O Modernismo e o Nazismo Compromisso Político e conflitos do Modernismo com os Regimes Autoritários Referências Bibliográficas Texto e Imagens GROPIUS, Walter, "Bauhaus: Novarquitetura". São Paulo, Perspectiva, 2011. BENÉVOLO, Leonardo, História da Arquitetura Moderna, São Paulo, Perspectiva, 2011. http://www.istoe.com.br/reportagens/193062_MEMORIAS+DO+ARQUITETO+NAZISTA http://portalarquitetonico.com.br/a-arquitetura-a-servico-do-totalitarismo/ Um panorama do início do século XX Na Alemanha e na Áustria, o movimento moderno encontrou condições muito favoráveis de florescimento: os representantes das correntes de vanguarda de antes da Primeira Guerra, tornaram-se personagens mais eminentes no Pós Guerra, de cujo grupo alguns membros chegaram inclusive a trabalhar em instituições e atuar mais diretamente no poder público. Neste momento, nos países citados forma-se uma espécie de corrente unitária capaz de atrair todos os profissionais culturalmente atualizados, difundindo-se o mesmo repertório em vários outros países, nivelando as diferenças nacionais e materializando de alguma forma o ideal de Gropius sobre a “arquitetura internacional”. Mas a aparente concordância logo revela uma série de profundos contrastes, já que o movimento moderno não se comporta como os estilos tradicionais, nem como as correntes de vanguarda, já que não apresenta soluções prontas, mas sim indicações metódicas para a pesquisa de soluções diversas e imprevisíveis. Na Alemanha os debates ocorrem em um pano de fundo que inclui a derrota aos aliados em 1918, a crise econômica que ocorre em seguida e, afinal, os debates também ocorrem em meio à ascensão nazista e o advento de Hitler no poder, em 1933. Neste momento o debate é violentamente truncado pelo nazismo e seu conceito de arte e de arquitetura, que retira as possibilidades de artistas e arquitetos modernos de viverem na Alemanha, impondo pela força a volta de um incipiente neoclassicismo, com destaque para Albert Speer, arquiteto que empreendeu algumas ideias megalomaníacas do Füher. Albert Speer observando a maquete da “Nova Berlim” Welthauptstadt Germania (Germânia, a Capital do Mundo) foi um plano que nunca chegou a ser construído de Adolf Hitler para a demolição e reconstrução da capital alemã após a esperada vitória da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O arquiteto proposto para esta nova cidade foi Albert Speer, que produziu muitos planos para a reconstrução da cidade, porém apenas uma pequena porção de edifícios foi construída antes do final da Segunda Guerra Mundial. A arquitetura de Berlim naquela época era, para Hitler, muito provinciana, e ele dizia que iria demolir a cidade antiga e reconstruir a cidade de forma muito diferente, tornando a capital da Alemanha a cidade mais importante do Mundo e também a maior, superando outras capitais mundiais, como Londres, Paris, Washington e Roma. Algumas ideias da arquitetura do III Reich... Speer também criou a teoria do "Valor da Ruína". De acordo com ela, todos os novos edifícios seriam construídos de modo que ficassem esteticamente agradáveis quando se transformassem em ruínas, milhares de anos depois, no futuro. Tais ruínas seriam o legado da grandeza do Terceiro Reich, da mesma maneira que as ruínas gregas e romanas eram símbolos da grandeza dessas civilizações do período clássico da Antiguidade. Típico pensamento Neoclassicista do século XIX. Edifício da administração do Partido Nazista em Berlim, com elementos neoclássicos ( Speer ) Adolf Hitler foi soldado na Primeira Guerra Mundial, e acabou tendo licença por ter sido ferido quando levava correspondências. Artista frustrado e com muita vontade de ter sido arquiteto, acaba engajado no Partido Nazista em 1919. Os problemas econômicos da Alemanha acabaram tendo sua culpa imputada à República de Weimar e ao presidente Hindemburg, principalmente após a crise de 1929, quando industriais e banqueiros deram ao partido e a Hitler muito dinheiro. Hitler em 1933 se torna primeiro-ministro, e no mesmo ano pleiteia plenos poderes do Parlamento. Começou a perseguir sindicatos, partidos, comunistas, judeus e minorias, banindo seus opositores e encerrando todos em campos de concentração ( já eram 45 em 1933 ). A monumentalidade a serviço do poder O Volkshalle ou “Pavilhão do Povo”, seria um “Panteão” contendo imagens e inscrições dedicadas aos heróis e aos objetivos heroicos do nazismo. A imagem destaca a relação entre a escala do pavilhão e o portal de Brandenburgo(a direita). Na outra imagem, Zeppelinfeld ou a "Catedral da Luz", um dos cenários para os colossais comícios nazistas. Nuremberg, 1934 Detalhes do Zeppelinfeld A Arquitetura Nazista O nazismo tem desejos arquitetônicos precisos, quer uma arquitetura da celebração, tradicionalista, estritamente alemã. Para a construção residencial, o “neomedievalismo” com telhados pontudos, madeiras com molduras e escritas em gótico; para os edifícios públicos, um neoclassicismo greco-romano, com colunas dóricas, mármores, escadas e por todas as partes estátuas alegóricas, águias e a suástica. Antes do advento do Nazismo, a posição profissional dos arquitetos modernos ( Bauhaus ) estava ligada aos cargos públicos, este era o ponto de força do movimento que permitia aos arquitetos alcançar notoriedade com seus projetos. As casas residenciais do Nazismo Arquitetura tradicional alemã Porém, após a ascensão do nazismo, e este mesmo motivo, a política, que faz com que essa dependência do poder político paralise as ações daqueles homens, que acabam fugindo da Alemanha. Os jovens arquitetos ficam desorientados, muitos se isolam e fazem modestos trabalhos para particulares. Muitos se esforçam para tentar apresentar um terceiro caminho, afastado tanto do rigor dos racionalistas da Bauhaus quanto do ecletismo oficial. Mas os resultados são ambíguos e modestos. O Estádio Olímpico de Berlim em 1936 ( Werner March ) A ascensão e o triunfo do Nazismo O racismo era a doutrina oficial, e a propaganda era um dos instrumentos de seu governo. Foi criado o mito do Füher, infalível, que reergueria a Alemanha rumo ao Reich dos 1.000 anos ( “Um Império, um Senhor, um Povo” ). Hitler começou a empreender ações em contrário ao Tratado de Versalhes, que para ele havia sido uma imposição. A partir de então, Hitler ocupou a Áustria em 1938 e a Tchecoslováquia. Mas o estopim foi a invasão da Polônia, em setembro de 1939, com a estratégia da “guerra relâmpago”, quando cidades e depósitos militares foram bombardeados impedindo qualquer reação dos poloneses. A Bélgica também foi muito destruída pelos alemães, a fim de tentar alcançar a França ( Paris ), que ficou sob o domínio alemão até a invasão da Normandia pelos Aliados em 1944. Triunfo de Hitler em 1933 Guernica – Picasso 1937 Picasso retratou o horror do bombardeio com auxílio alemão à cidade de Guernica, Espanha, por ocasião da Guerra Civil. Os principais elementos do quadro são: cor negra, cinza e branca para destacar o clima sombrio que envolvia o desastre, luz de um olho lâmpada ( ao alto ) simbolizando a mortífera tecnologia do ataque aéreo, as figuras humanas dilaceradas, e animais apavorados com as forças irracionais da destruição. Campo de concentração de Nordhausen, Alemanha - 1945 Berlim destruída em 1945... E o Portão de Brandemburgo ( meados do XVIII ) hoje...