APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE QUATRO A SEIS ANOS COM SÍNDROME DE DOWN EM UMA ESCOLA ESPECIAL LEITE, Déborah Alenski** – PUCPR [email protected] BAPTISTA, Neusa Maria Gomide** - PUCPR Resumo A presente pesquisa é sobre a aprendizagem da criança de quatro a seis anos com Síndrome de Down (SD) em uma escola de educação especial. Tem como objetivo investigar a aprendizagem de tais crianças, tendo em vista seu processo de inclusão escolar. Sabendo que a Síndrome de Down é um tipo clínico de deficiência mental e que crianças, entre quatro a seis anos de idade, apresentam uma larga abrangência de desenvolvimento, pergunta-se: Como se dá a aprendizagem em crianças com Síndrome de Down, na idade de quatro a seis anos, em uma escola de educação especial? A pesquisa é de abordagem qualitativa e foi realizada por meio de observações, análise documental e questionário com professores e outros profissionais. Por anos, muitos educadores acreditavam que pessoas com SD não fossem realmente capazes de aprender a ler e escrever ou realizar raciocínios matemáticos. Uma vez que esta era a expectativa, poucas oportunidades lhes eram dadas para desenvolver estas habilidades. À medida que crescia o investimento nos alunos com SD, cresceram os níveis de funcionamento e se elevaram as expectativas.A partir do momento em que ensinar crianças com SD academicamente ficou mais comum, começamos a aprender como crianças com SD aprendem. Os autores que contribuíram para a análise foram: Werneck (1995), Mazzotta (1982), Mantoan (1997), Fonseca (1991/1995), Carvalho (2000), Marconi (2002), Brasil: Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (1999), Brasil: Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (1998), Brasil: Lei nº 9.394/96, Brasil: Parâmetros Curriculares Nacionais (1999). Alguns resultados: a criança com SD precisa de muitos estímulos visuais e concretos, que façam parte do cotidiano; atividades adequadas à criança, que envolvam prazer e sucesso; elaboração de um programa que vá de encontro às necessidades educativas da criança. Palavras-chave: Criança com síndrome de down; Aprendizagem *Aluna do curso de graduação de Pedagogia ** Professora Mestre do curso de graduação de Pedagogia - Orientadora 2825 INTRODUÇÃO O propósito deste trabalho de conclusão de curso é entender como ocorre a aprendizagem da criança de quatro a seis anos com Síndrome de Down, tendo em vista seu processo de inclusão escolar; investigando autores e documentos que possam dar suporte teórico ao trabalho de conclusão de curso; descrevendo procedimentos utilizados por professores em sua prática pedagógica, para a aprendizagem da criança de quatro a seis anos de idade, que apresentam Síndrome de Down; relatando a concepção de professores sobre a aprendizagem de tais crianças e analisando instrumentos a partir do referencial teórico. Tendo em vista que a Síndrome de Down é um tipo clínico de deficiência mental e que crianças, entre quatro a seis anos de idade, apresentam uma larga abrangência de desenvolvimento, pergunta-se: Como se dá a aprendizagem em crianças com Síndrome de Down, na idade de quatro a seis anos, em uma escola de educação especial? Devido a uma grande carência de profissionais habilitados para atender crianças com necessidades educativas especiais, faz-se necessário estudar o desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down, para que compreendamos como é seu desenvolvimento, pois sabe-se que são crianças capazes de realizar as mesmas coisas que as outras crianças mesmo com limitações físicas e intelectuais que podem ser modificadas através de estimulação precoce. Sabendo que a aprendizagem de atividades em crianças exige prática e experiência, quanto mais trabalho, paciência, treinamento e um programa de estimulação precoce, mais rápido a criança com SD chegará ao seu potencial máximo. A pesquisa diz respeito ao processo de aprendizagem da criança de quatro a seis anos com Síndrome de Down (SD). Tem como objetivo investigar a aprendizagem de tais crianças tendo em vista seu processo de inclusão escolar. Durante muito tempo, as pessoas com Síndrome de Down (SD) foram privadas de experiências fundamentais para o seu desenvolvimento, pois não se acreditava que eram capazes. Segundo Carvalho (2000, p.31) fica evidente a fraca expressão política da educação especial, provavelmente porque, no imaginário social, essas pessoas estão como “impedidas” ao pleno exercício da cidadania, por suas limitações. Através de informações a respeito desse assunto, percebeu-se que a partir dos anos setenta, já se estudava uma maneira de conduzir a criança com Síndrome de Down a realizar tarefas que, para uma pessoa que não tem a Síndrome de Down é muito comum, e que quanto mais precocemente esta criança for estimulada a uma “terapia”, antes ela se aproximará do seu potencial máximo. Esses estudos são confirmados pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (1999, p.33) quando orienta no sentido de que “os trabalhos de intervenção da criança com síndrome de Down devem iniciar-se logo nos primeiros anos de vida” e, continua “os especialistas recomendam que essas crianças comecem a ser estimuladas logo nos primeiros meses de vida” (p. 65). Mesmo que a criança apresente necessidades especiais, é importante dizer que ela precisa ser constantemente motivada a alcançar seus objetivos, com a ajuda de um adulto, pais ou 2826 professores. Tendo em vista que a Síndrome de Down é um tipo clínico de deficiência mental e que crianças, entre quatro a seis anos de idade, apresentam uma larga abrangência de desenvolvimento, pergunta-se: Como se dá a aprendizagem em crianças com Síndrome de Down, na idade de quatro a seis anos, em uma escola de educação especial? Houve um grande interesse particular em estudar seu desenvolvimento na idade pré-escolar, pois percebe-se que são poucos os profissionais da área de educação que se interessam em estudar sobre crianças com necessidades educativas especiais. Devido a essa grande carência, fica evidente a escassez dos profissionais habilitados para atender tais problemas na rede oficial. Faz-se necessário para que compreendamos como é seu desenvolvimento, pois sabe-se que são crianças capazes de realizar as mesmas coisas que as outras crianças. Suas limitações físicas e intelectuais podem ser modificadas através de estimulação precoce. Sabendo que a aprendizagem de atividades em crianças exige prática e experiência, quanto mais trabalho, paciência, treinamento e um programa de estimulação precoce, mais rápido a criança com SD chegará ao seu potencial máximo. A família tem um papel muito importante para a criança. Se a criança tem SD, deve-se preparar a família para sua aceitação e procurar entender como essa criança aprende, o que torna mais fácil sua inclusão na sociedade e sua aprendizagem será mais eficaz. Isso se confirma quando Carvalho (2000, p.51) diz que “a participação da família é da maior relevância não só como fonte de informações e esclarecimentos, como para o processo decisório quanto ao atendimento educacional escolar recomendado”. O que é Síndrome de Down A síndrome de Down sempre fez parte da condição humana. Sua ocorrência é universal e ela está presente em todas as raças. Não é correto dizer que uma pessoa sofre de, é vítima de, padece ou é acometida por síndrome de Down. O correto seria dizer que a pessoa tem ou nasceu com síndrome de Down. A síndrome de Down também não é contagiosa. É a anomalia cromossômica mais comum, sendo registrada em 1 de cada 700 nascimentos. Não é uma doença nem um defeito. Por motivos ainda desconhecidos, um erro no desenvolvimento das células do embrião leva à formação de 47 cromossomos no lugar dos 46 que se formam normalmente. O material genético em excesso altera o desenvolvimento regular da criança. Este material extra se encontra localizado no par de cromossomos 21, daí o outro nome pelo qual é conhecida, Trissomia do 21. Para confirmar o diagnóstico de síndrome de Down deve ser feito um exame genético, 2827 chamado cariótipo. Estudos estimam que no total de crianças diagnosticadas como deficientes mentais, no primeiro ano de vida há uma proporção de 40 -50% com a Síndrome de Down. Os educadores têm se preocupado com os sintomas físicos da Síndrome de Down, se bem que eles tenham significação limitada quanto ao tratamento educacional. Concepção de criança A concepção de criança é uma “noção historicamente construída e conseqüentemente vem mudando ao longo do tempo, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma sociedade e época”, conforme Referencial Curricular para Educação Infantil (1998, p.22). Ainda, nesse documento, “a criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico” (p.22). É fundamental respeitar as características particulares de cada criança. Pela interação com o meio físico e social, elas vivenciam experiências e operam num contexto de conceitos, valores, idéias, objetos concretos e representações sobre os mais diversos temas presentes na sua vida cotidiana. A criança, de acordo com o referencial citado (1998, p.24), nessa faixa etária constata-se uma ampliação do repertório de gestos instrumentais, os quais contam com progressiva precisão, atos que exigem coordenação de vários segmentos motores e o ajuste a objetivos específicos, como recortar, colar, encaixar pequenas peças, entre outras coisas. Por isso, a criança é um ser social e que possui o “desejo” de estar próxima de pessoas sendo capaz de interagir e aprender com elas. Sabe-se que há um grande número de modelos experimentais de estratégias de aprendizagem, ainda que haja diferenças de modelos, todas convergem em dois pontos: 1) um grande número de alunos desmotivados, imaturos, com dificuldade na aprendizagem entre outros, 2) estes alunos podem aprender estratégias de aprendizagem o que vai os ajudar a abordar as tarefas com mais eficácia e eficiência, aumentando suas hipóteses de sucesso. Verifica-se que o enfoque reside no “campo aprender” e não em “o que aprende”. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.33) diz que o processo que permite a construção de aprendizagens significativas pelas crianças requer uma intensa atividade interna por parte delas. Nessa atividade, as crianças podem estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios, usando para isso os recursos de que dispõe. Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los, ampliá-los ou 2828 diferenciá-los em função de novas informações capacitando-as a realizar novas aprendizagens tornado-as significativas. Educação especial A Educação Especial baseia-se no fato de que, se estas crianças têm necessidades, qualidades e dificuldades diferentes, demandam um atendimento específico. Este tipo de educação pode ser aplicado em escolas especiais, em escolas regulares ou em casa. Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. A classificação de alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado, consta da referida Política e dá ênfase a portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla, portadores de condutas típicas e portadores de superdotação. Para os PCN’s de educação especial, esta tem sido atualmente definida no Brasil, segundo uma perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos. O objetivo em relação a essas crianças é evitar que se tornem incapacitadas. É considerada incapacitada a criança a quem são negadas oportunidades de brincar, aprender, trabalhar ou fazer as coisas que as crianças de sua idade devem fazer. Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar suas finalidades gerais. Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. A classificação de alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado, consta da referida Política e dá ênfase a portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla, portadores de condutas típicas e portadores de superdotação. Como a deficiência mental é uma das características das pessoas com SD, os PCN’s para educação especial (1999, p.26) diz que “a deficiência mental caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante por limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e 2829 trabalho”. Mas educação especial vai além da deficiência mental. Nos PCN’s para Educação Especial (1999, p.25), cita ainda a superdotação que significa notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e por fim capacidade psicomotora. Também se refere sobre condutas típicas, onde as “manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado”. Além disso há a deficiência auditiva que pode ser perda parcial ou total, congênita ou adquirida. Tal deficiência manifesta-se como surdez leve ou moderada (não impede o indivíduo de se expressar oralmente); surdez severa ou profunda (impede o indivíduo de entender, assim como adquirir, naturalmente, o código da língua oral). A incapacidade nas crianças deficientes pode ser, de início, quase imperceptível ou do tipo que envolve várias funções, determinando danos que se estendem pelo resto da vida. O objetivo em relação a essas crianças é evitar que se tornem incapacitadas. É considerada incapacitada a criança a quem são negadas oportunidades de brincar, aprender, trabalhar ou fazer as coisas que as crianças de sua idade devem fazer. Crianças consideradas excepcionais freqüentemente trazem problemas para os responsáveis por sua educação. A excepcionalidade pode acarretar obstáculos ao desenvolvimento do potencial máximo da criança. Os obstáculos que resultam da própria fonte onde a criança vivencia seus primeiros contatos – a família – são talvez os mais significativos como empecilhos ao seu pleno desenvolvimento.Werneck (1995 p.158) afirma que o portador de síndrome de Down tem apenas um ritmo de aprendizagem mais lento, embora as etapas ultrapassadas sejam as mesmas. O objetivo da educação especial é justamente acelerar esse processo que foi lentificado pela síndrome. A criança excepcional precisa ser encarada, antes de tudo, como uma criança e, como tal, trata-se de uma pessoa que atravessa etapas de desenvolvimento indicativas do seu nível de maturidade. Segundo a Lei nº 9.304/96, a educação especial não se insere na estrutura didática da educação básica, pois é tratada em um capítulo específico. Diz o artigo 58 que por educação especial entende-se a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Por necessidades especiais devem ser entendidas as deficiências que apresentam os alunos subdotados e as características próprias dos educandos superdotados. Para atender a essas necessidades especiais, os sistemas de ensino devem 2830 assegurar, entre outras condições: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos específicos; terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento especializado. Conforme consta no livro de Mazzotta (1982, p. 36-37), existe três tipos de deficiência mental. Deficientes mentais educáveis (aquele que adquire habilidade de leitura, escrita e cálculo a nível de alfabetização), deficientes mentais treináveis (provavelmente consigam adquirir habilidades de leitura, escrita e cálculo a nível de alfabetização) e deficientes mentais dependentes ou custodiais (tem sido desconsiderado do ponto de vista educacional, visto que serviços educacionais sejam insuficientes para o seu atendimento.Para atender a essas necessidades especiais, os sistemas de ensino devem assegurar, entre outras condições: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos específicos; terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento especializado. Concepção de aprendizagem Existem muitos conceitos de aprendizagem. Dentre eles, Fonseca (1991, p.42) afirma que “a aprendizagem visa à utilização ótima de todos os recursos do indivíduo, quer interiores, quer exteriores, no sentido de maximizar o seu potencial adaptativo”. Para que a criança com SD consiga chegar ao seu potencial máximo, Mantoan (1997, p.83) diz que toda a energia que mantém o aluno motivado e atento depende do significado da resposta procurada. A autora continua: “os processos metacognitivos ocorrem com mais freqüência e facilidade quando o ambiente acadêmico é cooperativo, rico em estímulos físicos e sociais”. Para Werneck (1995, p.164), os portadores de síndrome de Down têm capacidade para aprender, dependendo da estimulação recebida e da maturação de cada um. São estímulos que exigem uma resposta que pode ser motora (movimentos amplos e finos), verbal (linguagem oral), gráfica (escrita e desenho) etc e que poderá ser pobre pelas limitações que eles apresentam nas áreas psicomotora, da linguagem e cognitiva. A partir de muitas leituras e estudos, pensa-se que para que ocorra um melhor aprendizado da criança de quatro a seis anos com SD, é importante simplificar o ambiente de trabalho, bem como materiais, evitando distração da criança; dar instruções claras e precisas, pouco numerosas; começar com atividades que obtenham pouco tempo de execução, para ir aumentando 2831 aos poucos; trocar freqüentemente as atividades, para que a atenção se mantenha; felicitar cada sucesso, para motivar e conscientizar a criança que ela conseguiu através de seu esforço; utilizar material que processe informação simultânea e de imagens, pois assim, asseguramos que as crianças com SD recebem e compreendem. Também há um processo de aprendizagem pelo qual a criança passa. Tal processo apresenta cinco características: sensação (entrada dos estímulos), percepção (interpreta e organiza informações), armazenamento, resposta (uso das informações armazenadas) e filtro das informações. O professor deve ser motivador e acima de tudo acreditar no potencial da criança. Segundo Fonseca (1995, p. 76) há quatro estratégias fundamentais: mudar a perspectiva passiva e negativa da educação e reabilitação dos deficientes. Lutar pelos direitos humanos, pelo aumento da educabilidade individual e pelo aumento da produção social é uma experiência ativa e positiva; mudar os objetivos educacionais e reabilitativos através de novos programas e currículos de intervenção e de facilitação; mudar os meios de prevenção, identificação precoce e diagnóstico, visando à modificabilidade cognitiva e habilitativa do indivíduo deficiente; mudar as instituições, implementando progressivamente a integração dos deficientes, restituindo-os à comunidade. Fonseca (1995, p.77) diz que cada caso é um caso diferente e, conseqüentemente, requer um conhecimento diferenciado e intra-individual, algo que exige uma aceitação incondicional de que é possível verificar uma mudança estrutural no ato mental e na aprendizagem. O mesmo autor afirma que por efeitos da educação e da reabilitação precoces, podemos transformar o deficiente num ser autônomo, independente e capaz de aprendizagem (p.73). Metodologia A pesquisa teve abordagem qualitativa, onde Lüdke e André, (1986, p. 13) dizem que segundo Bogdan e Biklen “a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.” Os mesmos autores afirmam que na pesquisa qualitativa existem cinco características; a primeira diz o seguinte: A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. (Bogdan e Biklen. 1982, p. 11). A coleta de dados foi realizada através de observações em sala de aula, questionário para professores e profissionais que atendem crianças de quatro a seis anos com Síndrome de Down , pesquisa teórica e também foi utilizado o Projeto Político Pedagógico da 2832 escola para fazer análise documental. Para a observação e para análise do Projeto Político Pedagógico foram disponibilizados quatro dias. As observações foram realizadas em sala de aula. Foi observado o procedimento utilizado pelo professor, para que ocorra a aprendizagem da criança com Síndrome de Down. Para ser feita a análise documental, foi utilizado o Projeto Político Pedagógico, onde a riqueza de detalhes sobre a aprendizagem é grande. Já o uso do questionário se fez importante para que se pudesse ter a percepção de que os professores estejam em comum acordo com o Projeto Político Pedagógico e com o estudo da teoria realizado. A pesquisa foi realizada em uma escola de educação especial, localizada num bairro de classe média, na cidade de Curitiba, Paraná, na qual se desenvolve os Programas de Educação Infantil e Educação Escolar. Seu horário de funcionamento é: Turno da Manhã: 07:15 às 11:15 horas e Turno da Tarde: 13:15 às 17:15 horas. Atende crianças, adolescentes e adultos, com deficiência mental e múltipla deficiência, com idade cronológica de 0 a 12 anos para ingresso com proposta educacional fundamentada no paradigma contextual, tendo a Arte como princípio educativo. Na educação infantil são atendidas crianças na faixa etária de 0 a 6 anos e 11 meses, com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; com antecedentes pré, peri e neonatais que possam vir a determinar comprometimento em seu desenvolvimento motor, sensorial, cognitivo, emocional e de linguagem; clientela submetida a riscos ambientais por carência de experiências físicas e sociais favoráveis ao desenvolvimento; e a clientela de alto risco (crianças com probabilidade de virem a apresentar Deficiência). O Programa de Educação Infantil é desenvolvido por uma equipe multiprofissional, constituída por: coordenador de programa, professor especializado, pedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social, reeducador visual e atendente. A escola atende por níveis. Estimulação Precoce: de zero a três anos e onze meses e Educação Pré-Escolar: de quatro a seis anos e onze meses. Na escola há vários profissionais que trabalham, juntamente com o professor, para que a criança tenha um aprendizado significativo. A escola tem capacidade de atender 400 alunos, sendo que na educação infantil sua capacidade seja de 70 crianças. Atuam na escola, 168 profissionais. Dentre eles, vinte e cinco atendentes (auxiliar de sala de aula), três assistentes sociais, um coordenador de educação infantil, duas pessoas encarregadas da direção, onze fisioterapeutas, sete fonoaudiólogas, seis psicólogos, um, reeducador visual, três terapeutas ocupacionais, um musicoterapeuta, dois pedagogos, dois professores de artes, um professor de informática, um professor de música, um professor de educação física, vinte e um 2833 professores (salas de aula). Há outros profissionais como marceneiro, merendeira, estagiários e outros. Para esta pesquisa foram realizadas observações em sala de aula, questionário com professores e especialistas que trabalham com essas crianças: fonoaudiólogos e psicólogos. Também foi feita análise documental para que se possa comparar o que está na teoria com a prática aplicada pelos professores em sala de aula. Alguns Resultados... Com base nas observações feitas, foi possível perceber que a criança com Síndrome de Down, precisa de muitos estímulos visuais e concretos, que façam parte do cotidiano. Muitos autores afirmam que muitas crianças Down não progridem muito além do período operatório concreto, o que explicaria porque atividades altamente abstratas são difíceis ou impossíveis para elas. Isso se confirma quando Horstmeier (2004, p. 20) diz que “o uso de pistas visuais para o que está sendo explorado verbalmente, é benefício em qualquer idade”. Outro aspecto importante são atividades adequadas à criança, que envolvam prazer e sucesso. O autor citado (2004, p. 20), afirma que alunos que são pensadores concretos precisam de demonstrações e atividades manipulativas para quase tudo que aprendem.E continua (p. 21), crianças com Down precisam de atividades que tornem o processo real para eles. Foi observado, também, que é muito importante a elaboração de um programa que vá de encontro às necessidades educativas da criança. Horstmeier (2004, p. 31), confirma dizendo que “provavelmente serão necessárias algumas modificações no conteúdo que o aluno está aprendendo”. O autor (2004, p. 31) diz que há nove tipos de adaptações: 1tamanho: reduz o número de itens; 2tempo: aumentar o tempo; 3nível de suporte (apoio): provê mais assistência; 4input: modifica o modo que a instrução é dada ao aluno; 5dificuldade: torna os problemas mais fáceis; 6output: adapta como o aluno mostra sua aprendizagem; 7participação: o aluno participa em apenas parte da tarefa; 8alternância de objetivos (modificação dos objetivos da classe): o aluno tem objetivos menos complexos que o resto da turma; 9substituição de objetivos e currículo: o aluno tem atividades e instruções diferesntes para seus objetivos específicos. 2834 Referências BRASIL: Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. 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