António Ramalho HISTÓRIA CLÍNICA OFTALMOLOGICA I - MOTIVO DA CONSULTA A - ALTERAÇÖES DA VISÄO a) Duraçäo e evoluçäo (Como notou) b) Entre os 2 olhos c) Visão turva ou baixa visão d) Permanente ou transitória (amaurose fugaz) • • • • • • • • • • Sensação fadiga visual (dificuldade em ter atenção ou cefaleias supra-orbitárias ao fim do dia – Pode traduzir uma Insuficiência convergência. Miodesópsias e fosfenos (Podem traduzir um descolamento do vítreo, rasgaduras da retina e/ou descolamento da retina) Hemeralopia (Dificuldade de visão na transição dum meio com boa luminosidade para má luminosidade – Pode traduzir o principal sinal de Retinopatia pigmentar) fotópsias metamorfópsias diplopia visäo das cores adaptaçäo ao escuro halos corados cegueira B ) ANOMALIA DO CAMPO VISUAL • • Escotoma central ou centrocecal (uma mancha escura – escotoma central relativo ou uma mancha completamente negra-escotoma absoluto). Amputação do campo visual periférico (monocular – por lesão retiniana ou do nervo óptico e binocular – por lesão neurológica). C) DOR OU DESCONFORTO AO REDOR DOS OLHOS SUPERCIAIS • Mínima (sensação grãos de areia – evoca uma conjuntivite simples) • Intensa, com fotofobia e blefaroespasmo – evocam uma úlcera da córnea PROFUNDAS • Moderada – evoca uma inflamação intraocular • Intensa – irradiando no território do trigémio – glaucoma agudo Cefaleias tipo como principiou relaçäo com o esforço visual ou com as pulsaçöes cardíacas duraçäo sintomas associados 1 António Ramalho C) SECREÇÄO ANORMAL - Tipo (mucosa, purulenta ou mucopurulenta e serosa) - Quantidade Lacrimejo epífora olhos secos D) ASPECTO DAS PALPEBRAS, ORBITAS OU GLOBOS OCULARES Cor, edema, massas, deslocamentos E) DIPLOPIA E VERTIGENS a) DIPLOPIA: - Data de aparecimento - Constante ou inconstante - Relaçäo com a posiçäo do olhar - Nas posiçöes diagnosticas do olhar - Mono ou binocular. b) VERTIGENS: por vezes dificuldade na focagem. Alteraçöes bruscas da posiçäo do corpo ou cabeça. II - DOENÇA ACTUAL Descriçäo dos sintomas por ordem de aparecimento, caracterizados segundo: • a duração • localização • intensidade • irradiação • factores agravantes ou atenuantes • Sinais e sintomas associados • Início súbito ou gradual • Tratamento prévios e resultados (Melhoria espontânea ou com tratamento) Situaçäo actual (melhor, pior, estacionário) Evoluçäo (recidivas, frequência de recidivas) Fotografias antigas (alt. da motilidade, proptose, ptose, paralisia facial, anisocória). Gravidade atribuída a atitude psicológica do doente Correlaçäo com patologia sistémica. HISTORIA DA ORBITA: • Modo de início • Velocidade de progressão • Duraçäo da anomalia. • Progressäo contínua ou com flutuaçöes tumefacçöes ou nódulos, proptose (pulsátil, aumenta com as manobras de Valsalva, limitaçäo dos movimentos oculares) inflamaçäo, crepitaçäo, equimoses assimetria facial retracçäo palpebral, lagoftalmia, edema da pálpebra ou conjuntiva . 2 António Ramalho diferença entre enoftalmia e exoftalmia do lado oposto Sintomas sistémicos associados (diminuiçäo da visäo, diplopia) traumatismo recente ou antigo HISTORIA DA PALPEBRA: PTOSE - fotografias antigas - congénita ou adquirida variaçäo diária diplopia associada traumatismo (antigo, recente, cirúrgico) massas palpáveis, duraçäo, modo de crescimento, sinais inflamatórios associados comportamento com os movimentos do maxilar inferior HISTORIA DO APARELHO LACRIMAL Secura ocular Obstrucçäo da drenagem Excesso de produçäo lacrimal Inflamaçäo Secreçäo anormal (tipo e quantidade) HISTORIA DO ESTRABISMO: 1) QUANDO COMEÇOU A ENTORTAR ? - aparecimento - súbito, gradual . - factores desencadeantes- traumatismos, convulsöes, emoçöes - tempo decorrido entre o desvio e o início do tratamento - prognóstico . 2) EVOLUÇÄO - constante, variável, intermitente - depende da fadiga, emoçoes ou esforço visual . - desvio maior de manha ou de tarde, perto ou longe - é sempre o mesmo olho que entorta? ou alterna ? - no início fechava o olho - há torticolis ou posiçäo anómala da cabeça - frequência no espaço (para perto, para longe, apenas em determinadas posiçöes do olhar, monocular ou binocular) - tratamento que já fez e resultados - antecedentes oculares e sistémicos - antecedentes familiares - colaboraçäo familiar HISTORIA DA CATARATA : - baixa de visäo (congénita, súbita, progressiva) - traumatismos (radiaçöes ionizantes, choques eléctricos, calor, corpos estranhos intraoculares (ferro, cobre), traumatismos mecânicos). - uso de colírio com corticóides ou miópico forte . - drogas sistémicas (corticóides, cloropromazina, anticolinesterásicos) . - doenças da pele (eczema) . - doenças oculares prévias (uveítes, descolamento da retina, glaucoma, retinite pigmentar, corioretinite, tumores intraoculares) - uso de óculos (alta miopia) - diabetes, hipoparatiroidismo 3 António Ramalho IV - ANTECEDENTES PESSOAIS SISTÉMICOS A gravidez da mäe decorreu sem alteraçöes - gravidez (viroses, avitaminose, RX) - Parto - peso ao nascer. - doenças congénitas - Entre as doenças da infância refere......... - Estado geral de saúde - Principais doenças médicas ou cirúrgicas (internamentos e cirurgias anteriores), relacionadas com a visäo (diabetes, HTA, patologias da tiróide, alterações vasculares, tuberculose, tumor, doenças infecciosas, doenças neurológicas, doenças pulmonares, cardíacas, renais, gastrointestinais, pele, colagénio e endócrinas) . - ambiente social, hábitos pessoais (locais onde viveu, dieta, ocupaçöes anteriores, hábitos tabágicos e alcoólicos). - terapêutica seguida e ou em curso - medicamentos ingeridos regularmente (corticóides, antibióticos, tranquilizantes, narcóticos, anticonvulsivante, antireumatismais) . V - ANTECEDENTES PESSOAIS OFTALMOLOGICOS - uso anterior de óculos (para perto e para longe) . Há quanto tempo e uso actual. - uso de lentes de contacto.Nega episódios anteriores de diplopia transitória . - diplopia anterior transitória (possíveis alteraçöes do balanço binocular em forias descompensadas) . - perdas transitórias de visäo - perturbaçöes do campo visual - crises anteriores de olhos vermelhos (frequência e duraçäo) . - traumatismos oculares e periorbitários - sinais prodrómicos de glaucoma (visäo turva, halos corados) . - sinais prodrómicos de tracçäo vítreo-retiniana (flash luminoso) . - metamorfópsias - hospitalizaçäo e cirurgia oftalmológica anterior - terapêuticas oftalmológicas anteriores - oclusäo de 1 olho na infância VI - ANTECEDENTES FAMILIARES SISTÉMICOS Causa de morte de pais e irmäos. Patologias familiares que se relacionam com patologia oftalmológica Nega a existência na família de Hta, diabetes, T.P., sifílis, alergias, doenças hereditárias, rubéola. VII - ANTECEDENTES FAMILIARES OFTALMOLOGICOS Pesquisa e existência de casos familiares com glaucoma, estrabismo, ambliopias e forias, vícios de refracçäo (quais), descolamento da retina, maculopatias, cegueira nocturna ou de causa näo esclarecida.Cataratas, daltonismo, intervençöes cirúrgicas oftalmológicas. X - EXAME OBJECTIVO OFTALMOLOGICO 1) Acuidade visual e estudo da refracçao Lentes que usa e acuidades visuais....... para longe OD....../10 na escala.........para longe OE decimal.Lentes que usa para perto........Na escala lê....... ESQUIASCOPIA - com retinoscópio de franja. O reflexo retiniano na pupila do OD neutraliza com uma lente esférica de .....D, no meridiano. Idem no OE. 4 António Ramalho AVALIAÇÄO SUBJECTIVA E AFINAÇÄO COM CILINDRO CRUZADO E TESTE DO DUOCROMO E ACUIDADES VISUAIS CORRESPONDENTES: OD ................... /10 NA ESCALA DECIMAL OE.................... Para perto, com adiçäo de ...D, lê os caracteres da linha...... da escala de Parinaud, fornecida a 33 cm . DISTÅNCIA INTERPUPILAR - para longe e para perto. 2) Estudo da visäo binocular e do equilibrio oculomotor - acuidade visual binocular , com correcçäo óptica actualizada de ............./10 - ponto próximo de convergência ( 6-8 cm) - olho dominante para longe e para perto - ponto próximo de acomodaçäo - ângulo kapa ( Hirschberg , com luz a 30 cm ) - Cover test, para longe e para perto, sem e com correcçäo - Cover test com prismas, para longe e para perto, com e sem correcçäo. - Visäo estereoscópica - Fly test titmus. Nistagmo - caracterizar e verificar o bloqueio. A A.V. mede-se com penalizaçäo de + 10D no olho näo testado. 3) VISÄO CROMATICA, com tabela de Ishiara. 4)EXAME OCULAR EXTERNO GLOBO OCULAROlho direito e esquerdo de configuraçäo e dimensöes normais, bem implantados nas órbitas, sem desvios aparentes em relaçäo aos eixos de orientaçäo e em relaçäo à base da órbita (em observaçäo sumária). Rebordos orbitários de contornos regulares. Supra-cilios sem alteraçöes da implantaçäo dos cílios. Exoftalmometria. Á observaçäo com luz difusa mostra reflexos corneanos sem distorçöes . PALPEBRASPosiçäo, configuraçäo, textura e consistência da pele normais Sulcos palpebrais superiores sem alteraçöes. Fenda palpebral de dimensäo e configuraçäo normal e simétrica Rebordos palpebrais acompanhando regularmente a curvatura anterior dos globos oculares. Boa tonicidade palpebral, com acçäo do orbicular ODE normal com encerramento completo da fenda palpebral. Boa amplitude de elevaçäo e simétrica da palpebra superior. Á palpaçäo näo se detectam nódulos ou outras irregularidades Os cílios estäo correctamente orientados e implantados numa mesma linha. Normal frequência de pestanejo. Sem inversäo ou eversäo dos rebordos palpebrais. Näo há alteraçäo dos pontos de secreçäo das glândulas de Meibomius, nem sinais inflamatórios. APARELHO LACRIMALNäo há aumento de volume, nem sinais inflamatórios regionais. 5 António Ramalho As vias lacrimais excretoras apresentam uma colocaçäo normal dos pontos lacrimais superior e inferiores. A regiäo correspondente ao saco lacrimal näo mostra sinais de tumefacçäo, nem outras alteraçöes (nomeadamente inflamatórias), sendo a palpaçäo e expressäo indolores e näo provocando o aparecimento de exsudados ao nivel dos pontos lacrimais. Teste de Schirmmer 1, basal e 2. A Irrigaçäo das vias lacrimais revelou uma permeabilidade normal e bilateral. MOTILIDADE OCULAR Ducçöes nas 9 posiçöes do olhar de amplitude normal. Versöes normais e com concomitäncia em todas as posiçöes diagnósticas do olhar. Cover test directo para longe e para perto Cover test indirecto para longe e para perto. PUPILAS Rebordos pupilares redondos, regulares e isocóricos. Diâmetro pupilar com luz ambiente de ---- mm. Área pupilar livre e bem centrada. Reflexo fotomotor directo e consensual presentes e simétricos. Sinergismo entre miose, acomodaçäo e convergência presentes e de boa intensidade e simétricos. O reflexo de acomodaçäo covergência é aparente a 20 cm e simétrico. O reflexo do fundo ocular à esquiascopia tem um aspecto avermelhado. CAMPOS VISUAIS Dupla confrontaçäo simultânea.Campimetria Estudo CLïNICO DA FUNÇÄO RETINIANA Teste de visäo cromática Grelha de Amsler Fotostess Sensibilidade ao contraste EXAME å LÄMPADA DE FENDA -Palpebras e pestanas Superficíe externa apresentando uma pele laxa, seca, oleosa. Rebordo palpebral mantido, sem ectopias dos pontos lacrimais. Pestanas de direcçäo e implantaçäo normais. Eversäo palpebral não revela alteraçöes. -Conjuntiva As conjuntivas bulbares são transparentes e móveis sobre a episclera, permitindo a observaçäo das estruturas que lhe estäo subjacentes As pregas semilunares e carúnculas têm um aspecto normal. Näo há alteraçäo das conjuntivas tarsais superiores e inferiores. Näo se observam papilas ou folículos, alteraçäo da vascularizaçäo ou depósitos pigmentares ou a existência de corpos estranhos superficiais. Os fundo-de-saco conjuntivais estäo livres. Näo se observam secreçöes conjuntivais anómalas. 6 António Ramalho -Esclera Apresenta uma coloraçäo de porcelana, com vascularizaçäo normal da episclera e com uma superfície livre e uniforme. Á palpaçäo näo há alteraçäo sensível do oftalmotonus. -Cornea A observaçäo da córnea com luz difusa revela reflexos corneanos sem distorçäo. Á iluminaçäo focal, näo se notam alteraçöes no epitélio ou estruturas superficiais, ou qualquer tipo de opalescência. A espessura da córnea com L.F. inclinada a 60 graus é normal no ODE, com aspecto de paralelipípedo. O estudo do filme lacrimal pré-corneano, epitélio, estroma e endotélio corneano säo normais. Ao nível do limbo, há uma disposiçäo ordenada das ansas vasculares. A sensibilidade corneana pesquisada com um filamento de algodäo é normal no ODE. Näo há lesöes da córnea coráveis com papéis de fluoresceína, nem com Rosa de Bengala a 1%. BUT de....... e pestanejo completo. -Cämara anterior Sem alteraçöes. Opticamente vazia, sem sinais de Tyndall do aquoso. Não se observam preciupitados retrocorneanos. A profundidade da câmara anterior é de cerca de 3 vezes a espessura da córnea na regiäo central. A avaliaçäo sumária do ângulo da cämara anterior, com projecçäo da fenda do biomicroscópio e com uma inclinaçäo de 60 graus junto ao limbo, é igual a 1/2 da espessura da córnea. Ausência de hérnias do vítreo nos afáquicos Ausência de hifema ou hipopion. -IRIS De coloraçäo _____, uniforme e simétrica. Sem iridodoneses Posiçäo näo alterada em relaçäo às estruturas vizinhas Tamanho pupila ODE é de _____ A arquitectura e pigmentaçäo da íris säo normais. Ausência de sinéquias e neovasos. Näo se observam corpos estranhos, massas, iridodiálises -cristalino Normal transparência da sua estrutura (cor). Sem alteraçöes aparentes da forma e posiçäo. Opacidade - cap. anterior, cortical, nuclear, sub-capsular posterior . Não se observam sinéquias iridocristalinianas. Pigmentações sobre a cápsula anterior do cristalino. Oftalmoscopia directaReflexo avermelhado do fundo ocular. Papilas rosadas, de bordos bem delimitados Escavaçäo_____.Coloraçäo retiniana rosa-alaranjada, uniforme e sem pigmentaçäo anómala.Vasos sanguíneos sem alteraçöes(relaçäo A-V) .Sem exsudados ou hemorragias. Reflexo foveolar sem alteraçöes. 7 António Ramalho Tonometria de aplanaçäo com um Tonometro de Goldmann 3 mediçöes em cada olho . Gonioscopia Grau de abertura do ângulo Näo se observam pigmentaçöes anómalas, neovasos ou goniosinéquias. Configuraçäo do ângulo depende da (local de inserçäo da íris, ângulo de inserçäo da íris) . Dilataçäo da pupila Efectuámos uma midríase para o estudo do segmento posterior com........................... As pupilas dilataram bem e uniformemente, confirmando-se a inexistência de sinéquias. A observaçäo do cristalino confirma os dados já referidos. O vítreo é homogéneo, näo apresentando alteraçöes na sua estrutura, transparência e motilidade. Näo se observou descomaento posterior do vítreo. Polo posterior - Papilas de forma ligeiramente oval, de eixo maior vertical, contornos bem definidos, cor rosada, emergência normal dos vasos e com pulso venosos espontâneo. Escavaçäo papilar de tamanho e forma normais, cujo diâmetro näo ultrapassa 0,3 em relaçäo ao diâmetro da papila. Vasos arteriais de trajecto, brilho e calibre normais. Näo se detectam embainhamentos ou sinais de esclerose da parede arterial. Näo se visualizam embolos ou interrupçäo do trajecto. Veias de calibre normal, sem engurgitamento venoso, sendo a relaçäo arterio-venosa normal (2/3). Näo há dilataçöes saculiformes.Nos cruzamentos arterio-venosos, o trajecto da veia está obscurecido numa pequena extensäo, näo se notando dilataçäo venosa, nem desvio nítido do trajecto da veia O fundo ocular, entre os vasos, apresenta uma coloraçäo vermelho alaranjada, uniforme, näo permitindo a visualizaçäo dos vasos coróideus. Näo se observam zonas de edema, hemorragias ou exsudados, fibrose, membranas vítreoretinianas ou zonas de tracçäo vítreoretinianas. Ausência de pigmentaçäo anormais ou drusens. A regiäo macular tem uma coloraçäo mais escura do que a restante retina envolvente, havendo um reflexo luminoso central normal, sem distorçäo da rede capilar perifoveolar. A retina periférica näo apresenta degenerescências retinianas, retinosquisis ou rasgaduras da retina. 8