Janine K Abreu - TEDE

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JANINE KONESKI DE ABREU
O Diabo São os Outros - A Relação entre Crítico e Criticado em
Três Momentos Históricos do Teatro Brasileiro
FLORIANÓPOLIS, 2004
JANINE KONESKI DE ABREU
O Diabo São os Outros - A Relação entre Crítico e Criticado em
Três Momentos Históricos do Teatro Brasileiro
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do
Título de Mestre em Teatro no Curso de Pós-graduação em
Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.
Orientador: Prof. Dr. Edélcio Mostaço
FLORIANÓPOLIS, 2004
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................07
O Diabo São os Outros - A Relação entre Crítico e Criticado em .............. 1
O Diabo São os Outros - A Relação entre Crítico e Criticado em .............. 2
...................................................................................................................... 9
Capítulo 1.......................................................................................................... 9
1.1 A Palavra e a Encenação................................................................................................... 9
3.2. A Polêmica..................................................................................................................... 62
Bárbara Heliodora X Gerald Thomas..........................................................75
ANEXOS......................................................................................................... 86
Flávio Galvão........................................................................................................................ 91
A LEI..................................................................................................................................... 92
O ATO OBSCENO............................................................................................................... 93
QUESTÃO ÚNICA.............................................................................................................. 94
6.10. Entrevista com Armando Sérgio da Silva ................................................................. 129
6.11. Entrevista com Sábato Magaldi.............................................................................. 132
19)O que o senhor falaria de Décio de Almeida Prado como crítico teatral?139
6.12. Entrevista com Zé Celso..................................................................... 141
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 161
INTRODUÇÃO
Por cerca de dois anos trabalhei nas editorias de cultura dos jornais Diário Catarinense e A
Notícia, ambos de Santa Catarina. Durante este período pude perceber o descrédito dos artistas de
teatro para com a imprensa. A reclamação era quase generalizada sobre o espaço dado ao teatro nos
jornais. A imprensa, segundo os artistas, dava pouca atenção a esta forma de arte, mas o maior
problema era com a crítica teatral. Esta percepção se tornava mais estranha, já que naquela época
(1992) não havia críticos teatrais em Santa Catarina. Quase como algo atávico, os que lidavam com
o teatro reclamavam da crítica nacional, sendo que muitos daqueles nunca tinham tido seus
espetáculos analisados por críticos.
Desta forma, ao fazer minha monografia de especialização1 pesquisei qual a origem das
divergências que ocorriam entre artistas e críticos. O meu maior questionamento foi acerca das
razões do desentendimento entre os profissionais de teatro com relação ao trabalho realizado pela
crítica teatral. Percebi que o que havia, naquele momento, virado preconceito, pelo menos por parte
dos não-criticados, não podia ser analisado de forma geral. Sendo assim, neste trabalho busquei três
casos-modelo, com razões de conflitos diferenciados para buscar melhor compreender os
desentendimentos entre a classe teatral e a crítica de teatro. Os casos escolhidos foram: a saída de
Décio de Almeida Prado de sua função de crítico, em 1968, depois que artistas devolveram os
prêmios Saci em protesto à postura do jornal O Estado de S.Paulo em relação à censura; o embate
entre José Celso Martinez Corrêa e Sábato Magaldi devido à análise do crítico ao espetáculo
Gracias, Señor e o conflito entre Bárbara Heliodora e Gerald Thomas, após a primeira haver dito
que ele não era bom autor, em 1993.
Depois de pesquisar em jornais, revistas e livros sobre os conflitos, entrevistei os envolvidos
nos episódios. Sábato Magaldi e José Celso Martinez Corrêa foram entrevistados pessoalmente e
suas respostas foram gravadas, assim como a entrevista do professor Armando Sérgio da Silva,
entrevistado sobre o episódio envolvendo Sábato e José Celso por ter escrito um livro sobre o teatro
Oficina. Bárbara Heliodora e Gerald Thomas receberam as perguntas através de e-mail. Bárbara
respondeu desta mesma forma, Gerald Thomas optou por não responder. Para o caso de Décio de
Almeida Prado e os prêmios Saci foi necessário entrevistar Bárbara e Sábato pelo lado dos críticos e
José Celso e Augusto Boal pelos artistas.
1
A autora escreveu a monografia A Relação entre Críticos de Teatro e Realizadores Teatrais: um Embate de
Desejos como parte Integrante do Curso de Especialização em Teatro na UDESC.
A minha formação na área de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo – facilitou o
uso da técnica de entrevista oral e escrita dos personagens e participantes dos episódios aqui
pesquisados. A forma jornalística de reportar fatos também me foi útil para remontar os
acontecimentos. Também foi um hábito do ofício jornalístico o uso de citações para confirmar
informações.
No Capítulo 1, apresento os obstáculos para a relação de críticos e artistas. No item A
Palavra e a Encenação, argumento que a linguagem da crítica, escrita, é diferenciada e não atinge
toda a gama da linguagem encenada, dificultando ao artista ver na análise do espetáculo o reflexo
de seu trabalho. Em A Arte e A Indústria Cultural é mostrada a problemática em se discutir a arte
em um veículo comercial. Em um periódico voltado para o lucro, a análise da arte está restrita ao
que é conveniente comercialmente. Logo em seguida há o item Subjetividade versus Subjetividade,
que mostra a diferença da maneira de ver e entender o objeto artístico para cada indivíduo. Estas
diferenças de olhar, concluir-se-á, são na maior parte das vezes as responsáveis pelos conflitos.
Também está no Capítulo 1 a definição da crítica impressionista, utilizada como eixo central
deste trabalho. Nos três capítulos seguintes são analisados os casos escolhidos em ordem
cronológica. No capítulo 2 está o episódio envolvendo Décio de Almeida Prado e o prêmio Saci, no
capítulo 3 a polêmica entre Sábato Magaldi e José Celso Martinez Corrêa, e no capítulo 4 o
desentendimento entre Bárbara Heliodora e Gerald Thomas.
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