2222 Trabalho 1418 - 1/4 HPV: CONHECIMENTO E PRÁTICA ENTRE UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE DAL’COMUNE, Amanda1 MADUREIRA, Alexandra Bittencourt2 Os papilomavírus humanos (HPV) são vírus que podem induzir lesões de pele ou mucosa que exibem um crescimento limitado e que geralmente regridem espontaneamente. Atualmente existem mais de 200 subtipos de HPV, entretanto estão relacionados a tumores malignos apenas subtipos de alto risco. Normalmente as infecções clínicas que afetam a região genital são as verrugas genitais ou condilomas acuminados. Entretanto as lesões sub-clínicas não apresentam sintomas, podendo progredir para o câncer do colo do útero caso não sejam tratadas precocemente (BRASIL, 2007a). O HPV vem se destacando como uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, sendo que de cada cinco mulheres uma é portadora do vírus. O Ministério da Saúde tem registrado 137 mil novos casos por ano (BRASIL, 2007b). Diversos fatores parecem estar relacionados à infecção pelo vírus HPV, principalmente aqueles que se referem ao comportamento sexual, incluindo idade da primeira relação sexual, estado marital e número de parceiros ao longo da vida, e ainda aspectos relacionados à situação socioeconômica (NONNENMACHER et al, 2002). No mundo, o câncer de colo de útero é o segundo mais freqüente entre as mulheres. Anualmente surgem aproximadamente 500 mil casos novos, sendo responsáveis por cerca de 230 mil óbitos. A incidência torna-se evidente na faixa etária de 20 a 29 anos, aumentando o risco, rapidamente, na faixa etária dos 45 a 49 anos. Em países menos desenvolvidos sua incidência é cerca de duas vezes maior, se comparada à dos mais desenvolvidos. No Brasil o número de casos esperados para 2008 é de 18.680, com um risco estimado de 19 casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2007c). A incidência de HPV, assim como a de outras DST, é mais elevada nos primeiros anos de atividade sexual, em jovens entre 18 e 28 anos de idade. Há um declínio visível de sua prevalência com a idade, possivelmente devido a aspectos epidemiológicos como provável redução de novos parceiros, transitoriedade da lesão, e desenvolvimento de imunidade a 1 Enfermeira, Graduada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO - [email protected] Enfermeira, Mestre, Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, Membro do Grupo de Pesquisa CuideVita. [email protected], (42) 36298134. 2 2223 Trabalho 1418 - 2/4 alguns tipos de vírus (PEREYRA; PARELLADA, 2005). Tendo em vista esses dados, nota-se que o HPV é um dos grandes problemas da sociedade atual, devido a sua alta prevalência e sua íntima correlação com os processos malignos e lesões precursoras em cérvice uterina. Havendo assim grande necessidade de serem estabelecidas ações preventivas que visem informar a população e assim diminuir os fatores de risco e conseqüentemente a possibilidade de adquirir a doença. Este trabalho objetiva identificar o conhecimento da população universitária, a respeito do HPV e respectivas conseqüências, correlacionando o conhecimento com a prática, com a escolaridade e com a carreira profissional. Trata-se de um estudo quantitativo. A amostra foi selecionada aleatoriamente e composta por 129 acadêmicos do Setor de Ciências da Saúde da UNICENTRO, no campus de Guarapuava – PR, no período letivo de aulas do ano 2008. Foi utilizado um questionário semi-estruturado. Os dados foram tabulados em programa de planilha de textos, tipo Excel, e analisados utilizando-se o programa EPIINFO. A coleta de dados foi realizada somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os resultados obtidos na coleta de dados demonstra que o conhecimento da população universitária a respeito do HPV é limitado em alguns pontos, pois entre os entrevistados 17,1% nunca ouviram falar do vírus; dos que ouviram falar, 40,3% citaram como fonte os meios de comunicação. A defasagem no conhecimento ficou demonstrada através do questionamento sobre o significado da sigla HPV, pois 43,3% dos entrevistados marcaram alternativas incorretas, e sobre sua forma de transmissão 58,1% da amostra a associou de maneira incorreta, considerando como forma de contágio o contato sexual e o sangue. No que se refere à relação do HPV com a neoplasia de câncer cervical verifica-se que os resultados obtidos são preocupantes, pois 62% dos universitários desconhecem tal relação o que pode torná-los mais suscetíveis ao desenvolvimento da doença e também gerar um déficit no repasse de informações fundamentais para o público alvo de suas ações futuras. Várias medidas foram citadas para a prevenção do HPV, sendo as mais freqüentes o uso de preservativos (73,2%), exame preventivo (20,2%) e precaução ao contato com sangue (11%), sendo essa última inadequada para prevenção do vírus, porém está relacionada ao desconhecimento da real forma de transmissão do vírus. Da amostra total, 69% afirmaram que utilizam algum tipo de método preventivo para 2224 Trabalho 1418 - 3/4 DSTs, sendo o método mais utilizado o preservativo (95,5%). As respostas foram praticamente unânimes em afirmar que o exame preventivo é importante. Essa percepção é essencial, pois demonstra o nível de informação dos universitários a respeito dos cuidados necessários para a prevenção e detecção precoce de doenças. Dos respondentes 90,7% afirmaram que o correto é realizar o exame anualmente. Contudo verificou-se que apenas 56,2% das entrevistadas têm o hábito de realizar o exame. Com tais resultados demonstra-se que atualmente a infecção pelo HPV é pouco divulgada se comparada a outras DSTs, como o exemplo do AIDS/HIV. Isso se torna motivo de preocupação, pois o HPV além de ser a DST mais freqüente na população também está intimamente relacionado ao câncer de colo de útero, uma doença potencialmente fatal que atinge grande parcela da população feminina. Sendo assim, fica explícita a necessidade de esforços que gerem maior divulgação da doença, sobretudo sobre as formas de preveni-la, tanto por parte da população em geral, e principalmente pelos profissionais (ou futuros profissionais) de saúde, para que desta maneira possase diminuir a cadeia de transmissão do HPV. Bibliografia BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. HPV - Perguntas e respostas mais freqüentes. 2007a. Disponível em: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp? id=327 Acesso em: 26 Nov 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Especialistas alertam sobre o HPV. 2007b. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22444 Acesso em: 20 Set 2007. BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa/2008 Incidência de Câncer no Brasil. 2007c. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2008/versaofinal.pdf Acesso em: 08 Out 2008. NONNENMACHER, B. et al . Identificação do papilomavírus humano por biologia molecular em mulheres assintomáticas. Rev. Saúde Pública., São Paulo, v.36, n.1, 2002. PEREYRA, G.A.E. ; PARELLADA, C.I. HPV nas Mulheres. In: ROSENBLATT, C. et al. HPV na Prática Clínica. 1.ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 2225 Trabalho 1418 - 4/4 Descritores: Estudantes de Ciências da Saúde; Prevenção de Doenças; HPV; DST.