UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA Walter dos Santos Sousa / 0102104301 DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA APLICATIVO EM LABVIEW PARA O MONITORAMENTO DE MÁQUINAS ROTATIVAS COM UM MÓDULO DE BALANCEAMENTO DE ROTORES 2º Semestre/2005 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA Walter dos Santos Sousa / 0102104301 DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA APLICATIVO EM LABVIEW PARA O MONITORAMENTO DE MÁQUINAS ROTATIVAS COM UM MÓDULO DE BALANCEAMENTO DE ROTORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia Mecânica para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientador (a): Prof. Dr. Newton Sure Soeiro 2º Semestre/2005 iii Walter dos Santos Sousa / 0102104301 DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA APLICATIVO EM LABVIEW PARA O MONITORAMENTO DE MÁQUINAS ROTATIVAS COM UM MÓDULO DE BALANCEAMENTO DE ROTORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Pará. Submetido à banca examinadora do Colegiado constituída pelos MEMBROS: _______________________________________________ Prof. Dr. Newton Sure Soeiro (Orientador) _______________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Luiz Amarante Mesquita (Membro) _______________________________________________ Prof. M. Eng. Mauro José Guerreiro Veloso (Membro) _______________________________________________ Eng. Paulo Thadeo Andrade Silva (Convidado Externo) Julgado em: ___ / ___ / ___ Conceito: ____________________ iv AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por todas as oportunidades que são colocadas em minha vida, sendo que esta, de estar me formando, é apenas mais uma de muitas outras bênçãos recebidas por ele. A meus pais, Deuzarina dos Santos Sousa e Raimundo Lúcio Silva Sousa, que sempre me deram apoio em meus estudos e a toda a minha família que estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis. Ao Prof. Dr. Newton Sure Soeiro, que me deu toda a orientação necessária para o desenvolvimento deste trabalho com bastante atenção e paciência, procurando sempre esclarecer todas as minhas dúvidas. Aos engenheiros Paulo Thadeo Andrade Silva, Norberto Bramatti, Antenor Neves dos Santos Filho, Anderson José Costa Sena, José Marcelo Araújo do Vale e aos demais colaboradores da Eletronorte que facilitaram a o desenvolvimento deste trabalho viabilizando os equipamentos da referida empresa para todos os testes experimentais. Aos companheiros do Grupo de Vibrações e Acústica (GVA) e do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Engenharia Mecânica pela amizade e pelo auxílio prestado sempre que precisei. Ao Prof. Dr. Antonio Luciano Seabra Moreira, Tutor do Grupo PET de Engenharia Mecânica, pela orientação acadêmica em minhas atividades desde o início de minha graduação. À banca examinadora, pelo convite aceito na apreciação deste trabalho. Finalmente, a todos aqueles que ajudaram de alguma forma no desenvolvimento deste trabalho e que, infelizmente, eu não escrevi seus nomes. v SUMÁRIO SIMBOLOGIA ......................................................................................................................viii LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................ix LISTA DE TABELAS .............................................................................................................xi RESUMO.................................................................................................................................xii CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................1 1.1 – APRESENTAÇÃO........................................................................................................1 1.2 – JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................2 1.3 – OBJETIVOS..................................................................................................................2 1.3.1 – Objetivo Geral ........................................................................................................2 1.3.2 – Objetivos Específicos .............................................................................................3 1.4 – METODOLOGIA UTILIZADA ...................................................................................3 1.5 – ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................4 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................6 2.1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................................6 2.2 – TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM MÁQUINAS ROTATIVAS E BALANCEAMENTO.........................................................................................................6 2.3 – INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL E LABVIEW.........................................................9 2.4 – ADMINISTRAÇÃO DE BANCO DE DADOS ...........................................................9 2.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................10 CAPÍTULO 3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A TÉCNICA DE BALANCEAMENTO ROTATIVO......................................................................................11 3.1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................11 3.2 – DEFINIÇÃO DE DESBALANCEAMENTO.............................................................11 3.3 – TIPOS DE DESBALANCEAMENTO .......................................................................13 3.3.1 – Desbalanceamento Estático (Static Unbalance)...................................................13 3.3.2 – Binário de Desbalanceamento (Couple Unbalance) ............................................14 3.3.3 – Desbalanceamento Quase-Estático (Quasi-Static Unbalance).............................16 3.3.4 – Desbalanceamento Dinâmico (Dynamic Unbalance)...........................................17 3.4 – VIBRAÇÃO EM ROTORES DESBALANCEADOS................................................18 3.5 – CAUSAS DO DESBALANCEAMENTO ..................................................................19 3.6 – ROTORES RÍGIDOS E ROTORES FLEXÍVEIS......................................................20 3.7 – TIPOS DE BALANCEAMENTO...............................................................................21 3.7.1 – Balanceamento em um Plano ou Balanceamento Estático...................................22 3.7.1.1 – Determinação dos Coeficientes de Influência ...............................................23 3.7.1.2 – Balanceamento Estático Utilizando os Coeficientes de Influência – Método Analítico .......................................................................................................................24 3.7.1.3 – Balanceamento Estático – Método Gráfico ...................................................26 3.7.2 – Balanceamento Simultâneo em dois Planos ou Balanceamento Dinâmico..........28 3.7.3 – Balanceamento em Vários Planos ........................................................................32 3.7.3.1 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Igual ao de Mancais ....33 3.7.3.2 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Maior que o de Mancais ......................................................................................................................................35 3.7.3.3 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Menor que o de Mancais ......................................................................................................................................38 vi 3.8 – ESTIMATIVA DE MASSA DE TESTE ....................................................................39 3.9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................40 CAPÍTULO 4 – INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL............................................................41 4.1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................41 4.2 – DESCRIÇÃO DE UM INSTRUMENTO VIRTUAL ................................................41 4.3 – COMPOSIÇÃO DE UM INSTRUMENTO VIRTUAL .............................................42 4.4 – COMPARACÃO ENTRE INTRUMENTOS VIRTUAIS E INSTRUMENTOS REAIS...................................................................................................................................43 4.5 – INTERFACES DE INSTRUMENTAÇÃO.................................................................46 4.5.1 – A Interface GPIB (IEEE-488) ..............................................................................46 4.5.2 – Interfaceamento de Sensores e Atuadores Analógicos.........................................48 4.5.2 – Componentes de Interfaceamento de Instrumentos (Instrument Drivers)............49 4.6 – INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL COM LABVIEW ................................................49 4.7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................51 CAPÍTULO 5 – DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS IMPLEMENTADOS PARA A ELABORAÇÃO DO SISTEMA APLICATIVO .............................................................52 5.1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................52 5.2 – DESCRIÇÃO DOS SOFTWARES UTILIZADOS ....................................................52 5.3 – DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO .......................................53 5.4 – DESENVOLVIMENTO DOS VIs DE COLETA E DE BALANCEAMENTO ........55 5.5 – DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS ADICIONAIS PARA O PROCESSO DE BALANCEAMENTO ROTATIVO ..............................................................................59 5.5.1 – Divisão de Massa de Teste ...................................................................................59 5.5.2 – Soma de Massas ...................................................................................................60 5.5.3 – Estimativa de Massa de Teste...............................................................................60 5.6 – DESENVOLVIMENTO DE UM VI PARA O CÁLCULO DO NÚMERO DE AMOSTRAS ........................................................................................................................62 5.7 – DESENVOLVIMENTO DE UMA CARTA DE SEVERIDADE E NÍVEIS DE ALARME VISUAIS ............................................................................................................62 5.8 – DESENVOLVIMENTO DOS VIs GERADORES DE RELATÓRIOS.....................65 5.9 – DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE COM O USUÁRIO ...............................67 5.10 – DISPOSIÇÃO DAS FERRAMENTAS ADICIONAIS NA BARRA DE MENU ...73 5.11 – REALIZAÇÃO DE TESTES EM BANCADA DE VIBRAÇÕES ..........................74 5.11.1 – Teste do Sistema de Aquisição de Dados...........................................................74 5.11.2 – Ensaios de Balanceamento Rotativo Utilizando o Sistema Aplicativo Proposto ..........................................................................................................................................75 5.12 – CRIAÇÃO DO EXECUTÁVEL DO SISTEMA APLICATIVO .............................77 5.13 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................80 CAPÍTULO 6 – UTILIZAÇÃO DO SISTEMA APLICATIVO E RECOMENDAÇÕES PARA O BALANCEAMENTO ROTATIVO......................................................................81 6.1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................81 6.2 – DESCRIÇÃO GERAL DO SISTEMA APLICATIVO ..............................................81 6.3 – PROCEDIMENTO PARA O BALANCEAMENTO ROTATIVO COM O SISTEMA APLICATIVO ......................................................................................................................82 6.3.1 – Balanceamento Estático........................................................................................82 6.3.2 – Balanceamento Dinâmico.....................................................................................86 6.3.3 – Balanceamento em Vários Planos ........................................................................89 vii 6.4 – RECOMENDAÇÕES PARA BALANCEAMENTO ROTATIVO COM O SISTEMA APLICATIVO ......................................................................................................................90 6.4.1 – Realização de Balanceamento Onde o Número de Planos é Diferente ao de Mancais.............................................................................................................................91 6.4.2 – Adição de Massas no Rotor ..................................................................................92 6.4.3 – Configuração do Filtro .........................................................................................93 6.4.4 – Coleta de Dados de Amplitude de Vibração e Fase .............................................93 6.4.5 – Refino de Balanceamento.....................................................................................94 6.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................95 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....97 7.1 – RESULTADOS E CONCLUSÕES ............................................................................97 7.2 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.......................................................98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................100 ANEXO 1 – RESUMO SOBRE A TEORIA DE TECNOLOGIA DE FILTROS DIGITAIS..............................................................................................................................103 ANEXO 2 – CÁLCULO PARA A DIVISÃO DE MASSA NO PLANO DE BALANCEAMENTO ROTATIVO....................................................................................114 viii SIMBOLOGIA Fcent Força centrífuga m Massa e Excentricidade ω Velocidade angular em radianos por segundo Um Desbalanceamento médio → U Desbalanceamento complexo r Raio do rotor l Distância entre planos → V Vibração complexa Vij Amplitude de vibração Fij Ângulo de fase → α Coeficiente de influência Mc Massa de correção R Raio de posição de massa no rotor mt Massa de teste P Peso do rotor em kg rpm Rotação do rotor em ciclos por minuto Ur Desbalanceamento residual permissível em μ m (ISO 1940) ix LISTA DE FIGURAS Figura 1: Efeito da força centrífuga no rotor............................................................................12 Figura 2: Exemplo de desbalanceamento estático....................................................................14 Figura 3: a) Binário de desbalanceamento; b) Binário de desbalanceamento causado por componente externo..................................................................................................................15 Figura 4: Binário de desbalanceamento ...................................................................................16 Figura 5: a) Desbalanceamento quase-estático; b) Binário de desbalanceamento combinado com balanceamento estático; c) Desb. quase-estático causado por componente externo acoplado....................................................................................................................................17 Figura 6: a) Desbalanceamento dinâmico; b) Binário de desbalanceamento combinado com balanceamento estático deslocados de ângulo diferente de 180º .............................................18 Figura 7: a) Vibração causada por um desbalanceamento estático; b) Vibração de um rotor com um binário de desbalanceamento (desbalanceamento dinâmico).....................................19 Figura 8: Representação coreográfica do efeito da flexibilidade do rotor ...............................20 Figura 9: Representação gráfica dos sinais de vibração e fase.................................................22 Figura 10: Representação do rotor e dos mancais ....................................................................23 Figura 11: Representação das amplitudes de vibração – balanceamento estático....................25 Figura 12: Representação gráfica do balanceamento estático ..................................................27 Figura 13: Representação das amplitudes de vibração – Balanceamento dinâmico ................29 Figura 14: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 4 planos e 4 mancais .....................................................................................................................................33 Figura 15: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 3 planos e 2 mancais .....................................................................................................................................36 Figura 16: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 2 planos e 3 mancais .....................................................................................................................................38 Figura 17: Interface conceitual do instrumento virtual - (a) Painel frontal e (b) Diagrama de blocos........................................................................................................................................43 Figura 18: Modelo de instrumentos de (a) medida e (b) comando...........................................44 Figura 19: Estrutura de um instrumento virtual .......................................................................45 Figura 20: Conector GPIB e sinais correspondentes ................................................................47 Figura 21: Configuração de redes de instrumentos com GPIB ................................................48 Figura 22: Tela de abertura do LabVIEW 7 Express. ..............................................................50 Figura 23: Visualização dos VIs de aquisição e dos canais .....................................................53 Figura 24: Visualização do sistema completo de aquisição de dados. .....................................54 Figura 25: Localização do banco de dados no sistema.............................................................55 Figura 26: Visualização dos VIs de armazenamento em banco de dados ................................56 Figura 27: Esquema para a visualização dos valores gravados no banco de dados .................57 Figura 28: Diagrama para o cálculo dos coeficientes de influência .........................................58 Figura 29: Diagrama para o cálculo das massas de correção ...................................................58 Figura 30: VI de divisão de massa ...........................................................................................59 Figura 31: VI de soma de massas .............................................................................................60 Figura 32: VI de estimativa de massa de teste em função da vibração inicial .........................61 Figura 33: VI de estimativa de massa de teste em função da rotação ......................................61 Figura 34: VI de estimativa de massa de teste em função do desbalanceamento residual.......61 Figura 35: VI de cálculo de número de amostras .....................................................................62 Figura 36: Visualização dos indicadores de severidade e dos alertas visuais ..........................63 Figura 37: Visualização da legenda de severidade...................................................................63 Figura 38: Visualização da carta de severidade proposta pela IRD .........................................64 x Figura 39: Modelo do relatório gráfico de sinais gerado pelo sistema aplicativo em Microsoft Word .........................................................................................................................................66 Figura 40: Modelo do relatório de balanceamento gerado pelo sistema aplicativo em Microsoft Word ........................................................................................................................67 Figura 41: Tela inicial do sistema ............................................................................................68 Figura 42: Tela mostrando a guia “Controles e Indicadores” do sistema aplicativo................69 Figura 43: Tela mostrando a guia “Gráficos (Amplitude x Tempo)” do sistema aplicativo....70 Figura 44: Tela mostrando a guia “Gráficos (Amplitude x Freqüência)” do sistema aplicativo e o filtro ....................................................................................................................................71 Figura 45: Tela mostrando a guia “Visualização de Dados Para Correção” do sistema aplicativo ..................................................................................................................................72 Figura 46: Tela mostrando o VI de refino de balanceamento ..................................................73 Figura 47: Visualização da disposição das ferramentas adicionais na barra de menu .............73 Figura 48: Montagem dos acessórios para a aquisição de dados .............................................74 Figura 49: Gerador de sinais utilizado para comparação de valores com o sistema aplicativo75 Figura 50: Rotor Kit utilizado para o ensaio de vibrações com o sistema aplicativo...............76 Figura 51: Posição dos sensores no Rotor Kit..........................................................................76 Figura 52: Visualização dos canais utilizados para o ensaio de balanceamento ......................76 Figura 53: Visualização completa dos instrumentos utilizados e montados para a realização dos testes do sistema aplicativo ................................................................................................77 Figura 54: Criação do executável do sistema aplicativo ..........................................................78 Figura 55: Localização do arquivo de instalação do sistema aplicativo no Windows Explorer ..................................................................................................................................................78 Figura 56: Procedimento de instalação do sistema aplicativo..................................................79 figura 57: Localização do sistema aplicativo dentro do diretório “Programas” no menu “Iniciar” ....................................................................................................................................79 Figura 58: Campo “Coleta de Dados” ao salvar os dados da volta original.............................83 Figura 59: Campo “Coleta de Dados” ao mudar o mostrador para “1ª Parada” para salvar os dados depois da adição da massa de teste.................................................................................83 Figura 60: Visualização dos dados para correção em um plano no sistema aplicativo............84 Figura 61: Divisão de massa no balanceamento estático .........................................................84 Figura 62: Relatório gráfico após o balanceamento estático....................................................85 Figura 63: Visualização dos dados para correção em dois planos no sistema aplicativo.........87 Figura 64: Divisão de massa de correção no Plano 1 ...............................................................87 Figura 65: Divisão de massa de correção no Plano 2 ...............................................................88 Figura 66: Relatórios gráficos dos respectivos mancais após o balanceamento dinâmico ......89 Figura 67: Exemplo da relação entre o número de mancais e dados aquisitados (em vermelho) e entre o número de planos e o número de etapas de coleta de dados (em azul)......................90 Figura 68: Mensagem exibida quando o número de mancais for superior ao de planos de balanceamento ..........................................................................................................................92 Figura 69: Tela de aviso quando os valores salvos forem próximos aos da volta original ......93 Figura A1: A resposta em freqüência de um filtro Butterworth passa-baixa de primeira ordem ................................................................................................................................................105 Figura A2: Filtros passa-baixas Butterworth de ordens 1 a 5 ................................................105 Figura A3: Exemplo de um filtro passa-baixas Butterworth de segunda ordem....................106 Figura A4: A resposta em frequência de um filtro Chebyshev passa-baixas do tipo I de quarta ordem ......................................................................................................................................109 Figura A5: A resposta em freqüência de um filtro passa-baixa elíptico de quarta ordem .....112 Figura A6: Comparação gráfica entre filtros..........................................................................113 Figura A7: Representação em coordenadas polares dos vetores de massa ............................114 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tabela representativa de coleta de dados para balanceamento estático ...................25 Tabela 2: Tabela representativa de coleta de dados para balanceamento dinâmico.................29 Tabela 3: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 4 planos e 4 mancais. ....................................................................................................................................34 Tabela 4: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 3 planos e 2 mancais. ....................................................................................................................................36 Tabela 5: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 2 planos e 3 mancais. ....................................................................................................................................39 xii RESUMO Considerando o contexto atual no que tange procedimentos de monitoramento e diagnóstico de máquinas, existe uma grande tendência na utilização de técnicas que substituem os métodos tradicionais de coleta e análise de vários parâmetros, dando lugar ao desenvolvimento de sistemas baseados em linguagens de programação com conceitos de instrumentação virtual. No que diz respeito a máquinas rotativas, também é possível desenvolver um leque de programas que possam vir a auxiliar na manutenção desses equipamentos, tendo em vista que nestes são encontrados diversos defeitos como: desbalanceamento, defeitos em rolamentos, acoplamentos desalinhados, defeitos em engrenagens, etc. Por isso, considerando o exposto, o presente trabalho é uma proposta de desenvolvimento de um sistema aplicativo para a análise contínua de sinais de vibração em máquinas rotativas com um módulo de balanceamento de rotores em até quatro planos, podendo este substituir os métodos tradicionais de análise, monitoramento e diagnóstico de máquinas que apresentem defeito causado por desbalanceamento rotativo. A metodologia aplicada é baseada em conhecimentos de programação em linguagem “G” e instrumentação virtual. O software utilizado para o desenvolvimento do sistema principal de aquisição de dados e para o cálculo dos valores de correção é o LabVIEW em conjunto com o gerenciador de banco de dados SQL Server. Considerando algumas dificuldades apresentadas no que tange a correção de tais equipamentos rotativos, este trabalho também aborda algumas recomendações para o balanceamento rotativo com o sistema aplicativo proposto, para garantir a efetiva redução das amplitudes de vibração causadas por erros de distribuição de massa ao longo do eixo de rotação. Com o intuito de auxiliar na manutenção de tais equipamentos, também foram adicionadas diversas ferramentas que dão suporte ao procedimento de balanceamento e, também, de monitoramento de máquinas rotativas, inclusive com módulos de geração de relatórios gráficos e de balanceamento. Palavras Chave: Balanceamento, Máquinas Rotativas, Instrumentação Virtual, LabVIEW, Monitoramento 1 Capítulo 1 – Introdução CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 – APRESENTAÇÃO O estudo de defeitos em máquinas rotativas ocupa uma posição destacada no contexto de máquinas e estruturas, tendo em vista a grande quantidade de fenômenos típicos na operação desses equipamentos. A existência de um componente rotativo apoiado em mancais e transmitindo potência cria uma família de problemas que são encontrados nas mais diversas máquinas: sejam compressores, turbinas, bombas, centrífugas, motores, máquinas de grande porte como em uma usina hidroelétrica, etc. Um desses problemas é o desbalanceamento rotativo em função de erros de distribuição de massa ao longo do eixo. No mercado existem diversos instrumentos que realizam o balanceamento de rotores. No entanto, muitas vezes se torna inviável a aquisição de tais equipamentos devido o alto custo dos mesmos. Por isso, é possível se fazer um estudo no sentido de verificar a viabilidade da implementação de sistemas que poderiam substituir tais equipamentos. Atualmente, o uso de computadores com softwares especializados está cada vez mais presente em processos laboratoriais e industriais, em virtude da sua relativa facilidade de programação, operação e da excelente precisão fornecida por resultados oriundos de cálculos que seriam muito demorados de serem feitos manualmente ou seriam praticamente impossíveis de serem resolvidos pelo homem. Com o advento do aumento da tecnologia dos computadores pessoais (processamento mais rápido, maior memória, definições gráficas, etc.), a expansão da Internet e avanços em tecnologia de redes, houve também um aumento na utilização de sistemas programáveis que tendem substituir parcialmente os métodos convencionais de análise de dados em equipamentos. Neste sentido, a instrumentação virtual vem crescendo bastante. A utilização de sistemas aplicativos para a realização de determinadas tarefas de monitoramento e controle de equipamentos está cada vez mais presente no cotidiano. Capítulo 1 – Introdução 2 1.2 – JUSTIFICATIVA Considerando o exposto, o que se pode notar é que atualmente, para o monitoramento de equipamentos, não é necessário utilizar métodos tradicionais de coleta e análise de dados. Há pouco tempo atrás, para se fazer uma análise de vibração em uma determinada máquina, primeiramente, coletava-se os valores de vibração em um ponto com um analisador de vibrações, em seguida tratava-se o sinal e, depois de visualizar os resultados, procurava-se o diagnóstico. Do ponto de vista empresarial isso não era viável, pois caso houvesse muitos pontos a serem coletados poderia requerer muito tempo para a tomada de decisões. A preocupação com a manutenção de máquinas rotativas está cada vez mais presente em trabalhos publicados e teses apresentadas atualmente sobre o assunto. Isso pode significar que esta área realmente tem destaque no setor industrial e empresarial. A substituição dos métodos tradicionais de análise e coleta de sinais pela instrumentação virtual é a principal característica disso. Com a utilização da instrumentação virtual é possível o usuário desenvolver sistemas aplicativos para a execução de determinadas tarefas, visando facilitar, automatizar e acelerar processos que geralmente seriam muito demorados e muito caros do ponto de vista econômico. O desenvolvimento deste trabalho tem o intuito de dar continuidade nesse processo de melhoramento das atividades de manutenção, com o enfoque principal em falhas em máquinas rotativas causadas por desbalanceamento rotativo. Essa proposta é o início para o desenvolvimento de outros trabalhos que abrangem instrumentação virtual, visando melhorar processos de manutenção e facilitar a análise de vibrações e outros parâmetros em equipamentos. 1.3 – OBJETIVOS 1.3.1 – Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um sistema aplicativo programado em LabVIEW e Microsoft SQL Server para o balanceamento de rotores com a aquisição direta de dados, dispensando a utilização de inúmeros equipamentos de coleta e análise de sinais de vibração, utilizando somente um computador (ou laptop) com uma placa de Capítulo 1 – Introdução 3 aquisição de sinais que coletará, analisará e tratará os sinais provenientes dos sensores, fornecendo dados necessários para a redução do problema de vibração em máquinas rotativas. 1.3.2 – Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: • Estudar o efeito do desbalanceamento rotativo em rotores e analisar o efeito da vibração nos mesmos; • Estudar a teoria sobre instrumentação virtual e verificar as tendências de crescimento da utilização desta ferramenta na atualidade; • Comparar os métodos tradicionais de coleta e tratamento de dados com a instrumentação virtual; • Desenvolver um sistema aplicativo analisador em LabVIEW para a visualização gráfica e numérica de sinais de vibração juntamente com um módulo de geração de relatórios para o auxílio na manutenção de máquinas rotativas; • Junto com o analisador, desenvolver em LabVIEW um módulo de balanceamento de rotores rígidos e flexíveis com no máximo 4 (quatro) planos de balanceamento e 4 (quatro) mancais; • Desenvolver ferramentas em LabVIEW para o auxílio no procedimento de balanceamento e na coleta de sinais no sistema proposto. 1.4 – METODOLOGIA UTILIZADA Para a realização deste trabalho primeiramente foi necessário se estudar as técnicas para a realização de balanceamento rotativo. Após isso foi possível dar início à programação do sistema em LabVIEW. Em seguida, foi necessário estudar o software LabVIEW para desenvolver o módulo de análise gráfica dos sinais de vibração. O estudo deste software foi acompanhado com a leitura de diversos artigos técnicos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado, sobre assuntos que envolviam instrumentação virtual. Capítulo 1 – Introdução 4 Logo em seguida, foi necessário utilizar um software gerenciador de banco de dados para se realizar o armazenamento dos dados necessários para se efetuar o balanceamento. Nesse sentido, foi necessário estudar o software Microsoft SQL Server 2000, o qual foi escolhido devido a sua excelente interface com o LabVIEW. Depois de construído o sistema em plataforma LabVIEW com o gerenciador de banco de dados SQL Server 2000, foram desenvolvidas outras ferramentas para o auxílio ao balanceamento. Por exemplo, programas para a estimativa de massa de teste, divisão e soma de massas, geração de relatórios, etc. Por último, foi necessário realizar alguns testes para a validação do sistema. Estes testes foram realizados em uma bancada de vibrações a qual se comunicava via sensores de proximidade para um computador equipado com uma placa de aquisição de sinais que pertence a Eletronorte. Então, foi possível comparar os valores de vibração após a realização do procedimento de balanceamento com o sistema aplicativo e tirar algumas conclusões, as quais estão apresentadas no último capítulo deste trabalho. 1.5 – ESTRUTURA DO TRABALHO O capítulo 2 aborda de maneira geral todo o conteúdo que serviu como referência para a elaboração deste trabalho. Neste capítulo de revisão bibliográfica é possível se ter uma visão ampla sobre os diversos trabalhos que abordam temas como balanceamento rotativo, instrumentação virtual e gerenciamento de banco de dados. No capítulo 3 é tratado de forma bem estrita os diversos conceitos e técnicas sobre balanceamento rotativo. São abordadas técnicas de balanceamento estático, balanceamento dinâmico e balanceamento em vários planos. Este último com variação do número de planos em relação ao número de mancais. O capítulo 4 aborda a questão da instrumentação virtual, bem como as tendências de crescimento dessa nova metodologia de programação visual aplicada a equipamentos industriais e laboratoriais. A descrição dos procedimentos é abordada no capítulo 5. Neste capítulo é feita uma abordagem detalhada da metodologia aplicada neste trabalho, descrevendo o que foi utilizado e feito para o desenvolvimento do sistema proposto. Capítulo 1 – Introdução 5 O procedimento da utilização do sistema para a realização de balanceamento de rotores está descrito no capítulo 6, onde são detalhados os procedimentos a serem seguidos pelo usuário para realizar o balanceamento em rotores rígidos e flexíveis. Neste mesmo capítulo, também, são fornecidas algumas recomendações para a utilização do sistema aplicativo e para o balanceamento rotativo com o mesmo. Finalmente, no capítulo 7 é feita a conclusão do trabalho juntamente com algumas recomendações para trabalhos futuros. 6 Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – INTRODUÇÃO Atualmente, existe um grande investimento por parte das empresas no setor de monitoramento de equipamentos. Isso pode ser facilmente demonstrado com os diversos trabalhos desenvolvidos recentemente nas áreas de manutenção. Com o advento da expansão da Internet, das tecnologias de informação e da potencialização dos computadores, tornou-se muito mais fácil o desenvolvimento de sistemas especialistas que facilitam as atividades de manutenção. No que diz respeito às técnicas de balanceamento, o que se pode notar é que existe uma grande preocupação em se realizar essa prática com precisão máxima, pois qualquer erro de aquisição de dados no processo pode até mesmo agravar o efeito da vibração do equipamento, quando este for colocado em operação. 2.2 – TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE DEFEITOS EM MÁQUINAS ROTATIVAS E BALANCEAMENTO Wowk (1995) primeiramente explica por que existe a necessidade de se descobrir diversas falhas em equipamentos, enfatizando, principalmente, a questão do desbalanceamento. Em seguida, fala sobre a história do balanceamento, sempre contextualizando a situação industrial do passado. Depois disso, trata em termos gerais da necessidade de se realizar o balanceamento para aumentar a vida útil e a eficiência de equipamentos de caráter rotativo, abordando as diversas técnicas de balanceamento de rotores rígidos e flexíveis, sempre disponibilizando ferramentas adicionais que possam vir a auxiliar no procedimento de balanceamento. Da mesma maneira, Almeida e Góz (2003) e Soeiro (1994) abordam as técnicas de balanceamento rotativo em campo e em laboratório. São feitas demonstrações gráficas e analíticas para o melhor entendimento desse processo. Os autores também tratam, de forma Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 7 geral, um pouco sobre a ocorrência de vibração causada por desbalanceamento em rotores flexíveis. Ribas (1985) descreve o procedimento de balanceamento de rotores com a utilização de ferramentas como uma calculadora programável e um computador pessoal. Ele aborda o principal ponto proposto neste trabalho que é a utilização de programas para o auxílio em cálculos no que tange técnicas de balanceamento rotativo. O autor enfatiza que com a utilização de tais ferramentas é possível realizar uma redução do efeito vibratório nos equipamentos rotativos de maneira mais refinada, devido o grande grau de precisão de tais equipamentos. Em virtude da facilidade que tais ferramentas proporcionam, o autor aborda inclusive a utilidade dessas ferramentas na realização do balanceamento de rotores em diversos planos. A proposta de Eduardo (2003) é de realizar um estudo em falhas em equipamentos rotativos utilizando redes neurais. O trabalho proposto pelo autor é interessante no sentido de desenvolver uma metodologia que engloba procedimentos de diagnóstico em máquinas rotativas utilizando inteligência artificial, baseado em monitoramento via computador pessoal. Idehara (2003) procura em seu trabalho estudar ferramentas para análise de sinais de vibração e ruído provenientes de componentes rotativos operando em condições estacionárias ou não. Estas técnicas são classificadas como Métodos Seguidores de Ordem, ou Order Tracking. Analisam-se, comparativamente, três métodos: o Order Tracking Computacional, a Reamostragem Digital e a TVDFT, bem como a técnica da Matriz de Ortogonalidade, utilizada para corrigir a amplitude das ordens obtidas por este último método. Todos os procedimentos são analisados através de simulações numéricas em computador e dados experimentais. Mühle (2000) trata da tendência de novas máquinas de mandrilamento sendo que os diversos fabricantes de ferramentas desenvolveram cabeçotes de mandrilar munidos de sistemas de balanceamento e de regulagem de excentricidade. O autor aborda a influência do sistema de balanceamento sobre o processo mandrilamento, realizando diversos ensaios visando avaliar as condições e características dinâmicas da máquina-ferramenta a ser utilizada. Mais especificamente falando, são monitorados os níveis de vibração causados pelo desbalanceamento do fuso. Em sua tese, Santiago (2004) realizou um estudo baseado em uma metodologia para classificação de falhas em máquinas rotativas, chamada Wavelet Packet Neural Network (WPNN), a qual é fundamentada na teoria de transformada de Wavelet em conjunção com redes neurais artificiais. Neste estudo, os resultados obtidos mostram que a WPNN pode ser Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 8 utilizada satisfatoriamente como técnica alternativa de classificação e diagnóstico de falhas introduzidas em máquinas rotativas com alta eficiência. Tadeo (2003) desenvolveu um modelo através do método de elementos finitos do sistema rotor-acoplamento-mancal, considerando-se as modelagens simplificadas dos acoplamentos existentes. Foram feitas as funções de resposta de freqüência devido ao desbalanceamento residual experimentais dos sistemas para que finalmente fosse possível realizar ajustamentos entre as curvas experimentais, utilizando os modelos implementados através do método de Mínimos Quadrados Amortecido Não Linear. Na apostila elaborada por Ferreira (2003a) é abordado balanceamento de rotores rígidos em máquina de balancear de mancais flexíveis. Ele descreve sucintamente o balanceamento em dois planos de correção pelo método dos coeficientes de influência. Ferreira (2003b), em sua apostila que trata de Série de Fourier, faz uma breve revisão sobre séries de Fourier e sua aplicação em sistemas lineares. O autor relata em termos gerais que a Série de Fourier é apresentada em termos de parcelas em seno e cosseno e em termos de amplitude e fase. Dessa forma, é apresentada a expressão da Transformada Discreta de Fourier e são sugeridas as estratégias que levam a Transformada Rápida de Fourier (FFT), as quais são muito úteis para a análise de sistemas rotativos, para a análise de desbalanceamento e na detecção de outros defeitos. O trabalho desenvolvido por C. Matos, Rocha, W. Matos e Zindeluk (1997) diz respeito a um problema real surgido em uma planta industrial, onde uma folga mecânica no mancal superior de um motor de eixo vertical gerou uma instabilidade dinâmica excitando freqüências naturais do sistema de ordem subsíncrona. Este trabalho se divide em duas partes distintas, consistindo em uma parte prática realizada em um modelo experimental que tenta se aproximar da máquina real e outra de modelagem e simulação computacional do modelo experimental utilizando programas baseados no Método de Elementos Finitos. Crede e Harris (1991) abordam em termos gerais sobre técnicas de impactos e vibrações causados por defeitos inerentes dos projetos de máquinas, em virtude dos inevitáveis erros de construção de equipamentos mecânicos. O catálogo KARL SCHENCK AG (1993) trata em linhas gerais sobre a instrumentação para medição de vibração e o procedimento para a realização de balanceamento em equipamentos de caráter rotativo. As normas ISO 1940 (1973) e NBR 8008 (1983) tratam das exigências no que tange o procedimento de balanceamento de corpos rígidos rotativos e do desbalanceamento residual permissível. Essas normas também classificam os vários tipos de rotores representativos, os Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 9 quais são identificados e recomendados aos tipos de balanceamento, se em um plano ou em dois planos. 2.3 – INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL E LABVIEW Os manuais LabVIEW Basics I (1998) e LabVIEW Basics II (1998) são apostilas que descrevem detalhadamente como o usuário do software pode proceder para o desenvolvimento de instrumentos virtuais utilizando a linguagem LabVIEW. São abordados desde a criação de simples programas até sistemas de aquisição de dados Borges (2002), em sua dissertação, elaborou um sistema desenvolvido em LabVIEW que tem como objetivo acessar a distância um laboratório virtual, que permite acesso, controle e a monitoração de experimentos em tempo real de forma remota através da Internet. Prado (2004) trata desde o conceito até o procedimento de sistemas especialistas. Em sua publicação aborda os principais aspectos a serem seguidos para que um sistema (ou programa) desenvolvido em qualquer linguagem de programação possa ser classificado como um sistema especialista. Bramatti, Sena, Lima e Silva (2001) apresentam algumas soluções para o apoio na manutenção preditiva contínua e remota de equipamentos utilizando basicamente microcomputadores, placa de aquisição de sinais, condicionadores de sinais, sensores, programas aplicativos e da rede de computadores. Eles abordam de maneira geral toda a teoria de instrumentação virtual aplicada para o monitoramento de máquinas. 2.4 – ADMINISTRAÇÃO DE BANCO DE DADOS As apostilas da ANSI (2001) e TEKNO Software (2001) tratam sobre a programação de banco de dados utilizando o software SQL Server 2000. As apostilas ensinam detalhadamente a utilizar uma ferramenta de administração para inicializar e encerrar um banco de dados, bem como criá-lo, gerenciar seu armazenamento de arquivos e de dados, gerenciando também seus usuários e seus privilégios. Em termos gerais, com toda a teoria o programador poderá organizar o banco de dados, movimentando dados para dentro e entre bancos de dados em diferentes ambientes. Também é possível aprender como fazer backup e recuperação de um banco de dados. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 10 2.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o desenvolvimento de um determinado sistema especialista é necessário se ter três conhecimentos básicos, ou seja: • Conhecer a fundo a metodologia para a qual se estará aplicando o sistema e o procedimento de coleta dos diversos parâmetros, objetivando uma maior confiabilidade e reduzindo ao máximo a possibilidade de erros de medição. No que diz respeito ao presente trabalho, deve-se conhecer todo o processo de balanceamento de rotores e a situação dos instrumentos de medição de vibração e fase. Isso para que os possíveis erros não sejam refletidos nos resultados para a correção do desbalanceamento. • Conhecer com o máximo de profundidade as ferramentas utilizadas. No caso, é necessário que haja o máximo de compreensão na operação dos softwares LabVIEW e SQL Server, a fim de que o sistema seja desenvolvido de acordo com as necessidades pretendidas. • E por fim, deve-se desenvolver o sistema pretendido com uma linguagem simplificada, para que haja a fácil compreensão de operação desse sistema por parte dos usuários. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 11 CAPÍTULO 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A TÉCNICA DE BALANCEAMENTO ROTATIVO 3.1 – INTRODUÇÃO Em virtude dos inevitáveis erros de projeto de máquinas é possível encontrar defeitos que podem originar vibrações e ruídos indesejáveis em equipamentos assim que estes entrarem em operação. Esses erros, muitas vezes, podem estar relacionados a concentrações de massa (pontos pesados) ao longo do eixo. Cada erro de massa que ocorre em um rotor provoca mudança de posição do centro de gravidade da secção transversal que contém o erro. A somatória destes desvios é o afastamento do eixo principal de inércia do eixo de rotação, ou seja, a massa do rotor não estará perfeitamente distribuída ao redor do eixo de rotação provocando o efeito conhecido como desbalanceamento. O desbalanceamento, especificamente falando, é o primeiro defeito que deve ser identificado em uma máquina rotativa, pois este é influenciado diretamente em função da rotação do eixo, ou seja, o desbalanceamento estará sempre na freqüência de rotação da máquina. O desbalanceamento em uma determinada máquina rotativa deve ser imediatamente identificado, no sentido de aplicar técnicas para reduzir este efeito, tendo em vista que as vibrações causadas por esses pontos pesados podem danificar os componentes do equipamento como mancais, rolamentos, o eixo, etc. Considerando o exposto, é possível aplicar técnicas de balanceamento de rotores, no sentido de diminuir o efeito da vibração causada pelo desbalanceamento, objetivando uma maior autonomia e vida útil do equipamento. 3.2 – DEFINIÇÃO DE DESBALANCEAMENTO Um rotor perfeitamente balanceado é aquele cuja massa se distribui uniformemente em torno do seu eixo de rotação. Isto equivale dizer que existe a coincidência entre o eixo de 12 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo rotação e o eixo principal de inércia do rotor. Desconsiderando-se as forças que causam a rotação e que sustentam este rotor, nenhuma outra força age sobre os seus mancais quando se encontra em movimento giratório. Assim, nenhum tipo de vibração pode ser detectado. Este rotor, entretanto, é meramente teórico, uma vez que por menores que sejam as tolerâncias de fabricação de um componente e por mais homogêneos que sejam os materiais utilizados em sua fabricação, sempre haverá uma distribuição não uniforme de massa, causando um desbalanceamento. Havendo um excesso de massa de um lado do rotor, a força centrífuga atuante sobre este lado mais pesado supera a força centrífuga atuante sobre o lado oposto, forçando então o lado mais leve na direção do lado mais pesado, sendo a força resultante a causadora da vibração. A força centrífuga causadora da vibração é, em suma, gerada pela excentricidade do centro de gravidade do rotor e pela sua rotação. Tal força é dada pela equação 1: Fcent = m ⋅ e ⋅ ω 2 (1) sendo que m é a massa do rotor, e é a excentricidade ou a distância do centro de gravidade ao eixo de giro do rotor e ω é a velocidade angular em radianos por segundo. Esta força é contrabalançada pela soma das reações que surgem nos mancais do rotor. A magnitude das mesmas depende da posição relativa entre centro de gravidade e mancais. O efeito da força centrífuga pode ser melhor visualizada conforme a figura 1. Fcent m ω Figura 1: Efeito da força centrífuga no rotor Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 13 3.3 – TIPOS DE DESBALANCEAMENTO Wowk (1995) cita quatro tipos de desbalanceamento. A fim de facilitar a definição de cada um dos quatro tipos de desbalanceamento, parte-se de um rotor perfeitamente balanceado, onde se supõe a adição de massas de desbalanceamento. 3.3.1 – Desbalanceamento Estático (Static Unbalance) O desbalanceamento estático surge quando o eixo principal de inércia de um rotor encontra-se deslocado, no entanto paralelo em relação ao eixo de rotação do mesmo, como mostrado na figura 2. A distância entre o centro de gravidade (CG) e o eixo de rotação – a excentricidade e – origina a força centrífuga quando da rotação do rotor. No caso do desbalanceamento estático a massa de desbalanceamento e o CG encontram-se no mesmo plano normal ao eixo de rotação, conforme figura 2a. Um rotor com duas massas de desbalanceamento iguais e eqüidistantes com relação ao CG (figura 2b) caracteriza também um desbalanceamento estático, uma vez que o efeito de ambas é equivalente ao efeito de uma massa localizada no plano do CG. A eliminação do desbalanceamento estático é obtida movendo-se o centro de gravidade em direção ao eixo de rotação do rotor. Isto é feito através da adição ou retirada de massa do rotor, de forma que a força radial causada por esta adição ou retirada seja igual em módulo à força causada pela excentricidade do CG, mas com direção oposta. Rotores desbalanceados estaticamente podem ser submetidos a um balanceamento em um plano, a ser explicado mais detalhadamente no item 3.7.1. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 14 a) b) Figura 2: Exemplo de desbalanceamento estático 3.3.2 – Binário de Desbalanceamento (Couple Unbalance) O binário de desbalanceamento ocorre quando o eixo principal de inércia corta o eixo de rotação, sendo o CG o ponto comum entre eles. Neste caso a presença das massas de desbalanceamento não desloca o CG com relação ao eixo de rotação do rotor, no entanto causa a inclinação do eixo principal de inércia. As massas de desbalanceamento causam as forças centrífugas Fcent1 e Fcent2 mostradas na figura 3. Estas forças centrífugas se anulam por serem opostas uma a outra, porém geram um momento, já que não estão contidas no mesmo eixo. O exemplo mais simples de binário de desbalanceamento é o de massas de desbalanceamento iguais posicionadas nos extremos opostos de um rotor e deslocadas de 180º uma da outra, como mostra a figura 3a. Este tipo de desbalanceamento é quantificado através da multiplicação do desbalanceamento u·r pela distância l entre os planos onde se encontram as massas de desbalanceamento, sendo a unidade g·mm². Um = u·r·l (2) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 15 Para valores iguais de Um não importa se os planos de atuação dos desbalanceamentos são simétricos ao CG ou não. Em um binário de desbalanceamento, o CG pode estar inclusive fora do espaço compreendido entre tais planos, como mostra o exemplo da figura 3b, onde o binário de desbalanceamento é causado por um componente externo ao rotor. a) b) Figura 3: a) Binário de desbalanceamento; b) Binário de desbalanceamento causado por componente externo Quando à rotação de um rotor com desbalanceamento binário, cada uma das extremidades vibra em direções opostas. Este tipo de desbalanceamento não pode ser corrigido com apenas uma massa. Neste caso são necessárias duas massas, cada uma devendo anular o efeito de uma das massas de desbalanceamento. Faz-se, portanto, necessário um outro binário com massas opostas de 180º, possibilitando o “giro” do eixo principal de inércia sobre o CG, fazendo com que aquele coincida com o eixo de rotação. O balanceamento deste tipo de rotor é chamado de balanceamento em dois planos ou balanceamento dinâmico. Maiores explicações sobre este tipo de balanceamento são apresentadas no item 3.7.2. A diferença entre o desbalanceamento estático e o binário de desbalanceamento pode ser claramente ilustrada na figura 4. Quando o rotor está parado as massas nas extremidades do eixo são contrabalançadas, de forma que o torque resultante é nulo, o que equivale a dizer que o centro de gravidade se encontra sobre o eixo de rotação (ausência de desbalanceamento estático). No entanto, quando girando, uma forte vibração pode ser notada devido à nãocoincidência dos eixos de inércia e de rotação. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 16 Figura 4: Binário de desbalanceamento (BRÜEL & KJÆR, Catálogo de Fabricante) 3.3.3 – Desbalanceamento Quase-Estático (Quasi-Static Unbalance) O desbalanceamento quase-estático se dá quando o eixo principal de inércia corta o eixo de rotação do rotor em um ponto, que não passa pelo CG, como mostrado na figura 5a. Este tipo de desbalanceamento pode também ser causado pela combinação dos desbalanceamentos estático e binário, conforme mostrado na figura 5b. A figura 5c mostra o desbalanceamento quase estático causado por um componente externo acoplado. O balanceamento de um rotor deste tipo só é possível se realizado em dois planos. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 17 Figura 5: a) Desbalanceamento quase-estático; b) Binário de desbalanceamento combinado com balanceamento estático; c) Desb. quase-estático causado por componente externo acoplado 3.3.4 – Desbalanceamento Dinâmico (Dynamic Unbalance) O desbalanceamento dinâmico ocorre quando o eixo principal de inércia não encontra o eixo de rotação. Este é o tipo de desbalanceamento mais freqüente. As massas de desbalanceamento, neste caso, encontram-se deslocadas de um ângulo diferente de 180º, como mostrado na figura 6a e 6b. A figura 6b mostra um binário de desbalanceamento Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 18 combinado com um desbalanceamento estático deslocados de um ângulo diferente de 180º, o que resulta em um desbalanceamento dinâmico. Como nos dois tipos anteriores de desbalanceamentos, o desbalanceamento dinâmico também só pode ser corrigido com massas de correção em pelo menos dois planos perpendiculares ao eixo de rotação. a) b) Figura 6: a) Desbalanceamento dinâmico; b) Binário de desbalanceamento combinado com balanceamento estático deslocados de ângulo diferente de 180º 3.4 – VIBRAÇÃO EM ROTORES DESBALANCEADOS A Figura 7a ilustra a vibração causada por um desbalanceamento estático. Neste caso a linha de centro do rotor descreve uma superfície cilíndrica. A Figura 7b mostra como se comporta a vibração de um rotor com um binário de desbalanceamento. A linha de centro descreve dois cones com vértices coincidindo com o CG do rotor. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 19 Figura 7: a) Vibração causada por um desbalanceamento estático; b) Vibração de um rotor com um binário de desbalanceamento (desbalanceamento dinâmico) 3.5 – CAUSAS DO DESBALANCEAMENTO Apesar de todas as precauções, existirá sempre algum desbalanceamento que provocará vibrações que tendem deteriorar as estruturas de suporte, rotores, mancais, qualidade de processamento, etc. As fontes mais comuns de desbalanceamento são: - Fundição e/ou configuração assimétricas; - Inclusões ou vazios em peças laminadas, forjadas ou fundidas; - Furação e/ou usinagem excêntricas; - Mancais e/ou acoplamentos não concêntricos; - Distorções permanentes; - Incrustações; - Corrosão; Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 20 - Erosão de material; - Cavitação em rotores de bombas e/ou turbinas hidráulicas. 3.6 – ROTORES RÍGIDOS E ROTORES FLEXÍVEIS Como foi dito anteriormente, os pontos pesados geram forças centrífugas em função da rotação do rotor e que estas forças se somam vetorialmente produzindo esforços, R1 e R2, que são transmitidos, neste caso, para os mancais da máquina. Um rotor é considerado rígido quando o mesmo é suficientemente resistente para não apresentar deformações ao longo do eixo. Neste caso, o balanceamento satisfatório é alcançado com a utilização de no máximo dois planos de balanceamento para a adição das massas de correção. O Rotor é considerado flexível quando opera a uma velocidade de rotação maior ou igual a 70% da primeira crítica (freqüência de ressonância). Próximo a uma velocidade crítica o rotor tende a se deformar de forma similar ao modo de vibração correspondente a esta freqüência de ressonância. A figura 8 mostra em escala exagerada as deformações de um rotor e a sua transformação de rotor rígido em rotor flexível com o aumento da freqüência de rotação. Figura 8: Representação coreográfica do efeito da flexibilidade do rotor Para o balanceamento de rotores flexíveis são necessários N+2 planos de correção, sendo que N é o número de velocidades críticas pelas quais o rotor passa até atingir a sua velocidade de trabalho. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 21 3.7 – TIPOS DE BALANCEAMENTO Segundo a norma ISO 1940, balanceamento é o processo de aprimoramento da distribuição de massa de um corpo que gira em seus mancais, sem os efeitos desbalanceadores de serviço. Segundo a norma ABNT 8007, balanceamento é o processo pelo qual a distribuição de massa de um rotor é verificada e, se necessário, corrigida, a fim de assegurar que as vibrações dos munhões e/ou força sobre os mancais estejam dentro de limites especificados, numa freqüência correspondente à velocidade de operação. Dois são os tipos de balanceamento mais usados, já comentados anteriormente: balanceamento em um plano (ou balanceamento estático) e balanceamento em dois planos (ou balanceamento dinâmico). Balanceamento em um plano é o tipo de balanceamento em que é necessária a adição de somente uma massa de balanceamento no plano perpendicular ao eixo de rotação e que contém o CG. Este procedimento é adequado somente à compensação de um desbalanceamento estático, uma vez que, neste caso, os eixos principal de inércia e de rotação já se encontram paralelos. O balanceamento em um plano tem a capacidade de deslocar o eixo de inércia em direção ao eixo de rotação, no entanto, sem ter a capacidade de rotacionar um com relação ao outro. O balanceamento em dois planos é o procedimento necessário para a compensação de desbalanceamentos do tipo quase-estático, binário e dinâmico. No balanceamento em dois planos, ou balanceamento dinâmico, como também é chamado, é necessário a adição de massas de balanceamento em dois planos diferentes. Tal procedimento permite que, com as devidas massas de balanceamento, o eixo principal de inércia sofra uma rotação com relação ao eixo de rotação e que o CG seja deslocado de encontro ao eixo de rotação. Neste capítulo também serão abordados métodos de balanceamento em que o número de planos é diferente do número de mancais. Dessa maneira, podemos realizar um balanceamento mais refinado, podendo até mesmo realizar balanceamento em rotores flexíveis segundo esta metodologia. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 22 3.7.1 – Balanceamento em um Plano ou Balanceamento Estático Para este tipo de balanceamento será adotada uma metodologia de balanceamento puramente estático utilizando os coeficientes de influência. Este método também é conhecido pelo método das duas rotações e objetiva a correção de rotores curtos considerando-se apenas um plano de colocação de massas onde existe somente a componente estática do desbalanceamento. Para tal, é necessário conhecer a amplitude de vibração e respectivo ângulo de fase com relação a uma referência adotada na parte girante. O ângulo de fase nada mais é do que uma referência a ser indicada no rotor, que é denotada por pulsos na freqüência de rotação da máquina. Cada pulso representa um giro no rotor, os quais são relacionados com a amplitude de vibração na mesma freqüência. Considerando que cada giro no rotor representa uma angulação de 360º, a diferença entre o pico que representa a fase e o pico da onda de vibração representa o valor da fase em graus (figura 9). Esse valor indica a posição do ponto pesado no rotor em relação a essa referência. Sinal de referência F = 176,4º Sinal de vibração Figura 9: Representação gráfica dos sinais de vibração e fase Como estamos tratando de balanceamento puramente estático, as amplitudes de vibração nos dois mancais, conforme a figura 10 abaixo, apresentam-se perfeitamente em fase e possuem intensidades iguais. Neste caso é suficiente tomarmos as informações correspondentes a um dos mancais. 23 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo Rotor Mancal Mancal Figura 10: Representação do rotor e dos mancais Algo que é importante ressaltar é que neste método, o qual se faz necessário conhecer o ângulo de fase, embora apresente uma simplicidade muito grande, algumas imprecisões são verificadas quando o rotor trabalha próximo à velocidade crítica. Isto se deve ao fato de que próximo da rotação crítica (ressonância), o ângulo de fase varia rapidamente com pequenas variações de velocidade (Almeida e Gós, 2003). 3.7.1.1 – Determinação dos Coeficientes de Influência Considerando que o comportamento de uma máquina assuma uma configuração linear, o que implica em que as amplitudes de vibração são proporcionais às forças que as causam, a → → relação entre o desbalanceamento ( U ) e a amplitude de vibração complexa ( V ), pode ser escrita da seguinte forma: → → → V = α ⋅U → (3) → sendo ( α ) um número complexo independente da massa complexa desbalanceadora ( U ) e é denominado de “coeficiente de influência”. Este coeficiente é determinado da seguinte maneira: - Mede-se a amplitude da vibração original oriunda da exclusividade do desbalanceamento em um dos mancais, bem com o seu respectivo ângulo de fase; - A seguir coloca-se uma massa de teste conhecida numa posição angular conhecida no plano de balanceamento, e nesta condição medem-se a amplitude de vibração resultante e o respectivo ângulo de fase no mesmo mancal. 24 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo → Feito isso, obtemos o coeficiente de influência ( α ), subtraindo a amplitude da vibração original da amplitude da vibração resultante e dividindo-a pelo valor da massa de teste complexa. O módulo do coeficiente de influência é simplesmente a vibração num dos mancais devido à adição de uma unidade de massa no plano de balanceamento. → De acordo com a equação 3 e do exposto anteriormente, o desbalanceamento ( U ) pode ser computado conforme abaixo: −1 ⎛→⎞ → U = ⎜ α ⎟ ⋅V 0 ⎝ ⎠ → (4) → A equação 4 expressa a massa desbalanceadora complexa ( U ) em função da amplitude de vibração por ela causada. Como o objetivo é determinar a massa corretora complexa em função da amplitude de vibração, reescrevemos a equação 4 da seguinte maneira: −1 → ⎛→⎞ ⎛ → ⎞ Mc = ⎜ α ⎟ ⋅ ⎜ − V 0 ⎟ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ (5) Da mesma maneira, pode-se concluir que é possível determinar as amplitudes das vibrações residuais a partir da equação 5 conforme abaixo: →' → → → V 0 = V 0 + α ⋅ Mc (6) 3.7.1.2 – Balanceamento Estático Utilizando os Coeficientes de Influência – Método Analítico A partir das amplitudes de vibração e ângulos de fase observados num dos mancais, temos condições de determinar com relativa precisão a quantidade e a posição da massa a ser adicionada no plano de balanceamento seguindo o seguinte procedimento: 1º Passo: Com o rotor na velocidade de trabalho, medir a amplitude de vibração e o respectivo ângulo de fase (V0 e F0); 2º Passo: Parar a máquina e adicionar uma massa de teste (m) em uma posição conhecida no plano de balanceamento a uma distância (R) de qualquer centro. Em Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 25 seguida, colocar a máquina em operação e medir a amplitude de vibração resultante e o respectivo ângulo de fase do mesmo mancal (V1 e F1). Figura 11: Representação das amplitudes de vibração – balanceamento estático (modificado, RIBAS, 1985) As medições efetuadas nos fornecem os seguintes dados: Tabela 1: Tabela representativa de coleta de dados para balanceamento estático ETAPA AMPLITUDE DE VIBRAÇÃO MASSA MÓDULO FASE DE TESTE 1 V0 F0 – 2 V1 F1 m/θm Os valores acima representam: V0 – Vibração Original medida num dos mancais. V1 – Vibração resultante no mesmo mancal devido a adição da massa de teste no plano. F0 e F1 – Respectivos ângulos de fase. m/θm – Massa de teste e respectiva posição em relação a referência adotada. Da figura 11 temos: (V1 – V0) – Efeito de desbalanceamento provocado no mancal devido à adição da massa de teste (m). Conforme visto na equação 5, temos a condição para obtermos o balanceamento. Sendo → que o coeficiente α é dado por: 26 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo → → V 1 − V0 α= m → (7) Logo, → m G V1 − V0 α −1 = G (8) Desta maneira, temos que: ⎛ →⎞ Mc = → → ⋅ ⎜ − V0 ⎟ ⎠ V 1 − V0 ⎝ m ou → → Mc = m ⋅ V0 → → (9) V 0 − V1 Depois de tudo isso, deve-se retirar a massa de teste e adicionar a massa de correção (Mc) no plano em sua devida posição no rotor. Uma vez determinada a massa corretora (Mc), podemos encontrar o valor da vibração → residual ( V0' ), conforme a equação 6. É importante salientar que a massa de teste (m) também pode ser considerada como um vetor, pois é ela quem causa o efeito do desbalanceamento no rotor e também devido à diferença de vibração causada pela mesma em virtude da mudança de sua posição em torno do plano. → A vantagem de se prever antecipadamente o valor de V0' reside da possibilidade de se compor a massa corretora de acordo com a disponibilidade de localização física no rotor. Assim, poderemos atribuir diversos valores para Mc determinando para cada situação o valor → de V0' . 3.7.1.3 – Balanceamento Estático – Método Gráfico O procedimento para traçar o diagrama de balanceamento a partir de vetores desenhados em um gráfico com coordenadas polares é o seguinte: - Adotar uma escala adequada; Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 27 - Traçar o vetor V0 na direção F0; - Traçar o vetor V1 na direção F1; - Marcar o ponto de locação da massa de teste (m); - Traçar o vetor (V1 – V0); - Transportar o vetor (V1 – V0) para a origem do sistema de coordenadas; - Medir, a partir co vetor (V1 – V0), no sentido de rotação do eixo até onde foi adicionada a massa de teste (m), o ângulo θi. este ângulo é denominado de “ângulo de atraso”. - Conforme a equação 9 valor da massa corretora será dada por: Mc = m ⋅V0 V0 − V1 (10) - A posição da massa corretora (Mc) é determinada da seguinte maneira: • Prolonga-se o vetor (V0), conforme na figura 12, para um vetor imaginário (-V0); • Marcar, a partir do vetor (-V0), no sentido de rotação do eixo, o ângulo Fi, determinando-se assim a posição da massa corretora. Sendo assim, podemos visualizar o diagrama, conforme na figura abaixo: Figura 12: Representação gráfica do balanceamento estático (modificado, RIBAS, 1985) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 28 3.7.2 – Balanceamento Simultâneo em dois Planos ou Balanceamento Dinâmico Esta situação retrata a maioria dos casos de balanceamento efetuados na prática, sendo que temos dois planos de balanceamento e dois locais de leitura de vibrações (mancais). Para a realização deste tipo de balanceamento é necessário coletar as amplitudes de vibração nos dois mancais e seus respectivos ângulos de fase, seguindo o seguinte procedimento: 1º Passo: Com o rotor em sua velocidade de trabalho, medir a amplitude da vibração e o ângulo de fase correspondente ao desbalanceamento original do rotor nos dois mancais (V10, F10, V20 e F20); 2º Passo: Adicionar a massa de teste (m1) no plano 1, em uma posição conhecida, a uma distância (R1) qualquer do centro, e medir as amplitudes de vibração e os ângulos de fase correspondentes ao desbalanceamento resultante nos dois mancais (V11, F11, V21, F21); 3º Passo: Retirar a massa de teste (m1) do plano 1 e adicionar outra massa de teste (m2) no plano 2, a uma distância (R2) qualquer do centro e proceder analogamente ao 2º passo, obtendo (V12, F12, V22 e F22). 29 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo Figura 13: Representação das amplitudes de vibração – Balanceamento dinâmico (modificado, RIBAS, 1985) As medições efetuadas fornecem o seguinte quadro: Tabela 2: Tabela representativa de coleta de dados para balanceamento dinâmico ETAPA MANCAL 1 MANCAL 2 MASSA DE TESTE MÓDULO FASE MÓDULO FASE MÓDULO PLANO 1 V10 F10 V20 F20 – – 2 V11 F11 V21 F21 m1 1/θm1 3 V12 F12 V22 F22 m2 2/θm2 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 30 Os valores no quadro acima representam: V10 e F10 – Vibração e fase originais no mancal 1; V11 e F11 – Vibração e fase no mancal 1, com massa de teste no plano 1; V12 e F12 – Vibração e fase no manca 1, com massa de teste no plano 2; V20 e F20 – Vibração e fase originais no mancal 2; V21 e F21 – Vibração e fase no mancal 2, com massa de teste no plano 1; V22 e F22 – Vibração e fase no mancal 2, com massa de teste no plano 2; m1 – Massa de teste adicionada no plano 1; m2 – Massa de teste adicionada no plano 2. De acordo com a figura 13, temos que: (V11 – V10) – Representa o efeito causado por m1 observado no mancal 1; (V21 – V20) – Representa o efeito causado por m1 observado no mancal 2; (V12 – V10) – Representa o efeito causado por m2 observado no mancal 1; (V22 – V20) – Representa o efeito causado por m2 observado no mancal 2. Conforme visto anteriormente pelo método dos coeficientes de influência, de maneira análoga, é possível determinar a condição para obtenção do balanceamento dinâmico representado na forma de matriz e vetores complexos: → −1 ⎧ ⎧→⎫ ⎫ ⎨Mc ⎬ = A ⋅ ⎨− V0 ⎬ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭ (11) Onde os elementos da matriz |A| são: A= → → → → α11 α12 (12) α 21 α 22 E os respectivos coeficientes de influência são: → → V −V α11 = 11 10 (13) m1 → → → V −V α12 = 12 10 (14) m2 → Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo → → V −V α 21 = 21 20 (15) m1 → → → α 22 31 → V −V = 22 20 (16) m2 ⎧ → ⎫ O vetor ⎨− V0 ⎬ é dado por: ⎩ ⎭ ⎧ →⎫ ⎧ → ⎫ ⎪ − V10 ⎪ ⎨− V0 ⎬ = ⎨ → ⎬ ⎩ ⎭ ⎪− V ⎪ ⎩ 20 ⎭ (17) ⎧ → ⎫ ⎧ → ⎫ ⎪ Mc1 ⎪ ⎨Mc ⎬ = ⎨ → ⎬ ⎩ ⎭ ⎪Mc ⎪ ⎩ 2⎭ (18) ⎧→⎫ O vetor ⎨Mc ⎬ é dado por: ⎩ ⎭ A matriz inversa A −1 é dada por: → → A −1 = − α 22 → → → → → → α12 → → α12 ⋅α 21 − α11 ⋅α 22 α12 ⋅ α 21 − α11 ⋅α 22 α 21 − α11 → → → → → α12 ⋅α 21 − α11 ⋅α 22 (19) → → → → → α12 ⋅ α 21 − α11 ⋅α 22 Colocando os valores acima na equação 11, temos: → → − α 22 → → → → ⎧ → ⎫ ⎪ Mc1 ⎪ α 12 ⋅ α 21 − α 11 ⋅ α 22 ⎨ → ⎬= → ⎪⎩Mc2 ⎪⎭ α 21 → → → → α 12 ⋅ α 21 − α 11 ⋅ α 22 α 12 → → → → → α 12 ⋅ α 21 − α 11 ⋅ α 22 ⎧⎪ − V10 ⎫⎪ → − α 11 → → → → α 12 ⋅ α 21 − α 11 ⋅ α 22 Onde as massas corretoras complexas são conforme abaixo: ⋅⎨ → ⎬ ⎪⎩− V20 ⎪⎭ (20) 32 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo → Mc1 = → → → → → → α 22 V10 − α12 ⋅α 20 → → α12 ⋅α 21 − α11 ⋅α 22 → Mc2 = (21) → → → → → → α11 V20 − α 21 ⋅ α10 → → α12 ⋅α 21 − α11 ⋅α 22 (22) As vibrações residuais podem ser deduzidas de maneira análoga conforme a equação (6), e são dadas por: ⎧ →' ⎫ ⎧ → ⎫ ⎧→⎫ ⎨V0 ⎬ = ⎨V0 ⎬ + A ⋅ ⎨Mc ⎬ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭ (23) Assim temos: → ⎧ →' ⎫ ⎧ → ⎫ → ⎪V10 ⎪ ⎪V10 ⎪ α11 α12 ⎨ → ⎬ = ⎨ → ⎬+ → → ⎪⎩V20' ⎪⎭ ⎪⎩V20 ⎪⎭ α 21 α 22 ⎧ → ⎫ ⎪ Mc ⎪ ⋅⎨ →1⎬ ⎪⎩Mc2 ⎪⎭ (24) De onde temos que: → → → → → → V10' = V10 + α11 ⋅ Mc1 + α12 ⋅ Mc2 (25) 3.7.3 – Balanceamento em Vários Planos O problema do desbalanceamento, tanto em rotores rígidos como flexíveis, tem sido objeto de grande atenção e estudos de alguns anos atrás até a atualidade devido ao incremento no tamanho das máquinas e suas elevadas velocidades de trabalho. Na prática, o que acontece para a realização de um balanceamento em campo é a consideração de no máximo dois planos de balanceamento devido à maior facilidade de manipular cálculos e o número de dados a serem coletados. Mas o que poucos sabem é que quanto maior for a extensão do eixo maior deverá ser o número de planos a serem inseridos visando uma maior precisão no procedimento de balanceamento e, também, para evitar o efeito causado pela flexibilidade do eixo. Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 33 3.7.3.1 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Igual ao de Mancais Esse tipo de balanceamento é similar ao balanceamento dinâmico, diferenciando-se apenas no número de variáveis a serem consideradas. O tipo de cálculo usado também se restringe ao uso de álgebra linear complexa, definida pela equação 11 vista anteriormente. Por exemplo, no caso de um balanceamento em 4 planos com 4 mancais, teremos o seguinte diagrama abaixo: Figura 14: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 4 planos e 4 mancais (modificado, RIBAS, 1985) 34 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo Então poderemos escrever a seguinte tabela de coleta dos dados correspondentes à figura anterior: Tabela 3: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 4 planos e 4 mancais. MANCAL 1 MANCAL 2 MANCAL 3 MANCAL 4 MOD. FASE MOD. FASE MOD. FASE MOD. FASE MOD. PLANO 1 V10 F10 V20 F20 V30 F30 V40 F40 – – 2 V11 F11 V21 F21 V31 F31 V41 F41 m1 1/θm1 3 V12 F12 V22 F22 V32 F32 V42 F42 m2 2/θm2 4 V13 F13 V23 F23 V33 F33 V43 F43 m3 3/θm3 5 V14 F14 V24 F24 V34 F34 V44 F44 m4 4/θm4 ETAPA MASSA DE TESTE Sendo que, temos: (V11 – V10), (V21 – V20), (V31 – V30), (V41 – V40) Efeitos de desbalanceamento causados pela colocação da massa de prova (m1) no plano 1, observados nos mancais 1, 2, 3 e 4, respectivamente. (V12 – V10), (V22 – V20), (V32 – V30), (V42 – V40) Efeitos observados nos mancais 1, 2, 3 e 4 respectivamente (V13 – V10), (V23 – V20), (V33 – V30), (V43 – V40) Efeitos observados nos mancais 1, 2, 3 e 4 respectivamente (V14 – V10), (V24 – V20), (V34 – V30), (V44 – V40) Efeitos observados nos mancais 1, 2, 3 e 4 respectivamente devido a adição de (m2) no plano 2. devido a adição de (m3) no plano 3. devido a adição de (m4) no plano 4. De acordo com a equação 11 termos: ⎧ → ⎫ → α11 1⎪ ⎪ Mc → → ⎪⎪Mc ⎪⎪ α 21 2 ⎨ → ⎬= → ⎪ Mc3 ⎪ α 31 ⎪ → ⎪ → ⎪⎩Mc4 ⎪⎭ α 41 → → → → −1 → → → → → → → → → α 12 α 13 α 14 α 22 α 23 α 24 α 32 α 33 α 34 α 42 α 43 α 44 ⎧ → ⎫ 10 ⎪ ⎪− V → ⎪⎪− V ⎪⎪ ⋅ ⎨ →20 ⎬ ⎪− V30 ⎪ ⎪ → ⎪ ⎪⎩− V40 ⎪⎭ Sendo que α ij é o coeficiente de influência e é dado por: (26) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo → → V ij − Vi 0 α ij = mj → 35 (27) Conforme demonstrado até aqui, podemos generalizar tal procedimento de modo a considerarmos N planos e N mancais simultaneamente: → → → ⎧ → ⎫ α α 12 ..... α 1N 11 1 ⎪ ⎪ Mc → → ⎪ Mc ⎪ α # ⎨ 2 ⎬ = 21 # # ⎪ # ⎪ → → ⎪ → ⎪ ⎩Mc N ⎭ α N 1 ..... ..... α NN −1 ⎧ → ⎫ 10 ⎪ ⎪ −V → ⎪ ⎪ ⋅ ⎨ − V20 ⎬ ⎪ # ⎪ ⎪ → ⎪ ⎩− V N 0 ⎭ (28) 3.7.3.2 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Maior que o de Mancais Nesta condição temos que o número de leituras de vibração é menor que o número de planos de balanceamento. Agora, o sistema montado não possui solução matemática lógica, pois o número de incógnitas é maior que o número de equações disponíveis. Neste caso, a solução visa se adequar a uma perfeita distribuição de massas entre os planos de balanceamento. Este método de se aplicar um balanceamento cujo número de planos é maior que o número de mancais faz com que o resultado, que no caso é o perfeito balanceamento da máquina rotativa, fique mais refinado. Isto é, quanto maior for o número de planos, em relação o número de mancais, mais balanceado o rotor tenderá estar. Esse método é bastante utilizado para a realização de balanceamento de rotores flexíveis. Então, consideremos um rotor conforme mostrado na figura 15 onde temos três planos de balanceamento e dois mancais. 36 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo Figura 15: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 3 planos e 2 mancais (modificado, RIBAS, 1985) As medidas efetuadas nos fornecem a seguinte tabela de dados: Tabela 4: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 3 planos e 2 mancais. ETAPA MANCAL 1 MANCAL 2 MASSA DE TESTE MÓDULO FASE MÓDULO FASE MÓDULO PLANO 1 V10 F10 V20 F20 – – 2 V11 F11 V21 F21 m1 1/θm1 3 V12 F12 V22 F22 m2 2/θm2 4 V13 F13 V23 F23 m3 3/θm3 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 37 Conforme a figura 15 temos: (V11 – V10), (V21 – V20) Representa o efeito de desbalanceamento causados pela colocação da massa de prova (m1) no plano 1, observados nos mancais 1 e 2 respectivamente. (V12 – V10), (V22 – V20) Representam os efeitos nos mancais 1 e 2 respectivamente devido a adição de (m2) no plano 2. (V13 – V10), (V23 – V20) Representam os efeitos nos mancais 1 e 2 respectivamente devido a adição de (m3) no plano 3. A condição para se conseguir o balanceamento parte da equação 11 e pode ser escrita da seguinte maneira: ⎧→⎫ T ⎨Mc ⎬ = A ⋅ A ⎩ ⎭ −1 ⎧ → ⎫ ⋅ AT ⋅ ⎨− V0 ⎬ ⎩ ⎭ (29) Onde |A| é uma matriz retangular (2 x 3) dada por: A= → → → → → → α11 α12 α13 (30) α 21 α 22 α 23 ⎧ → ⎫ Sendo que α é dado conforme a equação 27 e o vetor ⎨− V0 ⎬ é dado conforme a equação ⎩ ⎭ 17. Logo, generalizando, para um número N de planos e V de mancais, temos; → Mc1 → → Mc = Mc 2 (31) # → Mc P → → → α11 α12 " α1P → A = α 21 # → αV 1 # # → " " α VP (32) ⎧ → ⎫ 10 ⎪ ⎪ −V → → ⎪ ⎪ ⎫ ⎧ ⎨− V0 ⎬ = ⎨ − V20 ⎬ (33) ⎭ ⎪ # ⎪ ⎩ ⎪ → ⎪ ⎩− VV 0 ⎭ Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo 38 3.7.3.3 – Balanceamento Considerando o Número de Planos Menor que o de Mancais Nesta condição, o número de leituras de vibração é maior que o número de planos de balanceamento presente no rotor. Nesse caso, considera-se o sistema como possível e indeterminado ou “incompatível”, isto é, aquele cujo número de equações independentes é maior que o número de incógnitas. Este tipo de balanceamento não é recomendável, pois é considerado impossível não ser encontradas vibrações residuais elevadas, as quais podem não ser compatíveis com as especificações de determinados equipamentos rotativos. Então, para este tipo de balanceamento, devemos atenuar as amplitudes de vibração nos 3 mancais, adicionando massas em apenas 2 planos Consideremos um rotor conforme na figura 16, onde se tem 3 mancais e 2 planos de balanceamento. Figura 16: Representação das amplitudes de vibração em um balanceamento com 2 planos e 3 mancais (modificado, RIBAS, 1985) 39 Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo As medidas efetuadas nos fornecem os seguintes dados: Tabela 5: Tabela representativa de coleta de dados para um balanceamento com 2 planos e 3 mancais. ETAPA MANCAL 1 MANCAL 2 MANCAL 3 MASSA DE TESTE MOD. FASE MOD. FASE MOD. FASE MOD. 1 V10 F10 V20 F20 V30 F30 – – 2 V11 F11 V21 F21 V31 F31 m1 1/θm1 3 V12 F12 V22 F22 V32 F32 m2 2/θm2 PLANO De acordo com a figura 16, temos: (V11 – V10), (V21 – V20), Representam os efeitos de balanceamento causados pela massa (V31 – V30) de teste (m1) no plano 1, observados nos mancais 1, 2 e 3 respectivamente. (V12 – V10), (V22 – V20), Representam os efeitos de balanceamento causados pela massa (V32 – V30) de teste (m1) no plano 1, observados nos mancais 1, 2 e 3 respectivamente. 3.8 – ESTIMATIVA DE MASSA DE TESTE Algo é que é crucial na hora de se realizar um balanceamento rotativo é saber selecionar a massa de teste que deverá ser adicionada no plano de balanceamento. Isso porque, conforme a equação 1, a força centrífuga causada pela massa desbalanceadora aumenta com o quadrado da velocidade angular de rotação. Dessa maneira, é possível aplicar técnicas de estimativa de massa de teste a partir de simples equações conforme demonstrado nas equações 34, 35 e 36. Essas equações podem estar em função da vibração inicial do equipamento, da velocidade de rotação e de um desbalanceamento residual permissível, conforme respectivamente abaixo: mt = P ⋅V0 R (34) Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Sobre a Técnica de Balanceamento Rotativo mt = 90 ⋅ P 2 ⎛ rpm ⎞ ⎜ ⎟ ⋅R ⎝ 1000 ⎠ mt = c ⋅ Ur ⋅ P R 40 (35) (36) Sendo que, mt – Massa de teste em g P – Peso do rotor em kg R – Raio ao qual vai ser fixada a massa de teste em mm V0 – Vibração medida em μ m (Pico) rpm – Rotação do rotor c – uma constante (normalmente entre 5 e 10) Ur – Desbalanceamento residual permissível em μ m (ISO 1940) 3.9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Os métodos de balanceamento descritos anteriormente visam atenuar os efeitos da vibração nos mancais provocados por irregularidades de distribuição de massa ao longo do eixo de rotação, oriundas da fabricação, ou por problemas que aparecem no equipamento devido o passar do tempo, provocando uma excentricidade do eixo principal de inércia com o eixo de rotação. É importante que o técnico responsável pela realização do procedimento de balanceamento possua o conhecimento necessário para realizar tal tarefa, pois qualquer erro de interpretação pode provocar o aumento do efeito da vibração, podendo até causar a falha total do equipamento. No procedimento de balanceamento, os erros ocorrem, em geral, quando o responsável não consegue distinguir o tipo de balanceamento para escolher o método, ou quando este insere a massa de correção na posição incorreta. Outro caso é quando a massa de teste não é adequada, o que pode provocar um aumento considerável na vibração do equipamento na volta de teste podendo causar a falha do mesmo. Para este último caso, mais adiante será abordado um pouco mais sobre técnicas aplicadas de estimativa de massa de teste, de modo que se possa evitar esse tipo de problema. 41 Capítulo 4 – Instrumentação Virtual CAPÍTULO 4 INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL 4.1 – INTRODUÇÃO As inovações no desenvolvimento dos instrumentos tecnológicos têm apresentado avanços significativos nos últimos anos. Os sistemas digitais têm propiciado recursos jamais imaginados no início deste século, sendo atualmente possível transmitir e receber imagens digitalizadas, monitorar e controlar processos antes realizados apenas pelo homem, assim como diversas outras vantagens. O microcomputador tem sido um bom exemplo da evolução dos instrumentos digitais, passando de um instrumento concebido apenas às grandes empresas para um instrumento doméstico concebido a um grande número da população. Atualmente, diversos instrumentos analógicos podem ser concentrados de maneira virtual em um único instrumento digital, possibilitando redução de espaço e de custo. Por exemplo, em um único computador é possível ter um gerador de funções, um multímetro, um osciloscópio, um analisador de espectro e muitos outros instrumentos. Laboratórios e indústrias utilizam computadores equipados com placas de aquisição, portas seriais e paralelas para fazer medições, monitorar e controlar diversos sistemas. Algumas placas podem gerar e transmitir sinais elétricos, permitindo a implementação do controle de equipamentos. 4.2 – DESCRIÇÃO DE UM INSTRUMENTO VIRTUAL Um programa executando no computador torna o instrumento ou o controlador acessível ao operador através de uma interface gráfica de software. Essa interface é dotada de botões, chaves, mostradores, indicadores, painéis de exibição de gráficos, etc, apresentados como objetos interativos, animados sob ação do operador através do apontador do mouse. O instrumento conectado ao computador pode ser desde um equipamento completo, como um osciloscópio, frequencímetro, etc, ou mesmo um simples sensor como um termopar, um extensômetro, etc. Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 42 Os botões e indicadores que aparecem na tela do instrumento virtual podem não corresponder a controles reais do instrumento que está conectado ao computador. Isto é, usando o computador, podemos ampliar a funcionalidade de um instrumento acrescentando novas funções executadas pelo computador com as medidas fornecidas pelo instrumento. Por exemplo, se acoplarmos ao computador um osciloscópio digital que não tenha a função de análise espectral, podemos obter os dados do sinal adquiridos pelo osciloscópio, processá-los no computador usando-se um algoritmo de FFT (Fast Fourrier Transformer) e assim realizar uma análise espectral do sinal. O conjunto osciloscópio digital mais computador executando a FFT, forma um Analisador de Espectro Virtual (Borges, 2002). A interface conceitual entre um computador e seu usuário é provida pelos seus dispositivos de entrada/saída: a tela do monitor, o teclado, o apontador (mouse, trackball, tablets, data gloves) e tantos outros dispositivos que vão surgindo à medida que se desenvolve novas interfaces humana-máquina. Além do interfaceamento com o usuário, deve-se considerar aquele realizado com outros computadores e equipamentos periféricos. Através da interface de rede, o computador pode comunicar-se com outros computadores e, dessa forma, com usuários dos mesmos, situados remotamente. Outros equipamentos periféricos são ligados ao computador através de adaptadores adequados (porta serial, porta paralela e placas conectadas ao barramento do computador). Esses equipamentos são, por exemplo, câmeras de vídeo, microfones, alto-falantes, instrumentos de medida e acionamento etc. Com o advento dos ambientes gráficos de programação e visando simplificar a tarefa de quem desenvolve aplicações que manipulam dados de instrumentos, surgiram as chamadas “linguagens de programação visual”. Uma dessas linguagens é usada pelo LabVIEW, a qual será abordada mais adiante. 4.3 – COMPOSIÇÃO DE UM INSTRUMENTO VIRTUAL O instrumento virtual é composto de duas partes: • Um painel frontal • Um diagrama de blocos O painel frontal é uma janela apresentada na tela do monitor na qual são desenhados ícones com formatos que lembram os componentes de um painel de instrumento (botões, chaves, indicadores, oscilogramas, etc.), conforme mostrado na figura 17a. Esses Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 43 componentes estão associados às variáveis e parâmetros, cujos valores são medidos ou ajustados. O diagrama de blocos (figura 17b) representa graficamente os processos aos quais se submete as variáveis e os parâmetros apresentados no painel frontal. Figura 17: Interface conceitual do instrumento virtual - (a) Painel frontal e (b) Diagrama de blocos 4.4 – COMPARACÃO ENTRE INTRUMENTOS VIRTUAIS E INSTRUMENTOS REAIS Um instrumento real genérico pode ser visto como um aparelho dotado dos seguintes componentes: • Um elemento sensor ou atuador; • Um transdutor; Capítulo 4 – Instrumentação Virtual • Um painel de controle e medição; • Um painel de conexões. 44 Outros componentes eventualmente fazem parte do instrumento, porém os elementos acima apresentados são suficientes para construir um modelo genérico de instrumento, os quais podemos citar: • Sensor: é o componente que aparece em um instrumento de medida, o que o habilita a “sentir” uma dada grandeza física (tensão, temperatura, pressão, etc.). • Atuador: aparece no caso de um instrumento de controle ou comando. Permite alterar uma variável física. • Transdutor: é o elemento que converte uma grandeza física de uma dada natureza em uma de outro tipo. • Painel de controle e medição: contém botões, chaves e indicadores que permitem operar o instrumento. • Painel de conexões: contém os terminais aos quais se conecta os elementos sensores ou atuadores, por exemplo, através de cabos ou fios. A representação de um instrumento real pode ser representada então na figura 18: a) b) Figura 18: Modelo de instrumentos de (a) medida e (b) comando A figura 19 mostra a estrutura de um instrumento virtual, tal como implementado no LabVIEW. Sua interface conceitual é composta dos elementos que anteriormente foi mencionado: o painel frontal e o diagrama de blocos. O processo de monitoração ou controle se dá fisicamente no instrumento real, tal como mostrado na figura 18. Só que agora, o Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 45 instrumento real é conectado ao computador via um enlace de comunicação digital (nesse caso, GPIB) e a operação do instrumento real se faz através da interface gráfica do computador com o usuário. O instrumento virtual pode fornecer ao usuário um conjunto de valores melhor caracterizado do que o que seria fornecido pelo instrumento real que de fato os mediu. Por exemplo, é possível que o VI forneça esses dados filtrados de ruído, organizados em uma escala mais adequada, agrupados em classes, etc. Além disso, pode-se usufruir de recursos de computação gráfica para reproduzir uma visualização dos dados mais compreensível. Figura 19: Estrutura de um instrumento virtual Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 46 4.5 – INTERFACES DE INSTRUMENTAÇÃO Há dois aspectos a se considerar quanto ao interfaceamento dos instrumentos reais com o ambiente de objetos da instrumentação virtual: (i) o componente de interfaceamento e (ii) o padrão de comunicação. O componente de interfaceamento refere-se ao módulo de software ou objeto que representa o instrumento real dentro do ambiente de programação. O padrão de comunicação determina a forma como os dados são transferidos (tipo de barramento de dados e protocolo de comunicação). O componente de interface deve ser compatível com o protocolo de comunicação usado. Os tipos de barramentos de dados mais comuns para o uso com microcomputadores são: via serial e via paralela. Nos barramentos seriais, há uma única via física de comunicação, por onde passam os bits dos dados serialmente. Nos barramentos paralelos, há várias vias físicas para a transmissão dos bits dos dados paralelamente. Além das vias de dados, esses barramentos têm outras vias dedicadas a sinais de controle e aterramento. Existem normas que padronizam os parâmetros dessas vias e a forma como são inseridos os dados e sinais nas vias (protocolos). Os protocolos seriais mais usados são o RS-232C, o RS-449A, o Universal Serial Bus (USB) e o IEEE-1394 (FireWire). Os protocolos paralelos mais conhecidos são o IEEE-1284 (Centronix) e o IEEE-488 (GPIB). Será discutido neste item somente este último. 4.5.1 – A Interface GPIB (IEEE-488) Em 1965, a companhia americana Hewlett-Packard projetou uma interface e barramento de comunicação para conectar seus instrumentos programáveis, então denominado HP-IB (Hewlett-Packard Interface Bus). Essa interface se popularizou rapidamente devido à alta taxa de transferência de dados (suportava 1Mbyte/s). Isso levou a sua padronização pelo IEEE (Institute of Electrical na Electronic Engineers), em 1975, com o nome GPIB (General Purpose Interface Bus) ou IEEE-488. Em 1992 foi editada a segunda revisão dessa norma, que vigora até hoje, a IEEE-488.2 (LabVIEW Basics II, 1998). Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 47 Figura 20: Conector GPIB e sinais correspondentes A figura 20 mostra o conector padronizado para a interface GPIB e os sinais correspondentes a cada pino. Os dispositivos GPIB comunicam-se uns com os outros enviando dois tipos de mensagens: • Mensagens independentes de dispositivo – são os dados (resultados de medidas, instruções de programação, status da máquina, arquivos de dados) • Mensagens de comando da interface – são destinadas à execução de funções tais como: endereçamento de dispositivos, programação de interface, inicialização do barramento de interface, etc. O padrão GPIB prevê três tipos de entidades conceituais correspondentes a certas classes de ações: as que falam (talkers), as que escutam (listeners) e as de controle (controllers). O talker envia dados para um ou mais listeners, que recebem os dados. O controller gerencia o fluxo de informações no GPIB enviando comandos a todos os dispositivos. Um voltímetro digital, por exemplo, é um talker e um listener, enquanto um computador com uma placa GPIB pode ser os três tipos de entidade. Pode-se usar dois ou mais tipos de configuração das conexões entre os dispositivos ligados em um GPIB: linear e estrela, como mostrado na figura 21. Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 48 Figura 21: Configuração de redes de instrumentos com GPIB O GPIB apresenta as seguintes restrições de montagem: • Máxima separação entre instrumentos: 4m; • Separação média máxima entre instrumentos: 2m • Máximo comprimento de cabo: 20m • Número máximo de instrumentos: 15 (até 10 ligados) 4.5.2 – Interfaceamento de Sensores e Atuadores Analógicos Sensores a atuadores que utilizam diretamente sinais analógicos podem ser interfaceados com um ambiente de instrumentação virtual através de dispositivos de aquisição de dados (DAQs). Os DAQs são dotados de conversores analógico-digitais e podem ser placas conectadas diretamente ao barramento do computador ou dispositivos externos conectados via serial, paralela ou outros (SCSI, TCP/IP, etc). Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 49 4.5.2 – Componentes de Interfaceamento de Instrumentos (Instrument Drivers) Os instrumentos reais são vistos pelo ambiente através de um componente de software apresentado como um bloco no diagrama de blocos. Esses componentes são denominados instrument drivers e devem ser compatíveis com a forma de comunicação utilizada (GPIB, serial, barramento interno, etc). Dentro desse bloco encontra-se o programa capaz de se comunicar com o hardware do instrumento e controlá-lo. Esse módulo pode ser implementado seguindo um padrão de arquitetura de software que permite tratar os dispositivos de maneira bem uniforme e simplificada, denominado VISA (Virtual Instrument Software Architecture). Esse padrão inclui métodos para tratamento de eventos e de erros. O VISA cobre uma extensa classe de tipos de interfaceamento: GPIB, serial, barramentos PCI, VME, PCMCIA, etc. 4.6 – INSTRUMENTAÇÃO VIRTUAL COM LABVIEW O LabVIEW (Laboratory Virtual Instrument Engineering Workbench) é uma linguagem de programação gráfica que usa ícones ao invés de linhas de texto para criar aplicações. Ao contrário das linguagens de programação baseadas em texto, onde as instruções determinam a execução do programa, o LabVIEW usa programação baseada em fluxo de dados, onde o fluxo dos dados determina a execução. Essa linguagem é denominada “G” e tem a mesma potencialidade de uma linguagem textual, como C ou Pascal, por exemplo. Entretanto, seus comandos são apresentados de forma gráfica, como ícones interconectados através de ligações, formando o programa. O programa escrito em “G” constitui a base do instrumento virtual do LabVIEW. Os aplicativos são desenvolvidos pelo usuário com o uso de um conjunto de ferramentas e objetos que possuem funções para aquisição, análise e apresentação dos dados, GPIB e controle de instrumentos seriais. Os códigos são adicionados no diagrama de blocos usando representações gráficas de funções para controlar os objetos adicionados no painel frontal. Depois de criado o diagrama de blocos é compilado para linguagem de máquina. O LabVIEW possui uma completa integração para se comunicar com hardware tais como GPIB, VXI, PXI, RS-232, RS-485 e outros dispositivos de aquisição de dados. Além Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 50 disso, facilita o desenvolvimento de programas para conexão com a Internet com o uso de protocolos TCP/IP, DataSocket e ActiveX . Os programas feitos no LabVIEW são chamados de VIs (Virtual Instruments) porque tem a aparência de instrumentos reais, tais como multímetros e osciloscópios. Entretanto um VI corresponde a uma função de uma linguagem de programação convencional. Assim como foi dito anteriormente, a linguagem de programação utilizada pelo LabVIEW é conhecida como “G”, que também é utilizada pela National Instruments para desenvolvimento de ambientes de programação BridgeVIEW. G, assim como C ou Basic é uma linguagem de propósito geral com extensas bibliotecas de funções para qualquer tarefa de programação. Figura 22: Tela de abertura do LabVIEW 7 Express. Com o LabVIEW, o controle das interfaces GPIB e portas seriais (RS-232) pode ser feito através das rotinas da biblioteca VISA - Virtual Instrument Software Architecture. Essa biblioteca possui rotinas de alto nível que fazem todo o controle da interface utilizada, de modo a permitir que se enviem comandos (Visa Write.vi) para um equipamento, bem como se recebam mensagens ou dados dos equipamentos (Visa Read .vi), sem que seja necessário conhecer os detalhes de controle da interface . Desta forma, para se fazer um programa (um VI) para controlar um equipamento, é necessário apenas consultar no manual do equipamento, a sintaxe dos comandos e usar a Capítulo 4 – Instrumentação Virtual 51 rotina (subVI) Visa Write .vi para enviar os comandos de controle desejados para o equipamento. 4.7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente existe um grande investimento em diversas empresas no setor de desenvolvimento de softwares para a elaboração de programas que tenham como objetivo utilizar a instrumentação virtual como meio de controle e monitoramento de equipamentos. Um instrumento virtual oferece uma interface gráfica com a mesma funcionalidade que aquela oferecida pelos mostradores e painéis de instrumentos reais, podendo o usuário utilizar diversas ferramentas para uma melhor coleta de dados e tratamento de sinais. Essa interface é realizável em computadores dotados de ambiente gráfico e explora conceitos de programação orientada a objetos. Dessa forma, a instrumentação virtual mostra-se como uma ferramenta que oferece flexibilidade, com ampliados horizontes de aplicação. Isso vem se intensificando principalmente com o advento da popularização da Internet e do progresso em tecnologias de redes de computadores, que surgem como ferramentas principais para o desenvolvimento de sistemas que podem ser operados à distância. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 52 CAPÍTULO 5 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS IMPLEMENTADOS PARA A ELABORAÇÃO DO SISTEMA APLICATIVO 5.1 – INTRODUÇÃO Para o desenvolvimento do sistema aplicativo proposto neste trabalho, foi necessário seguir alguns procedimentos básicos no que diz respeito à programação em linguagem “G” e em gerenciamento de banco de dados, para que em seguida fosse possível realizar os testes experimentais. Este capítulo trata dos procedimentos seguidos para a elaboração do sistema aplicativo para o balanceamento de rotores. Aqui será abordado passo a passo o que foi feito para a construção do sistema que foi programado na linguagem LabVIEW com o auxílio do software Microsoft SQL Server 2000 para o gerenciamento de banco de dados. 5.2 – DESCRIÇÃO DOS SOFTWARES UTILIZADOS O software utilizado para a elaboração do sistema foi o LabVIEW 7 Express com os toolkits de vibração e acústica (Sound and Vibration), geração de relatórios (Report Generation), banco de dados (Database Connectivity) e os drivers para a aquisição de dados (NI-DAQ) para a comunicação com a placa de aquisição instalados no computador. Como foi dito no capítulo anterior, o LabVIEW é uma linguagem que possui o mínimo de programação com linhas de código, sendo que os comandos são dados pela programação por blocos em uma região denominada de “Diagrama de Blocos”. Os blocos são chamados de virtual instruments ou, em português, instrumentos virtuais, ou simplesmente VIs. Esses blocos representam a programação propriamente dita, sendo que dentro de cada um está definida a função para o qual foi desenvolvido. O gerenciamento de dados a serem salvos no computador foi feito com o software Microsoft SQL Server 2000. Este software foi escolhido dentre muitos outros que têm a mesma função devido a sua melhor comunicação com o LabVIEW. O toolkit de banco de dados citado anteriormente possui VIs específicos para gerar a melhor compatibilidade do Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 53 LabVIEW com o SQL Server, o que proporciona uma melhor performance com um menor tempo de processamento do computador. Um aspecto importante a ser ressaltado é que a operação de qualquer sistema desenvolvido na linguagem LabVIEW é bastante simplificada, pois os controles e indicadores são semelhantes aos equipamentos reais. Basta apenas que o usuário possua o conhecimento necessário sobre a técnica a ser aplicada. Com a utilização destes dois softwares foi possível desenvolver o sistema de balanceamento de rotores o qual pode ser substituído pelos métodos conhecidos atualmente, dispensando a compra de equipamentos de análise e coleta de sinais de vibração. 5.3 – DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO O primeiro passo para o desenvolvimento do sistema de balanceamento de rotores foi a construção do sistema de aquisição. Esse sistema é basicamente constituído de VIs de aquisição de dados chamados de NI-DAQs. Na programação em LabVIEW existe uma vasta lista de VIs de aquisição de dados, os quais são diferenciados apenas pelo tipo de tecnologia aplicada, desenvolvida pela National Instruments. Neste trabalho foram usados os VIs denominados Tradicionais ou TraditionalDAQ. Estes VIs são responsáveis por aquisitar os dados advindos da placa de aquisição de sinais e mostrar na tela do computador. A partir dos VIs de aquisição, é possível escolher o número de canais e os tipos de dados a serem coletados. Nesse caso, foram selecionados quatro canais de vibração e mais um de fase. A figura abaixo mostra os VIs juntamente com os canais de coleta. Canais Sinais VIs de Aquisição Figura 23: Visualização dos VIs de aquisição e dos canais Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 54 De acordo com a figura 23 é possível visualizar os canais de entrada. O canal 0 (zero) corresponde ao sinal de referência ou fase, e os demais são os sinais de vibração nos mancais. Neste trabalho foi limitado o número de balanceamento de até quatro planos e quatro mancais, em virtude do LabVIEW ser uma linguagem de programação visual, totalizando 5 canais a serem selecionados. Na saída dos VIs de aquisição, pode-se perceber um “fio” laranja e espesso que representa a entrada dos sinais que serão manipulados adiante no diagrama de blocos. Estes sinais podem ser visualizados separadamente para que possam ser representados na forma de gráficos e indicadores de vibração e fase ou de outros parâmetros. Sendo assim, este pode ser considerado o sistema completo de aquisição de dados, mostrado na figura 24. Sinal de Vibração FFT Sinal de Referência VI de medição de fase Filtro Digital Indicadores de fase Indicadores de Amplitude de vibração Gráficos Amplitude X Freqüência Gráficos Amplitude X Tempo Figura 24: Visualização do sistema completo de aquisição de dados. Algo que é importante salientar é que o LabVIEW possui uma biblioteca completa de recursos para o desenvolvimento de aplicativos com aquisição de dados. Também são disponibilizados VIs que servem para o tratamento e conversão de sinais analógicos e digitais, o que facilita a programação nesta linguagem. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 55 5.4 – DESENVOLVIMENTO DOS VIs DE COLETA E DE BALANCEAMENTO Concluído o VI de aquisição, torna-se necessário o armazenamento dos dados aquisitados devido às paradas para as voltas de teste. Nesse sentido, foi preciso incluir em paralelo com o sistema de aquisição os VIs de coleta de dados, os quais realizam a comunicação com um banco de dados elaborado em SQL Server que foi denominado de “Balanceamento”. Abaixo é possível visualizar o banco de dados elaborado no Microsoft SQL Server 2000. Figura 25: Localização do banco de dados no sistema Por conseguinte, os VIs de armazenamento em banco de dados estão mostrados na figura 26. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 56 Entrada de dados no SQL Server Nome do banco de dados Entrada de dados Figura 26: Visualização dos VIs de armazenamento em banco de dados Os dados salvos correspondentes à amplitude de vibração e fase são enviados para o banco de dados mostrado na figura 25 para que sejam exibidos posteriormente para servir como base de cálculo do algoritmo de balanceamento. Esse algoritmo de balanceamento foi elaborado de acordo com o que foi visto no capítulo 3, utilizando-se basicamente do método dos coeficientes de influência. Primeiramente, os valores salvos no banco de dados são exibidos para então se dar início aos cálculos. A figura 27 mostra como se dá a retirada dos valores já salvos no banco de dados para a exibição. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 57 Figura 27: Esquema para a visualização dos valores gravados no banco de dados Depois de mostrar os dados coletados, calculam-se os valores dos coeficientes de influência, de acordo com a equação 27, como mostrado na figura 28. É importante ressaltar que os valores advindos do banco de dados (V20, V21, etc) precisam estar na forma polar para facilitar os cálculos, pois a metodologia usada é álgebra linear complexa. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 58 Figura 28: Diagrama para o cálculo dos coeficientes de influência Em seguida, os valores obtidos dos coeficientes de influência são agrupados juntamente com os valores de vibração inicial na forma matricial, conforme na equação 28, obtendo os valores correspondentes de massa de correção que devem ser adicionadas no rotor. O diagrama correspondente a esse cálculo matricial pode ser visto na figura 29. Coef. de Influência Dados para correção Figura 29: Diagrama para o cálculo das massas de correção Os valores de correção estão dispostos respectivamente em massa de correção e ângulo de posição no rotor em graus. As massas de correção devem ser colocadas, a partir de uma referência adotada, no sentido contrário da rotação da máquina. Algo que é interessante salientar é o fato da facilidade do LabVIEW ter a possibilidade de trabalhar com variáveis vetoriais complexas, as quais podem se manipuladas e “desmembradas” para, então, fornecer os módulos e os seus respectivos ângulos. É dessa maneira que são calculados os valores de massa de correção e posição no rotor em graus. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 59 5.5 – DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS ADICIONAIS PARA O PROCESSO DE BALANCEAMENTO ROTATIVO Algumas vezes, torna-se impossível a colocação de alguns valores de massa em alguns locais por dois motivos principais: por não possuir o furo no rotor ou por concentrar um valor de massa elevado em um ponto do rotor. Sendo assim, é conveniente o uso de ferramentas adicionais para o auxílio no processo de balanceamento para facilitar os diversos contratempos que aparecem quando se realiza tal procedimento. Em virtude desses problemas citados anteriormente e muitos outros encontrados na hora da realização do balanceamento rotativo, foi necessário a elaboração de VIs específicos para a realização de cálculos que visam facilitar esse processo como: divisão de massa de teste, soma de massas e estimativa de massa de teste. 5.5.1 – Divisão de Massa de Teste Um dos problemas encontrados na hora da realização do balanceamento rotativo é quando o resultado encontrado de massa não possui a posição correspondente no rotor. Mas caso exista posições intermediárias no rotor onde entre dois espaços está o valor de massa determinado, então essa massa pode ser dividida entre estes dois espaços. Isso pode ser feito conforme o VI mostrado na figura 30. Figura 30: VI de divisão de massa Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 60 5.5.2 – Soma de Massas De maneira similar ao procedimento de divisão de massa, pode-se utilizar o mesmo conhecimento para se somar massas. Sendo assim, foi desenvolvido o VI de soma de massas que é mostrado na figura 31. Figura 31: VI de soma de massas 5.5.3 – Estimativa de Massa de Teste O desenvolvimento deste VI é de suma importância para o processo de balanceamento, pois, como foi dito anteriormente no capítulo 3, algumas vezes a resposta causada pela adição da massa de teste no rotor pode ser prejudicial devido a sua grande influência, podendo provocar defeitos inesperados ou até mesmo a falha da máquina. Neste sentido, foram elaborados 3 VIs de estimativa de massa de teste: um em função da vibração original observada, um em função da rotação e outro em função do desbalanceamento residual permissível. Este último baseado na norma ISO 1940. É importante que o usuário do sistema aplicativo possua o conhecimento necessário sobre a técnica de balanceamento rotativo para efetuar a escolha do melhor VI para o cálculo de estimativa de massa de teste. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo Figura 32: VI de estimativa de massa de teste em função da vibração inicial Figura 33: VI de estimativa de massa de teste em função da rotação Figura 34: VI de estimativa de massa de teste em função do desbalanceamento residual 61 Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 62 5.6 – DESENVOLVIMENTO DE UM VI PARA O CÁLCULO DO NÚMERO DE AMOSTRAS Para a aquisição de dados o usuário do sistema proposto deverá configurar a taxa e o número de amostras que se deseja coletar. Para isso, foi incluso no sistema um VI que realiza o cálculo do número de amostras para a aquisição dos sinais. Esse VI é muito importante para a aquisição de dados, pois a configuração do sistema de aquisição (Taxa e nº de Amostras) precisa estar de acordo com a configuração de hardware usado. Ou seja, o usuário, antes de utilizar o sistema, precisa ter conhecimento da configuração do computador a ser utilizado e da placa de aquisição de sinais. O VI pode ser visto de acordo com a figura 35. Figura 35: VI de cálculo de número de amostras 5.7 – DESENVOLVIMENTO DE UMA CARTA DE SEVERIDADE E NÍVEIS DE ALARME VISUAIS O sistema de balanceamento de rotores proposto neste trabalho é um sistema que tem o intuito de amenizar o efeito da vibração causado por desbalanceamento rotativo. Mas o mesmo também pode ser utilizado como um analisador de sinais, pois possui gráficos que são mostrados em tempo real dos canais aquisitados. Por isso, aproveitando a aquisição contínua de sinais, foi possível desenvolver outras ferramentas que podem representar níveis de alarme. Como o problema tratado aqui é o efeito Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 63 causado por desbalanceamento rotativo, foi incluído no sistema um indicador de severidade ou, como é geralmente chamado, uma carta de severidade. Figura 36: Visualização dos indicadores de severidade e dos alertas visuais Na parte inferior aos indicadores de severidade foram incluídos dois botões, os quais podem ser visualizados na figura 36. Um deles, chamado de “Legenda de Severidade”, serve para exibir uma escala colorida a qual indica uma cor pré-definida de acordo com o grau de severidade da máquina, servindo como um indicador visual. Quanto mais a cor indicada se aproximar da cor vermelha, maior deverá ser a atenção do operador com o equipamento. Essa escala pode ser visualizada na figura 37. Figura 37: Visualização da legenda de severidade Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 64 Mais abaixo ao botão que mostra a legenda de severidade está o botão denominado “Carta de Severidade” que serve para exibir a carta de severidade utilizada como referência para a elaboração do VI de severidade. Esta carta é específica para detectar problemas de vibração oriundos de desbalanceamento rotativo, mas pode ser utilizada para outras análises, pois possui uma relação de vibração em função da rotação da máquina. Essa carta foi desenvolvida pela IRD e pode ser visualizada na figura 38. Figura 38: Visualização da carta de severidade proposta pela IRD Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 65 5.8 – DESENVOLVIMENTO DOS VIs GERADORES DE RELATÓRIOS Para finalizar a parte de programação utilizando o LabVIEW, teve-se a idéia de desenvolver VIs que tinham a finalidade de gerar relatórios gráficos e de balanceamento. No caso do primeiro, são mostrados valores globais do equipamento como data do registro, hora do registro, o canal selecionado, etc, juntamente com os gráficos de sinais coletados, mostrando um gráfico Amplitude X Tempo e outro Amplitude X Freqüência. O segundo mostra os valores salvos em todas as etapas do balanceamento, escrevendo em forma de tabelas os valores de vibração (módulo e fase) nos mancais. A criação de relatórios é uma ferramenta de grande importância quando se trata da monitoração de equipamentos devido à facilidade de manipulação de documentos, pois estes são gerados em Microsoft Word e podem ser impressos em qualquer impressora ou podem ser salvos em disco rígido no computador para uma consulta futura. Como se pode perceber, esta ferramenta pode ter uma aplicação ainda maior dentro do que diz respeito ao monitoramento de máquinas, pois este pode servir como auxílio na manutenção preventiva e preditiva de equipamentos. Em seguida são apresentados os dois modelos de geração de relatórios: o primeiro mostra um relatório gráfico de sinais globais sobre o equipamento em um determinado canal e o outro sobre os valores gravados no banco de dados sobre as etapas de balanceamento. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo Figura 39: Modelo do relatório gráfico de sinais gerado pelo sistema aplicativo em Microsoft Word 66 Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 67 Figura 40: Modelo do relatório de balanceamento gerado pelo sistema aplicativo em Microsoft Word 5.9 – DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE COM O USUÁRIO Após a conclusão da programação em LabVIEW, foi necessário elaborar uma interface do sistema aplicativo com o usuário, tal que haja uma perfeita comunicação do sistema desenvolvido com o operador para que o procedimento de balanceamento rotativo seja bem sucedido. Uma das grandes vantagens da linguagem LabVIEW é a possibilidade de se desenvolver uma interface semelhante àquelas usadas por instrumentos reais ou com características de comunicação similares ao sistema operacional Windows. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 68 A interface desenvolvida no sistema aplicativo proposto neste trabalho foi dividida em duas partes principais: a primeira mostra uma tela de acesso ao sistema principal onde o usuário deverá entrar com o número de mancais a serem monitorados e o número de planos de balanceamento, conforme mostrado na figura 41. Figura 41: Tela inicial do sistema A segunda parte do sistema aplicativo é aquela que dá acesso ao sistema de aquisição de 7dados, indicadores, controles e às demais ferramentas já abordadas anteriormente. Esta estruturada em quatro partes: a primeira parte pode ser visualizada quando se está dentro da guia “Controles e Indicadores”, conforme a figura 42. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 69 Figura 42: Tela mostrando a guia “Controles e Indicadores” do sistema aplicativo Nessa primeira parte do sistema aplicativo o operador do sistema deverá configurar alguns parâmetros manualmente para visualizar os dados advindos dos sensores correspondentes aos canais monitorados tais como: freqüência de rotação (em Hz), taxa de aquisição da placa (em Amostras/s), número de amostras, a constante do sensor (em mV/G) e o modo de visualização de sinais (RMS, Pico ou Pico a Pico). Uma observação importante que deve ser registrada é que os valores de taxa de aquisição e número de amostras devem ser compatíveis com o sistema, pois caso haja uma situação em que valores não sejam corretos poderá acarretar na parada inesperada do sistema aplicativo e ele deverá ser reiniciado. Por isso, recomenda-se a utilização do VI de cálculo do número de amostras para usuários que não tenham experiência com aquisição de dados. Por outro lado, outro ponto que é importante ressaltar, diz respeito à necessidade de se pressionar o botão “Atualizar Dados” toda vez que novos valores de taxa e número de amostras forem inseridos. Configurados todos os parâmetros, o usuário poderá visualizar todos os valores de vibração, nos canais selecionados, oriundos de desbalanceamento rotativo e de fase. Também poderá ser visualizado, mais ao lado, o índice de severidade da máquina por indicadores com Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 70 nove níveis de severidade que pode ser monitorado constantemente em função da vibração e da rotação da máquina. Na parte inferior da tela, o usuário deverá informar os valores da massa de teste inseridas nos planos e suas respectivas posições. E mais ao lado, fica a área onde o operador do sistema deverá atuar para salvar os dados aquisitados no banco de dados para serem usados como base de cálculo para determinar os dados para correção. A segunda parte do sistema de aquisição, a qual pode ser visualizada dentro da guia “Gráficos (Amplitude X Tempo)”, permite a visualização gráfica dos sinais aquisitatos de amplitude em função do tempo. Essa visualização é muito importante para se realizar uma rápida análise, pois é assim que se pode verificar a influência de outros esforços nos mancais que são provocados por outros defeitos na máquina. É lógico que esta análise só serve em termos de constatação de outros problemas, pois a intenção é de apenas corrigir o problema do desbalanceamento rotativo. Os gráficos podem ser vistos conforme a figura 43. Figura 43: Tela mostrando a guia “Gráficos (Amplitude x Tempo)” do sistema aplicativo Por conseguinte, a terceira parte do sistema de aquisição trata da amostragem dos sinais aquisitados em função da amplitude e da freqüência. Esses gráficos podem ser visualizados Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 71 dentro da guia “Gráficos (Amplitude x Freqüência)” e são plotados a partir do sinal original da amplitude em função do tempo depois de aplicar a FFT (Fast Fourrier Transformer). A análise desses sinais de amplitude versus freqüência são tão importantes quanto a análise dos sinais amplitude versus tempo, ou até mais importantes. Isso porque, diferentemente dos sinais em função do tempo, nos sinais que são aplicados a FFT é possível visualizar as freqüências em que estão sendo aplicados todos os esforços nos mancais. É importante ressaltar que o efeito da vibração oriunda do desbalanceamento rotativo é dado na freqüência de rotação da máquina. Por isso, não importa os outros “picos” mostrados nos espectros de freqüência, sendo que estes podem ser eliminados com a utilização de um filtro digital que também se faz presente no sistema. A aplicação de um filtro passa banda é de grande importância, pois ele elimina do sinal analisado as freqüências devidas às outras formas de excitação presentes nos mancais e que não dizem respeito ao desbalanceamento. Os gráficos da amplitude em função da freqüência são mostrados na figura 44 juntamente com o filtro. Figura 44: Tela mostrando a guia “Gráficos (Amplitude x Freqüência)” do sistema aplicativo e o filtro Como foi dito anteriormente, com a visualização de gráficos torna-se mais fácil a tomada de algumas decisões de engenharia, pois é possível analisar mais profundamente o Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 72 equipamento, principalmente, quando se utiliza o espectro de freqüência, o qual torna possível a identificação de excitações diversas existentes na máquina, dentro de uma grande faixa de freqüência, capacitando este sistema a ser também utilizado para o monitoramento ou análise minuciosa de defeitos em equipamentos rotativos. Por fim, a última parte do sistema diz respeito à visualização de todos os dados salvos no banco de dados que estão sendo mostrados e servem como base para a realização dos cálculos que determinam os valores de massa de correção e posição angular no plano de balanceamento para que a correção do efeito do desbalanceamento rotativo seja feita. Figura 45: Tela mostrando a guia “Visualização de Dados Para Correção” do sistema aplicativo Muitas vezes, a adição da massa corretora não resolve o problema da vibração em virtude da precisão dos valores aquisitados, posições no plano indisponíveis, valores de massa insuficientes, e outros problemas que são praticamente inevitáveis e que acabam resultando em um desbalanceamento residual. Por isso é possível realizar um re-balanceamento ou refino de balanceamento. Basta salvar a volta após o balanceamento original e visualizar os valores da massa de refino e posição angular, que devem ser adicionados no plano. O VI de refino de balanceamento desenvolvido pode ser visto na figura 46. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 73 Figura 46: Tela mostrando o VI de refino de balanceamento 5.10 – DISPOSIÇÃO DAS FERRAMENTAS ADICIONAIS NA BARRA DE MENU Com o intuito de tornar o espaço no painel frontal do sistema aplicativo melhor distribuído, as ferramentas adicionais citadas anteriormente foram dispostas na barra de menu localizada na parte superior do sistema aplicativo. As ferramentas podem ser vistas na barra do menu conforme a figura 47. a) b) Figura 47: Visualização da disposição das ferramentas adicionais na barra de menu Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 74 5.11 – REALIZAÇÃO DE TESTES EM BANCADA DE VIBRAÇÕES Depois da elaboração do sistema completo, foi necessário realizar testes para verificar se o sistema estava funcionando. Os testes eram baseados em duas fases: a primeira diz respeito à veracidade dos dados aquisitados, ou seja, primeiramente foi verificado se o sistema de aquisição estava correto. A segunda fase de testes era verificar se, depois dos dados coletados e calculados, os valores de massa de correção e posição no rotor realmente reduziam o efeito da vibração provocada por desbalanceamento. 5.11.1 – Teste do Sistema de Aquisição de Dados A primeira fase, e a mais simples, foi realizada no Centro de Tecnologia da Eletronorte (Lacen) utilizando os seguintes instrumentos: - Um laptop; - Uma placa de aquisição de sinais NI DAQCard-6024E (PCMCIA); - Um terminal de conexões (Terminal Block) CB-68LP da National Instruments; - Um cabo RC68-68 Ribbon para a conexão do terminal de conexões com o DAQCard; - 3 cabos com uma das extremidades BNC e a outra tipo “pinça”; - Um gerador de sinais. Cabos BNC-pinça Cabo de Comunicação Interface NI DAQCard Figura 48: Montagem dos acessórios para a aquisição de dados Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 75 Após a montagem de toda instrumentação para a aquisição de dados, conforme mostrado na figura 48, cada um dos cabos foi conectado a um gerador de sinais para comparar os valores mostrados no indicador de seu painel frontal com os valores mostrados no sistema aplicativo. O gerador de sinais utilizado é mostrado na figura 49. Saída do sinal Figura 49: Gerador de sinais utilizado para comparação de valores com o sistema aplicativo Depois de serem feitas as comparações dos sinais de entrada do gerador com os de saída no sistema aplicativo, foram realizadas algumas configurações no sentido de tornar mais confiável os dados exibidos e tornar o processo de balanceamento mais eficaz. Nessa fase de testes foram detectadas algumas falhas no sistema de aquisição, mas com as devidas modificações o mesmo apresentou uma excelente precisão. 5.11.2 – Ensaios de Balanceamento Rotativo Utilizando o Sistema Aplicativo Proposto Na segunda fase de testes foram realizados alguns ensaios de balanceamento, após a perfeita calibração do sistema de aquisição de dados, utilizando o Rotor Kit da Bently Nevada que pertence a Eletronorte, com o intuito de verificar se ocorre a redução do efeito vibratório provocado por desbalanceamento rotativo. O Rotor Kit utilizado para realização dos testes de balanceamento, conforme mostrado na figura 50, já possui sensores de proximidade fixados próximo ao eixo, os quais servem para medir os valores de deslocamento do eixo e de referência que serão mostrados na tela do sistema aplicativo. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 76 Figura 50: Rotor Kit utilizado para o ensaio de vibrações com o sistema aplicativo Fase Sensor de proximidade Rotação Figura 51: Posição dos sensores no Rotor Kit Para estabelecer a aquisição de dados advindos dos sensores basta conectar os cabos BNC na entrada do painel divisor dos canais do Rotor Kit, conforme mostrado na figura 52, para dar início aos testes. Após feito isso, foi possível realizar os ensaios de balanceamento e verificar os resultados obtidos. Fase Sensor 1 (Próximo ao Plano 1) Sensor 2 (Próximo ao Plano 2) Figura 52: Visualização dos canais utilizados para o ensaio de balanceamento Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 77 Figura 53: Visualização completa dos instrumentos utilizados e montados para a realização dos testes do sistema aplicativo 5.12 – CRIAÇÃO DO EXECUTÁVEL DO SISTEMA APLICATIVO Uma das grandes vantagens de softwares que são baseados em linguagens de programação é a possibilidade da criação de executáveis. Isso é de grande importância porque o usuário de um determinado programa desenvolvido não necessariamente precisa ter o software no qual este foi criado. De maneira similar às outras linguagens, o LabVIEW também pode criar executáveis de VIs. Depois de realizar todos os testes necessários para a validação do sistema aplicativo, foi criado o seu executável. Isso para que qualquer usuário possa instalar o sistema desenvolvido em qualquer computador que possua uma placa de aquisição de sinais sem a necessidade de estar instalado o software LabVIEW. Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 78 Figura 54: Criação do executável do sistema aplicativo Ao pressionar o botão “Build”, é criada uma pasta no diretório selecionado. Dentro desta pasta existe um arquivo chamado “setup” dentro da pasta “installer” o qual serve para instalar o sistema aplicativo desenvolvido em qualquer computador. O arquivo pode ser visto conforme na figura 55. Figura 55: Localização do arquivo de instalação do sistema aplicativo no Windows Explorer Ao abrir o arquivo mostrado na figura 55, o Windows iniciará um procedimento normal de instalação de um programa. O sistema aplicativo instalará automaticamente na pasta Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 79 Arquivos de Programas do computador, mas o usuário poderá selecionar um outro diretório se desejar. O processo de instalação pode ser visto conforme a figura 56. (a) (b) (c) Figura 56: Procedimento de instalação do sistema aplicativo Se o sistema foi instalado corretamente será exibida uma tela conforme a figura 56c ao final da instalação e ele estará pronto para o uso. Para abrir o sistema basta ir ao menu “Iniciar” >> “Programas” >> “Sistema Aplicativo Para Balanceamento de Rotores” e ele será exibido conforme a figura 41, mostrada anteriormente. figura 57: Localização do sistema aplicativo dentro do diretório “Programas” no menu “Iniciar” Capítulo 5 – Descrição dos Procedimentos Implementados Para a Elaboração do Sistema Aplicativo 80 5.13 – CONSIDERAÇÕES FINAIS O sistema aplicativo para balanceamento de rotores proposto é de fácil aplicação, pois as telas são semelhantes ao ambiente do Windows e também de instrumentos reais de análise e coleta de sinais de vibração. Existe apenas uma observação que deve ser ressaltada para a utilização desse sistema que é quanto à aquisição de dados e a montagem dos equipamentos de coleta, pois é preciso que o usuário do sistema aplicativo tenha o conhecimento necessário para a montagem de tais equipamentos para evitar erros de aquisição. Um outro aspecto que é importante ressaltar é quanto à realização dos testes para a validação do sistema aplicativo. Como este foi testado utilizando a bancada de vibrações da Eletronorte, não foi possível fixar o Rotor Kit na mesma, o que pode ter provocado pequenas variações nos resultados obtidos. Mas, de maneira geral, o que se pôde observar é que os resultados foram excelentes, pois houve uma redução significativa do efeito do desbalanceamento em todos os testes. A abordagem sobre os procedimentos de utilização deste sistema desenvolvido, desde a configuração do sistema de aquisição até o balanceamento, será feita no próximo capítulo. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 81 CAPÍTULO 6 UTILIZAÇÃO DO SISTEMA APLICATIVO E RECOMENDAÇÕES PARA O BALANCEAMENTO ROTATIVO 6.1 – INTRODUÇÃO Até agora, foram abordadas fundamentações teóricas e metodológicas para o desenvolvimento do sistema aplicativo proposto. Agora, serão mostrados alguns procedimentos para a utilização do mesmo na hora da realização do balanceamento rotativo. Neste capítulo, o enfoque principal é a utilização do sistema aplicativo. Aqui serão abordados os procedimentos para a utilização do sistema aplicativo para balancear qualquer rotor juntamente com algumas recomendações sobre o mesmo e sobre técnicas de balanceamento rotativo. 6.2 – DESCRIÇÃO GERAL DO SISTEMA APLICATIVO O sistema aplicativo desenvolvido para balanceamento de rotores é um sistema que foi implementado em linguagem “G”, utilizando o software LabVIEW. Sendo esta linguagem basicamente visual, não foi possível elaborar um sistema que realizasse balanceamento de rotores com números de mancais e planos que tendessem ao infinito, o que levou a limitações referente ao número de mancais e de planos. Portanto, o sistema proposto neste trabalho pode realizar um balanceamento com no máximo quatro planos e quatro mancais, sendo que é possível a realização de um balanceamento em que o número de planos é superior ao de mancais. Já o balanceamento onde o número de mancais é maior que o número de planos foi vetado para garantir um balanceamento mais eficaz com a garantia de se resultar no mínimo de desbalanceamento residual. O sistema aplicativo possui controles e indicadores numéricos e gráficos em seu painel frontal, o qual é dividido em quatro partes por “guias” ou “fichários” semelhantes aos encontrados no sistema operacional Windows. As ferramentas adicionais que auxiliam no balanceamento rotativo estão dispostas na barra de menu na parte superior da tela. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 82 Uma das grandes vantagens desse sistema é que ele é capaz de gerar relatórios gráficos, para a exibição dos valores globais do equipamento e da sua condição atual, e relatórios de balanceamento, para exibir todas as etapas no processo de balanceamento rotativo. Todos esses relatórios são exibidos em formato de documento Word e podem ser salvos no computador para uma visualização futura, o que pode, inclusive, auxiliar na manutenção de equipamentos. A interface com o usuário é outra particularidade desse sistema. Basta que o operador do sistema aplicativo possua o conhecimento da técnica de balanceamento rotativo para colocar o sistema em funcionamento. 6.3 – PROCEDIMENTO PARA O BALANCEAMENTO ROTATIVO COM O SISTEMA APLICATIVO Aqui serão abordados todos os procedimentos para a realização de balanceamento rotativo com o auxílio do sistema aplicativo. Para facilitar o entendimento, a explicação será dada baseada em um balanceamento estático e em um balanceamento dinâmico realizados na bancada de testes da Eletronorte. O balanceamento em vários planos e onde o número de planos é diferente ao número de mancais será apenas explicado baseado nos outros balanceamentos citados anteriormente, pois não foram possíveis as realizações destes devido à falta de equipamentos. 6.3.1 – Balanceamento Estático Para dar início ao balanceamento estático utilizando o sistema aplicativo é necessário abrir o mesmo para visualizar a tela inicial do sistema conforme a figura 41 mostrada no capítulo anterior. Depois, deve-se inserir os valores 1(um) e 1(um) nos campos “mancais” e “planos” para caracterizar um balanceamento em um plano (ou estático). Depois, basta pressionar o botão “OK” que abrirá a tela de aquisição. Após configurar os valores de taxa de aquisição e número de amostras para, a aquisição de dados, e de freqüência de rotação (neste caso 15 Hz), é possível visualizar a amplitude de vibração e seu ângulo de fase. Caso o valor de fase esteja variando consideravelmente, basta configurar o filtro na guia “Gráficos (Amplitude x Freqüência) & Filtro”. Após isso, basta Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 83 clicar no botão “Salvar Dados” quando o mostrador estiver em “VTA Original” no campo “Coleta de Dados”. Após isso, os valores de amplitude e fase originais são salvos no banco de dados. Figura 58: Campo “Coleta de Dados” ao salvar os dados da volta original Depois de salvar a volta original, deve-se parar a máquina para a adição de uma massa de teste no plano de balanceamento. Essa massa deverá ser informada ao sistema na área “Massas de Teste” na guia “Controles e Indicadores” do sistema de aquisição. Após ter feito isso, coloca-se a máquina em funcionamento novamente até chegar na rotação de trabalho. Então, o usuário deverá salvar os dados de vibração, correspondentes à adição da massa de teste, pressionando novamente o botão “Salvar Dados” quando o mostrador estiver em “1ª Parada” no campo “Coleta de Dados”. Figura 59: Campo “Coleta de Dados” ao mudar o mostrador para “1ª Parada” para salvar os dados depois da adição da massa de teste Após realizar este procedimento, basta clicar na guia “Visualização de Dados Para Correção” para visualizar os valores coletados e os valores de massa de correção e posição no plano de balanceamento para efetuar a correção. Os valores de correção serão mostrados nos indicadores digitais do sistema aplicativo juntamente com os valores de vibração e fase nas duas etapas do balanceamento estático. Os dados são mostrados conforme a figura 60 da tela do sistema aplicativo. Os dados para correção são respectivamente 2,59g a -77,98º, onde o valor negativo do ângulo significa que a massa deve ser adicionada a partir da referência no sentido de rotação da máquina. É importante ressaltar que a massa de teste deve ser retirada do plano de balanceamento para que, então, sejam inseridas as massas de correção. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 84 Figura 60: Visualização dos dados para correção em um plano no sistema aplicativo Em virtude do plano de balanceamento não possuir o ângulo mostrado, foi utilizada a opção de “Divisão de Massas” no menu ferramentas, tendo em vista que o mesmo plano está dividido em intervalos de 22,5º. Então, a divisão de massa ficou conforme a figura 61. Figura 61: Divisão de massa no balanceamento estático Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 85 Depois de adicionar as massas conforme a figura 61 basta colocar o equipamento em funcionamento e verificar o desbalanceamento residual, o qual foi de 1,63 Micrometros Pico a Pico. Por isso, considerando o exposto, não houve a necessidade de se realizar refino de balanceamento. Então, a título de informação, abaixo será mostrado o relatório gráfico após o balanceamento: Figura 62: Relatório gráfico após o balanceamento estático Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 86 6.3.2 – Balanceamento Dinâmico Para dar início ao balanceamento dinâmico, primeiramente o usuário deverá abrir o sistema aplicativo para visualizá-lo conforme a figura 41. Em seguida, deve-se inserir os valores 2 (dois) e 2 (dois) nos campos “Mancais” e “Planos”, respectivamente, o que caracteriza um balanceamento dinâmico. Após isso, basta clicar em “OK” para abrir a tela de aquisição. O procedimento de configuração do sistema de aquisição, bem como a configuração do filtro, são similares ao que foi descrito anteriormente no balanceamento estático, com uma pequena diferença no número de parâmetros aquisitados. Assim, com o sistema todo configurado, é possível dar início ao procedimento de coleta de dados. Com o sistema operando e a máquina em funcionamento, clica-se no botão “Salvar Dados” quando o mostrador estiver em “VTA Original” no campo “Coleta de Dados” para coletar os valores de vibração e fase originais nos dois mancais e mandá-los para o banco de dados. Depois de salvar os dados da volta original, deve-se parar a máquina para adicionar uma massa de teste no plano 1. Após isso, deve-se colocar a máquina em funcionamento e aguardar até que alcance a freqüência de trabalho para, então, coletar os dados de vibração e fase nos dois mancais correspondentes à adição dessa massa de teste clicando no botão “Salvar Dados” quando o mostrador estiver em “1ª Parada” no campo “Coleta de Dados”. Após isso, deve-se parar novamente a máquina para retirar a massa de teste do plano 1 e adicionar uma outra no plano 2. Em seguida, deve-se colocar a máquina em operação e aguardar até que chegue na rotação de trabalho para, então, coletar os dados de vibração e fase nos dois mancais correspondentes a adição da massa no plano 2 clicando no botão “Salvar Dados” quando o mostrador estiver em “2ª Parada” no campo “Coleta de Dados”. Depois de coletar todos os dados, basta clicar na guia “Visualização de Dados Para Correção” para visualizar todos os dados coletados. Os dados podem ser vistos no sistema aplicativo conforme a figura 63. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 87 Figura 63: Visualização dos dados para correção em dois planos no sistema aplicativo Em virtude dos planos de balanceamento não possuírem os valores mostrados, foi necessário utilizar o VI de divisão de massas no menu “Ferramentas”. Então, os valores de correção estão mostrados conforme as figuras 64 e 65. Figura 64: Divisão de massa de correção no Plano 1 Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 88 Figura 65: Divisão de massa de correção no Plano 2 Ao inserir as massas de correção nos planos em suas respectivas posições, notou-se uma vibração residual de 3,98 e 6,59 Micrometros Pico a Pico no mancal 1 e no mancal 2, respectivamente, mas não foi possível realizar um refino de balanceamento devido a grande quantidade de massa adicionada. Contudo, pôde-se perceber uma significativa redução do efeito do desbalanceamento nos dois mancais. A título de informação, estão mostrados os relatórios gráficos gerados pelo sistema aplicativo para a visualização geral da condição do equipamento nos dois mancais. A primeira página mostra os parâmetros referentes ao mancal 1 e a outra referente ao mancal 2. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 89 Figura 66: Relatórios gráficos dos respectivos mancais após o balanceamento dinâmico 6.3.3 – Balanceamento em Vários Planos Como foi dito anteriormente, o sistema aplicativo desenvolvido pode realizar balanceamento rotativo em até quatro planos e quatro mancais, sendo que se pode realizar balanceamentos onde o número de planos pode ser maior que o número de mancais. Para a realização de balanceamentos em vários planos com o sistema aplicativo o procedimento é realizado de maneira análoga ao que foi explicado nos tópicos 6.3.1 e 6.3.2, e também ao que foi dito no capítulo 3 no tópico de balanceamento em vários planos. Neste trabalho, não foi possível a realização de testes para o balanceamento em vários planos, mas serão dados aqui os procedimentos para a realização deste tipo de balanceamento com o sistema aplicativo. Primeiramente, pode-se perceber que cada vez que se escolhe a opção do número de planos e mancais, na tela inicial do sistema aplicativo, há uma influência direta no número de canais de aquisição e no número de etapas de coleta de dados. Isso pode ser facilmente visualizado em um exemplo conforme a figura 67. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 90 Figura 67: Exemplo da relação entre o número de mancais e dados aquisitados (em vermelho) e entre o número de planos e o número de etapas de coleta de dados (em azul) Conforme a figura 67, é possível perceber que o número de mancais é igual ao número de dados aquisitados de amplitude de vibração e de seus respectivos ângulos de fase, assim como o número de etapas de coleta de dados é igual ao número de planos mais um. Da mesma maneira, os resultados para a correção estarão em função do número de planos de balanceamento. Por isso, considerando o que foi dito até então, basta que o usuário conheça o procedimento de balanceamento de rotores em vários planos, conforme como foi tratado no capítulo 3, para utilizar o sistema aplicativo e realizar um balanceamento bem sucedido. 6.4 – RECOMENDAÇÕES PARA BALANCEAMENTO ROTATIVO COM O SISTEMA APLICATIVO Algumas vezes, o técnico que está realizando o procedimento para o balanceamento de rotores se depara com algumas dificuldades que acabam piorando o efeito da vibração Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 91 causada por desbalanceamento rotativo. O que acontece é que ao invés de balancear o rotor ele acaba desbalanceando ainda mais, podendo causar a falha do equipamento. Por isso, neste tópico serão dadas algumas recomendações visando auxiliar o operador do sistema aplicativo no processo de balanceamento rotativo. 6.4.1 – Realização de Balanceamento Onde o Número de Planos é Diferente ao de Mancais Como foi dito anteriormente, o sistema aplicativo pode realizar balanceamento em até quatro planos e até quatro mancais, sendo que é possível realizar balanceamentos em que o número de planos é maior ao de mancais. Nestes dois casos é possível balancear devido o número de variáveis serem iguais ao número de equações, como no primeiro caso, ou o número de variáveis é superior ao número de equações, no segundo caso. Nos dois casos explicitados acima, o balanceamento pode ser considerado possível e leva a um mínimo de vibrações causadas por desbalanceamento residual. Por isso, com o intuito de reduzir ao máximo o desbalanceamento, foi vetado ao sistema aplicativo a possibilidade da realização de balanceamento onde o número de planos é inferior ao número de mancais, o qual, quase sempre, acaba deixando vibrações residuais que se refletem de forma negativa nos mancais. Quando são inseridos valores superiores de mancais em relação ao número de planos aparecerá uma mensagem na tela conforme a figura 68. O sistema aplicativo também é programado para não aceitar valores superiores a 4 (quatro) nos controles que aparecem na tela inicial. Isso porque este número é o máximo permitido para o número de mancais (ou canais) aquisitados e de planos de balanceamento. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 92 Figura 68: Mensagem exibida quando o número de mancais for superior ao de planos de balanceamento 6.4.2 – Adição de Massas no Rotor Uma das maiores preocupações que o operador deve ter na realização de um balanceamento rotativo é quando for colocar massas no rotor. Isso porque a inserção destas pode aumentar ainda mais as amplitudes de vibração. Por isso, é recomendada a utilização dos VIs de estimativa de massa de teste, pois estes calculam os valores ideais de massa a serem inseridas para causar a diferença de vibração para a base de cálculos. Uma outra preocupação por parte do operador é quanto à inserção das massas de correção. Muitos erros na hora da correção ocorrem devido à inserção da massa de correção na posição incorreta, em virtude de muitas vezes algumas pessoas não prestarem atenção quanto ao sentido de rotação que é usado como referência para a colocação dessas massas em relação ao sentido de rotação da máquina. No caso do sistema aplicativo proposto neste trabalho, a massa de teste deve ser adicionada a partir da referência no sentido contrário ao da rotação da máquina. Um outro fator que é importante ressaltar no que diz respeito à colocação de massas de correção no rotor é quanto à aproximação do ponto ideal de colocação e ao ponto mais próximo. Isso ocorre quando a posição da massa de correção não coincide com os furos no plano, o que faz o operador colocar a massa na posição mais próxima. Neste caso, deve-se tomar cuidado, pois se a rotação da máquina for elevada, o fato de não se colocar a massa na Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 93 posição correta, o balanceamento poderá não ser bem sucedido. Nessas situações recomendase a utilização do VI de divisão de massas no menu “Ferramentas”. 6.4.3 – Configuração do Filtro A utilização de filtros digitais é de suma importância em procedimentos de balanceamento de rotores. Isso porque elimina a presença de outros efeitos encontrados no espectro de freqüência causados por outros defeitos. Em contrapartida, é necessário que o usuário do sistema aplicativo tome cuidado em não acentuar demais os valores máximo e mínimo do filtro entre o pico exibido no gráfico que representa o desbalanceamento, pois a utilização do mesmo, bem como na modificação de sua ordem, provoca uma defasagem no sinal. Por isso, basta que sejam eliminados os outros defeitos no gráfico para garantir um bom balanceamento. 6.4.4 – Coleta de Dados de Amplitude de Vibração e Fase Algumas vezes, o procedimento de balanceamento de rotores não é bem sucedido devido à inserção das massas de teste não causarem um efeito significativo no rotor. Isso ocorre quando os valores de vibração e/ou de fase originais estão relativamente próximos aos das outras etapas. Por isso, quando os valores de vibração não forem nem maior ou menor em 30% ao da vibração original ou em 30 graus em fase assim que for pressionado o botão “Salvar Dados”, será mostrado na tela do sistema aplicativo uma mensagem de aviso conforme a figura 69. Figura 69: Tela de aviso quando os valores salvos forem próximos aos da volta original Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 94 É importante ressaltar que a tela mostrada na figura 69 é apenas uma recomendação para melhorar a qualidade do balanceamento e pode ser ignorada. De qualquer maneira os valores exibidos anteriormente a esta mensagem serão salvos no banco de dados. 6.4.5 – Refino de Balanceamento O refino é a última etapa no processo de balanceamento, pois este representa um rebalanceamento. Essa etapa consiste em eliminar as vibrações residuais que não puderam ser eliminadas no procedimento inicial. Para utilizar este recurso basta clicar no botão “Salvar VTA Refino” logo após da verificação do desbalanceamento residual e depois clicar no botão “Dados de Refino” o qual serve para exibir uma tela conforme a figura 46, vista anteriormente . A tela mostrada na figura 46 exibe para o usuário os valores da amplitude de vibração anterior, ou seja, logo após o balanceamento principal, e os valores de massa e posição no rotor que devem ser adicionados para reduzir o efeito do desbalanceamento residual. Esse recurso pode ser utilizado várias vezes objetivando reduzir o desbalanceamento ao máximo possível. 6.4.6 – Recomendações Gerais Para o uso do Sistema Aplicativo O sistema aplicativo desenvolvido possui uma excelente interface com o usuário, gráficos em definição perfeita para análise, considerável precisão, dentre outras vantagens. No entanto é necessário que o usuário deste sistema tome algumas precauções para o perfeito funcionamento do mesmo. Primeiramente, é necessário ter uma atenção em especial quanto ao computador a ser utilizado. Este não deve ser muito antigo para evitar incompatibilidade do sistema com componentes internos da CPU, bem como deve ter uma memória RAM de no mínimo 128 Mb e um processador de 800 MHz. O sistema operacional deverá ser o Windows 2000 ou superior e recomenda-se uma placa de vídeo de no mínimo 16 Mb. Não é recomendável a utilização de outros softwares quando o sistema aplicativo estiver em operação para não interferir no desempenho do computador, salvo se o computador for de excelente processamento. Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 95 Como se sabe, o sistema aplicativo desenvolvido possui diversas ferramentas para o auxílio no procedimento de balanceamento rotativo como, por exemplo, VIs de divisão de massa, de soma de massas, estimativa de massa de teste, legendas, gráficos, etc. Por isso é de grande importância a utilização de uma ferramenta por vez para evitar o travamento do sistema. Um outro ponto que é importante ressaltar é quanto à realização de um novo procedimento de balanceamento. Toda vez que se desejar fazer um novo balanceamento, é recomendado que o usuário feche o sistema principal de aquisição de dados pressionando no botão “Fechar”, pois ao clicar neste botão o banco de dados é esvaziado, e ele voltará para a tela inicial de onde se deve começar tudo novamente. No que diz respeito à aquisição de dados, caso o usuário tenha dúvida da configuração do número de amostras, basta utilizar o VI de cálculo do número de amostras. E com relação a este mesmo assunto, toda vez que os valores de taxa de aquisição e número de amostras forem modificados o usuário do sistema deverá pressionar o botão “Atualizar Dados” para que estes valores sejam atualizados. 6.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, foi apresentada a explicação do funcionamento do sistema aplicativo para a sua utilização em balanceamentos de rotores rígidos e flexíveis, tendo em vista que o referido sistema pode balancear em até quatro planos. Ressalta-se que é de suma importância que o usuário do sistema siga à risca os procedimentos descritos neste capítulo, bem como todas as recomendações feitas, para não encontrar problemas adversos na hora da utilização do sistema. Os benefícios deste sistema aplicativo sobre os métodos convencionais de monitoramento e balanceamento de máquinas rotativas ficam explícitos a partir do momento que se percebe que é possível realizar tais procedimentos sem a utilização de outros equipamentos, os quais, geralmente, são muito caros ou possuem ferramentas que não são utilizadas. Nesse sentido, é bastante clara a redução de custos em processos comuns de manutenção de equipamentos rotativos que possuem defeitos causados por desbalanceamento. É importante ressaltar, também, que a facilidade da utilização desse sistema aplicativo limita-se ao conhecimento da instalação e configuração da placa de aquisição de sinais e dos demais equipamentos. O posicionamento dos sensores, bases inerciais dos equipamentos Capítulo 6 – Utilização do Sistema Aplicativo e Recomendações para o Balanceamento Rotativo 96 monitorados, ligação dos cabos de conexão, configuração da placa de aquisição de sinais no sistema operacional do computador, etc, devem ser observados de maneira que não haja interferência com o sistema aplicativo, pois qualquer problema de instalação de hardware ou software pode levar ao mau funcionamento do mesmo. Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 97 CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 7.1 – RESULTADOS E CONCLUSÕES O sistema aplicativo desenvolvido para o balanceamento de rotores se mostrou adequado, dentro das expectativas inicialmente estabelecidas, em virtude dos resultados obtidos na realização de vários testes de balanceamento utilizando o rotor kit da Bently Nevada que pertence a Eletronorte. Em todos os testes feitos houve uma significativa redução do efeito do desbalanceamento, tanto em procedimentos de balanceamento estático como de balanceamento dinâmico. Quando se realiza um balanceamento em uma determinada máquina rotativa é praticamente impossível eliminar totalmente o efeito do desbalanceamento, porém é imprescindível que haja uma redução significativa desse efeito. No entanto, pôde-se perceber na prática que é possível reduzir cada vez mais este efeito realizando o processo de refino de balanceamento, o qual, na maioria das vezes, atenua ainda mais as amplitudes de vibração, o que representa um aspecto adicional de qualidade no aplicativo desenvolvido. No que diz respeito a todas as ferramentas disponibilizadas no sistema aplicativo, praticamente todas foram testadas em conjunto em vários processos de balanceamento, com destaque para as ferramentas de divisão de massas, estimativa de massa de teste e do cálculo do número de amostras. Um ponto negativo no desenvolvimento deste trabalho foi quanto à falta de alguns equipamentos para a realização de mais testes que dizem respeito ao balanceamento de rotores flexíveis, pois o rotor kit pertencente a Eletronorte possuía apenas dois planos de balanceamento em um eixo sustentado por dois mancais. Sendo assim, não foi possível a realização de testes para um balanceamento em que houvesse um número maior que dois planos e dois mancais. Mas, em virtude da metodologia aplicada e do conhecimento adquirido, pode-se garantir a eficácia do referido sistema em tais situações devido os resultados obtidos nos balanceamentos estático e dinâmico. Uma outra situação que dificultou a realização dos testes foi o fato do rotor kit não estar fixado em sua base na bancada de testes, conforme pode ser visto nas figuras anteriormente apresentadas neste trabalho. Essa situação pode ter gerado alguns esforços que, geralmente, Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 98 são refletidos nos sinais de vibração coletados durante a realização dos ensaios e que podem interferir nos resultados. As freqüências utilizadas para a realização dos testes variaram entre 1,5 e 20 Hz. O sistema aplicativo não respondeu bem à freqüências inferiores a este intervalo, o que pode ser explicado devido a alta rigidez do eixo do rotor kit, fazendo com que a baixa freqüência não fornecesse uma resposta considerável de desbalanceamento e, conseqüentemente, de fase. Apesar de a primeira harmônica ter sido observada em torno de 30 Hz, não foi possível realizar testes com freqüência superior ao intervalo citado em virtude do eixo estar acoplado a um dispositivo que servia para a realização de outros testes que não dizem respeito a este trabalho e que não suportava rotações elevadas. De maneira geral, apesar das dificuldades encontradas, pode-se concluir que o sistema aplicativo desenvolvido alcançou todos os objetivos. Em todos os ensaios houve uma redução significativa do efeito da vibração causada por desbalanceamento rotativo, sem falar que, com as diversas ferramentas adicionais e de geração de relatórios, o sistema pode ser utilizado plenamente em procedimentos de manutenção. Pode-se concluir também que, devido o fato do sistema aplicativo possuir indicadores digitais e gráficos, este pode trabalhar de maneira contínua servindo como um sistema de análise e monitoramento contínuo de equipamentos rotativos, sempre exibindo indicadores de severidade que servem como níveis de alarme visuais. É importante ressaltar que a utilização deste sistema aplicativo desenvolvido pode ser substituída pelos métodos tradicionais de balanceamento conhecidos, bem como dos métodos de análise e coleta de dados, onde necessitam da compra de diversos equipamentos para a realização da mesma função. Para a sua utilização basta apenas um computador, uma placa de aquisição de sinais, cabos para conexão, sensores e, algumas vezes, um condicionador de sinais. 7.2 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Considerando que na área que abrange o tema de instrumentação virtual é bastante difundida, mas, infelizmente, não se encontra muitos trabalhos na área mecânica, aqui são dadas algumas sugestões de trabalhos que poderão ser futuramente desenvolvidos: Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros • 99 Desenvolvimento de um sistema aplicativo para a detecção de falhas em rolamentos; • Desenvolvimento de um sistema aplicativo para o monitoramento de equipamentos pela Internet; • Desenvolvimento de um sistema aplicativo para a detecção e correção de defeitos em eixos desalinhados; • Utilização de instrumentação virtual para o monitoramento contínuo de máquinas e sistemas a vapor; • Desenvolvimento de um sistema aplicativo para atuadores hidráulicos e pneumáticos; • Elaboração de um sistema em LabVIEW para a análise e coleta de grandezas acústicas. 100 Referências Bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Administração de Banco SQL Server. Apostila, TEKNO Software, 2001. [2] ALMEIDA, M. T e GÓZ, R. D. S. Curso de Balanceamento de Rotores. Fundação de Pesquisa e Assessoramento a Indústria – FUPAI, Minas Gerais, 2003. [3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Balanceamento de Corpos Rígidos Rotativos, NBR 8008, Rio de Janeiro, 1983. [4] BORGES, A. P. Instrumentação Virtual Aplicada a um Laboratório com Acesso Pela Internet. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2002. [5] BRAMATTI, N.; SENA, A.; LIMA, W. e SILVA, R. Monitoração Remota de Equipamentos. XVI Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica – SNPTEE, São Paulo, 2001. [6] BRÜEL & KJÆR. Static and Dynamic Balancing Nærum. Dinamarca, Catálogo de Fabricante, 20 p. [7] CREDE, C.E. e HARRIS, C.M. Shock and Vibration Handbook. v. 1. McGraw-Hill, 1991. [8] EDUARDO, C. E. Diagnóstico de Defeitos em Sistemas Mecânicos Rotativos através da Análise de Correlações e Redes Neurais Artificiais. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, São Paulo, 2003. [9] FERREIRA, W. P. Balanceadora de Mancais Flexíveis. Apostila, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2003a. [10] FERREIRA, W. P. Resposta à Excitação Periódica – Série de Fourier. Apostila, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2003b. Referências Bibliográficas 101 [11] IDEHARA, S. J. Aplicação de Técnicas de Order Tracking para a Análise de Máquinas e Componentes Rotativos. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, São Paulo, 2003. [12] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDART. Balance Quality of Rotating Rigid Bodies, ISO 1940, 1973. [13] Introdução ao SQL Server 2000. Apostila, American National Standards Institute – ANSI, 2001. [14] KARL SCHENCK AG. Field balancing: Methods of measuring and eliminating unbalance in rotors under operating conditions. Catálogo, 1993. [15] LabVIEW Basics I, Course Manual. 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Os filtros lineares são muito comuns na eletrônica e no processamento de sinais digitais, porém eles também são utilizados na engenharia mecânica e em outras tecnologias. Eles são comumente utilizados para eliminar as freqüências não desejadas de um sinal de entrada ou para selecionar uma freqüência de um sinal. Existe uma grande variedade de filtros e tecnologias de filtros. Independentemente se eles são eletrônicos, elétricos ou mecânicos, ou em quais faixas de freqüência trabalhem, a teoria matemática dos filtros lineares é a mesma. 1.1 – Classificação Pela Função de Transferência 1.1.1 – Resposta de Impulso Os filtros lineares podem ser divididos em duas classes: filtros resposta de impulso infinita (IIR), e resposta de impulso finita (FIR). Em geral, um filtro com uma resposta em freqüência compacta possuirá uma resposta de impulso infinita e um filtro com uma resposta de impulso compacta terá uma resposta de impulso finita. Até pouco tempo atrás, apenas os filtros IIR analógicos possuíam uma construção prática. Entretanto, tecnologias como as linha de atraso analógicas e os filtros digitais tornaram a construção de filtros FIR prática. 1.1.2 – Resposta em Freqüência Existem vários tipos de filtros lineares, entre eles: • Filtro passa-baixas: permite a passagem de freqüências abaixo de sua freqüência de corte. Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais 104 • Filtro passa-altas: permite a passagem de freqüências acima de sua freqüência de corte. • Filtro passa-faixa: permite a passagem apenas de uma faixa de freqüências. • Filtro rejeita-faixa: permite a passagem de todas as freqüências fora de uma certa faixa. • Filtro passa-tudo: permite a passagem de todas as freqüências, porém altera a relação de fase entre elas. • Um filtro de corte é um tipo específico de filtro rejeita-faixa que atua em uma faixa particularmente limitada de freqüências. • Alguns filtros não são projetados de modo a bloquear nenhuma freqüência, mas ao invés disso apenas para variar a amplitude a diferentes freqüências: O filtro de pré-enfase, os equalizadores e os controles de tom são exemplos deste gênero de filtros. Os filtros passa baixa e passa altas podem ser construídos a partir de combinações entre os filtros passa-baixas e passa-altas. Uma forma popular de filtro de 2 pólos é o filtro Sallen Key. Este é capaz de produzir versões passa-baixas, passa-banda e passa-altas. 2 – FILTRO BUTTERWORTH O filtro Butterworth é um tipo de projeto de filtros eletrônicos. Ele é desenvolvido de modo a ter uma resposta em freqüência o mais plana o quanto for matematicamente possível na banda passante. Os filtros Butterworth foram descritos primeiramente pelo engenheiro britânico S. Butterworth (cujo primeiro nome acredita-se ser Stephen) em sua publicação "On the Theory of Filter Amplifiers", Wireless Engineer (também chamada de Experimental Wireless and the Radio Engineer), vol. 7, 1930, pp. 536-541. Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais 105 Figura A1: A resposta em freqüência de um filtro Butterworth passa-baixa de primeira ordem Figura A2: Filtros passa-baixas Butterworth de ordens 1 a 5 A resposta em freqüência de um filtro Butterworth é muito plana (não possui ripple, ou ondulações) na banda passante, e se aproxima do zero na banda rejeitada. Quando visto em um gráfico logarítmico, esta resposta desce linearmente até o infinito negativo. Para um filtro de primeira ordem, a resposta varia em −6 dB por oitava (−20 dB por década). (Todos os filtros de primeira ordem, independentemente de seus nomes, são idênticos e possuem a mesma resposta em freqüência.) Para um filtro Butterworth de segunda ordem, a resposta em freqüência varia em −12 dB por oitava, em um filtro de terceira ordem a variação é de −18 106 Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais dB, e assim por diante. Os filtros Butterworth possuem uma queda na sua magnitude como uma função linear com ω. Figura A3: Exemplo de um filtro passa-baixas Butterworth de segunda ordem O Butterworth é o único filtro que mantém o mesmo formato para ordens mais elevadas (porém com uma inclinação mais íngreme na banda atenuada) enquanto outras variedades de filtros (Bessel, Chebyshev, elíptico) possuem formatos diferentes para ordens mais elevadas. Comparado com um filtro Chebyshev do Tipo I/Tipo II ou com um filtro elíptico, o filtro Butterworth possui uma queda relativamente mais lenta, e portanto irá requerer uma ordem maior para implementar um especificação de banda rejeitada particular. Entretanto, o filtro Butterworth apresentará uma resposta em fase mais linear na banda passante do que os filtros Chebyshev do Tipo I/Tipo II ou elípticos. 2.1 – Função de Transferência Como em todos os gêneros de filtros, o modelo típico é o filtro passa-baixas, que pode ser modificado para se tornar um filtro passa-altas, ou colocado em série com outros filtros para formar filtros passa-faixa ou rejeita-faixa, e versões de ordem mais elevadas destes. A magnitude da resposta em freqüência de um filtro passa-baixas de ordem n pode ser definida matematicamente como: (1) 107 Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais Sendo que: G é o ganho do filtro H é a função de transferência j é o número imaginário n é a ordem do filtro ω é a frequência angular do sinal em radianos por segundo, ωc é a frequência de corte (frequência com −3 dB de ganho). Normalizando a expressão (fazendo a frequência de corte ωc = 1), tem-se: (2) 2.2 – Roll Off de Altas Freqüências (3) Desse modo, o roll off para altas freqüências = 20n dB/década 2.3 – Implementação do Filtro Dada uma função de transferência, o filtro Butterworth pode ser implementado utilizando a forma Cauer - 1: O elemento k é dado por: (4) (5) Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais 108 2.4 – Polinomiais Butterworth Normalizados n Fatores de polinomiais Bn(s) 1 (s + 1) 2 s2 + 1.414s + 1 3 (s + 1)(s2 + s + 1) 4 (s2 + 0.7654s + 1)(s2 + 1.8478s + 1) 5 (s + 1)(s2 + 0.6180s + 1)(s2 + 1.6180s + 1) 6 (s2 + 0.5176s + 1)(s2 + 1.414s + 1)(s2 + 1.9318s + 1) 7 (s + 1)(s2 + 0.4450s + 1)(s2 + 1.247s + 1)(s2 + 1.8022s + 1) 8 (s2 + 0.3986s + 1)(s2 + 1.111s + 1)(s2 + 1.6630s + 1)(s2 + 1.9622s + 1) 3 – FILTRO CHEBYSHEV Os filtros Chebyshev, são filtros analógicos ou digitais que possuem um aumento na atenuação (roll-off) mais íngreme e uma maior ondulação (ripple) na banda passante que os Filtros Butterworth. Os filtros Chebyshev possuem a propriedade de minimizaram o erro entre as características do filtro idealizado e o atual com relação à faixa do filtro, porém com ripples na banda passante. Este tipo de filtro recebeu seu nome em honra a Pafnuty Chebyshev, devido a suas características matemáticas serem derivadas dos polinomiais de Chebyshev. 109 Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais Figura A4: A resposta em frequência de um filtro Chebyshev passa-baixas do tipo I de quarta ordem 3.1 – Descrição 3.1.1 – Filtros Chebyshev do Tipo I Estes é o tipo mais comum dos filtros Chebyshev. A sua característica da amplitude em freqüência de ordem n pode ser descrita matematicamente como: (6) onde, |ε|<1 e é a amplificação na freqüência de corte ω0 nota: a definição comum na freqüência de corte como a freqüência com um ganho de −3 dB não se aplica aos filtros Chebyshev, e ordem, como por exemplo: é um polinomial de Chebyshev da nésima 110 Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais (7) Alternativamente: (8) (9) A ordem de um filtro Chebyshev é igual ao número de componentes reativos (como os indutores) necessários para a montagem do filtro utilizando eletrônica analógica. O ripple é comumente dado em dB: Ripple em dB = (10) Um ripple de 3 dB dessa forma equivale ao valor ε = 1. Um roll-off ainda mais íngreme pode ser obtido como nos permitamos ripple na banda passante, permitindo que o zeros no eixo jω no plano complexo. Isto ira entretanto resulta em uma menor supressão na banda atenuada. O resultado deste processo é o filtro elíptico, também conhecido como filtro Cauer. 3.1.2 – Filtros Chebyshev do Tipo II Também conhecidos como Chebyshev invertidos, este tipo é menos comum pois ele não apresenta um roll off tão acentuado quanto o tipo I, e requer uma maior quantidade de 111 Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais componentes. Ele não possui ripple em sua banda passante, porém possui ripple na sua banda atenuada. Sua função de transferência é: (11) O parâmetros ε é relacionado à atenuação da banda rejeitada γ em decibeis por (12) Para uma atenuação de banda rejeitada de 5dB, ε = 0.6801; para uma atenuação de 10dB, ε = 0.3333. A freqüência fC = ωC/2 π é a freqüência de corte. A freqüência de 3dB fH é relacionada a fC da seguinte forma: (13) 4 – FILTRO ELÍPTICO Um filtro elíptico (também conhecido como filtro de Cauer) é um filtro com ondulações (ripple) na banda passante e na banda rejeitada. Isto significa que ele minimiza o erro máximo em ambas as banda, ao contrário do filtro Chebyshev, que apresenta ripple apenas na banda passante, ou no caso do Chebyshev inverso, na banda rejeitada. A magnitude da resposta em freqüência de um filtro passa-baixas elíptico é dada por: (14) sendo Rn é a função racional de Chebyshev da ordem n. Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais 112 Figura A5: A resposta em freqüência de um filtro passa-baixa elíptico de quarta ordem 4 – FILTRO BESSEL Em eletrônica e processamento de sinais, um filtro Bessel é uma variedade de filtro linear com uma resposta de fase o mais plana possível. Os filtros Bessel são comumente utilizados em sistemas de crossover de áudio. 5 – COMPARAÇÃO ENTRE FILTROS As imagens abaixo mostram a resposta em freqüência do filtro Butterworth junto com outros tipos de filtros comuns obtidos com o mesmo número de coeficientes. Pode-se constatar nessas imagens que o filtro Butterworth é mais plano que os outros e não mostra ondulações (ripple). Anexo 1 – Resumo Sobre a Teoria de Tecnologia de Filtros Digitais Figura A6: Comparação gráfica entre filtros 113 Anexo 2 – Cálculo Para a Divisão de Massa no Plano de Balanceamento Rotativo 114 ANEXO 2 CÁLCULO PARA A DIVISÃO DE MASSA NO PLANO DE BALANCEAMENTO Conforme foi abordado neste trabalho, algumas vezes fica difícil inserir uma determinada massa no plano de balanceamento, devido ao fato de não haver possibilidade se fixar a massa de correção na posição desejada. Por isso, é possível aplicar um conhecimento no sentido de se elaborar uma metodologia que seja capaz de dividir uma massa em duas massas com valores que possuem posição de fixação definida no rotor, onde a soma dessas duas massas resulta no valor de massa de correção desejada. Partiremos do pressuposto que existe uma massa (m) que deverá ser dividida em duas outras massas, que serão fixadas em duas posições (Posição 1 e Posição 2). É importante ressaltar que a posição da massa de teste deve estar contida no intervalo no qual será feita a divisão de massa. Para a melhor visualização e manipulação de cálculos, os valores de massa são representados como vetores na forma polar, e representam as forças centrífugas provenientes da rotação do rotor. Figura A7: Representação em coordenadas polares dos vetores de massa Anexo 2 – Cálculo Para a Divisão de Massa no Plano de Balanceamento Rotativo 115 Conforme a figura A7, é possível visualizar os vetores: vetor massa de correção (em vermelho) e os vetores MP1 e MP2, que somados, resultam neste último (em azul). Esses vetores formam dois triângulos ▲OAB e ▲OBC, os quais pode-se aplicar conhecimentos de trigonometria utilizando a Lei dos Senos. - Do triângulo OAB e OBC, temos: MP1 MP 2 m = = senΩ senα sen(180º −α − Ω) - Colocando MP1 e MP2 em evidência, teremos duas equações: MP1 = m ⋅ senΩ sen(180º −α − Ω) MP 2 = m ⋅ senα sen(180º −α − Ω) Sendo que, MP1 – Massa na posição 1; MP2 – Massa na posição 2; m – Massa a ser dividida; α – Ângulo de posição 1 em relação à posição da massa m; Ω – Ângulo da Posição 2 em relação à posição da massa m; O procedimento de cálculo, aqui apresentado, teve como premissa básica, o fato de que as novas massas calculadas (MP1 e MP2) serão posicionadas na mesma distância radial em que deveria ser fixada a massa de correção.