Filosofia EM 1º Ano - ee balneário das palmeiras

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Validade: 2014 – 2017
a
1 SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume 1
FILOSOFIA
Ciências Humanas
governo do estado de são paulo
secretaria da educação
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
filosofia
ENSINO médio
1a SÉRIE
VOLUME 1
Nova edição
2014 - 2017
São Paulo
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Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretário-Adjunto
João Cardoso Palma Filho
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Ana Leonor Sala Alonso
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
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Senhoras e senhores docentes,
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colaboradores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abordagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação —
Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste pro­
grama, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos
diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de
formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por
uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do
­material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo faz Escola, apresenta orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avaliação constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu
trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
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Sumário
Orientação sobre os conteúdos do volume
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Por que estudar Filosofia? Linhas teóricas da proposta
Situações de Aprendizagem
7
9
Situação de Aprendizagem 1 – Criando uma imagem crítica da Filosofia
9
Situação de Aprendizagem 2 – Como funciona o intelecto? Introdução ao empirismo e ao
criticismo
17
Situação de Aprendizagem 3 – Instrumentos de pesquisa em História da Filosofia
Situação de Aprendizagem 4 – Áreas da Filosofia
28
Situação de Aprendizagem 5 – Introdução à Filosofia da Ciência
40
Situação de Aprendizagem 6 – Introdução à Filosofia da Religião – Deus e a Razão
Situação de Aprendizagem 7 – Introdução à Filosofia da Cultura – Mito e Cultura
Situação de Aprendizagem 8 – Introdução à Filosofia da Arte – Nietzsche
Quadro de conteúdos do Ensino Médio
Gabarito
23
50
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67
71
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Filosofia – 1a série – Volume 1
OriEntAÇÃo SoBrE oS contEúdoS do VoLuME
Prezado professor,
As sugestões contidas neste Caderno devem
ser avaliadas por você e consideradas, sempre,
em função da experiência adquirida na convivência com os alunos nos ambientes em que são
desenvolvidas suas atividades docentes.
Como problema inicial, propomos uma
questão didático-metodológica própria à Filosofia: ensinar Filosofia ou ensinar a filosofar?
Como você bem sabe, ambas são perguntas
de difícil resposta e implicam escolhas que vão
orientar todo o desenvolvimento do trabalho
docente. A resposta não deve ser procurada
nos debates eruditos sobre Filosofia, nem no
ato de filosofar sobre tudo, mas considerando,
principalmente, nosso público-alvo: os alunos
da escola pública.
O que parece certo, porém – e esta é a nossa
escolha –, é que precisamos chegar à História
da Filosofia a partir de questões presentes, e não
o inverso, como habitualmente acontece. Assim,
nossos adolescentes podem chegar a uma
melhor compreensão dos problemas apresentados pela vida. Sem isso, nenhum filósofo ou
conceito filosófico terá sentido para eles. O
primeiro conceito filosófico para se trabalhar em
sala de aula é a vida das pessoas que ali estão
– do professor ao aluno.
É claro que, para bem trabalhar essa questão, temos de recorrer aos conhecimentos e às
estratégias sugeridas pelos filósofos, encontrados na História da Filosofia e que devem ser
utilizados para desenvolver o pensamento
crítico, indispensável à promoção da dignidade
humana. Que sentido pode ter Karl Marx para
quem não associa as ideias desse autor ao cansaço causado pelo excesso de trabalho? Que
sentido pode ter Hannah Arendt se não a associarmos às violências que caracterizam – e
comprometem – a condição humana? Que
sentido tem John Locke quando dissociado da
corrupção que nos agride todos os dias?
Para favorecer essa produção de sentidos,
propõe-se uma abordagem dialógica: ouvir os
alunos e ser ouvido por eles; dialogar com base
no que se ouve na sala de aula e se lê nos textos
filosóficos; ler com os alunos e promover ou
provocar a leitura investigativa; refletir e fazer
que eles coloquem suas vidas em meio à discussão filosófica; finalmente, escrever, como
forma de expressão dessa reflexão.
Neste volume propomos oito situações de
aprendizagem, a saber: 1) Criando uma imagem crítica da Filosofia; 2) Como funciona o
intelecto? Introdução ao empirismo e ao criticismo; 3) Instrumentos de pesquisa em História da Filosofia; 4) Áreas da Filosofia; 5)
Introdução à Filosofia da Ciência, com destaque para o pensamento de Karl Popper e Thomas Kuhn, bem como os tipos de raciocínio,
como indução e dedução; 6) Introdução à
Filosofia da Religião – Deus e a Razão.
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O uso da racionalidade relacionada à existência de Deus é de particular importância,
razão pela qual esse tópico deve ser abordado
com extremo cuidado, a fim de evitar toda e
qualquer manifestação que possa censurar a
liberdade de escolha do aluno. Aqui certamente aparecerão, com maior destaque, as
influências e os conhecimentos prévios dos
alunos. Cabe a você, professor, assegurar o
respeito de todos os posicionamentos. O respeito à diversidade é, neste caso, essencial; 7)
Introdução à Filosofia da cultura – mito e
cultura; e 8) Introdução à Filosofia da arte
– Nietzsche.
Metodologia e estratégias
Os temas deste Caderno devem ser estudados principalmente com base na análise de
textos – leitura, interpretação, compreensão,
síntese, associação, classificação, comparação,
organização, caracterização, estabelecimento de
relações e conclusão – e na realização de pesquisas extraclasse. É essencial sempre valorizar a
participação dos alunos em sala.
Avaliação
Em relação às propostas de avaliação, compreendemos que, além da correção do conteú­do, ela
deva ser um diagnóstico completo do processo de
ensino-aprendizagem e um estímulo aos alunos
para que eles próprios possam analisar seu desempenho. A avaliação só se reveste de significado se
for capaz de proporcionar o aprimoramento das
atividades pedagógicas, tanto por parte do professor quanto do aluno. Trata-se de um momento
de reflexão para ambos e deve fazer parte do
processo de aprendizagem. Os procedimentos de
avaliação visam, sobretudo, ao desenvolvimento
da capacidade de leitura, reflexão e escrita, fundamentada em conteúdos conceituais da Filosofia. Além disso, tais conteúdos devem se constituir
como instrumentos para desenvolver conteúdos
procedimentais e atitudinais, pois esta proposta
está comprometida com uma escola que promove
o desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos – o que inclui a formação de cidadãos críticos e participativos, comprometidos com
o universo social em que estão inseridos.
Bom trabalho!
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Por que estudar Filosofia?
Linhas teóricas da proposta
Para trabalhar essa questão com os alunos,
você pode dividi-la em duas partes; na primeira,
oriente uma discussão sobre: O que é Filosofia?.
Na segunda, diretamente relacionada ao cotidiano da escola, proponha um debate sobre a
importância da disciplina no currículo escolar:
Para que serve o estudo da Filosofia?. Como você
sabe, há várias respostas para essas questões,
pois, para cada grande filósofo, a Filosofia é algo
diferente. Por isso, a fim de evitar a construção
de um mosaico de definições, nossa proposta
será orientada pelas indicações dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(PCN-EM) para o ensino de Filosofia.
O que é Filosofia?
Uma discussão sobre o que é Filosofia precisa, de início, considerar que seu estudo no
Ensino Médio difere muito daquele que é
desenvolvido na universidade, de caráter essencialmente acadêmico.
Nas faculdades de Filosofia, ouve-se com
frequência que existem várias filosofias e que elas
nem sempre convivem de forma harmônica; é o
caso, por exemplo, do platonismo, do aristotelismo, do racionalismo, da hermenêutica, do
marxismo, da dialética, do realismo, do estruturalismo, do pós-modernismo, entre outras. Em
um curso de graduação, justifica-se o aprofundamento em uma ou em outra filosofia, segundo os
autores ou problemas que mais sensibilizam os
alunos – o que, muitas vezes, se deve às influências exercidas pelos próprios professores.
As questões que abrem nossa proposta
possuem como objetivo básico levar os alunos
a perceber o sentido cultural e político da
Filosofia e a importância de seu ensino para a
formação deles. Em resumo, fazer que percebam que estudar Filosofia, mais do que obrigação escolar, é um direito e uma conquista.
Como ponto de partida, orientamos as
Situações de Aprendizagem propostas neste
Caderno pelas seguintes definições:
A Filosofia é “uma reflexão crítica a respeito do conhecimento e da ação, a partir da
análise dos pressupostos do pensar e do agir
e, portanto, como fundamentação teórica e
crítica dos conhecimentos e das práticas”.
PCN + Ensino Médio: orientações educacionais
complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ciências Humanas e suas tecnologias. p. 44. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ciencias
Humanas.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2013.
Com base na definição dada, é possível pensar na segunda parte do problema levantado no
início desta seção, para avaliarmos – professores e alunos – qual é a importância de se estudar
Filosofia no Ensino Médio.
Para que serve o estudo da Filosofia?
Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois
pressupõe que tudo tem de ter uma utilidade,
um uso prático, como estudar Matemática apenas para não ser enganado no momento do
troco. Em geral, essa questão não se embasa em
uma discussão filosófica; ela procede das necessidades imediatas da ordem mercadológica. De
qualquer forma, a questão existe e pode ser uma
ponte para o diálogo.
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Em vez de expormos o histórico do conceito
e a crítica a uma concepção de cultura restrita
e utilitarista, vamos destacar a importância do
ensino da Filosofia no Ensino Médio para a
formação do cidadão na profunda dimensão
ético-política, o que pode ser amparado nos
próprios argumentos contidos nos PCN, nos
quais se afirma:
A nova legislação educacional brasileira parece reconhecer, afinal, o próprio sentido histórico da atividade filosófica e, por esse motivo, enfatiza a competência da Filosofia para promover, sistematicamente,
condições indispensáveis para a formação de cidadania plena!
Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – parte IV. p. 45.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2013.
Por que estudar Filosofia?
Com base nas considerações até aqui apresentadas, é possível afirmar que a reflexão crítica
Instrumento
Objetos
Objetivo
sustentada pela Filosofia (o instrumento) visa
auxiliar o adolescente (conhecimento/ação) no
processo de formação da cidadania (objetivo),
o que pode ser assim esquematizado:
Reflexão crítica
Conhecimento
Ação
Produção da cidadania
Em resumo, o objetivo de se estudar Filosofia é o conhecimento de seu instrumento, ou
seja, a reflexão crítica, que consiste em fazer o
pensamento voltar-se sobre si mesmo e sobre o
mundo, de modo a apropriar-se de experiências
e engajar-se na transformação da própria vida.
Os objetos de trabalho são o conhecimento
e a ação. A reflexão crítica deve considerar a
produção teórica da Filosofia, seus textos, os
problemas abordados e seus métodos. Ao
mesmo tempo, deve tratar de questões da
ação humana sobre seus conhecimentos e
sobre o mundo. Pedagogicamente, divididos
ou unidos, os objetos devem ser alvo constante de crítica reflexiva.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Situações de aprendizagem
Situação de Aprendizagem 1
Criando uma imagem crítica da Filosofia
No geral, os alunos têm grande dificuldade
de pensar de forma abstrata, até mesmo pelo
mundo imagético que os cerca. No entanto, é
possível incentivá-los a desenvolver essa capacidade por meio da construção de uma imagem
crítica da disciplina. Inicialmente, vamos ouvi-los sobre o que pensam da Filosofia em relação a outras disciplinas; em seguida, cabe
dialogar com eles a respeito do conceito de
Filosofia; depois, pode-se apresentar o conceito de reflexão utilizando a análise do espelho; na sequência, temos a leitura de trechos de
Aristóteles e Platão; por fim, é hora de promover o diá­logo com base nesses textos.
Todas essas sugestões, entretanto, devem
ser avaliadas por você, professor, que conhece
melhor os limites e as possibilidades de suas
condições de trabalho. É possível, por exemplo, dilatar ou reduzir o tempo dedicado a
cada atividade, bem como acrescentar ou
modificar procedimentos. Enfim, faça as
adaptações que julgar necessárias para atingir
seus objetivos docentes.
Conteúdos e temas: desenvolvimento dos conceitos básicos de Filosofia, reflexão e reconhecimento
do intelecto.
Competências e habilidades: dominar diferentes linguagens e compreender diferentes fenômenos
do conhecimento. A proposta procura incentivar as competências que possibilitam reconhecer
manifestações histórico-sociais do pensamento, além de incentivar as práticas do trabalho em
equipe, da pesquisa, da sistematização e apresentação de conceitos e informações e da exposição
oral e escrita. Durante sua realização, os alunos podem ser incentivados a selecionar, organizar
e identificar informações, bem como desenvolver a capacidade de produção de textos, associando
questões atuais a referências extraídas da História da Filosofia.
Sugestão de estratégias: orientar o trabalho em grupos, a realização da pesquisa, a coleta e a
sistematização das informações. Do momento de ouvir os alunos até que eles possam escrever, o
acompanhamento questionador e investigativo é fundamental. O exercício constante de propor
questões e ajudar os alunos a responder a elas é uma das chaves da investigação filosófica.
Sugestão de recursos: um espelho de tamanho médio e alguns textos selecionados.
Sugestão de avaliação: registros sobre a participação nas discussões. A leitura do texto produzido
pelos alunos e a sua reescrita devem ser consideradas.
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Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Inicialmente, e com o objetivo de que
os alunos conheçam e fixem conceitos que serão trabalhados ao longo
deste volume, você pode propor a atividade de
Pesquisa Individual que consta no Caderno do
Aluno sobre as expressões “Intelecto”, “Reflexão crítica”, “Filosofia” e “Cidadania”.
Em seguida, você pode pedir aos alunos que
preencham o quadro a seguir. Oriente-os a
evitar respostas que possam causar constrangimento, como “Arte lembra o professor
chato”, ou respostas muito específicas, como
“Matemática lembra o número 3”; neste caso,
seria melhor responder “Matemática lembra
números e cálculos”.
Depois de observar as anotações feitas no
Caderno dos alunos, você deve preencher o
mesmo quadro na lousa, lembrando que o
mais importante nele são as indicações sobre
Filosofia, pois a intenção é investigar o que os
alunos pensam da disciplina.
O que lembra o quê?
Matemática
Inglês
História
Geografia
Biologia
Língua Portuguesa
Educação Física
Arte
Filosofia
Física
Química
Sociologia
Quadro 1.
De posse das respostas, faça à classe algumas perguntas, de maneira que todos possam
responder oralmente; você pode modificar ou
acrescentar outras questões. Esta atividade
também está proposta no Caderno do Aluno,
na seção Preparação para discussão, na qual
os alunos poderão registrar suas respostas.
a) O que você pensa a respeito da Filosofia?
b) Como você imagina que é o trabalho de
um filósofo? Você conhece ou já ouviu
falar de um filósofo? Qual é o seu nome e
o que ele escreveu?
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Filosofia – 1a série – Volume 1
A seguir, apresentamos algumas respostas
obtidas em nossas experiências de aulas de
Filosofia com alunos do Ensino Médio.
ff “Um conhecimento inútil, não serve para
trabalhar ou arrumar emprego e não dá
dinheiro.” A essa ideia, bastante recorrente, é possível opor argumentos contra o
reducionismo da vida humana ao trabalho.
Ressalte que somos mais do que o dinheiro
pode pagar. Além disso, lembrando que a
Filosofia é uma importante manifestação
da cultura, você pode questionar a classe a
respeito da subordinação mecânica à utilidade mercadológica.
ff “Um conhecimento profundo demais e que
não somos capazes de entender.” De fato,
a Filosofia é um conhecimento profundo,
mas, desde que se dê o primeiro passo, é
possível caminhar longas distâncias.
ff “Um curso para passar o tempo, pois não
reprova.” Aqui, você pode lembrar que
exercitar o pensamento é uma ótima oportunidade para se desenvolver. Mas, como
está em jogo também o modo como se
passa o tempo, é possível pedir aos alunos
que avaliem o que é melhor: viver a vida
como uma pedra, apenas sofrendo a erosão do tempo, como um animal selvagem,
à procura somente do que serve de imediato, ou como um ser humano, capaz de
crescer e se desenvolver conscientemente.
ff “Um conhecimento alienado, incapaz de
dialogar com a realidade.” Embora essa
ideia seja muito comum, não é difícil mostrar que a Filosofia se preocupa, sim, com a
realidade, pois fazem parte de suas preocupações questões muito importantes, como
o aborto e a eutanásia, ou como deve ser a
justiça para lutar contra as injustiças, como
deve ser um bom político, como identificar
a corrupção moral ou como avaliar, eticamente, as aplicações da Ciência.
ff “Um conhecimento de gente revoltada,
que não gosta de religião, moral ou das
coisas como elas deveriam ser.” Sobre isso,
reconhecido o direito das pessoas de serem
agnósticas ou ateias, é importante dizer
que a Filosofia não pode ser associada com
revoltas contra as religiões ou contra a religiosidade. A Filosofia é crítica na medida em
que procura pensar todos os lados de uma
questão. No caso da religião, ela busca superar as visões superficiais que, por exemplo,
classificam as pessoas como boas e honestas
só por irem diariamente à igreja ou ao templo, sem considerar suas atitudes cotidianas.
Mais ainda: a Filosofia se permite refletir
sobre uma explicação divina para as injustiças sociais, como a fome e a violência, o
que pode ser estendido ao campo da moral:
por exemplo, devemos julgar os outros sem
saber o que acontece com eles de verdade?
É possível ignorar que uma pessoa considerada honesta e boa na frente dos amigos e da
família, tenha, em outras situações, atitudes
vergonhosas, desonestas, maldosas e, consequentemente, condenáveis?
ff “Um conhecimento que ajuda a gente a ser
feliz, uma terapia de grupo.” Não é difícil encontrar na Filosofia consolo e reflexão, que podem nos animar, estimular e
fortalecer. Mas é preciso informar que, às
vezes, a Filosofia trata de questões difíceis,
principalmente quando descobrimos que
temos responsabilidades maiores. O lado
terapêutico da Filosofia existe; no entanto,
há também a exigência de trabalho e engajamento por um mundo melhor. Ela deve
fazer bem ao indivíduo e ao grupo, mas
isso nem sempre é prazeroso.
ff “Uma lição de moral, já que o padre e o pastor
não podem vir à escola.” A reflexão ética não
é um exercício normativo; a imagem da Filosofia moralista normativa deve ser colocada
em questão por imperativos éticos. Por exemplo, é uma norma moral respeitar e obedecer
ao pai e à mãe. Entretanto, o que deve ser feito
quando o filho é colocado em uma situação
de violência pelos pais? Ou o irmão por outro
irmão? O cidadão de que a sociedade precisa
para tornar-se melhor deve ser capaz de fazer
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um discernimento ético sobre questões como
essas, não se reduzir a um inconsciente cumpridor de preceitos morais.
ff “Um jeito de viver.” Você deve se lembrar
de que, na faculdade, muitos colegas se
decepcionaram porque não encontraram
na Filosofia uma solução para suas vidas.
Apesar de termos filósofos muito religiosos, a Filosofia não é uma espécie de religião; ela é uma reflexão. Quando ouvimos
uma pessoa falar “a minha filosofia de
vida”, ela está se referindo ao seu jeito de
encarar as coisas, e não à Filosofia mesmo,
que é uma reflexão crítica e metódica.
Ver e ouvir – O espelho
Preparação
Para esta etapa, é necessário que você disponha de um espelho de tamanho médio para
usar em sala.
Questões para investigação
Procure dividir a classe, no máximo, em cinco
grupos. Assim que os grupos estiverem formados,
escreva, na lousa, as seguintes questões, também
formuladas no Caderno do Aluno:
a) O que se vê no espelho?
b) O que o espelho não pode refletir?
c) Como e para que o espelho é utilizado?
Passe o espelho para cada grupo e peça que
anotem as questões e entreguem as respostas
em uma folha separada. Sugerimos que as respostas sejam apresentadas por meio de tópicos.
Por exemplo, para a questão “Como e para que
o espelho é utilizado?”:
ff Ver se o cabelo está penteado;
ff Ver se temos espinhas no rosto.
Comentários sobre as questões
Com o espelho na mão e com as respostas
dos alunos, você pode discutir as questões:
O que se vê no espelho?
Comece falando sobre como funciona o
espelho: a luz branca, que contém todas as
cores, parte de sua fonte, por exemplo, o Sol
ou a lâmpada, e atinge os objetos. Os objetos
absorvem a luz, que é composta das cores do
arco-íris; se o objeto aparece com a cor amarela, por exemplo, é porque absorveu os raios
de todas as outras cores e refletiu a amarela;
o mesmo ocorre com as outras cores. Se o
objeto aparece preto, é porque absorveu todas
as cores, e, se aparece branco, é porque não
absorveu nenhuma cor. Seria interessante
mostrar o conceito com as cores da sala: a
camiseta verde, o boné azul, o batom vermelho etc.
Então, quando vemos as cores na realidade,
o que vemos é a reflexão da luz, em diferentes
partes que correspondem a elas. É verdade que
o físico explicaria isso com mais detalhes, por
meio das leis da óptica; afinal, a Filosofia sempre aprendeu muito com a Física e com as
outras ciências.
O espelho não deixa a luz atravessá-lo, pois
possui um revestimento opaco. Como a luz não
pode passar, ela vai e volta, integralmente. É
bom lembrar que o olho vê apenas a luz que
toca os objetos. Se o espelho reflete ou “rejeita”
toda a luz, mostra todas as cores, e é por isso
que, quando olhamos para ele, vemos a imagem completa. A esse fenômeno damos o nome
de reflexo.
O que o espelho não pode refletir?
Um espelho não pode mostrar os objetos
que a luz não atinge. Por isso, não existe reflexo
no escuro. Ele também não pode mostrar o que
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Filosofia – 1a série – Volume 1
não está à sua frente ou o que está escondido,
nem os seres invisíveis a olho nu, como o ar e
os micróbios. Ele não pode refletir a si mesmo.
E também não pode mostrar o passado nem o
futuro; ele só mostra o presente.
Como e para que o espelho é utilizado?
Trata-se de um excelente momento para
pensar o espelho do ponto de vista estético. E
por que não usar o espelho para ensinar a
refletir?
Ler
Preparação
Prepare biografias curtas de Aristóteles e
Platão. Apresente aos alunos os dados relevantes. Você pode salientar algumas curiosidades, pois isso cativa a atenção e pode
levá-los a se identificar com alguns dos filósofos, despertando-lhes a curiosidade e a
vontade de aprofundar o estudo. Essa prática
pode, também, aproximar os alunos da História da Filosofia, fazendo-os chegar até ela
pelos exemplos, e não pela memorização de
nomes, datas e sínteses esquemáticas.
O mais importante, porém, é destacar que
esses filósofos podem ajudar a pensar sobre a
capacidade reflexiva dos seres humanos.
Depois disso, apresente para os alunos os
textos selecionados a seguir. Caso julgue necessário, acrescente outros textos que considere
importantes, extraindo-os, por exemplo, de seu
material didático. É fundamental que os alunos
tenham contato com esses excertos.
Na Filosofia, a palavra “alma” apresenta
várias possibilidades de entendimento e conceitos, elaborados, por exemplo, pelos pré-socráticos, a escola pitagórica, Platão, Santo
Agostinho, Descartes, entre outros filósofos.
Está presente também nas concepções da
ciência moderna, da neurociência, da teologia
etc. Do ponto de vista teológico, muitos alunos associam a espírito, parte não material,
invisível do ser humano, e a faculdades mentais, morais, afetivas do homem, entre outras
compreensões possíveis. Daí a necessidade de
o professor tratar a palavra “alma” com
muita atenção, uma vez que ela adquire conceito muito específico, peculiar e próprio na
filosofia aristotélica.
Professor, os textos a seguir, bem
como as atividades referentes a
eles, encontram-se no Caderno do
Aluno. Peça aos alunos que sublinhem as
palavras que desconhecem no texto, procurem seu significado e as transcrevam no
final do Caderno do Aluno, na seção Meu
vocabulário filosófico.
Ao considerarmos que o conhecimento
de qualquer tipo é algo a ser honrado e valorizado, um tipo que talvez seja, em razão de
sua maior exatidão ou por dizer respeito a
objetos mais belos e elevados, digno de
maior valor do que qualquer outro, em
ambos os casos deveríamos naturalmente
colocar o estudo da alma em primeiro lugar.
O conhecimento da alma certamente contribui muitíssimo para o avanço da verdade em
geral e, acima de tudo, para a nossa compreensão da Natureza, já que a alma é, em certo
sentido, o princípio da vida animal. Nosso
objetivo é captar e compreender primeiro
sua natureza essencial e, segundo, suas propriedades; destas, algumas são compreendidas como afetos próprios da alma em si,
enquanto outras são consideradas como
sendo ligadas ao animal, já que este a carrega em si mesmo.
ARISTÓTELES. Da alma.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/download/texto/ps000011.pdf>.
Acesso em: 12 jul. 2013. Tradução Eloisa Pires.
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Pois nada mais faço do que persuadir a
todos, jovens e anciãos, a não se preocuparem com si mesmos ou com suas posses,
mas acima de tudo e principalmente a se
preocuparem com o mais profundo aperfeiçoamento da alma. Digo a vocês que a
virtude não é dada pela riqueza, mas que,
de fato, a virtude gera riqueza e também
todos os bens dos homens, públicos e também privados.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Disponível em:
<http://ia700301.us.archive.org/
22/items/apologyphaedoan00longgoog/
apologyphaedoan00longgoog.pdf>. Acesso
em: 21 out. 2013. Tradução Eloisa Pires.
Comentário sobre os textos
Como estamos iniciando o estudo da
Filosofia por meio do conceito de reflexão e
vimos que o espelho não mostra tudo o que
acontece na vida natural e na cultura
humana, você pode chamar a atenção dos
alunos para o fato de que Platão e Aristóteles trazem em seus textos a preocupação com
a alma, com a virtude, com a capacidade de
conhecimento, ou seja, com palavras ou conceitos que fazem parte da experiência
humana e exigem esforço de reflexão que se
distingue da reflexão constatada com a ajuda
do espelho.
ff Como podemos afirmar que existem a alma,
a virtude, a capacidade de conhecimento?
ff O que fazemos para refletir sobre esses
conceitos?
Em diferentes culturas e momentos históricos, o ser humano formulou entendimentos
distintos sobre virtude, alma e conhecimento.
ff O que os alunos do Ensino Médio, presentes
na aula de Filosofia, entendem por alma?
ff Onde formularam suas representações
sobre alma e virtude? Nas igrejas, na família, na escola? Com a ajuda do cinema?
Da televisão?
Diferentemente do corpo, o intelecto é
inteligível. Mas, assim como o corpo, ele pode
ser melhorado. Esta reflexão deverá conduzir
o aluno a compreender que a sofisticação do
seu pensamento pode promover o desenvolvimento consciente de cuidados com seu corpo.
Como argumentar que existem a alma e virtudes como solidariedade e justiça, e que somos
capazes de pensar e de conhecer o mundo em que
vivemos?
Uma conversa com os alunos sobre essas
questões pode ajudar a problematizar a diferença entre a reflexão do espelho e a reflexão
intelectual.
As respostas dos alunos podem ser registradas para aprofundamento posterior à atividade
que se segue.
Escrever
A partir daqui, pode-se propor uma comparação entre os conceitos de reflexão intelectual e reflexão no espelho. Uma boa estratégia
é dar continuidade às questões propostas na
atividade com o espelho.
O quadro seguinte pode ser um exercício
prático para realização em sala de aula. Convém preenchê-lo por etapas, discutindo o seu
conteúdo. A atividade está presente no Caderno do Aluno, com o seguinte enunciado: Em
que os aspectos da reflexão de uma imagem no
espelho se assemelham aos aspectos da reflexão
intelectual ou deles diferem? Preencha o quadro
a seguir:
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Reflexão do espelho
Reflexão intelectual
Necessita somente de luz.
A reflexão intelectual precisa de ideias e conhecimento.
Apenas reflete o que está à sua frente.
O intelecto pode refletir sobre coisas escondidas ou ausentes,
assim como pessoas que moram longe e de quem gostamos.
Apenas reflete as imagens do presente.
Reflete sobre coisas do passado e pensa o futuro. Em relação ao
presente, ela trata dos sentidos, dos valores e das interpretações
que fazemos do que podemos ver e do que apenas percebemos
da realidade.
Apenas reflete o que é visível.
Reflete sobre coisas “invisíveis”, ou abstratas, como o amor, a
saudade ou as ideias, sem esquecer, obviamente, a Filosofia.
Caso não funcione direito, pode ser descartado.
É possível melhorá-la por meio do conhecimento.
Não pode refletir a si mesmo.
Pode refletir sobre si mesma.
Quadro 2.
Preenchido o quadro, peça aos alunos que destaquem uma das afirmações contidas nele e, na sequên­cia,
redijam um texto de 15 linhas, tentando
explicá-la para um interlocutor imaginário,
que deve ser identificado no texto. Assim,
pensando no destinatário, eles poderão
expressar-se com mais clareza. O texto deve
contemplar a comparação entre a reflexão do
espelho e a reflexão intelectual. Como são
poucas linhas, a tarefa pode ser realizada na
própria aula ou como Lição de casa, de
acordo com a proposta do Caderno do Aluno,
a critério do professor.
Avaliação da Situação
de Aprendizagem
Observe as produções do aluno e a correção
dos textos escritos com o objetivo de verificar a
capacidade de organização para o estudo; verifique se todas as atividades foram concluídas.
Propostas de questões para avaliação
As questões 1, 2, 3 e 4 propostas a
seguir estão no Caderno do Aluno
na seção Você aprendeu? e a questão 5 está disponível apenas para o professor.
Essas atividades podem ser utilizadas no formato de avaliação em processo. Por meio delas,
espera-se que o aluno reflita com mais propriedade sobre as três principais indagações (o que
é?, como é?, por que é?) que caracterizam a
atitude filosófica.
1. Registre uma situação do dia a dia na
qual um jovem precise realizar uma reflexão. Pode ser uma situação real, recuperada com a ajuda da memória, ou uma
situação fictícia, inventada para este
exercício.
Espera-se que o aluno elabore situações cotidianas cujos
personagens reflitam sobre as relações que produziram tais
situações, assim como hipóteses sobre desfechos e soluções possivelmente encontradas.
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2. Destaque um conteúdo que você estudou
na 8a série/9o ano, de qualquer uma das disciplinas, e elabore uma ou duas perguntas
para reflexão sobre esse conteúdo.
Espera-se que o aluno registre perguntas que permitam o
questionamento sobre origens, finalidades ou sentidos relativos aos conteúdos destacados.
3. Releia o seguinte texto e apresente um argumento a favor da afirmação de Platão e um
argumento para questionar esta afirmação:
Pois nada mais faço do que persuadir a
todos, jovens e anciãos, a não se preocuparem com si mesmos ou com suas posses,
mas acima de tudo e principalmente a se
preocuparem com o mais profundo aperfeiçoamento da alma. Digo a vocês que a
virtude não é dada pela riqueza, mas que,
de fato, a virtude gera riqueza e também
todos os bens dos homens, públicos e também privados.
PLATÃO. Apologia de Sócrates.
Disponível em: <http://ia700301.us.archive.org/
22/items/apologyphaedoan00longgoog/
apologyphaedoan00longgoog.pdf>. Acesso
em: 21 out. 2013. Tradução Eloisa Pires.
Espera-se que o aluno demonstre capacidade de distinguir
a ideia central defendida por Platão, a saber, que a riqueza
pode derivar da virtude e que a virtude não deriva da riqueza,
argumentando em defesa dessa ideia, e que revele, também,
capacidade de problematizar essa afirmação com questões
que, em geral, utilizamos para defender
a ideia de que a alma existe, elabore seu
argumento particular em relação a essa
ideia, fazendo referência às experiências
familiares, escolares ou religiosas que,
na sua história de vida, favoreceram essa
elaboração.
Espera-se que o aluno recupere experiências coerentes com
a necessidade de apresentar argumentos favoráveis à ideia de
que a alma existe.
Proposta de situação
de recuperação
Oriente os alunos em recuperação a retomar o quadro comparativo entre reflexão do
espelho e reflexão intelectual. Solicite que selecionem um dos temas apresentados como
exemplo para a reflexão intelectual: amor e
saudade. Em seguida, eles deverão apresentar
argumentos que demonstrem a existência desse
tema. Para muitos alunos, refletir sobre a existência de um tema de sua experiência de vida
poderá facilitar o conteúdo trabalhado nesta
Situação de Aprendizagem.
Recursos para ampliar
a perspectiva do professor
e do aluno para a
compreensão do tema
Livros
que relativizem essa assertiva.
4. Selecione um problema social atual e vivenciado por determinados grupos de jovens
brasileiros e apresente questões para uma
reflexão crítica sobre ele.
LORIERI, Marcos. Filosofia: fundamentos e
métodos. São Paulo: Cortez, 2002 (Docência
em formação). Livro que permite uma visão
ampla do trabalho do professor, com várias
indicações metodológicas.
Espera-se que o aluno elabore questões que permitam a
contextualização e as diversas perspectivas que cercam o
problema selecionado.
5. Considerando a conversa que mantiveram em classe sobre os argumentos
MATOS, Olgária. Filosofia: a polifonia da
razão – Filosofia e educação. São Paulo:
Scipione, 1997 (Pensamento e ação no magistério). Livro que dialoga com a tradição
filosófica e o objetivo da formação cidadã.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Situação de Aprendizagem 2
Como funciona o intelecto?
Introdução ao empirismo e ao criticismo
A primeira Situação de Aprendizagem tratou
do reconhecimento do intelecto. A segunda
pretende aprofundar esse reconhecimento. O
objetivo geral desta Situação de Aprendizagem
é que o aluno compreenda o intelecto como um
objeto de estudo, que pode ser entendido. Para
alcançar esse objetivo, na primeira etapa, vamos
abordar o empirismo a partir do funcionamento
de aparelhos de rádio, da televisão ou do celular,
na segunda etapa, leremos o texto de John
Locke; na terceira, o foco é o texto de Kant
sobre os conhecimentos apriorísticos.
Conteúdos e temas: os conceitos básicos são Filosofia, reflexão e reconhecimento do intelecto,
empirismo, tipos de conhecimento e criticismo.
Competências e habilidades: o objetivo desta Situação de Aprendizagem é estimular o exercício e
o desenvolvimento de habilidades como a compreensão da dinâmica da aprendizagem e a leitura
da ordem dos argumentos de um texto filosófico. Por meio dessa proposta, procura-se incentivar
o desenvolvimento de competências relacionadas à sistematização de ideias e sua diferenciação.
Na realização das atividades, os alunos podem organizar os argumentos de um texto filosófico e
associar questões atuais a referências extraídas da História da Filosofia.
Sugestão de estratégias: além das aulas expositivas, você deve orientar o trabalho de leitura com
base na visualização do equipamento de comunicação. A leitura contínua dos textos como exercício
da descoberta de uma ordem argumentativa constitui uma boa estratégia.
Sugestão de recursos: aparelho de rádio, televisão ou telefone celular, sites e textos selecionados.
Sugestão de avaliação: como toda a tarefa é realizada em sala de aula, a observação e as anotações
a respeito da participação são fundamentais. A ordenação de argumentos deve ser considerada
como espaço de visualização das capacidades de leitura e escrita do aluno. Em relação às
competências e habilidades, espera-se que o aluno seja capaz de ler textos filosóficos, compreender
suas estruturas e ordenar suas ideias.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
O rádio, a televisão e o celular
Para desenvolver esta Situação de Aprendizagem, você precisará de um aparelho de
rádio, televisão ou celular, de preferência quebrados, para que se possa observar o seu interior.
Professor, há, no início da Situação de
Aprendizagem no Caderno do Aluno, a solicitação para que o aluno represente o funcionamento do rádio, da televisão ou do celular por
meio de um desenho e mostre como tais aparelhos decodificam e reproduzem o sinal.
Como introdução, apresente uma pequena
biografia intelectual de John Locke. Em seguida,
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após mostrar o rádio, a televisão ou o celular
aos alunos, você pode propor as questões formuladas a seguir, também reproduzidas no
Caderno do Aluno. Procure sempre comparar
o funcionamento do aparelho ao da inteligência
humana. É importante, nas discussões, considerar a proposta teórica do empirismo, assim
como as questões já trabalhadas sobre o conhecimento do intelecto, ou da alma intelectiva,
baseando-se nos textos filosóficos anteriores. Os
alunos deverão responder às seguintes questões,
com ajuda do debate em sala de aula:
a) Como o rádio, a televisão e o celular captam, decodificam e reproduzem sinais?
outros. Assim, a interpretação não se reduz a uma atividade da mente isolada e entra em contato com o mundo
real, onde vivem outras pessoas. Por exemplo, se está calor
e minha pele está sentindo o Sol, eu posso fazer esse
comentário para outra pessoa e ela pode confirmar. São as
experiên­cias interpretadas pelos seres humanos que dizem
o que é verdadeiro ou não. A isso damos o nome de sensibilidade, porque nossa inteligência, ou nosso intelecto,
necessita da experiência para entender o mundo.
c) É possível saber como o nosso pensamento
funciona, do mesmo modo que o técnico
conhece o funcionamento de um aparelho
de rádio, televisão ou celular?
Sim, é possível saber como nossa inteligência funciona e como
Procure enfatizar o seu funcionamento graças à captação
ela aprende. Para isso existe a reflexão, que consiste em fazer
(via satélite, por exemplo) de sinais externos, por meio de
a inteligência olhar para si mesma. Ao olharmos para nós
antenas e cabos. Lembre-se de que o aparelho decodifica os
mesmos, conseguimos perceber os componentes de nossa
sinais, transforman­do-os em som e/ou imagens. Finalmente,
maneira de pensar, pois existem várias peças (ou partes) em
pergunte-lhes o que acontece quando removemos a antena
nós, assim como no rádio, na televisão ou no celular. O técnico
do rádio ou da televisão.
deve aprender como funciona cada uma das peças do rádio, da
b) Como o intelecto, ou pensamento humano,
capta os sinais do mundo?
A inteligência humana capta os sinais do mundo não por
televisão ou do celular para perceber onde serão necessários
os ajustes. Do mesmo modo, ao refletir, podemos aprender o
funcionamento de cada “peça” da nossa inteligência, ajustá-la,
se necessário, e, assim, desenvolver nossa inteligência.
antenas, mas sim pelos órgãos dos sentidos: ouvidos, olhos,
língua, pele e nariz. Quando sentimos o mundo, nós o captamos. Os cheiros, os sons, os sabores, as cores e as temperaturas, tudo é interpretado pela inteligência.
Além disso, podemos partilhar o que captamos com os
O rádio, a televisão ou o celular
Podemos comparar o rádio, a televisão e o
celular com o intelecto. Esta atividade está
proposta também no Caderno do Aluno, na
questão 2 da seção Leitura e análise de texto:
O entendimento ou o intelecto
Capta o mundo pela antena ou cabo.
Capta o mundo pelos cinco sentidos.
Analisa e interpreta o sinal.
Analisa e interpreta as experiências.
Depois de interpretar o sinal, transforma-o
em imagem ou som.
Depois de interpretar as experiências, transforma-as em ideias.
Só interpreta o sinal destinado a ele.
Interpreta tudo o que aparece aos sentidos e pode experimentar
outras coisas.
Não aprende nada com o que capta.
Aprende ou pode aprender com tudo o que capta.
Não pode refletir sobre o que capta.
Pode refletir sobre o que consegue captar e, inclusive, transmitir
para outras pessoas os conhecimentos.
Quadro 3.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
O trabalho do filósofo é parecido com o do
técnico que conserta aparelhos de rádio, televisão ou celular. Comparativamente, o filósofo
tem de conhecer as partes para poder melhorar
o funcionamento da inteligência. Isso significa
que a Filosofia pode nos auxiliar a desenvolver
ideias mais claras e a melhor sintonizá-las.
Ler – Parte 1
Utilize a pequena biografia de John
Locke, com dados básicos sobre o
autor, já apresentada aos alunos,
para trabalhar o texto a seguir, que pode ser
acompanhado pelo Caderno do Aluno, em
Leitura e análise de texto. Nesta seção, há
também atividades específicas para a análise
dos trechos. Peça aos alunos que sublinhem
as palavras que desconhecem, procurem seu
significado e as transcrevam no final do
Caderno do Aluno, na seção Meu vocabulário
filosófico. Caso julgue necessário, acrescente
outros textos e atividades que considerar
importantes para o desenvolvimento deste
conteúdo, extraindo-os, por exemplo, de seu
material didático.
Suponhamos, então, que a mente seja, como dissemos, uma folha em branco, vazia de elementos,
sem qualquer ideia: – Como ela é preenchida? De onde vem essa vasta coleção que a imaginação aguda
e ilimitada do homem nela inscreveu com uma variedade quase infinita? De onde vem todo o material
para a razão e o conhecimento? A isso eu respondo, em uma palavra, da experiência. Nela está fundamentado todo nosso conhecimento; e dela, em última análise, ela própria se deriva. Nossa observação
empregada seja sobre objetos externos sensíveis ou sobre operações internas de nossas mentes percebidas
e refletidas por nós mesmos é o que fornece nossa compreensão com todo material de pensamento.
Essas são as duas fontes de conhecimento a partir das quais derivam todas as ideias que temos, ou
podemos ter, naturalmente.
Primeiro, nossos Sentidos, conhecedores de objetos sensíveis particulares, realmente transmitem
para a mente inúmeras percepções sobre coisas, de acordo com os vários meios dentro dos quais esses
objetos os afetam. E, assim, obtêm-se as ideias que temos sobre amarelo, branco, calor, frio, macio,
duro, amargo, doce e todas aquelas que denominamos qualidades sensíveis; quando digo que os sentidos
transmitem à mente, quero dizer que eles transmitem à mente, a partir de objetos externos, aquilo que
produz nela tais percepções. A esta grande fonte da maioria das ideias que temos, dependentes unicamente de nossos sentidos, e da qual deriva nosso entendimento, eu denomino sensação.
Segundo, a outra fonte da qual a experiência fornece entendimento com ideias é a percepção de
operações de nossas próprias mentes dentro de nós, empregadas sobre as ideias que têm; operações as
quais, quando a alma chega a refletir e considerar, verdadeiramente fornecem o entendimento com
outro conjunto de ideias, que não poderiam existir a partir de coisas externas. E tais são percepção,
pensamento, questionamento, crença, racionalidade, conhecimento, vontade e todas as diferentes formas
de ação de nossas mentes.
Essa fonte de ideias, todo homem traz dentro de si; e, apesar de não ser um sentido, já que não tem
nada a ver com objetos externos, ela se parece muito com um e pode ser adequadamente denominada
como sentido interno. Mas, como denominei o outro sensação, logo denomino este como reflexão,
sendo as ideias proporcionadas por ele apenas existentes por meio da reflexão da mente em suas próprias
operações dentro de si mesma.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/gu010616.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2013. Tradução Eloisa Pires.
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Depois da leitura, organize grupos de cinco
alunos. Coloque os tópicos a seguir na lousa,
para que possam ser copiados, e faça um sorteio para distribuí-los entre os grupos.
1. A mente é vazia de ideias.
2. Como se adquire conhecimento?
3. A experiência é o fundamento de todos os
conhecimentos.
4. Como a experiência pode ensinar?
vários autores importantes ao longo de
muitos anos e pode ser discutido com pessoas interessantes pela internet.
Todos os argumentos, ou motivos, ou porquês foram elencados de modo a permitir a
defesa da ideia central. Lembre-se de que todo
texto é uma defesa de uma ou mais ideias. A
ideia central do texto que apresentamos pode
ser resumida nesta frase: “Nascemos sem conhecimento algum e vamos aprendendo pelas análises das experiências”.
7. A mente percebe as suas operações pela
reflexão.
Na sequência, peça aos grupos para procurar, no texto, trechos que combinem com a
frase que lhes coube. Cada uma delas resume
argumentos que estão no texto. Quando encontrarem, no texto, algo semelhante à frase que
possuem, terão, então, o argumento. Você pode
pedir que ordenem as frases segundo o texto.
Assim, eles poderão perceber a construção de
um raciocínio textual.
8.Tipos de percepções: pensar, duvidar, crer,
raciocinar.
Ler – Parte 2
5. Os sentidos fazem que as ideias entrem na
mente.
6. Tipos de experiências dos sentidos: branco,
amarelo, quente, frio, duro, amargo.
Distribuídos os tópicos, comente que os textos, de modo geral, procuram defender uma
ideia. Para isso, cria-se um raciocínio. Os raciocínios são feitos de argumentos, que mostram
ideias que defendem uma ideia central.
Sobre um filme, por exemplo, podemos
pensar:
ff ideia central: aquele filme é ótimo;
ff argumento 1: porque tem ideias interessantes;
ff argumento 2: porque é fácil de compreender;
ff argumento 3: porque estabelece relações com
outros filmes e ideias importantes para mim;
ff argumento 4: porque é agradável de assistir;
ff argumento 5: porque atribui a homens e mulheres valores semelhantes quanto às expectativas sociais (não reduz os homens à riqueza
nem as mulheres à beleza);
ff argumento 6: porque foi comentado por
Professor, esta etapa será baseada nas
ideias do texto “Da distinção entre o
conhecimento puro e o empírico”.
Com o objetivo de que os alunos conheçam e
assimilem conceitos que serão trabalhados neste
trecho e ao longo da segunda parte desta Situação de Aprendizagem, você pode pedir, previamente, que realizem a pesquisa sobre as
expressões “Experiência”, “Conhecimentos a
priori”, “Conhecimentos a posteriori”, “Sensação” e “Reflexão”, proposta na seção Pesquisa
individual do Caderno do Aluno. Recomendamos a apresentação inicial de uma pequena biografia de Immanuel Kant, nos moldes das
sugeridas anteriormente.
O texto a ser trabalhado e que está
reproduzido a seguir pode ser acompanhado também no Caderno do
Aluno, em Leitura e análise de texto. Após a
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leitura, peça aos alunos que sublinhem as
palavras que desconhecem, procurem seu significado e os transcrevam no final do Caderno
do Aluno, na seção Meu vocabulário filosó-
fico. Aproveite este momento para esclarecer
dúvidas e introduzir novas ideias. Peça também que identifiquem qual é a principal tese
do texto.
Da distinção entre o conhecimento puro e o empírico
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; pois de que outro modo
poderia a nossa faculdade de conhecimento ser despertada para o exercício, não fosse por meio de objetos
que estimulam nossos sentidos e, em parte, produzem representações por si mesmos, em parte colocam em
movimento a atividade de nosso entendimento, levando-a a compará-las, conectá-las ou separá-las e, assim,
transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em um conhecimento de objetos chamado experiência?
No que diz respeito ao tempo, portanto, nenhum conhecimento antecede em nós à experiência, e com esta
começam todos.
Ainda, porém, que todo nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso surge ele apenas
da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento por experiência fosse um
composto daquilo que recebemos por meio de impressões e daquilo que nossa própria faculdade de
conhecimento (apenas movida por impressões sensíveis) produz por si mesma; uma soma que não
podemos diferenciar daquela matéria básica enquanto um longo exercício não nos tenha tornado atentos
a isso e aptos a efetuar tal distinção.
Aquela expressão não é suficientemente determinada, contudo, para designar de maneira adequada o
sentido integral da questão posta. Pois, se costuma dizer, de muitos conhecimentos derivados de fontes da
experiência que nós somos capazes ou participantes deles a priori, na medida em que não os derivamos
imediatamente da experiência, mas sim de uma regra universal que, no entanto, tomamos emprestada da
própria experiência. Assim, diz-se de alguém que solapou os fundamentos de sua casa que ele poderia saber
a priori que ela cairia, i.e., ele não precisava esperar pela experiência em que ela de fato caísse. Inteiramente
a priori, contudo, ele não poderia mesmo sabê-lo. Pois teria que aprender antes, por meio da experiência,
que os corpos são pesados e, por isso, caem quando lhes é retirado o suporte.
No que segue, portanto, entendermos por conhecimento a priori aqueles que se dão não independentemente desta ou daquela, mas de toda e qualquer experiência. A eles se supõem os conhecimentos empíricos ou aqueles que só são possíveis a posteriori, i.e., por meio da experiência.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução Fernando Costa Mattos. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista:
Editora Universitária São Francisco, 2013. p. 45-46.
Comentário sobre o texto
Nesse trecho, Kant nos mostra como a Filosofia é importante para entender o funcionamento da nossa inteligência. Afinal, como
podemos melhorar algo que não sabemos
como funciona? Ninguém aprende a dirigir
bem um carro sem ter alguma noção de como
ele funciona. Assim é com o rádio, a televisão
e o celular e com a nossa inteligência. Kant
explica que o conhecimento que temos pode
ser posterior à experiência (conhecimento a
posteriori) ou anterior a ela (conhecimento
a priori).
Quando pensamos sobre o funcionamento da
nossa inteligência, fazemos uma reflexão crítica.
Agora podemos entender um pouco mais o conceito de Filosofia como “uma reflexão crítica a
respeito do conhecimento e da ação, por meio
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da análise dos pressupostos do pensar e do agir
e, portanto, como fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas”.
Traduzindo para uma linguagem mais simples, podemos dizer que a Filosofia consiste em
analisar como nós pensamos a respeito do
conhecimento e da ação. Nossa inteligência
está bem equipada para pensar os conhecimentos? Nossa inteligência está bem equipada para
pensar as ações?
Exercício
Após essas discussões, peça aos alunos que
desenhem um robô que tenha peças com as
seguintes funções externas: capturar sons,
imagens, temperatura, tipo de superfície
(áspera, lisa, mole, dura), cheiros e sabores.
Em seguida, oriente-os a desenhar os componentes para o computador desse robô, lembrando que cada peça deve ter uma função
interna correspondente às seguintes funções
externas: analisar a quantidade, analisar a
qualidade, analisar as relações e julgar os
valores.
Avaliação da Situação
de Aprendizagem
Proposta de questões para avaliação
É importante destacar que as questões 1, 2 e 3 propostas a seguir
estão dispostas no Caderno do
Aluno na seção Você aprendeu? e a questão 4
está disponível apenas para o professor. Essas
atividades podem ser utilizadas no formato de
avaliação em processo. Por meio delas espera-se que o aluno possa identificar alguns conceitos elaborados por Kant e Locke, ao tratarem
da natureza do nosso conhecimento.
1. Destaque o nome de um filme ou programa de televisão que você considera
bom e argumente a respeito de sua qualidade. Analise os seus argumentos e responda: Quais são os critérios que o levam
a afirmar que um filme ou um programa
tem qualidade?
Espera-se que o aluno reflita sobre os próprios argumentos,
identificando critérios de qualidade de um filme ou de um
programa de televisão. O professor deve estar atento para o
fato de que essa questão exige dois movimentos do aluno:
elaborar argumentos e identificar critérios de qualidade.
2. Para Kant, o que são conhecimento a priori
e conhecimento a posteriori?
O aluno deve ser capaz de responder, de forma clara e concisa, que a priori é o conhecimento adquirido sem a necessidade da experiência e que a posteriori é o conhecimento
ao qual se chega depois da experiência.
Você pode avaliar a Situação de Aprendizagem com base na participação em aula e na
verificação dos Cadernos dos alunos.
3. Destaque a diferença central entre as ideias
apresentadas no texto de Locke e no de Kant.
Espera-se que o aluno identifique que, segundo Locke,
Com o objetivo de alcançar as habilidades
de reflexão e organização do pensamento, por
meio do conhecimento do próprio intelecto,
procure observar, como na Situação de Aprendizagem anterior, se os alunos fizeram todos os
exercícios e se os textos propostos estão registrados no Caderno. O Caderno deve ser a organização do estudo filosófico do aluno. No caso
da redação, a avaliação consiste em aferir a
capacidade de leitura, reflexão e escrita.
todo novo conhecimento se origina da experiência,
enquanto, para Kant, o conhecimento é uma soma
daquilo que recebemos da impressão dos sentidos (a
posteriori) e daquilo que a nossa faculdade de conhecer
lhe adiciona (a priori).
4. Apresente uma relação de conhecimentos
que você já elaborou sobre uma de suas atividades antes mesmo de tê-la vivenciado.
Espera-se que o aluno selecione uma atividade do seu
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Filosofia – 1a série – Volume 1
cotidiano, como um esporte, uma atividade artística, um
trabalho voluntário ou profissional, uma tarefa doméstica, e
identifique conhecimentos apriorísticos, ou seja, conhecimentos que foram acionados e que já haviam sido elabora-
Além da leitura, pode-se pedir aos alunos que
tentem explicar os excertos, escrevendo
pequenos textos sobre eles – e reescrevendo,
quando necessário.
dos antes mesmo de ele a vivenciar.
Proposta de situação de recuperação
Como na Situação de Aprendizagem anterior, releia com os alunos os textos filosóficos
que apresentaram dificuldade de compreensão. Essa leitura possibilitará ao professor
identificar as deficiências conceituais e fornecer uma explicação mais detalhada para os
conceitos que não foram bem apreendidos.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
Site
Domínio Público. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 12
jul. 2013. Este site oferece para download obras
filosóficas integrais.
Situação de Aprendizagem 3
Instrumentos de pesquisa em História da Filosofia
A Filosofia é dividida em áreas específicas,
segundo os principais interesses do conhecimento filosófico. Neste tópico, vamos discutir
algumas áreas com o propósito de oferecer aos
alunos uma visão mais abrangente e elementos
que lhes permitam fazer pequenas pesquisas
para a construção de textos filosóficos. Para
esse fim, selecionamos os seguintes tópicos:
Elementos de História da Filosofia, Epistemologia, Teoria do Conhecimento, Ética, Política
e Estética.
A construção de textos depende sempre da
pesquisa como forma de estímulo para a curiosidade, a leitura e a reflexão crítica. No entanto,
é comum a pesquisa escolar reduzir-se a mera
cópia de textos de qualidade duvidosa, principalmente pelo mau uso dos recursos da internet. Então, o que fazer? Como a pesquisa é
fundamental para o desenvolvimento autônomo do educando, sugerimos dar a ele algumas ferramentas de pesquisa em História da
Filosofia, de modo especial pela elaboração de
biografias.
A sugestão de trabalhar com as biografias
baseia-se na consideração de que, ao se estudar
História da Filosofia, deve-se colocar a Filosofia
na história, isto é, compreender que a Filosofia
está intimamente ligada a uma tradição, que tem
objetos e problemas próprios, mas, ao mesmo
tempo, está inserida em épocas e lugares.
Conteúdos e temas: os conceitos básicos a ser desenvolvidos são: História da Filosofia, História,
biografia, características da Filosofia Antiga, características da Filosofia Medieval, características
da Filosofia Moderna e características da Filosofia Contemporânea.
Competências e habilidades: o objetivo desta Situação de Aprendizagem é o de estimular o exercício
e o desenvolvimento de habilidades como a compreensão e a leitura de um texto filosófico. Por
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meio desta proposta, procura-se incentivar o desenvolvimento de competências relacionadas à
sistematização de ideias e sua diferenciação.
Sugestão de estratégias: elaborar uma linha do tempo da História da Filosofia a fim de orientar
o trabalho de pesquisa passo a passo.
Sugestão de recursos: caso decida-se fazer a pesquisa em sala de aula, serão necessários livros
didáticos de Filosofia, com títulos variados, enciclopédias, dicionários de Filosofia e, se possível,
acesso à internet.
Sugestão de avaliação: se a tarefa for realizada em sala de aula, a observação e as anotações a
respeito da participação oral são fundamentais. Para o exercício de pesquisa, o foco é a leitura
investigativa e o debate esclarecedor. Em relação às competências e habilidades, espera-se que os
alunos sejam capazes de ler diversos textos filosóficos de modo investigativo.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Períodos da História da Filosofia –
Ouvir e escrever
Proponha algumas questões, como, por
exemplo: Você conhece alguma pessoa com
sabedoria? Como ela fala e procura resolver as
coisas que acontecem?
Para trabalhar a época em que viveu um filósofo, deve ser considerada a sua posição na divisão clássica da História da Filosofia: Filosofia
Antiga, Filosofia Medieval, Filosofia Moderna
e Filosofia Contemporânea. Além disso, mesmo
respeitando essa tradição, convém considerar a
especificidade de cada autor, evitando generalizações. Importa, aqui, levar em conta o contexto
histórico-social em que viveu o pensador.
O importante, neste momento, é que os
alunos percebam a íntima ligação entre pessoas sábias e a tentativa de resolver problemas
existentes em sua vida cotidiana.
Como forma de introduzir os alunos no
estudo da História da Filosofia, oriente-os
sobre o que é uma pesquisa biográfica, tema a
ser aprofundado em um segundo momento
nesta Situação de Aprendizagem. Você pode
sensibilizá-los por meio de questões sobre
algum filósofo selecionado por você. Pergunte
aos alunos: Quais foram as principais preocupações deste filósofo? Quais são os principais
elementos de seu pensamento? Quando e onde
ele viveu? Quais foram suas influências e a
quem ele inspirou?
A seguir, aprofundaremos o tratamento a
ser destinado a cada uma dessas questões.
É necessário, portanto, subsidiar os alunos
com uma visão geral sobre cada uma dessas
divisões, explicadas nas sínteses apresentadas
a seguir.
Filosofia Antiga
Trata-se do início da Filosofia, da formulação de seus primeiros problemas. A Filosofia
Antiga abrange um período que vai do final do
século VI a.C. até o século VII d.C. Tendo
como espaços iniciais as cidades-Estado da
Grécia, também desenvolveu-se em várias cidades do Império Romano, inclusive no Norte da
África. Os escritos da época sobre os quais
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Filosofia – 1a série – Volume 1
temos conhecimento foram produzidos, em
geral, em grego e latim, mas os espaços culturais em que se desenvolveram eram bastante
heterogêneos. Muitos textos dos pensadores
desse período acabaram se perdendo, restando-nos apenas alguns livros e fragmentos.
na Revolução Francesa e na Revolução Industrial, com a crescente desumanização do processo
social de produção. Seu espaço central ainda é a
Europa, mas cada vez mais atinge outros espaços,
como, por exemplo, os Estados Unidos da
América.
Filosofia Medieval
Após sua explanação sobre a divisão clássica dos períodos da História da Filosofia, peça
aos alunos que preencham o quadro que consta
no Caderno do Aluno, destacando: o contexto
histórico geral (incluindo as datas e as subdivisões do período), os principais problemas
filosóficos, as principais escolas filosóficas e os
grandes filósofos do período.
A Filosofia Medieval desenvolveu-se no
período que vai do século VIII ao século XIV.
Seus espaços foram, principalmente, os mosteiros e ordens religiosas europeias, onde a
Igreja Católica tinha hegemonia.
Entretanto, houve manifestações filosóficas
fora do mundo cristão, em especial no mundo
árabe e judeu. A Filosofia desse período foi uma
das áreas do conhecimento que ajudaram a
fomentar a criação das universidades. Sua principal discussão era a relação entre fé e razão, ou
seja, a tentativa de separar o que pertenceria a
Deus (a teologia) e o que pertenceria aos homens.
Filosofia Moderna
Iniciada no século XIV, a Filosofia Moderna
se estende até o final do século XVIII, no continente europeu. Nessa época, a Europa foi
palco do desenvolvimento do capitalismo, da
formação dos Estados nacionais, das grandes
navegações e dos processos de colonização e
formação dos impérios. A Igreja Católica perdeu a hegemonia para o protestantismo e para
as ideias que incentivavam a liberdade do
homem em relação à religião. Sua principal
discussão era a preocupação com o homem
racional e livre, com as mudanças na política e
com a esperança nas ciências empíricas.
Filosofia Contemporânea
Pesquisa biográfica –
Refletir e dialogar
Agora, você pode retomar a pesquisa de
biografias, orientando os alunos sobre as fontes em que elas devem ser embasadas. Enfatize
a importância de consultar boas enciclopédias, dicionários de Filosofia, livros didáticos
e paradidáticos, além de revistas especializadas. Caso seja possível em sua escola, recomende o uso da internet, mas assegure-se de
que suas orientações serão seguidas, especialmente para evitar a cópia pura e simples de
conteúdos não entendidos.
A atividade Lição de casa do
Caderno do Aluno propõe a realização de uma pesquisa biográfica
sobre a vida de um filósofo indicado pelo professor orientada pelas perguntas a seguir:
a) Quando e onde o filósofo viveu? Quais foram os fatos mais marcantes da vida dele?
Esta questão é fundamental para conhecer o pensamento
de um autor. É importante dizer com o que o filósofo mais
A Filosofia Contemporânea estende-se do
final do século XVIII até os nossos dias. É possível dizer que seus objetos de estudo se inspiram
se ocupou com base nas áreas da Filosofia, tais como Ética,
Política, Metafísica, Epistemologia, Teoria do Conhecimento, Religião, Lógica e outras. Em seguida, é necessário
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apresentar, resumidamente, como se caracterizaram essas
preocupações e como ele tentou respondê-las.
b) Ele se inspirou em quem? E influenciou
quem?
Espera-se, como resultado da pesquisa, que o autor seja
apresentado em relação à tradição filosófica. Por exemplo, a
escola filosófica da qual o pensador participou e as influências que foram recebidas ou exercidas por ele. Quando for
O primeiro exercício da atividade propõe que
os alunos identifiquem o filósofo a partir de pistas sobre seus principais pensamentos e, em
seguida, completem as palavras cruzadas com o
nome de cada filósofo identificado na atividade.
No segundo exercício, os alunos são provocados
a pensar sobre os assuntos que acreditam valer a
pena refletir. Este pode ser um interessante ponto
de partida para um debate.
o caso, registrar seus oponentes, além de filósofos e pessoas
importantes que foram inspirados por ele.
c) O que ele pensou sobre:
ff Ética
ff Política
ff Teoria do Conhecimento
O resultado da pesquisa deve refletir, em linhas gerais, o
pensamento do autor em três áreas capitais da Filosofia. É
desejável que o aluno perceba, em certa medida, possíveis
relações e conexões entre elas: entre política e ética, entre
ética e teoria do conhecimento, ou entre teoria do conhecimento e política.
d) Além dessas informações, você encontrou
alguma outra curiosidade a respeito da
vida dele?
Espera-se que essa “curiosidade” vá além de questões sobre
Para finalizar a Situação de Aprendizagem,
você pode propor aos alunos que realizem uma
nova pesquisa biográfica, dessa vez em grupo.
Faça um sorteio entre nomes como Platão,
Aristóteles, Santo Agostinho, René Descartes,
Baruch Espinosa, David Hume, Voltaire,
Georg W. F. Hegel, Friedrich Nietzsche,
Karl Marx, Kant, Martin Heidegger, Sartre,
Hannah Arendt e outros que considerar fundamentais. Procure contar aos alunos alguns
fatos interessantes sobre a vida desses filósofos
para estimular a curiosidade deles.
Você pode debater com eles os resultados da
pesquisa e, por fim, orientá-los a redigir, em folha
avulsa, um texto de aproximadamente duas páginas, contemplando as questões estudadas.
a vida pessoal do filósofo, embora estas possam, eventualmente, ser interessantes. De preferência, a atenção deve
ser dirigida para sua vida pública: por exemplo, que Jean-Paul Sartre pronunciou conferências no Brasil em 1960; que
Avaliação da Situação de
Aprendizagem
Michel Foucault manifestou seu apoio à revolução iraniana
em 1979; que Aristóteles foi tutor de Alexandre, o grande etc.
Respondidas essas questões, o aluno conseguirá situar o filósofo em questão em meio à
tradição filosófica.
Neste momento, solicite a Pesquisa
individual proposta no Caderno
do Aluno, que poderá auxiliar na
apreensão do conteúdo.
Ao avaliar a Situação de Aprendizagem,
procure observar a participação e a dedicação
de cada aluno na elaboração das pesquisas e
do texto.
Propostas de questões para avaliação
As questões 1, 2 e 3 propostas a
seguir estão dispostas no Caderno
do Aluno, na seção Você apren-
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Filosofia – 1a série – Volume 1
deu?, e a questão 4 está disponível apenas
para o professor. Essas atividades também
podem ser utilizadas no formato de avaliação
em processo. Por meio de tais atividades,
espera-se que o aluno possa compreender a
História da Filosofia considerando a cultura, o período, o pensamento e a tradição
filosófica.
1. Quais são as principais características da
Filosofia Antiga?
O aluno deve considerar que se trata do princípio da Filosofia, que seus espaços iniciais foram as cidades-Estado da
Grécia, mas sua influência se espalhou por várias cidades
do Império Romano. Os escritos da época sobre os quais
temos conhecimento foram redigidos, em geral, em grego
e latim antigos, mas é importante lembrar que os espaços
culturais nos quais se desenvolveram eram muito heterogêneos. Além disso, muitos textos do período se perderam
no tempo.
2. Por que a técnica, ou a evolução da tecnologia, é um tema tratado pela Filosofia
Contemporânea?
Uma possível resposta pode considerar a desumanização
ao conhecimento da tradição filosófica, ajudam a criar um
novo pensamento filosófico.
Proposta de situação de recuperação
Caso os alunos não tenham apresentado um
bom desenvolvimento, sugerimos a realização
de uma pesquisa sobre as características de
cada período da divisão clássica da Filosofia.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
Livro
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo.
Dicionário básico de Filosofia. 5. ed. Rio de
Janeiro: Zahar, 2008. Um dicionário para o
leitor não especializado, com linguagem acessível e conceitos claros.
Sites
gerada pela técnica ou ainda a liberação do homem com
respeito a tarefas mecânicas. Problematizar essa evolução
pode abarcar reflexões sobre seus aspectos positivos e negativos para a humanidade.
3. Escolha um dos filósofos que você pesquisou nesta Situação de Aprendizagem e destaque a principal preocupação filosófica
defendida por ele.
Os alunos devem associar adequadamente uma das ideias do
filósofo selecionado e justificar sua seleção de forma coerente.
4. Complete as lacunas do texto a seguir,
utilizando as seguintes palavras: tradição,
tempo, História, cultura e pensamento.
A História da Filosofia não pode ser feita sem considerarmos a História de uma maneira geral. O lugar onde vive o
filósofo, sua cultura e os problemas do seu tempo, somados
Consciência. Disponível em: <http://
www.consciencia.org>. Acesso em: 15 jul.
2013. Site com diversos conteúdos sobre a
História da Filosofia.
Portal brasileiro da Filosofia. Disponível
em: <http://www.filosofia.pro.br>. Acesso
em: 15 jul. 2013. Site com textos e vídeos,
com conteúdo claro, avaliado por doutores
em Filosofia. Há vários textos indicados para
professores.
Mundo dos filósofos. Disponível em: <http://
www.mundodosfilosofos.com.br>. Acesso em:
15 jul. 2013. Site com conteúdo simples, objetivo e claro. Um bom lugar para se pesquisar a
História da Filosofia.
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Situação de Aprendizagem 4
Áreas da Filosofia
Esta Situação de Aprendizagem tem como
objetivo oferecer recursos para que os alunos
possam iniciar pesquisas sobre Filosofia e
capacitá-los a construir textos filosóficos.
Tendo isso em vista, serão abordadas as
áreas da Filosofia de modo amplo e, em
seguida, a metafísica de Aristóteles. Nos dois
casos, a estratégia consiste na realização de
exercícios, elaborados para que o aluno desenvolva a escrita e o raciocínio filosófico. As
últimas etapas serão dedicadas a uma introdução à Lógica, igualmente fundamentada em
exercícios.
Conteúdos e temas: os conceitos básicos a ser desenvolvidos são: áreas da Filosofia, Metafísica,
Lógica, Ética, Epistemologia,Teoria do Conhecimento, Estética, Filosofia da História e Política.
Competências e habilidades: esta Situação de Aprendizagem visa estimular o desenvolvimento de
diversas habilidades, como selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações, representados de diferentes formas. O que se procura com esta proposta é incentivar competências
que possibilitem reconhecer manifestações ordenadas do pensamento e dos problemas da Filosofia.
Durante a realização, pode-se incentivar os alunos no desenvolvimento das estruturas lógicas do
pensamento e promover a descrição sistemática e reflexiva dos objetos e do mundo circundante.
Sugestão de estratégias: orientar os trabalhos de leitura e pesquisa e desenvolver exercícios em
sala de aula.
Sugestão de recursos: textos para leitura e sites. Como se trata de aulas expositivas, utilize a lousa
para colocar apontamentos e exercícios.
Sugestão de avaliação: como toda a tarefa é realizada em sala de aula, a observação e as anotações
a respeito da participação oral são fundamentais. Os exercícios sobre Metafísica e Lógica são
centrais nesta Situação de Aprendizagem e podem ajudar os alunos a desenvolver o raciocínio e
a elaboração de textos.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Ler e refletir –
Áreas da Filosofia
Para o início desta Situação de Aprendizagem, você pode propor algumas questões,
como: Qual é a melhor maneira de jogar futebol? Qual é a melhor maneira de namorar?
Qual é a melhor maneira de pensar?
Professor, a fim de trazer subsídios
para o desenvolvimento das atividades seguintes, você pode propor o
exercício da seção Pesquisa individual, presente
no Caderno do Aluno. É solicitado aos alunos
que façam uma pesquisa na internet, em dicionários de Filosofia, na biblioteca de sua escola ou
cidade sobre o significado das palavras e expressões: “Política”, “Ética”, “Estética”, e “Filosofia
da História”. É importante orientá-los quanto à
O importante é que os alunos percebam que
o pensamento exige treino e habilidade, e que
cabe à Filosofia ajudar a estimular o exercício
de pensar.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
necessidade de fontes qualitativas e criteriosas
para que a tarefa seja bem fundamentada.
para observação e comparação de hipóteses); humanos
(conflitos sociais e políticos que impedem ou retardam algumas descobertas).
Após a pesquisa, propomos uma aula expositiva, com o objetivo de dar aos alunos uma
visão mais ampla das áreas da Filosofia. Para
desenvolver esta etapa, apresentamos, para cada
área da Filosofia, algumas perguntas introdutórias, sugestões de resposta, uma proposta de
conceito e um excerto filosófico. As questões a
seguir estão presentes no Caderno do Aluno.
Epistemologia
1. Questões introdutórias
a) Nós devemos confiar na Ciência? Escreva
três motivos que comprovem sua opinião.
Os exemplos são maneiras de aproximar a teoria da vida
dos alunos. A Ciência não explica tudo. Ela tem limites, mas
2. Proposta de conceito de Epistemologia
Epistemologia (também chamada Teoria
da Ciência) é uma parte da Filosofia da Ciência que está relacionada à natureza do conhecimento científico e seus grandes problemas,
entre os quais: como, e em que condições é
possível conhecer? Existe a certeza absoluta do
conhecimento? Se existe, como, e em que condições? Quais são as características do conhecimento dentre as Ciências Naturais, as
Ciências Humanas e as Ciências Formais?
Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência
– CLE/Unicamp. Disponível em: <http://www.
unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/outubro2007/
ju375pag05.html>. Acesso em: 12 jul. 2013.
é o conhecimento mais adequado desenvolvido pela razão
humana para tentar resolver os seus problemas. Só é científico o conhecimento que garante a sua validade.
b) Quem faz a Ciência? Como se forma um
cientista?
A Ciência é produzida por pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. No Brasil, a produção científica é predominantemente produzida nas universidades e em centros
de pesquisas associados a indústrias. A localização social do
sujeito da Ciência convida a refletir sobre ela como uma atividade humana capaz de grandes proezas e de erros.
c) A Ciência é importante? Por quê?
A produção científica é importante quando beneficia a
humanidade. A Filosofia discute, inclusive, duas questões
diretamente associadas à importância da Ciência: uma diz
3. Texto de apoio
Em primeiro lugar, é preciso saber formular problemas. E, digam o que disserem, na
vida científica, os problemas não se formulam
de modo espontâneo. É justamente esse sentido do problema que caracteriza o verdadeiro
espírito científico. Para o espírito científico,
todo conhecimento é resposta a uma pergunta. Se não há pergunta, não pode haver
conhecimento científico.
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico:
contribuição para uma psicanálise do conhecimento.
Tradução Estela dos Santos Abreu.
Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. p. 18.
respeito ao acesso desigual aos benefícios científicos e a
outra refere-se ao fato de que nem toda a produção científica
é favorável à humanidade.
d) A Ciência tem limites? Quais?
Os limites da Ciência são os conhecimentos racionais e experimentais (empíricos), pois, fora deles, a Ciência nada pode
afirmar. Alguns limites: tecnológicos (aparelhos insuficientes
Teoria do Conhecimento
1. Questões introdutórias
a) O que é conhecer?
Criar uma representação, a mais próxima possível, da realidade.
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b) Como podemos conhecer?
Podemos conhecer quando realizamos atividades intelectuais
sobre nossas sensações e sobre as ideias que nos informam.
2. Proposta de conceito de Teoria do
Conhecimento
A Teoria do Conhecimento é uma investigação sobre as diversas maneiras pelas quais
podemos conhecer as coisas e as relações que
os conhecimentos podem estabelecer ou estabelecem. Por exemplo, memória, expe­riências
dos sentidos, analogias, reflexão, realidade,
imaginação e outros. O seu problema principal é como o sujeito se relaciona com o
objeto de conhecimento.
3. Texto de apoio
Conhecer uma realidade é, no sentido usual
da palavra “conhecer”, tomar conceitos já feitos,
dosá-los, e combiná-los em conjunto até que se
encontre um equivalente prático do real.
BERGSON, Henri. O pensamento e o movente.
Tradução Bento Prado Neto. São Paulo:
Martins Fontes, 2006. (Tópicos).
o bem é, às vezes, algo difícil, mas melhora nossas relações
de convivência.
2. Proposta de conceito de Ética
Ética é uma investigação sobre os princípios
que motivam, justificam ou orientam as ações
humanas, refletindo sobre os fundamentos dos
valores sociais e historicamente construídos.
3. Texto de apoio
Agora, algo como felicidade, acima de tudo,
é dado como algo em si; por isso nós sempre a
escolhemos por si mesmo e nunca por outro
motivo, enquanto honra, prazer, razão e todas as
virtudes são escolhidas em função de si mesmas
(pois se nada resultasse delas ainda assim deveríamos escolher todas), mas também as escolhemos em função da felicidade, julgando que por
meio de todas elas seremos felizes. Felicidade,
por outro lado, não é escolhida por ninguém em
função das demais virtudes e, em geral, por
nenhuma outra razão que não ela própria.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/mc000011.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2013.
Tradução Eloisa Pires.
Ética
1. Questões introdutórias
Política
a) Como saber qual é a melhor atitude a ser
tomada?
1. Questões introdutórias
Existem várias maneiras de se tentar fazer o bem, mas para
a) Quais são as melhores leis?
encontrar a maneira mais adequada precisamos, sempre,
As melhores leis são aquelas que beneficiam todos, permi-
treinar a nossa reflexão racional, pois há situações em que
tem a construção da liberdade no convívio com o outro e
uma atitude mal pensada pode trazer prejuízo para nós e para
são conhecidas por todos. Cada lei deve levar em considera-
muitas outras pessoas.
ção as necessidades das pessoas.
O bem é algo a ser construído para podermos enfrentar
b) Como podemos conviver com as outras
pessoas sem violência?
os problemas que encontramos na sociedade ou em nós
Podemos conviver com outras pessoas sem violência agindo
mesmos. Pensar em boas atitudes é lutar contra os sofrimentos que, eventualmente, enfrentamos. É certo que fazer
de maneira sensata em todas as dimensões. A maneira sen-
b) Qual é a importância de se fazer o bem?
sata de agir consiste, em primeiro lugar, em escolher os
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Filosofia – 1a série – Volume 1
governantes que se preocupem, sinceramente, com a educação e que demonstrem sensibilidade em relação às neces-
2. Proposta de conceito de Filosofia da
História
sidades das pessoas e à qualidade de vida em geral.
2. Proposta de conceito de Política
Política é a investigação filosófica sobre
qual é o melhor governo, o que é justiça e
como deve ser o comportamento das pessoas
em suas relações de convivência.
Filosofia da História é uma área de investigação da Filosofia, que se preocupa com a
relação dos homens com o tempo, com seus
processos culturais e sociais. Além disso,
preocupa-se com o significado do desenvolvimento das sociedades e da racionalidade.
3. Texto de apoio
3. Texto de apoio
De resto, se o primeiro dever do homem de
Estado é conhecer a constituição, que, considerada geralmente como a melhor, possa estender-se à maior parte das cidades, é preciso confessar
que na maioria das vezes os teóricos políticos,
mesmo dando provas de grande talento, se equivocaram em pontos capitais; porque não basta
imaginar um governo perfeito; é necessário,
sobretudo, um governo praticável, que possa ser
facilmente aplicado em todos os Estados.
ARISTÓTELES. Política. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bk000426.pdf>.
Acesso em: 15 jul. 2013. Tradução Maria Lucia
de Oliveira Marques.
Filosofia da História
1. Questões introdutórias
a) O que é o tempo?
Responder o que é o tempo é uma das questões mais difíceis
do nosso intelecto e da própria Filosofia. Em geral, dizemos
que tempo é o meio no qual se desenrolam os acontecimentos e o lugar das possibilidades.
b) O que é história humana?
A história humana pode ter vários significados. Em geral, ela
é pensada como passado, desejo de futuro, tradições, compreensão das relações sociais no tempo e no espaço e como
Não houve, portanto, um tempo em que
nada fizeste, porque o próprio tempo foi feito
por ti. E não há um tempo eterno contigo, porque tu és estável, e se o tempo fosse estável não
seria tempo. O que é realmente o tempo? Quem
poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem
poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo
em palavras? No entanto, que assunto mais
familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos
quando dele falamos, e compreendemos também
o que nos dizem quando dele nos falam. Por
conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me
pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a
quem me pergunta, então não sei. No entanto,
posso dizer com segurança que não existiria um
tempo passado, se nada passasse; e não existiria
um tempo futuro, se nada devesse vir; e não
haveria o tempo presente se nada existisse. De
que modo existem esses dois tempos – passado e
futuro –, uma vez que o passado não mais existe
e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se
tornasse passado, não seria mais tempo, mas
eternidade. Portanto, se o presente, para ser
tempo, deve tornar-se passado, como poderemos
dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser
é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não
podemos falar verdadeiramente da existência do
tempo, senão enquanto tende a não existir.
SANTO AGOSTINHO. Confissões. Tradução Maria Luiza
Jardim Amarante. São Paulo: Paulus, 2002. p. 342-343.
objeto de investigação da História.
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Ouvir e dialogar –
Metafísica de Aristóteles
Estética
1. Questões introdutórias
a) Quais são os critérios para identificarmos
uma obra de arte?
Os critérios são historicamente definidos, isto é, cada cultura
valida critérios para a sua produção artística.
b) Existe um padrão de beleza universal válido
para todas as culturas?
Assim como a arte, a beleza depende de valores culturais e
históricos para ser definida, por isso, não se pode falar em um
único padrão válido para toda a humanidade.
2. Proposta de conceito de Estética
A estética tem como temas o estudo dos
critérios e problemas sobre processos de criação artística. Problematiza os valores estéticos e as relações entre forma e conteúdo, bem
como a importância da arte para as sociedades humanas.
Pensando sempre nas habilidades que, em
Filosofia, seriam importantes desenvolver nos
alunos, vamos trabalhar o desenvolvimento da
capacidade de escrita por intermédio da Metafísica. Com base nisso, podemos retomar a
primeira biografia de Aristóteles, feita para a
aula da Situação de Aprendizagem 1.
Em seguida, os alunos devem formular frases
com o verbo conjugado em todas as pessoas.
Por exemplo: Eu sou o Vítor; tu és a Flávia; Ivan
é meu amigo; nós somos estudantes; vós sois o
futuro do Brasil; os alunos são a razão de ser da
escola. Quando as frases forem apresentadas,
mostre aos alunos que tudo “é” alguma coisa,
que, para todas as coisas, podemos aplicar o
verbo “ser” (que, aliás, não é apenas um verbo;
é a primeira e fundamental característica de
tudo o que existe).
Pode-se também pensar em uma perfeição
estética, que contenha o fundamento de uma
satisfação subjetivamente universal, isto é, a
beleza: o que agrada os sentidos na intuição
e, precisamente por isso, pode ser o objeto de
uma satisfação universal.
Depois que os alunos perceberem a pertinência do “ser”, sugerimos que você proponha um
exercício, pedindo a eles que imaginem a chegada à escola de um alienígena com quem começam a conversar. Minutos depois, o alienígena
olha para a mesa e mostra-se curioso para saber
o que é um lápis. Cada um tenta explicar, mas
ele não consegue entender. Então, o alienígena
volta-se para o computador e pede que respondam sobre a investigação do ser das coisas.
KANT, Immanuel. Manual dos cursos de Lógica
Geral. Tradução Fausto Castilho. 2. ed. bilíngue.
Campinas: Editora da Unicamp; Uberlândia:
Edufu, 2003. p. 75-77.
Para ilustrar o exercício, apresente o quadro
a seguir. Uma proposta de exercício baseada
nele está presente no Caderno do Aluno.
3. Texto de apoio
Quadro sobre a investigação do ser das coisas
As quatro causas da existência
das coisas ou os fundamentos
O que você quer saber o que é?
Lápis
Qual é a causa material? (De que
é feito?)
O lápis é feito de madeira e grafite.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Quadro sobre a investigação do ser das coisas
As quatro causas da existência
das coisas ou os fundamentos
Qual é a causa formal? (Qual é a
forma?)
O lápis é cilíndrico e é pontiagudo em
uma das extremidades.
Qual é a causa eficiente, ou quem
une a forma com a matéria?
(Quem fez?)
O operador da máquina de fazer lápis.
Qual é a causa final? (Por que foi
feito?)
Para escrever e poder apagar depois, se
for necessário.
Quadro 4.
Depois de conhecer as quatro causas das
coisas, ou fundamentos, o alienígena superinteligente conseguiu entender o que era um lápis, o
que não seria possível apenas vendo um ou
ouvindo você falar somente da utilidade, da
forma ou da matéria.
Agora que você explicou a proposta, peça aos
alunos que repitam o exercício, aplicando-o na
explicação de outros “seres”, como aqueles apresentados no quadro a seguir. Note que são apenas exemplos e que o aluno pode se propor a
investigar outras coisas, de acordo com a sua
experiência individual.
Quadro sobre a investigação do ser das coisas
As quatro
causas da
existência
das coisas
ou os
fundamentos
O que você quer saber o
que é?
Eu mesmo
O amor
O estudo
Qual é a causa material?
(De que é feito?)
Carne, ossos,
sangue...
Gestos, carinho,
compreensão,
amizade, ajuda...
Leituras, exercícios, dedicação,
descobertas, paciência...
Qual é a causa formal?
(Qual é a forma?)
Alma.
Desejo de estar junto e
fazer o outro feliz.
Desenvolvimento.
Qual é a causa eficiente,
ou quem une a forma
com a matéria? (Quem
fez?)
Meu pai e
minha mãe.
O conhecimento do
outro.
O aluno.
Qual é a causa final?
(Por que foi feito?)
Fui feito para me
desenvolver e
ser feliz.
Para ajudar o outro a
ser feliz.
Para aprender e crescer, como
ser humano, em busca da
felicidade.
Quadro 5.
Certamente, há muito para se falar da metafísica de Aristóteles, mas temos de fazer um
corte adequado ao perfil do curso, por isso será
utilizado como critério o desenvolvimento das
habilidades indicadas no início deste Caderno.
Para alcançar essas habilidades, você pode
informar aos alunos que as “quatro causas”
constituem o ponto de partida para dizer o que
é o ser de alguma coisa.
Estabeleça uma ligação com a etapa anterior e dê continuidade à hipotética narrativa da
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visita do alienígena. Ele decidiu escrever uma
mensagem para seu planeta, contando o que
era um lápis. Entretanto, faltava preencher
alguns itens a fim de explicar isso da melhor
maneira possível aos seus conterrâneos.
Vejamos:
Substância
Constituída de matéria
e forma.
Lápis (madeira e grafite, em forma de cilindro).
Qualidade
Qualidades e defeitos.
O lápis é vermelho e bonito, mas está difícil de
apontar, porque a grafite não está bem centralizada e a ponta quebra a cada tentativa.
Quantos? Muito ou pouco?
Pouco: apenas um.
Como ele é em relação às
outras coisas?
Ele é mais comprido do que a borracha e escreve
menos forte do que a caneta.
O que ele faz?
Serve para desenhar, escrever ou apagar palavras
e números.
Como ele se desgasta?
Ele se desgasta sendo apontado, pelo uso e pela
umidade, que pode apodrecê-lo.
Onde ele está? Em que lugar
fica, em geral, ou onde está
agora?
Ele está na sala de aula, mas, em geral, podemos
encontrá-lo em papelarias e escritórios.
Tempo
Quando e quanto tempo?
Hoje.
Posse
O que ele possui?
Possui borracha na extremidade.
Como ele está ou fica?
Deitado.
Quantidade
Relação
Ação
Passividade
Onde
Posição
Quadro 6.
Retomando o exercício anterior, você pode
pedir aos alunos que completem este segundo
quadro utilizando como substâncias: eu
mesmo, o amor e o estudo, ou ainda outra
que ele tenha utilizado ao preencher o primeiro quadro. O importante aqui é estabelecer uma continuidade. Do exercício de
raciocínio com o quadro, podemos ensaiar a
construção de um texto com parâmetros filosóficos. Para isso, peça aos alunos que escrevam uma redação utilizando as categorias de
Aristóteles, aplicando uma delas em cada
parágrafo. Isso os ajudará na construção da
redação filosófica.
Os princípios da Lógica
Compreendidas as categorias dos seres, pode-se partir para a Lógica. Aqui trataremos da
Lógica apenas como ordenação do pensamento.
A abordagem é meramente introdutória, mas,
com o desenvolvimento do curso, outras questões
poderão ser trabalhadas. Por ora, você pode
apresentar o seguinte conceito sobre o tema:
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Lógica é o estudo sistemático do pensamento dedutivo, que permite construir argumentos corretos nas ciências naturais, nas
ciências humanas e nas ciências formais,
possibilitando também distinguir os argumentos corretos dos incorretos.
Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência
– CLE/Unicamp. Disponível em: <http://www.
unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/outubro2007/
ju375pag05.html>. Acesso em: 12 jul. 2013.
Um procedimento muito eficiente para a
aquisição de competências é o exercício constante de raciocínios. Saber os conceitos não
quer dizer adquirir habilidades. Para que isso
seja efetivado, você pode insistir no exercício
do lápis: apresente um à sua turma e preencha
na lousa, com a colaboração dos alunos, o
quadro de categorias de Aristóteles.
Para estabelecer o diálogo reflexivo, pegue
outro lápis, o mais diferente possível do primeiro, e pergunte se os dois são iguais. Com
o propósito de definir as diferenças, compare-os, utilizando mais uma vez o quadro das
categorias de Aristóteles.
Com os dois quadros de categorias registrados na lousa, abre-se a oportunidade para
explicar o primeiro princípio da razão, que é
o princípio da identidade, de acordo com o
qual um ser é sempre idêntico a ele mesmo. O
primeiro lápis só é igual a ele mesmo, não é
lógico? O lápis em questão só pode ser o lápis
em questão.
Valendo-se da pluralidade, e para exemplificar e induzir ao conceito, tome vários
elementos que têm o mesmo nome (canecas,
pedaços de giz, apontadores, prendedores
de cabelo, cadeiras etc.) e compare-os. Com
base nisso, apresente o segundo princípio da
razão, o princípio da não contradição: os
seres não podem “ser” e “não ser” sob as
mesmas condições. No caso do lápis, pode-se dizer que, se afirmarmos uma coisa
sobre ele, não podemos dizer o contrário.
Não podemos negar uma categoria que foi
falada sobre o lápis. Por exemplo, se dissemos que o lápis é amarelo, ele pode ser tudo
e até ter outras cores, mas – para não haver
contradições – não podemos dizer que ele
não é amarelo.
Finalmente, o último princípio é o do terceiro excluído: uma vez que afirmamos
alguma coisa sobre um ser, só podemos dizer
se ele “é” aquilo que afirmamos ou se ele “não
é” aquilo que afirmamos. Não há outra resposta: o que nós falamos sobre o lápis, em
cada uma das categorias, é ou não é; não há
outra saída.
Identificar as contradições
Para permitir a visualização do conteúdo,
você pode desenhar, na lousa, figuras simples
(evite os desenhos geométricos).
Neste exercício, que está no Caderno do
Aluno, os jovens deverão identificar as
contradições.
Figura 1.
Quando afirmamos algo, nós dizemos uma
premissa – no caso, “todas as estrelas do quadro
têm cinco pontas”. O exercício solicita que o
aluno marque com X as afirmações que desobedecem a alguns destes princípios: ao princípio
da identidade, ao princípio da não contradição
e ao princípio do terceiro excluído.
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Outras afirmações a
respeito da premissa
Princípio da
identidade
Todas as estrelas do
quadro não têm cinco
pontas.
Princípio do terceiro
excluído
X
Todas as estrelas do
quadro às vezes têm e
às vezes não têm cinco
pontas.
Todas as estrelas do
quadro não são iguais a
elas mesmas.
Princípio da
não contradição
X
X
Quadro 7.
Na sequência aos exercícios para introduzir
conceitos e fundamentos da Lógica, reproduza
na lousa o quadro a seguir (Figura 2).
Figura 2.
Enquanto os alunos observam o quadro,
você tem a oportunidade de explicar que a
Lógica não trata de realidades, mas sim de afirmações. A preocupação dela é fazer que nossas
falas não contenham contradições. Por isso, é
preciso dissociar a realidade das palavras. Se
alguém afirmar que “todas as figuras do quadro
têm a forma de estrela”, a preocupação da
Lógica será com a afirmação e não com a realidade. Mas, por que isso? A Lógica tem de ajudar a organizar o pensamento. Assim, quando
um cientista descobre algo, ele tem de falar
sobre sua descoberta de forma racional e clara;
do contrário, será impossível compreendê-lo.
Exercício
Você pode propor aos alunos o seguinte exercício, com base na Figura 2. Isso os ajudará a
entender o princípio de que a Lógica não trata
de realidade, mas sim de afirmações:
Baseando-se novamente na afirmação
“todas as figuras do quadro têm a forma de
estrela”, apresente aos alunos as afirmações
a seguir, seja verbalmente, seja copiando-as
na lousa. Lembre-os de que deverão avaliar
cada item com base somente na afirmação
principal, sem levar em conta a realidade do
que está exposto na lousa. Leve os alunos a
apontar as afirmações que não têm a ver
com a afirmação principal.
a) ( X ) Todas as figuras do mundo têm a
forma de estrela.
b) ( ) Só há figuras em forma de estrela
no quadro anterior.
c) ( X ) Três figuras do quadro anterior não
têm a forma de estrela.
d) ( X ) As figuras do mundo inteiro não
têm a forma de estrela.
e) ( X ) Todas as estrelas são figuras deste
quadro.
f) ( ) No quadro anterior, não deve haver figuras que não tenham forma de
estrela.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
g) ( X ) Não existem figuras em forma de
estrela fora do quadro.
h) ( ) Todas as figuras do quadro têm a
forma de estrela.
capacidade de escrita. Portanto, propõe-se
observar, no Caderno, a resolução de exercícios
e a construção de texto.
Propostas de questões para avaliação
a)Esta resposta deve ser assinalada porque a premissa não
fala sobre figuras do mundo, mas apenas das que estão no
quadro.
b)Esta não deve ser assinalada porque esta premissa concorda com a anterior.
c)A terceira deve ser assinalada porque, apesar de termos
várias figuras no quadro que não têm a forma de estrela,
a premissa diz que todas as figuras têm essa forma. O que
vale para a Lógica é a premissa, e não a realidade.
d)A quarta resposta deve ser assinalada porque as figuras
que estão no quadro fazem parte do grupo de todas as
figuras que têm a forma de estrela.
e)Esta resposta deve ser assinalada porque não se trata de
As questões 2 e 3 a seguir estão
no Caderno do Aluno, na seção
Você aprendeu? e as questões 1, 4
e 5 estão disponíveis apenas para o professor.
Essas atividades podem também ser utilizadas no formato de avaliação em processo. Por
meio delas, espera-se que o aluno compreenda que a Lógica é uma das áreas da Filosofia que estuda e elabora argumentos
racionais assentados na ideia de validade e
ordenação do pensamento.
1. Escreva o nome das áreas da Filosofia e
seus respectivos problemas.
Epistemologia: como analisar as ciências?
estrelas, mas de figuras que têm a forma de estrelas.
Teoria do conhecimento: o que é conhecer?
f)Esta não deve ser assinalada porque nem todas as figuras
do quadro têm a forma de estrelas e, por isso, não existem
Ética: o que é o bem?
figuras que tenham outras formas.
Política: como conviver em sociedade?
g)Esta resposta deve ser assinalada baseando-se apenas na
premissa; não se pode saber nada sobre o que está fora
Filosofia da História: como o homem se relaciona com o
do quadro.
tempo e o espaço social?
h)A oitava e última resposta não deve ser assinalada porque
Estética: o que é beleza; o que é arte?
corrobora a afirmação principal com exatidão.
Metafísica: o que são os princípios da realidade?
Avaliação da Situação
de Aprendizagem
Lógica: quais são as regras do pensamento?
Espera-se que os alunos tenham assimilado os principais objetos
Avalie os alunos por meio da participação
nas aulas e da observação do Caderno deles.
O objetivo da Situação de Aprendizagem é
o de fornecer instrumentos para desenvolver
habilidades de pesquisa, raciocínio lógico e
da investigação filosófica, inserindo-os em áreas específicas.
2. Apresente as quatro causas da metafísica
de Aristóteles e explique o que significam.
Espera-se que os alunos conheçam as quatro causas da metafísica de Aristóteles e possam explicá-las com suas palavras. A
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c) Que, no quadro, pode ser que haja apenas uma seta apontada para a esquerda.
causa material identifica com que é feito o ente; a causa formal identifica a forma do ente; a causa eficiente estabelece
quem une a forma com a matéria, quem fez; a causa final
d) Que não há setas fora do quadro.
estabelece por que razão o ente foi feito.
3. Dada a seguinte premissa: “No quadro a
seguir, todas as setas estão apontadas para
baixo”, o que não é permitido deduzir disso?
Figura 3.
e) Que, no quadro, as setas são verdes.
Trata-se de um trabalho lógico.
4. Relacione as colunas, preenchendo os espaços
vazios da segunda coluna com as letras que
acompanham as palavras da primeira coluna.
(a) Lógica
(c) Tempo
(b) Epistemologia
(b) Ciência
(c) Filosofia da
História
(d) O bem
(d) Ética
(a) Regras do
pensamento
a) Que, no quadro, não há setas apontadas
para o lado direito.
Quadro 8.
b) Que, no quadro, não há setas apontadas
para cima.
5. Escolha um objeto qualquer da sala de
aula e preencha o quadro a seguir:
Substância
Qualidade
Quantidade
Relação
Ação
Passividade
Onde
Tempo
Constituída de matéria e
forma
Qualidades e defeitos.
Quantos? Muito ou pouco?
Como ele/ela é com as outras
coisas?
O que ele/ela faz?
Como ele/ela se desgasta?
Onde ele/ela está? Em que lugar
fica em geral ou onde está agora?
Quando e quanto tempo?
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Substância
Posse
Posição
Constituída de matéria e
forma
O que ele/ela possui?
Como ele/ela está ou fica?
Quadro 9.
A correção desta questão deve seguir os princípios e o
modelo das aulas sobre a metafísica, de Aristóteles. Em síntese, o aluno deve tomar um objeto qualquer da sala de aula
ARENDT, Hannah. O que é política. 9. ed.
Tradução Reinaldo Guarany. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2011.
e responder, com o mínimo de palavras possível, a uma das
ideias do filósofo por ele selecionado e justificar coerentemente sua seleção de questões das categorias de Aristóteles. Por exemplo, se o objeto escolhido for a borracha,
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução Vicenzo
Cocco; Notas: Joaquim Carvalho. São Paulo:
Abril Cultural, 1973 (Os Pensadores).
temos substância: látex; forma: quadrada; quantidade: uma;
relação: ela é mais macia do que o lápis e menos comprida
do que a caneta etc.
Proposta de situação de recuperação
Se a recuperação for necessária, pode centrar-se nas categorias aristotélicas e no uso da
Lógica. Esses dois conteúdos embasam a habilidade de organização do pensamento. Nossa
recomendação é que os alunos refaçam todos
os exercícios referentes às quatro causas aristotélicas e ao quadro das categorias, no tocante à
Lógica e aos exercícios com os desenhos.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito
científico: contribuição para uma psicanálise do
conhecimento. Tradução Estela dos Santos
Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.
BERGSON, Henri. O pensamento e o movente.
Tradução Bento Prado Neto. São Paulo:
Martins Fontes, 2006. (Tópicos).
CHAUI, Marilena. Iniciação à filosofia. São
Paulo: Ática, 2010.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução Leonardo Pinto Silva. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Livros
KANT, Immanuel. Manual dos cursos de
Lógica Geral. Tradução Fausto Castilho. 2. ed.
bilíngue. Campinas: Editora da Unicamp;
Uberlândia: Edufu, 2003 (Multilíngues de
Filosofia da Unicamp).
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS,
Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à
Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
ONFRAY, Michel. Contra-história da Filosofia.
Tradução Mônica Stahel. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.
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Situação de Aprendizagem 5
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
O objetivo desta Situação de Aprendizagem
é desenvolver uma imagem crítica da Ciência,
com base no pensamento de Karl Popper e
Thomas Kuhn, desdobrando a questão para
tratar de temas como indução e dedução.
Nas primeiras aulas, propomos discutir o
problema da indução como base de verdade;
logo após, apresentaremos o chamado falsificacionismo, como alternativa para tratar do
problema da indução, e discutiremos o paradigma de Kuhn. Em seguida, a Situação de
Aprendizagem procurará inserir os alunos no
ambiente do próprio método científico.
Conteúdos e temas: os conceitos e temas básicos a ser desenvolvidos são: Ciência, dedução, indução,
verdade, falsificacionismo, Karl Popper e Thomas Kuhn.
Competências e habilidades: estimular o desenvolvimento de diversas habilidades, tais como dominar
diferentes linguagens e compreender diferentes fenômenos do conhecimento; incentivar as
competências que possibilitam uma visão crítica da Ciência, escapando, por assim dizer, da ingenuidade diante do conhecimento científico como verdade última; inserir o aluno no âmbito da
Ciência como atividade humana, convidando-o ao universo de sua produção; incentivar as práticas
de pesquisa, sistematização e apresentação de conceitos e informações, com os quais os alunos
também serão levados a fundamentar conhecimentos teóricos.
Sugestão de estratégias: aulas expositivas; exercícios de reflexão; leitura e pesquisa.
Sugestão de recursos: lousa, texto para leitura e sites.
Sugestão de avaliação: como toda a tarefa é realizada em sala de aula, a observação e as anotações
a respeito da participação são fundamentais. A correção dos exercícios e a organização do Caderno
do Aluno são essenciais para a avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Inicialmente, e com o objetivo de
que os alunos conheçam e fixem
conceitos que serão trabalhados
ao longo desta Situação de Aprendizagem,
você pode propor a atividade de Pesquisa
individual que consta no Caderno do Aluno
sobre as expressões “Ciência”, “Termo científico”, “Hipótese”, “Tese”, “Indução” e
“Dedução”. A pesquisa pode ser feita na
internet, em dicionários de Filosofia, na
biblioteca da escola ou da cidade em que
vivem. É necessário orientá-los quanto aos
critérios de qualidade no momento da escolha das fontes de pesquisa para que a tarefa
seja bem fundamentada.
Dedução e indução
Para introduzir o problema geral, você pode
apresentar na lousa os seguintes blocos de
informações . Os textos e as atividades a seguir
estão no Caderno do Aluno.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Bloco 1:
Todos os homens vivos respiram.
Meu irmão é um homem vivo.
Portanto, meu irmão respira.
Bloco 2:
Meu irmão respira.
Meu irmão é um homem vivo.
Portanto, todos os homens vivos respiram.
Com estas informações na lousa, pode-se
iniciar um debate questionando os alunos:
1. Qual é a diferença entre os dois blocos de
informações?
2. Apresente um exemplo de seu cotidiano no
qual você pode utilizar dedução e indução.
Depois do debate, peça aos alunos que
escrevam suas respostas no Caderno. Verifique
se alguns deles gostariam de apresentá-las,
lendo sua resposta para a turma.
Comentário
Nas três primeiras frases, organizadas no
bloco 1, temos um clássico exemplo de dedução válida, enquanto, nas frases do bloco 2, a
dedução é inválida. Qual é a diferença? Para
a Lógica, a primeira situação é válida, não há
nenhum problema, pois a conclusão depende
das inferências e nada mais. Ela é analítica,
depende apenas do que foi dito. Parte do universal para o particular.
No segundo caso, o argumento não está
completo: as duas afirmações (meu irmão
respira e meu irmão é ser vivo) não permitem
afirmar de forma generalizada que todos os
homens respiram. O argumento é inválido,
porque a conclusão toma por verdade apenas
uma possibilidade: por mais verdadeiras que
sejam as inferências, a conclusão pode não
ser verdadeira.
Para muitos filósofos, na Ciência, a dedução toma o seguinte sentido: temos um
conhecimento teórico e por ele agimos, ou
por ele conhecemos outras dimensões do
mundo. Por exemplo, a Lei da Gravitação
Universal de Isaac Newton diz que todos os
corpos se atraem segundo uma força derivada de suas massas e sua distância. Desse
modo, quando um objeto qualquer cai, na
verdade, ele foi atraído pelo planeta. A massa
do objeto é atraída pela massa do planeta.
Portanto, ao soltar uma bolsa, ela será atraída
pela força gravitacional da Terra.
Por dedução, podemos dizer que os objetos, como a bolsa, são atraídos pelo planeta;
por isso, de alguma forma, acreditamos que
tudo cai, porque sabemos que há uma Lei da
Gravidade e, com base nela, é possível prever
um acontecimento. Além disso, ela é logicamente válida.
A seguir, vamos refletir sobre a possibilidade de chegar a teorias e leis que valem
tanto para a realidade como para a Lógica;
desse modo, será possível compreender
melhor o que são indução e dedução.
Para complementar as atividades, no exercício a seguir, o aluno deve criar exemplos de
indução e de dedução, de acordo com o
modelo do quadro e completar as atividades
que constam no Caderno do Aluno.
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Indução, ou dados obtidos
a partir de experiências
Criação da lei ou teoria
Exercício de dedução
O livro de Matemática tem exercícios com frações.
Exercícios com frações são difíceis.
Logo, os livros de Matemática são difíceis, porque têm exercícios com frações.
Quadro 10.
Professor, você pode aprofundar o tema
com as questões propostas na seção Desafio!
do Caderno do Aluno. Lá você vai encontrar
atividades retiradas de provas de concursos
públicos e que utilizam o raciocínio lógico para
a resolução.
Dialogar e ler – Por uma visão
crítica da Ciência
Nesta etapa, será fundamental preparar uma
pequena biografia de David Hume ou pedir aos
alunos que façam essa pesquisa. Depois, é importante recapitular o conceito não crítico de Ciência, isto é, aquele que se utiliza da indução.
ff Com base na observação de grande número
de experiências, por meio dos cinco sentidos, cria-se uma lei ou uma teoria.
ff Ao se repetirem as condições enunciadas
nessa lei, pode-se prever um acontecimento.
ff Isso garantiria a objetividade do conhecimento científico, isto é, ele não dependeria
da opinião das pessoas, mas poderia ser
comprovado por todos os seres humanos.
ff Com a indução, parte-se do particular para
o universal; esse conceito utiliza a generalização para criar leis e teorias científicas.
ff Com as leis e as teorias científicas, é possível, por meio da dedução, prever e explicar
acontecimentos.
A Ciência é uma atividade racional
e, por isso, vale-se das regras da
Lógica para fundamentar seus
conhecimentos. No entanto, a indução não
parte das regras lógicas para se legitimar. Ela
parte da experiência. A experiên­cia pode parecer racional, mas não é, pois está envolvida
com os sentidos, e não com o raciocínio. Peça
que os alunos leiam o texto a seguir, presente
no Caderno do Aluno na seção Leitura e análise de texto, sobre como David Hume propôs
o problema, e que depois respondam às atividades relativas ao trecho apresentado.
Parte II
28. Mas nós ainda não atingimos algo
minimamente satisfatório com relação à
questão primeiramente proposta. Cada solução ainda levanta uma nova questão tão
difícil quanto a que a precede, e nos leva a
mais questionamentos. Quando se pergunta,
Qual a natureza de todos nossos argumentos
com relação a fatos reais?, a resposta adequada parece ser a que eles são baseados na
relação de causa e efeito. Quando novamente
se pergunta, Qual a fundamentação de todos
os nossos argumentos e conclusões referentes a
tal relação?, pode-se responder em uma só
palavra: experiência. Mas se ainda quisermos
dar continuidade a nosso humor investigativo, e perguntarmos Qual a fundamentação
de todas as conclusões baseadas na experiência?, isso implicaria uma nova questão, que
pode ser de mais difícil solução e explicação.
Filósofos, que se dão ares de sabedoria e
suficiência superiores, têm uma árdua tarefa
quando encontram pessoas com disposição
investigativa, que os empurram para fora de
todos os cantos em que se recolhem, e que
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Filosofia – 1a série – Volume 1
certamente trazem a eles algum dilema perigoso. O melhor expediente para prevenir
essa confusão é sermos modestos em nossas
pretensões; e até mesmo descobrir a dificuldade nós mesmos antes de esta nos ser
direcionada. Desse modo, podemos fazer de
nossa ignorância uma espécie de mérito.
HUME, David. An enquiry concerning human
understanding. Essays and treatises on several subjects.
p. 42. Disponível em: <http://goo.gl/b6NXkl>. Acesso
em: 29 out. 2013. Tradução Eloisa Pires.
também, será uma oportunidade de aproximar os alunos do discurso filosófico, essencialmente reflexivo.
Para encerrar os exercícios da seção Leitura e
análise de texto, você pode apresentar aos alunos
a seguinte questão:
3. Por que Hume vê um problema na fundamentação das conclusões por meio da
observação da experiência?
Exercício de leitura
Comentário sobre o texto
As três questões a seguir estão presentes no
Caderno do Aluno, logo após o texto citado de
Hume.
Vamos rever o que é a indução, agora com
um exemplo dado por Bertrand Russell.
1. Sublinhe, no texto, as palavras que você
desconhece. Depois, investigue uma por
uma e registre os significados na seção
Meu vocabulário filosófico, disponível no
final deste Caderno.
2. Com base no texto, responda às questões:
a) Qual é a natureza de todos os nossos
raciocínios sobre os fatos, segundo
Hume?
b) De acordo com Hume, qual é o fundamento de todos os nossos raciocínios e
conclusões sobre a relação de causa e
efeito?
Para comentar o texto, ressalte não apenas o problema da fundamentação racional
das experiências, mas esclareça o significado
das palavras desconhecidas e demonstre a
construção do raciocínio e a forma erudita
em que ele é apresentado. Por que é preciso
escrever dessa forma e não de outra? Como
o restante do texto de Hume tratará do problema da indução, vale a pena fazer uma
leitura bem atenta. Ela permitirá maior compreensão acerca do conceito de indução e,
O texto a seguir, assim como as questões
subsequentes, se encontram no Caderno do
Aluno.
Certo peru foi alimentado, durante um
ano, às 9 horas (dado).
Ele criou, então, uma lei: sou alimentado
todos os dias às 9 horas (teoria).
Amanhã, às 9 horas, serei alimentado
(previsão).
No entanto, houve um problema com a
previsão do peru, pois, no dia seguinte à sua
previsão, ele foi degolado porque era véspera
de Natal e ele seria servido na ceia.
Após a leitura do quadro com os alunos,
você pode apresentar a eles a seguinte
questão:
1. Por que a previsão do peru falhou? Leis e
teorias são questionáveis ou, ao contrário,
são verdades absolutas?
Nada na natureza tem o dever de seguir nossas leis científicas. Por isso, se um dia o Sol se puser e, no outro, não amanhecer, o que impediria a ocorrência? Ora, as leis da natureza são as interpretações que fazemos dela. Cada princí­pio
científico pode ser contrariado pela natureza porque não é
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Para trabalhar esses problemas com os alunos, você pode pedir a eles que observem as
imagens a seguir, assim como as demais reproduzidas em seus Cadernos, e respondam à
seguinte questão:
fundamentado pela razão, mas pela experiência. Nós prevemos alguns eventos como se fosse um hábito psicológico.
Por exemplo, o que garante que, ao soltar um lápis, ele vai
cair? A Lógica não pode garantir isso; afinal, ela trata de palavras e conhecimentos, e nunca da realidade. A experiência é
sempre única, e a queda de um lápis não tem relação com a
2. Afirma-se, constantemente, que da observação das experiências tiramos os conhecimentos. Mas será que cada um de nós
observa da mesma maneira? Será que nossa
visão, nossa audição, nosso paladar, nosso
tato e nosso olfato são iguais aos dos outros
seres humanos? As pessoas podem observar
uma mesma situação de modos diferentes.
Analise as seguintes imagens e responda à
questão: Quais são os limites da observação?
queda de outro. Em resumo, nada garante que o lápis vá cair.
Por isso, quando consideramos a Ciência como uma garantia
da verdade, temos uma visão acrítica dela.
Há, ainda, dois outros problemas que precisamos discutir a respeito da indução, como
fundamento da Ciência. São eles:
© David Parker/SPL/Latinstock
© SPL/Latinstock
ff a observação como fonte objetiva;
ff a relação teoria-experiência.
Figura 4 – O chão ou o teto?
Figura 5 – Plano ou ondulado?
Por meio deste exercício, espera-se que os
alunos compreendam que as percepções que
vêm dos sentidos não são as mesmas para
todos, já que as pessoas podem observar uma
mesma situação de formas diferentes.
vação, o cientista usa o vocabulário de uma
teoria para expressar sua percepção. Por
exemplo, para explicar a experiência de um
livro que foi solto no solo, um físico poderia
dizer, em sua observação, que a força gravitacional da massa do planeta Terra é que
atraiu para ele, segundo sua distância, a
massa do livro. Onde está a palavra “força”
no ato de soltar um livro? E “atração”? Todas
essas palavras estão na mente do cientista
antes da experiência.
Enfim, a observação tem problemas em
relação à objetividade da Ciência, e também
com a crença de que dela derivam todas as
teorias. Seria muito difícil acreditar que,
quando um cientista realiza uma experiência,
ele o faça partindo do nada. Ele tem muitas
teorias anteriores à experiência, e, algumas
vezes, é com base nelas que ele irá produzir a
própria experiência a ser observada. Isso aparece principalmente quando, durante a obser-
Na vida cotidiana, podemos encontrar
vários exemplos de percepções com vocabulário derivado de outras teorias. Por exemplo, se dissermos: “o vento empurrou o lixo
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para dentro da sala”, já apresentamos teorias. Inicialmente, que o lixo pode ser empurrado, e que o ato de ele entrar na sala foi em
função de algo externo, uma vez que não seria
capaz de entrar na sala sozinho: temos, aqui,
uma teoria da inércia do lixo. Segundo,
mesmo sem podermos ver, sabemos que o
vento é capaz de movimentar outras coisas:
temos, aqui, uma teoria da capacidade de o
vento empurrar. Se, no cotidiano, temos teorias, seria absurdo imaginar que os cientistas
gastariam montanhas de dinheiro para fazer
pesquisas sem uma teoria prévia do que eles
pretendem experimentar.
Exercício
Proponha aos alunos, de acordo
com a atividade de Pesquisa em
grupo do Caderno do Aluno, que
observem pequenos fenômenos na sala de
aula. Depois, peça que anotem esses fenômenos, como “o Sol atravessa o vidro e aquece a
carteira”. Em seguida, procure levá-los a perceber as pequenas teorias que acompanham
essa afirmação. Por exemplo, o Sol é quente e
emite raios de calor; o vidro é transparente e
permite a passagem de calor e de luz; a carteira recebe calor e fica aquecida. Assim, por
meio da percepção, do vocabulário de outras
teorias e de inferências, é possível elaborar
pequenas teorias. Nesse contexto, podemos
afirmar que a Ciência é uma atividade humana
que contempla, entre outros procedimentos,
observações, interpretações e análises de fenômenos (no exemplo mencionado, os raios
solares que incidem verticalmente sobre um
material sólido e transparente, atravessando-o
e incidindo sobre objetos).
Dialogar – O falsificacionismo
Nesta etapa, será muito importante ter em
mãos pequenas biografias de Karl Popper e
Thomas Kuhn.
Depois de termos visto alguns problemas
sobre a indução, vamos estudar agora alguns
filósofos que reconheceram a importância da
atividade científica. Embora admita-se que
ela não é capaz de dar todas as respostas e se
entenda que é baseada na indução, acreditamos que, ainda assim, a Ciência oferece as
melhores respostas disponíveis.
Para os falsificacionistas – entre os quais
Karl Popper é um dos mais importantes –, o
valor de um conhecimento científico não vem
da observação de experiências, mas da possibilidade de a teoria ser contrariada, ou
melhor, falseada. Em um primeiro momento,
acreditava-se que a Ciência comportaria
todas as verdades, com base na criação de
teorias e leis que surgiriam pela observação
de experiências – essa é a crença de indutivistas. Com a ideia de que a teoria precede a
experiência, os falsificacionistas admitem
que toda explicação científica é hipotética;
no entanto, é o melhor que temos.
Quanto mais uma teoria pode ser falseada,
melhor seria ela. Por exemplo, ignorando a
pressão atmosférica e outros fatores, se dissermos que “a água ferve a 100 graus Celsius”,
qual é a contradição possível, ou melhor, o que
tornaria falsa essa afirmação? A resposta seria:
ao chegar a 100 graus Celsius, a água não ferveria, ou ferveria antes.
No momento em que uma teoria é falseada,
o cientista tentará melhorá-la ou a abandonará. Mas, enquanto ela não é falseada, permanece seu valor explicativo. O fundamental é
que tenhamos em mente o seu limite. As teo­rias
têm de dizer algo bem objetivo sobre o mundo,
para ser mos capazes de conceber sua
falsificabilidade.
Critérios para uma boa teoria
ff Tem de ser clara e precisa, não pode ser
obscura nem deixar margem para várias
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Teorias que não podem ser falseadas não
são boas teorias. Por exemplo, se alguém disser que “o ladrão rouba”, não estará dizendo
muita coisa sobre o mundo. Apesar de parecer clara, essa afirmação não pode ser
falsea­d a; afinal, está contida na palavra
“ladrão” a ideia de que ela qualifica os seres
que roubam. Ninguém precisa dizer “o ladrão
rouba” para sabermos que ele rouba. É
impossível contradizer essa afirmação, pois é
completamente irracional pensarmos em um
ladrão que não rouba.
Outro exemplo: se dissermos “é possível
ter sorte no esporte”, também não diremos
muita coisa. Não estamos sendo precisos,
uma vez que muitas outras coisas são possíveis no esporte. A própria ideia de que algo é
possível permite quase tudo, mas como medir
a sorte ou saber que não foi o acaso? Essa
frase serve tanto para perder quanto para
ganhar, não é capaz de ser falseada. Pode ser
a sorte de um time ou de outro; pode ser até
mesmo a sorte dos dois, mas nunca deixará
de ser sorte de alguém.
Exercício
Professor, o Caderno do Aluno oferece
uma possibilidade de questão sobre Karl
Popper a ser apresentada aos alunos. Outra
proposta do Caderno do Aluno é dividir a
sala em grupos – conforme seus critérios
usuais – e pedir-lhes que criem cinco hipóteses falsificáveis. Quanto mais contradições
apresentarem, melhor, já que o importante,
neste exercício, é o raciocínio reflexivo e o uso
da imaginação.
Por exemplo:
Hipótese
© Patrícia Paulozi/Maps World
interpretações. Quanto mais específica,
melhor;
ff Deve permitir a falsificabilidade; quanto
mais, melhor;
ff Deve ser ousada, para conseguir progredir
em busca de um conhecimento mais aprofundado sobre a realidade.
Figura 6.
Se eu soltar esta borracha, ela cairá no chão
e rolará para a esquerda.
Falseamentos possíveis
ff Se soltar esta borracha, ela não cairá no
chão, nem rolará para lado nenhum.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá para cima.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá para a
parede.
ff Se soltar esta borracha, ela ficará suspensa
no ar.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá no chão e
rolará para a direita.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá no chão e
rolará para cima.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá no chão e
rolará para baixo.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá no chão e
não rolará.
ff Se soltar esta borracha, ela cairá no chão e
desaparecerá.
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Se considerar oportuno, apresente esta
outra hipótese para os alunos criarem falseamentos possíveis. A seguir, apresenta-se uma
sugestão.
Hipótese
A diretora está irritada com o computador.
Falseamentos possíveis
ff A diretora não está irritada com nada.
ff A diretora não está irritada com o computador.
ff A diretora finge estar irritada.
ff A diretora está irritada, não com o computador, mas com o aparelho de fax.
Dialogar – O progresso da Ciência
Para os falsificacionistas, a Ciência progride
pela tentativa de superação das teorias. Com base
nas considerações de Alan Chalmers, no livro O
que é Ciência afinal?, podemos pensar o progresso
da Física segundo os falsificacionistas.
O primeiro grande físico seria o filósofo
Aristóteles. Sua teoria explicava por que os
objetos caíam (para encontrar seu lugar natural)
ou, também, como funcionava o sifão (a impossibilidade do vácuo). A física de Aristóteles foi
falseada várias vezes. A física de Newton era
capaz de explicar melhor do que a física de
Aristóteles diversos fenômenos; por exemplo,
a Lei da Gravidade era melhor que a Teoria da
Posição Natural, esta refutada há bastante
tempo. No entanto, a física de Newton não
explicava alguns fenômenos, como a órbita do
planeta Mercúrio. A física de Albert Einstein,
por sua vez, era capaz de explicar não só os
pontos em que a física de Newton era bem-sucedida, como o que foi refutado dessa teoria.
Agora, os cientistas procuram ir além. A teoria
de Einstein é melhor que a de Aristóteles e que
a de Newton; no entanto, apesar de ser a
melhor disponível, poderá ser superada um dia,
pois o melhor que temos não é o definitivo.
O não científico na Ciência
Muitos filósofos se interessaram em pensar
de forma crítica a Ciência, seus fundamentos,
seus limites e seu progresso. Neste Caderno,
trabalhamos primeiramente com os falsificacionistas, em especial Karl Popper; agora,
vamos discutir a reflexão de Thomas Kuhn a
respeito da Ciência, vista por ele como uma
construção histórica.
Em primeiro lugar, é importante salientar que
a Ciência é uma atividade racional e humana.
Como muitas outras, é influenciada por problemas humanos de natureza variada, como emocionais, políticos, linguísticos, sociais e
religiosos.
Kuhn percebeu que essas influências são
inerentes à racionalidade humana e se propôs
a pensar a Ciência com base nelas e de acordo
com a seguinte linha de desenvolvimento:
pré-Ciência, Ciência normal, crise, revolução
científica e nova Ciência normal.
O conceito mais importante para Kuhn é o
de paradigma, que é o modelo da Ciência normal.
Durante um tempo, todos os cientistas procuram orientar suas pesquisas com base em um
modelo, de maneira a preservar a verdade científica. O que não se encaixar nesse modelo será
excluído; será considerado anomalia, mas isso
também pode indicar que o cientista não aplicou
corretamente o modelo e sua metodologia.
Para Kuhn, o determinante das normas da
Ciência é o paradigma aceito pelos cientistas.
Mas, por motivos nem sempre racionais, os cientistas mudam de paradigma, após uma crise da
Ciência normal, o que, em geral, é fundamentado
na anomalia, isto é, quando a Ciência normal não
consegue responder a alguns problemas, como a
órbita de Mercúrio para a física newtoniana.
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Essa crise estende-se até uma revolução científica, quando a maneira de fazer Ciência muda
completamente. Quando ocorre essa mudança,
segundo Kuhn, chega-se a uma nova Ciência
normal, praticada, a partir desse momento, de
acordo com um novo paradigma.
É preciso considerar que a racionalidade
científica encontra problemas dentro e fora de
seu espaço de ação. Dentro desse espaço são
as anomalias e, fora dele, são as necessidades
humanas da pesquisa científica. Instituições,
empresas e governos procuram fazer que a
Ciência seja orientada por seus interesses, não
apenas por mera curiosidade.
Avaliação da Situação
de Aprendizagem
A base para avaliação é a participação em
sala de aula, acompanhada da correção dos
Cadernos, em que os alunos trabalharam no
exercício sobre dedução e indução com base
no texto de David Hume, no exercício de
ordenação das frases e no exercício sobre
falsificacionismo.
Propostas de questões para avaliação
É importante destacar que as questões 1, 2 e 3 propostas a seguir
estão no Caderno do Aluno, na
seção Você aprendeu? e as questões 4 e 5 estão
disponíveis apenas para o professor. Essas atividades podem ser utilizadas no formato de
avaliação. Os exercícios têm o objetivo de sedimentar a aprendizagem do aluno no que diz
respeito à concepção empirista de Ciência, a
revolução científica tratada por Kuhn e a teoria
científica da refutabilidade de Popper.
1. Assinale a frase que não falsearia a seguinte
Lei de Newton: “Todo corpo continua em
seu estado de repouso, a menos que seja
forçado a mudar aquele estado por forças
aplicadas sobre ele”.
a) Uma bola (corpo) estava parada no
meio de campo e, ao ser chutada pelo
zagueiro (forças aplicadas), foi parar na
área adversária.
b) Uma folha de papel (corpo) ficou imóvel sobre a mesa, mesmo recebendo
uma forte ventania (forças aplicadas).
c) O carrinho de supermercado (corpo)
começou a se mover, sem nenhum tipo
de força que o fizesse sair do lugar.
d) O carro na garagem de casa (corpo) não
se moveu, mesmo quando foi puxado
por um potente guincho (forças aplicadas), por meio de uma corda, compatível com sua massa.
e) O aparelho celular (corpo) ficou suspenso no ar ao ser atirado (forças aplicadas) no chão.
As competências e as habilidades esperadas dizem respeito
à capacidade de leitura e reflexão lógica. O que o aluno vai
exercitar é o ato da leitura crítica e, com isso, o raciocínio
lógico-dedutivo.
2. Segundo a ordem do desenvolvimento da
Ciência, proposta por Thomas Kuhn, enumere sequencialmente:
( 3 ) Crise.
( 2 ) Ciência normal.
( 4 ) Revolução científica.
( 5 ) Nova Ciência normal.
( 1 ) Pré-Ciência.
Nesta questão, o aluno terá um bom desempenho se apresentar as competências e as habilidades que envolvem o
conhecimento crítico a respeito do desenvolvimento histórico da Ciência.
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3. Assinale a frase que não diz respeito ao
conceito de paradigma de Thomas Kuhn.
a) Paradigma é o modelo da Ciência normal.
b) A Ciência normal é determinada forma
histórica de fazer Ciência. Esta forma de
fazer ou pensar a Ciência é o paradigma.
c) A anomalia ocorre quando um paradigma não consegue explicar alguns
fenômenos.
d) Com base nas anomalias, inicia-se uma
crítica do paradigma científico e, com
isso, é possível a ocorrência de uma
revolução científica.
e) Cada cientista tem um paradigma particular e pessoal, que nunca partilha com
outro cientista.
Para esta questão, é fundamental que o aluno apresente uma
compreensão histórica da Ciência, e mostre-se capaz de
pensar de forma crítica o valor e a autoridade do conhecimento científico.
4. O que é falsificacionismo?
Espera-se que os alunos entendam a incapacidade de a Ciência ser fundamentada na indução. Eles devem apresentar a
ideia de que as teorias científicas são apenas provisórias, até
que sejam falseadas. Ao ser falseadas, outras teorias deverão
assumir seu lugar. Exemplos enriqueceriam a resposta.
As competências e habilidades que se pretende avaliar com
essa questão se circunscrevem à compreensão crítica da
Ciência e seus limites. O aluno precisa entender que ela não
Ciência normal. Devem apresentar, também, o caráter subjetivo da mudança de paradigma dos cientistas.
As competências e habilidades que se pretende avaliar com
essa questão envolvem a compreensão sócio-histórica da
Ciência.
Proposta de situação de recuperação
Após a realização das atividades regulares
– aulas, exercícios, a Situação de Aprendizagem neste Caderno e a avaliação –, talvez
alguns alunos não tenham alcançado os objetivos, tanto no que concerne à apreensão dos
conteúdos como ao desenvolvimento das
habilidades e competências contempladas.
Nesses casos, retome com eles as noções de
Ciência, tanto em Popper quanto em Kuhn.
Em seguida, proponha que reescrevam, com
as próprias palavras e com base em exemplos,
as seguintes afirmações:
1. Para os falsificacionistas – entre os quais
Karl Popper é um dos mais importantes –,
o valor de um conhecimento científico não
vem da observação de experiências, mas da
possibilidade de a teoria ser contrariada,
ou melhor, falseada.
2. É importante salientar que a Ciência é
uma atividade racional e humana. Essa
atividade, como muitas outras, é influenciada por problemas humanos de natureza
variada, como emocionais, políticos, linguísticos, sociais e religiosos.
é uma verdade absoluta.
5. O que é um paradigma, segundo Thomas
Kuhn?
Espera-se que os alunos definam o paradigma como
modelo da Ciência normal durante um período. Mais
ainda, que a crise do paradigma, decorrente da tentativa de
responder a uma anomalia, é responsável pela revolução
científica, quando se estabelecem outro paradigma e outra
As respostas a essas questões podem ser
seu instrumento de avaliação, pois, além de
favorecerem a verificação da apreensão do
conteúdo conceitual, possibilitam o desenvolvimento do domínio da norma-padrão da
Língua Portuguesa, bem como a construção
e a aplicação dos conceitos relativos ao tema
do conhecimento científico.
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Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
Livros
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna,
2009.
CHALMERS, Alan F. O que é Ciência afinal?
Tradução Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense,
2011.
CHAUI, Marilena. Iniciação à filosofia.
São Paulo: Ática, 2010.
Sites
Estes são alguns sites de instituições de incentivo à pesquisa que podem ser acessados:
CONSELHO Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Disponível
em: <http://www.cnpq.br>. Acesso em: 12 jul.
2013.
COORDENAÇÃO de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes). Disponível
em: <http://capes. gov.br>. Acesso em: 12 jul.
2013.
FUNDAÇÃO de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (Fapesp). Disponível em: <http://
www.fapesp.br>. Acesso em: 12 jul. 2013.
Kuhn, Thomas S. A estrutura das revoluções
científicas. Tradução Beatriz Vianna Boeira e
Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 2006.
(Debates).
SCIENTIFIC Eletronic Library Online
(SciELO). Disponível em: <http://www.scielo.
br>. Acesso em: 12 jul. 2013.
POPPER, Karl Raimund. A lógica da pesquisa científica. Tradução Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. São Paulo:
Cultrix, 2009.
SOCIEDADE Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC). Disponível em: <http://
www.sbpcnet.org.br>. Acesso em: 12 jul.
2013.
Situação de Aprendizagem 6
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA RELIGIÃO –
DEUS E A RAZÃO
O objetivo desta Situação de Aprendizagem é
apresentar ao aluno o uso da racionalidade relacionada à existência de Deus. Seria possível
conhecer Deus com base na razão? Como ela
pode saber sobre Sua existência? Há limites?
Inicialmente, propomos a diferenciação entre
argumentos racionais e emocionais, com base nas
etapas relativas à existência de Deus. Em seguida,
a proposta considera as provas da existência de
Deus e como as pensou o filósofo Immanuel
Kant. Enfim, as aulas propõem uma reflexão
sobre a alteridade, após a leitura de um texto de
Montesquieu.
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Conteúdos e temas: Deus; provas da existência de Deus; Kant; Voltaire; tolerância.
Competências e habilidades: desenvolver noções sobre os limites da racionalidade e, ao mesmo
tempo, abrir espaço para o diálogo com base nas questões de alteridade.
Sugestão de estratégias: aulas expositivas e exercícios de leitura e reflexão.
Sugestão de recursos: sites, lousa e texto para leitura.
Sugestão de avaliação: como toda a tarefa é realizada em sala de aula, a observação e as anotações
a respeito da participação são fundamentais. A correção dos exercícios e a organização do Caderno
do Aluno são essenciais para a avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Deus existe?
Professor, para esta etapa de Sondagem e
sensibilização, é importante a elaboração de
biografias curtas de Platão, Aristóteles, Santo
Agostinho, São Tomás de Aquino, Santo
Anselmo e Immanuel Kant. Além disso, você
pode retomar com os alunos as discussões
sobre Ciência, desenvolvidas na primeira
Situação de Aprendizagem.
Além disso, com o objetivo de que os
alunos conheçam e fixem conceitos
que serão trabalhados ao longo desta
Situação de Aprendizagem, você pode propor a
atividade de Pesquisa individual que consta no
Caderno do Aluno sobre as expressões “Fé e
Razão”, “Tolerância”, “Religião” e “Alteridade”. A pesquisa pode ser feita na internet, em
dicionários de Filosofia, na biblioteca da escola
ou da cidade em que vivem. É necessário orientá-los quanto aos critérios de qualidade no
momento da escolha das fontes de pesquisa,
para que a tarefa seja bem fundamentada.
Depois das atividades de pesquisa, você
pode propor o seguinte “desafio”: Prove, racionalmente, que existe um deus. Para que os alunos respondam à questão, ajude-os a discernir
argumentos objetivos e racionais, com base em
categorias lógicas, dos subjetivos e emocionais
(com base em a priori, oriundos de dogmas
religiosos, culturais e metafóricos, cuja adesão
de verdade não é estabelecida pela Lógica). Se
necessário, retome conceitos lógicos. Com as
respostas dos alunos, preencha, na lousa, o
quadro de acordo com as informações a seguir.
Orientações para compor o quadro
Argumentos racionais (pensar).
Argumentos emocionais (sentir).
Sob a primeira frase, coloque os argumentos objetivos dos alunos, ou seja, argumentos que não se
fundamentam apenas na experiência pessoal e que podem ser partilhados por todos os alunos. Veja
alguns exemplos:
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ff Deus existe porque ele é o princípio de tudo. Os seres não podem ter vindo do nada (neste caso,
observe o raciocínio lógico dos termos, na ideia de princípio, seres e nada);
ff Deus existe porque todos os povos têm uma religião. Mesmo sendo diferentes, elas intuem a presença de um Ser maior (observe que é um argumento com base em um dado empírico: todos os
povos têm religião e elas compreendem a existência de Deus de maneiras diferentes).
Sob a segunda frase, coloque os argumentos subjetivos dos alunos, isto é, aqueles que dependem
exclusivamente do relato subjetivo, como fundamento. Eis alguns exemplos:
ff Deus existe porque eu posso sentir no fundo do meu coração (observe a dificuldade de partilhar
essa experiência, pois sentir é um ato individual, e o relato ainda não é uma prova. Por exemplo,
nas novelas podemos “sentir” que há amor entre duas personagens, mas, apesar disso, o que vemos
não passa de uma representação);
ff Porque Ele ensinou o amor, e o amor é a coisa mais importante do mundo (observe que a primeira
premissa – Ele ensinou o amor – não é um dado empírico; pressupõe que se tenha fé em Deus e
que ela seja suficiente para provar objetivamente. Ter fé é um ato subjetivo; afinal ninguém acredita
do mesmo modo).
O fundamental, neste exercício, não é debater a existência real de Deus, mas orientar o
aluno para a reflexão lógica. Não se trata de
uma aula de convencimento ou discussão religiosa. Trata-se, sobretudo, de promover a distinção de argumentos. Um cidadão precisa
saber a diferença de uma fala que apela para
sentimentos de uma fala estabelecida pela
razão. Dessa maneira, o aluno é convidado a
pensar objetivamente os dados da cultura. A
oposição clássica entre pensar e sentir deve
orientar a introdução à Filosofia da religião.
Neste primeiro momento, nosso enfoque
será uma compreensão racional da existência
ou não de Deus. Essa compreensão inclui o
entendimento de que diferentes religiões contam com diferentes concepções sobre Deus e
sua existência. Apesar de predominantemente
católico – e cristão –, o povo brasileiro pratica
diversas religiões.
Após a apresentação dessas informações,
você pode propor aos alunos um debate sobre o
tema com as questões dispostas no Caderno do
Aluno. Peça que eles registrem as informações no
espaço destinado à atividade em seus Cadernos.
Deus como causa do mundo
Para Platão, não existe apenas um deus
criador de tudo, mas um responsável pela
organização do mundo. Ele seria o Demiurgo
– um ser que produziria a imagem do mundo
perfeito na matéria imperfeita. Antes de o
mundo existir, havia ideias perfeitas e eternas
que foram copiadas na matéria pelo
Demiurgo. Embora as imagens não sejam
perfeitas, a ação do Demiurgo permitiu tornar o mundo inteligível, ao ordenar o mundo
sensível e assim favorecer nossa compreensão
sobre ele.
Para Aristóteles, Deus seria o primeiro
motor, isto é, todas as coisas que se movimentam são movimentadas por outras coisas. As
pessoas, os ventos, os mares, as nuvens, as
árvores, cada ser no mundo passa da potência
ao ato, que é o movimento. Mas quem “daria
o primeiro empurrão”, quem seria o primeiro
motor? No livro Metafísica, a resposta apresentada por ele é Theós – que, em grego, significa Deus. Então, Deus existe porque alguém
tinha de começar o movimento sem ser movimentado: um ato puro.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
© Adilton Martins
Para Plotino, filósofo grego neoplatônico
que viveu entre 204 e 270 d.C., o mundo é
parte do Uno. Imaginemos que a luz é a existência, e a falta de luz é não existir. Tudo o
que está fora da luz não existe, metáfora ilustrada no desenho a seguir:
Figura 7.
ff A lâmpada é a fonte da luz.
ff Tudo o que se pode ver precisa da luz; a luz
está nas coisas para que elas apareçam.
ff A fonte da luz é superior ao que ela ilumina.
Afinal, sem luz, as coisas não aparecem.
O Uno é, assim, a fonte de tudo o que existe.
Mas as coisas que emanam dessa fonte não se
separam dela. Não existe a ideia de que os seres
criados possam ser separados do criador, como
no cristianismo. Assim como os objetos precisam da luz para aparecer, os seres precisam do
Uno para permanecer existindo; eles estão ligados, unidos, e tudo é parte do Uno. Por isso,
quanto mais longe da fonte da luz estiver uma
coisa, mais ela será sombria. Da mesma forma,
quanto mais longe da fonte da existência, ou
seja, o Uno, menor é a força de sua existência.
Por isso, do Uno emana, primeiro, a inteligência; depois, a alma que governa o mundo e,
enfim, o próprio mundo material. Cada ser no
mundo é um pedaço do Uno, mas este é superior
a todas as suas pequenas partes. O que está mais
longe do Uno é o mundo material, e o que está
mais perto são a inteligência e a alma.
Para a filosofia cristã, a ideia de que o mundo
e suas partes emanam de Deus não pode ser
fundamentada, porque Deus é puro, homogêneo e não pode ser dividido. Então, quando
Ele criou o mundo, o fez separado Dele. Uma
ideia bastante difundida nas Igrejas cristãs de
diversas denominações – criada pela filosofia
cristã – é a de que o mundo não pode ter sido
gerado do nada: o mundo veio da criação de
Deus; afinal, se algo viesse do nada, ele deixaria de ser nada para se tornar criador.
É por dois motivos que muito se pode falar
sobre o conceito de Deus na História da Filosofia. Primeiro, porque esse conceito foi um
dos primeiros problemas filosóficos clássicos e,
segundo, porque muitos sistemas filosófi­cos
dependem desse conceito. Sabemos seu desenvolvimento. De qualquer forma, as ideias anteriormente esboçadas podem ser consideradas
matrizes do problema filosófico de Deus.
A existência de Deus pode ser provada pela
razão?
Existem algumas provas racionais da existência de Deus. Vejamos, sucintamente, as
principais:
ff Todos os povos têm religião; a existência
de uma divindade é um consenso universal
(consensus gentis).
ff O mundo tem uma ordem e deve haver
uma inteligência ordenadora de todas as
coisas (São Tomás).
ff Tudo tem uma causa. Tudo o que foi
causado pode causar outras coisas. Deve
haver algo que causa as coisas, mas não
foi causado por ninguém. Deus é a causa
não causada (Aristóteles).
ff Todas as coisas estão em movimento e
movimentam outras coisas. O movimento é
a passagem do que é (ato) para aquilo que
pode vir a ser (potência). Deve haver um
ser que movimenta as outras coisas, mas
não é movimentado por nada, o primeiro
motor – ou o motor imóvel (Aristóteles).
ff Tudo o que é alguma coisa participa de
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outra melhor. Por exemplo, algo quente
participa do fogo. Cada ser tem um grau de
perfeição, como o fogo e o objeto quente. O
limite máximo da perfeição é Deus; acima
Dele não há nada melhor (São Tomás).
ff Prova de São Tomás de Aquino – Cada ser
precisa de algum outro para existir; esse
ser é chamado de ser possível. Por exemplo,
para existir, uma criança precisa de um pai
e de uma mãe. O pai e a mãe precisam de
outros seres; estes, de outros, e assim por
diante. Todas as coisas do mundo precisam de outro ser para existir. Mas há um
ser que não precisa de ninguém para existir; a ele nós chamamos de ser necessário.
Se todos os seres do mundo precisam de
outro para existir, deve haver, portanto,
um ser que dê a existência ao mundo e ao
mesmo tempo não precise de nada para
existir; esse ser necessário é Deus.
ff Prova de Santo Anselmo – Aquilo a respeito do que não conseguimos pensar
nada de maior não pode estar apenas no
intelecto. Afinal, o intelecto não ultrapassa essa ideia nem a contém. Então, se
o intelecto não ultrapassa essa ideia, quer
dizer que ela também está fora dele, na
realidade. Como um copo que transborda
com a água, há água dentro e fora do copo.
Deus é o ser que nós não conseguimos pensar nada maior. Por isso, ele não pode ser
apenas uma ideia; ele é uma realidade.
Para Kant, cada uma dessas provas é uma
prova lógica, apenas racional. Mas nem sempre
o que dá certo nas teorias lógicas acontece ou
se repete no mundo real: a realidade não é devedora das nossas lógicas.
Somos seres que pensamos apenas por
meio de categorias limitadas, como tempo e
espaço. Qualquer ser real, fora das nossas
categorias, não pode ser conhecido, nem
podemos provar a sua existência. Só podemos
confirmar a existência de alguma coisa
fazendo a experiência dela; do contrário, ela
é uma suposição lógica, uma hipótese. Para
Kant, a prova de Santo Anselmo (último
item) incorre nesse erro.
Do mesmo modo, a experiência objetiva
nos diz que a prova da causalidade (terceiro
item) não é uma prova da existência de Deus.
Sabemos que alguns efeitos têm determinadas
causas. De outros efeitos, não sabemos as
causas. Por hipótese, é possível que haja uma
causa inicial, mas, por não podermos repetir
a experiência inicial, a prova perde seu valor.
Novamente, o que é certo na Lógica nem sempre é certo na realidade.
Kant disse o mesmo da prova da ordem do
mundo (segundo item). Se pensarmos que o
mundo tem uma ordem, podemos certamente
supor que alguém ordenou todas as coisas. Por
exemplo, se olhamos uma casa benfeita, suporíamos que ali trabalhou alguém. Mas não
sabemos quem foi esse alguém. Foi um arquiteto? Um engenheiro? Um pedreiro? Uma
mulher? Um homem? Um jovem? Várias pessoas? Ou seja, sabemos que existe o mundo e
que existe até mesmo certa ordem, mas quem é
o responsável por isso não podemos provar.
Para Kant, o entendimento humano é limitado em diversos aspectos, o que reduz as possibilidades do nosso conhecimento. Mais ainda,
ao procurar suas respostas, Kant não se contentava com jogos de palavras – não basta parecer
que se prova, é preciso provar de verdade.
Em sua obra A crítica da razão pura, Kant
fez a crítica da razão sem as experiências e as
provas da existência de Deus. Em outro livro,
A crítica da razão prática, o filósofo procurou
entender o funcionamento da racionalidade
objetiva, isto é, envolvida com as experiências
e, assim, com a vontade. Então, seria justamente na vontade livre do homem que Kant
encontraria a certeza da existência de Deus.
A razão prática se dá na ação do homem
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no mundo. Essa ação acontece pela condição
única de ter uma consciência moral. Ela está
necessariamente ligada aos objetivos do
homem – o que se deseja fazer, a vontade. Se
tivermos objetivos, o caminho para alcançá-los é a razão deles, o seu dever. Sobre isso,
Kant lembra que o dever só é bom porque é
garantido pela liberdade; do contrário, não
teria valor.
Se a razão prática compreende os objetivos ideais, então não há diferença entre o
ideal e o real; afinal, o dever é real e bom. Ser
e dever ser encontram sua síntese: Deus.
Deus é o sumo bem. Deus existe porque é
nosso dever procurar o bem.
Professor, solicite aos alunos que façam
uma pesquisa e redijam um texto sobre uma
religião diferente daquela que professam, ou
contra-argumentem com informações ou
conhecimentos fundamentados nas ideias e
concepções daqueles que não creem na existência de Deus.
Após as leituras dos textos desta Situação
de Aprendizagem e a reflexão sobre algumas
teorias que buscaram compreender racionalmente a existência de Deus, é interessante que
você promova entre os alunos um momento
de reflexão para que possam pensar em suas
religiões, em suas crenças. Para isso, você
pode estimular um debate entre eles com
base nas perguntas:
ff Como a existência de Deus é explicada em
minha religião?
ff O que me levou a acreditar em minha
religião?
ff E os alunos que não se confessam religiosos, o que pensam dessas questões?
Você também pode pedir aos alunos que
respondam às questões propostas no Caderno
do Aluno, acerca da prova da existência de
Deus para Kant.
Ler e dialogar – Montesquieu
Depois de apresentar à classe uma
pequena biografia de Montesquieu,
leia com os alunos o texto e a pergunta a seguir, de acordo com a proposta do
Caderno do Aluno.
Uniformidade e diferença
Existem certas ideias de uniformidade que
algumas vezes ocorrem aos gênios, [...] mas que
infalivelmente causam grande impressão às
pequenas almas. Estas descobrem no interior de
tais ideias uma espécie de perfeição; porque é
quase impossível não vê-la: os mesmos pesos,
as mesmas medidas no comércio, as mesmas
leis do Estado, a mesma religião em toda parte.
Mas será isso sempre verdadeiro, sem exceções?
Será o mal da mudança constante menor que o
do sofrimento? E a grandeza de um gênio não
consiste, precisamente, em distinguir entre os
casos em que a uniformidade é um requisito, e
aqueles em que há necessidade de diferenças?
MONTESQUIEU. O espírito das leis. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.­gov.­br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=3906>.
Acesso em: 12 jul. 2013. Tradução Eloisa Pires.
Destaque com os alunos que, a partir do
século XVIII, a ideia do Estado laico surgiu no
horizonte político e se impôs com toda força. Isso
se deveu, em parte, à ascensão do pensamento
iluminista. Na época, filósofos como Montesquieu propuseram a divisão do poder (em executivo, legislativo e judiciário), excluindo, assim, a
função eclesiástica ou sacerdotal. Isso quer dizer
que a noção de uniformidade da religião foi substituída pela de neutralidade do Estado. O ensino
público universal, também introduzido pela Revolução, deve ignorar a religião e deixar a cada um
que cultive as suas crenças, sem ter o direito de
impô-las aos outros. O Estado é o fiador da segurança de cada um diante da intolerância. Após a
reflexão sobre o texto, peça-lhes que discutam em
grupo a seguinte questão, presente no Caderno
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do Aluno: Observando nossa sociedade, o que é
preciso uniformizar e o que é preciso manter e respeitar quando se trata de diferenças culturais?
Você pode propor que um membro de cada
grupo apresente a resposta registrada no
Caderno. Após a exposição, procure salientar
a qualidade do envolvimento dos alunos com
o texto, sempre valorizando a produção deles.
Demonstre os elos entre as ideias e as palavras
interpretadas pelos alunos.
Em seguida, peça que debatam sobre como
devemos tratar pessoas que têm uma religião
diferente da nossa. É fundamental mostrar a
violência dos preconceitos e diferenciar a tolerância da alteridade. Tolerar é aceitar a pessoa
que é diferente, o que é sempre melhor do que
a violência. Alteridade é encontrar no outro,
naquilo que muitas vezes não entendemos,
uma forma de crescimento próprio; é respeitar
e admirar quem não é como nós.
Finalmente, proponha conversas com um
colega, amigo ou familiar de outra religião e a
leitura de textos informativos. É essencial que
o aluno perceba a importância de respeitar as
diferentes opções religiosas.
Pesquisando
Peça aos alunos que pesquisem, em
casa, informações sobre uma religião diferente daquela que professam ou escolham alguma delas caso não
possuam religião. Oriente-os a procurar
dados, entrevistando pessoas e pesquisando
em livros ou sites. Em seguida, você pode
pedir que respondam às seguintes questões,
que constam no Caderno do Aluno, na seção
Pesquisa individual:
1. Sobre qual religião você pesquisou?
2. O que você aprendeu com essa pesquisa
sobre a religião?
3. O que mais chamou a sua atenção na religião pesquisada?
4. Cole ou desenhe imagens ou símbolos que
você considera representativos da religião
pesquisada.
5. Depois da pesquisa, houve alguma mudança na sua concepção sobre a maneira como devemos nos relacionar com
pessoas de religiões diferentes da nossa?
Argumente.
Sobre o respeito às diferentes religiões,
trata-se de valiosa experiência de cidadania
e humanidade. Por isso, é essencial evitar
quaisquer manifestações preconceituosas.
Os alunos não têm, de forma nenhuma, a
obrigatoriedade de concordar com o pensamento alheio, entretanto é fundamental o
reconhecimento da pluralidade de ideias.
Certamente, religião é um assunto de foro
íntimo; porém, como suas ações chegam ao
espaço público, torna-se necessário, com
muita cautela, fazer a ponte filosófica, com
o intuito de promover uma reflexão cada vez
mais cidadã. Se os alunos aprenderem o respeito ao outro, com certeza a docência da
Filosofia chegou ao seu objetivo mais nobre
e profundo.
Para a avaliação, você poderá receber os
resultados da pesquisa em folhas separadas,
entregues pelos alunos, mas não deixe de discuti-los em sala de aula, a fim de valorizar a
participação coletiva.
Avaliação da Situação de
Aprendizagem
A questão central desta Situação de Aprendizagem é a valorização do respeito a formas
diversas de religiosidade, visto que é impossível
uma determinação racional sobre a obrigatoriedade de uma crença, como a da existência
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de Deus. Por isso, procure avaliar os alunos
conforme seu crescimento em relação à alteridade, por meio da leitura ou da audiência das
respostas apresentadas em suas pesquisas.
Propostas de questões para avaliação
É importante destacar que as questões 1 e 2 propostas a seguir estão
no Caderno do Aluno, na seção
Você aprendeu? e as questões 3 e 4 estão disponíveis apenas para o professor. Essas atividades
podem ser utilizadas no formato de avaliação.
Espera-se que, com tais exercícios, os alunos
elaborem argumentos lógicos para as indagações filosóficas, propostas, por exemplo, por
Kant: O que podemos saber?, O que podemos
fazer? e O que podemos esperar?
1. Por que Kant afirmou que não podemos
chegar à certeza da existência ou da não
existência de Deus por meio da razão?
Assinale a alternativa que responde a
essa questão, segundo o pensamento do
filósofo.
a) O homem é um ser que não consegue
explicar teoricamente a existência de
Deus. Deus estaria fora e além das categorias humanas para a reflexão teórica,
por isso não poderíamos provar sua
existência.
b) Quando vemos uma grande obra, pensamos que algo ou alguém a construiu.
No entanto, apenas podemos supor isso.
A prova da existência de Deus, que se
refere à causa inicial, não pode ser uma
prova; ela é a suposição de que algo ou
alguém fez o mundo. Uma suposição
não é uma prova.
c) O homem não pode conhecer Deus porque não dispõe de recursos tecnológicos
para fazê-lo.
d) Não se pode provar a existência de
Deus, porque não há provas escritas
sobre a sua vida.
e) Apesar de a racionalidade humana ser
muito ampla, para Kant, Deus esconde-se dela nos mistérios mais profundos e,
por isso, o homem não pode provar a
sua existência.
2. Como Kant justifica a existência de Deus?
a) Para demonstrar a existência de Deus,
Kant recorreu às provas da existência de
Deus, como o motor imóvel e a causa
inicial.
b) Para Kant, a razão teórica não prova a
existência de Deus. No entanto, em termos práticos, no campo da razão prática,
é possível prová-la.
c) Kant prova a existência de Deus por
meio dos graus de perfeição do mundo.
É possível reconhecer que Deus existe
porque ele é o grau máximo desse bem
que vemos na Terra.
d) Kant não aceita as provas da existência
de Deus, porque era ateu e não procurou demonstrá-la.
3. Quando discutimos temas como: as diversas
religiosidades, a existência de Deus, fé, entre
outros, ora utilizamos argumentos objetivos, ora subjetivos. Assim, qual é a diferença entre argumentos objetivos e argumentos
subjetivos?
Espera-se que o aluno possa, ao menos teoricamente, identificar as características do argumento objetivo – que seria
partilhável, porque fundamentado na demonstração racional – e do argumento subjetivo – entendendo-o como algo
emocional, nem sempre demonstrável racionalmente e fundamentado na experiência pessoal do indivíduo.
Para que o aluno construa cada vez mais a sua cidadania, é
fundamental que ele seja capaz de discernir criticamente
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aquilo que ouve. A habilidade de manifestar posições e diferenciar argumentos é o que se almeja nesta questão.
4. Por que para Kant não podemos provar
racionalmente a existência de Deus?
A resposta do aluno deve considerar, fundamentalmente,
a relação entre lógica e mundo da experiência, isto é, pretende-se que ele saiba diferenciar o valor da elaboração de
um argumento lógico, ou teórico, e a ausência da obrigatoriedade de sua efetivação na realidade.
A habilidade de discernir e entender os limites da racionali-
Depois, proponha os seguintes exercícios,
que devem ser realizados em casa e corrigidos
por você:
1. Como diferentes religiões explicam a existência de Deus? Se preferir, você pode responder com base na sua experiência pessoal ou familiar.
2. Você considera importante respeitar as escolhas religiosas de todas as pessoas? Por quê?
dade e dos argumentos entra novamente em cena. O aluno
hábil em entender a necessidade da experiência e sua relação com a Lógica será capaz de desenvolver cada vez mais
a crítica.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
Proposta de situação de recuperação
Site
A religião é um aspecto importante em
nossa cultura e no desenvolvimento da cidadania. Portanto, é importante retomar com os
alunos a contribuição dos autores estudados
para a reflexão sobre tolerância, alteridade,
uniformidade e diferenças.
Domínio Público. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 12
jul. 2013. Neste site, você encontrará a Crítica
da razão pura, de Kant, e o Espírito das leis,
de Montesquieu – ambos trabalhados nesta
Situação de Aprendizagem.
Situação de Aprendizagem 7
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CULTURA – MITO E CULTURA
Considerando a importância da compreensão do homem em sua dimensão simbólica,
objetiva-se, com esta Situação de Aprendizagem, a problematização dos aspectos simbólicos e filosóficos da cultura.
Iniciaremos a abordagem com a leitura do
mito de Eros, constante no diálogo platônico
O banquete; em seguida, trataremos do pensamento de Ernest Cassirer. Com isso, o aluno
terá a oportunidade de refletir sobre alguns
problemas relativos ao conceito de cultura.
Enfim, debateremos os conceitos de etnocentrismo, relativismo cultural e alteridade.
Conteúdos e temas: mito; cultura; alteridade; etnocentrismo e relativismo cultural.
Competências e habilidades: as competências aqui consideradas dizem respeito à reflexão e à práxis
da alteridade. Ao compreender o aspecto simbólico do homem, o aluno terá a oportunidade de
reforçar seus compromissos de cidadania e respeito à diferença.
Sugestão de estratégias: aulas expositivas e exercícios de reflexão e leitura.
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Sugestão de recursos: sites, lousa e texto para leitura.
Sugestão de avaliação: como a maior parte das tarefas é realizada em sala de aula, a observação
e as anotações a respeito da participação são fundamentais. A correção dos exercícios e a organização do Caderno do Aluno são essenciais para a avaliação do processo de ensino-aprendizagem,
o que inclui principalmente a elaboração de textos.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Com o objetivo de que os alunos
conheçam e fixem conceitos que serão
trabalhados ao longo desta Situação
de Aprendizagem, você pode propor a atividade
de Pesquisa individual que consta no Caderno do
Aluno sobre as expressões “Mito”, “Cultura”,
“Linguagem”, “Natureza”, “Determinismo” e
“Relativismo”. A pesquisa pode ser feita na internet, em dicionários de Filosofia, na biblioteca da
escola ou da cidade em que vivem. É necessário
orientá-los quanto aos critérios de qualidade no
momento da escolha das fontes de pesquisa, para
que a tarefa seja bem fundamentada.
O amor
Nesta etapa, vamos trabalhar dois temas: a
Mitologia e a Filosofia da religião. Como sondagem inicial, pergunte aos alunos: O que é o
amor? Ouça as respostas, comente e aprofunde
as questões, conforme o direcionamento do
diálogo com os alunos.
capaz de organizar o mundo, fazendo que os
seres saiam do caos e construam o cosmo. Em
grego antigo, “caos” significa o início sem
ordem, e “cosmo” é o mundo organizado. Eros
é o deus capaz de unir os seres e de organizar
o mundo.
Porém, na própria Antiguidade grega, há
outra interpretação para a origem e o pa­pel
desse deus. Posterior à obra de Hesíodo,
outro modo de interpretar o amor está registrado no diálogo O banquete, de Platão. A
obra nos conta que, no mesmo dia em que
nasceu Afrodite, deusa da beleza, Poros e
Penia se encontraram e conceberam Eros,
deus do amor sensual. A vida desse deus é
marcada pela necessidade da presença e da
posse de um outro. Para suprir essa carência
constante, Eros conta com sua extraordinária
inteligência, e, por ter nascido no mesmo dia
em que Afrodite, com uma beleza incomum,
qualidades que, combinadas, o habilitam a
seduzir, conquistar e dominar os que despertam a sua paixão.
Em seguida, comente que poetas e filósofos
da Grécia Antiga, no período que abarca os
séculos VIII, VII e VI a.C., registraram diferentes interpretações para compreender o amor
e sua importância para os seres humanos.
A associação de Eros à deusa Afrodite foi
interpretada por poetas posteriores a Hesíodo
como uma relação de mãe e filho. Há uma
tradição bastante divulgada sobre a Mitologia
grega que apresenta Eros como filho de Hermes e Afrodite.
Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C.,
escreveu a obra Teogonia, na qual descreve em
poemas a origem dos deuses gregos. Para ele,
o deus do amor, Eros, era filho do primeiro
deus manifesto no mundo: Caos. No poema de
Hesíodo, Eros é um deus de extrema beleza e
A seguir, há um fragmento do diálogo O banquete, de Platão, com sua
interpretação para a origem e o significado do
amor. O texto e algumas atividades sobre mitos
estão no Caderno do Aluno, na seção Leitura
e análise de texto.
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O banquete (o amor, o belo)
Por ocasião do nascimento de Afrodite, os deuses celebraram com uma grande festa e, entre eles, estava
Porus (a Abundância), filho de Métis. Após a ceia, Penia (a Penúria), percebendo tanta fartura, veio
mendigar as sobras e encostou-se junto à porta. Porus, embriagado pelo néctar dos deuses, já que o vinho
ainda não havia sido inventado, entra no jardim de Zeus e cai em sono profundo. Penia, desejosa de gerar
um filho de Porus para superar sua situação de penúria, deita-se junto a ele e, nesse encontro, Eros é
concebido. Eros é, portanto, seguidor e servo de Afrodite, pois foi concebido no dia do nascimento dessa
deusa, e também por ser naturalmente um amante de tudo o que é belo, e Afrodite era bela. E por ser filho
da Penúria e da Abundância, Eros partilha da natureza e do destino de seus pais. Ele é eternamente pobre,
e longe de ser delicado e belo como imaginado pelos homens, é esquálido e enrugado; seu voo é raso junto
ao chão e ele não tem morada ou sapatos; dorme ao relento junto aos umbrais das portas, em ruas desprotegidas; possuindo, assim, a mesma condição de sua mãe, ele é eternamente insaciável.
Mas, visto que traz algo de seu pai, ele está sempre a fazer planos para obter coisas que sejam boas
e belas; ele é destemido, veemente e forte; um caçador cruel, sempre está a tramar novas armadilhas;
extremamente cauteloso e prudente, possui inúmeros recursos; é também, ao longo de toda sua existência, um filósofo, um poderoso sedutor, um mago e um sofista sutil. E, por não ser nem mortal nem
imortal, no mesmo dia em que pode ser bem-aventurado e bem-sucedido, ele irá simultaneamente
florescer e morrer para, em seguida, e de acordo com a natureza de seu pai, renascer novamente. Tudo
o que conquista, escapa-lhe continuamente, de tal modo que Eros não é jamais rico ou pobre, e encontra-se permanentemente em um estado intermediário entre a ignorância e a sabedoria.
PLATÃO. O banquete (o amor, o belo). Disponível em: <http://ia700204.us.archive.org/1/items/ofplatobanquet00platrich/
ofplatobanquet00platrich.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2013. Tradução Eloisa Pires.
O mito é uma forma de explicar o mundo,
uma forma de pensamento tão válida quanto
a Filosofia ou a religião. O que o mito tem de
peculiar, e o que o torna interessante, é que ele
explica as coisas com narrativas, simbólicas,
acerca das origens – do mundo, dos deuses, dos
homens, da sociedade. Ele dá um sentido, portanto, a realidades difíceis de entender ou
mesmo incompreensíveis: a vida, a morte, o
amor, a guerra, e assim por diante. Em um
sentido mais amplo, a palavra “mito” é utilizada para se referir, positivamente, a pessoas
ou feitos marcantes ou memoráveis; e negativamente, a noções falsas que passam por verdadeiras. Para encerrar este momento, você
pode perguntar aos alunos se eles conhecem
mitos que correspondam a cada um desses
sentidos – o propriamente mitológico, o sentido heroico e o sentido de negativo.
No livro A filosofia das formas, de Ernest
Cassirer (2004), o filósofo desenvolve uma pro-
funda reflexão sobre os mitos. Para ele, o mito
seria a primeira forma de interpretação do
mundo, o que deu lugar, depois, à religião, sem
que esta lhe seja superior. Todo o contato do
homem com a natureza e com os outros homens
é realizado por meio de símbolos, que, por sua
vez, colaboram na construção dos mitos. O
homem toca o mundo pelos signos, ele os inventa
e deles tira o sentido das coisas.
Desde os primórdios da história, o homem
acredita e representa suas crenças e suas visões
do mundo. Os símbolos são a forma que o
homem usa para representar sua vida. Por
exemplo:
ff Quando falamos à pessoa amada “Você é tudo
de que meu coração precisa”, é fácil entender
que estamos dizendo que a amamos e que
sofreremos se não formos correspondidos;
ff Quando uma criança pega algum objeto
que estava no chão e coloca na boca,
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Filosofia – 1a série – Volume 1
dizemos “caca!” – usamos um símbolo
(uma palavra) que representa a sujeira.
Os símbolos são amplamente partilhados,
mas também podem ser muito pessoais, e o
mesmo acontece com os significados. Lembre-se de que os signos são a representação
dos sentidos de algo: pode ser uma imagem,
um som, um cheiro, um sabor, um gesto, uma
temperatura, uma dança. O significado é o
“conteúdo” desse signo, a ideia que está por
trás daquilo que se apresenta para as pessoas
ou para si mesmo.
Ainda que Cassirer faça uma crítica ao tipo
de uso que Platão fez do mito, podemos perceber
que se trata de uma narrativa simbólica, e que
cada símbolo ou signo corresponde a um ou mais
significados no mundo.
Exercício
Depois de apresentar os desenhos a seguir,
peça aos alunos que expliquem seu significado.
No Caderno do Aluno, é proposto que eles
preencham o quadro a seguir, que também
apresenta outros desenhos:
Signo
Significados
O clima está parcialmente nublado, isto é, o Sol aparecerá
durante o dia, mas será encoberto pelas nuvens.
É proibido fumar no ambiente.
O amor.
Reciclagem.
A fé cristã.
Dinheiro e riqueza.
Quadro 11.
Depois desse exercício, peça aos alunos que
encontrem, na sala, outros signos ou mencio-
nem alguns observados em seu caminho para
a escola, sempre indicando o significado deles.
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Escrever e refletir – Dos mitos à
cultura
Na etapa anterior, introduzimos a ideia,
segundo Cassirer, de que o homem é um ser
simbólico, que se vale dos símbolos para
entender o mundo. Além disso, insistimos no
mito como uma forma simbólica para o
mundo.
Nesta etapa, será discutido o conceito de
cultura, principalmente com base no livro A
ideia de cultura, de Terry Eagleton (2005). Para
começar, escreva na lousa a seguinte questão:
Quem governa a sua vida, seus impulsos ou suas
ideias? Depois de ouvir as respostas dos alunos,
você pode introduzir a problemática sobre a
cultura.
Cultura versus natureza
A palavra “cultura” nos remete a duas possibilidades. Uma em que é entendida como o
acúmulo de conhecimentos e outra em que é
entendida como ação dos homens sobre a
natureza por meio do trabalho.
O conceito de cultura é derivado da natureza, em especial do ato de cultivar uma lavoura.
Por isso, a cultura tem seu início absolutamente
material, passando, mais tarde, a ser entendida
como atividade do espírito, principalmente
como atividade dos homens urbanos, não mais
do meio rural.
O indivíduo culto não é mais o lavrador,
e sim o estudioso da cidade. Nessa concepção mais tradicional de cultura, ela aparece
como relação do homem com a natureza – a
cultura pertence ao mundo dos homens e é a
sua forma de vencer os descaminhos e os
sofrimentos causados pela natureza; a cultura está no mundo do espírito humano e
deve, por seu turno, colonizar quem está
próximo à natureza e distante do mundo
intelectual.
Liberdade e determinismo
Se retomarmos a questão registrada à
lousa, temos aqui uma importante reflexão.
Quem nos governa: a natureza ou nossas
ideias? Nosso corpo ou nosso pensamento?
Dessa maneira, a cultura pode significar o uso
da liberdade, enquanto a natureza pode significar o determinismo biológico.
Ao imaginar, sonhar, planejar, escrever, trabalhar, conduzir, governar, rezar ou se divertir, o
homem exerce sua liberdade, enfrenta os imprevistos e as dificuldades causadas pela natureza,
prevê condições de alívio e consola-se diante do
inevitável ou das suas derrotas. O homem percebe seu lugar de origem, sua identidade e, ao
mesmo tempo, compreende que pode mudar e
ter suas raízes autotransportadas.
A natureza estaria apenas posta diante dos
homens, exigindo deles não mais que uma vida
animal, submetendo-os aos destinos dos que não
pensam antes de agir, dos que não imaginam nem
planejam uma vida mais significativa. A natureza
impõe o corpo, a fome, o impulso sexual, a necessidade de saciar a sede, a doença, o cansaço, o
calor e o frio. Com ela, o destino do homem está
traçado. Um destino nada significativo, assim
como a vida e a morte de qualquer animal.
A cultura em transição com a natureza
Um dos atos culturais por excelência é a arte.
Seria possível imaginá-la sem a natureza? Como
pensar um quadro paisagístico sem a paisagem
e sem o material como a tela e a tinta, que se
originam na natureza? Uma música sem paixão?
Um marceneiro sem madeira? Um escultor sem
pedra ou metal? Segundo essa concepção, natureza e cultura estão em acordo recíproco.
Por isso, o homem não é fruto determinado
de seu ambiente; ele é livre, mas é intimamente
influenciado pela natureza. Voltando ao exemplo da arte, por mais livre que seja um pintor,
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Filosofia – 1a série – Volume 1
ele estará, ao mesmo tempo, limitado e inspirado por seus instrumentos – o tipo de pelo
animal de seu pincel, o tipo de pigmento de sua
tinta, a paisagem, o objeto ou o corpo que quer
representar. Limitado, porque talvez não consiga transmitir para a tela seus sentimentos
mais profundos; inspirado, porque sabe que
pode fazer algo cada vez mais belo, com base
naquilo que a natureza lhe oferece, porque
domina sua técnica, avança em seus limites, diz
o que ainda não foi dito, ou reproduz o já
expresso de um modo próprio.
Assim, convém relativizar a ideia naturalista, que afirma ser a cultura uma expressão da natureza e sua determinação, o que
devemos fazer também com o idealismo,
pois as ideias estão associadas diretamente
ao ambiente em que as pessoas vivem. O
fazer e o natural estão, portanto, indissociavelmente ligados.
A cultura é uma construção de si mesmo
Quando pensamos que a cultura constrói
cada um de nós, o nosso eu, podemos supor
uma divisão: o eu inferior e o eu superior.
Nessa relação, a natureza estaria no eu inferior, como desejo e paixão, e a cultura estaria
no eu superior, como vontade e razão.
Desse modo, a natureza não estaria apenas em nosso corpo ou em nosso entorno.
Ela está no mais íntimo de cada um de nós.
Mesmo assim, ela não seria capaz de nos
saciar, porque não poderíamos viver apenas
de desejos e porque, se isso fosse possível,
não precisaríamos de cultura. A cultura é
uma necessidade física e subjetiva de cada
indivíduo.
Por essa ideia de cultura, podemos entender que somos capazes de nos inventar, já que
estamos sempre nos fazendo. Assim, por
exemplo, uma pessoa culta é aquela que
inventou um ser para si.
Por exemplo, se alguém quiser ser roqueiro,
o que deve fazer? No mínimo, deve aprender a
escutar rock, conversar com quem entende do
assunto, ler sobre ele, aprender a tocar algum
instrumento. O indivíduo não nasceu roqueiro;
ele se inventou, criou uma forma pessoal de ser.
Do mesmo modo, qualquer um de nós pode se
inventar. Caso não nos inventemos, estaremos
determinados pelo mundo que nos rodeia.
Podemos ser pessoas pacientes, agradáveis,
chatas; enfim, tudo é questão de escolha e atividade cultural. Mas nem sempre se inventar é
fácil. Somos uma espécie de planta que precisa
ser cultivada por nós mesmos.
Cultura e Estado
Para discutir a relação entre cultura e
Estado, apresente aos alunos, inicialmente, um
conceito sucinto de Estado. Em seguida, pergunte-lhes: Além de nós e das influências que
recebemos de outras pessoas, quem pode nos
ajudar a nos inventar? Com certeza, não é partindo do nada que imaginamos o que queremos ser ou nos tornar. Por isso, precisamos da
ajuda ou do exemplo dos outros. Assim, se
alguém quiser ser ator, necessitará de apoio
para isso, desde o financeiro até o incentivo
para o exercício da arte de representar.
Ora, o Estado brasileiro tem o dever de
ajudar as pessoas a se formar como cidadãos,
como repetimos exaustivamente. No entanto,
a mera repetição dessa ideia produz resultados
infinitamente pequenos. É preciso considerar
outros campos de atuação estatal que incluem,
por exemplo, a regulamentação dos meios de
comunicação, as políticas educacionais e os
incentivos artísticos e culturais. Nessa concepção, a cultura é o que está entre a maquinaria
do Estado e a sociedade civil, criando tensões
e, ao mesmo tempo, produzindo unidades entre
um e outro. Do ponto de vista do Estado, a
cultura deve ser civilizadora, isto é, deve fazer
que as pessoas se tornem mais sociáveis.
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Conceito de cultura
Em geral, podemos dizer que a cultura é
a ação dos homens com ou sobre a natureza,
por meio da objetivação da consciência
(Hegel), pelo trabalho em sociedade (Marx),
pela instituição de símbolos (Cassirer), por
uma lei simbólica (Lévi-Strauss), por meio
do contrato social (Rousseau), por meio da
educação (Cícero). Em síntese, essa ação produz técnicas, valores, conhecimentos, ideias,
religiões, artes e tudo o que circunscreve o
mundo humano.
Professor, no Caderno do Aluno,
na seção Lição de casa, foram propostas questões para que os alunos
pensem a relação entre natureza e cultura,
assim como o papel do Estado na cultura.
Opção de leitura
O próximo texto ajudará a desenvolver
ainda mais o conceito de cultura. Oriente
uma discussão com os alunos; para tanto,
sugerimos retomar as ideias iniciais sobre
cultura.
Efetivamente, é fácil ver que, entre as diferenças que distinguem os homens, muitas passam por
naturais, quando são unicamente a obra do hábito e dos diversos gêneros de vida que os homens adotam
na sociedade. Assim, um temperamento robusto ou delicado, a força ou a fraqueza que disso dependem,
vêm muitas vezes mais da maneira dura ou efeminada como foi educado do que da constituição primitiva
dos corpos. O mesmo ocorre com as forças do espírito, e não somente a educação estabelece diferença
entre os espíritos cultivados e os que não o são, mas ela aumenta a que se acha entre os primeiros à
proporção da cultura; pois, quando um gigante e um anão andam na mesma estrada, cada passo que
darão abrirá uma nova vantagem para o gigante. Ora, se compararmos a diversidade prodigiosa de
educação e de gêneros de vida que reina nas diferentes ordens do estado civil com a simplicidade e a
uniformidade da vida animal e selvagem, em que todos se nutrem dos mesmos alimentos, vivem da
mesma maneira e fazem exatamente as mesmas coisas, compreenderemos quanto a diferença de um
homem para outro homem deve ser menor no estado de natureza do que no de sociedade; e quanto a
desigualdade natural deve aumentar na espécie humana pela desigualdade de instituição.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Disponível em:
<http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6240585m>. Acesso em: 30 set. 2013. Tradução Célia Gambini.
Professor, no Caderno do Aluno, na
seção Leitura e análise de texto, é
solicitado aos alunos que sublinhem
as palavras desconhecidas, que investiguem
uma por uma e que escrevam os significados na
seção Meu vocabulário filosófico, disponível no
final do Caderno do Aluno. Estimule-os também a responder às questões:
2. Para Rousseau, qual é a importância da
educação?
3. Qual é a sua atitude pessoal em relação à
educação?
Isto posto, cabe a você orientá-los nas
p e s q u i s a s e n a c o n t ex t u a l i z a ç ã o d o s
argumentos.
Etnocentrismo, relativismo
e alteridade
Existem diversas culturas, já que existem
diversas maneiras de agir e de interpretar o
mundo, dando sentido às coisas. Essas culturas
mantêm contato entre si, mas nem sempre esse
contato é algo com que todos saem ganhando.
Isso ocorre porque muitas culturas se sentem
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Filosofia – 1a série – Volume 1
superiores a outras, o que implica diversas
maneiras de ver o mundo.
entanto, pode-se perguntar: O que é mais importante, ter tecnologia ou ter igualdade de fato?
Quando um grupo se acha superior a outro,
no sentido cultural, chamamos isso de etnocentrismo. Todas as vezes em que há uma ação etnocêntrica, deflagram-se várias formas de violência.
Por causa do etnocentrismo, por exemplo, os
europeus se sentiram superiores aos povos americanos e africanos, submeteram-nos à escravidão
e à pilhagem e impuseram sua cultura, em especial
a religião. Além disso, internamente, cada país
tem muitas culturas e também várias religiões.
Outro problema importante surge quando
nos colocamos uma questão simples: Como agir
em relação aos outros? A maneira mais recomendada é pela alteridade, isto é, pela valorização de
tudo aquilo que é do outro e diferente de nós.
A principal área de conhecimento que
estuda outras culturas é a Antropologia. Por
ela, aprendemos não apenas o que é o etnocentrismo, mas a importância de pensar o outro
como diferente de nós, como alguém que tem
muito a nos ensinar e muito a aprender
conosco. Para que isso ocorra e se reduzam as
tensões entre diferentes culturas, temos de dar
o passo mais importante, na direção do relativismo. O que chamamos de relativismo é a ideia
de que todos os valores são criados em meio ao
processo cultural das sociedades. Por isso, todo
julgamento que fazemos decorre de nossa cultura, e assim como cada um vê o outro de uma
forma, nós também somos vistos e considerados com base em nossa própria cultura.
E qual seria a diferença entre opinião e cultura? Opinião é uma fala pessoal, enquanto a
cultura precede as opiniões e é partilhada por
um grupo de pessoas.
Cabe então perguntar: Qual é a melhor cultura? É possível haver uma cultura melhor do
que as outras? Para que fosse possível responder e apontar uma cultura superior, teríamos
de assumir uma postura etnocêntrica.
Atualmente, é comum ouvir que algumas
culturas são tecnologicamente mais desenvolvidas do que aquelas industrializadas e rurais,
apontando-se as primeiras como melhores. No
Avaliação da Situação
de Aprendizagem
Para avaliar a Situação de Aprendizagem,
você pode considerar o exercício relativo ao
quadro sobre signo e significado, as anotações
feitas pelos alunos no Caderno, após as discussões em sala e – sempre – a participação de
cada um nos debates.
Propostas de questões para avaliação
É importante destacar que as questões 1, 2 e 3 propostas a seguir também estão no Caderno do Aluno, na
seção Você aprendeu? e as questões 4 e 5 estão
disponíveis apenas para o professor. Essas atividades podem ser utilizadas no formato de avaliação. Os exercícios têm o objetivo de sedimentar
a aprendizagem do aluno, no que concerne aos
conceitos de cultura, natureza (esta, por meio da
ação do trabalho do homem), relativismo, entre
outros juízos de valores, os quais estão imbuídos
de uma tradição histórica, sociológica, filosófica
etc.
1. O que é relativismo cultural? Selecione a
resposta correta.
a) Ensinar aos outros que a melhor cultura
é a nossa. Dessa maneira, eles aprenderão e aceitarão nossos valores, porque
estes são superiores a todos os outros.
b) Perceber o que há de bom na cultura
dos outros e destruir o que é ruim.
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c) Olhar os outros sabendo que nosso
juízo está submetido aos nossos valores.
b) tem uma compreensão intuitiva do
mundo.
d) Ignorar as pessoas que nós não
entendemos.
c) compreende o mundo e os outros, por
meio de símbolos, ritos, gestos, mitos e
religião.
e) Saber separar, de acordo com nossos
valores, o que é ruim ou bom nas outras
culturas e aceitar apenas aquilo que
valorizamos.
d) quer ver tudo mais bonito, razão que o
levou a desenvolver a arte.
norma-padrão da língua portuguesa e que consegue iden-
e) consegue descrever a realidade apenas
ao observá-la.
tificar e aplicar conceitos filosóficos para desenvolver seu
Nesta questão, o aluno pode demonstrar que domina a
sentido de alteridade, com base nos conteúdos desen-
norma-padrão da língua portuguesa e que consegue identi-
volvidos nas discussões em sala e nas informações que já
ficar e aplicar conceitos filosóficos para perceber a dimensão
possuía sobre a questão.
simbólica do homem, com base nos conteúdos desenvolvi-
Nesta questão, o aluno pode demonstrar que domina a
2. Qual das frases a seguir apresenta um
exemplo de alteridade?
a) Não há nada naquele país que me
interesse.
b) Eu aprendi, com nossas diferenças,
quan­to tenho de crescer.
dos nas discussões em sala e nas informações que já possuía
sobre a questão.
4. Com base nas discussões em sala, escreva o
seu conceito de cultura.
Para esta resposta, é importante que os alunos apresentem o
conceito de cultura, desenvolvido com base nos tópicos “Cultura versus natureza”, “Liberdade e determinismo”, “A cultura
em transição com a natureza”, “A cultura é uma construção de si
c) Não gosto de pessoas roqueiras.
mesmo” e “Cultura e Estado”. Caso você prefira, deixe-os escolher um dos tópicos ou peça que estabeleçam a relação entre
d) Pessoas tatuadas são assustadoras.
avaliado e que seus resultados sejam levados aos alunos.
e) Homem não chora.
mais de um deles. É fundamental que este exercício escrito seja
Nesta questão, o aluno pode demonstrar que domina a
Nesta questão, o aluno pode demonstrar que domina a norma-
norma-padrão da língua portuguesa e que consegue identificar e aplicar conceitos filosóficos para desenvolver o con-
-padrão da língua portuguesa e que consegue identificar e apli-
ceito de cultura, com base nos conteúdos desenvolvidos nas
car conceitos filosóficos para desenvolver seu sentido de alte-
discussões em sala. Será necessário, também, que o aluno
ridade, com base nos conteú­dos desenvolvidos nas discussões
organize uma argumentação consistente, ao relacionar as
em sala e nas informações que já possuía sobre a questão.
informações que já possuía aos tópicos apresentados na proposição da questão.
3. Segundo o filósofo alemão Ernest Cassirer,
todo o contato com a natureza e com os
outros homens é realizado por meio de símbolos. O homem toca o mundo pelos signos,
ele os criou e deles tira o sentido das coisas.
Em outras palavras, o homem é um ser simbólico porque:
a) gosta de desenhar.
5. O que é etnocentrismo? Discuta-o com base
em um ou mais exemplos da vida cotidiana.
Aqui, espera-se que o aluno demonstre compreensão do
conceito de etnocentrismo, com base em uma reflexão
sobre acontecimentos cotidianos, por exemplo, relacionados
à “superioridade” das sociedades tecnológicas ou à “superioridade” de uma religião em relação às outras. É possível,
igualmente, usar exemplos históricos para trabalhar a questão,
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Filosofia – 1a série – Volume 1
como a conquista da América, o imperialismo, o nazismo etc.
Nesta questão, o aluno pode demonstrar que domina a
norma-padrão da língua portuguesa e que consegue identificar e aplicar conceitos filosóficos para desenvolver o conceito
de etnocentrismo, com base nos conteúdos desenvolvidos
nas discussões em sala e em sua percepção dos ambientes
histórico-sociais. Será necessário também que o aluno organize uma argumentação consistente, ao relacionar as informações que já possuía aos tópicos apresentados na proposição
o outro e escrevam um texto emitindo suas
opiniões sobre os fatos relatados.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
Livros
da questão.
Proposta de situação
de recuperação
Após a realização das atividades regulares
– aulas, exercícios, a Situação de Aprendizagem proposta neste Caderno e a avaliação –,
talvez alguns alunos não tenham alcançado os
objetivos, no que concerne tanto à apreensão
dos conteúdos, como ao desenvolvimento das
habilidades e competências contempladas.
Retome com esses alunos a explicação
sobre a questão da alteridade. Peça, por exemplo, que façam em casa uma pesquisa sobre
situações históricas ou atuais em que o etnocentrismo provocou ações de violência contra
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:
introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo:
Moderna, 2009.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses.
Tradução Jaa Torrano. 7. ed. São Paulo: Iluminuras, 2007 (Biblioteca Pólen).
PLATÃO. O banquete. Tradução Jorge Paleikat. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
Texto clássico, imprescindível para preparar o
conteúdo das aulas.
ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é
etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 2004
(Primeiros Passos). Importante texto para
introduzir o tema do etnocentrismo.
Situação de Aprendizagem 8
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA ARTE – NIETZSCHE
A Filosofia da Arte é fundamental para o
desenvolvimento integral e existencial do educando. Por isso, você poderá discutir, com base
em Nietzsche, a formação do pensamento
estético e relacioná-lo com a Mitologia e a
cultura.
Conteúdos e temas: Nietzsche; arte; dionisíaco; apolíneo.
Competências e habilidades: ao final desta Situação de Aprendizagem, o aluno deverá ser capaz
de perceber a condição estética e existencial do homem. Desse modo, desenvolverá a escrita,
relacionando-a ao sentido do belo e à compreensão da vida e da cultura, em sentido amplo.
Sugestão de estratégias: aulas expositivas e exercícios de reflexão, leitura e escrita.
Sugestão de recursos: sites, lousa e texto para leitura.
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Sugestão de avaliação: como toda a tarefa é realizada em sala de aula, a observação e as anotações
a respeito da participação são fundamentais. A correção dos exercícios e a organização do Caderno
do Aluno são essenciais para a avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
Sondagem e sensibilização –
Ouvir e dialogar
Com o objetivo de que os alunos
conheçam e fixem conceitos que serão
trabalhados ao longo desta Situação
de Aprendizagem, você pode propor a atividade
de Pesquisa individual que consta no Caderno do
Aluno sobre as expressões “Dionísio”,“Apolo”,
“Estética” e “Arte”. A pesquisa pode ser feita na
internet, em dicionários de Filosofia, na biblioteca
da escola ou da cidade em que vivem. É necessário orientá-los quanto aos critérios de qualidade
no momento da escolha das fontes de pesquisa,
para que a tarefa seja bem fundamentada.
Dionisíaco e apolíneo
Para iniciar a abordagem do tema, elabore
uma pequena biografia de Nietzsche e uma breve
apresentação sobre os deuses gregos Apolo e
Dionísio. Ou, então, peça aos alunos que façam
uma pesquisa sobre o assunto e a apresentem
oralmente. Em seguida, discuta a respeito da
duplicidade do apolíneo e do dionisíaco.
Para Nietzsche, os gregos perceberam duas
Dionisíaco
forças diferentes na arte e na vida: a apolínea e
a dionisíaca. Da mesma maneira que uma
criança, para chegar ao mundo, necessita dos
dois sexos, a arte necessita dessas duas forças.
Elas nem sempre estão unidas e podem lutar
uma com a outra, porque são muito diferentes.
No entanto, da observação dessa luta e dos
momentos de reconciliação, podem-se retirar
profundos ensinamentos sobre a vida. A luta do
dionisíaco e do apolíneo nos revela a própria vida
humana, que apresenta sonho, paixão, transformações, festa, prazeres do corpo e do espírito,
situações sombrias, necessidade de ordem, lutas.
Apolo é o deus das imagens e das artes plásticas, o impulso do visual. Dionísio é o deus da
música, do que é visual e corpóreo, como a
dança. Os gregos conseguiram reunir essas
duas forças na tragédia grega.
Observe algumas características do apolíneo e do dionisíaco, que podem ser registradas na lousa para os alunos. Há, no Caderno
do Aluno, um quadro para ser completado
por eles com as características apolíneas e
dionisíacas, após sua orientação:
Apolíneo
Embriaguez (do vinho e dos prazeres – a loucura).
Sonho (homem adormece).
Da dança (sentir a natureza do corpo).
Aparência (o homem copia as formas).
Selvagem (viver com a força das paixões).
Filosofia (na razão que faz pensar).
Da mutação (não precisar sempre ser o mesmo, o devir).
Luz (nada pode ser oculto).
Violência (como na natureza).
Ordem (tudo deve ser harmônico).
Do coletivo (esquecer de si em meio a algo maior, como na
alegria da festa, ou da natureza).
Do individual (se entende como único).
Quadro 12.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Diferentemente da maioria dos intelectuais
de seu tempo, Nietzsche procurou não olhar a
arte somente como serenidade, como era vista
pela cultura romântica da sua época, mas como
impulso, pulsão e instinto. Para ele, a arte que
procura a serenidade é algo absolutamente
superficial, assim como “a arte pela arte” era
apenas “um verme que se morde o rabo”.
Para pensar a arte, o filósofo alemão
recorreu à Mitologia da religião grega antiga,
em especial aos deuses Dionísio (o deus do
vinho e do prazer) e Apolo (o deus da perfeição, da cura e do Sol). Para Nietzsche, Apolo
representava o desejo de descansar dos problemas da vida, como no sonho, mas, ao
fazer arte, o homem encontraria uma reparação dos infortúnios da vida. Dessa maneira,
por meio da criação de imagens, o indivíduo
enfrentaria a sua finitude, a sua solidão e a
força destruidora da natureza presente em
cada um. A arte seria, assim, um consolo
para o sofrimento da existência. Desse modo,
cada um dos deuses gregos representava algo
de profundamente humano.
Dionísio, por sua vez, representava o outro
lado da arte, a embriaguez como o esvaziamento
do eu. Por ele, esqueceríamos de nós e nos uniríamos à natureza, produzindo prazer e terror.
A subjetividade acabaria anulada no profundo
contato com a exterioridade da arte. Portanto,
há, na cultura grega, duas dimensões: a dimensão apolínea da continuidade, da construção e
do otimismo; e a dimensão dionisíaca, do
retorno à natureza, da ruptura e do pessimismo.
Unidos, esses dois elementos produziram a tragédia grega, com as imagens provenientes de
Apolo, e a música, proveniente de Dionísio.
Os alunos deverão ser divididos em sete
grupos, correspondentes aos seguintes temas:
cinema, fotografia, dança, escultura, pintura,
literatura e música.
Depois, peça que pesquisem em casa uma ou
duas obras do tema que coube a seu grupo,
fazendo uma interpretação apoiada nas discussões realizadas em sala sobre a arte em Nietzsche. Para a aula de apresentação, os alunos
terão de preparar um texto com as seguintes
proposições resolvidas:
ff Nome das obras e características dionisíacas e apolíneas nelas observadas.
Não esqueça que o fundamental é a tentativa
de os alunos ensaiarem uma aproximação aos
conceitos, mesmo que não consigam desenvolver reflexões mais profundas sobre o tema.
Avaliação da Situação de
Aprendizagem
Na avaliação desta Situação de Aprendizagem, devem ser considerados os dados da
pesquisa que os alunos fizeram em casa, com
ênfase nos textos produzidos, além da participação nos debates realizados em sala.
Propostas de questões para avaliação
1. Uma questão importante para a Filosofia da
Arte diz respeito ao gosto. Destaque nomes
de músicas, filmes e livros de que você gosta
e apresente critérios para esse gostar.
É importante que os alunos apresentem pelo menos uma
música, um livro e um filme, associando a cada um hipóteses
Trabalho de pesquisa
Professor, a atividade a seguir está
proposta na seção Pesquisa individual, no Caderno do Aluno.
sobre critérios para gostar deles, em esforço reflexivo.
2. Escreva sobre a relação da solidão, da morte
e da dor com a arte.
O importante, nesta questão, é uma discussão do aluno a respeito das motivações da arte. Espera-se que ele possa pensar
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em sua própria experiência estética e histórica para discorrer
sobre essa relação. Muito mais do que uma resposta erudita,
almeja-se uma reflexão.
3. Escreva agora sobre a relação da alegria
com a arte.
Assim como na questão 2, aqui o importante é uma discussão
do aluno a respeito das motivações da arte. Espera-se que ele
possa pensar em sua própria experiência estética e histórica
tenham participado. Essa reflexão deverá ser
apresentada em um texto de 15 a 20 linhas, que
deverá ser corrigido por você e devolvido aos
alunos com sua avaliação.
Recursos para ampliar a perspectiva
do professor e do aluno para a
compreensão do tema
para discorrer sobre essa relação. Muito mais do que uma
resposta erudita, almeja-se uma reflexão.
4. Dê exemplo de uma obra de arte, que pode
ser um filme, um espetáculo de teatro ou
mesmo uma música, que confirme a ideia
de Nietzsche de que a arte não é apenas
serenidade. Justifique sua escolha.
O aluno deve apresentar um exemplo de obra que traga elementos questionadores e reveladores de conflitos, destacando-os para justificar sua associação com a negação da serenidade.
Proposta de situação
de recuperação
Após a realização das atividades regulares
– aulas, exercícios, a Situação de Aprendizagem proposta neste Caderno e a avaliação –,
talvez alguns alunos não tenham alcançado os
objetivos propostos, no que concerne tanto à
apreensão dos conteúdos como ao desenvolvimento das habilidades e competências
contempladas.
Retome com esses alunos as discussões
sobre a compreensão da condição existencial
da arte. Em seguida, peça que apliquem os
conceitos apreendidos a uma reflexão sobre um
evento artístico (de qualquer natureza) do qual
Livros
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed.
São Paulo: Ática, 2010. O livro possibilita ao
leitor ter acesso ao raciocínio filosófico de
forma clara e contextualizada. Aborda desde o
nascimento da Filosofia até seus principais
temas, como a razão, a verdade, o conhecimento, a lógica, a ética e a moral. Apresenta
boas informações sobre a obra e o pensamento
de Nietzsche.
NIETZSCHE, F. W. O nascimento da tragédia: ou helenismo e pessimismo. Tradução J.
Guinsburg. São Paulo: Companhia de Bolso,
2008.
Site
SISTEMA de Bibliotecas da Unicamp.
Disponí­vel em: <http://www.sbu.unicamp.br/
portal>. Acesso em: 15 jul. 2013. Neste site,
você encontrará a dissertação de mestrado de
José Fernandes Weber, Arte, ciência e cultura
nos primeiros escritos de Nietzsche, que, apesar
de ser um texto escrito em linguagem acadêmica, faz uma abordagem simples das questões
tratadas nesta Situação de Aprendizagem.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Quadro de conteúdos DO ENSINO MÉDIO
Volume 1
1ª série
2ª série
3ª série
Descobrindo a Filosofia
Ética e o utilitarismo ético
Para que Filosofia?
–– Por que estudar Filosofia?
–– Introdução à ética.
–– O que é Filosofia?
–– As áreas da Filosofia.
–– O eu racional.
–– A Filosofia e outras formas de
conhecimento: Mito, Religião,
Arte, Ciência.
–– Autonomia e liberdade.
–– Superação de preconceitos em
relação à Filosofia e definição e
importância para a cidadania.
–– Introdução à Teoria do
Indivíduo: John Locke, Jeremy
Bentham e Stuart Mill.
–– Tornar-se indivíduo: Paul
Ricoeur e Michel Foucault.
–– Condutas massificadas.
–– Alienação moral.
–– O homem como ser de natureza e de
linguagem.
–– Características do discurso filosófico.
–– Comparação com o discurso
religioso.
–– O homem como ser político.
–– A desigualdade entre os homens
como desafio da política.
Filosofia Política
Filosofia Política e Ética
O discurso filosófico
–– Introdução à Filosofia Política.
–– Filosofia Política e Ética:
humilhação, velhice e racismo.
–– Características do discurso filosófico.
Volume 2
–– Teoria do Estado: Socialismo,
Anarquismo e Liberalismo.
–– Democracia e cidadania: origens,
conceitos e dilemas.
–– Homens e mulheres.
–– Filosofia e educação.
–– Desigualdade social e ideologia.
–– Desafios éticos contemporâneos:
a Ciência e a condição humana.
–– Democracia e justiça social.
–– Introdução à Bioética.
–– Os Direitos Humanos.
–– Participação política.
–– Comparação com o discurso
científico.
–– Três concepções de liberdade:
Liberalismo, Determinismo e
Dialética.
–– Comparação com o discurso da
literatura.
–– Valores contemporâneos que cercam
o tema da felicidade e das dimensões
pessoais da felicidade.
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Gabarito
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
Criando uma imagem crítica da Filosofia
imagens, representações e pensamentos dos alunos sobre
as disciplinas.
Preparação para discussão (CA, p. 6-7)
1. a)
Esta primeira questão tem por objetivo sistematizar e
Pesquisa individual (CA, p. 5-6)
revelar a compreensão da Filosofia pelos alunos. Assim, é
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
possível ouvir que também é o princípio do diálogo eficaz.
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
Com base na realidade dos conhecimentos dos alunos,
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
podemos apresentar conceitos bem mais elaborados.
b)O uso da imaginação também orienta para uma compreensão que os alunos têm do ofício e da própria dis-
1. • Intelecto: o importante é ressaltar a capacidade ou técnica para
ciplina. Essas discussões procuram levá-los a apresentar
pensar; ele é a própria inteligência que processa e cria conhecimentos e é a faculdade humana que permite a reflexão, o pla-
apresentarem conhecimentos a respeito de um tema, será
nejamento, a avaliação e a conceituação.
propício o debate sobre ele. Por isso, esta questão segue o
sua realidade a respeito do assunto. Sempre que os alunos
• Reflexão crítica: consiste em uma atividade crítica para ana-
encaminhamento das anteriores: O que os alunos sabem a
lisar e considerar as ações em relação à própria maneira de
respeito do tema que vou apresentar? Esse conhecimento
ser; método de pensamento que permite analisar relações
inicial apontará os melhores caminhos pedagógicos.
nem sempre aparentes em um processo; questionamento a
respeito de relações que produzem determinada ação, processo, objeto ou que dela derivam.
Leitura e análise de texto (CA, p. 7)
Aristóteles associa a alma com nossa capacidade de
• Filosofia: há vários conceitos para a Filosofia, mas, em geral,
conhecimento. Trata-se de um estudo importante por ser, ao
eles podem ser resumidos em: investigação de todos os
mesmo tempo, investigação sobre a capacidade humana de
saberes em proveito dos seres humanos; reflexão radical a
conhecimento.
respeito de temas fundamentais para a existência humana
(liberdade, morte, política, religião e arte).
Leitura e análise de texto (CA, p. 8-9)
• Cidadania: o conceito de cidadania recebe diferentes conotações ao longo da história da humanidade. Na Grécia
1. É importante que o professor incentive o hábito de procurar os
Antiga, na sociedade europeia do século XVIII ou na socie-
2. Alternativa d. O mais importante é preocupar-se com o
significados para favorecer a autonomia intelectual dos alunos.
dade contemporânea. O importante é que os alunos identifiquem as características principais da abordagem contemporânea, na qual direitos humanos é tema importante.
É igualmente relevante a ideia de que se trata da condição
de quem vive em sociedade política permeada de justiça e
liberdade.
estudo da alma.
Alternativa e. A virtude é boa, afinal dela nascem a riqueza e
tudo mais.
3. O objetivo deste quadro insere-se no contexto de compreensão da possibilidade de melhoria das faculdades intelectuais. Ao entenderem o intelecto em sua plasticidade,
Observação: para cada resposta, será necessário pesquisar
ou possibilidade de ação humana, e não como dado natu-
em fontes especializadas em Filosofia. Respostas de dicionário ou vocabulário comum da língua ou de outras ciências
ral, pronto, os alunos poderão criar mecanismos para seu
desenvolvimento.
devem ser evitadas. Uma palavra pode ter vários sentidos,
mas o que queremos saber é como ela é classicamente problematizada pela Filosofia. Outro ponto importante consiste
Exercícios (CA, p. 9-10)
1. a, b e c. O importante é que os alunos apresentem suas hipó-
em evitar debates que levem o aluno a um ceticismo prévio,
teses por meio das observações do que está refletido no
fazendo que ele rejeite o próprio debate filosófico.
espelho.
2. O importante é orientar o preenchimento do quadro na
perspectiva de os alunos registrarem até seis palavras associadas a cada disciplina. O ideal é que essas palavras reflitam
. O objetivo dessa atividade é verificar qual aspecto foi cond
siderado mais significativo por cada aluno.
2. Resposta pessoal. A escolha fica a critério dos alunos.
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Filosofia – 1a série – Volume 1
Lição de casa (CA, p. 10)
Pesquisa individual (CA, p. 18-19)
O trabalho pedagógico em Filosofia exige que os alunos pra-
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
tiquem a escrita. Esse é um exercício importante. É muito difícil
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
perceber a presença da reflexão crítica sem a apresentação for-
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
mal. Além disso, é fundamental para a avaliação, que consiste em
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
três elementos: vocabulário filosófico, coerência argumentativa e
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
clareza nas ideias. Na medida do possível, oriente-os sobre questões gramaticais e ortográficas.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
Como funciona o intelecto? Introdução ao
empirismo e ao criticismo
Exercícios (CA, p. 12-13)
1. O desenho deve seguir o sentido da utilização do espelho,
• Experiência: consiste na participação pessoal em uma situa­
ção que nos torna capazes de adquirir algum conhecimento.
• Conhecimentos a priori: são conhecimentos adquiridos
anteriormente à experiência. Por exemplo: Matemática.
• Conhecimentos a posteriori: são conhecimentos adquiridos somente após a experiência. Por exemplo: cura de doenças, pois, após várias etapas de experimentação, chega-se a
um remédio ou a uma técnica cirúrgica para a cura.
que é a percepção da possibilidade de pensar filosoficamente
• Sensação: processo pelo qual recebemos informações por
com base no cotidiano. Além disso, servirá para aproximar os
meio dos sentidos. Por exemplo: branco, calor, quente,
alunos da Filosofia por elementos que eles conhecem.
salgado.
• Reflexão: é a consideração que o intelecto faz sobre ele mesmo
Leitura e análise de texto (CA, p. 13-17)
e sobre o mundo, como consciência de si e dos outros seres.
1. É importante que os alunos identifiquem e destaquem pala-
Observação: para cada resposta, será necessário pesquisar em
vras ou expressões que consideram difíceis e as pesquisem em
fontes especializadas em Filosofia. Respostas de dicionário ou vocabulário comum da língua ou de outras ciências devem ser evitadas.
dicionários.
2. A atividade visa auxiliar no desenvolvimento de metodologia
Uma palavra pode ter vários sentidos, mas o que queremos saber é
para clareza e distinção de ideias. Assim, a analogia do rádio,
como ela é classicamente problematizada pela Filosofia. Outro ponto
da televisão e do celular poderá ser apresentada de maneira
importante consiste em evitar debates que levem o aluno a um ceticismo prévio, fazendo que ele rejeite o próprio debate filosófico.
mais metódica.
3. Alternativa a. A atividade visa aprimorar a leitura pela investigação da tese do texto.
Leitura e análise de texto (CA, p. 19-20)
4. Com base no texto, esta questão pretende buscar nos con-
1. É importante a orientação para que os alunos identifiquem e
ceitos filosóficos exemplos no cotidiano dos alunos. As fontes
destaquem as palavras ou expressões que considerem difíceis
de conhecimento são as sensações e nossas próprias ideias.
e realizem a pesquisa em dicionários, cultivando esse hábito
Exemplos de sensações: quente, frio, pesado, leve. Exemplos
de ideias: quatro, forte, legal.
5. Esta atividade procura levar os alunos a distinguir tipos de
conhecimento. A distinção é uma metodologia fundamental
relevante para sua autonomia intelectual.
2. A ideia central do texto é refletir sobre a origem dos nossos
conhecimentos. Derivam todos da experiência ou existem
conhecimentos que se dão anteriormente à experiência?
para a reflexão e a comunicação.
• sensação – sensação – sensação
• sensação – reflexão – sensação
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
Instrumentos de pesquisa em História da Filosofia
• sensação – sensação – reflexão
Exercício (CA, p. 21-24)
• reflexão – reflexão – reflexão
Filosofia Antiga
• sensação – reflexão – sensação
• Contexto histórico geral, datas e subdivisões do período:
• sensação – reflexão – reflexão
cidades-Estado na Grécia (séculos V-IV a.C.); República e
6. Na configuração gráfica dos alunos, eles devem apresentar
Império em Roma (séculos II a.C.-II d.C.).
as ideias mostradas no texto e no diálogo com o professor.
• Principais problemas filosóficos: conhecimento da Verdade;
O incentivo para que desenhem é importante para ampliar
conhecimento do Bem e da Justiça; as regras de conduta
possibilidades de expressão e de criação de linguagem.
da Vida.
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• Principais escolas filosóficas: Pitagórica; Sofística; Socrática;
Platônica; Aristotélica; Epicurista; Estoica; Cética.
Pesquisa individual (CA, p. 27-29)
1. A pesquisa culmina com a elaboração das palavras cruzadas.
• Grandes filósofos do período: Pitágoras, Sócrates, Platão,
Aristóteles, Epicuro.
1
A
Filosofia Medieval
R
• Contexto histórico geral, datas e subdivisões do período: Europa
2
após a queda do Império Romano (século V d.C.); Império
E
P
I
C
U
R
O
3
S
Carolíngio (século IX); Alta Idade Média (séculos X-XII).
• Principais problemas filosóficos: o conhecimento da existência de Deus, da hierarquia dos seres e da ordem do mundo;
7
as regras e leis do pensamento e da linguagem.
P
L
A
D
T
E
Ó
S
T
Ã
O
C
E
• Principais escolas filosóficas: Patrística; Tomismo; Nominalismo.
4
L
• Grandes filósofos do período: Agostinho, Tomás de Aquino,
6
E
Abelardo, Duns Escoto.
5
S
M
C
R
X
T
A
E
Filosofia Moderna
R
R
A
Ó
A
T
E
S
S
N
• Contexto histórico geral, datas e subdivisões do período:
D
Renascimento das artes e ciências da Antiguidade (Península
8
Itálica, século XIV); advento dos Estados nacionais (Portugal,
K
A
N
T
século XV); chegada dos europeus à América (século XVI);
Reforma Protestante (Norte da Europa, século XVI); Revolução científica (século XVII).
2. Retomando o conceito inicial de Filosofia, os alunos deverão
• Principais problemas filosóficos: o conhecimento da natu-
de seu tempo. Assim, eles poderão selecionar sobre o que
reza e de suas leis; o conhecimento de Deus segundo a
consideram importante refletir criticamente. O objetivo,
razão; determinação dos limites e capacidades da faculdade
portanto, é aproximar as preocupações pessoais da Filosofia.
pensar seu cotidiano por meio das ações e conhecimentos
racional do homem; afirmação e defesa da liberdade de
pensamento.
• Principais escolas filosóficas: Racionalismo; Empirismo;
Iluminismo.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
Áreas da Filosofia
Pesquisa individual (CA, p. 31-33)
• Grandes filósofos do período: Bacon, Hobbes, Descartes,
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
Espinosa, Leibniz, Locke, Berkeley, Condillac, Hume, Voltaire,
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
Diderot, Rousseau, d’Alembert.
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
Filosofia Contemporânea
• Contexto histórico geral, datas e subdivisões do período:
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
Revolução Francesa (1789–1799); Revolução Industrial
• Política: reflexão filosófica sobre a melhor forma de governar e de conviver na cidade.
(Inglaterra, séculos XVIII–XIX).
• Ética: estuda os princípios que motivam, justificam e orientam as ações humanas.
• Principais problemas filosóficos: crítica da Metafísica; o primado da razão humana diante do mundo da natureza; o
• Estética: estuda os critérios e problemas da criação e da frui-
mundo da cultura; o sentido da história; absorção da religião
ção artística. Problematiza os valores estéticos e as relações
pela Filosofia.
entre forma e conteúdo, bem como a importância da arte
• Principais escolas filosóficas: Ideologia; Idealismo; Romantismo; Positivismo.
• Grandes filósofos do período: Kant, Fichte, Schelling, Hegel,
Schopenhauer, Nietzsche.
para as sociedades humanas.
• Filosofia da História: preocupa-se com a relação dos homens
com o tempo e com os processos culturais e sociais historicamente enraizados. Como o nome diz, a Filosofia da His-
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Filosofia – 1a série – Volume 1
tória procura analisar filosoficamente a história, isto é, consi-
2. Resposta aberta, que exige, no entanto, o acompanhamento
derar seus mecanismos e desdobramentos do ponto de vista
do professor para verificar se os alunos compreenderam o
filosófico.
significado de dedução e indução. Exemplo de indução:
Meu bairro é muito povoado. Meu bairro apresenta intenso
Exercícios (CA, p. 35-40)
problema de congestionamento. Todo bairro povoado
1. Esta atividade sugere o desenvolvimento do raciocínio lógico
apresenta intenso problema de congestionamento. Exemplo de dedução: Os bairros de periferia não contam com
com base nas quatro causas aristotélicas. Por meio dela, os
alunos terão a oportunidade de compreender raciocínios
serviços de reciclagem de lixo. Meu bairro é de periferia.
científicos e seus métodos.
Portanto, meu bairro não conta com serviços de reciclagem
2. Com os mesmos objetivos da atividade anterior, esta se baseia
nas categorias metafísicas de Aristóteles.
Você aprendeu? (CA, p. 40-41)
de lixo.
3. Este exercício visa aprofundar e exercitar o conhecimento dos
alunos sobre dedução e indução. Quanto mais eles praticarem, melhor será.
1.Os alunos devem encontrar as palavras Epistemologia
(segunda linha), Política (quarta linha), Lógica (quinta linha) e
Desafio! (CA, p. 45-46)
Ética (sétima linha).
1. Alternativa a.
2. Alternativa a.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
Introdução à Filosofia da Ciência
3. Alternativa e.
Pesquisa individual (CA, p. 42-43)
Leitura e análise de texto (CA, p. 46-47)
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
1. Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
poderá ser realizada a partir de fontes variadas, tais como dicio-
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais
nários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
como dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente,
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
de Filosofia. Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
oferecem muitos dados, mas que devem ser analisados
• Ciência: conhecimento sistemático da natureza por meio de
experimentações e de princípios delas obtidos.
• Termo científico: conceito utilizado em uma ciência para
descrever ou abarcar um conjunto delimitado de fenômenos.
criticamente.
2. a)A relação de causa e efeito. Desde David Hume (1711-1776),
a relação entre causa e efeito tem sido amplamente debatida entre os filósofos. Do ponto de vista do senso comum,
• Hipótese: formulação teórica a título de investigação que
podemos afirmar que denomina-se “causa” o que provoca
serve para orientar o conhecimento, mas que, para ser
algo e “efeito” o que é provocado. Por exemplo, quando
válida, deve ser confirmada por experimentos.
afirmamos que a água ferve a 100 oC, estamos enunciando
• Tese: formulação teórica que se encontra como pressuposto
de uma ciência ou então que já foi devidamente confirmada
uma relação de causa, dado que o aumento da temperatura, ao atingir 100 oC é a causa da fervura da água.
pela experimentação e faz parte do conhecimento científico.
b)A experiência. E esta se obtém de observação de fatos,
• Indução: formulação de leis pela análise e comparação de
acontecimentos e fenômenos que ocorrem à nossa volta,
conhecimentos empíricos.
• Dedução: obtenção de conhecimentos pautando-se por
uma tese devidamente demonstrada.
possibilitando interferências, conjecturas, hipóteses etc.
Atenta-se que da perspectiva filosófica, o conhecimento
derivado das sensações, a experiência é denominada empírica. Não podemos esquecer que há a experiência estética,
Exercícios (CA, p. 43-45)
abordada por Kant, e a experiência científica, abordada por
1. A diferença é que, no bloco 1, temos como ponto de par-
Descartes, entre outros filósofos.
tida uma afirmação geral que conduz a afirmações sobre
experiên­cia particular e, no bloco 2, ocorre o contrário: o
3. Porque ainda podemos nos perguntar quais são os fundamentos da observação e da experiência. Sempre contamos com
ponto de partida se dá por afirmações de âmbito particular
perguntas que nos levam mais adiante em relação aos funda-
para, depois, chegar a uma afirmação geral.
mentos, cada vez mais difíceis de responder.
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Exercícios (CA, p. 48-49)
aceitação das verdades científicas; a fé não exclui a razão, ape-
1. Leis e teorias podem ser contraditadas pela experiência. Nada
nas postula uma dimensão da realidade inacessível a esta.
nos garante que o Sol nascerá amanhã.
• Tolerância: conceito central do pensamento político a par-
2. A observação de cada indivíduo depende do lugar de onde se
tir do Iluminismo, a tolerância consiste na concessão, pelo
observa, dos critérios com os quais se observa, das interpretações pessoais sobre o que se observa. A observação é limitada
poder público, do direito a crenças e rituais religiosos dife-
ou delineada pelo olhar de quem observa.
estabelecida. No plano individual, tolerância é principal-
rentes do culto oficial, desde que não interfiram na ordem
mente a capacidade de aceitar o que há nos outros de dife-
Pesquisa em grupo (CA, p. 49-50)
Deve-se orientar e incentivar a observação dos alunos, recomendando que seja feito um registro que seja o resultado de refle-
rente em relação ao que encontramos em nós mesmos ou
naqueles com os quais convivemos.
xão sobre as relações percebidas no processo observado. Os quadros
• Religião: conjunto de crenças, práticas, rituais e tradições adotado por uma comunidade, um povo, uma nação, geralmente
presentes no Caderno do Aluno auxiliam na organização da reflexão.
caracterizado pela ideia de uma dimensão espiritual da realidade natural e humana. A religião não se restringe, porém, a
Exercícios (CA, p. 50-52)
isso, oferecendo uma visão de mundo, da coerência à vida
1. Alternativa f.
humana, fornecendo um sentido à existência das pessoas, e
2. Baseados na observação do modelo, temos aqui um quadro
permitindo inseri-las na vida social. A variedade de crenças religiosas ao redor do mundo é certamente um dos fenômenos
com uma possibilidade de resposta como exemplo.
mais intrigantes para as ciências humanas e para a Filosofia.
Hipótese:
Todos os alunos egressos do Ensino Médio encontram trabalho.
Falsificações possíveis:
1. Nem sempre os alunos encontram trabalho.
2. Os alunos com melhor desempenho encontram trabalho.
3. Nem todos os alunos encontram trabalho.
4. Todos os alunos egressos do Ensino Médio que querem trabalhar encontram trabalho.
5. Os alunos do Ensino Médio com pior desempenho encontram trabalho.
• Alteridade: diferentemente da tolerância, que aceita os outros
sem necessariamente compreendê-los, alteridade é a compreensão profunda do valor das diferenças entre os homens,
sejam elas religiosas, políticas, ou sexuais. Nessa perspectiva, a
diferença tem preeminência em relação ao pensamento de
domínio comum, e pode mesmo questioná-lo em sua hegemonia. O reconhecimento da alteridade, a partir da segunda
metade do século XX, introduziu uma compreensão sofisticada e complexa da natureza humana.
Debate (CA, p. 55-56)
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
Introdução à Filosofia da Religião – Deus e a Razão
a eles que reflitam sobre suas experiências religiosas: se são reli-
Pesquisa individual (CA, p. 54)
giosos; como chegaram à religião que praticam ou que apenas
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
Resposta aberta, a depender das hipóteses dos alunos. Peça
conhecem ou simpatizam; quais são os valores dessa religião.
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
Exercícios (CA, p. 56)
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
1. As provas da existência de Deus poderiam ser demonstradas
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
dos pontos de vista ontológico (sobre o ser real de Deus), cos-
• Fé e razão: são dois princípios diferentes de compreensão do
mológico (sobre existência necessária e real de Deus) e físico-
mundo. O primeiro é baseado na crença de que o mundo não
-teológico (sobre o universo como resultante de um plano de
se resume à existência de coisas materiais, tem uma dimensão
um ser criador).
espiritual que, embora inacessível à ciência, pode ser alcançada
2. Para Kant, estas três provas para a existência de Deus não
pelo sentimento da existência de um criador. O segundo está
podem ser demonstradas pela razão humana. A existência
baseado na crença de que a realidade objetiva das coisas se
de Deus não pode ser provada nem demonstrada pela razão
resume ao que pode ser conhecido e demonstrado pela ciência. A razão não exclui a fé, apenas condiciona a sua validade à
humana, porque temos a ideia de Deus, e não evidências
sensíveis sobre seu ser, sua realidade e seu planejamento do
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Filosofia – 1a série – Volume 1
mundo. A razão humana não dispõe de categorias capazes de
encontramos pelo mundo são exemplos de linguagem; a
demonstrar a ideia que corresponde a um ser absolutamente
matemática pode ser considerada uma linguagem, a arte
diferente de todos os seres e criador de todos eles.
e o mito também.
• Natureza: por contraposição à cultura, conjunto das relações
Leitura e análise de texto (CA, p. 57)
Neste exercício, incite os alunos a responder com base na
entre seres exteriores ao homem, a ser conhecido pela ciência e dominado pela tecnologia. Em um sentido mais amplo,
reflexão sobre seu cotidiano. Diferenças culturais que não ferem
o mundo natural corresponde a todos os objetos existentes,
a ética de solidariedade entre as pessoas e que não representam
atos de violência contra a natureza e os outros homens devem ser
incluindo-se aí o homem.
• Determinismo: doutrina filosófica de acordo com a qual as
respeitadas e mantidas.
ações dos homens dependem inteiramente de leis preexistentes que não podem ser modificadas por sua vontade. Há
Pesquisa individual (CA, p. 57-59)
determinismos de variadas espécies: religioso, biológico,
As respostas são pessoais. As colagens ou desenhos solicitados
econômico, social, histórico etc.
aos alunos devem revelar as representações deles sobre a religião
• Relativismo: método de questionamento inventado no século
em questão. Neste momento, trata-se de orientá-los para a reflexão crítica, com destaques e questionamentos que abordem
XX, o relativismo põe em questão os valores universais, sejam
estranhamentos e valorizações de práticas observadas durante
políticos (a existência de máximas eternamente válidas, como
a pesquisa.
liberdade, igualdade e fraternidade, por exemplo).
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7
Introdução à Filosofia da Cultura – Mito e Cultura
Pesquisa individual (CA, p. 60-61)
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
eles científicos (a objetividade do conhecimento), sejam
Leitura e análise de texto (CA, p. 61-63)
1. Novamente, insistimos na importância de estimular o uso do
dicionário, em casa, na escola ou em bibliotecas do bairro.
Se houver a possibilidade, a internet também poderá ser
consultada.
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
2. Relato simbólico, passado de geração em geração dentro de
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
um grupo e que narra e explica a origem de determinado
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
fenômeno, ser vivo, acidente geográfico, instituição, costume
• Mito: o mito expõe uma realidade humana ou natural, em
social; exposição alegórica de uma ideia qualquer, de uma
linguagem própria, por referência a fábulas e seres fantásticos. Em toda a sua riqueza, ele tematiza o vínculo entre
3. Caso o aluno não conte em seu repertório com um mito para
natureza e cultura e permite aos homens pensar as diferen-
ser registrado no Caderno, ele poderá pesquisar na internet
ças, as interpretações e as passagens de um estado a outro.
ou na biblioteca da escola ou do bairro.
doutrina ou teoria filosófica; fábula, alegoria.
É parte da cultura em geral, mesmo nas sociedades em que
vigora o pensamento científico, e vincula-se com frequência à religião, sem, no entanto, reduzir-se a esta.
Lição de casa (CA, p. 64)
1. Em geral, quando falamos de cultura, a primeira ideia que vem
• Cultura: conjunto das representações e práticas simbólicas,
à nossa cabeça é que ela é o oposto da natureza. No entanto,
que permeiam as relações entre o homem e a natureza e
o conceito de cultura está relacionado com o ato de lidar
entre os homens em sociedade.
com a natureza, em especial com o cultivo de uma lavoura.
• Linguagem: além de ser por excelência o meio de comunicação entre os homens, a linguagem exprime senti-
Por isso, a cultura tem seu início absolutamente material, passando, posteriormente, a ser entendida como atividade do
mentos e organiza o pensamento. Refere-se às coisas, mas
espírito, sobretudo como a praticada pelos homens urbanos,
indiretamente. Suas relações mais diretas são com o pen-
logo, não mais do meio rural. Se considerarmos cultura em
samento. Os homens podem sentir sem ter uma lingua-
sentido mais amplo, tanto a vida humana no campo como na
gem concomitante às paixões e emoções que os acometem. Mas só podem pensar e raciocinar se tiverem signos,
isto é, se dispuserem de uma linguagem. As línguas que
cidade constituem cultura.
2. O Estado deve garantir a produção e a preservação da cultura.
A não ser em casos que merecem crítica, por ferirem a ética
77
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de preservação de si mesmo, do outro ser humano e da natureza. Exemplo que merece crítica: farra do boi. Exemplo que
obras de arte como criação da sensibilidade, tendo por finalidade o belo, percebido por essa mesma sensibilidade e com-
merece ser preservado: festas do Divino.
preendido pela razão. Embora o termo “estética” tenha uso
recente para designar essa área filosófica, ela já era abordado
Leitura e análise de texto (CA, p. 65)
1. É essencial despertar o interesse do uso do dicionário entre
sob outros nomes desde a Antiguidade. Entre os gregos, usava-se frequentemente o termo “poética” (poiesis) - criação, fabri-
os alunos, em casa, na escola ou em bibliotecas do bairro. E
cação -, que era aplicado à poesia e a outras artes. Aos poucos, a
também apoiar consultas à internet, que é uma ótima fonte e
estética passou a abranger toda reflexão filosófica que tem por
oferece muitos dados, mas que devem ser analisados e cotejados criticamente pelos alunos.
objeto as artes em geral ou uma arte específica. Engloba tanto
2. A educação cumpre o importante papel de conduzir as pes-
o estudo dos objetos artísticos como os efeitos que estes provocam no observador, abrangendo os valores artísticos e a ques-
soas à aquisição de hábitos e gêneros de vida mais adequados
tão do gosto. Contemporaneamente, contamos com a crítica
à vida social, de acordo com a perspectiva social vigente.
à ideia de um único valor estético (o belo) com base no qual
3. Resposta aberta, orientada na perspectiva de recuperar a
julgamos todas as obras de arte. Cada objeto artístico estabelece
memória sobre processos educacionais da história de cada
seu próprio tipo de beleza, ou seja, o tipo de valor pelo qual será
aluno, mas também no sentido de refletir sobre a escolarização e os ambientes nos quais se educa no presente.
• Arte: criação humana que envolve linguagem e técnica para
julgado e dependerá, ainda, do olhar de quem o aprecia.
expressar emoções, história e cultura. É um conjunto de
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8
Introdução à Filosofia da Arte – Nietzsche
procedimentos utilizados para realizar obras que sintetizam
Pesquisa individual (CA, p. 67)
Apresenta-se sob variadas formas, como a plástica, a música,
Deve-se estimular a pesquisa entre os alunos. Essa pesquisa
poderá ser realizada com base em fontes variadas, tais como
aspectos racionais, emocionais, inconscientes e intuitivos.
a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a literatura. A arquitetura também é considerada arte.
dicionários de Língua Portuguesa e, principalmente, de Filosofia.
Vale ainda a pesquisa em sites da internet, que oferecem muitos
dados, mas que devem ser analisados criticamente.
Pesquisa individual (CA, p. 68-75)
Cada obra destacada deve ser associada às características apo-
• Dionísio: o deus do vinho e do prazer. Segundo Nietzsche,
líneas e dionisíacas estudadas segundo a abordagem de Nietzs-
esse deus representava a embriaguez como o esvaziamento
che. Se alguns grupos de alunos apresentarem dificuldades para
do eu. Por ele, esqueceríamos de nós e nos uniríamos à natureza para produzir prazer e terror. A subjetividade acabaria
localizar obras possuidoras de tais características, eles poderão
anulada no profundo contato com a exterioridade da arte.
outros grupos ou pelo professor.
realizar esta atividade em sala de aula com obras selecionadas por
• Apolo: o deus da perfeição, da cura e do Sol. Para Nietzsche,
Apolo representava o desejo de descansar dos problemas da
vida, como no sonho.
Biografias dos filósofos (CA, p. 77-85)
As respostas dos alunos devem estar organizadas pelos itens
• Estética: a área da Filosofia que estuda racionalmente o belo - vida, principais ideias e principais escritos. A página de Filosofia
aquilo que desperta a emoção estética por meio da contemplação - e o sentimento que ele suscita nos homens. A palavra
do site Info Escola (disponível em: <http://www.infoescola.com/
“estética” vem do grego aisthesis, que significa conhecimento
site UOL Educação (disponível em: <http://educacao.uol.com.
sensorial ou sensibilidade. Ela foi adotada pelo filósofo alemão
br/biografias>, acesso em: 19 ago. 2013) são exemplos de fontes
Alexander Baumgarten (1714-1762) para nomear o estudo das
de pesquisa que o aluno pode utilizar.
filosofia>, acesso em: 19 ago. 2013) e a página de biografias do
78
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CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL
NOVA EDIÇÃO 2014-2017
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB
Coordenadora
Maria Elizabete da Costa
Diretor do Departamento de Desenvolvimento
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva
Diretora do Centro de Ensino Fundamental
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Profissional – CEFAF
Valéria Tarantello de Georgel
Coordenadora Geral do Programa São Paulo
faz escola
Valéria Tarantello de Georgel
Coordenação Técnica
Roberto Canossa
Roberto Liberato
Suely Cristina de Albuquerque Bomfim
EQUIPES CURRICULARES
Área de Linguagens
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli
Ventrela.
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Silveira.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire
de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro,
Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes
Nogueira.
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa,
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
Área de Matemática
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros,
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio
Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge
Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley
Aparecido Cornatione.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Rodrigo Ponce.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e
Maria da Graça de Jesus Mendes.
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte.
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Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos
Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus.
Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Meira de Aguiar Gomes.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e
Teônia de Abreu Ferreira.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Santana da Silva Alves.
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso,
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria
Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy
Fernandez.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Almeida e Tony Shigueki Nakatani.
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO
PEDAGÓGICO
Área de Linguagens
Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine
Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel
Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes,
Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves
Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista
Bomfim, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia
Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza,
Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena
Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato
José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de
Campos e Silmara Santade Masiero.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M.
de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda
Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Sílvia Regina Peres.
Área de Matemática
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis
Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi,
Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia,
Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan
Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello,
Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi,
Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro,
Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Luís Prati.
Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Plana Simões e Rui Buosi.
Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
e Sonia Maria M. Romano.
História: Aparecida de Fátima dos Santos
Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Tânia Fetchir.
Apoio:
Fundação para o Desenvolvimento da Educação
- FDE
CTP, Impressão e acabamento
Log & Print Gráfica e Logística S. A.
08/11/13 14:29
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
EDITORIAL 2014-2017
FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI
Presidente da Diretoria Executiva
Antonio Rafael Namur Muscat
Vice-presidente da Diretoria Executiva
Alberto Wunderler Ramos
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
À EDUCAÇÃO
Direção da Área
Guilherme Ary Plonski
Coordenação Executiva do Projeto
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Gestão Editorial
Denise Blanes
Equipe de Produção
Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos
Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina
Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina
H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão,
Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento,
Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier,
Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro
Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb
Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo,
Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula
Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro
Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella
Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e
Tiago Jonas de Almeida.
CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS
CONTEÚDOS ORIGINAIS
Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
Martins e Renê José Trentin Silveira.
COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS
CADERNOS DOS ALUNOS
Ghisleine Trigo Silveira
Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu
Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
Sérgio Adas.
CONCEPÇÃO
Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo,
Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini
(coordenadora) e Ruy Berger (em memória).
AUTORES
Linguagens
Coordenador de área: Alice Vieira.
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins,
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami
Makino e Sayonara Pereira.
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti,
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini
Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles
Fidalgo.
LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel
Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues
Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia
González.
História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
Raquel dos Santos Funari.
Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
Schrijnemaekers.
Ciências da Natureza
Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana,
Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso
Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo.
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
José Luís Marques López Landeira e João
Henrique Nogueira Mateos.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol,
Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo
de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti,
Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell
Roger da Purificação Siqueira, Sonia Salem e
Yassuko Hosoume.
Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca
Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana
Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida
Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e
Vanessa Leite Rios.
Matemática
Coordenador de área: Nílson José Machado.
Matemática: Nílson José Machado, Carlos
Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz
Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério
Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e
Walter Spinelli.
Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse
Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe
Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa
Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda
Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião.
Edição e Produção editorial: Adesign, Jairo Souza
Design Gráfico e Occy Design (projeto gráfico).
Ciências Humanas
Coordenador de área: Paulo Miceli.
Caderno do Gestor
Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
Felice Murrie.
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas
* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são
indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no
Caderno do Professor para apoiar na identificação das
atividades.
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São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
S239m
Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; filosofia, ensino
médio, 1a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Adilton Luís
Martins, Luiza Chirstov, Paulo Miceli. - São Paulo : SE, 2014.
v. 1, 80 p.
Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais,
Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica CGEB.
ISBN 978-85-7849-588-6
1. Ensino médio 2. Filosofia 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Martins, Adilton Luís.
III. Chirstov, Luiza. IV. Miceli, Paulo. V. Título.
CDU: 371.3:806.90
06/11/13 17:07
Validade: 2014 – 2017
a
o
5 SÉRIE6 ANO
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
Caderno do Professor
Volume 1
ARTE
Linguagens
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