Ação Pianística, Coordenação Motora e Tipos de Prática

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Ação Pianística, Coordenação Motora e Tipos de Prática
Maria Bernardete Castelan Póvoas1, Arilton Rodrigues Medeiros Junior 2
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Orientador, Departamento de Música - CEART.
Acadêmico(a) do Curso de Música – DMU - PROBIC/UDESC.
Palavras-chave: Coordenação Motora, Ação Pianística, Tipos de Prática.
Este resumo é resultado do trabalho de quatro meses, dedicados à revisão bibliográfica de abordagens
técnico-teóricas da área pianística e observações em aulas de um dos alunos do curso de bacharelado em
piano da UDESC. Faz parte da pesquisa Ação pianística, análise e coordenação motora - Aplicações
Interdisciplinares na organização da prática e desempenho musical. O objetivo deste trabalho foi levantar
aspectos da técnica instrumental e relacioná-los a referenciais teóricos interdisciplinares que discutem os
tipos de prática sob o ponto de vista da coordenação motora. A metodologia utilizada foi: - revisão
bibliográfica; - aplicação de conceitos na prática ao piano.
Tipos de Prática:
Sabemos que toda aprendizagem requer uma experiência prática e que esta inclui alguma
forma de repetição. Por essa razão, é de suma importância que o instrumentista conheça os tipos
de práticas físico-motoras a fim de auxiliá-lo no alcance de suas metas. O estudo do piano deve
estar relacionado a diferentes tipos e estratégias de trabalho de forma que o aprendiz/pianista e
orientador possam decidir qual a forma de prática(s) seria mais eficiente nos diversos estágios do
aprendizado pianístico.
Os tipos de prática são:
- Prática distribuída: Trata-se de uma maneira de prática em que o período de descanso entre as
tentativas ou grupos de tentativas é relativamente grande. Podemos relacionar este tipo de prática
com o estudo do piano. A prática distribuída equivale a um esquema de estudo diário baseado em
seções, onde o tempo de repouso entre o estudo de uma seção e outra é grande. Este tipo de
prática pode ser muito eficaz no início do estudo de uma nova peça, ou seja, de peças em
diferentes níveis de complexidade e, sobretudo, de nível avançado.
- Prática Maciça: É uma maneira de executar uma tarefa onde o intervalo de repouso entre as
tentativas ou grupo de tentativas é muito curto ou inexistente, tornando-a mais contínua. Este tipo
de prática tem mais efeito no momento em que a tarefa já está aprendida e que só necessitamos
aperfeiçoar. Pode ser considerada contínua e, na prática pianística, ocorre na execução de uma
peça musical inteira ou de grande parte dela.
- Prática Mental: É a recapitulação cognitiva de uma habilidade física na ausência de
movimentos físicos. Geralmente podemos imaginar que se está tocando algum trecho musical. A
prática mental ajuda na aquisição de habilidades e é considerada melhor do que a falta da prática.
“Em geral, os resultados das pesquisas mostram que a prática física é melhor que outras
condições. Entretanto, a prática mental normalmente é melhor do que a ausência de prática”.
(MAGILL p. 286, 2000).
- Prática Parcial: Quando temos uma passagem musical difícil de ser executada, podemos
utilizar a prática parcial que abrange outros três tipos: a Fracionalização, Segmentação e
Simplificação. A fracionalização é uma tarefa complexa na medida em que uma parte é praticada
separadamente de outras. Por exemplo, se pegarmos um trecho musical complexo e praticarmos
com mãos separadas ou tocar somente a voz mais aguda e o baixo. A segmentação é um tipo de
prática parcial na qual uma parte de uma habilidade é praticada por algum tempo e em seguida a
segunda parte é adicionada à primeira, e as duas são praticadas juntas. A simplificação é também
um tipo de prática parcial. Nela, o trecho musical pode ser reduzido de alguma maneira para uma
sólida compreensão, como aproximar distâncias. Um exemplo é a prática de um trecho musical
em que há saltos além de uma oitava; podemos reduzir a distância para a mesma nota ou para a
oitava mais próxima. A figura seguinte ilustra um trecho em que é possível aplicar o recurso da
simplificação por supressão da oitava superior. Ao início do treinamento as colcheias,
correspondentes as oitavas, podem ser tocadas sem deslocamento das mãos e depois com o
primeiro dedo pela mão direita e quarto ou quinto pela esquerda. O movimento segue no sentido
parabólico e paralelo (segmentos direito e esquerdo). Na Figura 1b seguinte (modelo a2) mostrase o trecho musical completo.
Figura 1a: Simplificação por redução de distâncias
com supressão de oitavas (PÓVOAS, 2008).
Fonte: Chopin (1996, p.37). Prelúdio 18 (compassos
[15]-[17]).
Figura 4: Trecho musical completo. Fonte: Chopin
(1996, p.37). Prelúdio 18 (compassos [15]-[17]).
No estudo do piano, a prática randômica pode ser usada no estudo de repertório que, na
maioria das vezes, é constituído de obras distintas tecnicamente e que possuem um grande
número de elementos a serem apreendidos. Estudar esses elementos de maneira variada torna o
estudo menos cansativo e permite que o estudante tenha mais foco na seção em que ele está
aprendendo, minimizando o número de repetições automáticas e passando a usar o aspecto
cognitivo para resolver as passagens musicais de maior complexidade. Segundo Schmidt &
Wrisberg (2010, p. 279) “[...] quando os participantes retomam o desempenho mais tarde em um
teste de retenção, aqueles que originalmente praticaram sob condições randômicas demonstraram
uma retenção superior se comparada à daqueles que praticaram sob condições em blocos”.
Referências:
Chopin, Fryderyk. Préludes. Munich: Henle Verlag, 1996.
MAGILL, Richard A.. Aprendizagem Motora: Conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 2000.
SCHMIDT, Richard; WRISBERG, Craig A.. Aprendizagem e Performance Motora: Uma
Abordagem da Aprendizagem Motora. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010
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