexão sobre tema para escolha da
linha de pesquisa, foi o ponto de partida para a realização do estudo.
Através da escolha do público HIV/Aids, especificamente às gestantes, surgiu a escolha da
orientadora, que se deu por ser tratar da professora que ministra as aulas referentes às Políticas de
Saúde da Mulher e por possuirmos uma boa relação interpessoal com ela.
O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado em (4) quatro semanas (1) mês a qual
dependíamos das agendas médicas, por não se tratar de consultas agendadas, mas da implantação
de uma nova proposta de consultas de Enfermagem no serviço referência de DST/HIV/Aids que
não era realizada no local de pesquisa.
Encontramos algumas dificuldades na implantação da consulta de enfermagem frente a este
serviço, na maioria dos dias a falta de um local apropriado dificultou a aplicação de nossa
estratégia, a ausência de não possuir a consulta de enfermagem no SAE/CTA do programa
DST/HIV/Aids de São José, cria certa barreira, pois a maioria das pessoas desconhece o que é e
para que sirva a consulta de enfermagem.
O que dificulta a prática da consulta de enfermagem de forma ampliada é o desconhecimento
ou a incompreensão do que ela é, o não-entendimento das funções do enfermeiro, as quais podem
ser dependentes e independentes. As dependentes são as funções delegadas pela equipe médica, e
as independentes são entendidas como funções profissionais, destacamos que existe autonomia
60
no planejamento e execução do cuidado de enfermagem, uma vez que o enfermeiro tem a
responsabilidade pelo tipo de cuidado prestado ao cliente.
Como era uma nova proposta aplicávamos as consultas às gestantes que estavam em
acompanhamento no serviço, decorrente disto, os horários das consultas eram variados.
A partir desta variação de horários, é que encontramos também a dificuldade para a
realização da pesquisa, pois a grade curricular da Enfermagem não dispõe de horário específico
para a realização da pesquisa de campo referente ao Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Por
se tratar de horários para a realização, as pesquisadoras sentiram-se prejudicadas, pois tinham que
optar entre a pesquisa, a aula e o serviço.
As facilidades no desenvolvimento desta pesquisa deram-se por se tratar de um tema que
consideramos importantes em nossas vidas, pois trabalharmos com este público em nossos
serviços. Também obtivemos várias referências e dados sobre o HIV/Aids no Estado, pois uma
das pesquisadoras trabalha na Gerência de Vigilância das DST/HIV/Aids do Estado, facilitando
assim o nosso acesso aos bancos de dados e entre outros materiais para aprofundarmos o nosso
tema de pesquisa.
A compensação do esforço exercido pelas pesquisadoras para realizar esta pesquisa foi
reforçada através do relato de Bromélia após dar a Luz a sua filha, que encontrou uma das
pesquisadoras em seu local de trabalho e fêz as seguintes colocações: “... oi, que bom encontrar
você, esta é minha filha, trouxe ela hoje para a primeira consulta no Hospital Dia, sabe me
lembro de tudo que vocês me falaram, e segui todas as orientações, não sabia que você
trabalhava aqui, que bom minha filha terá que fazer as vacinas aqui, e assim cada vez que eu te
encontrar, poderei tirar algumas dúvidas se eu tiver...” ·
Procuramos através deste estudo abordar a história da assistência na gestação e as necessidades
frente à doença HIV/Aids, que nos incentivou aprofundarmos sobre a consulta de pré-natal. Os
resultados mostraram que a interação é uma ferramenta indispensável nas relações humanas entre
profissional e o cliente, pois só assim as gestantes sentem-se percebidas pelos serviços de saúde e
estarão mais estimuladas para a adesão à profilaxia anti-retroviral.
Acreditamos que foi também de grande importância, pois ajuda reforçar na vida dos
profissionais de Enfermagem, que o cuidado não deve ser seguido apenas como está no papel,
61
seguindo protocolos estabelecidos, e sim moldar e ser flexível através das necessidades
apresentadas pelas clientes no momento da assistência, focalizando os aspectos de
vulnerabilidade, alterações psicossociais, exclusão social e dificuldades sócio-econômicas como
barreiras na adesão à profilaxia anti-retroviral.
Salientamos a relevância do estudo como fonte de pesquisa para outros estudos, além de
muito relevante para nós, pois proporcionou um crescimento e amadurecimento tanto em relações
humanas, como efeito de crescimento como futuras profissionais.
62
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WESPHOLEN, M.E. A; CARRARO, T.E. Metodologia para Assistência em Enfermagem:
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WEIL, P. & TOMPAKOW, R. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação.
Petrópolis: Vozes, 1999.
69
APÊNDICE
70
APÊNDICE I: Termo de Compromisso
TERMO DE COMPROMISSO
Eu.................................................................................................................................. representante legal da
instituição Centro de Saúde Bela Vista II declaro estar ciente da participação na pesquisa “INTERAÇÃO
ENFERMEIRO/CLIENTE NA CONSULTA PRÉ-NATAL: UMA PROPOSTA PARA ADESÃO À
PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL AS GESTANTES HIV POSITIVAS” a ser realizado pelas
acadêmicas Luciani Figueredo Padilha e Mariana Furtado, sob a supervisão da professora Haimee
Emerich Lentz Martins, do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, Campus Biguaçu.
Declaro que recebi de forma clara e objetiva a explicação referente à pesquisa a ser realizada, cujo, seus
objetivos são: coletar a percepção das gestantes HIV positivas sobre a interação profissional de
Saúde/cliente na adesão a profilaxia Anti-retroviral, identificando sua importância para a diminuição da
transmissão vertical.
Estou ciente da participação da instituição na pesquisa a qual não trará qualquer tipo de dano, sendo
direito da instituição se retirar da pesquisa a qualquer momento, caso sinta-se prejudicada.
Concordo que não trará nenhum retorno financeiro a instituição e que a pesquisa não possui nenhum fim
lucrativo. Por fim concordo com a utilização das informações da pesquisa, bem como a divulgação de seus
dados.
______________________________________________
Representante Legal da Instituição
_______________________________
________________________________
Luciani Figueredo Padilha
Mariana Furtado
(Pesquisadora)
(Pesquisadora)
__________________________________________________
Haimée Emerich Lentz Martins
(Orientadora)
71
APÊNDICE II: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A Sra. está sendo convidada para participar da pesquisa “Interação Enfermeiro/cliente na consulta de
pré-natal: uma proposta para adesão à profilaxia anti-retroviral às gestantes HIV positivas”,
realizada pelas Acadêmicas de Enfermagem Luciani Figueredo Padilha e Mariana Furtado da
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, cujo, será uma pesquisa de conclusão de curso.
A Sra. foi selecionada por usar medicamentos anti-retrovirais e aceitar a participar da pesquisa. A
qualquer momento a Sra. poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará
nenhum prejuízo em sua relação com o profissional e a instituição.
O objetivo desta pesquisa é identificar a importância da interação profissional/cliente na consulta prénatal, buscar informações que promovam a adequação de abordagem à promoção da adesão as gestantes
HIV positivas, dificuldades prioritárias na assistência ao pré-natal e coletar a percepção das gestantes ao
atendimento do pré-natal, buscando adequar pontos cruciais para reorganização da assistência na
diminuição da transmissão vertical.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder questões referentes á consulta pré-natal e a
profilaxia anti-retroviral para diminuição da transmissão vertical. Não há riscos previsíveis no que diz
respeito a sua participação.
As informações fornecidas pela Sra. contribuirão na assistência ao pré-natal e a orientação para sua adesão
à profilaxia eficiente.
As informações obtidas nessa pesquisa serão confidencias e asseguramos o sigilo sobre sua participação.
Seu anonimato será preservado quando os dados forem divulgados.
A Sra. receberá uma cópia deste termo com nome e assinatura das pesquisadoras principais, podendo tirar
suas dúvidas sobre a pesquisa e sua participação.
________________________________
____________________________________
Luciani Figueredo Padilha
Mariana Furtado
_____________________________________
Haimée Emerich Lentz Martins
________________________________________________
Voluntária da pesquisa
72
APÊNDICE III: Roteiro da Entrevista
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Idade:
Estado civil:
Escolaridade:
Ocupação:
Renda Familiar:
DADOS OBSTÉTRICOS:
Gesta: ______________
Abortos: ___________
Para:_________________ Data do último parto:_____________
Espontâneo:___________
Data da última menstruação:________
Idade Gestacional: __________________semanas
N° de consultas de pré-natal:
SABIA SER HIV POSITIVA QUANDO ENGRAVIDOU?
( ) Sim
( ) Não
O QUE VOCÊ SABE SOBRE O TRATAMENTO E A PROFILAXIA DO HIV NA GESTAÇÃO?
ALGUMA VEZ JÁ INTERROMPEU O TRATAMENTO?
( ) Sim
( ) Não
4.1.1.SE SIM. POR QUANTO TEMPO VOCÊ INTERROMPEU?
___________________________________________________________________________
INTERROMPEU POR QUAL MOTIVO?
___________________________________________________________________________
COMO VOCÊ PERCEBE O ATENDIMENTO DO ENFERMEIRO PARA ABORDAR O HIN NA
GESTAÇÃO E O TRATAMENTO?
___________________________________________________________________________
73
APÊNDICE IV: Dificuldades e Estratégias para Aumentar a Adesão ao Tratamento AntiRetroviral das Gestantes HIV Positivas
DIFICULDADES
ESTRATÉGIAS
2
Problema de acesso aos
anti-retrovirais;
Impacto do Diagnóstico;
3
Negação do Diagnóstico;
Promover esclarecimento sobre o fluxo de medicamentos, sua distribuição,
dispensação, seu direito gratuito e sua inclusão no sistema.
Explicar sobre a doença e enfatizar a importância do uso dos medicamentos
para sua saúde.
Encaminhar para grupos de adesão, reflexão e psicoterapia;
4
Medo da ruptura do
relacionamento
Nível sócio-econômico;
1
14
Encaminhar para acompanhamento psicológico e enfatizar a importância do
uso de medicamentos e sobre a doença;
Encaminhar para serviço social e promover abordagem prévia das dificuldades
com a paciente;
Aspectos psíquicos;
Encaminhar para acompanhamento com equipe multidisciplinar como:
consulta psiquiátrica, psicóloga, psicoterapia e enfatizar sobre uso do
medicamento;
Contactar com a família para contribuir na situação do cliente;
Dificuldade de estilo de vida; Discutir com o paciente, uma escala diária de tomada de medicamentos, que
não interfira em seus compromissos sociais e ocupacionais (trabalho) e
estabelecendo horário que fazem com que o paciente não esqueça de tomá-los;
Preconceito e Discrimnação; Reforçar a auto-estima e combate às próprias crenças negativas relacionadas
ao HIV através da consulta individual ou em grupo;
Isolamento social
Discutir com a cliente a participação da família ou amigos no
acompanhamento do seu tratamento;
Estimular a participação em grupos e encaminhando a casas de apoio se for o
caso;
Baixa escolaridade;
Utilizar tabelas com desenhos e gravuras; Associar o esquema as atividades
diárias (Ex: quando sair para trabalhar e voltar do trabalho);
Utilizar desenhos representativos das atividades cotidianas (Ex: xícara com um
sol= café da manhã, xícara sem o sol= café da tarde, panela com o sol=almoço,
panela com a lua=jantar);
Utilizar cores, números para identificação dos frascos;
Usar linguagem clara e simples na orientação;
Fornecer ambiente acolhedor a fim de permitir que a paciente refira sua
dificuldade de compreensão, não adotando uma atitude preconceituosa;
Criar vínculos ONG’s para inclusão do paciente nos programas escolares;
Início de tratamento;
Exercer uma escuta ativa e aconselhar;
Encaminhar para grupos e/ou para outros profissionais (médicos);
Complexidade do esquema; Fornecer a compreensão da necessidade da tomada de todos os comprimidos e
sua importância para êxito do tratamento;
Montar mapas e horários, relacionando a medicação da receita, com o nome
que vem escrito nas caixas;
Palatabilidade;
Contactar com farmacêutico para utilizar alimentos junto com os comprimidos
para melhorar a deglutição (Ex: Doces)
Efeitos Colaterais
Estimular a prática de exercício regular (caminhadas) como prevenção;
15
Ausência de sintomas;
16
Ocorrência
de
Oportunista;
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Explicar exaustivamente a indicação e a importância do tratamento até o
paciente ter compreendido e aceitado o fato;
Infecção Agendar retorno com intervalo mínimo para melhorar na adesão;
Encaminhar para grupos de adesão;
74
APÊNDICE V: Flores
Flor de Lis
Símbolo do escotismo, a flor-de-lis desperta muita curiosidade a respeito de sua origem e até
controvérsias quanto à verdadeira planta popularmente batizada com este nome. No ano de 1125, a
bandeira da França apresentava os seus campos semeados de flores-de-lis, o mesmo acontecendo com
o seu brasão de armas até o reinado de Carlos V (1364), quando passaram a figurar apenas três.
Conta-se que este rei teria adotado oficialmente o símbolo como emblema para honrar a Santíssima
Trindade
Laelia purpurata
Orquídea encontrada em grandes quantidades no município de Florianópolis, e no litoral
Catarinense, que tem a época da sua floração entre os meses de novembro e dezembro, pela data e
sua abundância na capital do Estado, foi considerada a Flor símbolo da Luta Contra Aids, no Estado
de Santa Catarina.
Tulipa
Nome da flor foi inspirado na palavra "tulipan" que significa "turbante" (o formato da tulipa
lembra mesmo um turbante).
Bromélia
Essas são flores nas quais costumam se esconder diversas personagens pequenas, como um
polegar, nas histórias infantis. São flores ornamentais que crescem em clima quente e são, também,
comestíveis. São mais de 46 gêneros e mais de 3.000 espécies, quase todas nascidas nas Américas.
A mais popular é o abacaxi
Jasmim
Cultivado em larga escala na Europa, o Jasmim é uma planta de origem árabe muito apreciada
pela beleza e, principalmente, pelo aroma de suas flores, em geral brancas. Seu poderoso aroma
é capaz de produzir diversas sensações olfativas, definidas pelos especialistas como floral, calor,
animal, frutífero e outros.
75
ANEXOS
76
ANEXO I: Termo de Aceitação de Orientação
TERMO DE ACEITAÇÃO DE ORIENTAÇÃO
Eu, Haimée Emerich Lentz Martins, professora da disciplina Saúde da Criança da Mulher e do
Adolescente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí- Centro
de Educação – Campus Biguaçu, concordo orientar a monografia de conclusão de curso das
alunas Luciani Figueredo Padilha e Mariana Furtado no decorrer do desenvolvimento da pesquisa
“Interação Enfermeiro/cliente na Consulta de Pré-natal: uma nova proposta na adesão à
Profilaxia Anti-retroviral às gestantes HIV positivas” conforme projeto ora submetido à
aprovação. A orientadora está ciente das Normas para Elaboração do trabalho monográfico de
Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, dos prazos de entrega e das tarefas.
Biguaçu, 25 de novembro de 2005.
_______________________________________
Haimée Emerich Lentz Martins
77
ANEXO II: Folha de Rosto para Pesquisa com Seres Humanos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Conselho Nacional de Saúde
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP
FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS (versão outubro/99)
1. Projeto de Pesquisa:
“Interação Enfermeiro/cliente na consulta pré-natal: uma proposta de adesão à profilaxia anti-retroviral das gestantes Hiv
positivas”.
Área do Conhecimento Enfermagem Saúde Coletiva
Código: 4.04
4. Nível: (Só áreas do conhecimento 4)
4. Área (s) Temática (s) Especial (s)
6. Código (s):
7. Fase: (Só área temática 3) I ()
Grupo III
II ()
III () IV ()
8. Obtermos: (3 opções)
Mulher, Gestação, HIV/Aids
SUJEITOS DA PESQUISA
9. Número de sujeitos:
10. Grupos Especiais: <18 anos () Portador de Deficiência Mental () Embrião /Feto () Relação de
5
Dependência (Estudantes, Militares, Presidiários, etc) () Outros (x) Equipe de Enfermagem Não se
N.o Centro: Total:
aplica (X)
PESQUISADOR RESPONSÁVEL
11. Nome: Haimée Emerich Lentz Martins
12.
Identidade:
1/R.735.670-6
13. CPF:
19.Endereço (Rua, n.º):
454.739.199-87
Caminho dos Assores,
2020, casa nº9
14.
15. Profissão: Enfermeira
20. CEP:88050-300
Nacionalidade:Brasil
21.
Cidade:Florianó
polis - SC
16. Maior Titulação:
17.
Cargo:
23. Fone: (48) 3233 2766
24. Fax:
22. U.F.
SC
78
Mestre
em
Saúde
Enfermeira/Professora
Pública
18. Instituição a que pertence:
25. E-mail: [email protected]
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI – CES
Biguaçu
Termo de Compromisso: Declaro que conheço e cumprirei os requisitos dos Rés. CNS 196/96 e suas complementares.
Comprometo-me a utilizar os materiais e dados coletados exclusivamente para os fins previstos no protocolo e a publicar os
resultados sejam eles favoráveis ou não. Aceito as responsabilidades pela condução científica do projeto acima.
Data: _______/_______/_______ ______________________________________
Assinatura
INSTITUIÇÃO ONDE SERÁ REALIZADO
26. Nome: Centro de Saúde Bela Vista
29. Endereço (Rua, nº):
27. Unidade/Órgão:
30. CEP:
31. Cidade:
28. Participação Estrangeira: Sim () Não (x)
33. Fone:
34. Fax.:
32. U.F.
35. Projeto Multicêntrico: Sim ( ) Não ( x ) Nacional ( ) Internacional ( ) ( Anexar a lista de todos os Centros Participantes
no Brasil )
Termo de Compromisso (do responsável pela instituição) :Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96
e suas Complementares e como esta instituição tem condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo sua execução.
Nome:_______________________________________________________ Cargo________________________
Data: _______/_______/_______ ___________________________________
Assinatura
PATROCINADOR Não se aplica ( x )
36. Nome:
39. Endereço
37. Responsável:
40. CEP:
41. Cidade:
38. Cargo/Função:
43. Fone:
44. Fax:
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP
42. UF
79
45. Data de Entrada:
46. Registro no CEP:
47. Conclusão: Aprovado
()
_____/_____/_____
48. Não Aprovado ( )
Data: _____/_____/_____
Data: ____/_____/_____
49. Relatório(s) do Pesquisador responsável previsto(s) para:
Data: _____/_____/____ Data: _____/_____/_____
Encaminho a CONEP:
53. Coordenador/Nome
__________________________
52. Data: _____/_____/_____
Assinatura
COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA - CONEP
54. Nº Expediente :
55. Processo:
58. Observações:
56.Data Recebimento:
o
consubstanciado
50. Os dados acima para registro ( ) 51. O projeto para
apreciação ( )
Anexar
57. Registro na CONEP:
parecer
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