ELT 313 – LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA ANALÓGICA I ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO NO 5: TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO – BJT TRANSISTOR BIPOLAR DE JUNÇÃO – BJT Existem dois tipos de transistores bipolares de junção (BJT): NPN e PNP. Estes transistores possuem três terminais, Emissor (E), Base (B) e Coletor (C). Os dois terminais principais, terminais de potência, são o emissor e o coletor. O terceiro terminal, a base, de baixa potência, é o terminal de controle. A Figura 1 apresenta o desenho da estrutura, o símbolo e o modelo dos transistores bipolares. A junção do coletor opera normalmente na polarização reversa e suporta a tensão especificada do transistor (40, 100, 400V). Nesta junção é dissipada quase que a totalidade da potência dissipada internamente no transistor. A principal característica do transistor é a capacidade de controlar grandes correntes (entre coletor e emissor) através pequenas correntes (entre base e emissor). Este fator de amplificação varia entre 20 e 400. 1 - TESTE DE TRANSISTOR BIPOLAR Podemos testar a integridade das duas junções do transistor da mesma forma como testamos um diodo. Na escala apropriada para teste de diodos, polarizando diretamente a junção, o multímetro indicará um valor entre 0,5 e 0,8. Polarizando reversamente a junção o multímetro indicará aberto ou Over Load. Com alguma prática poderemos identificar qual das duas junções é o emissor, apenas pela pequena e sutil diferença existente entre as duas leituras na polarização direta. Outros testes mais confiáveis serão apresentados futuramente. Para confirmar, devemos aplicar o mesmo teste entre o coletor e o emissor. Deverá indicar ABERTO (Over Load) nos dois sentidos. Figura 1- Transistores NPN e PNP A seta, que representa o emissor no símbolo do transistor, indica o sentido da corrente convencional (positiva) para as duas correntes, a principal que circula entre o coletor e o emissor, e a de controle, que circula entre a base e o emissor. Na região de operação ativa a junção do emissor opera diretamente polarizada e apresenta, nestas condições, uma queda de tensão (barreira de potencial) entre 0,5 e 0,8 V. O emissor “segue” a base enquanto que a junção do coletor opera reversamente polarizada Quando esta junção está polarizada reversamente o transistor não conduz e dizemos que o transistor está “cortado” ou na região de corte. O transistor opera como chave aberta. A máxima tensão reversa que esta junção suporta é de aproximadamente 7V. Se o multímetro tiver a função hFE podemos verificar o ganho de corrente que este transistor proporciona. Preste muita atenção na polaridade do transistor (se NPN ou PNP) e nos terminais (E, B e C). Para polarizar a junção diretamente, aplicamos tensão positiva (ponta de prova vermelha – V/Ω) na camada P e tensão negativa (ponta de prova preta COM) na camada N, ou seja, positivo na base do transistor NPN e negativo na base do transistor PNP. **Curiosidade: Aparentemente a junção do emissor é igual à junção do coletor. Poderíamos pensar erroneamente em inverter o coletor em relação ao emissor. Fazendo isso no teste de hFE percebemos a diferença, hFE muito menor. Além de suportar tensão menor, o transistor não funcionará adequadamente. Dispositivos semicondutores de silício de três terminais, como os transistores bipolares npn e pnp, são designados por 2NXXX. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 1 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I Emissor N P N A energia (ou potência) fornecida pela fonte de tensão contínua Vcc é controlada pelo transistor obedecendo ao sinal fornecido pelo gerador de funções Vi. Coletor Base direto 2N3904 (NPN) reverso emissor B-E coletor B-C Por exemplo, no ponto de operação VCE=6,5V e IC=6,5mA, o gerador de sinais Vi gastará 0,218 mW para controlar 55 mW na carga. Este ganho de potência G=Po/Pi é a grande diferença entre um amplificador e um simples transformador, onde não existe ganho de potência. G=Po/Pi= 55mW/218µW= 252 C-E hFE Emissor P Verificaremos ainda que quase toda potência envolvida neste sistema é fornecida pela fonte de alimentação Vcc, Pcc=97 mW. ** N P Uma parte da potência é fornecida à carga, Po=55 mW, e a outra parte é dissipada no transistor e desperdiçada na forma de calor, Pd=42 mW. Desta forma é definido outro parâmetro importante num amplificador, eficiência ou rendimento. Coletor Base 2N3906 (PNP) direto reverso emissor B-E C-E hFE η ≅ Po/Pcc=55mW/97mW=0.56 ou 56%. coletor B-C ** 2 - MODO DE OPERAÇÃO CONTÍNUO (CORTE E SATURAÇÃO) Montar o circuito apresentado na Figura 2 em um Proto Board. Procure manter a disposição dos componentes conforme o diagrama esquemático. Utilize um dos barramentos (uma fileira da régua estreita do protoboard na parte de baixo do circuito) como linha de terra e outro barramento, na parte de cima do circuito, como +Vcc. O anodo do LED é facilmente identificável (terminal maior / placa interna menor). Se tiver dúvida utilize o multímetro para testar o LED. Durante a polarização direta (+ no anodo) o LED acenderá e a queda de tensão será aproximadamente 2V (3V nos LED’s de alto brilho). Utilize o Gerador de Funções como uma segunda Fonte de Tensão Contínua Ajustável. Ajuste o gerador de funções GF para gerar onda quadrada em 1kHz, OFF SET ajustável (puxar o botão) e amplitude ZERO (ou quase). Utilize o osciloscópio como 2 voltímetros. Ligar o osciloscópio conforme indicado na Figura 2. CH1: CH2: HOR: GND: Figura 2- Amplificador transistorizado. O circuito apresentado na Figura 2 é utilizado para controlar a potência na carga constituída pelo resistor Rc e pelo diodo emissor de luz LED. O LED foi utilizado para podermos visualizar o controle da potência. 2 Laboratório No 5 5V/DIV, DC, 0V no centro 5V/DIV, DC, 0V abaixo 0.2ms/DIV Aterrado Ligar a fonte Vcc (pré-ajustado em 15V). Ajustar o OFF SET do gerador de funções entre -5V e +10V. Observe que a luz emitida pelo LED aumenta quando aumentamos Vi. Devido à queda de tensão na carga, em particular no resistor Rc, a tensão no coletor do transistor UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I Vc diminui com o aumento de corrente. Podemos constatar através de CH2 que esta tensão varia entre 13V e zero. CORTE - Ajuste Vi para um valor abaixo de zero (entre 0 e -5V). O transistor estará na região de CORTE e o LED estará totalmente apagado. A tensão no coletor do transistor é 13V devido à queda de tensão de 2V provocada pelo LED. A Tabela 1 contém os valores estimativos. 4) Analise cuidadosamente o potencial dos três terminais do transistor. 5) O rendimento deste circuito é muito baixo, boa parte da potência é dissipada e desperdiçada no transistor em forma de calor. SATURAÇÃO - Ajuste Vi para +10V. Observe que a tensão no transistor é aproximadamente zero. O transistor está na região de SATURAÇÃO e o LED estará com emissão máxima. Provavelmente esta condição foi atingida com Vi menor que +10V. OBS. Se o transistor não entrar na região de saturação devido ao baixo valor de hFE do transistor, instalar outro resistor de 100kΩ em paralelo à RB. Considere este novo valor de RB=50kΩ nos cálculos. ATENÇÃO: Evite a utilização do amperímetro. +15 V Medir a tensão nos resistores para calcular o valor da corrente: IC=VRc/RC e IB=VRb/RB Ajuste Vi até que a tensão no transistor fique em VC=6,5V. O LED estará brilhando com intensidade menor. 5 mA 1 kΩ +10 V Calcular o ganho de corrente deste transistor hFE = IC / IB C N corte saturação 6,5 VCE +4 V V IC mA IB mA hFE x +0,7 V x P B 100 kΩ Região ativa N E - Verificamos nesta experiência que: 1) Polarizando a junção do emissor reversamente, o transistor entra na região de corte e se comporta como uma chave aberta. A dissipação no transistor é praticamente nula e neste caso o rendimento é irrelevante. 2) Na região ativa, a junção do emissor fica polarizada diretamente enquanto que a junção do coletor fica polarizada reversamente 3) Na saturação do transistor as duas junções ficam diretamente polarizadas e o transistor se comporta como uma chave fechada. A potência dissipada no transistor é muito baixa (aproximadamente 2,6mW), uma vez que a tensão de saturação do transistor é baixa, aproximadamente 0,2V neste transistor. Figura 3- Corte e Saturação (sem LED) UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 3 Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I RETA DE CARGA (DC) V ( Rc) Rc V ( Rb) Ib = Rb Pcc = Vcc * Ic PQ = Vce * Ic Ic = Ajustando a corrente de polarização, corrente na Base do transistor, o ponto de operação do transistor (Vce, Ic) deslocará sobre a reta de carga, desde o corte até a saturação como mostra a Figura 4. A reta de carga é definida fonte Vcc (tensão do circuito equivalente Thevenin VTh ) e pela resistência do coletor RC e do emissor RE (se existir) RTh=RC+RE. Po = Vo * Ic = P ( Rc) + P ( LED ) Vo = V ( Rc) + V ( LED ) No circuito apresentado na Figura 2 sem o LED podemos equacionar: Pi = Vi * Ib P( LED ) = V ( LED) * Ic P( Rc) = VCC = VCE + RC .I C Rc * I c2 IC = Ic Ib Po G= Pi Po η= Pcc P V η LED = LED = LED Pcc Vcc hFE = que é a equação de uma reta cuja inclinação é definida pela resistência Rc. Dois pontos desta reta são: IC ( sat ) = 4 ativa 15 5,08 8,5 6,5 0,75 4,33 6,5 2,0 6,5 075 6,5 43 97,50 42,25 13,00 55,25 42,25 0,218 150 253 0,56 0,133 sat 15 10 2,2 0,2 0,75 9,25 12,8 2,0 0,2 075 12,8 92,5 192,0 163,8 25,6 189,4 2,56 0,925 138* 204,8 0,986 0,133 VCC RC p / VCE = 0 ( saturaçao) A Figura 4 apresenta o gráfico da reta de carga e o gráfico do balanço de potência. VLED=2V, VBE=0,75V, VCE-SAT=0,2V, hFE=150. VCC Vi VD VC VB V(Rb) V(Rc) V(LED) Vce=VC Vbe=VB Ic Ib PCC P(Rc) P(LED) PO PQ Pi hFE G η(RC+LED) η(LED) p / IC = 0 (corte) VCE (corte) = VCC Tabela 1- Valores Estimativos com LED de 2V corte 15 -5 15 13 -5 0 0 2 13 -5 0 0 0 0 0 0 0 0 - VCC − VCE RC PCC = VCC .IC PQ = VCE .IC PO = RC .IC2 V Medições (sem LED) V mA µA mW ATENÇÃO: Para evitar a utilização do multímetro na escala amperimétrica mediremos apenas o potencial em 4 pontos do circuito, todos em relação à LINHA de TERRA. Os demais valores (correntes, potência e ganho) serão calculados. Curto-circuite o LED ⋅ Ajuste VBB entre -10 e +10V. Medir VB, VC, VRc e VRb e calcular os demais valores. Preencha a tabela 2 Desenhar a reta de carga no gráfico da Figura 4 (Y=IC e X=VCE) OBS. Se o transistor não entrar na região de saturação, instalar outro resistor de 100kΩ em paralelo à Rb. Considerar este novo valor de Rb=50kΩ no cálculo de IB. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I Tabela 2 - Reta de Carga RB= 16 Saturação 15 Vi VB VC VCE IC IB hFE V V V V mA µA IC / IB 12 Sem LED -10 8 -8 Com LED -6 4 -4 Corte -2 0 1 2 4 6 8 VCE V 10 12 14 10 12 14 15 16V 15 16V Sem LED 2 225 mW 3 PCC 4 150 5 PRc 6 75 PQ 7 8 0 2 4 6 8 VCE V 9 10 CORTE SATURAÇÃO VCE V IC mA PCC PQ mW PRc PLED η(RC+LED) % η(LED) Observerve que: 1) Com a polarização reversa da junção do emissor, o transitor não conduz. 2) A tensão de avalanche da junção do emissor é aproximadamente 7V. 3) Durante a condução do transistor a tensão VBE permanece com valor entre 0,6 e 0,8V. 4) Os valores de IC e VCE obedecem a equação da “Reta de Carga DC”. 5) O ganho de corrente hFE do transistor aumenta com o aumento da corrente de coletor IC. 6) A potência máxima dissipada no transistor ocorre no meio da reta de carga. Figura 4- Curva de carga ICxVCE. 3 - MODO DE OPERAÇÃO CHAVEADO (COM LED) Outra forma de controlar a potência na carga é operar o transistor como CHAVE para aumentar a eficiência do sistema. Quando a chave estiver aberta (transistor em corte ou off) a potência na carga será zero e quando a chave estiver fechada (transistor saturado ou on) a potência na carga será a máxima (ou de pico). UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I O controle da potência é feito mudando a relação entre o tempo ON e o tempo OFF. A relação entre o tempo ON e o período T=ON+OFF é denominado ciclo de trabalho ou Duty Cycle . Esta técnica de controle é conhecida como “Modulação em Largura de Pulso” ou PWM (Pulse Width Modulation). d= Laboratório No 5 Controle no modo chaveado Alterando o ciclo de trabalho, alteramos a potência média dissipada pela carga. PAve = d * PPico Os valores de potência podem ser calculados com os resultados encontrados na condição SATURADO e em função do ciclo de trabalho. ton T Aumente a amplitude da tensão do Gerador de Funções gradativamente até que o transistor entre em corte e saturação. Ajuste o Off Set do gerador de funções se necessário. Observando VC através de CH2 do osciloscópio, a onda quadrada terá o mínimo aproximadamente em zero (ou Vce-sat) e máximo em aproximadamente 13V (ou VCC-VLED). Ajuste o DUTY/SIMETRIA do gerador de funções. Ajuste o ciclo de trabalho para 0.2 (baixa potência) e depois para 0.8 (alta potência). Consulte o manual de operações do gerador de funções. Diminua a freqüência para 1Hz e observe o LED como pisca-pisca. A potência no LED praticamente não alterou, aproximadamente 13 mW médio, porém, a potência dissipada no transistor caiu drasticamente, de 42,25 mW para 1,28 mW médio (2,56 mW durante 50% do tempo). Obs.: Apesar da mesma potência média dissipada no LED, o brilho no regime pulsado é muito maior devido ao maior potência luminosa do pulso e devido ao efeito da persistência da retina do olho humano. Durante a saturação, a potência dissipada na carga é aproximadamente 192mW. Como esta potência é dissipada em apenas 50% do tempo (d=0.5), a potência média na carga será aproximadamente 95mW, ligeiramente menor que a potência fornecida pela fonte Vcc (Pcc=96mW) ATENÇÃO: O cálculo da potência para forma de onda pulsada é mais complicado. No resistor a potência é proporcional ao quadrado do valor eficaz da corrente, enquanto que na fonte contínua Vcc e no LED (se considerarmos queda de tensão constante) a potência é proporcional ao valor médio da corrente. P ( Rc) = Rc * I C2 ( RMS ) P ( LED) = VLED * I C ( Ave ) Figura 5- Oscilograma Modo Chaveado (com LED) P (Vcc) = Vcc * I C ( Ave ) Se considerarmos apenas o LED como carga, a eficiência é muito baixa ainda, 13,3%, pois depende da relação VLED/VCC=2/15=0,133. Devemos desenvolver um outro sistema, também chaveado, para melhorarmos a eficiência deste sistema. ATENÇÃO: Para medir corretamente o valor eficaz de tensão ou corrente não senoidal necessitaremos de um multímetro True RMS. Além disso, para os multímetros que utilizam acoplamento ac nas escalas AC, precisaremos fazer mais uma conta. Devemos medir a tensão nas escalas DC (Vdc) e depois na escala AC (Vac). VRMS = Vdc2 + Vac2 6 2 2 I RMS = I dc + I ac Este exemplo mostrou como podemos aumentar a eficiência dos equipamentos eletrônicos através do chaveamento. Uma fonte de tensão linear de ±15V(DC) e 1A, ou seja, 30W, tem o mesmo tamanho e peso de uma fonte chaveada de 300W utilizada nos microcomputadores. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I Tabela 3- Valores Estimativos para Controle PWM SENO 1kHz 5Vpp 6Vdc VLED=2V, VBE=0,75V, VCE-SAT=0,2V, hFE=150 Valores Médios (Ave) d 0,2 0,5 0,8 Ic 2,56 6,4 10,24 Ib 18,5 46 74 PCC 38,4 96,0 153,6 PRc 32,7 81,9 131,0 PLED 5,12 12,8 20,5 PO 37,9 94,7 151,5 PQ 0,51 1,28 2,05 Pi 0,18 0,46 0,74 98,6 98,6 98,6 η(LED+Rc) 13,3 13,3 13,3 η(LED) mA µA 0V mW Ave 0V CH1:5V/DIV CH2:5V/DIV H:0.5mSEC/DIV % % 4 - AMPLIFICADOR Outra grande aplicação do transistor é como amplificador. Um amplificador linear aumenta a amplitude de tensão e corrente sem provocar distorção. Para que o transistor opere como amplificador é necessário que o mesmo opere na “região ativa”, ou seja, em um ponto entre o “corte” e a “saturação” conhecido como “Ponto de Operação Quiescente”. Isto significa que o transistor deve ser “polarizado” antes que o sinal a ser amplificado seja aplicado no transistor. Em um amplificador esta componente contínua é proporcionado pelo “Circuito de Polarização”. Mude a forma de onda do gerador de funções para SENO e ajuste o OFF SET até que a tensão no coletor seja aproximadamente Vc=6,5Vdc Ajuste a amplitude de Vi em 5 Vpp e verifique que a tensão de saída, Vc, é uma senoidal maior e com fase invertida. Calcule o ganho de tensão e meça a amplitude máxima pico a pico sem ceifamento (cortes). SENO 1kHz 5Vpp V/DIV CH2: V/DIV 10Vdc 0V 0V CH1: H: SEC/DIV Diminua a amplitude do sinal e desloque o “ponto de operação quiescente” do transistor atuando no OFF SET do gerador de funções. Repita a experiência. VCE(Q) 3 6,5 12 Av=Vo/Vi Vcpp-max Observe que o sinal de saída ficará distorcido se o transistor não for polarizado adequadamente, ou seja, se ficar polarizado próximo do corte e próximo da saturação. Figura 6- Amplificador. a) Próximo do corte, b) Ponto ótimo e c) Próximo da saturação UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 7 Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 5 - CURVA CARACTERÍSTICA - IC x VCE Para obter a curva do coletor é necessário manter a corrente na Base (IB) constante, variar a tensão entre Coletor e Emissor (VCE) e medir a corrente no coletor (IC), como mostra a Figura 7. Observe que necessitamos de duas fontes de alimentação CC positiva ajustável. Podemos utilizar o gerador de funções com ajuste de OFF SET como VBB. Ajustar IB atuando no Off Set do gerador de funções que deve estar com amplitude zerada (ou mínima). Medir a tensão em RB. IB = V(RB) / RB Ajustar VCE atuando em VCC. Medir ou calcular IC. IC = V(RC1) / RC1 Preencher a Tabela 4. Desenhar a curva ICx VCE no gráfico da Figura 11. X=VCE e Y=IC OBS. Concentrar as medições no cotovelo da curva e espaçar as medições na região de corrente constante. Na ausência de uma fonte DC ajustável, recomendamos o circuito alternativo apresentado na Figura 9. VBB=VCC RB RC1 1k 150k 300k 750k Figura 7 – Circuito para obtenção das curvas do coletor. 15V RC2 10k VB VC IC VCC = 15V VCC = 10V Figura 9 – Circuito alternativo para obtenção das curvas do coletor. VCC = 5V Figura 8 – Curva característica do coletor – Rc fixo e Vcc variável. 1 kΩ 1,5 kΩ Para manter Ib constante, imune à variação de VBE, que pode variar entre 0,6 e 0,8V, recomendamos trabalhar com maior valor de VBB possível. Uma corrente de 100uA produzida por uma fonte de 10,7V associada a uma resistência de 100 kΩ é mais estável do que 100uA produzida por uma fonte de 1,7V e resistência de 10kΩ. Atenção: Na ausência de um segundo multímetro, utilizado como amperímetro, meça a tensão no resistor R e calcule o valor da corrente 3 kΩ Figura 10 – Curva característica do coletor – Vcc fixo e Rc variável. Reta de carga ajustável. IC = V(R) / R 8 UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 6 - CIRCUITOS DE POLARIZAÇÃO Tabela 4 IB 20uA 50uA 100uA VCE IC IC IC 0 0 0 0 0,1 OBJETIVOS O objetivo desta aula é verificar a estabilidade do ponto de operação de vários circuitos de polarização do transistor bipolar. A estabilidade do ponto de operação pode ser verificada variando-se a temperatura do transistor ou trocando o transistor ou comparando o resultado de medição de outras equipes. 0,2 0,3 0,4 Para obter uma variação mais ampla no hFE do transistor sugerimos a utilização do 2N3904 (hFE=100) e BC547 (hFE=300) 0,5 1 4 Os circuitos seguintes foram projetados para que apresentassem o ponto de operação mais próximo um do outro. 5 VCE (Q ) ≅ k VCC 6 I C (Q ) ≅ (1 − k ) 2 8 0 <k < 1 10 12 CÁLCULOS PRELIMINARES 14 15 V VCC ( RC + RE ) mA Calcular o ponto de operação do transistor de cada circuito considerando hFE=100 e 300 e indicar o circuito mais estável. Tabela 5 hFE=100 circuito hFE=300 VCE IC VCE IC V mA V mA 1 2 3 4 6 ENSAIO Neste ensaio evitaremos, sempre que possível, a utilização da escala amperimétrica do multímetro. As correntes serão calculadas através da diferença de potencial em uma resistência. Figura 11 – Curva característica do coletor. Medir VCC, VC, VE e VB e calcular os demais valores. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 9 Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 6.1- POLARIZAÇÃO FIXA DA BASE RB 6.2 - POLARIZAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE TENSÃO DO EMISSOR RC 1k 300k VCC 200 15V VC VB Circuito 1- Polarização fixa. V -V IC = h FE BB BE RB Circuito 2 - Polarização estável do emissor. VBB =VCC IC = VCC VC VE VB VCEQ ICQ IB hFE V C E =V C -V E I C =(V C C -V C )/R C I B =(V C C -V B )/R B h F E =I C / I B I C - S AT =15/1k2=12.5mA Este circuito de polarização é o mais simples de todos, porém o menos estável. Observe a grande variação do ponto de operação. VCC -VBE RB h FE + RE VCC VC VE VB VCEQ ICQ IB hFE V C E =V C -V E I C =(V C C -V C )/R C I B =(V C C -V B )/R B h F E =I C / I B Este circuito é mais estável que o anterior. Quanto maior for a resistência RE melhor será a estabilidade do ponto de operação. A melhoria da estabilidade do ponto de operação não foi expressiva devido ao baixo valor de RE. Faça uma análise para RE=1kΩ. 10 UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 6.3- POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO E REALIMENTAÇÃO DE TENSÃO DO EMISSOR 6.4- CIRCUITO DE POLARIZAÇÃO DO EMISSOR Circuito 3- Polarização por divisor de tensão. Circuito 4- Polarização do Emissor IC = VBB -VBE RB h FE VBB = IC = VBB -VBE +R E RB h FE +R E VBB = -VEE R B2 VCC R B1 +R B2 R B =R B1//R B2 VCC VC VE VB VCEQ ICQ IB hFE V C E =V C -V E I C =(V C C -V C )/R C I B =((V C C -V B )/R B 1 )-(V B /R B 2 ) *** h F E =I C / I B ***Este valor de IB é muito impreciso. Uma imprecisão de 5% nos resistores RB1 e RB2 provocará um erro de aproximadamente 30µA na avaliação de IB, cujo valor deve estar entre 50 e 150µA. Ou seja, um erro de 5% na resistência poderá provocar um erro de 50% na estimativa de IB. VCC VC VE VB VCEQ ICQ IB hFE V C E =V C -V E I C =(V C C -V C )/R C I B = -V B /R B I E =I C +I B h F E =I C / I B I C s a t = 30V/ (1k+2k)= 10mA No circuito 4 a resistência RE foi aumentada mas para isso foi necessário adicionar uma fonte VEE. Quanto maior RE maior será VEE. O circuito 3 com VCC=30V, RB1= RB2=20k e RE=2k tem desempenho semelhante ao circuito 4. Nos circuitos anteriores a imprecisão de 5% nestes resistores provoca um erro de 5% na avaliação de IB. Estamos na situação onde devemos utilizar o multímetro na escala amperimétrica para fazer a medição direta da corrente IB. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 11 Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 6.5 - CIRCUITO EQUIVALENTE Os circuitos 1, 2, 3 e 4 apresentam o mesmo circuito equivalente. 6.6 - POLARIZAÇÃO COM REALIMENTAÇÃO DE DO COLETOR. TENSÃO Circuito 6- Polarização com realimentação de tensão do coletor. Circuito 5 - Circuito Equivalente. IC = VBB -VBE RB h FE circuito 1 circuito 2 circuto 3 circuito 4 + RE VBB=VCC RE=0 RC=1,2k VBB=VCC RE=200 RC=1k. V B B =[ R B 2 / (R B 1 + R B 2 ) ] V C C RB=RB1//RB2 RE=200 RC=1k VCC= VCC + VEE =30V VBB= -VEE RE=2k RC=1k A estabilidade do ponto de operação é inversamente proporcional à relação entre os resistores RB e RE, ou seja, quanto menor a relação RB /RE maior a estabilidade. No circuito 4, para diminuir a resistência RB foi necessário diminuir VBB através do divisor resistivo RB1 e RB2. VCC -VBE IC = RB h FE + (R C + R E ) VCC VC VE VB VCEQ ICQ IB hFE VCE=VC-VE IC =(VCC-VC)/R C - IB IB =(VC-VB)/RB hFE= IC/ IB Este circuito PREFERENCIAL apresenta: 1) Boa estabilidade do ponto de operação devido à realimentação negativa proporcionada pela resistência Rb entre o coletor e a base do transistor, 2) Menor consumo de corrente para polarização 3) Menor número de resistores e 4) Permite ajuste do ganho de tensão através do ajuste de RE sem alteração significativa do ponto de operação quiescente. Num amplificador esta realimentação negativa para corrente alternada poderá ser bloqueada através de um desacoplamento capacitivo. 12 UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I Comparativo Laboratório No 5 No circuito 1, uma alteração em RE do circuito DC provocaria uma grande alteração no ponto de operação. Para evitar esta alteração no ponto de operação devemos utilizar um capacitor de desvio no circuito do emissor, uma capacitância muito elevada devido à baixa resistência do circuito do emissor, tornando economicamente inviável (ver a alternativa dos amplificadores de acoplamento direto como os amplificadores diferenciais e amplificadores operacionais). Circuito 1 RC=2k, RB=600k RE Circuito 6 RC=2k, RB=300k 0 1k 0 1k 2,38 2,04 2,86 2,38 4,76 3,57 4,08 3,17 ICQmax 2,00 1,75 1,42 1,33 ICQmin 100% 75% 42% 33% ICQ [mA] hFE = 100 ICQ [mA] hFE = 200 Circuito 1 com ajuste de ganho Verificamos que para uma variação de 100% em hFE, 1. O circuito 6, polarização pela realimentação da tensão do coletor, é mais estável que o circuito 1, polarização fixa, devido à realimentação negativa (42% contra 100% sem RE e 33% contra 75% com RE). 2. A instalação da resistência no emissor, que proporciona uma realimentação negativa, melhora a estabilidade do ponto de operação (75% contra 100% no circuito 1 e 33% contra 42% no circuito 6). Observe que em ambas realimentações negativas (do emissor com RE ou do coletor) um aumento no ganho de corrente hFE do transistor (devido ao amento da temperatura ou mesmo devido a uma troca do transistor) provocaria o aumento da corrente do coletor, mas, devido à realimentação (retroalimentação), provocaria uma diminuição da tensão no circuito de polarização e conseqüentemente uma alteração menor na corrente de coletor. O circuito 6 apresenta uma outra vantagem, permite o ajuste do ganho de tensão, substituindo RE por um potenciômetro, sem afetar consideravelmente o ponto de operação. ANEXO A1 - TESTE ADICIONAL Após uma série de medições é possível determinar a polaridade do transistor (NPN ou PNP) e qual o terminal é a BASE. Para descobrir qual terminal é o COLETOR e qual terminal é o EMISSOR com um multímetro que não tenha a função hFE devemos proceder o teste da “lambidinha”. Uma vez determinada a polaridade do transistor, NPN ou PNP, após uma rodada de medições utilizando a função DIODO, utilizamos a função OHMIMETRO entre o suposto coletor e o suposto emissor. Aplicando uma tensão positiva produzida pelo OHMIMETRO (Terminal V/Ω) no suposto coletor NPN e negativa (terminal COMM) no suposto emissor, o multímetro indicará OL (alta resistência). Se os terminais estiverem corretos, ao instalarmos um resistor entre a base e o coletor, o transistor entrará em condução e o multímetro indicará baixa resistência. Se os terminais estiverem invertidos o transistor não conduzirá e o multímetro não acusará nenhuma alteração. UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br 13 Laboratório No 5 ELT 313 – Laboratório de Eletrônica Analógica I 300k A2 - CURVA CARACTERÍSTICA USANDO OSCILOSCÓPIO V/Ω V/Ω Ω Ω - COM a) Alta - Baixa (conduz) Podemos observar a curva característica de um transistor através do osciloscópio operando no modo X-Y como mostra a Figura 12. - COM CH1 R B = 300k b) Alta - Alta Figura A1- Teste para identificação do terminal Emissor do transistor NPN GND Para o transistor PNP devemos aplicar tensão negativa no Coletor. OSC 1k GND/GF Isolado Ω V/Ω Ω V/Ω Figura A3 - Circuito para observação da curva IC x VCE através do osciloscópio. Figura A2- Teste para identificação do terminal Emissor do transistor PNP. O resistor de 300kΩ pode ser substituído pelo dedo ligeiramente umedecido com saliva , para diminuir a resistência, daí o termo “lambidinha”. CH2(-) Isolar o GND do gerador de funções Ajuste o gerador de sinais para uma onda triangular com 10 VPP e nível DC de 5 V (use o offset DC do gerador de sinais) e conecte o osciloscópio como indicado. ATENÇÃO: O multímetro analógico fornece tensão negativa no borne V/Ω em relação ao borne COM(-), levando freqüentemente a conclusões equivocadas. Um segundo procedimento mais trabalhoso, uma vez que necessita de uma fonte de tensão maior que 9V, é levar a junção do emissor na região de avalanche que é de aproximadamente 7 V . Figura A1.3 - Teste para identificação do terminal Emissor do transistor NPN Figura A1.4 - Teste para identificação do terminal Emissor do transistor PNP. Itajubá, MG, janeiro de 2017 14 UNIFEI/ IESTI - Kazuo Nakashima & Egon Luiz Muller Jr WWW.elt09.unifei.edu.br