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Sudão do Sul permite
que soldados
estuprem mulheres
como pagamento
País em guerra vive uma das crises de direitos
humanos mais espantosas no mundo
POR O GLOBO / AFP
11/03/2016 10:09 / atualizado 11/03/2016 16:48
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População do Sudão do Sul pede abrigo na sede da missão da ONU no país ­ STR / AFP
JUBA — Nesta sexta­feira, as Nações Unidas denunciaram
autoridades do Sudão do Sul por permitir que combatentes atuem em
estupros massivos de mulheres como forma de pagamento. Enquanto
os sul­sudaneses vivem uma das mais graves crises de direitos
humanos no mundo, a organização fez um apelo contra a espantosa
violência da guerra no país. Desde 2013, mais de 2,3 milhões de
pessoas abandonaram seus lares — enquanto outras dezenas de
milhares morreram vitimizadas pelas atrocidades cometidas por
grupo rivais.
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certa forma fora do radar internacional”,
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A entidade afirma ainda que as ações de
violência sexual são geralmente cometidas pelas
Missões de paz da ONU
sofrem crise de identidade
próprias forças governamentais do Exército
Popular de Libertação do Sudão e por suas
milícias afiliadas. No entanto, grupos de
oposição e associações criminosas também vêm sendo responsáveis
pelo abuso de mulheres e meninas.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al
Hussein, comparou a casualidade destes crimes ao massacre de civis
ou à destruição de bens da população civil durante a guerra. Mais de
1,3 mil estupros foram registrados em apenas um dos dez estados do
país durante cinco meses do ano passado.
Segundo a ONU, os estupros fazem vítimas até mesmo meninas de
nove anos. Dentre estas jovens, muitas são forçadas a casar com seus
agressores. Já aquelas que ficam grávidas frequentemente sofrem com
a estigmatização e a violência doméstica em suas comunidades.
— Diante da amplitude, da profundidade e da gravidade das acusações
— além da repetição e das similaridades observadas no modo de
operação — o informe conclui que existem motivos razoáveis para crer
que estas violações podem ser consideradas crimes e guerra e/ou
crimes contra a humanidade — afirmou Al Hussein.
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O Sudão do Sul se tornou independente do Sudão em julho de 2011
após décadas de conflitos. Hoje, o país encontra­se afundado em uma
guerra civil deflagrada em dezembro de 2013 — quando o presidente
Salva Kiir acusou seu ex­vice­presidente, Riek Machar, de tentar
derrubá­lo. Um recente acordo de paz trouxe Machar de volta ao
antigo cargo, apesar de tensões persistirem.
O Sudão do Sul vem presenciando a escalada na violência que não
poupa a população civil. Em relatório, as Nações Unidas afirmam que
até mesmo crianças e deficientes físicos têm sido assassinados,
queimados vivos, asfixiados em contêineres, executados, pendurados
ou cortados em pedaços.
— Condenamos quaisquer crimes contra civis. Atrocidades foram
cometidas por milícias usando uniformes do Exército. As tropas do
governo operam sob regras estritas que proíbem mirar civis. Estamos
investigando para determinar quem cometeu estes crimes hediondos
— disse Ateny Wek Ateny, porta­voz de Kiir, ao "Guardian".
60 ASFIXIADOS
Enquanto isso, a Anistia Internacional repudiou a atitude dos
soldados pró­governo do Sudão do Sul que asfixiaram mais de 60
homens e crianças em um contêiner sob sol forte no ano passado. A
organização pede que os envolvidos na história sejam processados
pela Justiça.
Os depoimentos de 23 pessoas confirmam que as vítimas
foram levadas à força e de mãos atadas ao interior do contêiner —
instalação frequentemente utilizada como cela improvisada no país,
onde as temperaturas costumam ultrapassar os 40ºC durante o dia.
Mais tarde, as mesmas pessoas tiveram seus corpos retirados da
instalação.
“As testemunhas descreveram a situação e disseram ter ouvido as
pessoas presas chorarem e gritarem angustiadas, além de bater nas
paredes do contêiner de carga, no qual não havia qualquer entrada de
ventilação”, declarou a Anistia Internacional.
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Soldados na cidade Koch, no Sudão do Sul, são fotografados após confrontos com
rebeldes no país, um dos piores no Índice Ibrahim ­ Jason Patinkin / AP
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