UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRONOMIA “Luiz de Queiroz” – Esalq/USP Depto de Ciências Florestais Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ecologia de Agroecossistemas Projeto de Pesquisa de Doutorado Título: Diversidade e estrutura genética de espécies pioneiras em florestas primárias e secundárias do Estado de São Paulo Vinculado ao Processo FAPESP 99/09635-0 Milene Silvestrini MS Ecologia - UNICAMP Orientador: Prof. Dr. Weber A. N. do Amaral Co-orientador: Prof. Dr. Flavio Antonio Maës dos Santos Piracicaba, agosto de 2002. 2 RESUMO As florestas tropicais brasileiras vêm sofrendo um intenso processo de desmatamento e fragmentação antes mesmo do conhecimento desses ecossistemas. A conservação da diversidade biológica presente nesses ecossistemas implica na conservação da variabilidade genética das espécies, sendo necessário para isso o conhecimento de como esta diversidade é mantida e distribuída em suas populações. Vários trabalhos abordando a diversidade e a estrutura genética de espécies arbóreas climácicas e intermediárias foram realizados, mas poucos estudaram espécies pioneiras. Estudos envolvendo esse grupo de espécies são muito relevantes, porque além de terem uma distribuição espacial diretamente ligada à dinâmica de clareiras, processo no qual se baseia a regeneração da comunidade florestal, as espécies pioneiras são altamente freqüentes em áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão, sendo determinantes para a continuidade do processo sucessional e recuperação desses locais. Em áreas primárias espera-se encontrar uma alta diversidade genética e uma estruturação das populações em função da sua ocorrência em clareiras. Já em áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão, a diversidade e estrutura genética vão depender do nível de perturbação ocorrido na área e da manutenção ou não de fluxo gênico com populações de outras áreas, principalmente de áreas primárias e/ou do entorno. Com o objetivo de avaliar a diversidade e estrutura genética de espécies pioneiras em áreas primárias e secundárias em estádios iniciais de sucessão, serão selecionadas 3 espécies pioneiras que ocorram em uma das unidades fitogeográficas avaliadas no projeto "Diversidade, dinâmica e conservação em florestas do Estado São Paulo: 40ha de parcelas permanentes" (FAPESP 99/09635-0). As análises genéticas serão realizadas através de marcadores microssatélites, estudando-se os seguintes parâmetros: número médio de alelos por loco, proporção de locos polimórficos, heterozigosidade média observada (Ho), heterozigosidade média esperada (He), estatísticas–F e distâncias genéticas de Nei. Serão ainda realizadas análises de agrupamento e estudos de fluxo gênico. 3 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Processo de ocupação e uso do solo e a conservação dos recursos genéticos florestais As florestas tropicais do Brasil foram e vêm sendo submetidas a um intenso processo de desmatamento e fragmentação desde o início da colonização do país, sendo que pouco se conhece sobre esses ecossistemas. A Floresta Tropical Atlântica sensu latu, que compreende a Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual (IBGE 1992; Ivanauskas 1997), foi uma das mais atingidas por esse processo, restando muito pouco da sua área de distribuição original. No Estado de São Paulo, a percentagem de cobertura florestal natural em relação à área total do Estado era de 81,8% antes do descobrimento do Brasil. Atualmente, esse valor é de apenas 7,64% (Capobianco 1998), sendo constituída por formações primárias e secundárias em estádio avançado de regeneração localizadas em sua maioria em parques, áreas de conservação e regiões geralmente caracterizadas por relevo íngreme, impróprio para uso agrícola (Leitão-Filho 1987). Além desses remanescentes, existem ainda áreas cobertas por vegetação em estádios iniciais e intermediários de sucessão (capoeiras) que compreendem aproximadamente 5% da área total do Estado (Serra Filho et al. 1975). Tendo em vista essa pequena área florestal, é fundamental a conservação e o levantamento de informações tanto de áreas primárias quanto de secundárias em diferentes estádios de sucessão. A conservação da biodiversidade seja de uma área teoricamente intocada, seja de uma área submetida à interferência antrópica está diretamente ligada à conservação da variabilidade genética. Isto porque, é através da variação genética disponível que os organismos podem responder às possíveis 4 mudanças ambientais, mantendo sua capacidade de adaptação e garantindo sua sobrevivência e reprodução ao longo do tempo (Koskela e Amaral 2002; Namkoong et al. 2002). A manutenção dessa dinâmica evolutiva é a característica principal do método de conservação in situ, uma vez que a conservação da variabilidade genética é realizada concomitantemente à proteção de hábitats e à manutenção da interação entre as espécies (Prance 1997). Normalmente os programas de conservação dos recursos genéticos florestais in situ são delineados em nível de comunidade e/ou ecossistemas. Entretanto, somente através das características genéticas populacionais é que se pode garantir a conservação de cada espécie e assim do ecossistema como um todo (Martins 1987). Desse modo, a conservação dos recursos genéticos florestais in situ requer a manutenção dos processos que afetam a diversidade e estrutura genética das populações e para isso é necessário que estas sejam conhecidas. Espécies presentes em áreas primárias extensas, pouco ou não perturbadas, geralmente apresentam maior diversidade genética que em áreas que sofreram interferência antrópica, seja pelo processo de fragmentação, extrativismo, ou pelo desmatamento para uso agropecuário (Young et al. 1996; Koskela e Amaral 2002). Acredita-se que essa perda de variabilidade genética é causada pelos efeitos de deriva, de gargalo genético e de endogamia relacionados à redução do tamanho de suas populações e pela diminuição ou perda de fluxo gênico entre populações anteriormente conectadas (Ellstrand e Elam 1993; Koskela e Amaral 2002). O grau de influência desses eventos sobre a diversidade e estrutura genética das populações está diretamente relacionado ao tamanho e ao grau de isolamento dos fragmentos e ao nível de perturbação a que foram submetidos (Boshier e Lamb 1997). Em formações secundárias, que são resultado da regeneração da floresta após perturbações mais intensas, como uso agropecuário prolongado, a diversidade e estrutura genética das 5 espécies devem estar mais relacionadas aos níveis de fluxo gênico mantidos com populações das áreas primárias adjacentes, já que a maior fonte de propágulos para recolonização dessas áreas deve ter sido externa. Uma possível exceção são as espécies recrutadas por banco de sementes ainda presentes na área após a perturbação, nos casos em que as alterações no uso do solo não causaram a sua total eliminação (ver exemplo em Franceschinelli e Kesseli 1999). Estudos comparando áreas com diferentes graus de perturbação podem elucidar melhor esses possíveis efeitos do processo de desmatamento e fragmentação. Níveis de fluxo gênico e de diversidade genética necessários para restabelecer e manter as populações em áreas que sofreram interferência antrópica são informações que podem ser obtidas em estudos desse tipo. O recente avanço nas técnicas de biologia molecular tem contribuído consideravelmente na caracterização da diversidade genética e análise da estrutura de populações de espécies arbóreas tropicais (ver revisão de Amaral, 2001). Vários trabalhos foram realizados, inicialmente utilizando marcadores alozimáticos (Eguiarte et al. 1992; Wickneswari e Norwati 1993; Pérez-Nasser et al. 1993; Alvarez-Buylla e Garay 1994; Alvarez-Buylla et al. 1996; Franceschinelli e Kesseli 1999; ver mais na revisão de Amaral 2001) e mais recentemente marcadores baseados na variação de seqüências de DNA (RAPD, AFLP e SSR) (Schierenbeck et al. 1997; Russell et al. 1999; Deshpande et al. 2001; Degen et al. 2001). Além desses estudos realizados em áreas extensas de florestas primárias, alguns autores avaliaram a estrutura genética de populações em áreas fragmentadas (Seoane 1998; Aldrich et al. 1998; Dayanandan et al. 1999; White et al. 1999; Margis et al. 2002). Tais estudos têm apontado a perda da variabilidade genética como principal efeito da fragmentação, principalmente em fragmentos pequenos, isolados e/ou muito perturbados. 6 A maioria desses trabalhos, porém, avaliou somente espécies climácicas ou intermediárias, sendo raros os que analisaram a diversidade e estrutura genética de espécies pioneiras (como Alvarez-Buylla e Garay 1994; Alvarez-Buylla et al. 1996; Souza 1997; Franceschinelli e Kesseli 1999). Além disso, as áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão, as quais são ocupadas predominantemente por espécies pioneiras, também foram pouco estudadas (Alvarez-Buylla e Garay 1994; Franceschinelli e Kesseli 1999), de forma que são poucas as informações relacionando aspectos genéticos dessas espécies e sua influência no processo sucessional. A perda de variabilidade genética de espécies pioneiras e a conseqüente limitação na habilidade de responderem a mudanças ambientais pode comprometer sua persistência em determinadas áreas, bem como dificultar ou impedir a colonização de ambientes muito alterados. Além disso, se as espécies pioneiras exercem papel importante na chegada de animais e no estabelecimento de espécies de estádios mais tardios (modelo de facilitação, ver exemplo em Uhl et al. 1991), tais alterações das características genéticas e dinâmica evolutiva poderiam ter influência no processo sucessional e, de modo mais amplo, na regeneração da comunidade florestal como um todo. Em resumo, pode-se dizer que o conhecimento dos níveis de diversidade, estrutura genética e fluxo gênico de espécies pioneiras em áreas primárias e secundárias em estádios iniciais de sucessão são fundamentais para a conservação dos recursos genéticos florestais in situ e para a reintrodução de espécies florestais em programas de recuperação de áreas degradadas. 7 Diversidade e estrutura genética de espécies pioneiras Em seu estado natural ou em florestas primárias, as espécies pioneiras germinam e crescem somente em clareiras grandes, formando grupos de plantas de mesma idade distribuídos pela floresta em função da formação das clareiras (Whitmore 1989; Alvarez-Buylla e Garay 1994; Whitmore 1996). Após a morte desses indivíduos, as espécies de dossel (climácicas) tomam o seu lugar e ocorre o “fechamento” da clareira. Em geral, essa extinção local acontece após período de tempo relativamente curto, pois a maioria das pioneiras apresenta ciclo de vida comparativamente mais curto que espécies não-pioneiras (Swaine e Whitmore 1988; Whitmore 1989). Por ser contínuo e freqüente, esse processo de extinção e recolonização pode ter importantes efeitos sobre a estrutura genética dessas espécies. De acordo com Wright (1940) e Lovelless e Hamrick (1984), o efeito de fundador, ou seja, a colonização das clareiras por um número geralmente pequeno de indivíduos e a fixação de alelos neutros por deriva podem gerar uma estrutura genética das populações locais ou sub-populações das espécies pioneiras (indivíduos de uma mesma clareira). Já Slatkin (1985a; 1987) considerou que, por serem freqüentes, as extinções e recolonizações dessas sub-populações podem impedir a fixação alélica por deriva, funcionando como fluxo gênico que limitaria a diferenciação entre populações locais ou sub-populações. Alvarez-Buylla et al. (1996) encontraram uma correspondência entre a estrutura genética de Cecropia obtusifolia e a distribuição espacial dos indivíduos em clareiras. Entretanto, a estrutura genética foi detectada em sementes e plântulas, mas diminuiu progressivamente em jovens e adultos. De acordo com esses autores, a perda de estrutura genética nos estágios mais tardios do ciclo de vida da espécie pode ter 8 ocorrido devido à mortalidade ao acaso durante o processo de recrutamento nas clareiras ou à ocorrência de seleção favorável aos heterozigotos. Alvarez-Buylla e Garay (1994) e Franceschinelli e Kesseli (1999) também avaliaram a estrutura genética de espécies pioneiras, mas não consideraram a influência da dinâmica de clareiras sobre os parâmetros genéticos. Estes trabalhos diferiram na escala de amostragem das populações, o primeiro avaliou a estrutura genética de populações abrangendo áreas de florestas primárias e secundárias em estádios iniciais de sucessão e o segundo, uma população presente numa área secundária em estádio inicial de sucessão. Em áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão, as espécies pioneiras apresentam características demográficas diferentes da floresta primária, como a alta densidade de indivíduos (Matthes 1992; Danciguer 1996). Isto ocorre em função das alterações ambientais provocadas pelo tipo/nível de perturbação ocorrido na área. Além dos fatores relacionados ao restabelecimento da espécie na área, como origem e quantidade de propágulos, essa nova situação ambiental pode gerar diferentes pressões de seleção que resultem em diferenças demográficas e genéticas. Além disso, a manutenção ou não de fluxo gênico com outras populações, tanto de áreas primárias quanto de secundárias, e o nível em que este acontece terão efeito diferencial sobre a diversidade e estrutura genética da população nessas áreas. Dependendo do nível de perturbação ocorrido na área, a disponibilidade de propágulos para o restabelecimento das espécies pode ser afetada diferencialmente. Em estudos realizados em pastagens abandonadas na Amazônia, Uhl et al. (1991) apontaram que em áreas onde o uso do solo foi moderado, ou seja, com um bom estabelecimento de gramíneas, pastejo regular, capina freqüente e abandono da área após 6 a 10 anos, as espécies pioneiras surgiram por brotação, por banco de sementes ou por sementes dispersas de outros locais. Em áreas muito degradadas por pastejo 9 intensivo, gramíneas, mecanização, herbicidas e uso por período de 12 a 20 anos, a maioria das espécies se estabeleceram por sementes dispersas de outros locais. Nesse último caso, onde a perturbação foi muito intensa, o restabelecimento das espécies dependeu da chegada de propágulos de outras áreas florestais. Portanto, a diversidade genética das novas populações formadas será fortemente influenciada pelos níveis de fluxo gênico com outras populações, já que as populações originais da área foram totalmente extintas. Uhl et al. (1991) mostraram ainda que em áreas muito degradadas, a comunidade de herbívoros e patógenos (predadores e parasitas de sementes e plântulas) foi bastante diferente de áreas primárias ou de áreas que sofreram uso menos intensivo, interferindo consideravelmente no estabelecimento das espécies florestais. Outro fator importante foi a presença de gramíneas e arbustos invasores, que geraram forte competição durante o estabelecimento das espécies pioneiras nesses locais (Uhl et al. 1991). Os efeitos do nível de perturbação da área e de outros fatores que afetam a diversidade e a estrutura genética das populações de espécies pioneiras são difíceis de serem isolados e avaliados separadamente, mas em alguns casos eles podem ser mais evidentes. Franceschinelli e Kesseli (1999) estudando uma espécie pioneira que ocorre nas florestas de galeria do Estado de São Paulo encontraram estruturação genética numa população de indivíduos adultos estabelecidos após corte total da vegetação original da área. De acordo com os autores, a estrutura genética nos adultos foi determinada pela estrutura genética do banco de sementes presente na área antes da perturbação. Isto porque, não havia possibilidade de influência de fluxo gênico com outras populações e de endogamia entre os indivíduos estudados, devido à restrita dispersão de pólen e sementes caracterizada para a espécie e recente 10 estabelecimento da população no local (menos de 20 anos) (Franceschinelli e Kesseli 1999). Já em Alvarez-Buylla e Garay (1994) que compararam a diversidade genética de Cecropia obtusifolia em áreas primárias e secundárias em estádios iniciais de sucessão, o fluxo gênico parece ter sido o fator determinante dos resultados encontrados. Cada população de área secundária estava localizada ao lado de uma população de área primária e todas estavam muito próximas entre si, dentro da região chamada de Los Tuxtlas. As autoras não constataram diferenças genéticas entre essas populações, mas verificaram a maior distância genética e a menor taxa de fluxo gênico em uma população de uma área secundária isolada, localizada fora da região de Los Tuxtlas. Como foram poucos os trabalhos abordando características genéticas de pioneiras em áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão, não se sabe exatamente quais alterações podem ocorrer na diversidade e estrutura genética, quais são os fatores determinantes desses parâmetros genéticos e que possíveis implicações essas alterações teriam para as espécies pioneiras em estádios sucessionais mais avançados. Mesmo com uma densidade populacional maior que em áreas primárias, pode haver perda de variabilidade genética, principalmente se a colonização inicial se deu por poucos indivíduos e se essas populações estiverem muito distantes de áreas primárias e/ou a taxa de fluxo gênico seja baixa. Considerando-se que grande parte da população será extinta com a continuidade do processo sucessional, é possível que essa perda de diversidade seja maior ainda em estádios sucessionais mais avançados, a menos que os poucos indivíduos remanescentes, e outros fatores como banco de sementes e fluxo gênico com outras populações interfiram, mantendo a riqueza alélica da espécie. 11 Indicadores genéticos Indicadores genéticos são variáveis relacionadas aos processos que mantêm a diversidade genética das espécies (seleção, deriva, fluxo gênico e sistema reprodutivo) e que podem ser utilizadas para acessar o estado de conservação da diversidade genética das espécies em ecossistemas submetidos a qualquer tipo de interferência antrópica ou forma de manejo (Boyle 2000; Namkoong et al. 2002). De acordo com esses autores, informações sobre os processos que mantêm a diversidade genética ao invés das medidas da diversidade genética em si seriam a forma mais eficiente de se avaliar a manutenção da sustentabilidade genética das populações nesses ecossistemas. Boyle (2000) e Namkoong et al. (2002) propuseram quatro indicadores genéticos que podem ser verificados através de parâmetros populacionais e genéticos: i) nível da variação (ii) mudança direcional das freqüências gênicas ou alélicas, iii) fluxo gênico entre populações e iv) sistemas reprodutivos. Desses, o nível da variação e fluxo gênico, poderão ser obtidos no presente trabalho, através da avaliação da diversidade genética e do fluxo gênico. Como a obtenção de indicadores para todas espécies é inviável, eles podem ser baseados em apenas algumas espécies. Segundo Boyle (2000) e Namkoong et al. (2002), essa seleção pode ser realizada de acordo com alguns critérios, tais como: ter valor econômico e ser explorada comercialmente; apresentar distribuição espacial que a torna suscetível aos efeitos adversos da intervenção antrópica; ter valor ecológico, ou seja, ser uma “espécie-chave”; apresentar nicho reprodutivo que requer sombra. A interdependência com a ocorrência de clareiras, o papel no processo sucessional e a importância ecológica das espécies pioneiras para a fauna e para o estabelecimento de outras espécies são características que as tornam recomendáveis para o uso como espécies “indicadoras” do grau de alteração genética causado na 12 comunidade florestal por diferentes distúrbios antrópicos. Além disso, a utilização de informações genéticas a partir de pioneiras é importante e complementar, pois indicadores genéticos baseados somente em espécies climácicas podem não refletir a manutenção dos processos evolutivos dos demais grupos e assim serem insuficientes para indicação da sustentabilidade do ecossistema manejado (Namkoong et al. 2002). A obtenção dos níveis de diversidade e fluxo gênico em espécies pioneiras através de um estudo comparativo entre áreas primárias não perturbadas e secundárias em estádio inicial de sucessão pode contribuir para o entendimento de como indicadores genéticos poderiam ser utilizados em áreas que sofreram perturbação, tendo como estudo de caso as espécies pioneiras. Projeto "Diversidade, dinâmica e conservação em florestas do Estado São Paulo: 40 ha de parcelas permanentes" Com o objetivo de compreender a dinâmica e os processos geradores e mantenedores da biodiversidade e adequar práticas de conservação, manejo e restauração nas formações florestais do Estado de São Paulo, o projeto "Diversidade, dinâmica e conservação em florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes", vinculado ao Programa de Pesquisas em Conservação Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, denominado BIOTA-FAPESP, estará caracterizando detalhadamente toda a comunidade arbórea de quatro unidades fitogeográficas do Estado em parcelas permanentes de 10ha por unidade. Aspectos florísticos, fitossociológicos e demográficos das espécies, além de características edafo-climáticas serão estudadas em uma Floresta de Restinga (P. E. da Ilha do Cardoso), uma Floresta Ombrófila Densa (E.E. de Carlos Botelho), uma Floresta Estacional Semidecidual (E. E. de Caitetus) e uma área de Cerradão (E.E. de Assis). 13 Também é objetivo desse projeto a identificação da estrutura genética e populacional de grupos de espécies, além da definição de indicadores de avaliação da sustentabilidade desses ecossistemas. A caracterização da diversidade e estrutura genética das espécies pioneiras nessas unidades pode contribuir significativamente para o entendimento de padrões e processos que afetam a manutenção ou a perda da diversidade em cada uma delas, permitindo a adoção de medidas mais apropriadas de conservação e manejo, um dos objetivos centrais do projeto de parcelas permanentes. Objetivos Avaliar níveis de diversidade e estrutura genética de espécies pioneiras em áreas de floresta primária e secundária em estádio inicial de sucessão, visando testar as seguintes hipóteses: i) Espécies pioneiras apresentam estruturação genética em florestas primárias em escala espacial correspondente à escala espacial da distribuição dos indivíduos em clareiras; ii) A diversidade e a estrutura genética de populações de espécies pioneiras em áreas primárias e secundárias em estádios iniciais de sucessão são diferentes; iii) Os níveis de diversidade genética de populações de espécies pioneiras em áreas secundárias em estádios iniciais de sucessão estão relacionados à distância de populações de áreas primárias. Adicionalmente, este projeto poderá contribuir para o estudo da viabilidade do uso de indicadores genéticos para se acessar o estado de conservação da diversidade genética de ecossistemas submetidos a diferentes graus de perturbação, utilizando-se espécies pioneiras. 14 MATERIAIS E MÉTODOS Área de Estudo Uma das três unidades fitogeográficas presentes nas unidades de conservação descritas abaixo e avaliadas no projeto "Diversidade, dinâmica e conservação em florestas do Estado São Paulo: 40ha de parcelas permanentes" será selecionada para este estudo. As formações florestais das três áreas são primárias e apresentam bom estado de conservação. A seleção da unidade de estudo será baseada na presença de espécies pioneiras nas parcelas permanentes e em áreas secundárias em estádio inicial de sucessão próximas, distantes e medianamente distantes da floresta primária. A definição dessas distâncias será arbitrária, sendo considerada "a priori" a distância entre áreas de até 1km como áreas próximas, de 1km a 10km como medianamente distantes e acima de 10 km como áreas distantes. As espécies devem estar presentes nas parcelas permanentes, mas o desenho experimental ou a amostragem de indivíduos poderá ultrapassar os limites dessa área. Serão consideradas áreas secundárias em estádio inicial de sucessão, as áreas que sofreram corte total de sua vegetação original e que agora são ocupadas predominantemente por espécies pioneiras. Para isso, serão obtidas informações a respeito do histórico de uso da terra e características estruturais da vegetação, uma vez que são desejáveis áreas sem limitações edafo-climáticas para a continuidade do processo sucessional. Tais informações estarão disponíveis após visitas às áreas e obtenção dos resultados de campo do projeto “40ha de parcelas permanentes”. 15 PARQUE ESTADUAL DA ILHA DO CARDOSO A Ilha do Cardoso situa-se no extremo sul do litoral do Estado de São Paulo no município de Cananéia, entre os paralelos 25o03’05“- 25o18’18” e os meridianos 47o 53’48 “-48o05’42”. A Ilha possui uma área de aproximadamente 22.500ha e foi transformada em Parque Estadual pelo Decreto 40.319 de 1962 (Negreiros et al. 1974). Dados climáticos coletados em baixa altitude (<200m) para o período de dois anos (1990-1991) revelam que a média das temperaturas mínimas está em torno de 19oC, a média das máximas em torno de 27oC e a precipitação anual entre 1800-2000mm (Melo e Mantovani 1994). A topografia é predominantemente montanhosa, sendo a região central da ilha ocupada por um maciço que atinge mais de 800m de altura. Os solos das planícies são resultado de sedimentação marinha recente e são de tipo podzol hidromórfico, caracterizado pelo alto teor de areia, baixos teores de argila e silte e baixa fertilidade (Giulietti et al. 1983). Nas meias encostas e morros isolados predominam o Latossolo Vermelho-Amarelo-Orto (LV), e nas encostas mais acidentadas o Podzol VermelhoAmarelo com transição para Latossolo Vermelho-Amarelo (PVL). Estes solos, geralmente profundos e bem drenados, são formados a partir de rochas granitognaisse e apresentam alto teor de argila, baixo pH, coloração alaranjada, e baixa fertilidade (Pfeifer et al. 1989). Na Ilha são encontradas diferentes formações vegetais naturais, relacionadas principalmente com as características do substrato: 1. campo de altitude nos altos dos morros onde os solos são rasos e as rochas afloram; 2. floresta atlântica de encosta, nos terrenos de maior declive; 3. vegetação de dunas próxima à zona de maré; 4. floresta de restinga nos podzóis hidromórficos da planície litorânea e; 5. Manguezais nos solos lodosos das várzeas dos rios periodicamente inundados por água salobra. 16 A vegetação da Ilha do Cardoso foi alvo de projetos de pesquisa enfocando a flora da restinga (De Grande e Lopes 1981) e também a produção de uma flora geral (Barros et al. 1991). A composição e estrutura da floresta de encosta foram investigadas e comparadas com outros estudos (Melo e Mantovani 1994). Os resultados dessa comparação demonstraram que a floresta da Ilha do Cardoso apresenta baixa diversidade local (alfa diversidade) e baixa diversidade gama em comparação a outras florestas neotropicais (Tabarelli e Mantovani 1998). PARQUE ESTADUAL DE CARLOS BOTELHO O Parque Estadual de Carlos Botelho (PECB) possui área total de 37.793,63ha e encontra-se na região sul do Estado de São Paulo (24o00’ a 24o15’S, 47o45’ a 48o10’W). Engloba parte dos municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito e Sete Barras, com altitudes que variam de 30 a 1003m (Domingues e Silva 1988, Negreiros et al. 1995). A área do PECB compreende duas unidades geomorfológicas: o Planalto de Guapiara, drenado pelos rios que formam a bacia hidrográfica do rio Parapanema, e a Serra de Paranapiacaba, drenada pelos ribeirões Travessão, Temível e da Serra e pelos rios Preto e Quilombo, todos formadores da bacia do rio Ribeira de Iguape. Predominam no Parque as rochas graníticas, que definem um relevo altamente acidentado e associado aos elevados índices pluviométricos, definem morfogênese acelerada nas médias e altas vertentes, acumulando material nos sopés e canais fluviais (Domingues e Silva 1988). O parque está sob a influência de dois tipos climáticos diferentes, segundo a classificação de Köppen: a) clima quente úmido sem estiagem (Cfa), que ocupa áreas do Planalto de Guapiara com altitudes inferiores a 800 m, a média e a baixa escarpa da 17 Serra de Paranapiacaba; possui temperaturas inferiores a 18oC no mês mais frio e superiores a 22oC no mês mais quente e o total pluviométrico do mês mais seco é superior a 30mm; b) clima temperado úmido sem estiagem (Cfb), nas partes mais elevadas da Serra de Paranapiacaba e que difere do anterior apenas pela temperatura média do mês mais quente, a qual não ultrapassa 22oC (Setzer, 1946). Os solos são Hidromórficos e Podzólicos Vermelho-Amarelo intergrade Latossolo Vermelho-Amarelo (Camargo 1972) com elevados teores de matéria orgânica e de alumínio, baixos teores de bases trocáveis e ainda acidez elevada, como a maioria dos solos da região serrana do litoral do Estado (Negreiros 1982). No PECB ocorre a Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana/Montana, (Veloso e Góes-Filho 1982), onde foram realizados levantamentos florísticos (Custódio Filho et al.1992, Moraes 1992 e 1993) e fitossociológicos (Dias 1993, Negreiros 1982, Negreiros et al. 1995). ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE CAETETUS A Estação Ecológica dos Caetetus possui uma área contínua de 2.178,84ha, situada nos municípios de Gália e Alvilândia, Estado de São Paulo, entre as coordenadas geográficas: 22o41’ e 22o46’S e 49o10’ e 49o16’W, dentro da bacia hidrográfica do Médio Paranapanema. Predominam nas áreas mais elevadas da Estação (altitude média de 650m) o Latossolo de textura média Álico, enquanto nas partes mais baixas (altitude média de 550m) o Podzólico Vermelho-Amarelo Profundo de textura arenosa/média (Mattos et al. 1996). O clima local, segundo a classificação de Köppen, é Cwa, mesotérmico de inverno seco. Este remanescente florestal foi enquadrado como área de preservação quando da ocupação agrícola da Fazenda Paraíso, tendo passado a ser propriedade do Estado 18 em 1976. Segundo relatos históricos, a área nuclear da floresta, classificada fisionomicamente como floresta primária alta, não sofreu qualquer tipo de exploração antrópica, até pela dificuldade de acesso decorrente da topografia acidentada. A E.E. de Caetetus se caracteriza como um grande remanescente de Floresta Estacional Semidecidual do Planalto Ocidental do Estado de São Paulo. Esta formação florestal revestia originalmente parte do Planalto Paulista, a Depressão Periférica, a Cuesta Basáltica e parte do Planalto Ocidental do interior paulista, certamente se constituindo hoje na formação florestal mais ameaçada do Estado de São Paulo, devido ao processo de fragmentação a que foi submetida. A despeito desta importância, sua vegetação foi pouco estudada. Trata-se de uma floresta com trechos em excelente estado de preservação, que abrigam tanto espécies arbóreas ameaçadas de extinção no Estado pela agressividade do extrativismo nos últimos anos, como o guarantã (Esenbeckia leiocarpa Engl.), a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.) e a cabreúva (Myroxylon peruiferum L.f.), dentre outras, como espécies da fauna, destacando-se dentre outros, o mico-leãopreto (Leonthopithecus chrysopygus). Espécies Serão selecionadas três espécies pioneiras para este estudo. Serão consideradas espécies pioneiras somente as que reconhecidamente germinam e se estabelecem em clareiras onde a luz solar atinge o chão da floresta pelo menos uma parte do dia (Swaine e Whitmore 1988; Whitmore 1989). Para isso serão obtidas informações na literatura sobre suas características de germinação e estabelecimento. A escolha das espécies será definida com base na presença das mesmas na área de estudo. Estas deverão apresentar número de indivíduos adultos superior a 30 (número suficiente para as análises estatísticas), tanto na floresta primária quanto nas áreas 19 secundárias (ver delineamento experimental abaixo). Além desses critérios, será dada preferência a espécies selecionadas para outros estudos dentro do projeto de parcelas permanentes (FAPESP 99/09635-0), principalmente estudos demográficos. Obtenção dos marcadores moleculares Serão utilizados os marcadores microssatélites ou seqüências repetidas do genoma (SSR – Simple Sequence Repeats) por serem co-dominantes, apresentarem alta diversidade alélica e, conseqüentemente, maior poder de discriminação da variabilidade genética (Dayanandan et al. 1997; Collevatti et al. 1999). Os procedimentos para obtenção desses marcadores serão os descritos por Collevatti et al. (1999), constituindo-se basicamente das seguintes etapas: • construção de uma biblioteca de fragmentos genômicos pequenos (300 a 500 pares de bases) enriquecida com seqüências repetidas; • clonagem e seqüenciamento dos clones; • síntese de primers específicos para cada loco microssatélite; • seleção dos melhores primers e das condições de amplificação via reação de polimerase em cadeia (PCR -Polimerase Chain Reaction); • análise de herança dos locos microssatélites. Extração de DNA genômico O método de extração de DNA será definido a partir de protocolos disponíveis na literatura que serão testados para cada espécie selecionada. 20 Visualização de polimorfismo Os fragmentos microssatélites (alelos) serão visualizados em gel de poliacrilamida desnaturantes corridos em seqüenciador automático e o método de marcação será por fluorescência. Delineamento Experimental Na unidade fitogeográfica selecionada, serão amostrados no mínimo 180 indivíduos adultos de cada espécie: 90 indivíduos da área primária e 90 da área secundária. As clareiras em fase de construção, denominadas assim por já apresentarem indivíduos adultos de espécies pioneiras, serão identificadas conforme Gandolfi (2000) e através dos resultados da classificação da posição/situação dos indivíduos amostrados pelo projeto de parcelas permanentes (FAPESP 99/09635-0). Cada clareira assim identificada será considerada uma unidade amostral para o estudo da estrutura genética das populações em áreas primárias. Dependendo da densidade e distribuição espacial dos indivíduos nas clareiras e da distribuição das clareiras na área primária, serão definidas três réplicas com aproximadamente 30 indivíduos cada (Figura 1). Nas áreas secundárias em estádio inicial de sucessão serão selecionadas três sub-áreas com aproximadamente 30 indivíduos cada, uma próxima à área primária (até 1km de distância), uma distante (mais de 10km) e outra com distância intermediária à área primária (entre 1 a 10 km). Cada sub-área será considerada uma réplica e será sub-dividida mais uma vez em três sub-réplicas para a avaliação do efeito da distância sobre a diversidade genética (Figura 1). 21 Floresta Primária Florestas Secundárias Réplica 3 - distante (sub-réplicas 7-9) Réplica 1 x x x x x x x x x x x xx x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Réplica 2 x x x x x x x x Réplica 2 - intermediária (sub-réplicas 4-6) x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Réplica 3 x x x x x x x x x x x x x x x x x x Réplica 1 - próxima (sub-réplicas 1-3) X= 2 indivíduos clareiras x x x réplicas e sub-réplicas Figura1: Representação esquemática da amostragem hipotética de uma espécie pioneira na unidade fitogeográfica em estudo. Nota: A figura não está em escala, ver detalhes no texto. Serão medidas as distâncias geográficas (georeferenciadas) de cada réplica ou sub-área da área secundária à floresta primária mais próxima e entre as réplicas. A distância entre duas réplicas deverá ser maior que a distância de cada uma delas à floresta primária. Inicialmente as análises de estrutura genética e fluxo gênico serão realizadas separadamente dentro de cada área. Na área primária, a análise será entre unidades amostrais (clareiras). Na área secundária a análise será feita entre réplicas e entre subréplicas. Dependendo das informações disponíveis na literatura sobre a biologia reprodutiva das espécies em estudo (distâncias de dispersão de pólen e sementes), 22 será definida mais uma escala espacial de agrupamento de indivíduos para análise da estrutura genética das populações em ambas as áreas. Para a avaliação da estrutura genética e fluxo gênico entre áreas primárias e secundárias será utilizado o agrupamento dos indivíduos nas clareiras e sub-réplicas. Análise de dados a) Diversidade genética Para análise da diversidade genética serão estimados os seguintes parâmetros: Número médio de alelos/loco (A), proporção de locos polimórficos (P), heterozigosidade média observada (Ho) e heterozigosidade média esperada (He). O número médio de alelos por loco será obtido pela média aritmética do número total de alelos dividido pelo número total de locos. A proporção ou percentagem de locos polimórficos será obtida pela razão entre o número de locos polimórficos e o número total de locos. Será considerado como loco polimórfico aquele em que a freqüência do alelo mais comum não ultrapasse 95%. Os valores da heterozigosidade observada serão obtidos pela média do número de genótipos heterozigotos em relação ao total de genótipos em cada loco. Para obter-se Ho será calculada a média para todos os locos. He será obtida através da média da heterozigosidade esperada de todos os locos (estimativa de multi-locos), calculadas de acordo com Nei (1978). b) Estrutura genética A estrutura genética das populações será estimada pelas estatísticas – F, que serão calculadas de acordo com Weir e Cockerham (1984), e pelo cálculo das distâncias genéticas e análise de agrupamento, após teste de equilíbrio de HardyWeinberg (Futuyma 1992). 23 As distâncias genéticas serão calculadas de acordo com Nei (1978) a partir dos dados de presença (1) ou ausência (0) de bandas ou alelos, sendo construída uma matriz de distância genética. A partir dessa matriz será feita a análise de agrupamento, utilizando-se o método hierárquico SAHN ((Sequential Aglomerative Hierarchial and Nested Clustering Method), com algoritmos de UPGMA (Sneath e Sokal 1973). c) Fluxo Gênico O fluxo gênico será estimado de forma indireta, utilizando-se o método de Slatkin (1985b) baseado na freqüência média de alelos encontrados em uma única população, ou seja, na freqüência de alelos raros, menor que 0,05%. 24 CRONOGRAMA (semestral) Semestres Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 2003/1 2003/2 2004/1 X X X X 2004/2 2005/1 X X X X 2005/2 2006/1 2006/2 X X X X X X X X X Nome da Atividade 1) Disciplinas 2) Definição de espécies e áreas de estudo 3) Teste de protocolos de extração de DNA 4) Obtenção dos marcadores moleculares 5) Seleção e marcação dos indivíduos; medição de distâncias entre áreas e coleta de material vegetal 6) Extração de DNA e visualização de polimorfismo 7) Análise de dados 8) Redação de tese 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aldrich, P.R.; Hamrick, J.L.Chavarriaga, P. e Kochert, G. 1998. 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