A MODELAGEM NO FREVO ATRAVÉS DA PESQUISA MUSICOLÓGICA Apresentação: Relato de Experiência Guilherme N. e S. Q. Souza1; Pablo C. Silva2; Jamerson C. Alves da Silva3; Cesar G. Berton4 Introdução A pesquisa objetiva reconhecer estruturas identitárias musicológicas no frevo. Esse trabalho foi realizado a partir de um estudo de caso, dentro de uma abordagem qualitativa e comparativa, que utilizou ferramentas de análise usuais5 aplicadas em quatro peças musicais de frevo. Esta pesquisa é parte integrante de um projeto sobre o frevo de rua, fundamentada na identificação de arquétipos modeladores do gênero, da linguagem e do seu “significado musical” visando a catalogação e a produção de conhecimento para o ensino e aprendizagem do gênero. Relato de Experiência A melodia do frevo é composta por “perguntas e respostas” que geram uma mesma ideia musical. Edson Rodrigues6 afirma que “o frevo é uma criança que já nasce vestida”: ele é composto já com o arranjo (GUEST, 1996) em mente. Assim, a distinção funcional destas vozes foi uma das ações primárias da pesquisa A música é uma linguagem. Nela há elementos significantes e estruturantes que lhe dão coerência. Os gêneros musicais canonizam tais padrões sistêmicos quando abordados em subáreas como harmonia (KOSTKA, 1999), forma (SCHOENBERG, 1991) e interpretação. 1 - Lic. em Mús. Popular, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE/ Campus Belo Jardim, [email protected]. 2 - Lic. em Música Popular, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE/ Campus Belo Jardim, [email protected]. 3 - Lic. em Mús. Pop., Instituto Federal de Pernambuco – IFPE/ Belo Jardim, [email protected] 4 - Mestre, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE/ Campus Belo Jardim, [email protected] 5 6 - Advindas do jazz e da música de concerto europeia. - Um dos principais compositores do estilo, in entrevista realizada em 23/08/2006 – Dossiê do Frevo. Nesses aspectos o frevo apresenta harmonias tonais e cadências simples; possui uma estrutura binária; apresenta idiomatismos interpretativos característicos e contornos rítmicos que7 apontam para regionalismos. Quando equiparado ao jazz, também se identificam modelos comuns8. As metodologias utilizadas. A análise formal é um termo técnico da musicologia que estuda as partes de uma obra – tal qual a gramática o faz com a linguagem escrita-verbal e/ou como a anatomia com as partes de um corpo. Aplicamos metodologias de análise musical sobre as partituras de frevos a fim de indicar qual a “gramática/anatomia” está presente nesses organismos/discursos musicais. Relato: O projeto é inédito quanto a utilização da análise formal musicológica aplicada no frevo. As atividades de pesquisa foram executadas em duas frentes – uma em campo9 e outra em laboratório10 – executadas por alunos e professor do Curso de Licenciatura em Música Popular (IFPE/Belo Jardim) visando a troca de saberes em ensino-aprendizagem e a interdisciplinaridade músicahistória-estética (OLIVEIRA, 1971; TELLES, 2000). Aqui, o processo de construção de conhecimento é o de dentro para fora, onde o músicopesquisador apreende uma obra entendendo as suas microestruturas e, ao longo da pesquisa, atinge camadas mais amplas. O músico deixa de ser um repetidor de partituras e torna-se agente multiplicador da construção do conhecimento musical. Considerações Como resultado principal do projeto pode-se comprovar a existência de modelos estruturais musicológicos comuns ao gênero frevo a serem tomados como padrões sistêmicos para a sua catalogação, ensino e pesquisa. Referências BASTOS, M. B. - Tópicas na música popular brasileira: uma análise semiótica do choro e da música instrumental. 2008. 70 f. Monografia – UESCatarina, Florianópolis. COKER, J - Elements of the Jazz Language for the Developing Improvisor (Studio224, 1991) GEST, Ian - Arranjo - método prático Vol. 1 & Vol 2 - Irmãos Vitale, 1996. 7 - Através das “tópicas” (BASTOS, 2008). 8 - COKER, 1991. 9 - Buscando e coletando partituras e áudios em arquivos públicos e particulares e literaturas históricas. 10 - Editorando partituras musicais dentro do formato da pesquisa, analisando formalmente as peças recorte, cruzando as análises e elaborando uma linha temporal, a fim de identificar o processo de manutenção e variação estética das obras. KOSTKA, Stefan & PAYNE, Doroty - Tonal Harmony - 1999 OLIVEIRA, V. - Frevo, capoeira e passo. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1971. 77 f. SCHOEMBERG, A. - Fundamentos da composição musical: tradução de Eduardo Seincman. 3ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015. 272 f. TELES, J. - Do frevo ao manguebeat. 1ª ed. Brasil: Editora 34, 2000. 360 f.