Aula 6 – Melhoramento de Espécies com Propagação Assexuada Prof. Dr. Isaias Olívio Geraldi LGN0313 – Melhoramento Genético Piracicaba, 2011 LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi Cronograma de Aula 1. Objetivos do Melhoramento 2. Vantagens do Uso da Propagação Assexuada 3. Geração de Variabilidade 4. Seleção de Genitores para Cruzamentos 5. Etapas da Seleção 6. Considerações Finais LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 1 – Objetivos do Melhoramento • Identificar, selecionar e multiplicar o genótipo superior de uma população, de modo que este venha a ser cultivado pelos agricultores, isto é, se torne um cultivar. • Quanto ao modo de reprodução as plantas podem ser: • Autógamas • Alógamas • Intermediárias LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 2 - Vantagens da Propagação Assexuada • Algumas, porém, têm a alternativa da propagação assexuada (ou propagação vegetativa), que é a propagação feita através de bulbos, estacas, manivas, etc... • Exemplos: cana-de-açucar, mandioca, batata, forrageiras. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 2 - Vantagens da Propagação Assexuada • O genótipo de uma planta (homozigoto ou heterozigoto) pode ser multiplicado indefinidamente, e deste modo, ser avaliado com um alto nível de precisão (uso de parcelas maiores, várias repetições, vários locais, vários anos, etc.), possibilitando uma avaliação bastante segura do mesmo. O mesmo não acontece com a propagação sexuada onde ocorre segregação. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 3 – Geração de Variabilidade • Como já foi visto, é necessária a existência de variabilidade genética para permitir a seleção genótipos superiores. Ou, recordando da expressão do progresso esperado com seleção: – Rs = ds.h 2 – h 2 = σ G2 /(σ G2 + σ E2 ) 2 σ • Portanto, quanto maior a variabilidade genética ( G ), maior o coeficiente de herdabilidade (h2) e maior o progresso (ganho) com seleção (Rs). LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 3 – Geração de Variabilidade • As populações-base para seleção geralmente são obtidas de cruzamentos biparentais ou multiparentais entre cultivares comerciais: C1 X C2 C1 X C2 C3 X C4 ↓ ↓ ↓ X F1 F1 ↓ (Pop. base) F1 (Pop. base) LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi F1 3 – Geração de Variabilidade • Procura-se nesses cruzamentos obter combinações genotípicas diferentes. Exemplo, considerando-se um loco com dois alelos: A1A2 X A3A4 F1: A1A3 ↓ A1A4 A2A3 A2A4 • Para n locos, com dois alelos por loco, tem-se: 22n genótipos diferentes. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 3 – Geração de Variabilidade • Exemplo: – 20 locos com dois alelos: 240 genótipos diferentes, ou mais de um trilhão de genótipos diferentes. – Obviamente, isso produz uma variabilidade considerável. – Portanto, a magnitude da variabilidade genética liberada pelo cruzamento de cultivares (clones) é função da heterozigose e do número de alelos diferentes por loco. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 4 – Seleção de Genitores para Cruzamento • Na escolha de genitores para cruzamentos geralmente utilizamse os CULTIVARES existentes. • Objetivos: – Aproveitar os benefícios já conseguidos com o melhoramento genético. – Aumentar a probabilidade de concentração de alelos favoráveis em um genótipo. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 4 – Seleção de Genitores para Cruzamento • Os cultivares comerciais geralmente apresentam um nível já elevado de produtividade e uma série de outros caracteres favoráveis em conjunto, como adaptação, resistência a doenças e pragas, precocidade, resistência a acamamento, etc... • Portanto a seleção de cultivares para cruzamentos deve ser muito criteriosa e, para isso, considera-se os seguintes fatores: - Genealogia - Divergência genética - Complementariedade LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 4 – Seleção de Genitores para Cruzamento a. Genealogia • O conhecimento da genealogia de cada cultivar é muito importante, para evitar o cruzamento entre cultivares aparentados. Isso porque estes não liberam variabilidade, por terem muitos alelos em comum. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi muita 4 – Seleção de Genitores para Cruzamento b. Divergência genética • O nível de divergência genética está relacionado com a magnitude da variabilidade genética liberada nos cruzamentos, isto é, quanto maior a divergência genética entre os cultivares, maior a quantidade de variabilidade genética. A divergência genética pode ser avaliada através dos seguintes fatores: • • heterose dos cruzamentos marcadores moleculares LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 4 – Seleção de Genitores para Cruzamento c. Complementariedade • No melhoramento genético procura-se caracteres favoráveis em um único genótipo concentrar os • Considerando-se os caracteres “resistência a uma doença X” e “resistência a uma praga Y” pode-se ter, por exemplo: – – Cultivar A: Resistente à doença X e suscetível à praga Y Cultivar B: Suscetível à doença X e resistente à praga Y • Estes dois cultivares são complementares e o cruzamento entre eles pode originar genótipos resistentes à doença X e à praga Y. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 5 – Etapas da Seleção • De um cruzamento biparental ou multiparental, obtém-se uma geração “F1” com grande variabilidade genética µ LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 5 – Etapas da Seleção a. Etapas Iniciais • Seleção individual para caracteres de alta herdabilidade (vigor, resistência a doenças, etc.); • As plantas selecionadas são clonadas para iniciar a avaliação em experimentos com repetições; • Como tem-se muitos genótipos e poucos clones de cada genótipo, nos experimentos utilizam-se parcelas pequenas, com poucas repetições e apenas um local; • A precisão experimental é baixa e, devido a isso, a seleção é branda (baixa intensidade). LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 5 – Etapas da Seleção b. Etapas Intermediárias • Quando o número de genótipos diminui, devido às etapas iniciais de seleção, aumenta-se gradativamente o tamanho das parcelas, o número de repetições e o número de locais de avaliação; • Devido a isso a precisão experimental aumenta, podendo-se aumentar a intensidade de seleção. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 5 – Etapas da Seleção c. Etapas Finais • Quando o número de genótipos diminui consideravelmente utilizam-se parcelas maiores e com bordaduras, e aumenta-se ainda mais o número de repetições e de locais de avaliação. • As avaliações são repetidas também em vários anos, utilizando-se testemunhas nos experimentos, que são os melhores cultivares disponíveis. • Torna-se assim possível selecionar o “genótipo superior”, que poderá se tornar um novo CULTIVAR. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi 6 – Considerações Finais • É importante considerar que: h12 = σ G2 /(σ G2 + σ E2 ) para seleção individual h22 = σ G2 /[σ G2 + (σ E2 / R )] para seleção baseada na média de repetições (R) h32 = σ G2 /[σ G2 + (σ E2 / RL)] para seleção baseada na repetições (R) e locais (L) h42 = σ G2 /[σ G2 + (σ E2 / RLA)] para seleção baseada na média de repetições (R), locais (L) e anos (A) LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi média de 6 – Considerações Finais • Consequentemente, a herdabilidade aumenta no mesmo sentido, isto é: h <h <h <h , 2 1 2 2 2 3 2 4 devido ao maior controle ambiental proporcionado pelo uso de um maior número de repetições, locais e anos de avaliação. • Isso permite uma avaliação praticamente perfeita do valor genotípico do indivíduo e, consequentemente, a seleção do “genótipo superior”. LGN0313 – Melhoramento Genético Prof. Isaias Olívio Geraldi