UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA ÁREA DE PETROLOGIA, METALOGÊNESE E EXPLORAÇÃO MINERAL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO GEOLOGIA E EVOLUÇÃO METALOGENÉTICA DO MINÉRIO DE MANGANÊS DA MINA LAGOA D’ANTA, SUBDISTRITO FERROMANGANESÍFERO DE CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA, BAHIA JOFRE DE OLIVEIRA BORGES Salvador – Bahia JULHO/2012 i Jofre de Oliveira Borges Geólogo (Universidade Federal da Bahia-2008) GEOLOGIA E EVOLUÇÃO METALOGENÉTICA DO MINÉRIO DE MANGANÊS DA MINA LAGOA D’ANTA, SUBDISTRITO FERROMANGANESÍFERO DE CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA, BAHIA Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre na PósGraduação em Geologia da Universidade Federal da Bahia, na área de concentração em Petrologia, Metalogênese e Exploração Mineral. APROVADA EM: 16/07/2012 ii Dedico este trabalho especialmente e com muito amor a minha família. iii AGRADECIMENTOS Neste momento quero dedicar todo o meu contentamento primeiramente a Deus, pois sem ele com certeza nada teria ocorrido. Em especial queria homenagear minha Mãe, Tania Matildes, e meu pai, José Carlos Borges, pois sempre estiveram me incentivando perguntando: Cadê, já acabou o Mestrado? Olha o compromisso que você perante fez a Universidade e aos professores. A minha esposa Ana Luiza, que sempre me estimulou, transmitiu coragem e me aturou quando eu dizia: Ana, hoje eu vou dormir no trabalho; ou então, Ana, este final de semana eu precisarei estudar. Ela sempre entendia e fazia de tudo para eu ir além. Ao meu filho Cauê. Ele acabou nascendo no meado da Dissertação. No início trouxe pânico, mas, graças a Deus, ele só transmite felicidade. Aliás, eu, Cauê e a mina Lagoa D’anta temos um vínculo muito importante. Primeiro, que Lagoa D’anta foi o objeto da minha monografia de graduação, e, agora, Dissertação de Mestrado. Segundo, que nestas visitas à mina eu acabei deixando o cordão umbilical do garoto na mina, ou seja, Jofre, Cauê e Lagoa D’anta agora tem vínculo indissolúvel. Não poderia jamais deixar de prestar os meus agradecimentos a Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz. No início eu gostava, no meio eu odiava, mas no final agradeço muito a tudo que ela me proporcionou. Esta eu posso dizer, é uma mulher pirada, “arretada”, uma pesquisadora de mão cheia, faz muito bem o seu papel. Queria também agradecer as pessoas que me ajudaram na confecção deste trabalho, em especial a Antônio Jorge, professora Angela, Dira, Cristina Brugos, Rita Menezes, Diego Borges, Joice Borges, Caroline Santana, Pintinho, Ana Luiza, tia Zil, Lisáuvaro e demais que, na etapa final, me ajudaram em tudo que poderam para o desfecho desta dissertação. Agradeço em especial Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), sobretudo a Ernesto pela compreensão e paciência. A todos os funcionários da UFBA e também ao incentivo do CNPq que pode colobarar com a bolsa de estudos. iv Resumo A Mina de manganês Lagoa D’anta está posicionada na porção sudoeste do estado da Bahia, Brasil, localizando-se a 670km da capital baiana. Na macroescala a mina encontra-se inserida na porção setentrional do Orógeno Araçuaí, fazendo parte da Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida, provavelmente de idade paleoproterozóica. De acordo com estes estudos pode-se identificar três grupos principais de rochas; rochas encaixantes (formações ferríferas, mármores calcíticos e vulcanitos máficos); rochas hospedeiras ou protominério (mármore dolomítico e rochas calcissilicáticas/carbonato silicato manganesíferos); e, o minério de manganês (minério jacobsítico, lenticular e laterítico). O ambiente deposicional da sequência possivelmente foi marinho plataformal, sendo a fonte dos metais ligada a contribuições de fluidos hidrotermais distais de centros de espraiamentos oceânicos. Durante o Paleo e o Neoproterozoico essas rochas foram polideformadas e metamorfisadas na fácies anfibolito. Do ponto de vista estrutural foi possível hierarquizar quatro fases deformacionais compressionais. A mais antiga, Dn-1, gerou um bandamento e uma xistosidade Sn-1 que foi transposta pela foliação Sn da fase seguinte, Dn. Essas estruturas foram dobradas pela fase Dn+1. A fase compressional seguinte, Dn+2, levou à inversão das estruturas distensionais do aulacógeno do Paramirim, com inversão e reativação de zonas de cisalhamento, dentre elas, a zonas de cisalhamento Carrapato e formação das dobras com orientação NW-SE na mina de Lagoa D’anta. Essa fase pode ser correlacionável com a que foi observada nas rochas do Supergrupo Espinhaço. As fases Dn-1, Dn e Dn+1 possivelmente estão relacionadas com deformações paleoproterozóicas desenvolvidas sob campo de tensão segundo NW-SE, ao passo que as estruturas da fase Dn+2 associam-se com a estruturação do Orógeno Araçuaí com campo de encurtamento segundo WSW-ENE. Processos hipogênicos pós a tardi-tectônicos foram responsáveis por alterações hidrotermais que foram responsáveis pela formação de venulações e bolsões de magnetita, calcita, quartzo e epídoto, que posicionam-se obliquamente com relação a foliação deformacional Sn. Além disso, tem-se o crescimento de porfiroblasto de magnetita. Em seguida, no Terciário, a supergênese levou à maturação de um perfil de solo de aproximadamente 30 m a partir do protominério manganesífero, com reconcentração do manganês e formação de criptomelana, mineral de minério, martita e de alteroplasma silicoso (calcedônia), além de limonita e goethita. Profundas transformações químicas foram verificadas no protominério, que enriqueceu em manganês e em elementos terras raras, dentre outros. Palavra-chave: Mina Lagoa D’anta; Manganês; Metalogênese v Abstract The Lagoa D´anta manganese mine is located in the southwestern part of Bahia State, Brazil, 670 km from the capital of State. In macroscale the mine is inserted in the southern portion of Araçuaí Orogen and it is a part of CaetitéLicínio de Almeida metavolcanosedimentary sequence, of probably Paleoproterozoic age. According to these studies three main groups of rocks can be identified: host rocks (banded iron formations, calciferous marbles and mafic volcanics), host rocks or proto-ore (dolomitic marbles and manganesiferous calcsilicatics) and manganese ore (jacobsite ore, lenticular and lateritic). The depositional environment was possibly shallow marine and the metal´s source related to distal hydrothermal fluids of ocean spreading centers. During Paleo to Neoproterozoic those rocks were polideformed and metamorphosed in amphibolite facies. About structural geology four deformation phases were identified. The older one, Dn-1, generated a compositional banding and a schistosity Sn-1 which was overprinted by Sn foliation of the followed phase, Dn. Those structures were folded by Dn+1 phase. The followed compressional phase, Dn+2, led to the inversion of extensional structures of Paramirim Aulacogen with inversion and reactivation of shear zones, including Carrapato Shear Zone and formation of NW-SEoriented folds of Lagoa D´anta Mine. This phase might be correlated to what was observed in Espinhaço Supergroup rocks. Dn-1, Dn and Dn+1 are possibly related to Paleoproterozoic deformations developed under a NW-SE tension field and Dn+2 structures associate to Araçuaí Orogen in a WSW-ENE shortening field. Late to tardi-tectonic hypogenic processes were responsible for calciferous, ferruginous and siliceous hydrothermal alterations. Those alterations were mainly observed in the macro and microscopic analisys where magnetite, calcite, quartz and epidote veinlets and pockets are present discordantly to Sn foliation. Furthermore there was a growthing of magnetite porphyroblast. In the Tertiary the supergenesis formed a soil profile of about 30 meters from the manganesiferous proto-ore with reconcentration of manganese and formation of cryptomelane, mineral ore, martite and siliceous alteroplasm, furthermore limonite and goethite. Deep chemical transformations were verified in the proto-ore which was enriched in manganese, rare earth elements and other. Keywords: Lagoa D’anta Mine; Manganese; Metalogenesis vi SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS x ÍNDICE DE TABELAS xvi CAPÍTULO 1 – ASPECTOS INICIAIS 1. Introdução ........................................................................................................... 21 1.1. Contextualização do problema ........................................................................ 23 1.2. Objetivos ......................................................................................................... 24 1.3. Localização da área de trabalho...................................................................... 24 1.4. Justificativa ...................................................................................................... 26 1.5. Método de Trabalho ........................................................................................ 26 1.5.1. Levantamento Bibliográfico................................................................................... 26 1.5.2. Trabalhos de campo .............................................................................................. 26 1.5.3. Estudos Petrológicos e Microestruturais ............................................................. 29 1.5.4. Estudos Geoquímicos ........................................................................................... 29 1.5.5. Estudos de Química Mineral................................................................................. 29 1.5.6. Estudos de Difratometria de Raio-X .................................................................... 30 1.6. Organização da Dissertação ........................................................................... 30 CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL 2. Geologia Regional .............................................................................................. 31 2.1Unidades Litoestratigráficas.................................................................................. 32 2.1.1 Arqueano Orosiriano........................................................................................ 32 a)Ortognaisses, Migmatitos e Granulitos................................................................... 32 b)Seqüências Metavulcanossedimentares................................................................ 33 c) Plutônicas félsicas riaciano-orosirianas................................................................. 34 2.1.2 Estateriano........................................................................................................ 35 a) Plutônicas Félsicas................................................................................................ 36 2.1.3 Caliminiano-Toniano......................................................................................... 36 a) Plutônicas Máficas................................................................................................. 36 b) Supergrupo Espinhaço.......................................................................................... 36 c) Supergrupo São Francisco.................................................................................... 43 2.2 Evolução Tectônica............................................................................................. 44 CAPÍTULO 3 - PROCESSOS FORMADORES E METAMORFISMO DE DEPÓSITOS DE MANGANÊS 3. Processos Formadores e Metamorfismo de Depósitos de Manganês ................ 48 3.1Introdução...............................................................................................................48 3.2 Comportamento Geoquímico do Manganês em ambiente exógeno.....................50 vii 3.3 Processos Primários Formadores de Depósitos de Manganês............................54 3.3.1 Processo Hidrotermal Singenético......................................................................57 3.3.2 Processo Sedimentar..........................................................................................61 3.4 Processos Secundários Enriquecedores de Depósitos de Manganês.................64 3.4.1 Processo Supergênico........................................................................................64 3.4.2 Processo Hipogênico..........................................................................................74 3.5 Metamorfismo de Depósitos de Manganês...........................................................75 CAPÍTULO 4 FORMAÇÕES - GEOLOGIA E EVOLUÇÃO MANGANESÍFERAS METALOGENÉTICA DA DAS SEQÜÊNCIA METAVULCANOSEDIMENTAR CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA: O EXEMPLO DA MINA LAGOA D'ANTA, BAHIA, BRASIL 4. Introdução e Geologia Regional ......................................................................... 88 4.1. Os Depósitos de manganes e ferro na seqüência metavulcanossedimentar Caetité- Licínio de Almeida: trabalhos anteriores e histórico de exploração. ............................................................................................ 93 4.2. Geologia da mina Lagoa D’anta ...................................................................... 97 a) Rochas encaixantes da mineralização manganesífera.........................................102 (i) Formações Ferríferas .................................................................................... 102 (ii) Rochas metamáficas ..................................................................................... 112 (iii) Mármores calcíticos e dolomíticos ................................................................. 121 b) Protominério da mineralização manganesífera.....................................................124 (i) Mármores manganodolomíticos e rochas calcissilicáticas manganesíferas .. 124 c) Minério Manganesífero...........................................................................................131 (i) Minério jacobsítico metamórfico lenticular ..................................................... 135 (ii) Minério Residual Lenticular ........................................................................... 135 (iii) Minério Laterítico Brechóide tipo Canga ........................................................ 136 4.3. Litogeoquímica .............................................................................................. 136 a) Rochas encaixantes da mineralização manganesífera.........................................136 (i) Formações Ferríferas .................................................................................... 136 (ii) Mármores calcíticos e dolomíticos ................................................................. 148 b) Protominério manganesífero..................................................................................150 (i) Mármores manganodolomíticos e rochas calcissilicáticas manganesíferas .. 150 a) Minério Manganesífero...........................................................................................151 (i) Minério jacobsítico ......................................................................................... 151 (ii) Minério lenticular ........................................................................................... 152 4.4. (i) Discussão dos Resultados e Modelo de Evolução Metalogenética ............... 158 Fase da evolução da Bacia Sedimentar ........................................................ 159 (ii) Fase de deformação e metamorfismo ........................................................... 161 viii (iii) Fase de alteração hipogênica........................................................................ 161 (iv) Fase de alteração supergênica ..................................................................... 162 CAPÍTULO 5 - ARCABOUÇO ESTRTURAL DAS ROCHAS DO DISTRITO FERROMANGANESÍFERO CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA NA MINA LAGOA D'ANTA, BAHIA, BRASIL 5. Introdução ......................................................................................................... 166 5.1 Contexto Geológico Regional............................................................................ 171 5.2 Geologia da Mina Lagoa D'anta......................................................................... 177 5.2.1 Unidades Identificadas.................................................................................... 177 5.3 Arcabouço Estrutural..........................................................................................181 (i) Caracterização das estruturas ....................................................................... 181 (ii) Fases deformacionais na Mina de Lagoa D’anta e correlações regionais ..... 184 5.5 Conclusões...........................................................................................................187 CAPÍTULO 6 6.1 Conclusões........................................................................................................ 189 Referênciais............................................................................................................ 192 ix ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1: a) Mapa do Brasil indicando a localização do Cráton do São Francisco; b) Mapa tectônico simplificado da porção leste do Brasil, enfatizando o Cráton do São Francisco, o Aulacógeno do Paramirim, o Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional (ES), Chapada Diamantina (CD) e Orógeno Araçuaí, porção brasileira do Orógeno AraçuaíOeste Congo. Fonte: (Cruz 2004). 22 Figura 1.2: Mapa de situação (a) e localização da Mina Lagoa D’anta (b). Fonte: SEI (2003). 25 Figura 1.3: Mapa Topográfico da Mina Lagoa D’anta com a localização dos furos de sonda. 27 Figura 2.1: O Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; C: Cabinda; S: Salvador (Brasil). No quadrado em vermelho observa-se a área de estudo. Fonte: Alkmim et al. (2007). 32 Figura 2.2: Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte: Modificado de Silva & Cunha (1999). O quadrado branco compreende área deste estudo. 34 Figura 2.3: Coluna estratigráfica resumida com os principais compartimentos litoestratigráficos, ambiente tectônico e deposicional do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina. Fonte: Guimarães et al. (2005). 37 Figura 2.4: Coluna estratigráfica esquemática da bacia do Espinhaço Setentrional, mostrando os principais sistemas deposicionais e os ambientes tectônicos. Legenda: 1 a 3 – Estratificação cruzada: 1 Acanalada, pequeno porte; 2 –Acanalada, grande porte; 3-Hummocky; 4-Laminação plano-paralela; 5 –Laminação plano-paralela com marcas onduladas; 6 –Formação ferromanganesífera do embasamento. Modelos deposicionais: A - Ambiente marinho profundo (possível talude), com lobos turbidíticos; B-Ambiente litorâneo (shoreface). Com tempestades; C- Ambiente continental fluvioeólico; D - Plataforma marinha rasa. Fonte: Rocha et. al.(1998). 40 Figura 2.5: Coluna estratigráfica sintética das unidades litoestratigráficas sugeridas por Loureiro et al. (2010). 42 Figura 2.6: Modelo de interação entre o Aulacógeno do Paramirim e Orógeno Araçuaí, proposto por Cruz & Alkmim (2006). 47 x Figura 3.1: Esquema simplificado mostrando a mobilidade relativa dos elementos em soluções aquosas em ambiente superficial com base no potencial iônico (carga iônica/raio iônico). Modificado de Leeder, 1999). 51 Figura 3.2: Diagrama Eh versus pH mostrando o campo de estabilidade em meio aquoso de alguns minerais de manganês em temperatura de 25°C, pressão total de 1bar e molaridade do manganês igual a 10-6. Modificado e traduzido de Krauskopf & Bird (1995). 53 Figura 3.3: Campo de estabilidade do manganês em função das condições de pH e Eh a temperatura 25°C, pressão 1 atm, no sistema Mn-SCO2.H2O Modificado de Hem (1972). 53 Figura 3.4: Solubilidade da sílica e do alumínio em função do pH (modificado de Raiswell et.al., 1980). 54 Figura 3.5: Distribuição dos depósitos de manganês no tempo geológico. Observa-se que aproximadamente entre 2.5 e 1.9 Ga é o período em que se concentraram grandes quantidades dos depósitos de manganês no mundo. Modificado de Veizer et al. (1989). 56 Figura 3.6: Modelo ilustrativo explicando a formação de depósitos de ferro e manganês do tipo hidrotermal-singenético através da interação da água do mar e basaltos dos centros de espraiamanto dorsais gerando fumarolas ricas nestes metais. Modificado de Roy (1981). 59 Figura 3.7: Padrão dos Elementos do grupo Terras Raras das bandas de chert (gráfico a, número 4) e bandas de hematita (gráfico b, número 5) comparado com: 1) Água hidrotermal x 104, média de três análises de fluidos hidrotermais x 104 (Klinkhammer et al. 1994), 2) Média da água do mar x 106, dados de Goldstein & Jacobsen (1988); 3) Sistema fluido hidrotermal/água do mar, em uma razão de 1:1000. Todos os dados estão normalizados segundo o padrão NASC (North American Shale Composite, definido por Gromet et. al, 1984). Modificado de Khan (1996). 61 Figura 3.8: Esboço metalogenético simplificado do depósito de manganês sedimentar vulcanogênico do sul da Finlândia, proposto por Mancini et al. (2000). 64 Figura 3.9: Relação da intensidade de intemperismo nas diferentes condições climáticas. Modificado de Toledo et. al. (2000). 66 Figura 3.10: Influencia da topografia na intensidade do intemperismo. Em A o perfil intempérico é maduro, B moderadamente maduro e C imaturo. Extraído de Toledo et. al. (2000). 66 Figura 3.11: Exemplo de formação de pseudomorfose a partir de grãos de olivina. a: grão de olivina em estágio preliminar de alteração, cristalização da esmectita em lamelas orientadas ao longo de fissuras do mineral primário; b: xi alteração progressiva da olivina em hidróxidos de ferro. Os resíduos são irregulares e denticulados separados das paredes ferruginosas por espaços vazios em estrutura box work; c: estágio mais evoluído de alteração evoluído da olivina formando material férrico silicoso. 68 Figura 3.12: Perfil laterítico simplificado para o depósito de manganês do Azul, Carajás. Extraído de Costa et. al. (2006). 70 Figura 3.13: Seção geológica do depósito de manganês de Janggun, Coréia. Note o formato errático da mineralização, sua profundidade, além da associação do minério com o protominério quelusítico. Modificado e traduzido de Varentsov (1996). 72 Figura 3.14: Transformação de óxidos e carbonatos de manganês com o aumento da temperatura. Fonte: Roy (1981). 76 Figura 3.15: Diagrama T versus logfO2 mostrando a relação de fases no sistema Mn-C-Si-O a pressão constante de 2kbars. A grade petrogenética é baseada em dados experimentais de Muan (1959a), Huebner (1967) e Peters et. al. (1973). Figura extraída de Peters et. al. (1974). 78 Figura 3.16: Grade petrogenética para o sistema Mn-Fe-Si-C-O, contendo logfO2 na ordenada e temperatura na abscissa, sob condições de pressão constante (1kbar). Abreviações: Br: braunita, Bx: bixbyita, Hm: hematita, Hs: hausmanita, Jb: jacobsita; Qtz: quartzo, Rdh: rodocrosita. Modificado de Dasgupta et. al. (1989). 81 Figura 3.17: Grade petrogenética para o sistema Mn-Fe-Si-C-O, contendo logfO2 na ordenada e temperatura na abscissa, sob condições de pressão constante (5kbar). Abreviações: Br: braunita, Hm: hematita, Hs: hausmanita, Jb: jacobsita; Qtz: quartzo, Rdh: rodocrosita. Modificado de Dasgupta et. al. (1989). 81 Figura 3.18: Estabilidade relativa de fases mineralógicas comuns em formações ferríferas em função das zonas metamórficas. Modificado de Klein (1983). 85 Figura 3.19: Diagrama esquemático mostrando algumas mudanças nas associações minerais no sistema FeO-MgO-CaO-SiO2-H2O com o avançar do metamorfismo. O quartzo está presente em todas associações e, H2O e CO2 são considerados como componentes perfeitamente móveis. A: Associações minerais não metamorfisadas de formações ferríferas a base de quartzo e carbonato. B: Condições de metamorfismo médio (zona da estaurolita-cianita) das assembléias anteriores. Muitas assembléias contém magnetita como fase adicional, e hematita pode estar presente na maioria dos constituintes rico em Mg. 86 xii Figura 4.1: O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstituído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; c: Cabinda; S: Salvador (Brasil). Fonte: Modificado de Alkmim et al. (2007). 90 Figura 4.2: Mapa da porção Setentrional do Orógeno Araçuaí com os principais traços estruturais. Es-Cinturão de dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, CD- Cinturão de dobramentos e Cavalgamentos da Chapada Diamantina, SRP-Saliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí), SG-Serra Geral. Zonas de cisalhamento: 1-Santo Onofre, 2-Muquém, 3-Carrapato, 4-São Timóteo, 5-Iguatemi, 6-Paramirim, 7-Brumado-Malhada de Pedras, 8Cristalândia, 9-Barra do Mendes-João Correia. Os retângulos em preto e vermelho, respectivamente, correspondem as áreas das figuras 4.3 e 4.4. Modificado de Cruz (2004). 91 Figura 4.3: Mapa geológico regional com a localização da Mina Lagoa D’anta. Modificado de Cruz et al. (2009). 92 Figura 4.4: Localização das minas do distrito Ferromanganesífero de UrandiLicinio de Almeida. Modificado de Rocha et al. (1998). Em verde esta destacada a mina Lagoa D’anta. 93 Figura 4.5: Mapa Geológico da Mina Lagoa D’anta. Fonte: Borges (2012). 99 Figura 4.6: Seções de cinco furos de sonda da Mina Lagoa D’anta. A localização dos furos de sonda encontra-se na figura 1.3 (p. 7, cap. 1, item 1.6.2). 100 Figura 4.7: Perfil de solo simplificado gerado a partir do protominério manganesífero composto para a Mina Lagoa D’anta. 101 Figura 4.8: Aspectos macroscópicos das formações ferríferas da Mina Lagoa D’anta. 103 Figura 4.9:Fotomicrografias das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta105 Figura4.10:Fotomicrografias das formações ferríferas d mina Lagoa D’anta106 Figura 4.11: Fotomicrografias das formações ferríferas da mina de Lagoa D’anta. 108 Figura 4.12: Classificação dos anfibólios das formações ferríferas de acordo com a classificação de Leake et al. (1997) utilizando o programa Amphical (Yavuz, 1998). 110 Figura 4.13: Paragêneses minerais relacionadas com os processos metamórficos, hidrotermais e supergênicos das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta. 112 xiii Figura 4.14: Fotografias das rochas metamáficas de furos de sondagem. 113 Figura 4.15: Fotomicrografias das rochas metamáficas da Mina Lagoa D’anta. 114 Figura 4.16: Fotomicrografias das rochas metamáficas da mina de Lagoa D’anta. 115 Figura 4.17: Paragêneses minerais relacionadas com os processos metamórficos, hidrotermais e supergênicos nas rochas metamáficas da mina Lagoa D’anta. 116 Figura 4.18: Classificação de alguns anfibólios das rochas metamáficas de acordo com Leake et al. (1997) e utilizando o programa Amphical (Yavuz, 1998). 118 Figura 4.19: Classificação do plagioclásio nas rochas metamáficas. 120 Figura 4.20: Fotografia e fotomicrografia do mármore calcítico. 122 Figura 4.21: Discriminação das paragêneses metamórfica, hipogênica e supergênica dos mármores calcíticos e dolomíticos. 123 Figura 4.22: Fotografias dos mármores manganesíferos do protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. 124 Figura 4.23: Fotomicrografias dos mármores protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. manganodolomíticos, 126 Figura 4.24: Fotomicrografias dos mármores protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. manganodolomíticos, 129 Figura 4.25: Discriminação das paragêneses metamórfica, hipogênica e supergênica do protominério manganesífero da mina Lagoa D’anta. 131 Figura 4.26: Fotografias dos minérios de manganês da Mina Lagoa D’anta.132 Figura 4.27: Fotomicrografias dos minérios de manganês da mina Lagoa D’anta 133 Figura 4.28: Conteúdo MgO, CaO e MnO nas formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta e os conteúdos modais (%) de cummingtonita (azul), calcita (vermelho) e óxido de manganês (verde) observados na descrição macro e microscópica. Para as amostras coletadas no open pit da mina e nos furos de sondagem. Abreviação: N.d. – não identificado. 139 Figura 4.29: Comparação do padrão de distribuição dos elementos maiores das formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta e dos itabiritos anfibolíticos do Grupo Itabira, tipo Lago Superior (Veríssimo, 1999). As xiv formações ferríferas que não apresentam veios de calcita estão em laranja e as que apresentam esse mineral em verde. O padrão do Grupo Itabira é apresentado em vermelho. 139 Figura 4.30: Distribuição dos elementos traços das amostras de formações ferríferas sem e com veios de calcita (em laranja e verde, respectivamente) da mina Lagoa D’anta. 142 Figura 4.31: Distribuição dos elementos traços das amostras de formações ferríferas bandadas com e sem veios de calcita (verde e laranja, respectivamente) da mina Lagoa D’anta comparado com formação ferrífera de facies silicato do tipo Lago Superior (azul) de Gross & Macleod (1980) e tipo Algoma (vermelho) Dymek & Klein (1988). Todas as amostras foram normalizadas por PAAS (Post Archean American Shale Mclennan et al. (1989).143 Figura 4.32: Distribuição dos elementos Terras Raras para amostras de formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta e equivalentes das formações ferríferas do tipo Algoma (em vermelho) de Isua, Shimizu et al. (1990) e do tipo Lago Superior (azul) do Grupo Itabira, Quadrilátero FerríferoMG (Veríssimo et al. 2002) e para as formações ferríferas de Brockman (azul), Austrália Derry & Jacobsen (1990). Em a) gráfico com todas as amostras estudadas (verde - amostras com veios de calcita; laranja – amostras sem veios de calcita; b) gráfico das amostras com baixo teor em MgO e sem veios de calcita (vide tabela 4.11); c) gráfico das amostras com teor elevado em MgO (lilás) e/ou com veios de calcita (em verde). Todas as amostras encontram-se normalizadas pelo PAAS (Mclennan et al. 1989). 146 Figura 4.33: Distribuição dos elementos REE das amostras de carbonatos dolomíticos de Lagoa D’anta. Os dados estão normalizados pelo PAAS (Mclennan et al. 1989). 149 Figura 4.34: Elementos Terras Raras do protominério manganesífero de Lagoa D’anta. 151 Figura 4.35: Comparação das análises químicas para elementos maiores entre o minério de manganês lenticular (em roxo) normalizado para amostra J-LD58, protominério de manganês da mina Lagoa D’anta. Os valores são expressos em porcentagem. 155 Figura 4.36: Padrão dos elementos traço da Mina Lagoa normalizado para a amostra J-LD58 (protominério de manganês da mina Lagoa D’anta). 156 Figura 4.37: Padrão dos elementos Terras Rara normalizados para o folhelho de PAAS (Mclennan et al. 1989). A linha azul claro é do protominério (J-LD58) e as roxas são dos minérios de manganês lenticular. 157 xv Figura 4.38: Gráfico de Si x Al do minério de manganês da Mina Lagoa D’anta, indicando a contribuição de água meteórica para os fluidos mineralizantes do minério manganesífero. A partir de de Choi & Hariya (1992). 157 Figura 4.39: Modelo proposto de evolução metalogenética do depósito de manganês da mina Lagoa D’anta 160 Figura 4.40: Modelo de evolução micromorfológico proposto para explicar a alteração supergênica do protominério manganês da mina Lagoa D’anta. 164 Figura 5.1: O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil. Fonte: Modificado de Alkmim et. al.(2007). 168 Figura 5.2: Mapa da porção Setentrional do Orógeno Araçuaí com os principais traços estruturais. ES- Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, CD- Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Chapada Diamantina, SRP- Saliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí). Zonas de cisalhamento: 1- Santo Onofre, 2- Muquém, 3- Carrapato, 4- São Timóteo, 5Iguatemi, 6- Paramirim, 7- Brumado-Malhada de Pedras, 8- Cristalândia, 9Barra do Mendes- João Correia. Modificado de Cruz (2004). 169 Figura 5.3: Localização das minas de manganês na Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida no Distrito FerroManganesífero Caetité-Licínio de Almeida. Modificado de Rocha (1991). 170 Figura 5.4: Mapa geológico do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional a sul da cidade de Caetité. A seta azul indica a localização da Mina Lagoa Danta. Modificado de Cruz et al. (2009). 172 Figura 5.5 : Mapa de lineamentos estruturais da região da Mina Lagoa D’anta. Extraído a partir de Cruz et al. (2009) . 176 Figura 5.6: Seção geológica da área de estudo, com posicionamento estrutural da mina de Lagoa D’anta no Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional. A localização da seção está apresentada na figura 5. 5. 177 Figura 5.7: Mapa geológico da mina Lagoa D’anta. 179 Figura 5.8: Distribuição das unidades da Mina de Lagoa D’anta em furos de sondagem. Notar a presença de dobras parasíticas da fase Dn+1. 180 Figura 5.9: Unidades cartografadas na mina Lagoa D’anta: a) itabirito; b) magnetita-espessartita- mármore; c) rocha metamáfica (amostras J-LD26 furo de sondagem LDDFS038); d) minério de manganês lenticular pulverulento; e) alteroplasma silicoso. 181 xvi Figura 5.10: Estruturas deformacionais da Mina Lagoa D’anta: a) dobra isoclinal intrafolial sem raiz envolvendo a Sn-1; b) bandamento composicional, nesse caso marcado pela alternância de níveis ricos em cummingtonita xisto, máficas (nível escuro) e mármores manganodolomítico (nível claro)-amostra JLD12, furo de sondagem LDDFS038; c) boudin simétrico de veio de quartzo em espessartita-tremolita mármore manganodolomítico; d, e) dobras assimétricas parasítica em furo de sondagem (amostra J-LD65, furo de sondagem LDDFS090) e em afloramento, respectivamente; f) dobra simétrica parasítica em afloramento. Em todos os casos, visada em seção. 183 Figura 5.11: Representação estereográfica das estruturas cartografadas na Mina de Lagoa D’anta. a) Diagrama de isodensidade polar dos planos da foliação (Sn); b) diagrama de isodensidade para a lineação de estiramento mineral (Lxn); c) diagrama de isodensidade para a linha de charneira (Lbn). Hemisfério Inferior, diagrama de igual área. N= número de medidas. 184 Figura 5.12: a) Veios de calcita e magnetita em rocha máfica (amostra J-LD62, furo de sondagem LDDFS039); b) veios de calcita e magnetita em rocha máfica (amostra J-LD26, furo de sondagem LDDFS038). 185 Figura 5.13: Modelo deformacional proposto para mina Lagoa D’anta e correlação regional. 186 xvii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1.1: Detalhe do posicionamento de cada amostra selecionada em cada furo de sonda apresentando o tipo de análise realizada em cada amostra. 28 Tabela 2.1: Empilhamento estratigráfico para o Espinhaço Setentrional. Fonte: Danderfer-Filho (2000). 41 Tabela 3.1: Principais minerais de manganês e sua fórmula química Modificado de Roy (1981).*indica os minerais comumente presente no perfil de alteração laterítica. 49 Tabela 3.2: Resumo de alguns íons e seus potenciais iônicos (Z/r), sendo Z a carga iônica e r o raio iônico dos íons. Modificado de Mason (1971). 50 Tabela 3.3: Demonstração dos valores médios de pH nos diferentes meios aquosos. Modificado de Mason (1971). 54 Tabela 3.4: Evolução físico-química da atmosfera e hidrosfera durante o Precambriano. Modificado e traduzido de Kasting (1978). 55 Tabela 3.5: Distribuição dos principais depósitos de manganês no Tempo Geológico. Notar a abundância destes depósitos a partir do inicio do Paleoproterozóico. Extraído de Roy (2006). 56 Tabela 3.6: Depósitos de manganês hidrotermal-singenéticos recentes formados por centros vulcânicos submarinos e fumarolas. Modificado de Roy (1981). 58 Tabela 3.7: Análise química total do dolomito inalterado e das rochas do depósito de Manganês residual de Graskop, África do Sul. Modificado de Hawker & Thompson (1988). 71 Tabela 3.8: Comparação composicional de análise química dos principais elementos do minério de manganês sedimentar de baixo teor (Wessels Ore) e o minério hidrotermal de alto (Mamatwan Ore). Extraído de Gutzmer & Beukes (1995). 75 Tabela 3.9: Associação mineral metamórfica de minerais ricos em manganês em diferentes partes do mundo. Fonte: Dasgupta et. al. (1989). Abreviações: Br: braunita, Holl: hollandita, Bx: bixbyta, Hm: hematita, Qz, quartzo, Hs:hausmanita, Py: pirita, Jb: jacobsita, Vr: vredenburgita, Rdh: rodocrosita, Rdn: rodonita, Pxm: piroximangita, Kut: kutnahorita 80 xviii Tabela 3.10: Principais minerais metamórficos que ocorrem associados a depósitos manganesíferos, resumo da relação mineral com temperatura com referencia. 87 Tabela 4.1: Síntese dos minerais constituintes das formações ferríferas. Todas as amostras apresentadas são do furo de sondagem LDDFS038. 104 Tabela 4.2: Síntese dos minerais constituintes das rochas metamáficas. 109 Tabela 4.3: Síntese dos minerais constituintes das rochas metamáficas. 113 Tabela 4.4: Síntese dos dados de microssonda eletrônica em grãos de anfibólio que constituem as rochas metamáficas. Dados organizados a partir do programa Amphical (Yavuz, 1998). A amostra J-LD51 é do furo de sondagem LDDFS 037. 119 Tabela 4.5: Síntese dos minerais constituintes dos mármores calcíticos e dolomíticos. 123 Tabela 4.6: Fórmula estrutural dos carbonatos dos mármores calcíticos e dolomíticos da Mina Lagoa D’anta. A amostra J-LD 35 é do furo de sondagem LDDFS 038. 123 Tabela 4.7: Resumo dos minerais manganodolomíticos da Mina Lagoa D’anta. constituintes dos mármores 125 Tabela 4.8: Análise microquímica obtida em microssonda eletrônica para elementos maiores dos carbonatos, granadas e anfibólio dos litotipos do protominério. 127 Tabela 4.9: Fórmula estrutural dos mármores manganodolomíticos da Mina Lagoa D’anta. Todas as amostras apresentadas são do furo de sondagem LDDFS039. 127 Tabela 4.10: Tipos de minério presentes no depósito de manganês da mina de Lagoa D’anta 134 Tabela 4.11: Análise microquímica obtida em microssonda eletrônica para elementos maiores dos minerais de jacobsita encontrados no minério jacobsítico metamórfico lenticular. A amostra apresentada é do furo de sondagem LDDFS039. 135 Tabela 4.12: Análises químicas para elementos maiores das formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta, do Grupo Itabira-Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. 138 Tabela 4.13: Análises químicas para elementos traços das formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta. Os teores disponibilizados estão em ppm. 140 xix Tabela 4.14: Análises químicas para elementos Terras Raras formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta. Os teores disponibilizados estão em ppm. 145 Tabela 4.15: Cálculo das razões de európio, lantânio, samário, gadolínio e lutércio normalizadas pelo PAAS (Mclennan et al. 1989) para amostras de formação ferríferas da mina Lagoa D’anta. 147 Tabela 4.16: Análises químicas para elementos maiores dos mármores calcíticos e dolomítico. 148 Tabela 4.17: Análises químicas para os elementos Terras Raras em amostras de mármores calcíticos e dolomíticos de Lagoa D’anta. 149 Tabela 4.18: Análise química dos elementos maiores do protominério de manganês da Mina Lagoa d’anta. 150 Tabela 4.19: Elementos Terras Raras do protominério manganesífero de Lagoa D’anta. 151 Tabela 4.20: Litogeoquímica do minério de manganês jacobsítico. As amostras apresentadas são de afloramento coletadas no open pit da mina. 152 Tabela 4.21: Litogeoquímica do minério de manganês lenticular da Mina Lagoa D’anta. As amostras apresentadas foram coletadas no opent pit na mina. 152 Tabela 4.22: Análises químicas para elementos traços de amostras do minério de manganês lenticular. As amostras apresentadas foram coletadas do open pit da mina Lagoa D’anta. 154 Tabela 4.23: Análises químicas para elementos Terras Raras para amostras do minério de manganês lenticular. As amostras apresentadas foram coletadas do open pit da mina Lagoa D’anta. 154 Tabela 5.1: Correlação estrutural entre as estruturas deformacionais identificadas na Mina Lagoa D’anta e aquelas descritas no Complexo Santa Isabel por Medeiros et al. (submetido). 175 xx CAPÍTULO 1 1. Introdução Localizado na porção sudoeste do Estado da Bahia (Fig. 1.1), o Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional compreende ortognaisses, migmatitos e granitoides do Bloco Gavião (sensu Barbosa & Sabaté 2002), considerado como embasamento do cinturão, rochas plutônicas ácidas de 1.75 Ga da Suíte intrusiva Lagoa Real, rochas básicas de 1.5 Ga e 0.8 Ga e um conjunto de rochas terrígenas e marinhas dos supergrupos Espinhaço e São Francisco, respectivamente, de idade paleo e neoproterozóica. Juntamente com a região compreendida entre as serras do Espinhaço Setentrional e Palma de Monte Alto, onde aflora a sequencia Metavulcanossedimentar Urandi (Figueiredo, 2009), esse cinturão integra a porção sudoeste do Corredor do Paramirim (Alkmim et al. 1993) que foi envolvida em deformações neoproterozóicas (Cruz & Alkmim 2006, Alkmim et al. 2007, Pedrosa Soares et al. 2007) (Fig. 1.1). A porção sul do Corredor do Paramirim, que está inserida no domínio setentrional do Orógeno Araçuaí (Cruz & Alkmim 2006, Alkmim et al. 2007), vem se destacando no cenário geológico nacional pelas recentes descobertas de depósitos de ferro e pela explotação de manganês desde meados do século passado (Fig. 1.2). Tais depósitos e minas encontram-se relacionados com sequências metavulcanossedimentares e metassedimentares do Bloco Gavião (Silva & Cunha 1999, Delgado et al. 2003). Em especial, destacam-se as unidades do Distrito Ferro-manganesífero Urandi-Licínio de Almeida (Rocha et al. 1998), cujo posicionamento estratigráfico ainda é motivo de controvérsia. 21 Para Moraes et al. (1980), Silva & Cunha (1999) e Delgado et al. (2003), as unidades que hospedam as jazidas de ferro e manganês do distrito em questão devem ser agrupadas em uma única sequência, denominado de Complexo Urandi-Licínio de Almeida, ao passo que Rocha (1990, 1991), Barbosa & Domingues (1996) e Rocha et al. (1998) consideram a existência de duas unidades distintas, denominadas de Formação Tauape, que representa uma seqüência do embasamento do Corredor de Deformação do Paramirim, e da Formação Mosquito (Grupo Borda Leste), que, de acordo com os autores, trata-se da unidade basal do Supergrupo Espinhaço no Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos da Serra do Espinhaço Setentrional. Silva e Cunha (1999), por outro lado, individualizaram as sequencias sedimentares Urandi-Licínio de Almeida. Recentemente Cruz et al. (2009) encontraram rochas metavulcânicas máficas nas unidades do complexo Urandi-Licínio de Almeida localizados na borda leste da serra do Espinhaço Setentrional levando-os a classificá-las como uma sequencia metavulcanossedimentar. Figura 2.1: a) Mapa do Brasil indicando a localização do Cráton do São Francisco; b) Mapa tectônico simplificado da porção leste do Brasil, enfatizando o Cráton do São Francisco, o Aulacógeno do Paramirim, o Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional (ES), Chapada Diamantina (CD) e Orógeno Araçuaí, porção brasileira do Orógeno Araçuaí-Oeste Congo. Fonte: Cruz (2004). 22 No distrito Urandi-Licínio de Almeida já foram reconhecidas mais de três dezenas de jazidas que foram lavradas ao longo dos últimos 50 anos. Este trabalho pretende contribuir com o entendimento da evolução geológica e metalogenética do subdistrito Licínio de Almeida focando, em especial, na jazida de manganês da Mina Lagoa D’anta principal local de extração de manganês do Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos da Serra do Espinhaço Setentrional, no sudoeste da Bahia. 1.1. Contextualização do problema Os depósitos de manganês do Distrito Ferromanganesífero UrandiLicinio de Almeida vêm sendo explorados de minas a céu aberto e em garimpos, podendo ser reconhecidos corpos associados a rochas metassedimentares estratificadas que foram metamorfisadas (secundário) no curso da evolução geológica da área. Além disso, depósitos coluvionares (secundários) integram o distrito e estes também vêm sendo alvo da exploração mineral. Os depósitos e jazidas de ferro neste distrito são novidade e também ocorrem relacionados com rochas vulcanossedimentares. A principal controvérsia que envolve os depósitos primários está relacionada com o seu posicionamento estratigráfico e com o seu significado geológico. Além disso, pouco se sabe sobre a evolução metamórfica e estrutural do minério de manganês e das suas encaixantes imediatas, assim como dos processos metalogenéticos associados com a formação das jazidas. Desta forma, a Mina Lagoa D’anta, neste momento inativa, torna-se um laboratório natural para contribuir com a solução de tais controvérsias. Assim, diante do exposto surgem as seguintes questões: (i) qual a tipologia dos protominérios de manganês da mina Lagoa D’anta? (ii) Quais as características petrológicas e estruturais dessas rochas? (iii) Quais as características geoquímicas do minério de manganês e suas encaixantes imediatas? (iv) Qual a mineralogia e minerais de minério de manganês da mina estudada? (v) Quais os processos de metalogenéticos que atuaram para a concentração do manganês? 23 1.2. Objetivos Este trabalho tem como objetivo geral contribuir com o entendimento dos aspectos geológicos e metalogenéticos das rochas que hospedam e encaixam a mineralização de manganês na Mina Lagoa D’anta. Como objetivos específicos, têm-se: a) Realizar o mapeamento geológico Mina; b) Caracterizar do ponto de vista petrográfico e geoquímico a faciologia do minério e do protominério, bem como de suas encaixantes; c) Proceder ao levantamento do arcabouço estrutural da Mina; d) Propor um modelo de evolução geológica e metalogenética para a área de estudo. 1.3. Localização da área de trabalho A área de trabalho localiza-se na porção sudoeste do Estado da Bahia. A cidade de Caetité corresponde à sede da área pesquisada, estando distante cerca de 654 km de Salvador. O acesso, a partir da capital do estado, é feito inicialmente pela BR-324, passando por Feira de Santana. Nesta localidade, toma-se a BR-116, passando por Maracás, e posteriormente a BR-030, nas proximidades da cidade de Tanhaçu, seguindo até Caetité. Uma outra opção de acesso até a sede da área de trabalho é partindo de Salvador a Santo Antônio de Jesus, pela BR-101. Desta localidade segue-se na mesma rodovia até o entroncamento com a BR-420. Desta última rodovia, segue-se até o seu entrocamento com a BA-250 indo em direção a Santa Inês, passando em seguida pelos municípios de Jaguaquara e Maracás. Da sede de Maracás o itinerário igual à primeira opção sugerida (Fig. 1.2). 24 Figura 1.2: Mapa de situação (a) e localização da Mina Lagoa D’anta (b). Fonte: SEI (2003). 25 1.4. Justificativa O Distrito Ferro-manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida constitui-se como um importante domínio metalogenético do Estado da Bahia. Até o momento, pouco se sabe a cerca da faciologia dos seus depósitos e jazidas e muitas controvérsias existem sobre e evolução geológica. Alguns modelos já foram aventados para explicar o posicionamento geológico das unidades que hospedam as formações ferro-manganesíferas, mas todos carecem de um estudo científico que permita responder às principais questões anteriormente levantadas nessa dissertação. Entender o significado e a evolução geológica das rochas da Mina Lagoa D’anta implica em colaborar com o estudo da evolução tectônica e metalogenética desse setor do Corredor do Paramirim. 1.5. Método de Trabalho Para atingir os objetivos propostos, foram realizadas as atividades apresentadas a seguir. 1.5.1. Levantamento Bibliográfico Para a realização da pesquisa foram consultados artigos, livros, projetos institucionais, resumos de congressos que tratem da área de trabalho e do tema de estudo. 1.5.2. Trabalhos de campo Os trabalhos de campo foram realizados durante 29 dias efetivos durante os quais foram realizados perfis regionais e o mapeamento geológico da mina (Fig. 1.3). Os perfis regionais foram realizados ortogonalmente dispostos com relação à estruturação geral do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional. Por sua vez, o mapeamento geológico foi realizado na escala 1:1.000 e contemplou a área da atual cava da mina. A coleta de amostras foi realizada nas bancadas da mina como também nos furos de sonda que estão localizados na figura 1.3, totalizando 92 amostras. 26 Figura 1.3: Mapa Topográfico da Mina Lagoa D’anta com a localização dos furos de sonda. Também neste período foram coletadas amostras, descritos furos de sonda, e realizada a análise estrutural clássica. Um total de seis furos de sonda foram descritos com o objetivo de caracterizar macroscopicamente as unidades hospedeiras e encaixantes do minério de manganês, identificar as relações de contato entre ela e obter dados sobre o arcabouço estrutural em subsuperfície. Estes furos foram cedidos pela empresa Rio doce Manganês Ltda, na época (2009) detentora dos direitos minerários. Os seis furos selecionados possuem mergulho de 60 graus no sentido N310, em geral posicionados perpendicularmente às estruturas e afloramentos principais. Tais furos alcançaram, no máximo, 70 metros de profundidade. A figura 1.3 apresenta a localização das amostras coletadas. A tabela 1.1 localiza as amostras coletadas estudadas, bem como discrimina as análises realizada em cada uma delas. 27 Tabela 1.1: Detalhe do posicionamento de cada amostra selecionada em cada furo de sonda apresentando o tipo de análise realizada em cada amostra. Furo LDDFS-038 LDDFS-039 LDDFS-090 LDDFS-43A Amostras J-LD01 J-LD02 J-LD03 J-LD04 J-LD05 J-LD06 J-LD07 J-LD08 J-LD09 J-LD10 J-LD11 J-LD12 J-LD13 J-LD14 J-LD15 J-LD16 J-LD17 J-LD18 J-LD19 J-LD20 J-LD21A J-LD21B J-LD22 J-LD23 J-LD24 J-LD25 J-LD26 J-LD27 J-LD28 J-LD29 J-LD30 J-LD31 J-LD32 J-LD33 J-LD34 J-LD35 J-LD36 J-LD37 J-LD38 J-LD39 J-LD40 J-LD41 J-LD42 J-LD43 J-LD44 J-LD45 J-LD46 J-LD47 J-LD48 J-LD49 J-LD50 J-LD51 J-LD52 J-LD53 J-LD54 J-LD55 J-LD56 J-LD57 J-LD58 J-LD59 J-LD60 J-LD61 J-LD62 J-LD63 J-LD64 J-LD65 J-LD66 J-LD67 J-LD68 J-LD69 J-LD70 J-LD71 J-LD72 J-LD74 J-LD75 Profundidade (m) 17,00 18,00 19,00 19,45 19,94 20,05 20,50 20,70 21,19 23,24 29,40 29,60 32,00 33,00 33,40 33,60 33,90 35,00 35,40 38,50 40,00 40,10 40,80 41,78 42,50 44,00 44,33 46,00 48,50 53,54 54,45 55,27 56,25 57,00 57,75 58,91 60,20 60,62 63,00 7,00 7,50 17,00 23,00 26,00 27,00 30,00 32,00 33,00 42,00 43,00 46,00 51,00 58,00 28,00 36,00 37,00 36,65 39,20 40,17 41,60 42,96 44,38 48,45 51,17 53,00 41,00 43,00 47,00 48,00 50,00 13,00 14,55 26,99 49,69 54,50 Tipo de Análise Seção delgada, análise química e difratrometria de raio-X Seção delgada, análise química e difratrometria de raio-X Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada-polida, análise química, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada e análise química Seção delgada e difratometria de raio-X Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada-polida, análise química e microssonda eletrônica Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada, análise química e difratrometria de raio-X Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada-polida, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada-polida, análise química, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada-polida, análise química e microssonda eletrônica Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada-polida e microssonda eletrônica Seção delgada Seção delgada-polida, análise química, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada-polida, análise química, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada, análise química, difratrometria de raio-X Seção delgada-polida, análise química, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada Seção delgada-polida, difratrometria de raio-X e microssonda eletrônica Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada, análise química e difratrometria de raio-X Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada Seção delgada e análise química Seção delgada, análise química e difratrometria de raio-X Seção delgada Seção delgada Seção delgada Seção delgada 28 Os elementos estruturais foram coletados tanto em afloramentos quanto em furos de sonda e permitiram verificar posição espacial das estruturas deformacionais. Depois de identificadas e cartografadas as estruturas foram hierarquizadas e organizadas em planilha Excel. Uma vez organizados, os dados estruturais foram lançados em arquivos com formato .txt, do Bloco de notas, e confeccionados os diagramas estereográficos no programa Stereonet (for Windows, versão 3.03). 1.5.3. Estudos Petrológicos e Microestruturais Um total de sessenta e cinco seções delgadas simples, dez seções delgadas-polidas e nove seções polidas foram estudadas em microscópio óptico através de luz transmitida e refletida visando identificar as assembléias minerais do minério e de suas encaixantes, bem como as microestruturas deformacionais. 1.5.4. Estudos Geoquímicos Das setenta e cinco amostras descritas na petrografia trinta e quatro delas foram encaminhadas para o laboratório da empresa Geosol-Geologia e Sondagens S/A. Foram analisados elementos maiores e traços, incluindo os Elementos Terras Raras. Para a determinação das concentrações dos elementos foram utilizados os seguintes métodos: digestão multiácida/absorção atômica, acima de 1% por fusão com tetraborato de lítio – fluorescência de raios-X e pó prensado – fluorescência de raios-X. Os dados foram trabalhados no programa Minpet (Richard 1995, versão 2.02). 1.5.5. Estudos de Química Mineral Os dados de química mineral das amostras coletadas na descrição dos furos de sondagem foram obtidos na Microssonda Eletrônica da Université Blaise Pascal, em Clermont Ferrand, França. A microssonda eletrônica utilizada é da marca Cameca, modelo SX 100 em condições de operação de 15 29 kV, 15 nA, e com diâmetro de feixe incidente variando entre 5 e 10 µm. Analisaram-se os elementos SiO2,Al2O3, FeO, MgO, CaO, TiO2, MnO, Na2O, K2O, sendo o tempo de análise para cada elemento de aproximadamente 10 segundos. Esse dados foram utilizados para classificar os anfibólios através do programa Amphical, bem como para determinar a fórmula estrutural dos carbonatos e granadas. Para determinar a fórmula estrutural da granada utilizou-se o programa Minpet (Richard 1995, versão 2.02). 1.5.6. Estudos de Difratometria de Raio-X Esses estudos tiveram como objetivo principal auxiliar na identificação do mineral de minério de manganês, bem como dos minerais opacos das rochas encaixantes e do protominério. Desta forma, após os estudos petrográficos foram selecionadas 24 amostras, sendo 20 do protominerio e rochas encaixantes e 4 do minério. A análise foi realizada no laboratório do Instituto de Geociências da UFBa através do RIGAKU, modelo D/MAX 2a, com um regulador Automático de Voltagem (170-240v) da marca Peltron e um Cooler SMC, modelo INR 242-3 de 200v. 1.6. Organização da Dissertação A presente dissertação foi organizada em seis capítulos. No primeiro capítulo apresenta-se introdução, problema, objetivos, justificativa e método de trabalho. No segundo capitulo apresenta-se a Geologia Regional e no terceiro capítulo faz-se a contextualização geral do tema abordando alguns elementos teóricos sobre processos acumuladores de depósitos de manganês e metamorfismo de protominério manganesífero. O capítulo quatro aborda as principais características petrológicas e geoquimicas das rochas encaixantes e hospedeiras da mineralização de manganês da Mina Lagoa D’anta, bem como apresenta uma proposta de modelo metalogenético para a área estudada. No capítulo cinco apresenta-se o arcabouço estrutural da mina, através de um artigo, que foi submetido à Revista Brasileira de Geociência. O sexto e último capítulo apresenta as conclusões desta Dissertação. 30 CAPÍTULO 2 2. Geologia Regional O Estado da Bahia está contido, em quase sua totalidade, no Cráton do São Francisco (CSF), que segundo Almeida (1977), corresponde a uma entidade tectônica que foi consolidada no final do Paleoproterozóico. Como cinturões orogênicos relativos ao cráton em questão, têm-se Araçuaí-Oeste Congo, Brasília, Rio Preto, Riacho do Pontal e Sergipano. Neste cenário, a área de trabalho abordada nesta dissertação está totalmente inserida no domínio Setentrional do Orógeno Araçuaí-Oeste Congo (Alkmim et al. 2007; Pedrosa Soares et al. 2007), que bordeja o setor sudeste do Cráton do São Francisco. O domínio setentrional da porção brasileira do Orógeno Araçuaí-Oeste Congo, compreende a prção sul do Corredor do Paramirim, constituídos pelos cinturões de dobramentos e cavalgamentos da Chapada Diamantina Ocidental e da Serra do Espinhaço Setentrional. Esses cinturões estruturam plutônicas ácidas e básicas de idade meso e neoproterozóicas, além do substrato gnáissico-migmatítico-granulítico e seqüências metavulcanossedimentares de idade arqueana/paleoproterozoicasdo Bloco Gavião, sensu Barbosa & Sabaté (2002), (Fig. 2.2). Neste contexto, posiciona-se o Distrito Ferro-manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida. 31 Figura 2.1: O Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; C: Cabinda; S: Salvador (Brasil). No quadrado em vermelho observa-se a área de estudo. Fonte: Alkmim et al. (2007). 2.1 Unidades Litoestratigráficas Nesta seção são apresentadas as unidades litoestratigráficas que afloram regionalmente e que estão inseridas no contexto da porção setentrional do Orógeno Araçuaí-Oeste Congo (Figs. 2.1 e 2.2). Além disso, são apresentados os modelos de evolução geodinâmica propostos para a porção do Bloco Gavião inserida neste contexto. 2.1.1. Arqueano-Orosiriano a) Ortognaisses, Migmatitos e Granulitos As rochas mais antigas do Bloco Gavião compreendem ortognaisses TTG’s, podendo ser discriminados três grupos que foram re-equilibrados em fácies anfibolito (Bastos Leal et al. 1998). O primeiro grupo, com idades U-Pb SHRIMP entre 3,5 - 3,2 Ga, compreende o TTG Sete Voltas/Boa Vista Mata 32 Verde e o Tonalito Bernada. O segundo grupo, com idades U-Pb SHRIMP (zircão) entre 3,2 – 3,1 Ga é formado pelos granitóides Serra do Eixo, Mariana e Piripá. Segundo Martin et. al.(1991), Marinho (1991), Santos Pinto (1996), Cunha et al. (1996) e Bastos Leal et al. (1998), ambos os grupos de TTG’s se originaram a partir da fusão de basaltos toleíticos, onde somente o segundo sofreu contaminação crustal. O terceiro grupo possui evolução mesoarqueana e está representado pelos maciços Lagoa do Morro, Serra dos Pombos e Malhada de Pedras com idades U-Pb entre 2,8 e 2,9 Ga. Segundo Barbosa & Sabaté (2003), essas rochas possuem química cálcio-alcalina e estão associadas ao plutonismo granodiorítico e granítico formado durante a subducção de crosta oceânica para oeste, durante a colisão dos Blocos Jequié e Gavião, no Mesoarqueano. Rochas com feições anatética e migmatitos podem ser encontradas no Bloco Gavião e foram descritas por Arcanjo et al. (2000), Cruz et al. (2009) e Medeiros et al. (2011). Em rochas do setor oeste do Bloco Gavião, na região de Urandi, Medeiros et al. (2011) obteve idade U-Pb (SHRIMP) em 2095 ± 8.6 Ma para a migmatização das rochas daquele setor. Rochas granulíticas são encontradas na região de Ibitira (Cruz et al. 2009) e nas proximidades de Riacho de Santana (Arcanjo et al. 2000). b) Seqüências Metavulcanossedimentares No Bloco Gavião destaca-se os Greenstone Belt Umburanas, IbitiraUbiraçaba, Guajeru, Riacho de Santana, Brumado e Mundo Novo e as Seqüências Metavulcanossedimentar Urandi, Licínio de Almeida e ContendasMirante (Figura 2.2, Silva & Cunha 1999). Do ponto de vista geocronológico poucos estudos foram realizados contemplando essas seqüências. Bastos-Leal et al. (2003) datou uma vulcânica félsica do Greenstone Belt Umburanas pelo método U-Pb (SHRIMP), zircão, tendo obtido a idade de 2744 ± 15 Ma. 33 Figura 2.2: Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte: Modificado de Silva & Cunha (1999). O quadrado branco compreende área deste estudo. c) Plutônicas félsicas riacina-orosirianas No Bloco Gavião há um importante plutonismo riaciano-orosiriano, tendo sido levantados, até o momento, um total de 24 corpos de granitoides dessa idade (Cruz et al. submetido). De acordo com Bastos Leal et al. (1998) e Menezes-Leal et al. (2005), os terrenos gnáissico-migmatíticos arqueanos do Bloco Gavião tiveram importante participação na gênese do magma parental relacionado com essa granitogênese. Dentre os corpos identificados, regionalmente destacam-se os maciços Rio do Paulo (RP), Caculé (CA), Espírito Santo (ES) e Iguatemi (IG). Os maciços RP e CA possuem idade Rb-Sr de 1959 ± 50 e 207 Pb/206Pb (zircão) de 2019 ± 32 (Bastos Leal, 2000), respectivamente, ambos com características geoquímica que os enquadram no 34 campo dos granodioritos tipo-I. Já os maciços ES e IG possuem idades 207 Pb/206Pb (zircão) de 2012 ± 25 e Rb-Sr de 2030 ± 75 Ma, respectivamente, com química associada aos granitos tipo-S. Além desses, também destaca-se o Batólito Monzosienítico UrandiGuanambi, composto de rochas alcalinas, que foi subdividido por Rosa (1999) em dois domínios principais: o das intrusões múltiplas e o das intrusões tardias. O domínio das intrusões múltiplas representa o Batólito de Guanambi-Urandi sensu stricto, tratando-se de uma associação de rochas com textura fanerítica grossa e frequentemente porfirítica (Rosa et al. 1996; Rosa, 1999). Composicionalmente dominam sienitos com termos monzoníticos, monzodioríticos e graníticos subordinados. As intrusões tardias compreendem os maciços de Ceraíma, Estreito e Cara Suja, que são constituídos por rochas quartzo-sieníticas, monzo-graníticas, álcali-feldspática sieníticas, além de foid sienitos. As idades U-Pb (zircão, SHRIMP) para as intrusões múltiplas obtida por Rosa (1999) foi 2054±8 Ma, enquanto que para a intrusão tardia Cara suja essa mesma autora obteve a idade U-Pb (zircão, SHRIMP) com 2053 ±3 Ma. 2.1.2. Estateriano a) Plutônicas félsicas O plutonismo estateriano está representado pela Suíte Intrusiva Lagoa Real, que compreende um conjunto de sienitos, álcali-feldspato granitos e sienogranitos (Cruz, 2004; Cruz et. al. 2007, 2009; Machado 2008) denominados genericamente de Granito de São Timóteo por Fernandes et al. (1982). Essas rochas apresentam idades U/Pb, Rb/Sr e Pb/Pb de cristalização em torno de 1,7 Ga (Turpin et al. 1988; Cordani et al. 1992, Pimentel et al. 1994 e Cruz et al. 2007). Segundo Cruz (2004) e Cruz et. al. (2007), dentre outros, durante o Evento Brasiliano, no Neoproterozoico, estas rochas foram submetidas a deformação e metamorfismo em zonas de cisalhamento compressionais, transformando-se em granitóides foliados, gnaisses, augengnaisses e gnaisses fitados. Pimentel et al. (1994) propuseram uma idade de metamorfismo (titanita, Pb-Pb) em torno de 540 Ma para essas rochas. De acordo com Teixeira (2000), os granitóides da Suíte Intrusiva Lagoa Real apresentam assinatura química alcalina, metaluminosa, semelhante às 35 vulcânicas da Formação Rio dos Remédios, unidade basal do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina. Aquele autor sugere um mesmo magma genitor para ambas as unidades. 2.1.3. Caliminiano e Toniano a) Plutônicas máficas No Bloco Gavião plutônicas máficas ocorrem como diques e sills intrusivos nas rochas metasedimentares do Supergrupo Espinhaço e no seu substrato. Segundo Arcanjo et al. (2000), tratam-se de gabros/diabásio e dioritos isotrópicos, cinza-escuro a esverdeado, afaníticos, que mostram, quase sempre, textura ofítica a subofítica. Diversos dados geocronológicos e isotópicos já foram produzidos para esses corpos. Jardim de Sá et. al.(1976) e Brito Neves et al. (1979, 1980) obtiveram idades K-Ar entre 1.200 e 500 Ma. Baseado em dados U/Pb, podem ser individualizados dois conjuntos principais que foram interpretados como as idades de cristalização para essas rochas. O primeiro, mais velho, com idades obtidas em 1.492 ± 16 Ma (U-Pb, zircão, LA-ICPMS; Loureiro et al. 2010), são próximas às idades U-Pb de 1514 ± 22 e 1496 ± 32 Ma obtidas por Babinsky et. al.(1999) e Guimarães et al. (2005, 2012), respectivamente, em zircões de gabros intrusivos nas rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço, na Chapada Diamantina. Na mesma região, o segundo grupo de idades, revelou um magmatismo máfico toniano em 934 ± 14 Ma (LA-ICPMS); Loureiro et al. (2010). Uma idade U-Pb (SHRIMP) em 854 ± 23 Ma também foi obtida por Danderfer et al. (2009) para rochas gabróicas na serra do Espinhaço Setentrional. A partir de dados geoquímicos em dique máficos da região de Lagoa do Dionísio, Brito (2007) e Teixeira (2000, 2005, 2008) sugerem que estes corpos compreendem toleítos continentais com trend de diferenciação rico em ferro. De acordo com esses autores uma fonte mantélica profunda foi responsável pela geração do magma progenitor dessas rochas b) O Supergrupo Espinhaço O Supergrupo Espinhaço foi depositado em um rifte intracratônico cuja nucleação iniciou-se no estateriano (1,7 Ga); Brito Neves et. al.(1980). Segundo Inda & Barbosa (1978), Barbosa & Dominguez (1996), Schobbenhaus 36 (1996), Danderfer (2000), Danderfer & Dardenne (2002), a Bacia do Espinhaço é subdividida em Espinhaço Oriental, representada pela bacia da Chapada Diamantina, e em Espinhaço Ocidental, onde são reconhecidas as bacias do Espinhaço Meridional, no Estado de Minas Gerais, e do Espinhaço Setentrional, no Estado da Bahia. Diversas propostas de empilhamento estratigráfico foram sugeridas para o Supergrupo em questão, tanto na Chapada Diamantina quanto no Espinhaço Setentrional, podendo ser citados os modelos de Inda & Barbosa (1978), Pedreira (1988), Rocha (1991), Rocha (1992), Dominguez (1993, 1996), Barbosa & Dominguez (1996), Schobbenhaus (1996), Rocha et al. (1998) e Danderfer (2000). Para o empilhamento estratigráfico do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina o mais recente modelo foi proposto por Guimarães et al. (2005); figura 2.3. Figura 2.3: Coluna estratigráfica resumida com os principais compartimentos litoestratigráficos, ambiente tectônico e deposicional do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina. Fonte: Guimarães et al. (2005). 37 De acordo com esse modelo a Formação Gameleira é a unidade basal, sendo composta por metarenitos de granulação fina a grossa exibindo estratificação cruzada e flaser, além de metagrauvacas e metarcóseos. Sobreposta à essa unidade ocorre o Grupo Rios dos Remédios, que compreende as formações Novo Horizonte, Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro. Esse grupo é composto, em geral, por vulcânicos ácidos, incluindo rochas piroclásticas e epiclásticas, além de metarenitos, conglomerados poligomíticos, siltitos e ritmitos, estes últimos em menor proporção. A idade de cristalização dos vulcanitos félsicos da Formação Novo Horizonte foram datados em 1.748 ± 4 Ma (U/Pb em zircão) por Babinski et al. (1999) e 1.752 ± 4 Ma (U/Pb em zircão) por Schobbenhaus et. al.(1994). O Grupo Paraguaçu, sobreposto ao Grupo Rio dos Remédios, compreende as formações Mangabeira e Açuruá. É composto por uma associação de arenitos impuros com estratificação plano-paralela, siltitos, argilitos e conglomerados. No topo da seqüência têm-se o Grupo Chapada Diamantina, que foi subdividido nas formações Tombador e Caboclo. A Formação Tombador compreende rochas sedimentares clásticas compostas predominantemente por conglomerados e arenitos, ao passo que a Formação Caboclo consiste de uma alternância de argilitos e siltitos. Para as unidades posicionadas a sul da cidade de Caetité, Rocha (1991, 1992) e Rocha et al. (1998) subdividiram os grupos Borda Leste, na base, e Serra Geral, no topo (Fig. 2.4). Nesses trabalhos o Grupo Borda Leste é composto pela Formação Mosquito, que compreende xistos granadíferos, cianita-xisto, formações ferro-manganesíferas, rochas calciosilicáticas, além de metarenitos com laminação paralela, que ocorrem subordinados. Entretanto, esta unidade é alvo de grandes controvérsias no cenário atual, principalmente quanto ao seu posicionamento estratigráfico. Para Moraes et al. (1980), Silva & Cunha (1999) e Cruz et al. (2009) trata-se de unidades associada com a Sequência Metavulcanossedimentar Licínio de Almeida. O Grupo Serra Geral encontra-se em contato discordante com as unidades sotopostas, sendo representado da base para o topo pelas formações Salto, Sítio Novo e Santo Onofre (Rocha et al. 1998). A Formação Salto (Dominguez, 1996) é constituída por metarenito com estratificação cruzada de 38 grande porte, que destaca-se sempre um relevo positivo. A Formação Sítio Novo, por sua vez, é constituída por três litofácies (T 1, T2, T3), que compõe o sistema deposicional Telheiro (Rocha, 1991). A litofácies T1 é composta por metarenitos de granulação média, sericíticos, com grande quantidade de estratificações cruzadas dos tipos acanalada e espinha-de-peixe. A litofácies T2 é formada por metarenitos de granulação fina, avermelhados, com intercalações de filito grafitoso. Metarenito de granulação fina a média, com estratificação cruzada tipo hummocky, caracteriza a litofácies T3. Definida por Kaul (1970), a Formação Santo Onofre, atualmente definida como Grupo Santo Onofre por Loureiro et al. (2010), é constituída dominantemente por filitos e subordinadamente por quartzitos, representando cerca 2/3 do volume total dos sedimentos do Grupo Serra Geral e corresponde sistema deposicional Gentio na fig. 2.5. Tendo em vista que as unidades do Grupo Borda Leste foram incorporados por Cruz et al. (2009) à Seqüência Metavulcanossedimentar Licínio de Almeida, nessa dissertação considera-se apenas o Grupo Serra Geral como associado ao Supergrupo Espinhaço na serra do Espinhaço Setentrional. Segundo Danderfer (2000) no domínio da serra do Espinhaço Setentrional localizado a norte da cidade de Caetité podem ser reconhecidos oito sintemas, cujos registros estratigráficos estariam limitados por discordâncias ou descontinuidades estratigráficas de extensão regional na bacia. Nesse contexto, da base para o topo foram reconhecidos por aquele autor os sintemas Algodão, São Simão, Sapiranga e Pajeú, Bom Retiro, São Marcos, Sítio Novo e Santo Onofre (Tabela 2.1). Os vulcanitos félsicos estariam relacionados com os sintemas São Simão e Pajeú, que foram posteriormente datados em 1.731 ± 5 Ma (zircão, U/Pb, SHRIMP) e 1.569 ± 14 Ma, respectivamente por Danderfer et al. (2009). Nas demais unidades predominariam rochas terrígenas. Recentemente para o Supergrupo Espinhaço da serra do Espinhaço Setentrional, Loureiro et. al. (2010) interpretaram um empacotamento sedimentar com espessura de 710 metros e propuseram uma subdivisão litoestratigráfica baseada nos conceitos da Estratigrafia de Seqüência (Fig. 2.5). 39 Da base para o topo tem-se a Formação Algodão, que compreende a arenitos eólicos em suma. Essa unidade é sobrepostas pelos grupos Oliveira dos Brejinhos, São Marcos e Santo Onofre. As unidades do sistema deposicional Espinhaço proposto por Rocha et. al.(1998) foram correlacionadas por Guimarães et al. (2012) com as do Grupo Santo Onofre (Sensu Loureiro et. al.2010). Figura 2.4: Coluna estratigráfica esquemática da bacia do Espinhaço Setentrional, mostrando os principais sistemas deposicionais e os ambientes tectônicos. Legenda: 1 a 3 – Estratificação cruzada: 1 Acanalada, pequeno porte; 2 –Acanalada, grande porte; 3-Hummocky; 4-Laminação plano-paralela; 5 –Laminação plano-paralela com marcas onduladas; 6 –Formação ferromanganesífera do embasamento. Modelos deposicionais: A - Ambiente marinho profundo (possível talude), com lobos turbidíticos; B-Ambiente litorâneo (shoreface). Com tempestades; C- Ambiente continental fluvioeólico; D - Plataforma marinha rasa. Fonte: Rocha et. al.(1998). Outra ocorrência do Supergrupo Espinhaço na Bahia é na Serra de Palma de Monte Alto, na Bacia do São Francisco, no extremo oeste do Bloco Gavião. De acordo com Barbosa & Dominguez (1996) ocorrem metarenitos 40 com estratificação acanalada que incluem seixos de formações ferromanganesíferas oriundas da seqüência sotoposta. Estes sedimentos são sobrepostos por camadas metarenitos com laminação plano paralela. Superior a este grupo estão depositados espessos pacotes de conglomerados, arenitos e ritmitos. Tabela 2.1: Empilhamento estratigráfico para o Espinhaço Setentrional. Fonte: Danderfer-Filho (2000). Sintema Unidade Litoestratigráfica João Dias Santo Onofre Boqueirão Canatiba Garapa/Sucurial Sítio Novo Viramundo Veredas Fazendinha São Marcos Mosquito Riacho do Bento Bomba Pajeú Ipuçaba Riacho Fundo De acordo com Dominguez (1993), Barbosa & Dominguez (1996), Danderfer & Dardenne (2002), a Bacia do Espinhaço, como um todo, é caracterizada como do tipo sucessora e polistórica por desenvolver-se em vários sítios deposicionais atrelados a diversos eventos tectônicos, com destaque para alternâncias entre sistema de riftes e flexura crustal. Diversos modelos foram propostos na literatura para explicar a evolução tectônica da Bacia do Espinhaço. Dentre estes modelos, existe um consenso de diversos autores quanto à idade de formação da bacia. Desta forma, para Brito Neves et. al.(1980), Schobbenhaus et al. (1994), Dominguez (1996), Schobbenhaus (1996), Babinsky et al. (1999), Danderfer-Filho (1990, 2000), Guimarães et. al.(2005), esta bacia originou-se por volta de 1,7 Ga, estando associada a processos de estiramento crustal onde foram produzidas as rochas efusivas ácidas e seus correspondentes intrusivos. Danderfer-Filho (2000) e Danderfer & Dardenne (2002), sugeriram que o arcabouço estratigráfico desta bacia na serra do Espinhaço Setentrional seria 41 composto por oito subacias, em que alternaram-se períodos de tectônica do tipo rifte (subsidência mecânica a termoflexural) e períodos de sinéclise (subsidência passiva) (Tabela 2.1). Mais recentemente Guimarães et al. (2005) propuseram que a bacia que abrigou o Supergrupo Espinhaço evoluiu segundo dois eventos superpostos e diacrônicos. O primeiro do tipo rifte-sag, desenvolveu a bacia do Espinhaço Oriental; e o segundo do tipo sinéclise levou à formação da bacia da Chapada Diamantina. Figura 2.5: Coluna estratigráfica sintética das unidades litoestratigráficas sugeridas por Loureiro et al. (2010). 42 c) O Supergrupo São Francisco No Estado da Bahia o Supergrupo São Francisco ocorre na Bacia do São Francisco, na Chapada Diamantina (Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez 1996) e, de acordo com Danderfer (2000) e Danderfer & Dardenne (2002), na serra do Espinhaço Setentrional. Esse Supergrupo foi depositado em uma bacia de idade neoproterozóica que abarcou sedimentos terrígenos e carbonáticos de ambiente marinho com influência glaciogênica ocorrida nesta época (Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez 1996). Na Bacia do São Francisco esse supergrupo compreende o Grupo Macaúbas e o Grupo Bambuí. De acordo com Pinto & Neto (2001), o Grupo Macaúbas é interpretado como sedimentos de origem glácio-continental, depositados discordantemente sobre os metapelitos do Supergrupo Espinhaço. Para estes autores, o Grupo Macaúbas tem espessura aflorante em torno de 250 metros, sendo constituídos de diamictitos sobrepostos subordinadamente por arenitos e metarenitos. O Grupo Bambuí, por sua vez, na concepção dos referidos autores, compreende a depósitos marinhos, relacionados a bacia de antepaís, formados por pacotes espessos de carbonatos basais, intercalados subordinadamente por metaconglomerados e metapelitos. Essas unidades são sobrepostas siltitos e metarenitos. De acordo com Danderfer & Dardenne (2002), na Serra do Espinhaço Setentrional o Supergrupo São Francisco é representado pela Formação Santo Onofre, que compreendem as formações Canatiba, Boqueirão e João Dias. Essas unidades seriam essencialmente silicicláticas, com predomínio de pelitos na primeira, sedimentos pelíticos-psamíticos na segunda e calciruditos na terceira. Recentemente, a Formação Santo Onofre foi elevada ao status de Grupo por Loureiro et al. (2010) sendo incorporada ao Supergrupo Espinhaço, tal qual foi proposto por Inda & Barbosa (1978) e Barbosa & Dominguez (1996). Nos domínios da Chapada Diamantina, conforme Barbosa & Dominguez (1996), o Grupo São Francisco ocorre nas bacias de Irecê e Utinga, compreendendo o Grupo Una. Esse grupo foi subdividido nas formações Bebedouro e Salitre. A Formação Bebedouro compreende a diamictitos poligomíticos imersos numa matriz fina. Barbosa & Dominguez (1996), inclui ainda ardósias, arenitos grossos argilosos, além de arenitos finos com 43 laminação plano-paralela. A Formação Salitre, por sua vez, segundo Dominguez (1996), é constituída de camadas de calcilutito e calcarenitos finos a médios de coloração cinza-escuro. Segundo os mesmos autores, esta unidade é interpretada como resultado da deposição em um ambiente plataformal. 2.2 Evolução Tectônica A área de domínio do Corredor do Paramirim possui como substrato o Bloco Gavião, que apresenta uma grande complexidade geológica, tendo em vista os diversos eventos tectônicos que ocorreram desde o Arqueano ao Neoproterozoico (Moutinho da Costa & Inda 1982, Cunha & Fróes 1994, Cunha et al. 1996, Barbosa & Dominguez 1996, Bastos-Leal 1996, 1997, Bastos Leal et al. 1998, Silva & Cunha 1999, Danderfer-Filho 2000, Pedrosa Soares 2001, Barbosa & Sabaté 2002, Barbosa & Sabaté 2003, Menezes Leal et al. 2005, Cruz & Alkmim 2006, Medeiros et al. 2011). Neste contexto, houve a formação da crosta continental arqueana e o seu retrabalhamento em eventos tectônicos do Paleo e Neoproterozoico. A existência de um cinturão de deformação mesoproterozóico no Corredor do Paramirim ainda carece de argumentos geológicos consistentes. Somando-se ao retrabalhamento crustal em cinturões orogênicos, a colocação de corpos de granitóides de origem mantélica e a instalação de bacias sedimentares de amplitude regional integram o cenário evolutivo. De acordo com Barbosa & Dominguez (1996), Bastos-Leal et al. (1998), Barbosa & Sabaté (2002 e 2003), Cruz et al. (2009) a evolução arqueana do embasamento do Bloco Gavião deu-se inicialmente pela intrusão dos maciços TTG Lagoa da Macambira, Boa Vista/Mata Verde, Sete Voltas e Bernada, cujas idades marcam 3,5 – 3,2 Ga. Tais rochas teriam sido originadas a partir de fusão de basaltos toleíticos e relacionados com a formação de uma crosta continental precoce. De acordo com aqueles autores, posteriormente formaram-se bacias que abrigaram rochas vulcânicas máficas e ácidas, além de sedimentos químicos e clastos, de natureza diversa. Neste contexto, formaram-se as bacias Contendas Mirantes, Umburanas, Brumado, Guajeru, Mundo Novo, Urandi-Licinio de Almeida (Marinho, 1991; Cunha et al. 1994; 44 Cunha et al. 1996; Silva & Cunha, 1999). Entre 3,2 – 3,1 Ga houve a colocação do maciço TTG de Mariana. Entre 2.7-2.8 Ga a fusão parcial da crosta continental gerou mais antiga outra seqüência de rochas granítica/granodiorítica/migmatíticas, que hoje fazem parte do Bloco Gavião. Essas rochas foram equilibradas nas fácies anfibolito e/ou granulito (Barbosa & Sabaté, 2003). Além disso, vulcânicas cálcio-alcalinas (~ 2,5 Ga), intrusões graníticas (Granito Pé de Serra, ~2,5 Ga) e intrusões máficas-ultramáficas (Sill do Jacaré, ~2,4 Ga) ao lado de filitos e grauvacas estão associadas à evolução paleoproterozóica desse bloco (Marinho, 1991). No Paleoproterozóico ocorreu a colisão entre os Blocos ItabunaSalvador-Curaçá, Jequié, Serrinha e a estruturação do cinturão ItabunaSalvador-Curaçá, com cavalgamento desse cinturão sobre o Bloco Jequié (Barbosa & Sabaté 2002, 2003). A influencia dessas deformações no Bloco Gavião ainda é matéria de controvérsia. No Estateriano, a instabilidade no manto, possivelmente relacionada com a atuação de uma fonte térmica, favoreceu a instalação do Aulacógeno do Espinhaço (Moutinho da Costa & Inda 1982), que posteriormente foi denominado de Rifte Espinhaço por Schobbenhaus (1996) e Aulacógeno do Paramirim por Pedrosa Soares et al. (2001). Neste contexto, Moutinho da Costa & Inda (1982) defendem que o Bloco do Paramirim comportou-se como um alto estrutural, separando as bacias da Chapada Diamantina e Espinhaço Sententrional. Diversos são os modelos evolutivos para explicar o preenchimento dessa bacia, podendo ser consultado os trabalhos de Pedreira (1988), Dominguez (1993, 1996), Schobbenhaus (1996), Danderfer (2000), Guimarães et al. (2005), Loureiro et al. (2008), dentre outros. No Toniano houve a ampliação da bacia que abrigou anteriormente o Supergrupo Espinhaço levando à deposição das unidades do Supergrupo São Francisco. A inversão do Aulacógeno do Paramirim é motivo de controvérsia. Para Jardim de Sá et. al.(1976), Brito Neves et al. (1980), Cordani et. al.(1992), a inversão desta bacia ocorreu em dois estágios, no Meso e Neoproterozoico, respectivamente. Por outro lado, baseando-se em critérios estratigráficos, geocronológicos e estruturais, Danderfer (1990), Danderfer et. al.(1993), Schobbenhaus (1993,1996), Danderfer (2000), Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006) e Alkmim et al. (2007) propuseram um único evento de inversão de 45 bacia e associado com o Neoproterozoico. A partir de argumentos estruturais, Cruz & Alkmim (2006) sugeriram duas fases deformacionais para a inversão do Aulacógeno do Paramirim. A primeira apresenta um conjunto de elementos estruturais, tais como zonas de cisalhamento e dobras com orientação em geral seguindo WSW/ENE (Fig. 2.6a). De acordo com estes autores esta fase esta relacionada com a rotação anti-horária da Placa Sãofranciscana em virtude das suas colisões coma a placa da Amazônia. A segunda fase deformacional marca a inversão frontal do Aulacógeno do Paramirim e foi responsável pela nucleação de zonas de cisalhamento e dobras regionais com orientação em geral variando entre NNW/SSE e NNE/SSW (Fig. 2.6b). Feições de interferência do tipo domo e bacias são geradas pela interação entre as duas fases mencionadas (Cruz & Alkmim 2006). Nesse contexto as zonas de cisalhamento foram responsáveis pela justaposição das unidades do embasamento do Bloco Gavião sobre as rochas metassedimentares dos supergrupos Espinhaço e São Francisco. Esse parece ser o cenário deformacional da Mina de Lagoa Dantas, foco dessa Dissertação. 46 Figura 2.6: Modelo de interação entre o Aulacógeno do Paramirim e Orógeno Araçuaí, proposto por Cruz & Alkmim (2006). 47 CAPÍTULO 3 3. Processos Formadores e Metamorfismo de Depósitos de Manganês 3.1 Introdução O manganês é um elemento que possui número atômico 25 e peso atômico de 54,9380 g, sendo o décimo elemento mais abundante na crosta terrestre (0,09%). De acordo com Roy (1981) e Maynard (2010), esse elemento ocorre em um único isótopo e nas valências positivas 2, 3, 4, 6 e 7. Do ponto de vista geoquímico, é considerado como elemento litófilo (Mason, 1974), sendo um metal refratário e facilmente oxidável (Roy, 1981). Na tabela periódica é classificado como elemento de transição. O manganês é um importante componente para uso industrial e agrícola, bem como tem desempenhado papel fundamental na produção de aço para a indústria automobilística e na construção civil. Cerca de 90% de todo o manganês explotado anualmente é usado nas siderúrgicas como elemento para formar ferro-ligas. Na escala de utilização do manganês, o mercado de pilhas aparece em segundo lugar de importância (Maynard, 2010). Na natureza o manganês não é encontrado em estado elementar, ocorrendo somente na forma de compostos com outros elementos, principalmente formando óxidos, carbonatos, silicatos e, subordinadamente, sulfetos (Roy, 1981). A tabela 3.1 sintetiza os principais minerais de manganês e sua fórmula química. Além dos apresentados nesta tabela, ainda podem ser citados mangano-calcita, mangano-dolomita e mangano-siderita, que são carbonatos ricos em manganês, bem como mangano-actinolita, mangano- 48 tremolita e mangano-cummingtonita, que são anfibólios ricos neste elemento (Yavuz, 1996; Deer et. al. 2010). ÓXIDOS DE ALTA VALENCIA Tabela 3.1: Principais minerais de manganês e sua fórmula química Modificado de Roy (1981).*indica os minerais comumente presente no perfil de alteração laterítica. MINERAL FÓRMULA Pirolusita* MnO2 Nsutita* MnO2.H2O Yokosukalite MnO2.H2O Hollandita* (Ba,K)1-2Mn8O16.xH2O Coronadita Pb1-2Mn8O16.H2O Criptomelana* K1-2Mn8O16.H2O Manjiroita (Na, K)1-2Mn8O16H2O Psilomelano* (Ba, K, Mn, Co)3Mn5O10.xH2O Calcofanita ZMn3PO7.3H2O Aurorita [(Ag, Ba, Ca, Pb, Cu, Mn)2+]Mn3O7.3H2O Litioforita* (Al, Li)(OH)2.MnO2 Birnessita* (Ca, Na)(Mn2+, Mn4+)7º14.3.H2O Todorokita* (Na, Ca, K, Mn2+)(Mn4+, Mn4+, Mg)6 O12.3H2O Woodruffita (Zn, Mn2+)2Mn5O12.H2O Rancieite (Ca, Mn)Mn4O9.3H2O Takanelita (Mn2+, Ca)Mn4O9.nH2O SILICATOS CARBONATOS ÓXIDOS DE BAIXA VALÊNCIA Jouravskita SULFETO Grutita MnOOH Feitknechtita MnOOH Manganita* Mn2O3 Crednerita CuMnO2 Quenselita Pb(OH)MnO2 Janggunita Mn5-x(Mn2+Fe2+)1-xO8(OH)6 Pirocroíta Mn(OH)2 Braunita 3Mn2O3.MnSiO3 Bixbyita (Mn, Fe)2O3 Jacobsita MnFe2O4 Hausmannita Mn3O4 Vredenburgita 3Mn3O4Fe3O4 Hetaerolita ZnMn2O4.H2O Hydrohetaerolita ZnMn2O4.H2O Franklinita Zn(Mn, Fe)2O4 ou ZnFe2O4 Galaxita MnAl2O4 Manganosita MnO Rodocrosita MnCO3 Kutnahorita CaMn(Co3)2 Mangano-Ferrosalita 10%MnO Mangano-Hedembergita 10%MnO Mangano-Diopsidio até 10% MnO Bustamita (Mn, Ca, Fe)SiO3 Rodonita MnSiO3 Inersita (Ca2MnH2Si10O30.5H2O) Tefroíta 2Mn2SiO4 Espessartita 3MnOAl2O3SiO2 Bementita (Mn, Fe, Mg)6SiO4(O, OH)16 Alabandita MnS 49 3.2 Comportamento Geoquímico do Manganês no ambiente exógeno Segundo Mason (1971) e Robb (2007) a solubilidade dos elementos na água depende de uma variedade de fatores, tais como: condições fisicoquímica do meio, morfologia do terreno, fatores climáticos, padrão geológicoestrutural, além da disponibilidade de matéria orgânica. De acordo com Mason (1971), íons em solução atraem moléculas de água, sendo que o grau de hidratação desse íon é função do seu raio e da sua carga iônica. O potencial iônico de um íon é a razão entre sua carga e seu raio iônico, sendo este um fator que determina a mobilidade dos elementos no meio aquoso. A tabela 3.2 mostra o potencial iônico de alguns íons da natureza e a figura 3.1 sintetiza a importância desse fator na mobilidade dos íons em ambiente exógeno. De acordo com essa figura, elementos com potencial iônico menor do que três, portanto com grande raio iônico e baixa carga iônica, a exemplo do Ca, Sr, Pb, Ba, Li, Cu, Na, K, Rb, são móveis em condições superficiais. Os elementos com potencial iônico superior a dez, ou seja, com baixo raio iônico e elevada carga, tais como B, C, N, S, P, V e Mo também tendem a formar complexos solúveis e que se dissolvem facilmente. Em contrapartida, cátions com valores intermediários de potencial iônico, entre 3 e 10, tais como Cu, Mn, Mg, Fe, Ni, Al, Cr, U Th, Ti, Zr e elementos do grupo Terras Raras tendem a ser insolúveis, se ligando a água para a formação de óxidos e hidróxidos estáveis a estas condições. Tabela 3.2: Resumo de alguns íons e seus potenciais iônicos (Z/r), sendo Z a carga iônica e r o raio iônico dos íons. Modificado de Mason (1971). Íons + Rb+ Cs K + Potencial iônico Íons Potencial iônico 0,60 +2 Mn 2,5 0,68 Mn+4 6,7 +2 0,75 Fe 2,7 Na+ 1,0 Fe+3 4,7 Li+ 1,5 Co+2 2,8 +2 Ba 1,5 Al +3 5,9 Sr+2 1,8 Ce+4 4,3 2,0 +3 2,6 +2 Ca La O manganês, em especial, tem raio iônico igual a 0,83Å e potencial iônico 2,5 para o íon de Mn2+ e 6,7 para o íon de Mn4+ (Maynard, 2010). Estes valores explicam o motivo pelo qual os íons de Mn +4 não são lixiviados durante 50 o intemperismo, o que contrariamente ocorre com os íons de Mn +2. Para Mason (1971), apesar destes íons terem o mesmo raio, o Mn+4 tende a formar óxidos e/ou hidróxidos por possuir maior carga, o que, consequentemente, atrai mais moléculas de água, resultando em uma menor vulnerabilidade aos ataques intempéricos. Figura 3.1: Esquema simplificado mostrando a mobilidade relativa dos elementos em soluções aquosas em ambiente superficial com base no potencial iônico (carga iônica/raio iônico). Modificado de Leeder, 1999). Em síntese, através do potencial iônico pode-se sugerir, que elementos como Mn, Cu, Ni, Al e Fe tendem a formar concentrações residuais quando sujeitos às condições superficiais com disponibilidade razoável de água. No cenário mundial há importantes registros de depósitos supergênicos de manganês, ferro, níquel e alumínio. Para Krauskopf & Bird (1995), o campo de estabilidade do manganês no meio aquoso pode ser também observado à luz das condições físico-químicas do meio (Fig. 3.2). Esta proposta é um avanço do que foi proposto por Mason (1971), já que quando organizou a figura 3.2, Krauskopf & Bird (1995) levou em consideração as várias possibilidades de condições do meio em termos de Eh e pH. De acordo com esses autores, em condições de pH superior a 5 pode 51 haver a deposição do manganês, desde que as condições sejam oxidantes, com formação de pirolusita, manganita, criptomelana, dentre outros óxidos de alta valência (Tab. 3.1). Contudo, nas situações em que o meio é ácido (pH<5) este metal é móvel. Em um sistema com as mesmas variáveis físico-químicas, mas em soluções com presença de Mn-S-CO2-H2O, Hem (1972) já havia definido condições de estabilidade similares ao que foi defendido por Krauskopf & Bird (1995), porém, nesse caso também, admitem a deposição da alabandita (MnS) (Fig. 3.3). Além disso, Raiswell et. al.(1980), Russel (1994), Mendoça & Paccola (2005) e Robb (2007) também defendem que elementos como ferro, zinco, alumínio, cobre e manganês são solúveis em meios ácidos e insolúveis em condições básicas. Ao contrário, em meios básicos a (Fig. 3.4) sílica, potássio e carbonato tendem a serem dissolvidos (Raiswell et. al.1980; Robb, 2007). Conforme Nicholson (1992), a solubilidade do manganês também pode ser favorecida pela presença de matéria orgânica, uma vez que a decomposição desse componete contribui consideravelmente para a acidificação do meio, deixando-o, conseqüentemente, com índice de pH inferior a 5. A tabela 3.3, modificada de Mason (1971), sintetiza os valores do pH em diferentes ambientes naturais. Em especial, a água do mar e as águas subterrâneas possuem pH da ordem de 5-9, ou seja, constituem importantes locais para a deposição do manganês (vide Fig. 3.2). Com relação a àgua do rio, que tem pH entre 6 e 7 (Maison, 1971), o manganês pode ser transportado como partículas ou coloides por longas distancias (Sapozhnikov 1970, Maison 1971, Tretry & Presley 1982). Por outro lado, para Roy (1997) o transporte de manganês (Mn 2+) por longas distancias não é favorecido em função das condições oxidantes do meio. 52 Figura 3.2: Diagrama Eh versus pH mostrando o campo de estabilidade em meio aquoso de alguns minerais de manganês em temperatura de 25°C, pressão total de 1bar e molaridade do -6 manganês igual a 10 . Modificado e traduzido de Krauskopf & Bird (1995). Figura 3.3: Campo de estabilidade do manganês em função das condições de pH e Eh a temperatura 25°C, pressão 1 atm, no sistema Mn-SCO2.H2O Modificado de Hem (1972). 53 Figura 3.4: Solubilidade da sílica e do alumínio em função do pH (modificado de Raiswell et.al., 1980). Tabela 3.3: Demonstração dos valores médios de pH nos diferentes meios aquosos. Modificado de Mason (1971). Meio aquoso pH Água do mar 8-9 Água subterrânea 5-9 Água dos rios 7 Fontes termais ácida 1-2 Água da chuva 6 3.3 Processos Primários Formadores de Depósitos de Manganês Ao longo do registro geológico da Terra os depósitos de manganês são geneticamente associados à atividade hidrotermal, aos processos de intemperismo continental e sedimentares (Roy 1992, 1997, 2006; Varentsov, 1996; Robb, 2007; Pinho, 2009; Maynard, 2010). Estes processos estão intimamente relacionados com a disponibilidade de oxigênio do planeta. De acordo com Kasting (1978), somente no inicio do Paleoproterozóico foi que houve grande disponibilidade de oxigênio na Terra favorecendo à deposição do manganês na forma de compostos (Tab. 3.4). 54 Tabela 3.4: Evolução físico-química da atmosfera e hidrosfera durante o Precambriano. Modificado e traduzido de Kasting (1978). Estágio I II III IV Tempo (Ga) 3.8-2.4 2.4-1.9 1.9-0.9 0.9-0.6 Atmosfera Redutora Oxidante Oxidante Oxidante Redutora Oxidante Oxidante Oxidante Redutora Redutora Oxidante Intermediária Hidrosfera (superficial) Hidrosfera (profunda) Analisando a tabela 3.4 conclui-se que no Éon Arqueano e no início do Paleoproterozóico (~2.4-2.4 Ga) a hidrosfera superficial era redutora. No início do Paleoproterozóico as condições de oxigenação na Terra sofreram modificações de grande magnitude, sobretudo na hidrosfera superficial e na atmosfera. Estas condições físico-químicas certamente foram muito importantes para a deposição de complexos associado ao manganês, tendo em vista que grande parte dos depósitos manganesíferos precambrianos são associados ao inicio do Paleoproterozóico (Fig. 3.5 e Tab. 3.5). Desta forma, Veizer et. al. (1989) e Roy (2006) o Paleoproterozóico compreende a época principal de deposição do manganês. Na tabela 3.5 também pode ser verificada a abundância de depósitos manganesíferos a partir do início do Paleoproterozóico quando comparado ao Arqueano. De acordo com Roy (2006), os depósitos do Arqueano, além de ocorrer em menor quantidade, apresentam menores volumes, quando comparados com aqueles do Paleoproterozóico, que possuem grandes volumes. Neste cenário, merece lugar de destaque as concentrações manganesíferas do Fanerozóico. Associados a esse Éon, são de grande relevância os depósitos de manganês de Nikopol e os depósitos mexicanos de Molango, ambos depósitos de classe mundial e associados a processos sedimentares (Roy, 2006). A seguir é realizada uma abordagem contextual sintética dos principais processos formadores de depósitos manganesíferos. 55 Figura 3.5: Distribuição dos depósitos de manganês no tempo geológico. Observa-se que aproximadamente entre 2.5 e 1.9 Ga é o período em que se concentraram grandes quantidades dos depósitos de manganês no mundo. Modificado de Veizer et al. (1989). Tabela 3.5: Distribuição dos principais depósitos de manganês no Tempo Geológico. Notar a abundância destes depósitos a partir do inicio do Paleoproterozóico. Extraído de Roy (2006). 56 3.3.1. Processo Hidrotermal-Singenético Nesta classe de depósitos de manganês os processos genéticos estão relacionados a fluidos de natureza hidrotermal com temperatura elevada (Ederfield & Graves 1981; Roy, 1981; Zantop, 1981; Nicholson, 1990; Tsikos & Moore, 1997; Robb, 2007; West Jr et al., 2008; Pirajno, 2009, dentre outros). De acordo com esses autores, esse é o principal processo formador de depósitos de manganês primário. Estes depósitos são considerados nesta dissertação como hidrotermal-singenético, pois são oriundos de emanações vulcânicas submarinas e são caracterizados por se formarem concomitantemente com suas encaixantes. De acordo com muitos pesquisadores, a exemplo de Roy (1981), Fehn (1986), Flohr (1992), Nicholson (1992), Hayashi & Rhazi (2003), Robb (2007), Roy (2006), Pirajno (2009) e Maynard (2010), via de regra, os depósitos de manganês hidrotermal-singenético são encontrados em ambientes de dorsais e fumarolas do oceano profundo. Para Roy (1992, 1997), o quimismo das encaixantes dos depósitos de manganês é compatível com rochas de ambiente MORB (Midlle Oceanic Rift Basalt), sugerindo associação genética desses depósitos com dorsais oceânicas. Depósitos de manganês hidrotermalsingenético clássicos associados com dorsais oceânicas recentes são os centros de espraiamento de Galápagos no Oceano Pacífico (Moore & Vogt, 1976; Fehn, 1986), do Golfo de Aden (Cann et. al., 1977), e os depósitos de: Atlantis II Deep, Nereus Deep, Thetis Deep (Bignell et. al., 1976a; Bäcker & Schoell, 1972; Bonatti et. al.1972b; Bischoff, 1969, Roy, 1992) no mar vermelho (Tab. 3.6). Maynard (2010) defende que os depósitos hidrotermais singenéticos de idade paleoproterozóica também abrigam grandes volumes desse elemento. Além do manganês, depósitos primários de Fe e Cu também estão associados com processo hidrotermal-singenético e, tanto para o Mn quanto para o Fe e Cu nestes depósitos são freqüentes baixos valores de Al, Ti e Th (Boström, 1973; Boström et. al., 1974; Dymond & Veeh, 1975; Boström et. al 1976; Boström, 1976a,b; Elderfield et. al., 1977; Rona 1978; Buehn et. al., 1992; Choi & Hariya, 1992; Canet et. al., 2005; Price & Pichler, 2005; Robb 2007; Roy 2006; Shah & Moon, 2007; Maynard, 2010). 57 Tabela 3.6: Depósitos de manganês hidrotermal-singenéticos recentes formados por centros vulcânicos submarinos e fumarolas. Modificado de Roy (1981). Depósitos Minerais de Manganês Dorsal meso-oceânica do Atlântico, 23N (Thompson Todorokita et al., 1975) Centro de espraiamento do Galapagos, Oceano Todorokita, birnessita Pacífico. (Moore & Vogt, 1976) Golfo do Aden. (Cann et al., 1977) Todorokita, birnessita Mar Vermelho: Atlantis II Deep, Nereus Deep, Thetis Óxidos de Manganês Deep. (Bignell et al., 1976a; Bäcker e Schoell, 1972; Bonatti et al., 1972b; Bischoff, 1969) Ponto quente de Niimi, Japão. (Hariya, 1961) Pirolusita Vale salino, California. (Hewett e Fleischer, 1960) Criptomelana Uma associação comum entre Au, Ag, silicatos e carbonatos manganesíferos (rodonita, tefroita, alleghonyita e rodocrosita) pode ser encontrada nestes ambientes oceânicos (Sidorov et al., 1976; Andreasson et al. 1987). Uma distribuição zonal de minerais de manganês e outros metais é sugerida por Roy (1981), Tsikos & Moore, (1997) e Elagami et al. (2000). De acordo com esses autores, nas porções mais profundas dos depósitos minerais de manganês hidrotermal-singenético é possível a ocorrência de uma mineralogia constituída por rodocrosita, rodonita, tefroíta e alabandita em associação com metais base (Cu, Pb, Zn), sulfetos, ouro e prata. Com o acréscimo das soluções hidrotermais em direção à superfície, ou seja, nas zonas mais rasas, a mistura com fluidos descendentes oxigenados torna-se bastante significativa e as associações criptomelano-psilomelano-pirolusitacoronadita (óxidos de manganês de alta valência) se formam em função da oxigenação e do decréscimo da temperatura (Roy, 1981). Os modelos mais antigos relacionados com a gênese dos depósitos de manganês em dorsais oceânicas remontam os trabalhos experimentais de Krauspkopf (1956), que sugerem que nesse modelo o manganês e alguns metais são lixiviados de lavas máficas por ácidos diluídos em diferentes temperaturas. Por outro lado, experimentos realizados por Varentsov & Stepanetes (1970), além das considerações de Elgami (2000), sugerem que a lixiviação desses metais em rochas vulcânicas basálticas, pela água do mar, ocorre em baixas temperaturas. De acordo com esse modelo, a lava quando 58 expelida explosivamente gera fraturas de resfriamento que facilitam o processo de lixiviação pela água do mar. Para Roy (1981, 2006), Robb (2007), Pirajno (2009) e Maynard (2010) são dois os mecanismos de derivação do Fe, Mn e Si nas dorsais oceânicas: (i) por lixiviação desses metais nas lavas extrudidas, como sugerido por Krauspkopf (1956), em um ambiente mais acidificado e reduzido da água do mar, (ii) circulação de água através de fraturas profundas em centros de espraiamentos ativos ou em áreas com alto fluxo de calor, resultando na lixiviação e enriquecimento nesses metais (Fehn, 1986; Robb, 2007; Maynard, 2010, Fig. 3.6) Figura 3.6: Modelo ilustrativo explicando a formação de depósitos de ferro e manganês do tipo hidrotermal-singenético através da interação da água do mar e basaltos dos centros de espraiamanto dorsais gerando fumarolas ricas nestes metais. Modificado de Roy (1981). 59 Por outro lado, para Corliss et. al. (1978), a formação dos depósitos hidrotermais-singenéticos nas zonas de separação de placas está relacionada aos sedimentos siliciclásticos que repousam diretamente sobre os basaltos oceânicos. Neste modelo, o fluxo de calor transferido da base dos sedimentos, pelo sistema de convecção que ocorre nos basaltos é que estabiliza lentamente a água enriquecida nos metais. Enquanto o sedimento lamoso rico em ferro é formado relativamente em condições redutoras, os óxidos de manganês depositam-se somente em condições oxidantes, quando os fluidos hidrotermais foram misturados com do mar mais rica em oxigênio (Lyle, 1976, Natland et. al., 1979; Williams et al., 1979, Robb, 2007; Roy, 2006). Para Corliss et. al. (1978), além de explicar a geração dos depósitos Galápagos, este modelo também é adequado para explicar a formação dos depósitos no Golfo do Aden, (Glasby et al., 1971; Cann et al., 1977) e aqueles da dorsal Meso Atlântica na latitude de 37°N (Hoffert et al., 1978). Em contraposição, Fehn (1986) defende que a deposição do manganês em Galápagos é controlada essencialmente pela distribuição do fluxo de células de convecção hidrotermal próximo aos centros de espraiamentos. Neste estudo, este autor entende que a deposição do manganês é controlada por processos de mistura de células de convecção localizadas em fraturas desconectas com a água do mar com aquelas células mais aquecidas circundantes conectas com a água do mar. Com uma abordagem litogeoquímica, Khan (1996) compara os padrões médios de elementos do grupo Terras Raras (Fig. 3.7) em amostras de: (i) fluidos hidrotermais, representada pelo número 1; (ii) média da água do mar, representada pelo número 2; (iii) razão fluido hidrotermal/água do mar, na razão 1:1.000, representada pelo número 3; e (iv) nesse diagrama pode ser representada a similaridade entre as amostras 4 e 5, ambas representa o padrão de bandas de quartzo e hematita retirados de formações ferríferas, respectivamente. Essa similaridade sugere a participação de fluidos marinhos oceânicos na gênese das formações ferríferas do depósito estudado pelo autor. Estas interpretações genéticas podem ser extrapoladas aos depósitos de manganês, tendo em vista a forte associação entre as formações ferríferas e rochas ricas em manganês produzidas nesse ambiente (Tsikos & Moore, 1997). 60 Figura 3.7: Padrão dos Elementos do grupo Terras Raras das bandas de chert (gráfico a, número 4) e bandas de hematita (gráfico b, número 5) comparado com: 1) Água hidrotermal x 4 4 10 , média de três análises de fluidos hidrotermais x 10 (Klinkhammer et al. 1994), 2) Média da 6 água do mar x 10 , dados de Goldstein & Jacobsen (1988); 3) Sistema fluido hidrotermal/água do mar, em uma razão de 1:1000. Todos os dados estão normalizados segundo o padrão NASC (North American Shale Composite, definido por Gromet et. al, 1984). Modificado de Khan (1996). 3.3.2. Processo Sedimentar O ciclo relacionado com processo sedimentar inicia-se com a liberação do metal a partir de uma ou várias fontes e prossegue com transporte e deposição de sedimentos em uma bacia. De acordo com Roy (1988, 1997, 2006), os principais ambientes atuais de formação desses depósitos são o mar profundo, ao passo que os depósitos arqueanos e proterozóicos teriam sido formados nas margens de bacias marinhas. De acordo com Roy (1981, 1992), o processo sedimentar pode ser classificado como: (i) sedimentar não-vulcanogênico, que está relacionado aos depósitos cujos sedimentos possuem derivação continental (Mukhopadhyay et. al. 1997); (ii) sedimentar vulcanogênico, cuja fonte dos metais é vulcanogênica, porém o depósito hospeda-se geralmente em litotipos sedimentares. O processo de maturação do depósito sedimentar não-vulcanogênico inicia-se com o intemperismo das rochas continentais, sendo estas fontes primordiais dos metais (Roy, 1981 e 2006). De acordo com esses trabalhos, com o avançar do intemperismo o manganês é lixiviado e transportado até acumular-se nas bacias marinhas ou mesmo em suas margens. Neste universo 61 as condicionantes para o transporte e deposição do manganês são: (i) os fatores externos, como ação microbacteriana, morfologia do relevo, clima, ação da tectônica, regime pluviométrico; (ii) os fatores físico-químicos associados com a estabilidade do manganês (Calvert & Pedertsen 1996; Buhn & Stanistreet 1997; Roy 1997, 2006), que foi apresentado e discutido no item 3.2. De acordo com Roy (1981), a depender da natureza do processo de alteração intempérica, o manganês e o ferro podem ser lixiviados simultaneamente das rocha-fontes ou podem ser lixiviados um em detrimento do outro devido à diferença dos seus raios iônico. Nesse sentido manganês, em ambiente com pH menor do que 5,5 o manganês por exemplo, poderia ser lixiviado por possuir maior raio iônico e potencial iônico intermediário. Conforme Mohr (1965) e Varentsov (1964), situações climáticas quentes e áridas são bastante favoráveis para maturar zonas de intemperismo que podem liberar o manganês para a solução. Entretanto, a participação de matéria orgânica pode aumentar a mobilidade do manganês consideravelmente. Um exemplo de depósito manganesífero que foi interpretado como sedimentar não-vulcanogênico é Nikopol, do Oligoceno. De acordo com Ostwald & Bolton (1992), Öztürk & Hein (1997) e Biondi (2003), este depósito é caracterizado por apresentar camadas com carbonatos e óxidos de manganês que se estendem por várias dezenas de quilômetros, com espessuras que variam entre 2 a 3,5 m. Os sedimentos foram depositados em uma plataforma de águas rasas, com presença de arenitos argilosos, argilitos, além de camadas de carbonatos e óxidos manganesíferos. Segundo Biondi (2003), nas zonas mais rasas da plataforma o manganês é do tipo óxido, variando para carbonato em direção às zonas mais profundas do depósito. As características dos litotipos presentes e a ausência de rochas vulcânicas seriam os principais argumentos para uma gênese sedimentar não-vulcanogênica. Outro importante depósito de manganês sedimentar que foi interpretado como não-vulcanogênico é o de Groote Eylandt, Austrália, de idade cretácea (Varentsov, 1996). Relacionados também a este modelo de depósitos, Roy (1981) cita os exemplos precambrianos brasileiros, como as ocorrências do Quadrilátero Ferrífero, Serra do Navio e Urucum, além dos depósitos das Guianas, Índia e China. De acordo com aqueles autores, todos esses depósitos possuem como fatores em comum a mineralização de 62 manganês intimamente associada com rochas terrígenas e vinculada à deposição de carbonatos, arenitos, argilito e margas. De acordo com Roy (1981) e Fehn (1986), os depósitos sedimentares vulcanogênicos são aqueles que exibem inter-estratificações de rochas sedimentares, com presença subordinada de rochas vulcânicas. Comumente são depósitos poucos expressivos no contexto mundial. Forma corpos acamadados com rochas sedimentares e, ao mesmo tempo, possuem derivação dos metais a partir de soluções hidrotermais relacionadas com vulcanismo submarinho (Roy 1981, 1997, 2006). Nesse caso, os fluidos hidrotermais ricos em manganês são expelidos em dorsais meso-oceânicas, ou mesmo em centros de espraiamento, e são transportados por quilômetros de distância por correntes marinhas até encontrar condições físico-químicas particulares para que haja a deposição do metal. Exemplos de depósitos interpretados como desse tipo são os de Kalafa, Rifte norte do Afar, na Etiópia (Bonatti et. al. 1972) o complexo ofiolítico Apennine, Itália (Bonatti et. al., 1976; Roy 1997). Mancini et. al. (2000) propôs um modelo sedimentar vulcanogênico para o depósito do sudoeste da Finlândia. Neste depósito finlandês são descritos silicatos manganesíferos intercalados com metachert, que estão associados com anfibolitos metavulcânicos (Fig. 3.8). De acordo com o referido autor, toda a sequência encontra-se metamorfisada em condições de temperatura e pressão de 740±30°C e 4 à 5 kbar, respectivamente. Para Mancini et al. (2000), compreende uma sequência litológica oriunda de hidrotermalismo submarinho que foi metamorfisada junto com os sedimentos carbonáticos e siliciclástico na região abissal. O anfibolito possui como acessórios minerais como fayalita, quartzo, ferrosilita, pirrotita, magnetita e grunerita. Por outro lado, as rochas calcissilicáticas são compostas por calcita, dolomita, siderita, diopsídio, tremolita, fayalita e quartzo. As lentes ricas em silicatos de manganês manganocummingtonita, consistem manganogrunerita, de rodonita, espessartita, piroxmangita, tefroíta com rodocrosita, manganocalcita, pirrotita e magnetita. 63 Figura 3.8: Esboço metalogenético simplificado do depósito de manganês sedimentar vulcanogênico do sul da Finlândia, proposto por Mancini et al. (2000). 3.4 Processos Secundários Enriquecedores de Depósitos de Manganês Alguns processos muitas vezes são os responsáveis pela reconcentração do manganês e, em algumas situações, também pode formar depósitos minerais (Roy, 1981, 1992, 2006; Varentsov, 1996; Maynard 2010). Em geral são de dois tipos: (i) aqueles formados por conseqüência de processos supergênicos; e (ii) aqueles oriundos de processos hidrotermais epigenéticos. A seguir ambos os processos serão sucintamente caracterizados. 3.4.1. Processo Supergênico a) Conceitos Atualmente os produtos do processo supergênico representam os hospedeiros da maior parte do minério de manganês do mundo (Varentsov, 1996; Roy, 2006). O modelo de mineralização supergênica é baseado, principalmente, nos parâmetros ligados à questão da maturação de um perfil de intemperismo (Delvigne, 1981; Freyssinet 2005; Costa, 2010; Vasconcelos, 2010), que dependem dos fatores climáticos, da ação dos agentes tectônicos, bem como de aspectos geomorfológicos e da rocha hospedeira. A atuação desses agentes, em conjunto, pode levar à concentração do manganês a partir 64 de rochas com baixo teor nesse elemento, como por exemplo, folhelhos, xistos, calcissilicáticas, gonditos, granulitos, queluzitos e carbonatos. De acordo com Russel (1994), e Robb (2007), na maior parte dos ambientes da superfície da Terra, as águas subterrâneas têm pH entre 5 e 9 e, como descrito no item 3.2, essa é uma condição para a permanência do manganês nesses ambientes. As principais reações do intemperismo químico são hidrólise e oxidação. A International Society of Soil Science define intemperismo como uma parcial ou completa transformação, isovolumétrica ou não, de rochas, solos ou sedimentos acompanha com mudanças de cor, textura, dureza e forma (Delvigne, 1975; Stoops et. al. 1979). Durante o intemperismo de uma rocha os minerais primários, de origem sedimentar, magmática ou metamórfica, são destruídos e substituídos por fases minerais mais estáveis, geralmente associada com o aumento de porosidade (Delvigne 1998). A Figura 3.9, extraída de Toledo et. al. (2000), resume a relação entre evaporação intensidade do intemperismo com temperatura, pluviosidade e vegetação. Em regiões de alta precipitação, temperatura de 25°C e potencial de evaporação razoável, o perfil de alteração intempérica é mais evoluído, geralmente em forma de cone. Em contraposição, nas regiões desérticas quase não se observa o intemperismo químico devido à baixa precipitação pluviométrica anual. A figura 3.10, por sua vez, demonstra as relações entre topografia e intensidade de intemperismo. Nos platôs, onde que há boa infiltração e circulação de água, o intemperismo químico é favorecido. O inverso ocorre em cristas e vertentes bem escarpas das em que há baixa infiltração desfavorecendo ao intemperismo químico. 65 Figura 3.9: Relação da intensidade de intemperismo nas diferentes condições climáticas. Modificado de Toledo et. al. (2000). Figura 3.10: Influencia da topografia na intensidade do intemperismo. Em A o perfil intempérico é maduro, B moderadamente maduro e C imaturo. Extraído de Toledo et. al. (2000). Fatores estruturais como falhas, fraturas, dobras e foliações favorecem à infiltração e à circulação de água no perfil de solo. Neste caso, a reciclagem de água no perfil de alteração é um fator que influencia a alcalinidade desse 66 componente, mantendo-a com pH neutro a levemente básico. Para o caso dos depósitos de manganês supergênico, sistemas como este são de grande relevância, pois favorecem a manutenção do manganês no perfil de alteração e permitem uma maior mobilidade da sílica e dos elementos alcalinos da rocha matriz. Segundo Delvigne (1981), em uma rocha submetida à alteração intempérica podem-se distinguir três grandes zonas ou microsistemas, que normalmente aparecem em ordem crescente de alteração: (i) microssistema de contato; (ii) microsistema plásmico; (iii) microsistema fissural. O microsistema de contato restringe-se ao estágio inicial de alteração, quando os minerais primários ainda estão preservados. O microsistema plásmico é subsequente ao anterior, correspondendo um estágio mais avançado, onde os minerais começam a se transformar em um plasma (ou pedoplasma), que pode ser argiloso, hematítico ou silicoso. O microsistema fissural aparece nas rochas profundamente alteradas com a multiplicação e alargamento generalizado das fissuras, poros e canais nos quais as águas circulam rapidamente. Na tabela 3.1 pode ser encontrado a lista dos principais minerais de manganês associado com perfis lateríticos. Muito comum no microsistema de contato são as feições de pseudomorfose e estruturas do tipo box work em que o mineral primário é parcialmente substituído pelo mineral secundário. De acordo com Delvigne (1981), a substituição ocorre principalmente associada aos planos de fraqueza (fratura e clivagem) do mineral hospedeiro quando submetido ao ataque químico durante a fase inicial de alteração. O resultado é a produção de material amorfo com neoformação de hidróxidos, podendo ocorrer calcedônia associada. Quanto menos avançado o processo de alteração mais as feições de substituição serão preservadas. Os principais trabalhos que reportam as alterações intempéricas e formação de pseudomorfos de minerais silicáticos e carbonáticos estão associados com a formação de saprólitos de rochas máficas, ultramáficas, bem como granitos, gnaisses e xistos, podendo ser citados os trabalhos de Chatterjee (1961), Beater & Frankel (1965); Kostov (1977), Hawker & Thompson (1988), Delvigne (1998). 67 A figura 3.11 ilustra um exemplo de pseudomorfismo em um grão de olivina. Neste caso, em direção aos domínios de maior alteração intempérica, há formação de hidróxido de ferro e de material amorfo e silicoso. O processo de alteração inicia-se nos planos de clivagem e bordas do mineral, até a substituição quase completa do mineral primário. Figura 3.11: Exemplo de formação de pseudomorfose a partir de grãos de olivina. a: grão de olivina em estágio preliminar de alteração, cristalização da esmectita em lamelas orientadas ao longo de fissuras do mineral primário; b: alteração progressiva da olivina em hidróxidos de ferro. Os resíduos são irregulares e denticulados separados das paredes ferruginosas por espaços vazios em estrutura box work; c: estágio mais evoluído de alteração evoluído da olivina formando material férrico silicoso. Uma classificação corrente é a individualização de domínios do perfil de alteração em função de proporção de distribuição da rocha parental, podendo ser identificadas isoalteritas e aloalteritas. O termo isoalterita é utilizado para designar o nível do perfil do solo em que as características da rocha mãe ainda estão preservadas e onde predominam microssistemas de contato e plásmico de Delvigne (1998), descrito anteriormente, ao passo que nas aloalteritas as características da rocha parental não são mais encontradas predominando o microssistema fissural (Delvigne 1998). No processo de transformação de isoalterita em aloalteritas há substituição parcial a total dos elementos mineralógicos da trama original, podendo ocorrer pseudomorfismo. A alteração intempérica leva à formação de solos. De acordo com Castro (2008) que são os constituintes essenciais do solo são: (i) poros, ou os vazios, que são orifícios ou aberturas desprovidos de materiais sólidos que atuam de diferentes formas, capazes de reter líquidos (soluções) e/ou permitir sua percolação, bem como a passagem de ar (gases) de animais raízes, por exemplo; (ii) O esqueleto, que é formado por partículas maiores que 2 μm, granulometricamente classificadas como areia e silte (ou limo). Constitui-se de minerais primários (quartzo, feldspatos, micas, por exemplo), embora em 68 alguns casos certas feições pedológicas, como por exemplo nódulos, possam apresentar-se em abundância e se comportar como esqueleto (pseudo-areia ou pseudo-silte); (iii) O plasma, que é composto por partículas menores que 2 μm, granulometricamente classificadas como fração argila. O plasma pode conter minerais argilosos, matéria orgânica, sais, óxidos e hidróxidos. Algumas vezes, porém, o forte grau de cristalização do plasma pode atingir dimensões maiores que 2 μm, com formação da gibbsita, quartzo, óxido de ferro (Delvigne 1998), sendo nesse caso chamado de cristaliplasma, ou plasma crístico. O avanço do processo de alteração pode levar ao desenvolvimento de um perfil laterítico com a formação dos microssistemas plásmico, associado com plasmas desenvolvidos em isoalteritas, e fissural, relacionados com fraturas geradas no estágio mais avançado de alteração intempérica, com formação de aloalteritas (Delvigne 1998). Na literatura existem-se vários exemplos de processos de alteração intempérica que levam à formação de perfil desse tipo, podendo ser citados as publicações de Merino et. al. (1993), Delvigne (1998), Nahon & Merino (1997) e Stoops et. al. (2010). Com relação ao microssistema plásmico, podem ser individualizados o alteroplasma, que é o plasma, constituído por partículas microcristalinas geradas a partir da alteração de minerais primários em que o tamanho e o volume original é mantido (pseudomorfose) (Delvigne 1998). No estágio de alteração intempérica mais avançada pode ser encontrado o pedoplasma (Delvigne 1998) que é exemplos de depósitos supergênicos no mundo. Um exemplo de um perfil laterítico maduro e mineralizado em manganês pode ser observado na mina de manganês do Azul, localizada na Província Mineral de Carajás, no Estado do Pará (Figura 3.12). Nesta mina o perfil laterítico é profundo (inferior a 100m), bem desenvolvido, com espesso horizonte argiloso, que foi gerado pela alteração intempérica de siltitos vermelhos e brancos portando lentes manganesíferas, que compreende a zona saprolítica. De acordo com a figura 3.12, do topo para base, este perfil, é formado pelos seguintes horizontes: (i) Os materiais de desagregação, que compreende um material detrítico de coloração marrom, podendo conter esferolitos nodulares; (ii) Crosta laterítica bauxítica formada por óxidos-hidróxidos de ferro e manganês (hematita, goethita, criptomelana, litioforita, hollandita, 69 pirolusita, nsutita), além de gibbsita e caulinita, predominantemente composta por material nodular, brechóide a carvenoso, onde desenvolve-se os solos residuais, depósitos de tálus ou ainda materiais argilosos com esferolitos. Ainda são observados blocos compactos manganesíferos formados por criptomelana, os quais representam fortes indicadores da mineralização manganesífera subjacente e adjacente. Ao microscópico, estas crostas se apresentam criptocristalinas a microcristalinas, com aspectos de massas compactas ou esferoidal, pisolítica e ainda tipo brechada; (iii) Horizonte argiloso espesso (variando de 20-30 metros), composto por um material areno-argiloso amarelado, por vezes escuro, parcialmente desagregado, contendo um domínio relevante de óxido-hidróxido de manganês (OH-Mn); (iv) Zona saprolítica, localizada na base do perfil laterítico, com a presença de corpos siltosos, argilosos, vermelhos e amarelados; (v) A rocha-sã consiste de um empacotamento de siltitos e pelitos com mudstones intercalados ricos em manganês (até 15% MnO). Camadas de carbonatos manganesíferos e/ou de hidróxido de manganês e matéria orgânica também estão presentes. Figura 3.12: Perfil laterítico simplificado para o depósito de manganês do Azul, Carajás. Extraído de Costa et. al. (2006). 70 Outro exemplo de depósito supergênico de manganês é o de Graskop, África do Sul (Hawker & Thompson 1988). Nesta região, dolomitos manganesíferos foram submetidos ao intemperismo dando origem a binerssita e criptomelana. O produto desta alteração é uma rocha texturalmente porosa a esqueletal, apresentado microestrutura do tipo esponja (Hawker & Thompson 1988). Segundo os mesmos autores, neste depósito os fatores mais importantes que contribuíram para a alteração intempérica efetiva dos minerais parentais foram planos de fratura e as clivagens dos minerais, a composição química da rocha, do fluido e os espaços intergranulares dos dolomitos. De acordo com os autores, o intemperismo desenvolveu-se ao longo desses condutos dissolvendo e removendo a dolomita, criando, assim, novas porosidades. Como resultado do intemperismo tem-se uma rocha porosa rica em óxido de ferro e manganês. Neste processo, MnO, Fe 2O3, K2O, SiO2 e Al2O3 foram concentrados residualmente e CaO e MgO foram lixiviados (Tab. 3.7). Nesta tabela é pode-se notar que o dolomito manganesífero (protominério) possui teores de 1.72% de MnO e que com a supergênese houve a formação de um minério de manganês residual com 26,5 a 37,01% de MnO. Tabela 3.7: Análise química total do dolomito inalterado e das rochas do depósito de Manganês residual de Graskop, África do Sul. Modificado de Hawker & Thompson (1988). Amostra Fe2O3 MnO CaO K2O SiO2 Al2O3 MgO LOI Total Dolomito 0.65 1.72 29.2 <0.01 0.90 0.14 20.9 46.1 99.6 Mn Residual (1) 10.2 26.5 10.94 1.80 10.1 5.62 7.1 26.3 98.9 Mn Residual (2) 10.96 31.58 0.64 1.66 15.6 5.13 0.59 31.4 97.1 Mn Residual (3) 19.36 37.01 0.06 3.40 15.3 8.43 0.53 12.2 97.0 Ainda na África, na região de Postmasburg, no Cráton de Kaapvaal, localiza-se um dos distritos mais produtores de manganês e ferro no mundo (Villiers, 1983; Varentsov, 1996; Evans, 2001). Neste distrito foram identificadas reservas da ordem de 3 bilhões de toneladas de minério de manganês com teor médio da ordem de 35% (Gutzmer & Beukes, 1996; Varentsov, 1996 e Evans, 2001). A mineralização ocorre nos sedimentos metamorfisados do 71 Supergrupo Transvaal (2500-2100 Ma) que contém aproximadamente 12 km de espessura e sofreram supergênese (Varentsov, 1996). Este Supergrupo é formado pelos grupos Ghaap, Olifantshoek e Postmasburg. O Grupo Ghaap, onde se encontra o minério de manganês, corresponde a uma unidade sedimentar química formada por rochas carbonáticas e siliciclásticas interacamadadas, além de dolomitos e formações ferríferas Evans (2001). O minério de manganês ocorre associado aos dolomitos, mais precisamente no Subgrupo Campbellrand. De acordo com Varentsov (1996), a acumulação singenética do manganês seria de dois tipos: (a) o minério associado a margas manganesíferas com dolomitos, estromatólitos e folhelhos na parte inferior; (b) minério associado a duas camadas de óxido-hidróxido de manganês com cerca de 1m de espessura, composto essencialmente de psilomelano, e porções subordinadas de pirolusita, jacobsita, hausmmanita e hematita no topo da formação. O conteúdo de manganês do minério supergênico do tipo óxidohidróxido é de 40% de Mn e 25-27% de Fe. As margas manganesíferas (protominério) contêm 3-10% de Mn e 5-15% de Fe. De acordo com Kim (1980) e Varentsov (1996) no depósito de manganês de Janggun, na Coréia, a mineralização de manganês supergênico é superficial, atingindo no máximo valores de 50 metros de profundidade. A mineralização é errática e sempre associada com protominérios, que neste caso contêm rodocrosita (Fig. 3.13). Figura 3.13: Seção geológica do depósito de manganês de Janggun, Coréia. Note o formato errático da mineralização, sua profundidade, além da associação do minério com o protominério quelusítico. Modificado e traduzido de Varentsov (1996). b) Exemplos na Seqüência Metavulcanosedimentar Caetité-Licínio de Almeida A Mina de manganês de Bandarra, que foi estudada por Machado (1983), a mineralização está inserida no contexto do relevo serrano da 72 Cordilheira do Espinhaço, que foi nivelada por superfície de erosão Sul Americana, de provável idade Terciária (King, 1956). Para Machado (1977), da base para o topo na mina de Bandarra podem ser descritos: (i) mica xistos, com espessura de cerca de 500 metros que no topo apresentam intercalações centimétricas com quartzitos e mica xistos com impregnação de manganês; (ii) formação ferromanganesífera fáceis óxido-carbonato, que possui espessura entre 5 a 6 metros; (iii) mica xistos, anfibolitos e quartzitos micáceos. Nesta mina os teores de manganês são da ordem de 45-55% (Machado, 1983). De acordo com o referido autor, o minério de manganês desta localidade é do tipo primários, metamórfico lenticular e secundário do tipo supergênico residual. O manganês supergênico ocorre associado com a formação ferromanganesífera na forma de lentes ou formando camadas descontínuas de manganês, com variação lateral e vertical de espessura. Os minerais de manganês destas rochas dividem-se, principalmente, entre metamórficos e secundários. Os minerais metamórficos são: (i) óxidos, tais como jacobsita, hausmmanita I, bixbyita e hematita; (ii) silicatos, como espessartita, tefroíta, anfibólios e mica manganesífera; (iii) carbonatos, incluindo manganocalcita e manganodolomita. Conforme Machado (1977) a mineralogia secundária formada em condições superficiais é representada por hematita, hausmanita II, goethita e malaquita. De acordo com Machado (1977, 1983), o depósito de Bandarra formou-se inicialmente durante a sedimentação química das formações ferromanganesíferas, onde houve a deposição de óxidos primários de manganês de alta valência em temperaturas baixas, que se converteram para óxidos de baixa valência pela elevação da temperatura durante o metamorfismo regional. No Terciário, houve alteração supergênica dos protominérios de manganês durante o ciclo de intemperismo/erosão Sul Americano, e, nesse contexto formou-se uma associação de minerais secundários. Na mesma região também se insere neste contexto, os depósitos de manganês da mina de Barreiro do Campo, em Urandi (Borges, 2008). Segundo este autor, o depósito manganesífero foi renconcentrado por processos supergênicos que atuaram nos protólitos ricos em rodocrosita (queluzitos). 73 3.4.2. Processo Hipogênico Este tipo de processo relaciona-se às concentrações de manganês geradas por enriquecimento posterior a deposição das suas encaixantes como no processo supergênico, mas por fluidos hidrotermais salinos, magmático e/ou conatos. Neste caso, o fluido mineralizante tem caráter ascendente, ou seja, normalmente são fluidos que migram de regiões mais profundas para as mais rasas. De acordo com Varentsov (1996), deste processo não derivam grandes províncias manganesíferas, pois desencadeiam depósitos caracteristicamente menos expressivos. Como mencionado anteriormente, o grande contingente de manganês encontrado no mundo está relacionado a processos deposicionais singenéticos, além da sua reconcentração por processos supergênicos. Poucos exemplos de publicações abordam depósitos de manganês hipogênicos, podendo ser citados os trabalhos de Kleyenstüber (1984), Miyano & Beukes (1987), Gutzmer & Beukes (1995) no depósito de Postmasburg e o depósito de Um Bogma (Elagami et. al 2000). O depósito de Postmasburg está localizado na Província Manganesífera do Cape, África do Sul, com reservas estimadas de 3 bilhões de toneladas de minério de manganês com teores de entre 20-48% (Taljaardt, 1982; Gutzmer & Beukes, 1996; Varentsov, 1996 e Evans, 2001). Entretanto, desses recursos somente 360 milhões de toneladas compreendem os depósitos de manganês de alto teor que, de acordo com Taljaardt (1982), têm teores acima de 40% de Mn. De acordo com Kleyenstüber (1984), Miyano & Beukes (1987) e Gutzmer & Beukes (1995), o minério de alto teor é derivado da alteração hidrotermal do minério sedimentar de baixo teor, percussor da mineralização principal. Um outro exemplo foi apresentado por Gutzmer & Beukes (1995), na região de Kalahari. Nele são identificados dois tipos principais de depósitos: o depósito sedimentar, de baixo teor; e o depósito hidrotermal de alto teor. De acordo com os autores, o minério de manganês associado com o processo sedimentar, também denominado de Mamatwan Ore, é diagenético. Este minério normalmente está estabilizado em baixo grau metamórfico formado por uma paragênese mineral constituída por carbonato, braunita I com hematita subordinada, todos microcristalinos. Este depósito é caracterizado pela preservação das estruturas sedimentares, além da presença abundantes 74 ovoids em carbonatos. Por outro lado, o minério hidrotermal, também chamado de Wessels Ore, é formado por uma paragênese mineralógica constituída por braunita II (ocorre a formação de uma nova braunita), bixbyita-hausmmanita e o minério hausmanítico, além de uma frente de ferruginização considerável. De acordo com Gutzmer & Beukes (1995), a passagem do Mamatwan Ore para o Wessels Ore é bem marcada, sobretudo, por falhas normais e fraturas mapeadas na área. São justamente nestas estruturas que são observadas as principais reações de hidrotermalização. As principais feições deixadas por essas reações são as frentes de ferruginização ou hematitização, as transformações mineralógicas do minério primário (formação braunitaII, bixbyita-hausmmanita e o minério hausmanítico), a obliteração das feições sedimentares iniciais das camadas manganesíferas do Mamatwan Ore, a formação de uma porosidade no minério de alto teor, processos de lixiviação de sílica e carbonato, além do crescimento acentuado no tamanho dos minerais de ganga e minerais de minério. A tabela 3.8 apresenta as análises químicas do minério primário (Wessels Ore) e hidrotermal (Mamatwan Ore). Nesse caso é interessante observar que o processo hidrotermal reconcentrou o depósito manganesífero aumentando em 12,6% em teores de manganês e lixiviou o ferro reduzindo em 5%. Em contrapartida, a alteração hidrotermal foi responsável pelo crescimento nos valores de SiO2 e CaO. Tabela 3.8: Comparação composicional de análise química dos principais elementos do minério de manganês sedimentar de baixo teor (Wessels Ore) e o minério hidrotermal de alto (Mamatwan Ore). Extraído de Gutzmer & Beukes (1995). Wessels Ore (%) Mamatwan Ore (%) Mn 38.4 51.0 Fe 10.5 5.0 SiO2 3.8 5.9 CaO 0.4 3.3 MgO - 0.3 3.5 Metamorfismo de Depósitos de Manganês e Rochas Associadas Muitos depósitos de manganês primários de idade pré-cambriana foram submetidos a processos metamórficos, os quais passaram por diversas transformações mineralógicas, químicas e texturais. Nesse contexto, diversos minerais metamórficos de manganês são gerados, podendo ser citados como 75 os mais comuns: bixbyita, braunita, hollandita, espessartita, hausmmanita, manganosita, além de jacobsita, vredenburgita, dentre outros. A quantidade de estudos associado com o metamorfismo de rochas ricas em manganês é muito inferior quando comparado aos estudos para as seqüências ferríferas bandadas, podendo ser citados alguns trabalhos como os de Faulring et. al. (1960), Hahn & Muan (1960), Fleischer (1960), Fleischer & Richmond (1943), Wadsley (1950a, b), Roy (1981), além das publicações de, Miyano & Beukes (1987), Dasgupta et. al. (1989, 1990), Delian et. al. (1992), Buhn et. al. (1995), Gutzmer & Beukes (1996) e Dasgupta (1997). O estudo das transformações minerais durante o metamorfismo de rochas ricas em manganês vem sendo realizado desde meados do século passado e os primeiros estudos estão sumarizados na figura 3.14. Nela pode ser verificado que as fases minerais de temperatura inferior a 500°C são: criptomelana, pirolusita, nsutita, birnessita, pirocroita, groutita, manganita e rodocrosita. Entre 450-750°C, em condições de fáceis anfibolito, tem-se bixbyita, holandita, jacobsita e/ou vredenburgita. Acima de 750°C, apenas a hausmmanita é estável. De acordo com Roy (1981), nos depósitos de manganês as principais mudanças mineralógicas que ocorrem durante o metamorfismo estão relacionadas com a transformação de óxidos de manganês de alta valência (estáveis em baixa temperatura), para óxidos de manganês baixa valência (estáveis em altas temperaturas), (vide tabela 3.1). Como exemplo tem-se a presença de minerais metamórficos em diversos depósitos da literatura, como é o caso dos depósitos da India, do Kalahari (África do Sul), Noda-Tamagawa (Japão), Azul (Brasil) (Roy, 1981 e Dasgupta et al., 1989, 1990). Figura 3.14: Transformação de óxidos e carbonatos de manganês com o aumento da temperatura. Fonte: Roy (1981). 76 Huebner (1967) estudou as relações metamórficas de minerais de manganês através de grades petrogenéticas usando como componentes MnOSiO2-CO2-O2 e a pressão constante de 2kbar. Os resultados podem ser sumarizados na figura 3.15. Como pode ser notado no tetraedro (ramo superior esquerdo), nessas condições a pirolusita é estável em ambientes com alta fugacidade de O2 (-6<logfO2<0) e em uma faixa de temperatura que chega ao máximo a 480°C. Nessa mesma figura, a braunita forma-se sob duas condições distintas. A primeira ocorre em uma faixa restrita de temperatura (observe o polígono formado pelas curvas de reação bivariante na linha 6 e 20 da figura 3.15) com temperaturas entre 320-480°C e logfO2 entre -7,7 e -5,7. A segunda faixa de estabilidade da braunita ocorre no polígono delimitado pelas curvas de reação bivariante identificada pelos números 2, 21 e 22 da mesma figura, em temperaturas entre 400°C e 1000°C e logaritmo da fugacidade de oxigênio entre -0,3 e 7,7. Neste campo pode haver a formação da braunita ou mesmo hausmmanita a depender das variantes de O 2 e SiO2. A hausmmanita forma-se em condições com déficit de sílica e com presença de oxigênio. Já a braunita é estável somente em sistemas com presença de sílica e ausência de oxigênio. A estabilidade da rodocrosita é uma função da oscilação do logaritmo da fugacidade de oxigênio. Em condições onde o logaritmo da fugacidade é maior que -8 a rodocrosita é estável sob temperatura variando entre 320480ºC. Porém, quando o valor deste logaritmo atinge a faixa de -13 e -24,6 a rodocrosita pode ocorrer em uma faixa de temperatura entre 420-770°C. Uma lista de possíveis associações metamórficas está organizada na tabela 3.10. Apesar da ampla mineralogia metamórfica relacionado com o manganês, neste trabalho será dada ênfase aos estudos do campo de estabilidade da espessartita e da jacobsita, minerais metamórficos encontrados nas rochas estudadas na mina Lagoa D’anta. Sobre o campo de equilíbrio da jacobsita, ainda não há trabalhos conclusivos que definam área de estabilidade considerando todas as variáveis encontradas nos ambientes naturais. Aliás, esta afirmação é válida para todos os minerais de manganês (Dasgupta et. al. 1989), embora, como mostrado anteriormente, existam raros trabalhos que sugerem o campo de estabilidade destes minerais considerando quatro ou cinco variáveis (Roy, 1981). Na representação da figura 3.14, a jacobsita forma-se através da reação 77 metamórfica de óxidos/hidróxidos de ferro com criptomelana, pirolusita, nsutita, birnessita, todorokita, groutita e manganita. Figura 3.15: Diagrama T versus logfO2 mostrando a relação de fases no sistema Mn-C-Si-O a pressão constante de 2kbars. A grade petrogenética é baseada em dados experimentais de Muan (1959a), Huebner (1967) e Peters et. al. (1973). Figura extraída de Peters et. al. (1974). 78 De acordo com Roy (1981), a formação da jacobsita depende do conteúdo de ferro na composição original da rocha, além da temperatura e fugacidade de oxigênio. Para Dasgupta et. al. (1989), baseado nos trabalhos de Huebner (1967), Beukes (1973), Valarelli et. al. (1976), Peters et. al. (1978), Dasgupta & Manickavasagam (1981), Bhattacharya et. al. (1984), Miyano & Bekues (1987) e Bhattacharya et. al. (1988), a jacobsita é estável em um espectro de temperatura que pode variar de 420°C até 700°C. Da mesma forma, este mineral é preservado em pressões entre 3 kbar e 6 kbar (Tab. 3.9). Conforme Dasgupta et. al. (1989) e Buhn (1995) a jacobsita estável a 700°C pode ser associada com hausmmanita, hematita, rodocrosita e, em alguns casos com vredenburgita (vide Tabela 3.9), ao passo que, nas temperaturas de 500°C, este óxido permanece estável, em quantidades subordinadas, com presença de braunita, hausmanita, hematita e kutnahorita. Em contraposição, Miyano & Beukes (1987) sugerem que a associação formada por jacobsitabraunita-hausmanita-hematita pode formar-se em condições diagenéticas. Dasgupta et. al. (1989) elaboraram uma grade petrogenética para o sistema Mn-Fe-Si-C-O em pressões de 1kbar. Neste sistema, minerais como jacobsita, hematita e vrenderburgita participam das reações. Desse modo, de acordo com a figura 3.16, a jacobsita é estável em uma temperatura mínima de 402°C e o log da fugacidade máxima de oxigênio igual a -8. De acordo com a reação 3 (ramo esquerdo) desta figura, com a diminuição da fugacidade de oxigênio a hausmanita, hematita e o CO2 transformam-se na paragênese jacobsita, rodocrosita liberando oxigênio. Com o aumento da temperatura, ou seja, em condições de aproximadamente acima de 470°C, e com o aumento da fugacidade de oxigênio, a paragênese jacobsita, rodocrosita e oxigênio transformam-se em jacobsita, rodocrosita, quartzo com liberação de oxigênio (reação 3, ramo a direita). Na reação 9 (Fig. 3.16) pode-se verificar a formação da bixbyita, jacobsita e CO2 a partir da rodonita, hematita e O2, em condições de temperatura acima de 570°C, aproximadamente, e o logaritmo da fugacidade de oxigênio superior a 10-11. Em síntese, até o momento entende-se que o espectro de temperatura da jacobsita, em condições de pressão de 1kbar, varia de 402°C a 570°C, indicando estabilização no fáceis xisto verde. 79 Tabela 3.9: Associação mineral metamórfica de minerais ricos em manganês em diferentes partes do mundo. Fonte: Dasgupta et. al. (1989). Abreviações: Br: braunita, Holl: hollandita, Bx: bixbyta, Hm: hematita, Qz, quartzo, Hs:hausmanita, Py: pirita, Jb: jacobsita, Vr: vredenburgita, Rdh: rodocrosita, Rdn: rodonita, Pxm: piroximangita, Kut: kutnahorita Área Assembléia Mineral (i) Br(i)+Holl+Bx+Hm+Qz Temperatura/Zona Metamórfica zona da clorita Zona da estaurolita- (ii) Br(i)+Holl+Bx+Br(ii)+Hm+Qz cianita, 600°C, Referência Dasgupta & Manickavasagem (1981) 6kbars (iii) Br(i)+Holl+Bx+Br(ii)+Hm+Hs+Qz (iv) Br(i)+Py±Qz Índia (v) Br(i)+Jb+Hm+Hs Zona da silimanita, 660°C, 6kbars Zona da clorita Bhattacharya et. al. Zona da estaurolita- (1984) cianita, 600°C, 6kbars (vi) Jb+Hs+Hm±Rdh (vii) Jb/”Vr”+Br+Qz+Hm±Rdh Miyano & Beukes fáceis anfibolito, 600°-700°C, 6kbars (viii) Jb/”Vr”+Qz+Hm+Br+Hs±Rdh (1987) de Villiers (1983) e Bhattacharya et. al. (1988) Urandi, Brasil, Otjosondu, Namíbia Índia Califórnia, USA Valarelli et. al. (ix) Bx+Jb+Hs fáceis anfibolito (x) Br+Jb+Hs+Bx±”Vr”+Hm fáceis anfibolito Beukes (1973) (xi) Jb+Pxm/Rdn±Br+Hm zona da silimanita, Bhattacharya et. al. 660°C, 6kbars (1984) (xii) Br+Rdh±Hs±Qz (xiii) Hs+Rdh (xiv) Br+Qz+Rdh Fáceis lawsonitaalbita Fáceis lawsonita- Kalahari 420°C±30°C, 3kbars metamorfico, 500°C, 1kbar Baixo grau (xvi) Br+Hs+Hm±Bx Huebner (1967) albita Baixo grau (xv) Br+Hs±Hm±Jb±Kut (1976) metamorfico, 500°C, 1kbar Peters et. al. (1978) Miyano & Beukes (1987) de Villiers (1983) e Bhattacharya et. al. (1988) De maneira análoga, Dasgupta et. al. (1989), também construiu um grade petrogenética com as mesmas variáveis, mas em pressão constante de 5kbar (Fig. 3.17). Fazendo a mesma análise para a jacobsita, percebe-se que esse mineral somente é estável em temperaturas mínimas de 527°C, para os 80 reagentes discutidos na reação 3 (ramo esquerdo da figura 3.16). Em contrapartida, pode alcançar temperatura máxima de 730°C, quando o logaritmo da fugacidade de oxigênio for igual a 10 -6 e estiver em paragênese com rodocrosita e quartzo (reação 1, porção direita inferior da figura 3.17). Resumindo, em situações de pressão de 5kbar, a jacobsita é estável em fugacidade máxima de oxigênio que oscila de 10 -2 a 10-6, e a campo de temperatura que se inicia em 527°C a 730°C, ou seja, em condições de fáceis anfibolito. Figura 3.16: Grade petrogenética para o sistema Mn-Fe-Si-C-O, contendo logfO2 na ordenada e temperatura na abscissa, sob condições de pressão constante (1kbar). Abreviações: Br: braunita, Bx: bixbyita, Hm: hematita, Hs: hausmanita, Jb: jacobsita; Qtz: quartzo, Rdh: rodocrosita. Modificado de Dasgupta et. al. (1989). Figura 3.17: Grade petrogenética para o sistema Mn-Fe-Si-C-O, contendo logfO2 na ordenada e temperatura na abscissa, sob condições de pressão constante (5kbar). Abreviações: Br: braunita, Hm: hematita, Hs: hausmanita, Jb: jacobsita; Qtz: quartzo, Rdh: rodocrosita. Modificado de Dasgupta et. al. (1989). 81 Em uma análise mais recente, Berad & Tracy (2002) estudaram as condições de P-T-X (pressão-temperatura-composição) para a formação da jacobsita. Neste trabalho, os autores postularam que a estabilidade da jacobsita na mina de Hutter, nos Estados Unidos, ocorre em temperatura entre 550-600°C, ou seja no faces xisto verde alto a anfibolito baixo. Este variação de temperatura foi obtida através dos estudos de química mineral utilizando-se as soluções sólidas jacobsita-galaxita e jacobsita-magnetita. Desta forma, fazendo-se uma análise dos modelos de temperatura relacionados à presença da jacobsita que foram sugeridos pela gama de autores acima citados, pode-se avaliar que ainda muito se tem a pesquisar sobre esse assunto, embora os dados obtidos pelos pesquisadores citados já permitem estimar intervalos de temperaturas mínimas e máximas para formação deste mineral. Além disso, comparando as figuras 3.16 e 3.17 podese sugerir que o aumento da temperatura de formação da jacobsita cresce com o aumento da pressão. Com relação à espessartita, a sua origem somente a partir de protólitos manganesíferos sedimentares é matéria de grandes debates (Roy, 1981; Schreyer et. al. 1992; Theye et. al. 1996; Nyame, 2001). Muitos pesquisadores acreditam que a espessartita somente estabiliza-se em grau médio de metamorfismo (Hsü, 1966; Babcock, 1968; Theye et al. 1996). Hsü (1966) estudou a estabilidade da espessartita na reação envolvendo Mn - clorita e quartzo, tendo como produto a espessartita com presença de H2O a uma pressão de 3 kbar e temperatura da ordem de 410°C. Este mesmo autor concluiu que esta granada forma-se a, temperaturas entre 370-490°C e pressão mínima 3kbar. Babcock (1968) sugeriu que espessartita bem como kutnahorita, rodonita, manganocummingtonita e todos os membros da série espessartita-calderita são estáveis na zona metamórfica da estaurolita. Para este conjunto de pesquisadores a formação da espessartita somente ocorre quando as condições de metamorfismo são da fácies anfibolito e quando os reagentes envolvidos sejam litotipos sedimentares manganesíferos com quantidades relevantes de alumínio (Brown, 1969; Abrecht, 1989, dentre outros). Desta forma, de uma maneira geral, enquadram-se como protólitos rochas como metapelitos, margas e siltitos manganesíferos. Contrariamente, Roy (1981), Flohr & Huebner (1992), Schreyer et. al. (1992) e Nyame (2001) 82 sugerem que a espessartita pode ser estável em condições de baixo grau metamórfico. Nyame (2001) ainda indicou que a formação da espessartita sob as condições deste protólitos são entendidas como estabilizadas sob pressão de 2kbar e temperatura abaixo de 300°C. Além disso, Roy (1981), Dasgupta (1997) e Nyame (2001) levantaram a possibilidade para a geração da espessartita em protólitos margosos, havendo aporte de SiO 2. Esta conclusão deve-se ao fato que em seus estudos petrográficos e de química mineral, Nyame (2001) encontrou inclusões de rodocrosita/kutnahorita em porfiroblastos de espessartita imersos em uma matriz micrítica e microconcrecionária de carbonatos, Mn-carbonatos e quartzo. O conjunto de estudos até então publicados sugerem que a espessartita pode iniciar-se em zonas de metamorfismo baixo até o grau médio, sendo que este silicato pode ser originado tanto de protólitos manganesíferos ricos em alumínio quanto em margas, mas neste caso com aporte de sílica. Também para esse caso a temperatura de início de formação do mineral cresce com o aumento da pressão. Na sequencia metavulcanosedimentar Urani-Licínio de Almeida rochas ricas em manganês ocorrem associadas a formações ferríferas ricas em anfibólio férrico (grunerita-cummingtonita). Nesse sentido, é de grande valia o entendimento do campo de estabilidade desse mineral em condições variáveis de P-T-X, além das mudanças texturais, mineralógicas e faciológicas associadas com sua evolução metamórfica. Klein (1973) sugeriu que o metamorfismo de protólitos sedimentares do sistema Mn-Ca-Si-Mg-Fe quando submetidos a metamorfismo da fácies anfibolito podem gerar calcita, diopsidiohedembergita, johannsenita, manganocummingtonita, manganoactinolita, siderita, piroxmanganita e rodocrosita, a depender da composição inicial da rocha e dos potenciais químicos de CO 2 e H2O no evento metamórfico. Por sua vez Klein (1983), propôs um sumário que apresenta o campo de estabilidade de alguns minerais presentes em formações ferríferas em função do grau metamórfico (Figura 3.18). Observa-se nesta análise que a paragênese formada por cummingtonita-grunerita é estável principalmente em grau de médio metamorfismo, podendo ocorrer em rochas de alto grau, subordinadamente. 83 Com relação à faciologia das formações ferríferas, Klein (1973, 2005), advoga que a presença da grunerita-cummingtonita não necessariamente sugere que o ambiente deposicional das formações ferríferas foi rico em sílica. Conforme aquele autor, tudo depende da P-T-X (pressão-temperaturacomposição), além do potencial químico de CO2 e H2O durante o metamorfismo e da presença de fluidos hidrotermais. Nesta análise, Klein (1973, 2005) sugere que no metamorfismo da facies anfibolito de associação com quartzo e carbonatos de ferro, em ambientes de alto e baixo potencial químico de H2O e CO2, respectivamente, pode ter como produto a formação da grunerita, vide a equação abaixo: 7Ca(Fe,Mg)(CO3)2 + 8SiO2 + H2O → (Fe,Mg)7Si8O22(OH)2 + 7CaCO3 + 7CO2 (ferrodolomita) (fluido) (grunerita) De acordo com Klein (1973, 2005), em muitos casos a ferrodolomita é totalmente consumida na zona da granada, apresentando uma rocha bem recristalizada com grunerita formando cristais prismáticos. Contudo, em rochas com aspecto textural formado por minerais pouco recristalizados e, com a presença ainda de ferrodolomita e quartzo reliquiar, como ocorre nos em Pergrum Lake, no Labrador, o grau de metamorfismo é admitido como estabilizado na zona da biotita. A figura 3.19 de Klein (1973) apresenta as paragêneses previstas para a zona da estaurolita-cianita para modelos com ferro. Para a formação da grunerita-cummingtonita a rocha deve ser pobre em cálcio, com teores moderados de MgO. Nas rochas mais ricas em ferro, com excesso de sílica, a paragênese pode ser grunerita-cummingtonita e siderita e nas rochas com teores moderados de ferro e baixo de cálcio pode ter a associação gruneritacummingtonita, tremolita-actinolita-calcita ou grunerita-cummingtonita, tremolita e antofilita. 84 Figura 3.18: Estabilidade relativa de fases mineralógicas comuns em formações ferríferas em função das zonas metamórficas. Modificado de Klein (1983). De acordo com as postulações dos diversos autores acima citados disponibiliza-se na tabela 3.10 um quadro resumo com todos os dados de temperatura para uma diversidade de minerais de manganês e ferro metamórficos obtidos na revisão bibliográfica apresentada anteriormente. 85 Figura 3.19: Diagrama esquemático mostrando algumas mudanças nas associações minerais no sistema FeO-MgO-CaO-SiO2-H2O com o avançar do metamorfismo. O quartzo está presente em todas associações e, H2O e CO2 são considerados como componentes perfeitamente móveis. A: Associações minerais não metamorfisadas de formações ferríferas a base de quartzo e carbonato. B: Condições de metamorfismo médio (zona da estaurolitacianita) das assembléias anteriores. Muitas assembléias contém magnetita como fase adicional, e hematita pode estar presente na maioria dos constituintes rico em Mg. 86 Tabela 3.10: Principais minerais metamórficos que ocorrem associados a depósitos manganesíferos, resumo da relação mineral com temperatura com referencia. Mineral Temperatura (°C) Referencia Bixbyita 400-550 Peters et. al (1974) Beukes (1973), Valarelli et al. Até 660 Bhattacharya et al. (1984) Braunita Espessartita (1976), Manickavasagem (1981), 350-550 Peters et. al (1974) >700 Dasgupta et al. (1989) 370-490 Dasgupta et al. (1989) 300-450 Nyame (2001) Dasgupta & Manickavasagem Hollandita ~600-660 (1981), Bhattacharya et al. (1984) 450-800 Hausmanita até 700 >900 402-700 Jacobsita <300 300-700 Rodocrosita 350-780 < 280 Pirolusita <300 >550 Piroxmanganita Tefroíta Grunerita-cummingtonita ~660 >650 470-700 Huebner (1967), Dasgupta (1989), Peters et. al (1974) Bhattacharya et al. (1988) Roy (1981) Dasgupta et al. (1989) Miyano & Beukes (1987) Peters et al. (1974) Dasgupta et al. (1989) Peters et al. (1974) Huebner (1967) Peters et al. (1974) Bhattacharya et al. (1984) Peters et al. (1974) Forbes (1977), Stephenson (1979), Klein (1973, 1983, 2005) 87 CAPÍTULO 4 GEOLOGIA E EVOLUÇÃO MANGANESÍFERAS DA METALOGENÉTICA SEQÜÊNCIA DAS FORMAÇÕES METAVULNOCASSEDIMENTAR CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA: O EXEMPLO DA MINA LAGOA D’ANTA, BAHIA, BRASIL 4. Introdução e Geologia Regional Ao longo do registro geológico da Terra os depósitos de manganês são geneticamente e classicamente associados à atividade hidrotermal ligada a centros de espalhamentos oceânicos, ou ao intemperismo continental e sedimentação subsequente (Roy, 1981; Zantop, 1981; Fehn, 1986; Nicholson, 1990; Flohr, 1992; Nicholson, 1992; Roy, 1992; Varentsov, 1996; Roy 1997; Tsikos & Moore, 1997; Hayashi & Rhazi, 2003; Roob, 2007; Roy, 2006; Pinho, 2009; Pirajno, 2009; Maynard, (2010). Segundo Maynard (2010), os depósitos hidrotermais paleoproterozóicos de manganês abrigam grande contingente deste elemento, embora existam diversos depósitos desse tipo recentes (Bischoff, 1969; Bäcker & Schoell, 1972; Boström, 1973; Boström et al., 1974; Dymond & Veeh, 1975; Boström et al. 1976; Moore & Vogt, 1976; Bignell et al., 1976a; Sidorov et al., 1976; Cann et al., 1977; Elderfield et al., 1977; Corliss et al., 1978; Rona, 1978, Fehn, 1986; Andreasson et al. 1987; Buehn et al., 1992; Choi & Hariya, 1992; Tsikos & Moore 1997; Elagami et al., 2000; Shah & Moon, 2007; Maynard, 2010. Por outro lado, o ciclo relacionado com processo sedimentar inicia-se com a liberação do metal por uma ou várias fontes seguido do transporte e deposição em uma bacia. Para haja a deposição neste sistema há uma 88 dependencia da evolução da atmosfera, hidrosfera e do regime tectônico, bem como de fatores físico-químicos do meio (Sapozhnikov, 1970; Trefry & Presley, 1982; Roy, 1988; Mukhopadhyay 1997; Roy, 1997; Roy 2006). Durante o intemperismo químico, o manganês em condições ácidas e redutoras torna-se solúvel e é carreado, pela água dos rios, como soluções iônicas de Mn2+ (Roy, 1997). A solubilidade do manganês também pode ser favorecida pela presença de ácidos orgânicos produzidos por decomposição da vegetação (Nicholson, 1992). Processos supergênicos são responsáveis pela formação da maior parte do depósitos de manganês do mundo (Varentsov, 1996; Roy, 2006). A supergênese permite reconcentrar elementos diversos a partir de rochas com volumes mais baixos nesses elementos. Como principal exemplo brasileiro de minério de manganês gerado pela atuação da supergênese pode-se citar o da mina do Azul, no Distrito de Carajás (Costa, 2006), podendo também ser citados os estudos de Machado (1977, 1983), Villiers (1983), Hawker & Thompson (1988), Varentsov (1996) e Gutzmer & Beukes (1996). O modelo de mineralização supergênico é baseado, principalmente, nos parâmetros ligados a questão da maturação de um perfil de intemperismo (Freyssinet, 2005), que por sua vez depende dos fatores climáticos, da ação dos agentes tectônicos, bem como aspectos geomorfológicos e da rocha hospedeira. Além dos processos clássicos formadores de depósitos de manganês e de minério descritos anteriormente, tem-se o minério de manganês hipogênico, que relaciona-se com enriquecimento de manganês por atividade hidrotermal posterior à deposição das rochas hospedeira do depósito primário e das suas encaixantes. Geralmente as jazidas possuem baixo volume e são mais raras, podendo ser citados os trabalhos de Kleyenstüber (1984), Miyano & Beukes (1987), Gutzmer & Beukes (1995) e Elagami et al. (2000) como exemplo para esta classe de depósitos As rochas manganesíferas da Mina Lagoa D’anta hospedam-se na Seqüência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida (sensu Cruz et al. 2009), de idade possivelmente paleoproterozóica. Essa sequência posiciona-se a sul da cidade de Caetité, Bahia, Brasil, e tectonicamente no setor setentrional do Orógeno Araçuaí, na porção sul do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, de idade 89 neoproterozóica (Fig. 4.1 e 4.2). Além da Mina Lagoa D’anta, outras 34 minas já foram cadastradas na região do distrito de Urandi-Caetité-Licínio de Almeida (Fig. 4.3 e 4.4) e vêm sendo explotadas desde a década de 50 do século passado. Figura 4.1: O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstituído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; c: Cabinda; S: Salvador (Brasil). Fonte: Modificado de Alkmim et al. (2007). 90 Figura 4.2: Mapa da porção Setentrional do Orógeno Araçuaí com os principais traços estruturais. Es-Cinturão de dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, CD- Cinturão de dobramentos e Cavalgamentos da Chapada Diamantina, SRP-Saliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí), SG-Serra Geral. Zonas de cisalhamento: 1-Santo Onofre, 2Muquém, 3-Carrapato, 4-São Timóteo, 5-Iguatemi, 6-Paramirim, 7-Brumado-Malhada de Pedras, 8-Cristalândia, 9-Barra do Mendes-João Correia. Os retângulos em preto e vermelho, respectivamente, correspondem as áreas das figuras 4.3 e 4.4. Modificado de Cruz (2004). 91 Figura 4.3: Mapa geológico regional com a localização da Mina Lagoa D’anta. Modificado de Cruz et al. (2009). Esse capítulo tem como objetivo apresentar os resultados obtidos a partir de estudos geológicos e metalogenéticos na Mina Lagoa D’anta com vistas a contribuir com o estudo do distrito ferromanganesífero em foco. 92 Figura 4.4: Localização das minas do distrito Ferromanganesífero de Urandi-Licinio de Almeida. Modificado de Rocha et al. (1998). Em verde esta destacada a mina Lagoa D’anta. 4.1. Os depósitos de manganes e ferro na seqüência metavulcanossedimentar Caetité- Licínio de Almeida: trabalhos anteriores e histórico de exploração. A Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licinio de Almeida, de idade provável paleoproterozóica, é uma das unidades da porção sul do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional e localiza-se entre as cidades de Caetité e Licinio de Almeida, na Bahia. Essa sequência compreende itabiritos, queluzitos (sensu Feetes & 93 Oemons, 2007), mármores (calcíticos e manganesíferos), gonditos (sensu Feetes & Oemons, 2007), rochas calcissilicáticas e rocha carbonato silicática, metavulcânicas máficas e ultramáficas (xistos máficos e ultramáficos), metapelitos com biotita, muscovita e granada (xistos aluminosos) e cummingtonita xistos (Rocha, 1991; 1992; Rocha et al. 1998; Souza et al. 1984; Borges, 2008; Cruz et al., 2009; Borges et al. 2010; Borges 2012). Originalmente, esta seqüência foi agrupada por Moraes et. al.(1980) no Complexo Brumado-Urandi, que englobou as seqüências vulcanossedimentares dos atuais complexos Brumado-Urandi e Licínio de Almeida propostos por Silva & Cunha (1999). Por sua vez, Souza et al. (1984), no Projeto Caetité Fase I, individualizou essa unidade do Complexo BrumadoUrandi agrupando todos os litotipos compreendidos na região de Caetité, Tauape e Jacaraci como Complexo Metamórfico de Licínio de Almeida. Um pouco mais tarde, Souza et al. (1990) subdividiu o Complexo Metamórfico de Licínio de Almeida (sensu Souza et al. 1984) em duas unidades informais, denominadas A e B, ambas contendo faixas manganesíferas. A primeira é representada predominantemente por xistos pelíticos de origem sedimentar, secundariamente por quartzito com fucsita e raramente diamictito, além de formações manganesíferas. A segunda é constituída por uma sequência químico-sedimentar caracterizada por formações ferríferas bandadas, metacherts, mármores calcíticos, dolomíticos e manganesíferos, rochas granatíferas, gonditos, calcissilicáticas e anfibolitos em ordem decrescente de frequência. Para aquele autor, esta associação litológica estaria associada a Greenstone Belt arqueanos. Souza et al. (1990), interpretaram que parte das unidades do Complexo Metamórfico Licínio de Almeida são unidades da base do Supergrupo Espinhaço. Em um trabalho de maior detalhe nas unidades mineralizadas deste complexo, Rocha (1991, 1992) Rocha et al. (1998) individualizaram duas sequências distintas que hospedam-se as formações ferríferas e carbonatos manganesíferos. A primeira, posicionada a oeste, é sugerida como de menor grau metamórfico pelos autores e foi posicionada estratigraficamente na base do Supergrupo Espinhaço e correlacionada a Formação Mosquito. A segunda, posicionada a leste e, segundo os autores, de maior grau metamórfico, foi posicionada estratigraficamente como unidade do Embasamento e denominada 94 de unidade Taupe. Silva & Cunha (1999) propuseram que toda a seqüência de rochas anteriormente denominada de Formação Mosquito e unidade Tauape por Rocha (1991, 1992) e Rocha et al. (1998) e Barbosa & Dominguez (1996) fosse reagrupada no Complexo Licínio de Almeida. Borges (2008) realizou estudo de detalhe nas rochas encaixantes das minas de manganês do Complexo Licínio de Almeida de Silva & Cunha (1999) e demonstrou que não há diferenças marcantes de grau metamórfico entre as unidades denominadas de Formação Mosquito e da unidade Tauape por Rocha (1991, 1992) e Rocha et al. (1998) e Barbosa & Dominguez (1996). Estudos realizados até o momento, tais como os realizados por Souza et. al.(1984), Alves (2008), Borges (2008) e Cruz et. al.(2009) sugerem que as rochas dessa unidade foram submetidas a condições de fáceis anfibolito médio com retrometamorfismo de fácies xisto-verde. Aliado a esse fato, a presença de rochas máficas anfibolitizadas e finamente intercaladas com rochas metapelíticas e formações ferríferas levou Cruz et al. (2009) a propor que as unidades cartografadas como Formação Mosquito por Rocha (1991, 1992) e Rocha et al. (1998) e Taupe (Supergrupo Espinhaço) fossem re-incorporada à estratigrafia das unidades Metavulcanossedimentares do Bloco Gavião, como proposto por Moraes et al. (1980) e Silva & Cunha (1999), e agrupadas na Seqüência Metavulcanossedimentar Licínio de Almeida. Atualmente grande atenção é voltada para esse complexo, sobretudo devido às recentes descobertas de ferro na região de Caetité. Na mina de Bandarra, Machado et al. (1977), descreve uma formação manganesífera com cerca de 10 metros de espessura, sendo associados a xistos, quartzitos e rochas anfibolíticas. De acordo com Machado et al. (1977), rochas ricas em manganês ocorrem como lentes de poucos metros variando verticalmente e lateralmente. O depósito é formado por minerais primários metamórficos e secundários, onde os primeiros são marcados pela presença de jacobsita, hausmmanita e bixbyita, além de espessartita, tefroíta, kutnahemita ou manganocalcita/manganodolomita. Essas rochas se distribuem em uma faixa contínua posicionada a sul e a norte da cidade de Caetité por cerca de 120 km de extensão e largura média de 12 km. Um total de 35 minas de manganês já foram cadastradas na porção sul desse cinturão (Fig. 4.4), configurando o Distrito Ferro-Manganesífero Urandi95 Caetité-Licínio de Almeida (sensu Rocha et al. 1998). O manganês neste distrito foi descoberto em 1948 durante escavações manuais para a construção de estrada de ferro que atravessa o cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço (Ribeiro-Filho, 1968). A partir de então, por algumas décadas, o minério foi extraído em pequena escala para exportação (Rocha, 1991). Posteriormente foi produzido pela Mineração Urandi S.A., destinando-se à siderurgia, sendo que o minério de alto teor foi destinado para a fabricação de pilhas. Em seguida, com o surgimento da SIBRA - Eletro Siderúrgica Brasileira S.A., que fabrica ferro-ligas no município de Simões Filho, Bahia, houve um grande impulso da mineração de manganês no oeste do estado. Com o passar do tempo, as minas começaram a diminuir sua produção. Na década de 90, a companhia Vale do Rio Doce passou a ser a principal empresa de pesquisa e exploração de manganês na região, através da sua subsidiária, a RDM - Rio Doce Manganês Ltda. Atualmente, as áreas requeridas para manganês estão sendo vendidas para a BAMIN-Bahia Mineração. Desde a descoberta dos depósitos de manganês na Seqüência Metavulcanosedimentar Licínio de Almeida, inúmeros trabalhos já foram realizados com vistas elucidar a geometria dos corpos mineralizados e controles geológicos, podendo ser citados Ribeiro-Filho (1968), Machado (1977), Moraes et al., (1980), Souza et al., (1984); Garrido (1986), Rocha (1991), Barbosa (1990), Rocha et al., (1998) e Borges et al. (2009) Borges et al., (2010). O depósito de Pedra Preta, localizado na porção sudoeste do estado da Bahia, é formado por corpos lenticulares de minério de manganês que encontram-se encaixados entre sericita-xistos, granda-xistos e quartzitos. Os minerais metamórficos que compõem o mineral de minério do depósito são: jacobsita e os óxidos de manganês do grupo alfa MnO2, como hausmanita, bixbyita, dentre outros. Os minerais supergênicos são: criptomelana e possivelmente barita. Estudos realizados nas minas Barreiro dos Campos, Colônia e Riacho Cumprido e Lagoa D’anta por Borges (2008), Borges et al.(2009, 2010, 2012) também sugerem um importante papel dos processos de alteração supergênica na formação do minério de manganês. No Distrito ferromanganesífero de Urandi-Caetité-Licínio de Almeida foram identificados por esses autores três tipos de protominérios: (i) protominério gondítico; (ii) 96 protominério queluzítico; (iii) protominério manganesífero do tipo mármores, rochas calciosilicáticas e carbonatos-silicáticas. No que diz respeito à geomorfologia, a topografia da região é compartimentada por dois domínios gerais distintos. O primeiro, situado a oeste do depósito de Lagoa D’anta, é marcado de relevo serrano representado pela unidade fisiográfica da Cordilheira do Espinhaço, que foi esculpido e nivelado pelo superfície de erosão Sul Americana de idade Terciária (King, 1956). O segundo domínio geomorfológico, onde localiza-se a mina de Lagoa D’anta, corresponde a um planalto com média de 800m de altitude, caracteristicamente aplainado, apresentando subordinadamente elevações mormente alongadas, formadas por quartzitos e, em menor proporção, formações ferríferas e rochas manganesíferas. 4.2. Geologia da mina Lagoa D’anta A mina Lagoa D’anta atualmente está sob concessão da empresa BAMIN-Bahia Mineração LTDA pelo processo 805709/1970. O último evento publicado pelo DNPM consiste na concessão de lavra, sendo que a área onde localiza-se a mina foi transferida através de cessão total, sendo efetivada em 24/05/2011. A lavra de manganês foi realizada a céu aberto com a construção de bancadas. No presente momento as atividades de exploração estão paralisadas. Conforme será descrito neste capítulo os teores de manganês variam entre 19,0 e 62,8%. Na mina Lagoa D’anta são identificados (Figs. 4.5 e 4.6): (i) As rochas encaixantes do minério de manganês (itabiritos, cummingtonita-xisto, mármores calcíticos e dolomíticos, rochas calcissilicáticas e carbonatos-silicáticos, além de metavulcânicas máficas; (ii) O protominério de manganês (mármores manganodolomíticos); (iii) O minério de manganês lenticular jacobsítico, residual e o minério laterítico brechóide; (iv) O alteroplasma silicoso, que compreende um conteúdo de sílica amorfa, podendo ser também classificado como calcedônia. A despeito do alteroplasma silicoso (sensu Delvigne, 1998), o mesmo é um importante elemento da alteração supergênica, sendo caracteristicamente 97 microcristalino (calcedônia). Como será demonstrado a seguir o alteroplasma silicoso é o produto da alteração intempérica dos minerais silicáticos presentes tanto no protominério como nas rochas encaixantes. De acordo com Delvigne (1998), esse material pode ser classificado como cristali plasma ou plasma cristico (vide ítem 3.4.1, p. 76 e 77, desta Dissertação). Esse material ocorre nos interstícios dos minerais ou formando venulações com distribuição anastomótica. As unidades encaixantes e hospedeiras do minério encontram-se alternadas constituindo um proeminente bandamento composicional que é subparalelo a uma xistosidade. A xistosidade, assim como o bandamento associado, encontram-se dobrados apresentando dobras parasíticas em “M”, “S” e “Z” (Figs. 4.5; 4.6). Uma seção esquemática do perfil de solo gerado a partir da rocha hospedeira de manganês pode ser verificado na figura 4.7. Tendo em vista que a zona de alteração supergênica possui profundidade inferior a 40 m e que a zona saprolítica possui espessura máxima de 12m considera-se imaturo o perfil do solo da mina Lagoa D’anta. Da base para o topo, neste perfil podem ser encontrados: (i) Horizonte da rocha mãe, que compreende mármores e rochas calcissilicáticas manganesíferas, bem como níveis jacobsíticos; (ii) Horizonte saprolítico com espessura variando entre 8-12m, contendo cerca de 80% de minerais metamórficos preservados e 20% de minerais secundários, produto da supergênese; (iii) O Horizonte mosqueado, com até 18 metros de espessura possui coloração marrom a amarelada, composto por argilominerais que misturam-se com níveis ricos em óxidos e hidróxidos de manganês. Esse é o domínio onde ocorre o minério lenticular supergênico; (iv) O Horizonte laterítico ferromanganesífero, com espessura variando entre 5 e 35 metros, que é composto por crostas ferruginosas, materiais coluvionares e de degradação. Neste horizonte também encontra-se o minério de manganês denominado do tipo grazon (sensu Machado, 1977). 98 Figura 4.5: Mapa Geológico da Mina Lagoa D’anta. Fonte: Borges (2012). 99 Figura 4.6: Seções de cinco furos de sonda da Mina Lagoa D’anta. A localização dos furos de sonda encontra-se na figura 1.3 (p. 7, cap. 1, item 1.6.2). 100 Figura 4.7: Perfil de solo simplificado gerado a partir do protominério manganesífero composto para a Mina Lagoa D’anta. No estudo petrográfico das rochas encaixantes e hospedeiras do minério foram identificadas associações minerais relacionadas com o metamorfismo progressivo, feições e associações mineralógicas que sugerem a atuação de processos de alteração hipogênica, bem como supergênica nestas rochas. A principal feição que sugere a presença de alteração hipogênica são microvenulações de magnetita, quartzo e calcita que truncam a foliação de praticamente todas as rochas amostradas. Venulações de epídoto também são encontrados nos afloramentos. Há ainda o crescimento de porfiroblastos de magnetita com inclusões de minerais da rocha encaixante, que possivelmente é uma feição relacionada com o processo hipogênico. O estudo petrográfico do protominério e rochas encaixantes desenvolveu-se, em sua maior parte, nas zonas das isoalteritas, ao passo que o estudo da mineralogia do minério procedeu-se com amostras de iso e aloalteritas. 101 4.4.1. Caracterização Macroscópica e Petrográfica Neste item é apresentada a caracterização macroscópica e petrografica das três classes principais de rochas estudadas: (i) rochas encaixantes da mineralização manganesífera; (ii) protominério da mineralização manganesífera e;(iii) a mineralização manganesífera a) Rochas encaixantes da mineralização manganesífera Como rochas encaixantes da mineralização foram encontradas: (i) formações ferríferas, (ii) rochas metavulcânicas máficas (xistos máficos); e (iii) mármore calcítico. As unidades encontram-se cisalhadas nos seus contatos e dobradas (Fig. 4.6). Essas rochas ocorrem nos domínios das isoalteritas. (i) Formações Ferríferas A classificação das formações ferríferas segue a nomenclatura proposta por Klein (1983, 2005). Esta unidade ocorre na porção leste (Fig. 4.5) da área e compreende a 35% da área mapeada no open pit da mina. A espessura varia entre 10 e 25 metros (Fig. 4.6). As formações ferríferas compreendem itabiritos (Fig 4.8a), constituídos, preferencialmente, por quartzo e magnetita/martita, como também rochas xistificadas formadas principalmente por cummingtonita e magnetita. Essas rochas estão sotopostas aos metacalcários (Fig. 4.5) e comumente apresentam-se em grau de alteração superficial variável, podendo formar crostas ferruginosas e solos residuais com coloração vermelhoalaranjado. Nestas rochas pode ser observado um bandamento composicional que é constituído por alternância na proporção de magnetita, quartzo e cummingtonita (Tab. 4.1). Paralelamente ao bandamento composicional pode ser observada uma foliação metamórfica revelada pela orientação preferencial de cummingtonita e quartzo. Internamente à foliação foram observados boudins de quartzo, bem como dobras intrafoliais e sem raiz envolvendo o bandamento composicional mais antigo (S0?). Conforme se verifica na tabela 4.1, esta unidade é constituída por: (i) minerais associados com o metamorfismo progressivo, tais como cummingtonita, magnetita e quartzo; (ii) uma associação mineralógica e 102 relacionada com processo de alteração hipogênica, sendo constituída por bolsões e/ou venulações magnetita (Fig 4.8b), cummingtonita e quartzo, bem como pela presença de uma mineralogia exótica constituída por granada, actinolita, turmalina e calcita; (iii) por minerais associados com a alteração supergênica, tais como martita, alteroplasma silicoso (Fig. 4.8 c, d), goethita e/ou limonita e martita. Figura 4.8: Aspectos macroscópicos das formações ferríferas da Mina Lagoa D’anta. Com base nos estudos petrográficos as principais microestruturas metamórficas encontradas foram: (i) nematoblástica, marcada pela orientação preferencial da cummingtonita (Fig. 4.9a); (ii) porfiroblástica, que é marcada pelos blastos de magnetita e granada, ambos chegando a medir 1,0mm imerso em uma matriz mais fina (Figs. 4.9a, b, c, e, f); (iii) poiquiloblástica, pela presença de inclusões de cummingtonita em bolsões e porfiroblastos de magnetita e inclusões de calcita na granada, neste caso indicando a 103 microestrutura poiquiloblástica em peneira (Figs 4.9c, d) e; (iv) granoblástica granular, assinalada pela predominância de quartzo em agregados monominerálicos granulares. É comum na microescala a presença de venulações de magnetita que cortam grãos de cummingtonita e granada (Figs. 4.9d; 4.10a, b, c, d), ou ocorrem distribuídos nos interstícios entre os minerais metamórficos da rocha. Um aspecto muito frequente, e que merece destaque, é a associação da cummingtonita com a magnetita formando contatos fortemente amebóides com inclusões de cummingtonita e com bordas corroídas (Fig. 4.9d). Veios de quartzo, cummingtonita e calcita também ocorrem truncando a magnetita e os demais minerais da rocha (Figs. 4.9a, c e 4.10c). Tabela 4.1: Síntese dos minerais constituintes das formações ferríferas. Todas as amostras apresentadas são do furo de sondagem LDDFS038. Amostras Cum Qtz Act Mag Cal Grt Tur Pls Gt-Lim Mt Mn J-LD01 47 - - 30 J-LD02 65 - - 28 J-LD03 56 - - J-LD05 20 - J-LD06 42 J-LD07 50 J-LD08 Nome da Rocha - - - 12 2 - 9 magnetita-cummingtonita xisto - 5 - - 2 - - granada-magnetita-cummingtonita xisto 26 3 - - - 11 - 4 magnetita-cummingtonitaxisto - 30 40 6 - - 4 - - granada-cummingtonita-magnetita-calcita xisto - - 10 2 - - 10 4 18 12 magnetita-martitacummingtonita xisto - - 35 8 - - - 7 - - calcita-magnetita-cummingtonita xisto 76 - - 18 - - - 6 - - - magnetita-cummingtonita xisto J-LD09 45 - - 8 17 - - - 3 25 2 magnetita-calcita-martita-cummingtonita xisto J-LD10 62 - - 25 13 - - - - - - calcita-magnetita-cummingtonita xisto J-LD11 49 - - 27 18 5 - 4 12 - - granada-calcita-magnetita-cummingtonita xisto J-LD12 50 - - 3 2 - - 20 21 - 4 magnetita-cummingtonita xisto J-LD13 70 - 3 3 - 2 - - 1 21 - cummingtonita xisto J-LD15 41 - - 48 2 3 - - 3 - 3 cummingtonita-magnetita xisto J-LD17 58 6 - 14 5 8 - - 4 - 5 calcita-granada-quartzo-magnetita-cummingtonita xisto J-LD18 60 - - 32 - - - - - - 8 magnetita-cummingtonita xisto J-LD19 55 - - 28 - 4 3 - 5 5 - magnetita-cummingtonita xisto J-LD20 25 4 - 22 42 8 - - 1 - - granada-magnetita-cummingtonita-calcita xisto J-LD21A 50 - - 32 8 - - - - 10 - martita-calcita-magnetita-cummingtonita xisto J-LD39 18 45 - 37 - - - - - - - cummingtonita Itabirito J-LD40 18 16 - 27 - - - 8 2 26 3 quartzo-magnetita-cummingtonita xisto J-LD65 23 34 - 34 - - - 3 6 - - cummingtonita Itabirito J-LD66 33 26 - 35 - - - 6 <1 - - cummingtonita Itabirito J-LD68 65 - - 26 - - - 5 4 - - magnetita-cummingtonita xisto J-LD70 32 1 - 5 6 - - 22 - 34 - magnetita-cummingtonita-martita xisto J-LD71 39 11 - 29 4 - - 14 3 - - quartzo-magnetita-cummingtonita xisto Abreviações: Cum – cummingtonita, Qtz – quartzo, Act – actinolita, Mag – magnetita, Cal – calcita, Grt – granada, Tur – turmalina, Pls – alteroplasma silicoso, Gt-Lim – goethita/limonita, Mt – martita, Mn – oxihidróxido de manganês. 104 Figura 4.9: Fotomicrografias das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta. 105 Figura 4.10: Fotomicrografias das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta. 106 Como feição de micromorfologia de alteração supergênica tem-se a parcial alteração da cummingtonita e magnetita para goethita e limonita, formando feições amebóides (Fig. 4.11a) e de alteroplasma silicoso (Fig. 4.11a,b), que ocorre formando venulações e intersticialmente posicionado com relação aos grãos da rocha. Na escala de afloramento venulações desse material são encontradas truncando a trama da rocha ou formando níveis contínuos paralelizados com o bandamento metamórfico da rocha (Figs. 4.5 e 4.8c,d). A cummingtonita (Tab. 4.2 e Fig. 4.12) é incolor e possui granulação variando de 0,053 a 0,53mm, nas rochas com granulação fina, e de 0,55 a 1,25mm nas rochas com granulação fina a média. Exibe-se subidioblástica a idioblástica, podendo ser inequigranular a equigranular. Na maioria das amostras possui hábito prismático nas seções com corte paralelo ao eixo-C. Apresenta extinção ondulante fraca a moderada. Este mineral pode ocorrer preferencialmente orientado segundo a foliação da rocha, como também pode ocorrer preenchendo veios de direção perpendicular da foliação (Fig. 4.10f). Forma contato reto a levemente curvo com os outros grãos de mesma composição e lobado com o quartzo, mas com magnetita o contato é fortemente amebóide, com feições intensamente reentrantes, sugerindo desequilíbrio textural. Em alguns casos, é possível sugerir que houve substituição parcial da cummingtonita por magnetita, tendo em vista a presença de inclusões ou “ilhas” de aglomerados reliquiares de cummingtonita com geometria inclusa em aglomerados e porfiroblastos (Fig. 4.9d, f). Este mineral também apresentou-se truncado por microvenulações de calcita (Fig. 4.9a). A presença deste mineral, em contraposição a grunerita, pode sugerir a existência de finos níveis de metabasaltos intercalados com as rochas sedimentares que podem ter contaminado as formações ferríferas com magnésio. Outra possibilidade é que as rochas com elevado conteúdo modal de cummingtonita não sejam da família das formações ferríferas, sendo litotipos representantes de rochas ultramáficas. A magnetita apresenta cor rósea podendo ser observada como: (i) grãos subédricos, na matriz das rochas associados com quartzo e/ou cummingtonita nos itabiritos; (ii) grãos anédricos, amebóides que ocorrem associados com a cummingtonita ou formando bolsões na rocha e; (iii) grãos euédricos a 107 subédricos formando porfiroblastos. Nos itabiritos, a magnetita ocorre na matriz das rochas, subédrica, com granulação entre 0,2 e 0,4mm. O contato com o quartzo e cummingtonita é reto a curvo, levemente lobado. Os bolsões de magnetita são irregulares e apresentam diâmetros variando entre 0,5mm a 1,6mm. Esses bolsões fazem contatos que varia entre retos, curvos, lobados a fortemente amebóides com a cummingtonita. Esses bolsões representam regiões em que a magnetita substitui parcialmente a cummingtonita. Argumentos a favor desta interpretação são: (i) contatos fortemente amebóides entre magnetita e cummingtonita, formando feições de corrosão na cummingtonita; (ii) presença de inclusões reliquiares de cummingtonita na magnetita (Fig. 4.9b, d); e (iii) presença de venulações de magnetita (Fig. 4.10a, b, c); (iv) freqüentemente os bolsões de magnetita conectam-se uns aos outros através de veios. Embora predominem inclusões amebóides de cummingtonita na magnetita, o inverso também pode ser observado. Entretanto essa feição é interpretada como estando relacionada com a geometria 3D dos canais de circulação de fluidos durante a alteração hidrotermal e a posição do corte da lâmina. Dessa forma, o corte da lamina pode ter secionado um canal de circulação do fluido hidrotermal que truncou um grão de cummingtonita. Também nesse caso, as bordas amebóides a interlobadas entre os dois minerais pode ser um argumento a favor dessa interpretação. Figura 4.11: Fotomicrografias das formações ferríferas da mina de Lagoa D’anta. 108 Os porfiroblastos de magnetita, em geral, com raras exceções, não apresentam inclusões que permitam inferir a relação de seu crescimento com relação à foliação. Por outro lado, não foram observados desvios da foliação contornando os porfiroblastos. Em geral, no contato com os pofiroblastos a foliação é interrompida bruscamente, por isso, sugere-se que tratam-se de grãos com crescimento tardi a pós-tectonicos com relação à formação da foliação metamórfica da rocha. Com a calcita os contatos são preferencialmente retilíneos, e relacionados com truncamentos pela presença de veios carbonáticos, que truncam esse mineral opaco (Fig. 4.9a). Tabela 4.2: Síntese dos dados obtidos através da realização de estudos de microssonda eletrônica em grãos de anfibólio das Formações Ferríferas da mina Lagoa D’anta. Dados organizados a partir do programa Amphical (Yavuz, 1998). As amostras apresentadas são do furo de sondagem LDDFS038. Amostra J-LD06 J-LD06 J-LD06 J-LD06 J-LD13 J-LD13 J-LD13 J-LD13 Si 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 Al 0,04 0,04 0,03 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 Al IV 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 AL VI 0,04 0,04 0,03 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 Ti 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fe +2 1,33 1,44 1,39 1,40 2,59 2,67 2,64 1,47 Fe +3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Cr +3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Mn +2 0,66 0,76 0,73 0,70 0,39 0,39 0,38 0,12 Mn +3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Mg 4,50 4,34 4,38 4,44 3,46 0,16 3,58 3,50 Ca 0,22 0,24 0,22 0,23 0,17 3,39 0,16 1,73 Li 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 FM1 4,95 4,95 4,97 4,96 5,00 5,00 5,00 5,00 FM2 1,54 1,57 1,53 1,58 1,44 1,44 1,61 0,10 Ca 0,22 0,24 0,22 0,23 0,17 0,16 0,16 1,73 Na 0,01 0,03 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 Na 0,01 0,03 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 K 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 (Ca+Na) B 0,23 0,27 0,23 0,25 0,17 0,16 0,16 1,73 Na (B) 0,01 0,03 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 (Na + K) A 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,70 Mg/ Mg + Fe +2 0,77 0,75 0,76 0,76 0,57 0,56 0,58 0,70 Mg+Fe+2+Mn+2 6,50 6,53 6,50 6,54 6,44 6,44 6,61 5,10 Mg/Mg+Mn+2 0,87 0,85 0,86 0,86 0,90 0,90 0,90 0,97 Al VI 0,04 0,04 0,03 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 (Fe)3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 (Mn)3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 (Ca)B 0,22 0,24 0,22 23,00 0,17 0,16 0,16 1,73 Nome Cummingtonita Cummingtonita Cummingtonita Cummingtonita Cummingtonita Cummingtonita Cummingtonita Actinolita A magnetita ocorre, freqüentemente, substituída pela martita, especialmente na borda dos aglomerados e porfiroblastos, bem como em 109 planos de fraturas e clivagens octaédricas desenvolvidos nesse mineral (Figs. 4.10b, e, f; e 4.11d). Figura 4.12: Classificação dos anfibólios das formações ferríferas de acordo com a classificação de Leake et al. (1997) utilizando o programa Amphical (Yavuz, 1998). A alteração supergênica da cummingtonita e magnetita levou ao crescimento da goethita e limonita (Fig. 4.11a), bem como ao desenvolvimento de alteroplasma de composição silicosa (Fig. 4.11a, b) e da martita (Figs. 4.9b, e, f; e 4.10d). O quartzo é raro e quando presente ocorre granular associado com a magnetita na matriz das rochas. Mais freqüentemente ocorre formando veios discordantes à foliação metamórfica quando presente na matriz, os grãos são xenoblásticos e possuem granulometria variando entre 0,05 a 0,32mm. Apresenta extinção ondulante fraca a moderada. O contato quartzo-quartzo é predominantemente curvo a interlobado, podendo também ser retilíneo. Com a cummingtonita e magnetita o contato é curvo a moderadamente lobado e subordinadamente retilíneo. Em alguns veios de quartzo esse mineral apresenta crescimento perpendicular à parede das fraturas sugerindo que tratam-se de estruturas de tração. Na escala de afloramento os veios de quartzo apresentam espessura de 0,5-1,5 mm. A granada (Fig. 4.9c e 4.10b) forma porfiroblastos subdioblásticos a xenoblásticos e exibe tamanho variando entre 0,63 a 1,05 mm. Apresenta-se fraturada, sendo truncada por venulações de magnetita, hematita e quartzo (Fig. 4.10b). Este mineral faz contato curvo a lobado com a cummingtonita. Em algumas amostras a granada destaca-se por ser um grão poiquiloblástico, contendo inclusões de calcita (Fig. 4.9c). 110 A calcita é incolor e ocorre formando veios e/ou bolsões hidrotermais que são discordantes com a foliação metamórfica da rocha. Os veios também podem aproveitar os planos de clivagens dos minerais. Apresenta contato retilíneo tanto com a cummingtonita quanto com a magnetita. Os veios são vistos na escala de afloramento com espessura entre 1,0 e 2,0 cm. A calcita também ocorre como grãos poiquiloblasticos inclusos nos porfiroblastos de granada (Fig. 4.9c). A actinolita é verde pálida, subidioblástica e prismática. Apresenta-se em grãos com até 0,05mm de comprimento. A actinolita foi encontrada na matriz da rocha associada a cummingtonita. A turmalina exibe pleocroísmo variando de verde pálido a verde azulado; é subédrica e prismática. A granulometria desse mineral, em geral, é inferior a 0,2 mm. O alteroplasma silicoso (Fig. 4.11a, b) ocupa os interstícios da rocha, no contato entre os minerais, ou, principalmente, está com associado superfícies descontínuas, venulares, muitas vezes vermiformes, ou anastomóticas que ora truncam (Fig. 4.8c) ora são concordantes (Fig. 4.8d) com a trama metamórficadeformacional da rocha. A distribuição deste material possivelmente está associada com a presença de fraturas. Goethita e limonita ocorrem com coloração alaranjada, amebóide a esqueletiforme hospedadas nas bordas e fraturas de magnetita e cummingtonita, bem como frequentemente associada com o alteroplasma silicoso (Fig. 4.11a). A partir das características macro e microscópica pôde-se interpretar a relação entre os minerais identificados nas formações ferríferas e as paragêneses metamórficas, hipogênicas e supergênicas. Na figura 4.13 pode ser verificado que minerais como cummingtonita e magnetita e quartzo possivelmente apresentam crescimento sin-metamorfismo e sin-alteração hidrotermal. 111 Figura 4.13: Paragêneses minerais relacionadas com os processos metamórficos, hidrotermais e supergênicos das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta. (ii) Rochas metamáficas As rochas máficas foram somente encontradas em furos de sondagem (Figs 4.6) intercaladas com níveis de formação ferrífera e de metacalcários (mármores). A espessura dessas rochas varia entre 2 metros e 10 metros (Fig. 4.6) sendo incipiente o grau de alteração intempérica dessas rochas. Predominam rochas de coloração verde a verde escura (Fig. 4.14a, b). Esta unidade apresenta foliação contínua, marcada, sobretudo, pela orientação preferencial de magnesiohornblenda, plagioclásio, tremolita e clorita. Oblíquos a esta foliação ocorrem venulações e bolsões de quartzo, calcita, epídoto e magnetita. Estas estruturas truncam a foliação deformacional e estão relacionadas com alteração hidrotermal. Além disso, há presença de turmalina e granada disseminadas na rocha. A intensidade de alteração hidrotermal nessas rochas é variável (Tab. 4.3), tendo sido classificadas da seguinte forma: (i) rochas máficas pouco hidrotermalizadas (Figs. 4.14a; 4.15a, b, c), quando a mineralogia de alteração hidrotermal é menor do que 18% da composição modal da rocha; (ii) rochas máficas moderadamente hidrotermalizadas, quando a mineralogia de alteração hidrotermal varia entre 18 e 56% (Fotos 4.15d, e); e (iii) rochas máficas com hidrotermalismo intenso, quando a mineralogia de alteração hidrotermal é maior do que 56% (Figs. 4.14b, c; 4.15f, 4.16a, d). 112 Figura 4.14: Fotografias das rochas metamáficas de furos de sondagem. Tabela 4.3: Síntese dos minerais constituintes das rochas metamáficas. Amostras Furo de sondagem Tr-Act MgHbl And Ti Chl Cal Mag Qtz Grt Tur Ep Mt Pls Gt-Lm Nome da Rocha Intensidade da alteração hidrotermal J-LD16 LDDFS038 - - - - 70 - 12 - 3 - - - 15 - magnetita-tremolita-clorita xisto alta J-LD22 LDDFS038 46 - - - - 30 22 2 - <1 - - - - magnetita-calcita-tremolita xisto moderada J-LD23 LDDFS038 44 - - - - - 36 20 - - - - - - quartzo-magnetita-tremolita xisto moderada J-LD24 LDDFS038 48 - - - - 20 30 2 - - - - - - calcita-magnetita-tremolita xisto moderada J-LD25 LDDFS038 45 - - - - 40 15 - - - - - - - magnetita-calcita xisto moderada J-LD26 LDDFS038 36 - - - - 28 10 <1 - 2 - 24 - - magnetita-calcita-tremolita xisto moderada J-LD27 LDDFS038 54 - - - - 2 13 30 7 - - - - - magnetita-quartzo-tremolita xisto moderada J-LD29 LDDFS038 60 - - - - 40 - - - - - - - - calcita-tremolita xisto moderada J-LD41 LDDFS037 61 - - - - 12 20 - 2 - - 5 - - calcita-magnetita-tremolita xisto moderada J-LD45 LDDFS037 62 - - - - - 18 - - - - - 16 4 magnetita-tremolita xisto moderada J-LD51 LDDFS037 - 64 26 2 - 4 - 2 - - 2 - - - metabasalto baixa J-LD56 LDDFS039 24 - - - - 38 12 23 - - 3 - - - magnetita-quartzo-calcita-tremolita xisto moderada J-LD62 LDDFS039 15 - - - - 26 27 23 - - - 8 - - quartzo-calcita-magnetita-tremolita xisto alta J-LD67 LDDFS090 - 53 - - - - - 28 19 - - - - - granada-quartzo-hornblenda xisto baixa Abreviações: Tr-Act: tremolita-actinolita; MgHbl: magnesiohornblenda; And: andesina; Ti: titanita; Chl: clorita; Cal: calcita; Mag: magnetita; Qtz: quartzo; Grt: granada; Tur: turmalina; Ep: apídoto; Mt: martita; Pls: alteroplasma silicoso; Gt-Pls: goethita-limonita. 113 Figura 4.15: Fotomicrografias das rochas metamáficas da Mina Lagoa D’anta. 114 Figura 4.16: Fotomicrografias das rochas metamáficas da mina de Lagoa D’anta. As microestruturas ígneas reliquiares e preservadas nessas rochas são: (i) hábito tabular do plagioclásio (Fig. 4.14 c) e crescimento intersticial com 115 relação ao anfibólio; (ii) inclusão de anfibólio em plagioclásio, sugerindo uma microestrutura poiquiloblástica reliquiar (Fig. 4.15 c). Por outro lado, as principais microestruturas metamórficas encontradas nessas rochas foram: (i) nematoblástica, pela orientação preferencial do anfibólio (Fig. 4.15b); (ii) poiquiloblástica, pela presença de inclusões de tremolita, quartzo e calcita na magnetita (Figs. 4.16a, b, c) e de anfibólio na granada (Fig. 4.16b); (iii) porfiroblástica pelo crescimento de magnetita e granada em matriz de menor granulometria (Figs 4.16a, d); (iv) pseudopoiquiloblástica e de reação metamórfica pela substituição do plagioclásio pela calcita e epídoto. Nestas rochas bolsões e venulações de magnetita, calcita (Figs. 4.16 e, f) carbonatos e quartzo são freqüentes. Nos domínios de maior alteração hidrotermal, as feições do protólito metamórfico são fortemente obliteradas (Fig. 4.16f). O estudo petrográfico permitiu elaborar a figura 4.17 que sumariza a mineralogia metamórfica progressiva, regressiva, hidrotermal e supergênica. Figura 4.17: Paragêneses minerais relacionadas com os processos metamórficos, hidrotermais e supergênicos nas rochas metamáficas da mina Lagoa D’anta. Nas rochas máficas dois anfibólios foram encontrados: tremolitaactinolita e magnesio-hornblenda (Tab. 4.2). Em geral, esses minerais ocorrem com hábito prismático e granulação entre 0,05 a 0,82mm. Os prismas estão preferencialmente orientados, compondo a foliação da rocha. Em geral ocorrem 116 em agregados monominerálicos ou associados com a mineralogia de alteração hidrotermal. O contato anfibólio-anfibólio é, na maior parte das vezes retilíneo a levemente curvo. Com o plagioclásio o contato é curvo a levemente lobado, podendo também ocorrer suturado e incluso neste feldspato, caracterizando uma microestrutura pseudopoiquiloblástica (Fig. 4.15c). A tremolita-actinolita ocorre na matriz das rochas ou na borda da magnésio-hornblenda e possui pleocroísmo entre incolor a verde pálido. Predomina grãos subidioblásticos e, subordinadamente, xenoblásticos, sendo esqueletiforme quando substituída pela calcita. Possui extinção ondulante fraca. Com o carbonato o contato pode ser moderadamente lobado e, subordinadamente, curvo. Inclusões de calcita e quartzo podem ser observadas caracterizando a microestrutura pseudopoquiloblastica. A determinação da magnésiohornblenda foi realizada utilizando-se o programa amphical (Yavuz, 1998). A figura 4.18 apresenta os diagramas para a classificação deste mineral. A distribuição da tremolitaactinolita foi realizada com o auxílio do microscópio petrográfico. Por sua vez, a magnesiohornblenda (Tabs. 4.3 e 4.4 e Fig 4.18) possui pleocroísmo que varia entre verde oliva e marrom pálido. Este anfibólio apresenta-se subidioblástico a idioblástico e possivelmente o seu crescimento é sin-tectônico ao desenvolvimento da foliação da rocha, sendo mimetizado pela tremolita-actinolita em condições de mais baixa temperatura metamórfica. Em muitas seções descritas há presença de veios de magnetita hospedados nos planos de clivagem do anfibólio (tremolita-actinolita ou magnesio-hornblenda) ou mesmo truncam toda da rocha (Fig 4.15d). Contatos fortemente lobados, por vezes reentrantes entre o anfibólio e a magnetita (Fig. 4.16a), além da presença de grãos esqueletiformes de anfibólio relictos e inclusos na magnetita sugerem a substituição a volume constante desse mineral pela magnetita. A andesina (An-30%) (Figs. 4.15c e 4.19) apresenta granulometria inferior a 3,0mm. Mostra-se subédrica, formando ripas tabulares. Apresenta extinção ondulante fraca a moderada. A geminação é a albita, que geralmente ocorre com formas pontiagudas sugerindo deformação intracristalina. Os contatos são curvos, levemente lobado a suturado com o anfibólio. Foi encontrada a presença de magnesiohornblenda inclusa no plagioclásio (Fig. 4.15c). 117 Figura 4.18: Classificação de alguns anfibólios das rochas metamáficas de acordo com Leake et al. (1997) e utilizando o programa Amphical (Yavuz, 1998). A titanita ocorre castanha, formando prismas com granulação inferior a 0,08 mm. Este mineral comumente ocorre incluso ou nos interstícios entre grãos de magnesiohornblenda (Fig. 4.15b). Com este anfibólio o contato é preferencialmente retilíneo. A calcita ocorre em agregados de grãos poliminerálicos, onde apresentase anédrica, formando bolsões na rocha com geometria amebóide. Também é encontrada na forma de veios com até 2,0cm na escala de afloramento e em furo de sonda (Figs. 4.14b, c; 4.15a, f; 4.16a, e, f). Esse mineral pode crescer perpendicularmente às paredes das fraturas, mas em geral os grãos são irregulares. A granulometria varia entre 0,12 a 1,52mm, apresenta geminação polissintética, além de extinção ondulante fraca a moderada. Grãos esqueletiformes são encontrados substituindo anfibólio ao longo dos planos de clivagem deste silicato. O contato calcita-calcita é predominantemente levemente curvo, podendo ocorrer levemente lobado. Com a tremolita o contato é frequentemente curvo a interlobado, mas contatos retos podem ser observados quando relacionados com a presença de veios. Em algumas seções onde predomina o contato amebóide entre calcita e magnetita, a calcita pode ser encontrada inclusa na magnetita (Fig. 4.16c). Veios desse mineral ocorrem truncados e truncando veios de quartzo. 118 Tabela 4.4: Síntese dos dados de microssonda eletrônica em grãos de anfibólio que constituem as rochas metamáficas. Dados organizados a partir do programa Amphical (Yavuz, 1998). A amostra J-LD51 é do furo de sondagem LDDFS 037. Amostra J-LD51 J-LD51 J-LD51 SiO2 46,0287 42,9565 42,6221 Al2O3 13,0846 13,0529 12,5690 TiO2 0,5871 0,5440 0,6906 FeOt 15,8065 15,4562 15,4370 MnO 0,3940 0,3862 0,3435 MgO 10,1356 9,9974 10,2983 CaO 11,6342 11,3643 11,6513 Na2O 1,5155 1,5404 1,4297 K2O 0,4491 0,5253 0,4785 Total 99,6353 95,8232 95,5200 Si 6.61 6.32 6.61 Al 2.36 2.42 2.22 Al IV 1.39 1.37 1.39 AL VI 0.97 1.04 0.83 Ti 0.00 0.00 0.00 Fe +2 1.81 1.96 1.71 +3 0.12 0.02 0.26 Cr +3 0.00 0.00 0.00 +2 0.00 0.00 0.00 Mn +3 0.00 0.00 0.00 Mg 2.29 2.12 2.34 Ca 1.81 1.86 1.85 Fe Mn Li 0.00 0.00 0.00 FM1 3.91 3.93 3.91 FM2 0.19 0.14 0.15 Ca 1.81 1.86 1.85 Na 0.00 0.31 0.00 Na 0.30 0.31 0.30 K 0.00 0.00 0.00 (Ca+Na) B 1.81 1.86 1.85 Na (B) 0.0 0.00 0.00 (Na + K) A 0.30 0.31 0.30 Mg/ Mg + Fe +2 0.56 0.52 0.58 Mg+Fe +Mn 4.10 4.07 4.06 Mg/Mg+Mn+2 1.0 1.00 1.00 +2 +2 Al VI 0.97 1.04 0.83 (Fe)3 0.12 0.02 0.26 (Mn)3 0.00 0.00 0.00 (Ca)B 1.81 1.86 1.85 Nome Magnesiohornblenda Magnesiohornblenda Magnesiohornblenda 119 Or Sanidine Anorthoclase Albite Oligoclase Andesine LabradoriteBytowniteAnorthite Ab An Figura 4.19: Classificação do plagioclásio nas rochas metamáficas. A magnetita apresenta granulometria variando de 0,25 a 3,8 mm. Dispõe-se como grão com geometria irregular ou formando agregados amebóides a esqueletiforme, sendo subidioblástica a xenoblástica. Em alguns casos, forma níveis venulares com espessura desde milimétrica a centimétrica (Figs. 4.14b, 4.15d). Os bolsões deste mineral fazem contatos amebóides com os demais minerais da rocha, podendo formar contatos fortemente lobados a reentrantes (Fig 4.16a, d). Essas feições truncam principalmente o anfibólio. Também foram freqüentemente observadas inclusões de quartzo e calcita neste óxido, embora inclusões de magnetita no quartzo e na calcita também possam ser encontradas. Em alguns planos octaédricos e nas bordas da magnetita é possível observar a alteração desse mineral para a martita, o que pode ser indicativo de alteração supergênica (Figs. 4.15e; 4.16d). A intensidade da alteração varia a cada rocha, podendo ser encontrado o mineral sem alteração, apenas relictos da magnetita ou a sua completa substituição isomórfica pela martita. O quartzo ocorre com granulometria variando de 0,07 a 0,72mm. Apresenta-se granular, anédrico, ocorrendo em venulações hidrotermais ou incluso na magnetita e granada. A largura dos veios de quartzo é inferior a 3,0 cm nos furos de sondagem e nos afloramentos. Frequentemente, associa-se 120 com veios de calcita (Fig. 4.16f). Este mineral apresenta extinção ondulante moderada. O contato quartzo-quartzo é levemente lobado. A granada é incolor e apresenta-se com granulometria variando entre 0,75mm e 3,2mm. Os grãos porfiroblásticos possivelmente possuem crescimento pós-tectônico à foliação da rocha, sobretudo pela ocorrência das inclusões com orientação preferencial de anfibólio e quartzo (Fig. 4.16b), bem como pela ausência de deflexão no entorno do mineral. Os porfiroblastos são xenoblásticos. A turmalina aparece com coloração verde clara, exibindo dicroísmo variando de verde pálido a verde azulado. Apresenta-se em grãos prismáticos com granulometria variando de 0,2 a 0,52mm. Normalmente, mostra-se subedrica e em seções basais. O contato com o anfibólio é curvo, predominantemente. O epídoto é verde pálido, com granulometria inferior a 0,11mm. Mostrase granular, subidioblástico. Este grão normalmente associa-se ao plagioclásio, onde é encontrado substituindo este mineral. A martita encontra-se intrinsecamente associada aos planos de clivagem octaédricos da magnetita e, em algumas seções, substitui praticamente toda a magnetita (Figs. 4.15e, 4.16d). Esta feição indica substituição supergênica. De acordo com a figura 4.17 a mineralogia metamórfica progressiva dessas rochas é constituída por magnesiohornblenda (Tab. 4.3), titanita e plagioclásio. A regressiva é constituída por tremolita, ao passo que a hipogênica é constituída por magnetita, granada, turmalina, quartzo e calcita. Como mineralogia de alteração intempérica tem-se a presença de martita o alteroplasma silicoso. (iii) Mármores calcíticos e dolomíticos Essas rochas encontram-se intercaladas com as demais encaixantes do protominério e também intercaladas com o protominério (Fig. 4.20a, b). A principal diferença entre os mármores calcíticos e dolomíticos (encaixante do minério) dos mármores manganodolomíticos (protominério) é a composição química do carbonato e a ausência de espessartita, manganodolomita e criptomelana nas rochas, ou, quando presente, volume modal de espessartita e criptomelana, juntos, não ultrapassa 10%. Além disso, 121 a análise química de rocha total auxiliou na discriminação entre estas rochas e o protominério de manganês. Tendo em vista que as microestruturas e as características da tremolita e do carbonato são muito semelhantes àquelas observadas no protominério, e para evitar repetições desnecessárias, não serão descritas nessa seção as características petrográficas desses minerais. Os aspectos microestruturais dessa unidade poderão ser consultados no item do protominério relacionado com os mármores manganodolomíticos. A tabela 4.5 apresenta a composição modal para as amostras de mármores estudadas. Figura 4.20: Fotografia e fotomicrografia do mármore calcítico. Com os dados de microssonda eletrônica para os minerais carbonáticos, cujos dados químicos foram normalizados para 100% em virtude da presença de CO2, estes são divididos em dois grupos: Grupo I, com minerais carbonáticos com conteúdo de calcita entre 96,67 e 99,70%, dolomita entre 0,02 e 1,11% e rodocrosita entre 0,14 e 2,13%, que foram classificados como mármores calcíticos; Grupo II, com minerais carbonáticos com conteúdo em calcita entre 49,35 e 49,72%, dolomita entre 41,41 e 44,73% e rodocrosita entre 2,46 e 3,12%, que foram classificados como mármores dolomíticos (Tab. 4.6). A figura 4.21 apresenta a distinção entre os minerais de paragênese hidrotermal e supergênica. Essa distinção foi realizada baseada na descrição petrográfica. 122 Tabela 4.5: Síntese dos minerais constituintes dos mármores calcíticos e dolomíticos. Amostras Furo de sondagem Cb Tr Bt J-LD30 LDDFS038 94 6 - - - - - - - - tremolita mármore J-LD31 LDDFS038 78 16 4 - - - - - - 2 tremolita mármore com criptomelana J-LD32 LDDFS038 50 22 - 10 - 18 - - - - quartzo-magnetita-tremolita mármore J-LD33 LDDFS038 53 27 - - - 20 - - - - tremolita mármore J-LD34 LDDFS038 5 35 <1 22 - 38 - - - - calcita-quartzo-tremolita calcissilicática J-LD35 LDDFS038 73 23 - - - 4 - - - - tremolita mármore com magnetita J-LD36 LDDFS038 55 29 - - - 16 - - - - magnetita-tremolita mármore J-LD37 LDDFS038 88 12 - - - - J-LD44 LDDFS037 52 3 - - <1 J-LD47 LDDFS037 73 17 - - - J-LD48 LDDFS037 60 11 - - - J-LD49 LDDFS037 92 8 - - - - J-LD50 LDDFS037 87 13 - - - J-LD52 LDDFS037 84 10 6 - - J-LD55 LDDFS039 100 - - - J-LD57 LDDFS039 84 - - J-LD59 LDDFS039 70 6 J-LD61 LDDFS039 92 8 Qtz Sps Mag Hem - Gt-Lim Mt Mn Nome da Rocha - - - tremolita mármore 3 - - magnetita mármore - - - tremolita mármore - - - tremolita-magnetita mármore - - - - tremolita mármore - - - - - tremolita mármore - - - - - biotita-tremolita mármore - - - - - - Mármore 8 3 5 - - - - quartzo-magnetita mármore - 5 3 16 - - - - quartzo-tremolita-magnetita mármore - - - - - - - - tremolita mármore 45 - 29 Cb - carbonato; Cum - cummingtonita; Tr - tremolita; Bt – biotita; Qtz - quartzo; Sps - espessartita; Mag - magnetita; Hem – hematita; Mn Óxido de manganês; Mt - martita; Gt/Lim - goethita/limonita. Tabela 4.6: Fórmula estrutural dos carbonatos dos mármores calcíticos e dolomíticos da Mina Lagoa D’anta. A amostra J-LD 35 é do furo de sondagem LDDFS 038. Amostra/Componentes J-LD35 J-LD35 J-LD35 J-LD35 J-LD35 J-LD35 J-LD35 Composição Molecular e Fórmula Estrutural dos Carbonatos Dolomita Calcita Rodocrosita Siderita Fórmula Estrutural 42,79 49,65 2,95 4,61 (Mg0,50Ca0,58Mn0,03Fe0,05)CO3 42,51 49,72 2,64 5,13 (Mg0,44Ca0,52Mn0,03Fe0,05)CO3 44,73 49,35 2,46 3,45 (Mg0,52Ca0,57Mn0,03Fe0,04)CO3 41,41 49,45 3,13 6,00 (Mg0,42Ca0,51Mn0,03Fe0,06)CO3 0,69 97,46 1,66 0,19 (Mg0,01Ca1,02Mn0,01Fe0,00)CO3 0,89 96,67 2,13 0,30 (Mg0,01Ca1,04Mn0,02Fe0,00)CO3 1,11 96,95 1,91 0,03 (Mg0,01Ca1,01Mn0,02Fe0,00)CO3 Figura 4.21: Discriminação das paragêneses metamórfica, hipogênica e supergênica dos mármores calcíticos e dolomíticos. 123 b) Protominério da mineralização manganesífera (i) Mármores manganodolomíticos e rochas calcissilicáticas manganesíferas O protominério de manganês predominante da mina Lagoa D’anta é um mármore manganodolomítico com espessartita, manganodolomita e manganocummingtonita. Subordinadamente tem-se as rochas calcissilicáticas manganesíferas (Fig. 4.22 e tabela 4.7). Figura 4.22: Fotografias dos mármores manganesíferos do protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. Essas rochas ocorrem em domínios de menor alteração intempérica associadas com as isoalteritas, mas nas zonas das aloalteritas também podem ser observadas. Os litotipos afloram, predominantemente, na porção noroeste da mina (Fig. 4.5), perfazendo um total de 40% da área cartografada em furos de sondagem (Fig.4.6). Os solos originados a partir da alteração intempérica deste litotipo apresentam coloração verde clara a bege. Nos furos de sondagem estudados verificou-se que essa unidade apresenta espessura 124 variando de 5 a 40 metros (Fig. 4.6). A composição modal está apresentada na tabela 4.7. Tabela 4.7: Resumo dos minerais constituintes dos mármores manganodolomíticos da Mina Lagoa D’anta. Amostra Furo de sondagem Ank Mn-Dol Cum Hem TrAct Qtz Sps 2 Mag <1 Mt Crp Nome da Rocha - 10 manganocummingtonita anquerita mármore manganodolomítico com espessartita e criptomelana J-LD28 LDDFS038 83 - 5 - - - J-LD38 LDDFS038 - 79 - - 15 - - 2 - 4 tremolita mármore manganodolomítico J-LD42 LDDFS037 - 66 - - 8 - 4 18 4 - tremolita-magnetita mármore manganodolomítico com espessartita J-LD43 LDDFS037 - 68 - - 6 - - 17 3 6 tremolita-magnetita mármore manganodolomítico J-LD46 LDDFS037 - 74 - - 4 - 8 19 4 - tremolita-magnetita mármore manganodolomítico J-LD53 LDDFS039 - 52 - - 24 - 8 14 2 - granada-magnetita-tremolita mármore manganodolomítico J-LD54 LDDFS039 - 53 - - 24 - 2 1 20 - tremolita-martita mármore manganodolomítico com espessartita J-LD58 LDDFS039 - 58 8 8 - - - - - 26 manganocummingtonita-magnetita mármore manganodolomítico com criptomelana J-LD59 LDDFS039 - 65 - - 6 5 3 16 5 - quartzo-tremolita-magnetita mármore manganodolomítico J-LD63 LDDFS039 - 53 1 - 28 - - 10 - 8 tremolita-magnetita mármore manganodolomítico J-LD64 LDDFS039 - 86 - - 8 - 4 - - 2 tremolita mármore manganodolomítico com espessartita Ank - ankerita; Mn-Dol - manganodolomita; cum - cummingtonita; Tr-Act – tremolita-actinolita; Bt – biotita; Qtz quartzo; Sps - espessartita; Mag - magnetita; Hem – hematita; Crp - criptomelana; Mt - martita; Gt/Lim goethita/limonita Estas rochas possuem coloração cinza clara, mas pode ter um tom esverdeado quando a tremolita-actinolita está presente. Nos domínios mais ricos em hematita e magnetita podem apresentar tons mais escuros. Possuem granulometria fina a média apresentando bandamento composicional marcado pela alternância de níveis claros, compostos por manganodolomita e quartzo alternado com níveis escuros constituídos por magnetita, tremolita e/ou manganocummingtonita e criptomelana (Figs. 4.23a, b, c). Predominam mármores, mas rochas calcissilicáticas também ocorrem. Esses mármores ocorrem intercalados com faixas centimétricas de rochas metavulcânicas máficas e lentes centimétricas de minério de manganês jacobsítico. A composição química do carbonato, granada e anfibólio destas rochas está apresentada na tabela 4.8. Os carbonatos apresentam fórmula estrutural compatível com dolomitos ricos em manganês (Tab.4.9), enquanto que a granada tem fórmula estrutural com proporções elevadas de espessartita com relação aos outros tipos de granada. 125 Figura 4.23: Fotomicrografias dos mármores manganodolomíticos, protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. As principais microestruturas encontradas foram: (i) granoblástica poligonal, predominante, marcada pela calcita e dolomita em grãos 126 poligonizados, muitas vezes em junções tríplices de 120° (Fig. 4.23c, d); (ii) poiquiloblástica, identificada principalmente pela granada e tremolita-actinolita, que contêm inclusões de carbonatos (Fig. 4.23e); (iii) granoblástica alongada e nematoblástica, assinalada pela orientação preferencial de grãos alongados de carbonato, manganocummingtonita e tremolita; (iv) porfiroblástica, pela presença de porfiroblastos de magnetita e granada. Veios de magnetita truncam a trama granoblástica dessas rochas (Figs. 4.22c e 4.23f).. Tabela 4.8: Análise microquímica obtida em microssonda eletrônica para elementos maiores dos carbonatos, granadas e anfibólio dos litotipos do protominério. Amostra Furo de sondagem Rocha Mineral SiO2 MgO FeO Na2O Al2O3 K2O CaO MnO TiO2 Total J-LD53 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,05 16,46 2,51 0,02 0,01 0,00 29,94 7,99 0,00 56,97 J-LD53 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 1,50 16,38 3,92 0,00 0,02 0,00 28,76 9,16 0,03 59,76 J-LD53 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,06 17,17 2,63 0,03 0,00 0,00 30,19 7,90 0,00 57,99 J-LD53 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,06 17,77 2,37 0,00 0,00 0,00 30,16 8,33 0,00 58,70 J-LD53 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,14 16,52 2,45 0,00 0,02 0,00 29,75 8,19 0,00 57,06 J-LD54 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,18 15,32 2,58 0,03 0,00 0,00 28,13 6,91 0,00 53,15 J-LD54 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,22 15,93 2,09 0,01 0,00 0,00 28,08 6,90 0,00 53,23 J-LD54 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,18 15,17 2,73 0,02 0,00 0,04 28,74 6,95 0,00 53,84 J-LD58 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,25 10,33 0,46 0,00 0,00 0,00 26,66 15,74 0,00 53,44 J-LD58 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,32 11,42 0,46 0,03 0,00 0,00 27,42 13,91 0,00 53,55 J-LD58 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,17 10,94 0,53 0,04 0,01 0,00 26,93 14,40 0,03 53,05 J-LD58 LDDFS039 Mármore Manganodolomita 0,25 11,13 0,48 0,00 0,00 0,00 27,24 14,95 0,00 54,05 J-LD53 LDDFS039 Mármore Espessartita 37,44 2,86 8,94 0,00 19,17 0,00 7,70 23,26 0,04 99,41 J-LD53 LDDFS039 Mármore Espessartita 37,28 2,60 8,84 0,00 19,40 0,01 8,65 22,89 0,00 99,67 J-LD53 LDDFS039 Mármore Espessartita 37,73 2,94 8,79 0,01 19,71 0,00 6,70 23,67 0,01 99,55 J-LD58 LDDFS039 Mármore Manganocummingtonita 57,60 22,88 2,37 0,10 0,23 0,04 4,62 10,84 0,00 98,68 Tabela 4.9: Fórmula estrutural dos mármores manganodolomíticos da Mina Lagoa D’anta. Todas as amostras apresentadas são do furo de sondagem LDDFS039. Composição Molecular e Fórmula Estrutural dos Carbonatos Amostra/Componentes Dolomita Calcita Rodocrosita Siderita Fórmula Estrutural J-LD53 37,63 48,89 10,29 3,19 (Mg0,41Ca0,53Mn0,11Fe0,03)CO3 J-LD53 37,01 46,42 11,66 4,92 (Mg0,41Ca0,51Mn0,13Fe0,05)CO3 J-LD53 38,46 48,30 9,97 3,28 (Mg0,43Ca0,54Mn0,11Fe0,04)CO3 J-LD53 39,20 47,53 10,36 2,90 (Mg0,44Ca0,54Mn0,12Fe0,03)CO3 J-LD53 37,76 48,58 10,55 3,11 (Mg0,41Ca0,53Mn0,12Fe0,03)CO3 J-LD54 37,61 49,32 9,56 3,51 (Mg0,38Ca0,50Mn0,10Fe0,04)CO3 J-LD54 38,82 48,88 9,47 2,83 (Mg0,40Ca0,50Mn0,10Fe0,03)CO3 J-LD54 36,89 49,90 9,52 3,69 (Mg0,38Ca0,51Mn0,10Fe0,04)CO3 J-LD58 26,84 49,47 23,03 0,66 (Mg0,26Ca0,48Mn0,22Fe0,01)CO3 J-LD58 29,22 50,09 20,04 0,65 (Mg0,29Ca0,49Mn0,20Fe0,01)CO3 J-LD58 28,36 49,84 21,03 0,76 (Mg0,27Ca0,48Mn0,20Fe0,01)CO3 J-LD58 28,34 49,54 21,44 0,67 (Mg0,28Ca0,49Mn0,21Fe0,01)CO3 127 A manganodolomita (Fig. 4.23a, b, c) possui granulometria entre 0,15 a 0,44mm. É encontrada granular poligonal, formando um arranjo em mosaico, com junções tríplices formando ângulos de 120°. Contudo, grãos alongados, orientados preferencialmente segundo a foliação da rocha podem ser observados. Caracteriza-se como mineral xenoblástico, com extinção ondulante fraca e geminação polissintética característica. Geralmente ocorre em agregados. A manganodolomita encontra-se parcialmente substituída por hematita e magnetita, ou transformando-se para criptomelana. O contato com a criptomelana e magnetita é moderadamente lobado a amebóide. Muitas vezes esses minerais ocorrem contornando os grãos de manganodolomita, preenchendo os interstícios entre eles ou preenchendo fraturas (Fig. 4.23a). O contato com a manganocummingtonita é levemente curvo a retilíneo. O conteúdo do componente cálcio desse mineral varia entre 46,42 e 50,09%, do magnesiano entre 26,84 e 39,20% e do manganesífero entre 9,47 e 23,03%. Nesses minerais do componente ferroso variou entre 0,03 e 5,13% (Tab. 4.8). A manganocummingtonita (Fig. 4.23c) é incolor e possui granulometria variando entre 0,18 a 0,47mm. Os grãos são prismáticos e subdioblásticos. Ocorre disseminada na rocha, preferencialmente orientada e possivelmente apresenta crescimento sin-tectônico ao desenvolvimento foliação metamórfica da rocha. O contato manganocummingtonita-carbonato é frequentemente curvo e com a criptomelana o contato é reentrante e fortemente amebóide. A tremolita-actinolita é incolor e a actinolita, por sua vez, é verde pálido. A granulação desses minerais varia entre 0,1 e 1,8mm. Apresentam-se prismáticos, subidioblásticos e, subordinadamente, xenoblásticos. Possuem extinção ondulante moderada. Estes anfibólios ocorrem tanto isolados quanto em agregados na rocha. Em muitas seções descritas, ocorrem orientados paralelo a direção do eixo maior dos carbonatos alongados, sugerindo que os anfibólios tiveram crescimento associados ao metamorfismo progressivo. O contato tremolita-actinolita-carbonato é levemente curvo, moderadamente lobado. Inclusões de carbonato foram observadas. A espessartita (Figs. 4.22b; 4.23d, e. e, 4.24a, b) é caramelada e possui granulometria que varia de 0,40 a 1,4mm. Ocorre idioblástica a subdioblástica e granular, podendo ser esqueletiforme e xenoblástica. Comumente, ocorre intercrescida com o carbonato contendo inclusões desse mineral. A presença 128 de inclusões de carbonato (Fig. 4.23d, e) sugere que esse mineral se formou a partir de protólito sedimentar carbonático contendo sílica e manganês (Nyame, 2001). Figura 4.24: Fotomicrografias dos mármores manganodolomíticos, protominério de manganês da Mina Lagoa D’anta. 129 A magnetita (Figs. 4.22a; 4.23d, f; 4.24c) possui até 5,0mm de tamanho na escala de amostra de mão e nesse caso, forma cristais euédricos ocataédricos. Nas seções delgadas a granulometria varia entre 0,1 a 1,8mm sendo encontrada em grãos euédricos a subédricos formando porfiroblastos e bolsões com geometria amebóides. Além disso, pode ocorrer formando veios que conectam bolsões da rocha. Em geral o contato desse mineral com os demais minerais da rocha pode ser retilíneo a fortemente amebóide (Fig. 4.23f). Por outro lado, os bolsões de magnetita apresentam geometria fortemente amebóide. A magnetita é substituída para a martita em plano octaédricos. Em algumas amostras o grau de substituição é elevado, onde é possível notar apenas relictos de magnetita (Fig. 4.24c). A hematita ocorre com granulometria variando de 0,1 a 0,2mm. É anédrica, ocorrendo disseminada na matriz da rocha. O contato com os demais minerais metamórficos da rocha é levemente curvo. A martita (Fig. 4.24c) encontra-se intrinsecamente associada aos planos octaédricos da magnetita. Em algumas seções substitui praticamente toda a magnetita, apenas restando alguns relictos do mineral hospedeiro. Esta feição está associada com a alteração supergênica a qual a rocha foi submetida rocha. A criptomelana (Figs. 4.23a, b, c; 4.24a, b, c, d, e) é o mineral de minério e exibe coloração cinza claro a creme. Ocorre com geometria amebóide a esqueletiforme e está hospedada na manganodolomita. Em geral pode-se observar um crescimento desse mineral em fraturas e clivagem do carbonato (Fig. 4.22a, b). Além disso, ocorre na borda da espessartita (Figura 4.23a, b) ou substituindo esse mineral em suas clivagens. A figura 4.25 sintetiza as paragêneses metamórfica, hipogênica e supergênica dos mármores manganodolomíticos cujo conteúdo mineralógico é formado por: (i) minerais associados com o metamorfismo progressivo, como manganodolomita, manganocummingtonita, tremolita e espessartita e, raramente, quartzo; (ii) minerais associados com alteração hipogênica, tais como magnetita e hematita, e; (iii) minerais associados com alteração supergênica, martita e criptomelana. O alteroplasma silicoso também foi observado nos níveis com maior presença da espessartita e da manganocummingtonita. 130 Figura 4.25: Discriminação das paragêneses metamórfica, hipogênica e supergênica do protominério manganesífero da mina Lagoa D’anta. c) Minério manganesífero O minério de manganês na mina Lagoa D’anta pode ser classificado em: (i) o minério jacobsítico metamórfico (Figs. 4.26a e 4.27a); (ii) o minério residual lenticular (Figs. 4.26, b, c, d; 4.27 b, c, d, e, f); (iii) o minério supergênico laterítico brechóide tipo canga (Fig. 4.26e, f), (Tab. 4.10). Dentre eles, o minério lenticular e o laterítico são os de maior volume na mina. Entretanto, como a mina encontra-se praticamente exaurida foram encontradas poucas exposições do minério. De acordo com os técnicos da empresa Rio Doce Manganês Ltda, o minério laterítico foi de grande importância econômica devido à facilidade oferecida de coleta, bem como pela sua elevada porcentagem de recuperação, que chegou a ocupar valores da ordem 30-35%. Representa as porções do perfil do solo em que as características da rocha mãe já foram fortemente obliteradas, tratando-se de aloalteritas. 131 Figura 4.26: Fotografias dos minérios de manganês da Mina Lagoa D’anta. 132 Figura 4.27: Fotomicrografias dos minérios de manganês da mina Lagoa D’anta 133 Tabela 4.10: Tipos de minério presentes no depósito de manganês da mina de Lagoa D’anta 134 (i) Minério jacobsítico metamórfico lenticular O minério de manganês jacobsítico foi observado nos furos de sondagem (Fig. 4.26a, 4.27a). Geralmente são compactos com traço preto e brilho metálico. Apresenta espessura média que varia de entre 20 e 50 cm e ocorre intercalado de forma tabular a lenticular com o protominério carbonático (Fig. 4.6). Como principal microestrutura observada nestas rochas tem-se a granoblástica granular, por vezes poligonal. Sob luz refletida foi possível identificar a presença de jacobsita que ocorre formando agregados granulares, xenoblásticos, com bordas retas e junções tríplices (Fig. 4.27a). Este óxido apresenta-se parcialmente substituído por criptomelana nas bordas. A granulação varia entre 0,02 e 0,03mm. A tabela 4.11 apresenta os dados de microssonda eletrônica para a jacobsita, tendo sido encontrado valores de FeO entre 35,54 e 61,45% e MnO entre 29,72 e 45,60%. Tabela 4.11: Análise microquímica obtida em microssonda eletrônica para elementos maiores dos minerais de jacobsita encontrados no minério jacobsítico metamórfico lenticular. A amostra apresentada é do furo de sondagem LDDFS039. Amostra SiO2 MgO FeO Na2O Al2O3 K2O CaO MnO TiO2 Total J-LD60 0,04 0,77 59,90 0,04 0,41 0,00 0,06 30,00 0,06 91,27 J-LD60 0,06 0,75 60,63 0,04 0,39 0,00 0,00 30,01 0,05 91,93 J-LD60 0,14 0,83 61,45 0,03 0,44 0,03 0,00 29,72 0,05 92,69 J-LD60 1,62 1,04 35,54 0,29 0,27 0,37 0,45 35,00 0,09 74,68 J-LD60 0,08 1,62 60,05 0,00 0,17 0,00 1,02 45,60 0,05 108,58 J-LD60 0,26 1,00 51,40 0,26 0,35 0,09 0,28 32,58 0,01 86,24 J-LD60 0,08 0,81 60,17 0,06 0,39 0,05 0,07 29,88 0,08 91,60 (ii) Minério Residual Lenticular O minério de manganês lenticular foi encontrado nas bancadas da mina e nos furos de sondagem raramente. Encontra-se associado com mármores e rochas calcissilicáticas manganesíferas (Figs. 4.5; 4.26b, c, d). Apresenta tons pretos a azulados com distribuição irregular e errática, é pulverulento, friável a semi-compacto, granular, poroso, semi-compacto e, em alguns casos, apresenta aspecto macio. Este minério comumente ocorre na zona mosqueada do perfil de solo (Fig. 4.6). A espessura desses níveis é bastante variável, tendo sido observado valores entre 1-10m e comprimento de até 15m. O mineral de minério identificado em Difratometria de Raio-x é a criptomelana (Figs. 4.27b, c, d, e, f). Comumente esse mineral encontra-se associado com quartzo microcristalino (Fig. 4.27b, c, d, e). 135 Como principal microestrutura tem-se um arranjo com o quartzo microcristalino amebóide que ocorre intercrescido com a criptomelana. Pseudomorfos de criptomelana substituindo granada podem ser observados em bolsões de protominério preservados da alteração superficial. Além disso, também foram identificadas feições coloformes associadas com esse minério (Fig. 4.27f). (iii)Minério Laterítico Brechóide tipo Canga O minério distribui-se no depósito na forma de cobertura coluvionar e eluvionar, com valores de espessura crescentes em direção as baixas vertentes, podendo alcançar espessuras entre 2-3 metros. Este minério é formado por material cascalhoso e litificado por cimento com criptomelana e goethita (Fig. 4.26e, f). No arcabouço observam-se fragmentos na fração de grânulo e seixo de formações ferríferas, mármores, rochas calcissilicáticas e quartzo. 4.3. Litogeoquímica Nesta seção será analisado o comportamento geoquímico dos elementos maiores, traços e terras raras das rochas encaixantes da mineralização manganesífera, protominério manganesífero e minério de manganês da mina Lagoa D’anta. a) Rochas encaixantes da mineralização manganesífera (i) Formações Ferríferas Elementos Maiores De acordo com (Dymek & Klein,1988; Bhattacharya et al. 2007), entre outros, o conteúdo de ferro e sílica das formações ferríferas depende da sua composição mineralógica. Formações ferríferas formadas essencialmente de quartzo (metachert) e óxidos de ferro podem alcançar somatórios de SiO 2, Fe2O3 maiores do que 97%. Por outro lado, formações ferríferas contendo silicatos e carbonatos mostram somatório destes óxidos de até 85% (Dymek & Klein, 1988). 136 Das vinte amostras de formações ferríferas analisadas (Tab. 4.12) na mina Lagoa D’anta, os pontos mais importantes a se ponderar são os seguintes: (i) O somatório dos teores de SiO2, Fe2O3 de todas as amostras varia entre 47,80 e 98,48%. (ii) As amostras JE-01, JE-08, JE-09, J-LD01, J-LD03, J-LD06, J- LD09, J-LD12, J-LD15, J-LD17, J-LD18 e J-LD40, apresentam teor de MnO variando entre 2,76-8,55%, podendo ser classificadas como formações ferromanganesíferas; (iii) Os valores de MgO variam entre de 0,21-11,5%. Estes valores são diretamente proporcionais ao conteúdo cummingtonita presente nas rochas. A figura 4.28, apresenta os teores de MgO, MnO e CaO nas formações ferríferas e os valores modais de cummingtonita, óxido de manganês e calcita, respectivamente, encontrados na descrição macroscópica e microscópica das amostras obtidas nos testemunhos de sondagem. Nesta figura nota-se que as formações ferríferas com alto teor de MgO comumente apresentam cummingtonita na sua constituição modal. Por sua vez, as amostras com MnO apresentam óxido desse elemento. Além disso, as amostras com CaO apresentam valores de carbonato na sua constituição; (iv) Os teores de Al2O3, em geral, são inferiores a 0,77%, com uma amostra apresentando teor de 1,65%. Por sua vez, os valores de TiO 2, são baixos e variam entre 0,01 – 0,1%. Esses valores sugerem que durante a formação destas rochas não houve contribuição ou associação com sedimentos siliciclásticos, ou a participação foi deste foi subordinada; (v) Os teores de Na2O e K2O também são baixos e variam entre 0,03 e 0,1% e 0,02 e 0,14%, respectivamente. Esses valores são semelhantes para as formações ferríferas descritas por Bhattacharya et al. (2007); (vi) A comparação das formações ferríferas deste estudo com as equivalentes do Grupo Itabira (Quadrilátero Ferrífero) apresentados por Veríssimo (1999), mostram que, em geral, as Formações Ferríferas da mina Lagoa D’anta são mais ricas em SiO2, CaO, Al2O3, MgO e MnO do que aqueles apresentados por aquele autor. Por outro lado, em geral, as amostras da mina Lagoa D’anta apresentam teores inferiores de Fe 2O3 do que aqueles apresentados por aquele autor. Na figura 4.29 observa-se que as rochas 137 alteradas pelo hidrotermalismo carbonático exibem menores valores de SiO 2, Fe2O3. Por sua vez, as rochas hidrotermalizadas comumente apresentam maiores valores em CaO e do somatório MgO e MnO. Tabela 4.12: Análises químicas para elementos maiores das formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta, do Grupo Itabira-Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Amostra Local da coleta Furo de sondagem SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 MnO Na2O K2O FeO LOI Total JE-01 Open Pit - 48,30 0,33 41,90 0,89 <0,01 1,45 0,08 3,89 0,05 0,14 1,14 2,37 100,50 JE-03 Open Pit - 57,10 0,26 36,50 1,38 0,02 2,48 0,03 0,86 0,06 0,02 0,43 0,87 100,00 JE-05 Open Pit - 44,60 0,20 49,40 0,74 <0,01 1,68 0,07 2,60 0,03 0,10 4,44 0,63 104,50 JE-06 Open Pit - 60,70 0,24 35,70 0,09 0,02 0,21 0,01 1,23 0,03 0,06 0,42 1,91 100,60 JE-07 Open Pit - 49,00 0,35 41,30 1,58 <0,01 2,23 0,07 2,76 0,04 0,09 0,14 1,91 99,50 JE-08 Open Pit - 39,80 0,48 45,60 0,25 0,04 1,52 0,04 7,20 0,08 0,20 0,36 4,49 100,10 JE-09 Open Pit - 45,90 0,40 47,60 0,84 0,02 2,56 0,10 0,98 0,02 0,05 0,85 1,64 100,10 J-LD01 T.S. LDDFS038 62,90 0,49 21,40 0,91 0,05 3,54 0,04 7,30 0,11 0,11 <0,14 3,57 100,40 J-LD03 T.S. LDDFS038 41,80 0,35 37,80 3,48 0,05 11,50 0,05 4,34 0,04 0,03 <0,14 1,79 101,20 J-LD06 T.S. LDDFS038 56,20 1,65 21,50 1,59 0,10 6,89 0,05 8,55 0,07 0,06 <0,14 3,37 100,00 J-LD09 T.S. LDDFS038 25,90 0,42 21,90 22,50 0,06 8,58 0,02 2,93 0,05 0,04 <0,14 18,43 100,80 J-LD11 T.S. LDDFS038 40,70 0,77 39,50 5,65 0,06 10,50 0,04 1,83 0,03 0,02 0,14 1,94 101,20 J-LD12 T.S. LDDFS038 66,30 0,26 16,40 1,07 0,02 7,33 0,03 4,64 0,03 0,04 <0,14 4,04 100,20 J-LD14 T.S. LDDFS038 58,00 0,46 32,80 1,63 0,05 3,56 <0,01 1,79 0,04 0,05 1,08 2,16 101,60 J-LD15 T.S. LDDFS038 50,10 0,74 36,60 1,95 0,06 5,70 0,01 3,07 0,05 0,06 0,78 2,15 101,30 J-LD17 T.S. LDDFS038 56,10 1,40 24,40 2,17 0,09 9,64 0,02 4,77 0,04 0,03 0,14 1,84 100,60 J-LD18 T.S. LDDFS038 60,20 0,28 23,30 0,86 0,04 5,03 0,06 5,86 0,05 0,09 0,21 4,03 100,00 J-LD40 T.S. LDDFS037 61,10 0,53 30,10 0,50 0,03 1,32 0,04 3,15 0,04 0,06 0,21 2,89 100,00 J-LD65 T.S. LDDFS090 50,10 0,29 40,60 0,95 0,03 4,45 0,01 1,17 0,03 0,03 0,93 2,62 101,20 J-LD70 T.S. LDDFS43A 50,40 0,32 38,00 2,98 0,02 5,37 0,04 1,47 0,08 0,06 0,28 1,79 100,80 A - - 47,10 0,14 50,40 <0,05 <0,05 <0,10 <0,05 0,04 <0,01 0,01 - 1,50 99,70 A – Amostra de Itabirito Anfibolítico (PG1514), facies óxido-silicato do Grupo Itabira, Quadrilátero Ferrífero. Tipo Lago Superior (Veríssimo, 1999). Abreviações: T.S – testemunho de sondagem. 138 Figura 4.28: Conteúdo MgO, CaO e MnO nas formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta e os conteúdos modais (%) de cummingtonita (azul), calcita (vermelho) e óxido de manganês (verde) observados na descrição macro e microscópica. Para as amostras coletadas no open pit da mina e nos furos de sondagem. Abreviação: N.d. – não identificado. Figura 4.29: Comparação do padrão de distribuição dos elementos maiores das formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta e dos itabiritos anfibolíticos do Grupo Itabira, tipo Lago Superior (Veríssimo, 1999). As formações ferríferas que não apresentam veios de calcita estão em laranja e as que apresentam esse mineral em verde. O padrão do Grupo Itabira é apresentado em vermelho. Elementos traço Os dados analíticos estão apresentados na tabela 4.13. Apesar de haver uma variedade de pesquisadores que utilizam o folhelho NASC (North American Shale Composite, Gromet et al. 1984) como normalizador padrão, neste trabalho será adotado o normalizador PAAS (Post 139 Archean American Shale, Mclennan et al. 1989), pois o folhelho NASC não disponibiliza os valores de Dy, Ho, Er e Tm. Com relação aos elementos traço, os valores obtidos nas amostras da mina Lagoa D’anta foram comparados com equivalentes formações ferríferas do tipo Lago Superior e Algoma (Tab. 4.13). As formações ferríferas do tipo Lago Superior (Tab. 4.13, amostra B) comparadas foram as do faceis silicato da região homônima, no Canadá (Groos & Macleod, 1980). Para as equivalentes do tipo Algoma foram utilizados os dados de Dymek & Klein (1988) da região de Isua, na Groelândia (Tab. 4.13, amostra C). A análise das amostras B e C da tabela 4.13 sugere que as formações ferríferas arqueanas do tipo Algoma exibem valores mais elevados em Zn do que as do tipo Lago Superior. Em contrapartida, as formações ferríferas paleoproterozóicas, tipo Lago Superior, são consideravelmente mais enriquecidas em V, Co, Sr, Y e Zr, do que as correspondentes tipo Algoma. De acordo com Rao & Naqvi (1995) os mais elevados valores de Y, V, Zr, Ta e Hf, Nb, Rb e Sr das formações ferríferas de ambiente do tipo Lago Superior com relação aquelas do tipo Algoma pode indicar contribuição terrígena na formação dessas rochas. Tabela 4.13: Análises químicas para elementos traços das formações ferríferas bandadas de Lagoa D’anta. Os teores disponibilizados estão em ppm. Furo de sondagem LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS038 LDDFS37 LDDFS37 LDDFS37 LDDFS37 LDDFS90 LDDFS43A Sr Rb Y V Zr Co Cu Ni Zn JE-01 JE-03 JE-04 JE-05 JE-06 JE-07 JE-08 JE-09 J-LD01 J-LD03 J-LD06 J-LD09 J-LD11 J-LD12 J-LD14 J-LD15 J-LD17 J-LD18 J-LD40 J-LD41 J-LD42 J-LD50 J-LD65 J-LD70 Local da coleta Open Pit Open Pit Open Pit Open Pit Open Pit Open Pit Open Pit Open Pit T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. T.S. 52,00 16,00 <10 23,00 20,00 39,00 139,00 13,00 70,00 17,00 87,00 48,00 10,00 74,00 30,00 34,00 29,00 109,00 33,00 13,00 39,00 130,00 29,00 17,00 <10 <10 <10 <10 <10 12,00 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 11,00 12,00 <10 21,00 79,00 48,00 20,00 66,00 25,00 180,00 48,00 97,00 <10 14,00 22,00 <10 19,00 19,00 <10 23,00 21,00 27,00 20,00 12,00 24,00 <10 24,00 193,00 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 21,00 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 10,00 <10 16,00 <10 19,00 <10 <10 14,00 <10 <10 14,00 12,00 <10 <10 16,00 17,00 <10 <10 20,00 5,00 4,00 13,00 8,00 10,00 12,00 8,00 6,00 9,00 10,00 3,00 9,00 7,00 7,00 10,00 10,00 13,00 6,00 7,00 20,00 2,00 6,00 21,00 23,00 13,00 14,00 40,00 15,00 22,00 13,00 14,00 6,00 7,00 190,00 4,00 21,00 4,00 4,00 7,00 4,00 12,00 28,00 3,00 102,00 <2 10,00 12,00 178,00 7,00 3,00 45,00 106,00 39,00 21,00 33,00 6,00 <2 25,00 <2 3,00 6,00 6,00 8,00 7,00 8,00 4,00 16,00 14,00 3,00 20,00 51,00 203,00 35,00 49,00 77,00 142,00 75,00 62,00 69,00 22,00 19,00 17,00 20,00 18,00 7,00 10,00 - B C - - 42,00 1,1 <16 41,00 1,7 30,00 4,4 60,00 4,5 27,00 3,2 10,00 8,4 32,00 33,4 2,00 41,6 Amostra B - Formações ferríferas do tipo Lago Superior, região homônima, Canadá obtida em Groos & Macleod (1980). C – formações ferríferas do tipo Algoma, Isua, Groelândia obtida em Dymek & Klein (1988). Abreviações: T.S – testemunho de sondagem. 140 A análise dos elementos traço das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta com relação as análise apresentadas por Groos & Macleod (1980) e Dymek & Klein (1988) permite concluir que (Fig. 4.30 e 4.31): (i) Não há como realizar comparações diretas entre as amostras de formações ferríferas da mina Lagoa D’anta e os dados da literatura. Isto se deve, sobretudo, devido às amostras da mina Lagoa D’anta exibirem padrões muito heterogênios e oscilantes, sendo difícil de obter similaridades com os padrões da literatura; (ii) Os teores de Sr, Y, Cu das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta são, em geral, superiores aos da literatura para ambos os casos (Fig. 4.30a, b); (iii) Com relação as formações ferríferas do tipo Lago Superior, em geral, as amostras de Lagoa D’anta são mais ricas em Zn, Cu (Fig. 4.30); (iv) Apesar de não haver similaridades claras, a distribuição dos elementos da figura 4.31 quando comparados com os da literatura, mostram uma maior similaridade dos dados das formações ferríferas da mina Lagoa D’anta com as equivalentes do tipo Lago Superior; (vi) Destacam-se os elevados valores de Y, que chega a ser 7 vezes maior que do folhelho do normalizador de PAAS. 141 Figura 4.30: Distribuição dos elementos traços das amostras de formações ferríferas sem e com veios de calcita (em laranja e verde, respectivamente) da mina Lagoa D’anta. 142 Figura 4.31: Distribuição dos elementos traços das amostras de formações ferríferas bandadas com e sem veios de calcita (verde e laranja, respectivamente) da mina Lagoa D’anta comparado com formação ferrífera de facies silicato do tipo Lago Superior (azul) de Gross & Macleod (1980) e tipo Algoma (vermelho) Dymek & Klein (1988). Todas as amostras foram normalizadas por PAAS (Post Archean American Shale Mclennan et al. (1989). Elementos Terras Raras Os dados dos elementos Terras Raras de algumas amostras de formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta estão apresentados na tabela 4.13. Os resultados obtidos foram comparados com os dados de duas amostras de formações ferríferas do tipo Lago Superior e duas do tipo Algoma, obtidos na literatura. Para a representação destes dados na figura 4.32 em seis amostras utilizou-se o limite de detecção como valor absoluto medido. Essa decisão foi tomada tendo em vista que em algumas amostras o valor de Ce é mais baixo do que o limite de detecção pelo método utilizado pela GEOSOL (Geology and Surveying Ltda). De acordo com a análise da tabela 4.14 e da figura 4.32 conclui-se: (i) O somatório dos elementos Terras Raras na mina Lagoa D’anta varia de 2,08 a 182,03 ppm. Com exceção da amostra J-LD70, que demonstra valores de REE bastante enriquecidos (182,03ppm), e das amostras JE-05, JLD-15, JLD-40 e JE-65, que apresentam valores baixos do somatório desses elementos, entre 2,08-8,59ppm, aproximadamente 73% das amostras de formações ferríferas da mina Lagoa D’anta apresentam uma variação do 143 somatório de REE entre 10,84-99,54 ppm. Do total das amostras estudadas, 8 delas apresentam valores superiores aos da literatura (Tab. 4.14); (ii) Metade das amostras analisadas apresentou valores de somatório para Terras Raras superiores aos das amostras A, B, C, e D (Tab.4.14); (iii) Há um leve enriquecimento em elementos Terras Raras pesados nas formações ferríferas da mina Lagoa D’anta com relação aos valores normalizados das formações ferríferas do tipo Algoma e Lago Superior (Fig. 4.32). Esse enriquecimento pode está associado com processos hidrotermais hipogênicos registrados nos estudos petrográficos. Entretanto, como o potencial iônico de alguns elementos terras raras estão na faixa entre 3-10, uma outra possibilidade para explicar esse enriquecimento é a atuação de processos de alteração superficial. Contudo, esta possibilidade pode ser descartada já que a alteração superficial nessas amostras é incipiente; (iv) De acordo com a figura 4.32 e com a tabela 4.15 o comportamento do Eu expressa dois padrões distintos: 30,7% das amostras analisadas apresentaram anomalias positivas em Eu, com Eu/Eu*PAAS variando de 2,82-3,22, em 69,3% das amostras a razão Eu/Eu*PAAS variou entre 0,731,56, gerando padrões mais achatados; (v) Conforme Klein (2005) as anomalias positivas em Eu sugerem que houve participação de fluidos hidrotermais quentes ligado a processos envolvendo fumarolas oceânicas. Entretanto, os padrões achatados ou de anomalias fracamente positivas em Eu, como ocorrem na mina Lagoa D’anta, sugerem que, além dos fluidos ricos em fumarolas oceânicas, misturas com água do mar podem ter ocorrido em sítios deposicionais longe de fumarolas oceânicas ou mesmo alguma contribuição continental pode ter ocorrido. Contudo, como os valores de Al2O3 das amostras analisadas na mina de Lagoa D’anta são baixos (Tab. 4.11), é possível que a fonte primária dos metais tenha sido de fumarolas oceânicas diluídas pela água do mar; (vi) Com relação ao Ce, dois conjuntos podem ser distinguidos. O primeiro apresenta anomalias fortemente negativas, ao passo que no segundo as anomalias negativas são fracas ou inexistentes. Padrões negativos podem indicar remoção do Ce das águas oceânicas por minerais argilosos que têm 144 maior afinidade com o Ce e, consequentemente, deixam a água do mar empobrecida nesse elemento (Klein & Beukes, 1990; Bhattacharya et al. 2007). Tabela 4.14: Análises químicas para elementos Terras Raras formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta. Os teores disponibilizados estão em ppm. Amostra Local coletado Furo de sondagem La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Er Yb Lu LREE HREE ƩREE JE-03 Open Pit - 8,20 1,10 3,70 0,50 0,14 1,05 1,12 0,86 0,90 0,10 13,50 4,17 17,67 JE-04 Open Pit - 20,70 <0,1 11,30 1,80 0,47 3,35 3,82 2,74 2,40 0,47 33,80 13,25 47,05 JE-05 Open Pit - 0,20 <0,1 0,30 0,10 <0,05 0,31 0,38 0,37 0,40 0,13 0,60 1,59 2,19 JE-06 Open Pit - 49,10 <0,1 21,50 3,30 0,97 6,85 6,47 4,92 3,60 2,88 73,90 25,69 99,59 JE-07 Open Pit - 8,70 1,10 5,30 0,90 0,18 1,25 1,43 0,97 0,90 0,17 16,00 4,90 20,90 JE-08 Open Pit - 29,40 9,30 16,30 3,10 0,93 6,19 9,86 10,10 9,30 1,55 58,10 37,93 96,03 JE-09 Open Pit - 15,00 <0,1 4,80 0,80 0,26 2,68 3,11 2,88 2,20 0,53 20,60 11,66 32,26 J-LD01 T.S. LDDFS038 4,50 7,40 2,10 0,30 0,17 0,71 0,88 0,69 1,00 0,16 14,30 3,61 17,91 J-LD06 T.S. LDDFS038 4,30 7,10 3,70 0,90 0,24 1,62 1,84 1,55 1,90 0,28 16,00 7,43 23,43 J-LD09 T.S. LDDFS038 2,20 5,10 1,10 0,30 0,15 0,58 0,52 0,33 0,50 0,06 8,70 2,14 10,84 J-LD12 T.S. LDDFS038 9,20 7,60 6,20 2,10 1,30 1,78 1,48 1,05 0,80 0,53 25,10 6,94 32,04 J-LD14 T.S. LDDFS038 3,50 4,30 2,20 0,70 0,66 1,24 0,84 0,76 0,60 0,44 10,70 4,54 15,24 J-LD15 T.S. LDDFS038 3,40 0,70 1,70 0,50 0,16 0,52 0,48 0,52 0,50 0,11 6,30 2,29 8,59 J-LD17 T.S. LDDFS038 4,40 12,10 1,70 0,40 0,22 1,05 0,93 0,92 1,00 0,18 18,60 4,30 22,90 J-LD18 T.S. LDDFS038 19,50 21,30 10,00 2,50 1,54 2,62 1,63 1,23 1,20 0,50 53,30 8,72 62,02 J-LD40 T.S. LDDFS037 0,40 <0,1 0,70 0,10 0,05 0,05 0,27 0,32 0,30 0,06 1,20 1,05 2,25 J-LD65 T.S. LDDFS090 <0,1 <0,1 0,10 0,10 <0,05 0,51 0,26 0,51 0,50 0,10 0,20 1,88 2,08 J-LD70 T.S. LDDFS43A 84,20 0,30 41,30 8,60 1,82 11,96 12,68 10,94 8,60 1,63 134,40 47,63 182,03 A - - 2,04 6,35 4,99 1,39 0,50 1,59 1,95 1,37 1,59 0,26 14,76 7,72 22,48 B - - 2,77 5,05 2,29 0,39 0,13 0,56 0,69 0,63 0,79 ND 10,50 2,80 13,30 C - - 3,48 5,18 1,87 0,27 0,18 0,32 0,37 0,25 0,24 0,04 10,80 1,40 12,20 D - - 5,12 10,88 3,96 0,72 0,33 0,62 0,44 0,21 0,21 0,03 20,68 1,92 22,60 A – FF, tipo Lago Superior, do faces óxido silicato do Grupo Itabira, Quadrilátero Ferrífero (Verissímo et. al.2002). B – FF, tipo Lagoa Superior, fácies óxido do Brockman, Grupo Hamersley (Derry & Jacobsen, 1990). C – FF, tipo Algoma, Isua (Shimizu et al. 1990). D – FF, tipo Algoma, Nova Lima-MG (Raposo & Ladeira, 1993). Abreviações: T.S – testemunho de sondagem Em uma outra análise, na comparação de formações ferríferas com baixos e elevados valores em MgO, consequentemente aquelas com baixos e elevados conteúdos modais de cummingtonita, é possível distinguir duas classes de rochas (Fig. 4.32). De acordo com esta figura (item b) pode-se verificar que as formações ferríferas com baixo conteúdo modal de cummingtonita são bastante similares aquelas da literatura, embora as amostras estudadas nesta dissertação demonstrem pronunciante anomalias negativas em Ce. 145 Figura 4.32: Distribuição dos elementos Terras Raras para amostras de formações ferríferas bandadas da mina Lagoa D’anta e equivalentes das formações ferríferas do tipo Algoma (em vermelho) de Isua, Shimizu et al. (1990) e do tipo Lago Superior (azul) do Grupo Itabira, Quadrilátero Ferrífero-MG (Veríssimo et al. 2002) e para as formações ferríferas de Brockman (azul), Austrália Derry & Jacobsen (1990). Em a) gráfico com todas as amostras estudadas (verde - amostras com veios de calcita; laranja – amostras sem veios de calcita; b) gráfico das amostras com baixo teor em MgO e sem veios de calcita (vide tabela 4.11); c) gráfico das amostras com teor elevado em MgO (lilás) e/ou com veios de calcita (em verde). Todas as amostras encontram-se normalizadas pelo PAAS (Mclennan et al. 1989). 146 Na análise com maior detalhe (Fig. 4.32, item b), observa-se que as formações ferríferas da mina Lagoa D’anta assemelham-se ligeiramente com as formações ferríferas do tipo Algoma, embora as anomalias em Eu da mina Lagoa D’anta sejam mais brandas. Na mesma análise da figura 4.32(item c) observa-se que as amostras de formações ferríferas ricas em cummingtonita exibem um padrão classificado como caótico e heterogênio, não sendo possível realizar correlações com as formações ferríferas descritas na literatura. É frequente nestas amostras um enriquecimento nos elementos terras raras pesados, além das pronunciantes anomalias positivas e negativas em Eu e Ce, respectivamente. Desse modo, é possível que as formações ferríferas ricas em cummingtonita da mina Lagoa D’anta sejam produto da existência de finos níveis de metabasaltos intercalados com as rochas sedimentares que podem ter contaminado as formações ferríferas com magnésio. Outra possibilidade é que as rochas com elevado conteúdo modal de cummingtonita não sejam da família das formações ferríferas, sendo litotipos representantes de rochas metaultramáficas. Tabela 4.15: Cálculo das razões de európio, lantânio, samário, gadolínio e lutércio normalizadas pelo PAAS (Mclennan et al. 1989) para amostras de formação ferríferas da mina Lagoa D’anta. Local Furo de coletado sondagem JE-03 Open Pit JE-04 Open Pit JE-05 Open Pit JE-06 Open Pit JE-07 Open Pit JE-08 Open Pit JE-09 Open Pit J-LD01 T.S LDDFS038 J-LD06 T.S LDDFS038 J-LD09 T.S LDDFS038 J-LD12 T.S LDDFS038 J-LD14 T.S LDDFS038 J-LD15 T.S LDDFS038 J-LD17 T.S LDDFS038 J-LD18 T.S LDDFS038 J-LD40 T.S LDDFS037 J-LD65 T.S LDDFS090 J-LD70 T.S LDDFS43A A B C D Abreviações: T.S – testemunho de sondagem AMOSTRA Eu /Eu*(PAAS) La/Sm(PAAS) Gd/LuPAAS 0,82 0,83 1,10 0,87 0,77 0,91 0,67 1,53 0,87 1,56 3,17 3,12 1,47 1,37 2,82 3,22 0,73 0,82 1,56 1,26 2,84 2,33 2,38 1,67 0,29 2,16 1,40 1,38 2,72 2,18 0,69 1,07 0,64 0,73 0,99 1,60 1,13 0,58 0,15 1,42 0,21 1,03 1,87 1,03 0,98 0,66 0,22 0,22 0,68 0,37 0,47 0,41 0,54 0,90 0,31 0,26 0,44 0,54 0,49 0,08 0,47 0,68 0,57 0,99 1,92 147 (ii) Mármores calcíticos e dolomíticos Elementos maiores Quatro amostras foram selecionadas para os estudos de litogeoquímica dos mármores calcíticos e dolomíticos. Como grande parte dos valores dos elementos traços ficaram abaixo do limite de detecção do método analítico não será feita uma análise para esse grupo de elementos. De acordo com tabela 4.16 pode-se observar: (i) O somatório de SiO2, CaO e MgO variam entre 54,20-70,17%. Os valores de SiO2 são elevados e refletem o conteúdo de quartzo e tremolita das rochas. A correlação dos dados petrográficos e os de litogeoquímica destas rochas carbonáticas permite classificá-las como mármores dolomíticos impuros; (ii) O somatório de Fe2O3 e FeO varia de 3,31-14,86%. Esses valores possivelmente estão associados com o aporte de ferro nessas rochas, tendo em vista a presença de veios de magnetita nestas rochas; (iii) Os teores de MnO oscilam entre 0,61-3,08%. Tabela 4.16: Análises químicas para elementos maiores dos mármores calcíticos e dolomíticos. Amostra Furo de sondagem SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 MnO Na2O K2O FeO LOI Total J-LD50 LDDFS037 19,30 0,46 2,46 28,00 0,08 19,00 0,01 0,61 0,03 <0,012 0,85 31,25 102,05 J-LD55 LDDFS039 8,90 0,14 4,79 27,40 <0,01 17,90 <0,01 2,72 0,02 <0,012 3,18 37,78 102,83 J-LD57 LDDFS039 43,60 0,46 5,33 17,50 0,05 9,07 0,03 3,08 0,03 <0,012 2,20 20,47 101,81 Elementos Terras Raras Os resultados das análises químicas para Elementos Terras raras de 4 amostras de mármores calcíticos e dolomíticos é apresentado na tabela 4.17. Os valores do somatório dos elementos terras raras são relativamente baixos, variando de 1,59-16,91ppm. O valor de 16,91ppm é discrepante dos demais e certamente reflete o conteúdo de magnetita e granada presentes na amostra J-LD57. Esses dados foram normalizados pelo folhelho de PAAS (Mclennan et al. 1989). De acordo com os dados obtidos têm-se que (Fig. 4.33): 148 (i) As amostras J-LD53 e J-LD55 apresentam anomalias negativas em Ce. Ambas as amostras também exibem um leve enriquecimento nos elementos Terras Raras pesadas em relação as leves. (ii) As amostras J-LD50 e J-LD57 exibem uma fraca anomalia negativa em Ce. Em relação ao Eu a amostra J-LD57 exibe uma tendência fracamente positiva e a amostra J-LD50 uma curva com anomalia levemente negativa; (iii) Como também foi interpretado para as Formações Ferríferas, as anomalias negativas em Ce em carbonatos pode estar relacionada ao padrão das águas oceânicas do momento de formação do sedimento (Bhattacharya et al. 2007 e Klein & Beukes, 1990). (iv) Com relação ao Eu, três das quatro amostras analisadas, exibem uma tendência fracamente positiva para este elemento. Este padrão pode indicar atuação incipiente de fluidos hidrotermais de fumarolas submarinas ou mesmo uma deposição distante a partir de uma fonte quente; Tabela 4.17: Análises químicas para os elementos Terras Raras em amostras de mármores calcíticos e dolomíticos de Lagoa D’anta. Amostra Furo de sondagem La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Er Yb Lu J-LD50 LDDFS037 1,3 1,7 0,7 0,3 0,05 0,37 0,35 0,08 0,2 0,08 4 1,13 5,13 J-LD53 LDDFS039 0,9 0,1 0,5 0,1 0,11 0,46 0,47 0,37 0,5 0,09 1,6 2 3,6 J-LD55 LDDFS039 0,5 0,1 0,1 0,1 0,05 0,22 0,16 0,11 0,2 0,05 0,8 0,79 1,59 J-LD57 LDDFS039 4,8 5,9 2,8 0,6 0,27 0,99 0,73 0,37 0,4 0,05 14,1 2,81 16,91 ƩLREE ƩHREE Figura 4.33: Distribuição dos elementos REE das amostras de carbonatos dolomíticos de Lagoa D’anta. Os dados estão normalizados pelo PAAS (Mclennan et al. 1989). 149 REE b) Protominério manganesífero (i) Mármores manganodolomíticos manganesíferas e rochas calcissilicáticas Nestas rochas os teores de CaO e MgO variaram entre 23,60-27,70% e 10,40-15,20%, respectivamente (Tab. 4.18). Por sua vez, os valores de Fe2O3 e FeO variaram entre 4,79-14,10% e 0,14-3,8%. A principal característica que permitiram classificá-los como protominério foi o conteúdo em MnO, que variou entre 5,42 a 15,20%. Tabela 4.18: Análise química dos elementos maiores do protominério de manganês da Mina Lagoa d’anta. Amostra Furo de Sondagem SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 MnO Na2O K2O FeO LOI Total 99,92 J-LD28 LDDFS038 2,07 0,21 6,40 27,50 0,03 15,20 0,02 8,26 0,02 <0,012 0,64 39,57 J-LD42 LDDFS037 9,07 1,70 7,05 27,70 0,14 14,30 0,04 5,42 0,03 0,01 0,29 35,25 101,00 J-LD54 LDDFS039 9,51 0,29 14,10 23,60 0,03 14,40 0,05 5,56 0,02 <0,012 2,63 31,51 101,70 J-LD58 LDDFS039 5,81 0,40 6,49 0,03 15,20 0,04 0,05 26,50 0,06 10,40 <0,14 33,60 98,59 Assim como ocorre nos mármores calcíticos e dolomíticos, discutidos anteriormente, os valores dos elementos traços destas rochas, em grande parte, estão abaixo do limite de detecção do método analítico adotado pela GEOSOL (Geology and Surveying Ltda). Entretanto, os valores dos elementos Terras Raras podem ser apresentados e discutidos (Tab. 4.19). Conforme os dados obtidos, o protominério de manganês apresenta, em geral, as seguintes características: (i) Os somatórios dos elementos Terras Raras leves e pesados varia entre 5,3-15,8ppm e 0,75-8,58ppm, respectivamente. O somatório total dos elementos desses grupos de elementos varia entre 9,04-24,38ppm. (ii) Se comparados os valores do somatório dos elementos Terras Raras obtidos para o protominério e para os mármores calcíticos e dolomíticos, nota-se que o protominério, em geral, é mais enriquecido nesses elementos. (iii) Na figura 4.34 duas amostras apresentam anomalias positivas em Eu e uma delas possui anomalia levemente negativa em Ce. Na amostra 150 J-LD58 é importante citar a anomalia negativa em Er. Como discutito anteriormente, anomalias positivas em Eu podem sugerir contribuições hidrotermais de fumarolas oceânicas e valores negativos em Ce podem estar associados com retenção desses elementos em argilominerais e diminuição no seu conteúdo na água. Tabela 4.19: Elementos Terras Raras do protominério manganesífero de Lagoa D’anta. Amostra Furo de sondagem La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Er Yb Lu J-LD28 LDDFS038 2,7 3,1 1,3 0,5 0,24 0,38 0,29 0,22 0,2 0,11 7,6 1,44 9,04 J-LD42 LDDFS037 4,7 7 3,4 0,7 0,22 1,57 2,31 2,02 2,1 0,36 15,8 8,58 24,38 J-LD54 LDDFS037 1,3 2,8 0,9 0,3 0,19 0,51 0,34 0,28 0,3 0,07 5,3 1,69 6,99 J-LD58 LDDFS039 5,3 5 2 0,3 0,05 0,25 0,25 0,05 0,1 0,05 12,6 0,75 13,35 LREE HREE REE Figura 4.34: Elementos Terras Raras do protominério manganesífero de Lagoa D’anta. a) Minério manganesífero (i) Minério jacobsítico Conforme as características químicas (Tab. 4.20) o minério jacobsítico apresenta uma razão Fe2O3/MnO que varia de 2,43-1,47. Outra característica importante são os teores em Al2O3 que variam entre 1,92 a 5,28%. Estes valores refletem a presença de minerais argilosos quando da atuação da supergênese. Associado com a jacobsita encontra-se a magnetita que ocorre granular com tamanho entre 0,03 e 0,04. Em geral este mineral encontra-se substituído pela martita. O quartzo é granular, xenoblástico. Ocorre formando 151 agregados granulares ou associado entre os grãos de magnetita. A extinção ondulante é moderada. Tabela 4.20: Litogeoquímica do minério de manganês jacobsítico. As amostras apresentadas são de afloramento coletadas no open pit da mina. Amostra SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 MnO Na2O K2O FeO LOI Total JE-13 JE-14 JE-15 JE-19 5,89 6,29 8,17 11,30 2,20 3,43 1,92 5,28 42,60 42,40 55,00 46,50 0,39 0,20 0,10 0,09 0,17 0,34 0,16 1,38 1,39 1,09 1,17 0,97 0,02 0,02 0,03 0,02 33,30 30,60 22,60 22,60 0,24 0,04 0,08 0,08 0,38 0,14 0,34 0,60 0,21 0,43 0,14 0,57 13,22 12,98 9,19 10,88 100,01 97,96 98,90 100,27 (ii) Minério lenticular De acordo com as suas características químicas, o minério de manganês lenticular pode ser dividido em dois tipos distintos (Tab. 4.21): minério manganesífero e minério silicoso. No minério manganesífero têm-se SiO2 inferior a 3,30% e MnO superior a 52,70%, chegando a atingir 62,80%. O teor de Fe2O3 variou entre 11,20 e 24,6%. Por sua vez, o minério silicoso apresenta teor de sílica acima de 13% e MnO acima de entre 19 e 40,7%. No minério manganesífero chama atenção para os valores de K2O que atingem 4,05% e podem esta associados com a presença de argilominerais que se acumularam no horizonte do solo, ou mesmo refletindo a composição da criptomelana, mineral de minério mais comum na mina. Em todas as amostras os valores de P2O5 são baixos e este aspecto é relevante para uso metalúrgico do manganês da Mina Lagoa D’anta. Tabela 4.21: Litogeoquímica do minério de manganês lenticular da Mina Lagoa D’anta. As amostras apresentadas foram coletadas no opent pit na mina. Minério Silicoso Minério Manganesífero Amostra SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 MnO Na2O K2O FeO LOI Total JE-17 3,75 3,36 13,20 0,08 0,12 0,38 0,03 58,30 0,31 4,05 0,35 10,90 94,83 JE-18 1,98 3,19 11,20 0,05 0,07 0,16 0,03 62,80 0,32 4,02 0,14 10,77 94,73 JE-21 1,95 1,65 23,30 0,13 0,02 0,31 0,02 55,00 0,28 3,47 0,14 10,29 96,56 JE-22 2,31 3,04 19,20 0,10 0,15 0,22 0,01 54,40 0,34 2,56 0,21 10,87 93,41 JE-23 2,82 2,56 18,50 0,11 0,14 0,26 0,01 55,30 0,34 2,77 0,29 10,95 94,05 JE-24 0,74 1,33 21,10 0,08 0,12 0,28 0,01 57,80 0,25 3,57 0,21 10,30 95,79 JE-25 2,24 3,27 16,20 0,08 0,19 0,27 0,02 56,50 0,31 2,26 0,21 11,73 93,28 JE-26 1,98 3,19 17,50 0,09 0,11 0,26 0,02 55,90 0,36 2,36 0,14 11,50 93,41 JE-28 1,00 1,29 24,60 0,21 0,10 0,31 0,01 54,90 0,29 3,43 0,14 10,08 96,36 JE-29 3,30 3,70 20,50 0,13 0,20 0,33 <0,01 52,70 0,37 2,10 <0,14 11,70 95,03 JE-30 0,75 1,30 21,80 0,11 0,06 0,33 0,01 57,00 0,30 3,51 <0,14 9,93 95,10 JE-16 22,30 5,57 42,90 0,15 0,51 0,70 0,05 19,30 0,04 0,17 0,21 7,00 98,89 JE-27 13,10 7,25 23,00 0,08 0,51 <0,1 0,04 40,70 0,16 1,91 0,28 10,50 97,53 152 De acordo com a análise da figura 4.35 observa-se que: (i) O fator de enriquecimento do teor manganês no protominério com relação ao minério lenticular é de, aproximadamente, 314%; (ii) Praticamente todo o CaO e MgO foi lixiviado na supergênese; (iii) Houve um enriquecimento residual nos seguintes elementos: SiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO e K2O. As tabelas 4.22 e 4.23 apresentam dados químicos para elementos traços e Terras Raras do minério lenticular da mina Lagoa D’anta. Com o objetivo de verificar o comportamento dos elementos traço e Terras Raras no perfil de intemperismo na zona das aloalteritas da mina Lagoa D’anta os dados químicos de amostras do minério de manganês lenticular foram normalizados pela amostra J-LD58, que corresponde a um exemplar típico do protominério (Figs 4.35 , 4.36 e 4.37). Com relação a estes elementos é importante pontuar: (i) Há forte enriquecimento nos teores de Ba, Sr, Zn, Cu, Co e Ni nas amostras do minério quando comparadas com o protominério; (ii) Não houve variação nos valores de Rb nos conjuntos amostrados; (iii) Há enriquecimento bastante pronunciado nos elementos Terras Raras do minério, podendo exibir valores até 100 vezes maiores do que o protominério; (iv) Com relação ao Ce as amostras do minério exibem um padrão hibrido deste elemento, desde levemente positivos a fortemente negativos, o que sugere migração desse elemento ao longo do perfil do solo; (v) No protominério há forte anomalia negativa de Er, ao passo que o minério exibe padrão retilíneo, sugerindo uma possível concentração residual deste elemento. (vi) Por fim, o comportamento do Eu é bastante heterogêneo no minério (Fig 4.37) denunciando anomalias levemente positivas e negativas, além de uma forte anomalia negativa em uma amostra. Com o Eu tem potencial iônico entre 1,0 e 1,5 e o mesmo possui afinidade como Ca, os valores relativamente baixos neste elemento nas amostras do minério são, de todo modo, esperado, uma vez que o Ca foi lixiviado. 153 Tabela 4.22: Análises químicas para elementos traços de amostras do minério de manganês lenticular. As amostras apresentadas foram coletadas do open pit da mina Lagoa D’anta. Amostra Ni Co Cu Zn Rb Sr Ba JE-17 203 401 338 534 21 238 >5000 JE-18 127 533 638 408 27 223 3772 JE-21 117 290 222 350 <10 280 105 JE-22 87 320 262 361 <10 272 >5000 JE-23 99 326 212 431 14 309 >5000 JE-24 112 290 221 344 12 306 228 JE-25 95 317 315 344 <10 221 >5000 JE-26 86 291 279 352 14 271 >5000 JE-27 15 154 85 149 <10 176 >5000 JE-28 91 261 230 306 <10 269 211 JE-29 111 291 300 365 10 254 >5000 JE-30 117 298 234 352 <10 284 56 Tabela 4.23: Análises químicas para elementos Terras Raras para amostras do minério de manganês lenticular. As amostras apresentadas foram coletadas do open pit da mina Lagoa D’anta. Amostra La Ce Nd Sm Eu Gd Dy Er Yb Lu LREE HREE JE-17 320,2 384,9 178,8 33,4 7,7 33,9 31,9 17,2 17,4 2,6 917,3 110,6 1027,9 JE-18 435,7 228,9 239,3 44,3 11,7 49,8 47,8 28,1 27,7 4,2 948,2 169,3 1117,5 JE-21 185,9 263,8 156,1 28,6 7,2 26,5 20,8 10,5 10,1 1,5 634,4 76,4 JE-22 277,1 855,5 233,7 45,5 5,0 39,9 35,8 17,4 18,7 2,6 1411,8 119,3 1531,1 JE-23 343,2 907,6 280,5 53,3 7,9 50,5 44,3 22,3 24,0 3,5 1584,6 152,4 1737,0 JE-24 216,5 263,7 183,0 33,1 8,0 28,9 23,7 11,7 10,7 1,5 696,3 JE-25 265,8 978,8 241,6 48,6 13,5 37,8 32,6 16,1 17,9 2,5 1534,8 120,4 1655,2 JE-26 289,2 910,2 264,1 51,0 4,1 44,1 34,0 17,9 19,4 2,8 1514,5 122,3 1636,8 JE-27 106,5 525,4 16,6 0,1 13,2 10,0 4,6 4,2 0,6 734,3 32,6 766,9 JE-28 173,9 314,4 157,8 27,7 6,8 23,3 19,1 8,9 8,3 1,2 673,8 67,5 741,3 JE-29 258,6 768,9 239,3 46,8 2,1 38,5 32,5 16,7 17,8 2,5 1313,6 110,2 1423,8 JE-30 205,2 268,5 177,6 30,6 7,5 26,6 22,2 10,5 10,0 1,5 681,9 85,8 84,6 78,3 REE 710,8 780,9 760,2 154 Figura 4.35: Comparação das análises químicas para elementos maiores entre o minério de manganês lenticular (em roxo) normalizado para amostra JLD58, protominério de manganês da mina Lagoa D’anta. Os valores são expressos em porcentagem. 155 De acordo com estas analises, entende-se que a supergênese muito provavelmente foi responsável pelo enriquecimento de elementos Terras Raras nas aloalteritas. De acordo com Mason (1971) e Robb (2007), assim como ferro e manganês, os elementos Terras Raras, de uma maneira geral, possuem potencial iônico entre 3 e 10. De acordo com aqueles autores, esses valores dificultam a mobilidade destes elementos químicos no meio exógeno e nestas condições estes elementos são insolúveis e tendem a se concentrar residualmente. Portanto, de acordo com as análises anteriormente apresentadas para as rochas do protominério e minério, a supergênese que já havia sido demonstrada pelas feições de campo e petrográficas, foi o principal processo acumulador de Mn e de elementos Terras Raras. Utilizando o gráfico da figura 4.38, elaborado a partir de Choi & Hariya (1992), na Mina de Lagoa D’anta, interpreta-se que a água meteórica foi o principal fluido acumulador desses elementos. Figura 4.36: Padrão dos elementos traço da Mina Lagoa normalizado para a amostra J-LD58 (protominério de manganês da mina Lagoa D’anta). 156 Figura 4.37: Padrão dos elementos Terras Rara normalizados para o folhelho de PAAS (Mclennan et al. 1989). A linha azul claro é do protominério (J-LD58) e as roxas são dos minérios de manganês lenticular. Figura 4.38: Gráfico de Si x Al do minério de manganês da Mina Lagoa D’anta, indicando a contribuição de água meteórica para os fluidos mineralizantes do minério manganesífero. A partir de de Choi & Hariya (1992). 157 4.4. Discussão dos Resultados e Modelo de Evolução Metalogenética Poucos trabalhos foram realizados sobre a evolução geológica do Distrito Ferro-Manganesífero Urandi-Licínio de Almeida, podendo ser citados os publicados por de Ribeiro-Filho (1968), Rocha (1990, 1991, 1998), Alves (2008), Borges (2008, 2009), Cruz et al. (2009a, b) e Borges (2010). Rocha (1990, 1991) Rocha et al. (1998) propuseram uma subdivisão estratigráfica das rochas encaixantes e hospedeiras dos depósitos de manganês desse distrito sugerindo a existência de duas bacias distintas, uma mais antiga, de idade incerta, arqueana ou paleoproterozóica, associada com a Formação Tauape, e uma mais recente e relacionada com o Grupo Borda Leste, do Supergrupo Espinhaço, de idade estateriana. Para esse modelo os autores utilizaram como critério a localização geográfica dos depósitos e sua proximidade com as rochas do embasamento e do Supergrupo Grupo Espinhaço, respectivamente, bem como a diferença do grau metamórfico entre as unidades hospedeiras do minério. Nesse sentido, os autores consideraram que as rochas hospedeiras da mineralização de manganês com menor grau metamórfico estariam associadas com o contexto geológico do Supergrupo Espinhaço, ao passo que as rochas com maior grau metamórfico, e com a presença de jacobsita, estariam relacionadas com as unidades do embasamento. Nesta análise, os depósitos de manganês da mina de Lagoa D’anta estariam relacionados as unidades da base do Supergrupo Espinhaço. Por outro lado, retomando a proposta de Moraes (1980), Borges (2008) Borges et al. (2009), Cruz et al. (2009a, b) e Borges (2010) e baseando-se em dados estratigráficos e petrológicos, em que pese a correlação das unidades e a similaridade do grau metamórfico nas rochas classificadas por Rocha (1990, 1991) Rocha et. al.(1998) como Formação Tauape e Grupo Borda Leste sugere-se que as rochas dessas duas unidades sejam agrupadas em uma única sequência. Com relação ao ambiente geotectônico relacionado com a deposição das unidades da Seqüência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida, de acordo com a Dra. Simone C. P. Cruz (comunicação verbal) a química das rochas vulcânicas máficas dessa seqüência sugere a existência de um magmatismo de arco. Quanto a idade da bacia, até o momento nenhum 158 estudo geocronológico e isotópico foi realizado nas rochas associadas a este pacote. Entretanto, alguns aspectos sugerem que esses depósitos estejam associados ao Paleoproterozóico, quais sejam: (i) do ponto de vista dos depósitos de manganês no contexto global, o período do Paleoproterozóico, sobretudo entre 2,5-1,9Ga, foi a época mais pujante na deposição desse elemento (Kasting 1978, Veizer et al. 1989, Roy 2006); (ii) a similaridade dos depósitos do distrito com aqueles do Supergrupo Minas, no Quadrilátero Ferrífero; (iii) zircões detríticos com idades em torno de 2.01 Ga foram encontrados nos quartzitos dessa Sequência (Dra. Simone C. P. Cruz, comunicação verbal). A seguir é feita uma abordagem sobre as etapas de deposição do protominério, bem como de metamorfismo e alterações hipogênica e supergênica do depósito e formação do minério de manganês. (i) Fase da evolução da Bacia Sedimentar A partir dos dados geológicos levantados sugere-se que as formações ferríferas bandadas os mármores da área em estudo foram depositadas no contexto de uma bacia vulcanossedimentar. A hipótese da existência de uma plataforma durante a deposição das rochas estudadas está baseada na presença de rochas carbonáticas. Essas rochas estão intercalados com pacotes de formações ferríferas bandadas, rochas vulcânicas máficas de arco magmático (Fig. 4.39). A correlação destas características petrográficas com os dados do comportamento químico das formações ferríferas, no tocante dos elevados valores de Y, Sr, bem como das variações dos valores da razão (Eu/Eu*)PAAS, sugerem contribuições hidrotermais de fumarolas oceânicas no momento da deposição dessas rochas. Como o padrão do Eu em algumas amostras demonstrou-se retilíneo ou com anomalias fracamente positivas (Fig. 4.32) e como há um enriquecimento Y e Sr, é possível fluidos de fumarolas muito diluídas pelas águas oceânicas (Fig. 4.39). 159 Figura 4.39: Modelo proposto de evolução metalogenética do Depósito de Manganês da Mina Lagoa D’anta. 160 (ii) Fase de deformação e metamorfismo As rochas da Seqüência Metavulcanossedimentar foram deformadas e metamorfisadas (Fig. 4.39). A associação metamórfica progressiva é constituída por espessartita, calcita, manganodolomita e tremolita nos mármores e rochas calcissilicática; hornblenda e plagioclásio nas rochas máficas; jacobsita em sedimentos ferro-manganesíferos; cummingtonita e quartzo em itabiritos e xistos ferruginosos. Segundo Bucher & Grapes (2011), em protólitos do tipo margas e carbonatos a tremolita ocorre em temperatura a partir de 470º. Em condições de temperatura em torno de 600º a paragênese formada por tremolita, dolomita e calcita seria encontrada nessas rochas. Uma provável reação metamórfica seria: 5Dol + 8Qtz + H2O = Tr + 3Cal + 7CO2 Ainda de acordo com esses autores, a presença de hornblenda em rochas máficas sugere temperatura entre 500º e 700º C. Com relação à temperatura de equilíbrio da jacobsita sugere temperaturas de fácies anfibolito médio, com temperatura entre 500°C e 700°C (Dasgupta et al. 1989, Buhn et al. 1995, Berad & Tracy 2002). Nesse sentido, sugere-se uma temperatura entre 600-700ºC para o metamorfismo progressivo das rochas estudadas na mina Lagoa D’anta. A presença de clorita em rochas metamáficas pode sugerir um metamorfismo retrógado fáceis xisto verde ou uma associação com processos hidrotermais. (iii) Fase de alteração hipogênica Uma fase de alteração hipogênica, tardi-tectônica com relação às estruturas deformacionais dúcteis identificada, foi responsável pela alteração epigenética das rochas da Seqüência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida. O principal registro desse processo foi a presença de venulações e bolsões de quartzo (silicificação), carbonato (carbonatação), magnetita (enriquecido em ferro) e epídoto (epidotização), além do crescimento de porfiroblastos de magnetita (Fig. 4.39). Somando-se a isso, microtesturas que sugerem processo de substituição hipogênica a volume constante foi verificada, por exemplo, pela substituição pseudomórfica da cummingtonita e da 161 manganodolomita pela magnetita. Contatos fortemente amebóides entre a magnetita com cummingtonita, tremolita, manganodolomita e calcita estão associados com estágios intermediários da substituição desses minerais pela magnetita. As relações de inclusões de cummingtonita, tremolita, manganodolomita, calcita e quartzo na magnetita também sugerem um crescimento da magnetita após o crescimento daqueles minerais. Somando-se a isso, as venulações podem ser discordantes com a foliação e os porfiroblastos de magnetita truncam a foliação metamórfica das rochas (Fig. 4.39). Outro aspecto relevante é a relação de inclusão ambígua entre o quartzo hidrotermal e a magnetita, em que ora o quartzo está incluso na magnetita e ora esse mineral está incluso no quartzo, sugerindo que houve crescimento coetâneo entre eles. A alteração carbonática é posterior ao enriquecimento em ferro, tendo em vista que os veios de calcita, em sua maioria, cortam os níveis ricos em magnetita. A magnetita hidrotermal possivelmente é um retrabalhamento de óxidos de ferro metamórficos presentes nas formações ferríferas. Um aspecto importante relacionado com a alteração hidrotermal é a presença de veios de cummingtonita que truncam o bandamento composicional em itabiritos. A presença desse mineral em xistos pode estar associado, em parte, com o metamorfismo regional de um protólito rico em ferro e em sílica e, em parte, com a presença de hidrotermalismo. (iv) Fase de alteração supergênica Como consequência da atuação de água superficial, provavelmente em condições de Eh oxidante e pH entre 5-8, processos supergênicos influenciaram na alteração das composições química e mineralógica das rochas da seqüência estudada (Fig. 4.40). No que diz respeito à variação da composição química, nestas condições intempéricas os óxidos SiO2, MgO, Na2O, CaO e K2O são eliminados do perfil de alteração enquanto que MnO, Fe2O3, bem como Cu, V, Al, ETR são concentrados residualmente. Segundo Varentsov (1996), Roob (2007), Roy (2006), para haver a concentração de depósitos de manganês supergênico é necessário que o protominério contenha este elemento. Com efeito, o protominério da mina de Lagoa D’anta possui teores que variam de 5-15% de MnO, petrográficamente representado pela presença da manganodolomita, espessartita, 162 manganocummingtonita. Durante a supergênese, a ação da água meteórica está associada com regime de chuvas e com flutuações do nível freático. A atuação desses agentes levou à alteração do protominério, tendo sido responsável pela remoção quase completa de CaO e MgO (Fig. 4.40) e pelo aumento nos teores de ferro e manganês em 45 e 313%, respectivamente, com relação à composição do protominério. A sílica, que foi removida dos silicatos de ferro, a exemplo da espessartita, cummingtonita, manganocummingtonita e tremolita, migrou parcialmente do perfil e depositou-se na forma de alteroplasma silicoso. Esta alteração também deu origem a argilominerais e goethita/limonita. Situação semelhante ocorreu com o manganês em minerais como espessartita, manganodolomita e manganocummingtonita. Esse elemento foi concentrado residualmente na forma de minerais secundários neoformados, tendo sido identificada a criptomelana como mineral de minério. Além desses elementos, as Terras Rara também foram concentradas em aloalteritas, tendo sido identificado um aumento significativo nestes elementos da ordem de 12.250% com relação ao protominério. A alteração supergênica também atingiu os níveis ricos em jacobsita, resultando na alteração parcial desse mineral para criptomelana. Durante a alteração supergênica, além do clima, relevo e composição do protominério, a presença de anisotropias deformacionais desenvolvidas no protominério manganesífero, tais como plano de foliação, superfície de contato entre rochas e fraturas, também foi um fator crucial na questão da circulação de fluidos meteóricos e para a concentração residual do ferro e principalmente o manganês. Com relação as formações ferríferas bandadas os processos de alteração supergênica foram menos importantes, pelo menos no nível atual de exposição das rochas. A presença de níveis ricos em cummingtonita é um desafio para a explotação de ferro nessa mina. 163 Figura 4.40: Modelo de evolução micromorfológico proposto para explicar a alteração supergênica do protominério manganês da mina Lagoa D’anta. 164 CAPÍTULO 5 ARCABOUÇO ESTRUTURAL DAS ROCHAS DO DISTRITO FERROMANGANESÍFERO CAETITÉ-LICÍNIO DE ALMEIDA NA MINA LAGOA D’ANTA, BAHIA, BRASIL Resumo O Distrito Ferro-Manganesífero Caetité-Licínio de Almeida compreende a Sequência Metavulcanossedimentar homônima, sendo esta uma das unidades arqueanapaleoproterozóicas do Bloco Gavião que foi envolvida em deformações neoproterozóicas do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, na porção setentrional do Orógeno Araçuaí. A mina Lagoa D’anta representa um importante laboratório natural para o estudo das deformações desse cinturão. Em Lagoa D’anta foram identificadas intercalações de itabiritos, cummingtonita-xisto, mármores manganesíferos e calcíticos, rochas calcissilicáticas e carbonato silicáticas, metavulcânicas máficas e o minério de manganês jacobsítico, que foram metamorfizadas na fácies anfibolito. A supergênese levou a formação de minérios lenticular pulverulento e o minério laterítico tipo canga. Estas unidades apresentam trend geral NE-SW. Processos hidrotermais foram observados nessas rochas pela presença de venulações de quartzo, calcita, epidoto, carbonato e magnetita que truncam a foliação das rochas e a trama do metamorfismo progressivo. O arcabouço estrutural predominante é constituído por estruturas compressionais que denota uma historia evolutiva complexa. Apesar disso, foi possível hierarquizar quatro fases deformacionais. A fase mais antiga, Dn-1, gerou um bandamento e uma xistosidade Sn-1 que foi transposta pela foliação Sn da fase seguinte, Dn. Essas estruturas foram dobradas pela fase Dn+1. A fase compressional seguinte, Dn+2, levou à inversão das estruturas distensionais do aulacógeno do Paramirim, com inversão e reativação de zonas de cisalhamento, dentre elas, a zonas de cisalhamento Carrapato e formação das dobras com orientação NW-SE na mina de Lagoa D’anta. Essa fase pode ser correlacionável com a que foi observada nas rochas do Supergrupo Espinhaço. As fases Dn-1, Dn e Dn+1 possivelmente estão relacionadas com deformações paleoproterozóicas desenvolvidas sob campo de tensão segundo NW-SE, ao passo que as estruturas da fase Dn+2 associam-se com a estruturação do Orógeno Araçuaí com campo de encurtamento segundo WSW-ENE. . 165 Abstract The Iron-Manganese District in focus comprises the Metavulcanosedimentary Caetité-Licínio de Almeida Sequence, this being one of the ArcheanPaleoproterozoic units of Gavião Block that was involved in Neoproterozoic deformations of the Fold Thrust Belt of Serra do Espinhaço, in the northern portion of the Orogen Araçuaí. The mine of Lagoa D'anta, of this ironmanganese district, is an important natural laboratory for studying the deformations of this belt. In Lagoa D'anta were identified intercalations of itabirites, grunerita-schist, carbonate rocks rich in manganese (manganese marbles) and metamargas (calcisilitic rocks), mafic metavolcanic (mafic schists) and manganese ore jacobsítico, all metamorphosed in amphibolite facies. The supergenesis led to the formation of mineral powder and lenticular lateritic ore type, and the siliceous alteroplasma. These units are in general NE-SW trend. Hydrothermal processes were also observed in these rocks by the presence of venulations of quartz, calcite, epidote, carbonate and magnetite which truncate the foliation of rocks and the progressive metamorphism. The predominant structural framework consists of compressional structures denoting a complex evolutionary history. Nevertheless, it was possible to rank four deformation stages. The earliest phase, Dn-1, generated a banding and Sn-1 foliation, which was transposed by the Sn foliation of the next phase, Dn. These structures were folded by the phase Dn +1. The next compressional phase, Dn +2, led to the inversion of extensional structures of the Paramirim aulacogen, with inversion and reactivation of shear zones, among them the shear zones Carrapato and the formation of folds with NW-SE direction in the mine pond D’anta. This phase can be correlated with that observed in Espinhaço Supergroup rocks. The phases Dn-1 Dn and Dn +1 are possibly related to Paleoproterozoic deformations developed under stress field according to NWSE, while structures on the phase Dn +2 are associated with the structuring of the Araçuai orogen with shortening field according to WSW-ENE. 5. Introdução A mina Lagoa D’anta posiciona-se tectonicamente no Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, na parte norte do Orógeno Araçuaí (Sensu Alkmim 2004, Cruz & Alkmim 2006, PedrosaSoares et al. 2007) (Figs. 5.1 e 5.2). Esse setor abriga elementos estruturais que refletem a interação entre o Aulacógeno do Paramirim (Sensu PedrosaSoares et al. 2007) e as deformações compressionais do Orógeno Araçuaí em função das colisões entre as placas São Francisco, Rio de la Plata e Amazônia. Essas deformações, de idade neoproterozóicas, retrabalharam parcialmente as estruturas mais antigas do Bloco Gavião que vêm sendo discriminadas por Figueiredo (2009), Cruz et al. (2009), Barbosa & Cruz (2011), Medeiros et al. (2011, submetido) e Figueiredo & Cruz (submetido). 166 A Sequência Metavulcanossedimentar Caetité Licinio de Almeida, de idade provavelmente paleoproterozóica, é uma das unidades da porção sul do cinturão endodérmico de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional. Essa seqüência compreende itabiritos, mármores (calcíticos e manganesíferos), rochas calcissilicáticas e carbonato-silicaticas, metavulcânicas máficas (xistos máficos), metapelitos com granada (xistos aluminosos), quartzitos e grunerita xistos (Borges 2008, Borges et al. 2008, 2009; Cruz et al. 2009, Borges et al. 2010, Borges 2012). Ao longo do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional (Fig. 5.2) hospedado nessa sequencia existe um total de trinta e cinco minas de manganês (Fig. 5.3). As primeiras descobertas de manganês na região ocorreram em 1948, e atualmente, a maior parte das minas estão exauridas. Essa seqüência é uma das unidades geológicas do Bloco Gavião que menos foi estudada nas últimas décadas, merecendo destaque os trabalhos publicados em Moraes et al. (1980), Machado (1977, 1983), Souza et al. (1984, 1990), Rocha (1985, 1991, 1992), Rocha et al. (1998) e Cruz et al. (2009). 167 Figura 5.1: O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil. Fonte: Modificado de Alkmim et. al.(2007). 168 Figura 5.2: Mapa da porção Setentrional do Orógeno Araçuaí com os principais traços estruturais. ES- Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, CD- Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Chapada Diamantina, SRPSaliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí). Zonas de cisalhamento: 1- Santo Onofre, 2- Muquém, 3- Carrapato, 4- São Timóteo, 5- Iguatemi, 6- Paramirim, 7- Brumado-Malhada de Pedras, 8Cristalândia, 9- Barra do Mendes- João Correia. Modificado de Cruz (2004). 169 Figura 5.3: Localização das minas de manganês na Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida no Distrito Ferro-Manganesífero Caetité-Licínio de Almeida. Modificado de Rocha (1991). A mina Lagoa D’anta representa um laboratório natural em que as rochas e estruturas metamórficas da Sequência Metavulcanossedimentar Licínio de Almeida estão muito bem expostas. Nesse sentido, o objetivo principal desse trabalho é apresentar o arcabouço estrutural presente nesta 170 mina e correlacionar com os modelos tectônicos regionais, com vistas a colaborar com o estudo da evolução dessa sequência e do seu embasamento na porção setentrional do Orogeno Araçuaí, no sudoeste da Bahia. Ressalta-se a importância desse trabalho tendo em vista que ele vem dar sequência às pesquisas antigas realizadas por Machado (1977, 1983) e Souza et al. (1984, 1990). 5.1 Contexto Geológico Regional O Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional compreende unidades do Bloco Gavião, além da Suíte Intrusiva Lagoa Real e unidades do Supergrupo Espinhaço (Figs. 5.2 e 5.4). No Bloco Gavião podem ser reconhecidos os Complexos Gavião e Santa Isabel, além de seqüências metavulcanossedimentares, dentre elas, a Seqüência CaetitéLicínio de Almeida (Sensu Cruz et al. 2009). No Complexo Gavião afloram ortognaisses de composição TTG, migmatitos e granitóides de idade arqueana (Cordani et. al.1985, 1992; Martin et. al.1991, 1997; Marinho 1991, Nutman & Cordani 1993, Cunha et. al.1996a,b, Bastos-Leal et. al.1996; 1998, Santos Pinto 1996, Santos-Pinto et al., 1998 e submetido; Bastos-Leal 1998, Peucat et. al.2002). Por sua vez, o Complexo Santa Isabel (Fig. 5.4) é constituído por ortognaisses com níveis tonalíticos, granodioríticos e graníticos com enclaves de anfibolitos e metapiroxenitos, além de eclogitos, gnaisses kinzigíticos, rochas calcissilicáticas, formações ferríferas bandadas, serpentina mármores, rochas ultramáficas xistificadas e migmatitos granulíticos (Barbosa & Moutinho da Costa 1973, Portela et. al.1976, Moutinho da Costa & Silva 1980, Fernandes et. al.1982, Santos, 1999, Arcanjo et. al.2000, Delgado et. al.2004, Medeiros et. al.2011, Barbosa & Cruz 2011). 171 Figura 5.4: Mapa geológico do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional a sul da cidade de Caetité. A seta azul indica a localização da Mina Lagoa Danta. Modificado de Cruz et al. (2009). As rochas arqueanas estão intrudidas por granitóides riacianoorosirianos e estaterianos (Santos-Pinto 1996, Santos-Pinto et al. 1998, Arcanjo et al. 2000, Bastos-Leal 1998, Bastos Leal et al. 2000, Menezes-Leal et al. 2005, Cruz et al. submetido). Os granitóides riaciano-orosirianos apresentam-se, em geral, pouco deformados e a deformação é preferencialmente acomodada em zonas de cisalhamento. Predominam rochas cálcio-alcalinas (Menezes-Leal et al. 2005) com idades U-Pb que variam entre 1.944±7 Ma e 2140±9 (Cruz et al. submetido). Neste contexto, destaca-se o granodiorito Humaitá (Fig. 4), que compreendem rochas de cor cinza, fracamente foliadas, com assinatura química de rocha de arco magmático (Cruz et al. submetido). Por sua vez, a Suíte Intrusiva Lagoa Real, de idade estateriana, compreende sienitos, álcali-feldspatos granitos e sienogranitos que foram gnaissificados em zonas de cisalhamento. Estas rochas são alcalinas de ambiente intraplaca continental (Teixeira 2000, Machado 2008) e marcam a fase inicial de instalação do Aulacógeno do Paramirim (Sensu Pedrosa-Soares 172 et al. 2000). Idades U-Pb (zircão, titanita) em torno de 1.7 Ga foram obtidas para essas rochas por Turpin et al. (1988), Cordani et al. (1992) e Pimentel et al. (1994). O Supergrupo Espinhaço, de idade de idade estateriana-esteniana (Guimarães et al. 2005), compreende uma seqüência siliciclástica contendo rochas vulcânicas félsicas nas unidades basais com idades U-Pb (zircão, SHRIMP) de 1731±5Ma e 1582±8Ma (Danderfer et al. 2009). Na porção sul do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional (Fig. 5.4) afloram as unidades do Grupo Santo Onofre, que compreende, da base para o topo, as formações Fazendinha (metarenito feldspático e metaquartzarenito com estatificações planoparalela, cruzadas tangencial, acanalada e de grande porte a gigantes), Serra da Vereda (metaconglomerado oligomítico matriz-sustentado), Serra da Garapa (filito e metapelito hematíticos, grafitosos e/ou manganesíferos e sericíticos, interestratificados com metarenito feldspático e metaquartzarenito) e Boqueirão (Guimarães et al. 2012, no prelo). Estas rochas estão cortadas por diques máficos gabróicos e toleíticos, distinguidos através de idade U-Pb (zircão) em dois grupos: Grupo I: 1492± 16 Ma (Loureiro et al. 2010); 1514 Ma (Babinsnky et al. 1999) e 1496 Ma (Guimarães et al. 2005); Grupo II- 854 ± 23 Ma (Danderfer et al. 2009) e 834 Ma (Loureiro et al. 2010). Com relação à Geologia Estrutural, os estudos recentes realizados por Cruz & Alkmim (2006) sugerem a existência de três conjuntos de estruturas na porção setentrional do Orógeno Araçuaí: (i) estruturas mais antigas que o Aulacógeno do Paramirim, que são exclusivas do embasamento do aulacógeno, ou seja, que refletem a evolução arquena-paleoproterozóica do Bloco Gavião; (ii) estruturas distensionais relacionadas com a evolução do Aulacógeno do Paramirim, desde o Estateriano até o Esteniano; e (iii) estruturas relacionadas com a inversão do Aulacógeno Paramirim e que retrabalharam as estruturas anteriores, tendo sido igualmente identificadas nos Supergrupos Espinhaço e São Francisco. Recentemente, na região a oeste do Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional, Medeiros et al. (2011, submetido) identificaram estruturas deformacionais dúcteis no Complexo Santa Isabel que são semelhantes àquelas do embasamento a leste desse cinturão 173 conforme Cruz et al. (submetido). As fases deformacionais interpretadas por Medeiros et al. (2011), no Complexo Santa Isabel, são apresentadas na tabela 1. De acordo com Medeiros et al. (2011), uma parte das estruturas identificadas e apresentadas na tabela 1, está associado com o metamorfismo de fáceis anfibolito, cujo pico metamórfico ocorreu entre 2.09 e 2.05Ga. Um outro conjunto, de idade mais recente e associado ao Neoproterozoico foi interpretado por aquele autor. De acordo com Cruz et al.(em preparação), estas estruturas foram responsáveis pelo cavalgamento de unidades do Complexo Santa Isabel em unidade do Supergrupo São Francisco. De acordo com Cruz et al. (2009), a mina Lagoa D’anta encontra-se posicionada entre duas zonas de cisalhamento que possivelmente apresentam uma evolução polihistórica desde o paleoproterozóico (Fig. 5.4). Estas estruturas representam displays da zona de cisalhamento Carrapato (Danderfer, 2000). No Neoproterozoico essas estruturas justapõem unidades do Bloco Gavião sobre as rochas do Supergrupo Espinhaço e pode ser correlacionadas com as estruturas compressionais da fase Dn+2 de Medeiros et al. (submetido) (Tabela 1) e são subsidiárias à zona de cisalhamento Carrapato. O mapa com as principais estruturas da região da mina Lagoa D’anta está apresentado na figura 5.5. Nessa figura pode ser verificado um trend principal com orientação NNE-SSW e estruturas assintóticas com orientação NE-SW. A figura 5.6 representa uma seção esquemática na área de trabalho e nela pode ser localizada a zona de cisalhamento Carrapato e suas estruturas subsidiárias. De acordo com a figura, de leste para a oeste pode ser observado a justaposição tectônica do Granito de Humaitá sobre a Seqüência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida e desta sobre as unidades do Supergrupo Espinhaço. Possivelmente, estas estruturas reativaram zonas de cisalhamento antigas, transpressionais sinistrais, que podem ser regionalmente encontradas no Complexo Santa Isabel (Medeiros et al. 2011, Figueiredo & Cruz, submetido, Cruz et al., em preparação). 174 Tabela 5.1: Correlação estrutural entre as estruturas deformacionais identificadas na Mina Lagoa D’anta e aquelas descritas no Complexo Santa Isabel por Medeiros et al. (submetido). Fases regionais deformacionais segundo Estruturas deformacionais Fases deformacionais no Complexo Santa Isabel identificadas na mina Estruturas deformacionais Relação na mina de Lagoa D’anta deformacionais Lagoa D’anta Medeiros et al. (submetido) das fases com o metamorfismo progressivo Idade provável da Campo de tensão na mina deformação na mina Lagoa Lagoa D’anta deduzidas a D’anta a e com o hidrotermalismo partir das estruturas dúcteis na mina Lagoa D’anta Dn-1 Bandamento gnáissico Sn- Dn-1 1 Dn boudin e Dn dobras Dobras zonas de com Dn+1 cisalhamento de Bandamento e xistosidade Metamorfismo progressivo Paleoproterozóica Compressional (WNW-ESE) a NW-SE) Dobras com charneira Metamorfismo progressivo Paleoproterozóica preferencialmente Compressional (WNW-ESE) a NW-SE) orientada segundo ENE- transpressionais sinistrais Zonas ? intrafoliais associadas NNE-SSW Dn+2 Paleoproterozóica Sn; Lxn, boudin e dobras intrafoliais Dn+1 Metamorfismo progressivo Sn-1 Bandamento gnáissico Sn, Lxn, Bandamento e xistosidade cisalhamento WSW Dn+2 Dobras suaves com NNE-SSW charneira transpressionais destrais e segundo NW-SE; zona de orientada WNW-ESSE cisalhamento Carrapato e transpressionais sinistrais estruturas subsidiárias Hidrotermalismo Neoproterozoico Compressional (WSW-ENE) 175 Figura 5.5 : Mapa de lineamentos estruturais da região da Mina Lagoa D’anta. Extraído a partir de Cruz et al. (2009) . 176 Figura 5.6: Seção geológica da área de estudo, com posicionamento estrutural da mina de Lagoa D’anta no Cinturão de Dobramentos e Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Setentrional. A localização da seção está apresentada na figura 5. 5. 5.2 GEOLOGIA DA MINA LAGOA D’ANTA 5.2.1 Unidades Identificadas O mapeamento geológico da mina Lagoa D’anta permitiu a identificação de rochas encaixantes da mineralização (itabiritos, cummingtonita-xisto, metavulcânicas máficas e mármores calcíticos) e rochas hospedeiras da mineralização (espessartita mármores manganodolomíticos, rochas carbonatos-silicáticas e calcissilicáticas com manganodolomita e espessartita), bem como o minério de manganês jacobsítico, todas metamorfizadas no fácies anfibolito. Somando-se a eles tem-se o minério jacobsítico metamórfico, assim como os minérios lenticular, pulverulento, com geometria irregular e distribuição errática. Ocorrendo na porção superficial registra-se o minério laterítico tipo canga (Figs. 5.7 e 5.8), neste caso, produtos da alteração supergênica do protominério mármore manganodolomítico com espessartita. A geometria geral é uma megasinforme com limbo revirado que está balizada por zonas de cisalhamento transpressionais (Fig. 5.7). As formações ferríferas, representadas por itabiritos e cummingtonitaxistos (Fig. 5.9a) possui espessura que atinge 15 metros, possuem magnetita, quartzo e cummingtonita. A magnetita é parcialmente substituída pela martita 177 nos itabiritos. Nestas rochas o bandamento metamórfico é marcado pela alternância de níveis com proporção variada deste minerais. Os mármores (Fig. 5.9b) representam as principais rochas da mina, com carbonato de composição calcítica e manganodolomítica. Minerais como espessartita, manganocummingtonita tremolita-actinolita são observados nestas rochas. A microestrutura predominante é a granoblástica poligonal, mas a orientação preferencial dos anfibólios pode ocorrer marcando a foliação metamórfica da rocha (microestrutura nematoblástica). Estes últimos constituem o protominério de manganês. Associados subordinadamente, rochas com estas calcissilicáticas rochas e são carbonato encontradas, silicaticas. A mineralogia metamórfica é constituída por manganodolomita, cummingtonita, espessartita, tremolita-actinolita, ankerita e magnetita. Rochas metavulcânicas máficas com magnesiohornblenda, tremolita, titanita e plagioclásio ocorrem intercaladas com mármores, rochas calcissilicáticas e carbonato silicaticas (Fig. 5.9c). Essa intercalação, possivelmente, é uma feição primária preservada (S0). A mineralogia metamórfica progressiva dessas rochas e constituída por magnesiohornblenda, andesina e titanita e a regressiva por tremolita-actinolita e clorita. A mineralogia de alteração hidrotermal é observada nestas rochas e evidenciada pela presença de veios de quartzo, calcita, epídoto, carbonato e magnetita que truncam estruturas dúcteis. O protominério carbonático e o minério jacobsítico foram alterados por processos supergênicos que levou à concentração do manganês transformando-o em minério economicamente explotável (Fig. 5.9d). Este minério é rico em criptomelana e quase sempre associado a um material microcristalino silicoso, que é produto da alteração da granada em óxido de manganês denominado de alteroplasma (Sensu Delvigne 1998) silicoso (Fig. 5.9e) (Borges 2008, Borges et al. 2008, 2009; Borges et al. 2010, Borges 2012). 178 Figura 5.7: Mapa geológico da mina Lagoa D’anta. 179 Figura 5.8: Distribuição das unidades da Mina de Lagoa D’anta em furos de sondagem. Notar a presença de dobras parasíticas da fase Dn+1. 180 Figura 5.9: Unidades cartografadas na mina Lagoa D’anta: a) itabirito; b) magnetita-espessartitamármore; c) rocha metamáfica (amostras J-LD26 furo de sondagem LDDFS038); d) minério de manganês lenticular pulverulento; e) alteroplasma silicoso. 5.3 Arcabouço Estrutural (i) Caracterização das estruturas O levantamento estrutural realizado na mina Lagoa D’anta permitiu identificar um conjunto de estruturas dúcteis e rúpteis. A estrutura deformacional mais antiga é um bandamento que foi observado em dobras intrafoliais nos itabiritos (Fig. 5.10a). A estrutura dominante na mina é uma xistosidade (Sn) (Figs. 5.7 e 5.9a) que se orienta paralela ao bandamento, em geral, segundo NE-SW, com plano máximo N155º/18º 181 (Fig. 5.11a). Predominam as estruturas são de baixo a médio ângulo de mergulho, com ângulo máximo de 40º. A foliação Sn é marcada pela orientação preferencial de: (i) cummingotnita, quartzo e magnetita nos itabiritos; (ii) cummingtonita nos cummingtonita-xistos; (iii) cummingtonita e tremolita-actinolita nos mármores, e; (iv) tremolita e magnesiohornblenda nas rochas metamáficas. Esta foliação ocorre paralelizada com o bandamento composicional que orientam as rochas metamórficas presentes na mina (Figs. 5.7, 5.8 e 5.10b). Uma lineação de estiramento mineral (Lxn) foi identificada que posiciona-se preferencialmente segundo N093º/13º (Fig. 5.11b). Além disso, níveis quartzosos encontram-se boudinados (Fig. 10c). Em geral, os boudins são simétricos e, em seu entorno, dobras de boudinagem são encontradas envolvendo a Sn. A foliação Sn encontra-se rotacionada por dobras com duas escalas de hierarquias (Figs. 5.7, 5.8 e 5.10d,e,f). Essa é a segunda estrutura de maior importância na mina. A envoltória principal é uma mega sinforme recumbente a horizontal fortemente inclinada (Sensu Fleuty 1964). No caso das dobras horizontal fortemente inclinadas, o plano axial mergulha para SE e, por tanto, a vergência é para NW. Um dos flancos dessas dobras encontra-se revirado. As dobras são acilíndricas, desarmônicas com charneira arredondada. Essas dobras, de hierarquia maior, hospedam parasíticas, de hierarquia menor, que são assimétricas em S e Z e simétricas em M. A linha de chaneira dessas estruturas posiciona-se, preferencialmente, segundo N080º/11º (Fig. 5.11c). Comparando-se os gráficos das figuras 5.10b e 5.10c verifica-se que os valores modais dessas estruturas estão defasadas de 13º, mas um amplo espalhamento na distribuição delas pode ser observado. 182 Figura 5.10: Estruturas deformacionais da Mina Lagoa D’anta: a) dobra isoclinal intrafolial sem raiz envolvendo a Sn-1; b) bandamento composicional, nesse caso marcado pela alternância de níveis ricos em cummingtonita xisto, máficas (nível escuro) e mármores manganodolomítico (nível claro)amostra J-LD12, furo de sondagem LDDFS038; c) boudin simétrico de veio de quartzo em espessartita-tremolita mármore manganodolomítico; d, e) dobras assimétricas parasítica em furo de sondagem (amostra J-LD65, furo de sondagem LDDFS090) e em afloramento, respectivamente; f) dobra simétrica parasítica em afloramento. Em todos os casos, visada em seção. 183 Figura 5.11: Representação estereográfica das estruturas cartografadas na Mina de Lagoa D’anta. a) Diagrama de isodensidade polar dos planos da foliação (Sn); b) diagrama de isodensidade para a lineação de estiramento mineral (Lxn); c) diagrama de isodensidade para a linha de charneira (Lbn). Hemisfério Inferior, diagrama de igual área. N= número de medidas. Um segundo conjunto de dobras com orientação geral da charneira posicionada em NW-SE pode ser encontrado na mina. Nesse caso, as dobras são suaves a abertas, com charneira subhorizontal e plano axial subvertical. Essas estruturas, de baixa intensidade de deformação, estão associadas com zonas de cisalhamento reversas destrais subsidiárias à zona de Cisalhamento Carrapato, que justapõem o Granodiorito Humaitá sobre as rochas da Sequência Meravulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida e esta unidade sobre as rochas do Supergrupo Espinhaço. Essas zonas de cisalhamento não foram observadas na mina estudada, mas seus efeitos possivelmente estão relacionados com o intenso hidrotermalismo localmente associado com estruturas rúpteis (Fig. 5.12). Vinculado a esse hidrotermalismo tem-se a formação de venulações de quartzo, calcita, epidoto, carbonato e magnetita que truncam as estruturas anteriormente descritas. (ii) Fases deformacionais na Mina de Lagoa D’anta e correlações regionais O levantamento estrutural na Mina de Lagoa D’anta permitiu a identificação de quatro fases deformacionais compressionais (Fig. 5.13). Essas fases foram correlacionadas com os resultados obtidos por Medeiros et al. (2011) e Medeiros et al. (submetido) para a região a oeste da área de estudo (Fig. 5.3), que abordou o Complexo Santa Isabel (Tabela 5.1). A correlação entre metamorfismo prógrado e hidrotermalismo com as fases de deformações identificadas na mina Lagoa D’anta também foi apresentada nesta tabela. De acordo com a análise estrutural apresentada pode-se verificar que as fases deformacionais Dn-1, Dn, Dn+1 184 identificadas na mina em estudo são correlacionáveis com as estruturas de mesma hirerarquia obtida por Medeiros et al. (2011, submetido). A orientação preferencial das dobras dessa fase é defasada em, aproximadamente, 50º com relação à orientação das dobras Dn+1’ obtida por Medeiros et al. (submetido). Essa discrepância pode estar relacionada com a presença dobras em è-chellon associadas a sistemas transpressionais de zonas de cisalhamento com trend geral NNW-SSE nucleadas durante as deformações da fase Dn+1 identificada por Medeiros et al. (submetido). Possivelmente, essas zonas rotacionaram as estruturas da fase Dn+1’ nucleadas sob campo de tensão NW-SE (Fig. 5.13). Baseado nas idades U-Pb (Zircão, SHRIMP) em torno de 2.09 Ga obtidas por Medeiros et al. (2011, submetido), essas deformações foram interpretadas por aqueles autores como estando relacionada com o retrabalhamento paleoproterozóico das rochas arquenas no Bloco Gavião. Figura 5.12: a) Veios de calcita e magnetita em rocha máfica (amostra J-LD62, furo de sondagem LDDFS039); b) veios de calcita e magnetita em rocha máfica (amostra J-LD26, furo de sondagem LDDFS038). No Estateriano as estruturas das fases Dn e Dn+1 foram reativadas e invertidas durante a formação do Aulacógeno do Paramirim (Sensu Pedrosa-Soares et al. 2001), com reativação de estruturas, em geral, N-S. No final do Neoproterozoico, essas zonas foram novamente reativadas e invertidas como zonas de cisalhamento transpressionais destrais. Essa deformação provou o desenvolvimento de dobras abertas na Seqüência Metavulcanossedimentar CaetitéLicínio de Almeida com orientação NW-SE. Desta forma, a zona de cisalhamento Carrapato apresenta uma evolução polihistórica com sucessivas reativações e inversões tectônicas. No Neoproterozoíco esta zona de cisalhamento foi responsável 185 por justapor as unidades do embasamento do Bloco Gavião sobre as unidades do Supergrupo Espinhaço. Figura 5.13: Modelo deformacional proposto para mina Lagoa D’anta e correlação regional. 186 O padrão de superposição de deformação em boumerangue é esperado em escala regional para a interação entre as fases deformacionais Dn/Dn+1 (paleoproterozóico) e Dn+2 (Neoproterozoico). Campo de tensão semelhantes aos que foram interpretados nesse trabalho e por Medeiros et al. (2012) também foram obtidos por Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006), Cruz et al. (2007a, b), Figueiredo (2009), Cruz et al. (2009) e Figueiredo & Cruz (submetido). 5.4 Conclusões A partir do que foi apresentado, pode-se concluir que na mina Lagoa D’anta ocorrem unidades da Seqüência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida, que compreende itabiritos, cummingtonita-xisto, mármores calcíticos e manganesíferos, rochas calcissilicáticas, carbonato-silicáticas, metamáficas e o minério de manganês jacobsítico, todas metamorfisadas na fácies anfibolito. O mármore manganodolomítico sofreu supergênese formando os minérios pulverulento e laterítico tipo canga Nesse laboratório natural predomina um acervo de estruturas compressionais e correlações regionais podem ser realizadas a partir de modelos deformacionais propostos por outros autores. O registro estrutural mais antigo na mina de Lagoa D’anta associa-se com as fases Dn-1, Dn e Dn+1 que foram geradas sob campo de tensão NW-SE. Essas fases de deformação foram responsáveis por transposições que re-restruturaram os contatos entre as unidades, bem como pelo desenvolvimento de dobras e zonas de cisalhamento transpressionais sinistrais. O conjunto mais novo de estruturas deformacionais compressionais é da fase de deformação Dn+2 e foi gerado sob campo de tensão WSW-ENE. Essa deformação foi responsável pela formação de dobras abertas com orientação NWSE nas unidades da mina de Lagoa D’anta, bem como pela justaposição das unidades da Sequencia Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida e ortognaisses do Bloco Gavião sobre as unidades do Supergrupo Espinhaço através de zonas de cisalhamento transpressionais destrais. Desta forma, reconhece-se um acervo estrutural complexo e marcado por sucessivas reativações e inversões tectônicas. 187 Agradecimentos Os autores querem expressar seus agradecimentos à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral-CBPM e ao Curso de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia pelo apoio às pesquisas realizadas, bem como ao CNPq pela bolsa Produtividade em Pesquisa (Processo 307590/2009-7) de Simone C. P. Cruz, pelo projeto Edital Universal (Processo 473806/2010-0) e pela bolsa de mestrado de concedida a Jofre de Oliveira Borges. 188 CAPÍTULO 6 6.1 CONCLUSÕES A partir do que foi apresentado e discutido, pode-se concluir o seguinte: 1) Na mina de Lagoa D’anta as rochas encaixantes da mineralização manganesífera são formações ferríferas bandadas, metavulcanitos máficos e mármores calcíticos. As rochas hospedeiras (protominério) do minério manganesífero compreendem mármores manganodolomíticos e rochas calcissilicáticas manganesíferas; 2) Conforme estudos realizados no depósito em questão, bem como no que diz respeito às pesquisas relacionadas às principais épocas metalogenéticas de deposição do manganês no mundo, sugere-se que o deposito de Lagoa D’anta provavelmente depositou-se no Paleoproterozóico estando associado a evolução da Seqüência Metavulcanossedimentar de Caetité-Licínio de Almeida, de mesma idade; 3) A associação litológica entre formações ferríferas bandadas, carbonatos, rochas máficas e depósitos manganesíferos, bem como o comportamento químico dos elementos traço e terras raras destas rochas sugerem que o ambiente deposicional provável para a Seqüência Metavulcanossedimentar de Caetité-Licínio de Almeida foi marinho plataformal tendo como fonte dos metais contribuições hidrotermais distais associadas a emanações vulcânicas submarinhas de fumarolas; 4) De acordo com os estudos macroscópicos e microscópicos bem como de química mineral pode-se concluir: a. Os minerais relacionados ao metamorfismo progressivo são: cummingtonita, quartzo e magnetita (formações ferríferas bandadas); magnesiohornblenda, titanita e plagioclásio (metavulcânicas máficas); calcita, tremolita e biotita (mármores calcíticos); ankerita, manganodolomita, 189 manganocummingtonita, hematita e tremolita (mármores dolomíticos); jacobsita (sedimentos ferromanganesíferos); b. A associação mineralógica relacionada a evolução hipogênica é constituída por: calcita, granada, magnetita, actinolita, turmalina e quartzo (formações ferríferas bandadas); clorita, calcita, magnetita, quartzo, turmalina e epídoto (metavulcânicas máficas); quartzo, espessartita, magnetita e hematita (mármores manganodolomíticos); c. Minerais supergênicos: alteroplasma silicoso, goethita, limonita, martita e hidróxidos de manganês (formações ferríferas e rochas máficas); goethita, limonita, martita e criptomelana (mármores calcíticos); martita e criptomelana (mármores dolomíticos); 5) Os minerais que possuem evolução e crescimento sin-tectônico como cummingtonita, quartzo, magnetita, magnesiohornblenda, titanita e plagioclásio (andesina) estão estabilizados no metamorfismo do fáceis anfibolito, em uma faixa de temperatura entre 600-700°C e pressão entre 3-5kbar; 6) Do ponto de vista estrutural foi possível hierarquizar quatro fases deformacionais, quais sejam: a. a mais antiga, Dn-1, gerou um bandamento composicional e uma xistosidade Sn-1; b. este bandamento foi transposto pela foliação Sn da fase seguinte, Dn. c. A fase Dn+1 foi responsável pelo dobramento das estruturas da fase Dn; d. a fase compressional seguinte, Dn+2, levou à inversão das estruturas distensionais do aulacógeno do Paramirim, com inversão e reativação de zonas de cisalhamento, dentre elas, a zonas de cisalhamento Carrapato e formação das dobras com orientação NW-SE na mina de Lagoa D’anta. Essa fase pode ser correlacionável com a que foi observada nas rochas do Supergrupo Espinhaço. e. as fases Dn-1, Dn e Dn+1 possivelmente estão relacionadas com deformações paleoproterozóicas desenvolvidas sob campo de tensão segundo NW-SE, ao passo que as estruturas da fase Dn+2 associam-se com a estruturação do Orógeno Araçuaí com campo de encurtamento segundo WSW-ENE; 7) A fase relacionada ao hidrotermalismo foi identificada por: a. presença de venulações e bolsões de quartzo (silicificação), carbonato (carbonatação), magnetita (alteração férrica) e epídoto (epidotização), além do crescimento de porfiroblastos de magnetita. b. presença de feições que sugerem processos envolvendo substituição a volume constante, como por exemplo, a substituição pseudomórfica de cummingtonita e manganodolomita por magnetita. 190 c. as relações de inclusões de cummingtonita, tremolita, manganodolomita, calcita e quartzo na magnetita sugerem um crescimento da magnetita após o crescimento daqueles minerais. d. a presença de veios de cummingtonita truncando o bandamento composional dos itabiritos; 8) Ainda com relação à alteração hipogênica, pode-se concluir que: a. a relação de inclusão ambígua entre o quartzo hidrotermal e a magnetita, em que ora o quartzo está incluso na magnetita e ora esse mineral está incluso no quartzo, sugere que houve crescimento coetâneo entre eles. b. a alteração carbonática é posterior à alteração rica em ferro, tendo em vista que os veios de calcita, em sua maioria, cortam os níveis ricos em magnetita. c. a magnetita hidrotermal possivelmente representa sobrecrescimento a partir da magnetita metamórficas presentes nas formações ferríferas. 9) A evolução supergênica do protominério de manganês está relacionada aos processos intempéricos atuantes no Terciário, relacionada a presença de água meteórica associada a flutuações do nível freático. Como produto deste processo pode-se indicar que há: a. Maturação do perfil de solo com espessura de 30 m; b. Alteração pseudomórfica dos silicatos de ferro para goethita, limonita e alteroplasma silicoso; da manganodolomita, manganocummingtonita e espessartita para criptomelana; bem como da magnetita para martita; c. Reconcentração residual e crescimento do volume do depósito de manganês, tendo um fator de aumento da ordem de 314% do MnO d. Concentração residual dos elementos terras raras foi de aproximadamente 12.250%. 191 REFERÊNCIAS ABRECHT, J., Manganiferous phyllosilicate assemblages: occurrences, compositions and phase relations in metamorphosed Mn deposits. Contrib. Mineral Petrol., p103, 228-241.1989. ACHARYA, B.C., RAO, A.S., SAHOO, R.K. Mineralogy, chemistry and Genesis of Nishikhal manganese ores of South Orissa, India. Mineralium deposita, 32, p.7993.1997. ALKIMIM, F. F.; BRITO-NEVES B. B.; ALVES, J. A. C. Arcabouço Tectônico do Cráton do São Francisco: uma revisão. 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