Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Curso de Comunicação Social Introdução aos Estudos de Comunicação Comunicação e Inclusão Social no Teatro dos Sentidos Nome Matrícula Telefone E-mail Ana Martins 522212 (31)9412-4061 [email protected] Ayana Braga 535878 (31)7595-8056 [email protected] Bárbara Ferreira 523609 (31)8896-7730 [email protected] Ingrid Stockler 512496 (31)9750-4522 [email protected] Isabela Oliveira 523605 (31)8797-3299 [email protected] Belo Horizonte 5 de junho de 2015 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 2 2 COMUNICAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL NA PERIFERIA DA GRANDE BH ......... 3 2.1 Informação ........................................................................................................... 3 2.2 Linguagem e seus signos................................................................................... 3 2.3 Comunicação ....................................................................................................... 4 2.4 Comunicação e mobilização social ................................................................... 5 2.5 Comunicação e inclusão social ......................................................................... 7 2.6 A arte e a cultura ................................................................................................. 8 2.7 Acesso à cultura ................................................................................................ 10 3 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA............................................................................... 12 4 AUDIODESCRIÇÃO .............................................................................................. 12 5 AS ORIGENS DO TEATRO ................................................................................... 13 6 O TEATRO DOS SENTIDOS ................................................................................. 14 6.1 O que é ............................................................................................................... 15 6.2 Como surgiu ...................................................................................................... 16 6.3 O teatro e a comunicação ................................................................................. 17 6.4 O processo comunicacional do teatro ............................................................ 18 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 20 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 21 1 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa pretende mostrar como o Teatro dos Sentidos trabalha na inclusão de deficientes visuais no teatro, ao acesso a cultura, propiciando assim, a essas pessoas, um espetáculo privilegiado com momentos e viagens inesquecíveis pelo mundo da imaginação, com o auxílio dos sentidos remanescentes, que não a visão. O conhecimento de Artes Cênicas é fundamental para que o ser humano desenvolva sua autonomia de criação através de conceitos sólidos e embasados, abstraindo sensibilidade que nos possibilita pensar de forma reflexiva e crítica em que, através da arte, influenciará pessoas de forma significativa e positiva no meio social em que vivemos. O Teatro dos Sentidos introduz um novo olhar artístico no mundo teatral, levando o público a se colocar no lugar daquele que não possui a visão, entendendo como pode ser nítida, compreensível e bonita a maneira que eles têm de enxergar o mundo. O projeto desperta o ser humano para uma nova leitura, compreensão e concepção de vida, através de experiências físicas, estéticas e teatrais de conhecimento e interpretação do próprio eu, sendo estimulado a pensar e agir como alguém que não enxerga. Com isso, o Teatro dos Sentidos ensina, de maneira lúdica, mas reflexiva, conceitos humanos, de respeito e diversidade às diferenças, introduzindo novas emoções e sentimentos por meio dos outros sentidos – tato, paladar, olfato e audição. Busca valorizar a comunicação que se dá no desenvolvimento do projeto, deixando uma salva para o questionamento e compreensão do mundo ao redor, despertando a consciência crítica por ter que passar por aquilo que o outro sente na pele, os obstáculos que enfrentam e que até então, não eram percebidos. 2 2 COMUNICAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL NA PERIFERIA DA GRANDE BH 2.1 Informação Informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma modificação no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe. A informação permite resolver problemas e tomar decisões, tendo em conta que o seu uso racional é a base do conhecimento. Os dados são percebidos através dos sentidos e, uma vez integrados, acabam por gerar a informação necessária para produzir o conhecimento. Considera-se que a sabedoria é a capacidade para julgar corretamente quando, como, onde e com que objetivo se aplica o conhecimento adquirido. Le Coadic (1996), pesquisador da área da Ciência da Informação, destaca que o valor da informação varia conforme o indivíduo, as necessidades e o contexto em que é produzida e compartilhada. Uma informação pode ser altamente relevante para um indivíduo e a mesma informação pode não ter significado nenhum para outro indivíduo. Para Freire, o conhecimento [...] exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e reinvenção. Reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece conhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe “como” de seu conhecer e os condicionamentos a que está submetido seu ato. (FREIRE, 1970, p. 27). 2.2 Linguagem e seus signos Segundo Houaiss (1991), linguagem pode se referir tanto à capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quanto a uma instância específica de um sistema de comunicação complexo. 3 A linguagem constitui-se em um conjunto ou sistema de signos utilizados para exprimir ideias, emoções ou sentimentos e que serve como mediação de conhecimento entre o homem e o mundo. Signo, de acordo com Peirce (1977), é entendido como qualquer coisa que simbolize, represente ou expresse algo ou alguma coisa. São aceitos por convenção e legitimados pelo grupo ou sociedade. A linguagem é um instrumento universal, mas que varia de sociedade para sociedade, de grupo para grupo e entre grupos. Isto porque a linguagem é um sistema semiótico cuja compreensão dependerá do compartilhamento dos mesmos signos e, consequentemente, das mesmas experiências sociais que variam conforme o tempo e o espaço. Ou seja, a comunicação só se concretiza quando os homens, ou sujeitos, dispõem do mesmo repertório e das mesmas vivências para fazer sentido o que é produzido e, assim, levar ao entendimento o conhecimento das coisas dispostas no mundo. A comunicação, portanto, é uma criação humana que surge da necessidade dos sujeitos sociais de se interagirem e a linguagem é o produto do meio social que viabiliza essa interação. 2.3 Comunicação Como primeira abordagem do conceito de comunicação, pode-se começar pela sua etimologia. A palavra deriva do latim communicare, que significa “partilhar algo, pôr em comum”. Portanto, a comunicação é um fenómeno inerente à relação que os seres vivos mantêm quando se encontram em grupo. Através da comunicação, as pessoas ou os animais obtêm notícias/informações sobre o seu entorno e podem partilhar com os outros. O processo comunicativo implica a emissão de sinais (sons, gestos, indícios, etc.) com a intenção de dar a conhecer uma mensagem. Para que a comunicação seja bem-sucedida, o receptor deve ser capaz de descodificar a mensagem e de interpretar. O processo reverte-se assim que o receptor responde e passa a ser o emissor (sendo que o emissor original passa a ser o receptor do ato comunicativo). No caso dos seres humanos, a comunicação é um ato próprio da atividade psíquica, que deriva do pensamento, da linguagem e do desenvolvimento das 4 capacidades psicossociais de relação. A troca de mensagens (que pode ser verbal ou não verbal) permite ao individuo de influenciar os demais e ser influenciado, por sua vez. Entre os elementos que se podem distinguir no processo comunicativo, encontra-se o código (conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem), o canal (o meio pelo qual circula a mensagem), o emissor (aquele que emite a mensagem) e o receptor (aquele a quem é endereçada a mensagem). O ato de pensar pressupõe a formação de palavras para organizar o pensamento e o coloca-lo em ação. Era necessário nomear as coisas que se revelavam aos olhos do homem. Mas, antes de tudo, era necessária a criação de um sistema que possibilitasse a interação entre os homens. E essa interação recebe o nome de comunicação. Para Bateson (1979), a vida em sociedade realiza-se pela troca de informação; o mediador da interação com o outro é a comunicação, que se opõe à noção de entropia e permitiria tornar transparentes as relações entre os homens. Os fenômenos da comunicação seriam a chave e a explicação de todos os comportamentos humanos. Esta tentativa de explicar a diversidade dos comportamentos a partir de um princípio único da comunicação permitiria ao homem conhecer as regras da interação entre os indivíduos e destes com o ambiente. No entanto, esta ânsia de controlar os mecanismos sociais, de encontrar um princípio regulador denota a dificuldade de aceitar a finitude do homem e deste viver com as suas próprias incapacidades. Perpetuar as leis sobre o funcionamento do social é não admitir a dimensão múltipla do ser humano. [...] a forma exata para começar a pensar no padrão que liga é pensarmos nele como sendo primeiramente (signifique esta palavra o que significar) uma dança entre partes de atuação recíproca e só secundariamente circunscrita a variadas espécies de limites físicos, e aos limites impostos caracteristicamente pelo organismo. (BATESON,1979, p. 21). 2.4 Comunicação e mobilização social A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas com a presença de pessoas em uma praça, passeata, concentração. Mas isso não 5 caracteriza uma mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados decididos e desejados por todos. Toda mobilização é criada para alcançar um objetivo pré-definido, um propósito comum por isso é um ato de razão, pressupõe um sentido de público, aquilo que convém a todos. Para que ela seja útil a uma sociedade, deve estar orientada para a construção de um projeto futuro, se seu propósito é passageiro converte-se em um evento, uma campanha e não em uma mobilização, esta requer uma dedicação contínua e produz resultados quotidianamente. A mobilização social é um ato de comunicação, não se confunde com propaganda ou divulgação, mas exige ações de comunicação no seu sentido amplo, enquanto processo de compartilhamento de discurso, visões e informações. O que dá estabilidade a um processo de mobilização social é saber que o que eu faço e decido no meu campo de atuação quotidiana, está sendo feito e decidido, por outros em seus próprios campos de atuação, com os mesmos propósitos e sentidos. A comunicação é estratégica em projetos sociais. Primeiro, garantindo a difusão de informações e a disseminação de conhecimento. Segundo, em estreita articulação com o primeiro, visa a uma transformação cultural mais profunda através da promoção de comportamentos, atitudes, práticas e valores que colaborem para a mudança social. Terceiro, a comunicação como meio de mobilização social, subsidiando o trabalho de integração e articulação dos diferentes segmentos da sociedade, promovendo o envolvimento das comunidades no processo de tomada de decisão e na implementação das ações. A comunicação para mobilização social é transformadora, pressupõe uma compreensão profunda de seu papel na vida social, seu processo, suas técnicas e suas linguagens. O trabalho de comunicação, ao dar forma e sentido à ação através da produção discursiva, nos mais diversos suportes, faz a conexão entre as muitas instâncias sociais e suas várias formas de expressão. Essa metodologia tem como base o pressuposto de ação planejada que fortalece o processo participativo, evitando as decisões por imposição de ideias particulares de grupos ou indivíduos. O planejamento de comunicação participativo fundamenta-se na possibilidade de criação ilimitada capaz de permitir a cada passo do processo, a descoberta de novas formas de reflexão e de ação. 6 Somente com a participação das pessoas, grupos e comunidades o quadro da exclusão social no país pode ser transformado. Inicialmente é necessário gerar uma consciência coletiva para a necessidade da mudança de valores e hábitos. Para alcançar tal objetivo, é fundamental investir nos processos, nas vivências pessoais e comunitárias, na cultura. Através de estratégias e ações de comunicação será possível a mobilização comunitária e social, o estímulo da participação autônoma dos grupos que compõem a comunidade e a sensibilização da opinião pública sobre as grandes questões nacionais. 2.5 Comunicação e inclusão social A inclusão social é apontada hoje como condição vital para o desenvolvimento de qualquer cidadão, uma vez que é pré requisito para a participação na vida pública, assumindo um significado de destaque na vida social da pessoa ao possibilitar o exercício de direitos e deveres. Dessa forma, fica claro que incluir socialmente é o primeiro passo para inserir os indivíduos excluídos em uma nova realidade local e global. A comunicação ocorre a partir e para o outro, conforme mencionado por Paulo Freire (1970), comunicar fundamenta-se em um processo de coparticipação. A linguagem é um sistema que engloba códigos que só serão decodificados se o grupo compartilhar do mesmo repertório ou conjunto de signos necessários para o entendimento. Se o grupo compartilha do mesmo sistema estará incluído, pois compreenderá a mensagem mais efetivamente estabelecendo uma relação ativa dentro do processo dialógico. Diferentemente daquele grupo que não participa do mesmo sistema. Este estará excluído, a margem ou do lado de fora desse grupo, uma vez que, não entenderá a mensagem, já que não efetivou uma relação de reciprocidade. Assim, o sentido não se realizará. No entanto, não basta fazer parte do mesmo sistema. É preciso saber dominá-lo. Compreender as suas estruturas e mecanismos pelo qual age e se baseia. Freire (1970) afirma que “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores 7 que buscam a significação dos significados.” (FREIRE, 1970, p. 46). E a educação entre os mais pobres, geralmente não é a prioridade. E sim o desejo de saciar a fome de cada dia. Neste sentido, a escolarização daqueles que, são deixados ou vivem a margem da sociedade, são os que têm o menor índice de escolarização, pois não há sentido em saber ler e escrever se não tem o que comer. Portanto, a linguagem será um fator a mais para contribuir ao sentimento de não pertença daquilo que convencionou a chamar sociedade. 2.6 A arte e a cultura A palavra “arte” integra a grandiosidade do ser humano. O homem é o único ser que executa e necessita da arte, não apenas como forma de expressão, ou atividade lúdica, mas também porque desde sempre aspirou a superar a sua mortalidade deixando a sua marca na história. Consciente que a sua presença física é efêmera, o homem sempre a procurou perpetuar, deixando marcas expressivas das suas vivências, emoções e sentimentos, sobrevivendo assim ao longo dos tempos, através do seu legado. Hoje, através da evolução da arte, podemos perceber a evolução do homem, não apenas o ser biológico, mas também o seu espírito, o seu crescimento. Embora as artes difiram muito umas das outras, brotam todas da mesma fonte, a necessidade que o homem tem de recorrer a meios significativos para exprimir e comunicar os pensamentos e as emoções, para dar forma e substância ao seu imaginário e à sua condição humana. As pessoas de todas as culturas sempre procuraram, e sempre hão de procurar, respostas a questões relativas à sua existência. Cada cultura desenvolve meios através dos quais são partilhadas e transmitidas as perspectivas que resultam dessa procura de compreensão. Os elementos básicos da comunicação são as palavras, os movimentos, os toques, os sons, os ritmos e as imagens. (UNESCO, 2006, p. 9). A arte poderá resumir-se como sendo através de vários meios a expressão de sentimentos de quem a cria e a criação de sentimentos de quem a observa e recria. 8 Sentir e fruir a arte é um ato pessoal e espontâneo. Neste processo simples, está envolvida toda a nossa existência e a da própria civilização. Concorda-se com a ideia de que a “a arte é um plural de sentidos”. (PINTO, 2006, p. 6). Em resumo: De um modo geral a arte pode definir-se como a capacidade que o homem possui de produzir objetos ou realizar ações com as quais – cumprindo ou não finalidades úteis – ele possa expressar ideias, sentimentos ou emoções estéticas, isto é, suscetíveis de produzir prazer estético (…) como manifestação de riqueza e plenitude do ser. (PINTO, 2006, p. 4). A definição de arte baseia-se em critérios, que Pinto (2006) reconhece como sendo a criatividade, a originalidade, a intencionalidade, a autenticidade, a comunicabilidade, o rigor estético e a mensagem ou mensagens. As artes diferem no seu tipo, pelos meios de expressão que se utilizam, mas também variam de acordo com a conotação própria de cada cultura. Em muitas culturas designa-se por “arte” as expressões que comunicam perspectivas e abrem espaço para reflexão na mente das pessoas. Ao longo da história, vários tipos de expressão artística receberam rótulos. É importante reconhecer que, embora termos como “dança”, “música”, “drama” e “poesia” sejam de utilização universal, o significado mais profundo de tais palavras difere de cultura para cultura (UNESCO, 2006, p. 9). A arte não existe apenas no seu conceito, mas através dos artistas e das suas criações. Estes atos de comunicação revestem-se de um significado especial: nascem de uma inspiração criadora, fruto da inteligência, da imaginação e da sensibilidade (…) exigem igualmente domínio técnico e formal; são atos únicos porque são produto da originalidade dos seus criadores. (PINTO, 2006, p. 4). A arte e a necessidade de comunicação através de mecanismos e movimentos criativos e artísticos fazem parte integrante do ser humano. Todos os indivíduos necessitam de se exprimir, na sua singularidade e originalidade criativa, aprendendo a conhecer e a explorar o seu corpo no seu todo, em multidisciplinaridade, como instrumento de comunicação artística e criativa, consigo próprio, com a sua cultura e com o exterior. Cada cultura possui as suas expressões artísticas e as suas práticas culturais específicas. As culturas, na sua diversidade, e os seus produtos criativos e artísticos, representam formas contemporâneas e tradicionais de criatividade humana que contribuem para o patrimônio, a beleza e a identidade das civilizações 9 humanas. A arte é simultaneamente manifestação de cultura e meio de comunicação do conhecimento cultural. O termo “cultura”, mostrando-se igualmente complexo, é definido como o “conjunto das estruturas sociais e das manifestações artísticas, religiosas e intelectuais que definem um grupo ou uma sociedade em relação a outras”. (OLIVEIRA, 2007, p. 2135). A cultura faz parte da herança de uma comunidade, com os seus costumes, os seus conhecimentos, o seu patrimônio, as suas instituições, e contribui para a formação do indivíduo enquanto ser social. 2.7 Acesso à cultura Para as pessoas com deficiência, não é suficiente ter o acesso à cultura como direito. Este direito, embora inquestionável por ser universal, somente se efetiva na medida em que os recursos de acessibilidade estão disponíveis em cada momento de contato com os espaços, bens, serviços e produtos culturais. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, tratado de Direitos Humanos, homologada pela Organização das Nações Unidas e ratificada pelo Brasil em 2008, na forma de emenda constitucional, traz o entrelaçamento entre a cultura e as pessoas com deficiência a partir do novo direito – a acessibilidade. (BRASIL, 2009.) Ao pensar em cultura, habitualmente, faz-se referência ao conjunto das artes, expressões e tradições dos povos, antes e agora, representado por bens e riquezas materiais e imateriais, serviços e produtos, os quais permitem a apropriação de conteúdo e fonte de entretenimento e deleite. Ainda que muitos não saibam, a cultura faz parte dos direitos humanos e, como tal, toda e qualquer pessoa humana é titular do direito de acesso à cultura. Entretanto, a era dos Direitos Humanos é recente, iniciando-se formalmente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, como uma proposta de todas as nações a favor da paz. A Declaração se destaca e é amplamente difundida por seu artigo 1°, que diz: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” (BRASIL, 2010). 10 Apesar da afirmativa de liberdade e igualdade entre todas as pessoas, na prática, esta premissa encontra-se longe de ser a realidade da maioria da população mundial, a qual ainda vive sob diversas formas de exclusão, sem a garantia das condições de dignidade inerentes à pessoa humana. Pensando na garantia da igualdade e da dignidade entre todos, a mesma Declaração se desdobra em outros vinte e nove artigos, os quais contemplam os diferentes aspectos da vida humana e confere a eles o status de direitos universais. O artigo 27 é dedicado à cultura e enuncia: I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios. II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. (BRASIL, 2010). Os Direitos Humanos são universais, no entanto, a violação de um direito significa a violação do todo indivisível. Conclui-se, conforme enfatiza Santos (1997), que “temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza”. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades. Considera-se que a legislação brasileira para a pessoa com deficiência é uma das mais avançadas do mundo. Todas as diretrizes, definições e os detalhamentos das condições de acessibilidade, os quais já constavam do marco legal brasileiro até 2008, foram elevados à equivalência de emenda constitucional com a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, com especificidades destinadas às pessoas com deficiência, que foi elaborada de 2002 a 2006, quando passou a ser adotada pela ONU. A não observância da acessibilidade (um direito) significa ato de discriminação contra as pessoas com deficiência, pois caracteriza a existência de barreiras que limitam sua capacidade de participação em bases iguais às demais pessoas. (PAULA; MAIOR, 2008). Pretende-se destacar a importância do direito de acesso à cultura, corroborado por Cohen, Duarte e Brasileiro (2012): Assumir o compromisso com a democratização da cultura significa também pensar em uma multidisciplinaridade na qual a questão da acessibilidade 11 deve estar necessariamente inserida. Trata-se de garantir um direito, que envolve o TER ACESSO, o PERCORRER, o VER, o OUVIR, o TOCAR e o SENTIR os bens culturais produzidos pela sociedade através dos tempos e disponibilizados para toda a comunidade. (COHEN; DUARTE; BRASILEIRO, 2012, p. 22). 3 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA Há uma tendência em juntar o conceito de deficiência ao de incapacidade, desencadeando o indeferimento de debates legítimos, como também medidas inadequadas por parte das autoridades e órgãos interessados. A conceituação adequada, segundo preconiza a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, não prende a incapacidade à deficiência como limitação genérica, porque nem toda deficiência resulta em limitação de capacidade nem em problemas de desempenho, assim como a deficiência poderá comprometer tão somente função específica, preservando a realização de outras. Logo, não é porque existe alguma incapacidade que a pessoa deve ser rotulada genericamente de incapaz. Assim, o conceito de deficiência deve ser compreendido como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade ou capacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano, levando-se em conta que a incapacidade é restrita a determinada atividade (andar, ver, ouvir, falar, desempenho intelectual), o que não significa incapacidade genérica. É o que consta do art. 5o , § 1o , I, do Decreto n. 5.296/2004 ao considerar como “pessoa portadora de deficiência”, “a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas categorias” de deficiências física, auditiva, visual, mental e múltipla. 4 AUDIODESCRIÇÃO 12 A audiodescrição é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro e programas de televisão. No Brasil, segundo dados do IBGE, existem aproximadamente 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial, que encontram-se excluídos da experiência audiovisual e cênica. O recurso consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que compreendemos visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como, por exemplo, expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela. A audiodescrição permite que o usuário receba a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando que a pessoa desfrute integralmente da obra, seguindo a trama e captando a subjetividade da narrativa, da mesma forma que alguém que enxerga. A primeira vez que a audiodescrição apareceu formalmente descrita como tal, foi na tese de pós-graduação “Master of Arts”, apresentada na Universidade de São Francisco pelo norte-americano Gregory Frazier, em 1975. Uma série de estudos começaram a ser feitos e os resultados favoráveis que foram sendo comprovados nessas primeiras experiências fizeram com que a técnica se desenvolvesse em teatros, museus e cinemas dos Estados Unidos durante a década de 80. O encontro de Frazier com August Copolla facilitou a divulgação da audiodescrição pela América do Norte. 5 AS ORIGENS DO TEATRO Segundo a Enciclopédia Britannica (1990, vol. 28), a palavra teatro deriva do grego theaomai: olhar com atenção, perceber, contemplar. Theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto. 13 O teatro, mais do que ser um local público onde se vê, é o lugar condensado da vivência das ambiguidades e paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido. Existem várias teorias sobre a origem do teatro, pois existem poucas evidências e mais especulações. Uma hipótese é de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos. Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80.000 anos antes de Cristo. A consolidação do teatro, na Grécia Antiga, deu-se em função das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A cada nova safra de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao deus, através de procissões. Com o passar do tempo, essas procissões, conhecidas como "Ditirambos", foram ficando cada vez mais elaboradas, e surgiram os "diretores de coro", os organizadores de procissões. Os participantes cantavam, dançavam e apresentavam diversas cenas das peripécias de Dionísio. O primeiro diretor de coro foi Téspis, que foi convidado pelo tirano Pisístrato para dirigir a procissão de Atenas. Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar, pois em razão do grande número de participantes era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O coro era composto pelos narradores da história, que através de representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e a plateia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um tablado para responder ao coro, logo em seguida Téspis se passou por Dionísio, fingindo que o espírito de Dionísio havia adentrado seu corpo, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro. Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se o primeiro ator grego. 6 O TEATRO DOS SENTIDOS 14 6.1 O que é O Teatro dos Sentidos é uma nova técnica de encenação feita especialmente para uma plateia de deficientes visuais ou para um público com olhos vendados. Esta modalidade de teatro é caracterizada pela utilização de textos particularmente adaptados, resultando na máxima estimulação dos sentidos remanescentes (audição, olfato, paladar e tato), suprimindo a visão. O espectador experimenta uma enorme riqueza de sensações e compreende totalmente a história encenada. É teatro para não ser visto, ou para ser “visto” de outra maneira. A imagem do que ocorre é fruto da criação interna e pessoal de cada espectador. A fantasia é estimulada pelos outros sentidos. De acordo com o Projeto Teatro dos Sentidos de Paula Wenke personagens narradores são criados para gerar uma comunicação direta com a plateia. Em tempo presente, eles têm a função de descrever o que não pode ser visto em tempo real ou o que não pode ser adaptado para a cena. Também estimulam o envolvimento do público provocando suspense, dúvida, emoções. No espetáculo são experimentados sabores, são utilizadas essências que provocam odores, instrumentos musicais cujo timbre e ritmo reforçam os tons dramáticos, uma extensa trilha de efeitos sonoros extraídos de CDs especializados e ainda outras surpresas que tocam, literalmente, o espectador. Nas peças teatrais há a Mesa dos Provocadores que é fundamental para execução e iniciação do espetáculo exercendo e inserindo a apreciação do comportamento e dos sentidos humanos: o paladar através da degustação, experimentação de alguns alimentos oferecidos durante a apresentação, o olfato, o tato, a audição. Todos esses sentidos são trabalhados e apreciados durante um espetáculo teatral. A música está presente durante todo tempo nas apresentações. O Teatro dos Sentidos é um aprendizado necessário para que as pessoas desenvolvam a intuição, a imaginação e o raciocínio lógico. Acalma a mente, relaxando o corpo humano e inserindo novos sentimentos, emoções e modo de enxergar o mundo ao seu redor de forma crítica e construtiva. 15 Considero o Teatro dos Sentidos impactante, não apenas pelo cunho inovador, mas pelo que representa para o espectador que, nesta modalidade de teatro, toca o texto através da percepção dos sentidos. Presenciei a forte emoção de uma criança cega ao ser surpreendida pelo delicado contato com os cabelos (então descritos no texto) da personagem. Observei, do mesmo modo, a inserção de uma criança não deficiente, de olhos vendados, ao universo dos que não enxergam: é a referência da vida através dos sentidos aguçados pela impossibilidade visual. Certamente, é um raro momento de descobertas para um mundo que existe além do olhar. Viva o Teatro dos Sentidos! 1 6.2 Como surgiu A carioca Paula Wenke, graduada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB) e licenciada pelo MEC (Ministério da Educação) para formar atores, dirige teatro e outras mídias. Além destas funções é locutora, e também poetisa; foi ela quem iniciou o projeto. Segundo a autora desta metodologia, habitante de Brasília desde os 11 anos de idade, quando da sua volta ao Rio de Janeiro sua cidade natal ao passear pelas orlas da Lagoa e das praias de Ipanema e Leblon, sentia-se privilegiada ao poder ver diariamente a paisagem de sua cidade natal. Durante essas caminhadas vinha a mente o fato de “alguns” habitarem a mesma cidade sem poderem contemplá-la por causa de alguma deficiência física. Neste ponto começava surgir o desejo de “emprestar” os olhos para quem já não os tinha mais, ou nunca os teve. Neste mesmo período, a Casa da Gávea, Centro Cultural onde a professora ministrava seu curso de Interpretação Teatral, realizava leituras dramatizadas todas ás segundasfeiras, após as suas aulas. Os textos eram lidos com forte interpretação, mas sem proposta de encenação. Paula assistia a quase todas, fazendo dessas leituras um exercício de direção: ouvia tudo de olhos fechados, visualizando e imaginando as cenas. Nesta mesma época, matriculou-se em seu curso, o aluno Carlos Ceasar, que por sua vez, ministrava cursos de contação de histórias, no Instituto Benjamin Constant, para deficientes visuais. 1 Depoimento da espectadora Sandra Castiel, obtido em uma entrevista realizada após o espetáculo do Teatro dos Sentidos. 16 A ideia de produzir espetáculos especialmente para cegos acabou surgindo dessa configuração de fatos. O contato físico e a convivência dessas pessoas videntes e não videntes trazem resultados positivos para todos os participantes. O Teatro dos Sentidos foi criado a partir da dificuldade do cego de perceber a dramaturgia e passou a ser uma facilidade para outros deficientes, idosos e outros grupos poderem ser inclusos na sociedade. 6.3 O teatro e a comunicação O Teatro dos Sentidos introduz um novo olhar artístico no mundo teatral, incluindo em seu repertório pessoas videntes que atuam como se não enxergassem levando a pessoa a pensar e sentir como alguém que não teve a oportunidade de ver as coisas reais, palpáveis, visíveis e também aquelas que têm beleza e requinte aos olhos humanos. Despertando o ser humano para uma nova leitura, compreensão e concepção de vida, através de novas experiências físicas, estéticas e teatrais de conhecimento e interpretação do próprio eu. O ser humano é estimulado a caminhar, pensar e agir como alguém que não enxerga, sendo assim é ensinado o conceito de alteridade em que uma pessoa se coloca no lugar do outro, aprendendo a respeitar as diferenças e a diversidade cultural, social e educacional se introduzindo em um novo estilo de atuação e interpretação teatral. O Teatro dos Sentidos introduz o desenvolvimento de novas emoções e sentimentos humanos percebidos por meio dos órgãos dos sentidos, a solidariedade está presente nesta técnica à inclusão educacional e social valorizando o ser humano portador de deficiência visual. O projeto busca desenvolver o sentimento de solidariedade na plateia, através de uma experiência lúdica e prazerosa que também promove a reflexão e desperta o desejo de mudar a nossa realidade social, já que os deficientes ainda lutam para garantir seus direitos básicos, mesmo tendo-os previstos pela Constituição. De acordo com o Censo 2010, feito pelo IBGE, o Brasil tem cerca de 45,6 milhões de deficientes, um percentual de 23,9%. A deficiência visual apresentou a maior ocorrência, afetando 18,8% da população brasileira. 17 As leis – como a Lei nº 7.853/89, considerada a mais inclusiva das Américas, por seu conteúdo –, que são garantidas pela Constituição Brasileira, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por outras organizações atuantes em estados e municípios, asseguram ao deficiente visual o direito a igualdade, de ir e vir, acessibilidade, transporte, dignidade, liberdade, acesso à informação, liberdade de expressão, trabalho e educação adequada, com o objetivo de integrá-lo a sociedade, dando a possibilidade de uma vida normal e saudável como todos os outros cidadãos. Entretanto, as coisas não funcionam como deveriam no Brasil. É preciso reconhecer que o cenário em que os deficientes vivem teve avanços e melhorias. Mas o governo ainda investe pouco para endossar os direitos dessa parcela da população que enfrenta diversos conflitos para se firmar na comunidade. Através de pesquisas promovidas pelo próprio projeto, a plateia passa a se mobilizar para encontrar uma maneira de agir em prol da inclusão dos deficientes e para garantir a eles uma vida digna. Repensando as atitudes como cidadãos, constrói-se um ambiente cada vez mais acessível e solidário. O projeto busca desenvolver o sentimento de solidariedade na plateia, através de uma experiência lúdica e prazerosa que também promove a reflexão e desperta o desejo de mudar a realidade social, já que os deficientes ainda lutam para garantir seus direitos básicos, mesmo tendo-os previstos pela Constituição. Achei muito legal a iniciativa de trazer essa peça para Belo Horizonte, pois atualmente é difícil encontrar peças que possam conscientizar as pessoas, ao mesmo tempo que acrescenta algo a mais na experiência de vida de cada um, podendo até mesmo influenciar e criar novas concepções de vida.2 6.4 O processo comunicacional do teatro O projeto mostra que é possível ter uma total percepção de uma peça teatral, desde que seus elementos estejam todos adaptados para o público alvo. Os 2 Depoimento da espectadora Alessandra Andrade, obtido em uma entrevista realizada após o espetáculo do Teatro dos Sentidos. 18 sentidos remanescentes, se bem estimulados, conseguem suprir a visão, que julgamos ser o sentido fundamental para a captação e compreensão do mundo. Sem o uso da visão, é preciso pensar na forma correta de fomentar todos os outros sentidos, de forma que fique claro o que está ocorrendo. A visão é uma facilidade para quem a tem, tornando-se cômodo e não necessário desenvolver de forma mais complexa os outros sentidos. Para quem tem baixa visão ou não enxerga, é preciso que os outros sentidos sejam estimulados para que se compreenda o mundo. Quando os “enxergantes” se colocam na posição de um deficiente visual, vê-se o quanto a visão pode ser substituída de forma a continuar compreendendo o mundo, de uma forma mais delicada e sutil. Segundo João Gomes Filho (2003), existem ações de percepção que, se usadas de forma correta, conseguem levar a informação de forma tão rápida e eficaz, por parte do público, quanto a visão. O fator da percepção visual está fundamentalmente ligado aos atributos relativos á capacidade, facilidade e rapidez desejáveis na captação, decodificação e compreensão da informação por parte do usuário-receptor, na relação deste com o signo e, secundariamente, também com o entorno no qual o signo deve estar se destacando. Tais atributos crescem em importância dependendo da categoria a que o signo pertencer e, naturalmente, do tipo e quantidade de elementos informacionais, do papel funcional do signo, assim como do repertório cultural do usuário (público) – receptor da mensagem. Ainda segundo Filho, na ergonomia é sempre conveniente pensar na adoção do fator tátil desde o início do projeto do signo quando ainda podem ser estudadas soluções como configurações anatômicas que possibilitem o usuário encontrar ou manusear determinadas funções sem a necessidade da visão; aplicação de texturas em elementos planos ou volumétricos que os caracterizem de tal maneira que o seu uso se faça sem olhá-lo e que, pelo simples contato ou pressão, o operador-usuário já os reconheça imediatamente, ou ainda, simplesmente pelo conforto no toque ou pega desses elementos. 19 7 CONCLUSÃO Os motivos existentes para que continue sendo feita essa inclusão à cultura de pessoas com deficiência é cada vez maior, pois dados estatísticos mostram o quão grande é o número de deficientes. Sendo então, necessária a adequação de fontes culturais – como teatros, filmes, exposições – para atender a esse público que tem o direito de ser inserido na sociedade. Com o Teatro dos Sentidos, percebe-se que o público cego tem interesse e capacidade de compreender qualquer espetáculo desde que ele seja adaptado para tal, possibilitando a inclusão de tais e colaborando para a sensibilidade do público não cego. Como conclusão, o Teatro dos Sentidos visa contribuir com a sociedade, acrescentando de forma significativa à valorização dos sentidos e dos deficientes de todos os gêneros, fazendo com que o mundo do outro seja observado e preocupando-se com o modo em que ele vive e é tratado, procurando uma sociedade unificada e com os direitos de todos os seus cidadãos atendidos. 20 REFERÊNCIAS BATESON, Gregory. Mente e Natureza. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2004. CARROLL, Thomas J. Cegueira: o que ela é, o que ela faz e como conviver com ela. São Paulo [s.n.] 1968. CENTENO, Maria. O conceito de comunicação na obra de Bateson. Universidade da Beira Interior, Portugal, 2009. COHEN, Regina; DUARTE, Cristiane; BRASILEIRO, Alice. Acessibilidade a Museus: Cadernos Museológicos. Brasília, DF, Ministério da Cultura, Instituto Brasileiro de Museus, 2012. FICHTER, Joseph. Sociologia. São Paulo: EPU, 1975. FILHO, João Gomes. Ergonomia do Objeto: Sistema Técnico de Leitura Ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora, 2004. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio Janeiro: Paz e Terra, 2002. GIDDENS, Anthony. Política, Sociologia e Teoria Social. Oeiras: Celta, 1998. GOMBRICH, Ernst. História da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Estética. Lisboa: Guimarães Editora, 1993. HENRIQUES, Marcio Simeone (Org.). Comunicação e Estratégias de Mobilização Social. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. HOUAISS, Antônio. O que é língua. São Paulo: Brasiliense, 1991. HOFFMANN, Sonia. Benefícios da Orientação e Mobilidade: estudo intercultural entre Brasil e Portugal. Benjamin Constant, Rio de Janeiro, ano 5, n.14, p.11-16, dez. 1999. IBGE. Censo demográfico 2000, Características gerais da população – Resultados da amostra. Rio de Janeiro, 2003, p. 60-82. LE COADIC, Yves François. A Ciência da Informação. Tradução de Maria Yêda F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996. MAIOR, Izabel de Loureiro. Deficiência sob a Ótica dos Direitos Humanos. Porto Alegre: Síntese, 2004. OLIVEIRA, Valdir de Castro. Comunicação, Identidade e Mobilização Social. Belo Horizonte, 2003. 21 PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1977. PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. São Paulo: Brasiliense, 1998. PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas. História da Arte. Porto: Porto Editora, 2006. QUEIROZ, Marco Antonio de. Como designar pessoas que têm deficiência? Rio de Janeiro: Bengala Legal, 2009. Disponível em: <http://www.bengalalegal.com/pessoas-com-deficiencia> Acesso em: 26 maio. 2015. SANTOS, José Milton. Comunicação e Mobilização Social. TORO, José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. UNESCO. Roteiro para a Educação Artística. Lisboa: Touch, 2006. 22