Nuno Taveira coord na trabalho p elado - FFUL

Propaganda
Prémios Pfizer 2012
Nuno Taveira coord na trabalho p e lado
O trabalho intitulado “Resistance to antibody neutraliza
tion in HIV-2 infection occurs in late stage disease and is
associated with X4 tropism”, publicado na revista AIOS,
foi distinguido com o prémio Pfizer em Investigação Clí
nica 2012. A ínvestigação coordenada por Nuno Taveira,
farmacêutico e investigador principal na Unidade dos Re
trovírus e Infecções Associadas do Centro de Patogénese
Molecular (CPM-URIA) da Faculdade de Farmácia da Uni
versidade de Usboa (FFUL), pode contribuir para o desen
volvimento de uma vacina para o VIH-2, podendo também
vir a ser útil no desenvolvimento de uma vacina para o
VlI-l-1 A equipa de investigação da FFUL desenvolveu um
trabalho na área do VlHfsida, focado nos mecanismos de
controlo individual da infecção por VIH-2, que, na maioria
dos casos, não carece de tratamento devido à acção de
anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo.
D estudo envolveu o seguimento de 28 doentes porta
dores do VIH-2 durante quatro anos, de forma a analisar
a evolução da resposta do organismo ao vírus, tendo-se
constatado que a doença progrediu em apenas quatro in
divíduos em que ocorreu dïminuiçào dos anticorpos neu
tralizantes do vírus. Nestes doentes apareceram vírus re
sistentes aos anticorpos que ganharam a capacidade de
infectar novas células. Descobriu-se que havia uma zona
do invólucro do vírus que era o alvo de acção dos anticor
pos neutralizantes e que se alterava com o contacto com
esses anticorpos. “O que estamos a fazer é ver se esta
mesma região do invólucro no VIH-2 também poderá ser
uma boa base para uma vacina contra o VlF-l-1”, explicou
Nuno Taveira.
“Este estudo permitiu identificar um dos alvos dos anti
corpos. O próximo passo será produzir em laboratório a
proteína que tenha esse efeito sobre o vírus e perceber se
tem o mesmo efeito no VIH-1, mais flexível e resistente”,
acrescentou o investigador. “Estamos no bom caminho”
para o desenvolvimento de uma nova vacina, pois “cada
.
ti
~
A companhia farmacêutica distinguiu o trabalho de
investiga çâo que tem vindo a ser desenvolvido pela equipa
do CPM-URIA na área do VIHISIDA
vez se sabe mais sobre o que é preciso estimular para que
o vírus não nos infecte”, disse ainda.
Instituído em 1955, o Prémio de Investigação Pfizer é
uma iniciativa desenvolvida em conjunto com a Sociedade
de Ciências Médicas de Lisboa (SCML). A cerimónia de en
trega dos prémios da edição de 2012, no valor de 20 mil
euros cada, decorreu a 28 de Novembro, na Faculdade de
Ciências Médicas de Lisboa.
A equipa de investigadores coordenada por Nuno Taveira
é composta por José Marcelino, do Instituto de Higiene
e Medicina Tropical, Helena Barroso, Alexandre Quintas,
Pedro Borrego e Carlos Familia, do Instituto Superior de
Ciências da Saúde Egas Moniz, Charlotta Nilsson, do Karo
linska lnstitutet, na Suécia, Francisco Antunes e Manuela
Doroana, do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital
de Santa Maria, e Fernando Maltez, do Serviço de Doen
ças Infecciosas do Hospital Curry Cabral.
NUNO TAVEIRA«
farmacêutico e investigador
do CPM-URIA
Revista da Ordem dos Farmacêuticos (ROF): Explique
-nos resumidamente o trabalho de investigação desen
volvido na Unidade dos Retrovirus e Infecções Associa-
das do Centro de Patogénese Molecular (CPM-URIA),
este ano premiado pela Pflzer?
Nuno Taveira @JT): O Prémio Pfi er, na ertente da In
4
vestigação Clínica, foi atribuido a um trabalho na área da
sida focado nos mecanismos de controlo individual da
infecção por VIH-2. O VIH-2 infecta actualmente cerca
de 2 milhões de pessoas em todo o mundo, principal
mente na Guiné-Bissau, Cabo Verde, Senegal, Gâmbia e
Costa do Marfim e parses que tiveram relações coloniais:
Portugal, França e Espanha.
Ao contrário do VLH-1, a maioria dos doentes com
VIH-2 consegue viver normalmente, mesmo sem trata
mento. Um conjunto de indivíduos infectados por VIH-2
foi seguido durante 4 anos de forma a analisar a evolu
ção da resposta em anticorpos neutralizantes contra o
vírus e a sua relação com o estado imunológico e pro
gressão da doença. Observot-se uma relação directa
entre os títulos em anticorpos neutralizantes e o núme
ro de células T CD4+ em ciÈculação. Nos individuos que
produziram níveis elevados de anticorpos neutralizan
tes, a doença não progrediu. A doença progrediu para
sida apenas em 4 indivíduos em que ocorreu diminuição
acentuada da resposta em anticorpos neutralizantes do
vírus. Nestes doentes apareceram vírus resistentes aos
anticorpos que ganharam a capacidade de se ligar a um
tipo diferente de co-receptores e assim infectar novas
células (vírus X4, que se ligam ao co-receptor CXCR4).
Descobriu-se ainda que havia uma zona do invólucro do
vírus que era o alvo preferencial de acção dos anticor
pos neutralizantes e que se alterava com o contacto
com esses anticorpos.
Este estudo é um contributo importante para o desen
volvimento de uma vacina para o VIH-2 e poderá tam
bém vir a ser útil no desenvolvimento de uma vacina para
o VIH-1
ROF: Estamos portanto cada vez mais perto de des
cobrir uma vacina para o VIH. O que falta para atingir
esse patamar e quanto tempo pensa que possa vir a
demorar?
NT: Estamos êfectivamente mais perto de descobrir
uma vacina contra o VIH. As vacinas eficazes contra as
infecções virais são aquelas que estimulam a produção
de anticorpos que neutralizam os vírus. Nos últimos
anos houve um progresso muito acentuado no conhe
cimento da resposta humoral neutralizante contra o
VIH-1 e contra o VlH-2. Foram identificados os princi
pais epítopos neutralizantes, existentes no invólucro
do VIH, ou seja, as regiões no invólucro que são o alvo
dos anticorpos neutralizantes. Esta descoberta tem
guiado os esforços de muitos investigadores em todo
o mundo na produção de um imunogénio (por exemplo,
uma proteína), que após vacinação estimule de forma
eficaz a produção de anticorpos neutralizantes contra
o VIH.
Há muitos compostos em ensaios clínicos neste mo
mento. Contudo, os resultados obtidos nos últimos
s&roF
necicrnL
tempos sugerem que ainda não estamos lá, ou seja,
de que ainda não se descobriu o imunogénio ideal que
será a base da vacina contra o VIH. Penso que ainda
teremos alguns anos de investigação pela frente para
se desenhar o imunogénio vacinal ideal, que serão se
guidos de alguns anos de ensaios clínicos.
ROF: Como é composta a equipa de investigação que
está coordenar e qual a importância da multidiscipli
nariedade neste trabalho e, muito particularmente, do
envolvimento de farmacêuticos?
NT: No meu laboratório há 6 farmacêuticos, 4 biólo
gos e 1 bioquímica que se especializou em imunologia.
Todos nos ajudamos mutuamente e todos contribuem
para a riqueza intelectual do grupo. Os farmacêuticos
têm maior sensibilidade para tudo o que seja relaciona
do com desenvolvimento e avaliação da actividade anti
viral de medicamentos ou anticorpos, in vivo e in vitro, e
são absolutamente indispensáveis na formulação de
géis microbicidas e outros produtos farmacêuticos que
viremos a testar no laboratório.
ROF: Que significado tem a atribuição deste prémio
da Pfizer e que efeitos podem dai advir?
NT: Os prémios Pflzer de lnve t gaçã (Básica e Clíni
ca) são os prémios mais antigos atribuidos em investi
gação e Portugal. São atribuidos pelos Laboratórios
Pfizer e pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa
há 56 anos. A competição pelos prémios Pfizer é muito
forte, pelo que a sua atribuição é motivo de grande re
gojizo e orgulho. O prémio Pfizer salienta a qualidade do
trabalho dos investigadores envolvidos e contribui mui
to para o reconhecimento público desse trabalho.
Nesta medida, o prémio Pflzer é um estimulo impor
tante para continuar a produzir trabalho científico de
elevada qualidade.
ROF: Quais são os próximos passos deste trabalho de
investigação?
NT; Pretendemos caracterizar a resposta em anticor
pos neutralizantes no início da infecção por VIH-2 e o
seu impacto na replicação do VIH-2. Pretendemos ainda
identificar as regiões no invólucro do vírus que são re
conhecidas pelos anticorpos neutraLizantes que se pro
duzem nas primeiras fases da infecção. Este trabalho é
essencial para a produção de uma vacina eficaz contra
o VIH-2. Prete demos ainda transpor o que fizemos e
o que aprendemos com o VIH-2 para o VIH-1, ou seja,
usar o VIH-2 como mod lo para uma vacina contra o
VIH-1 Neste sentido, estamos a investigar em ratinho
uma nova estratégia vacinal usando novos imunogé
nios que foi desenhada com base nos bons resultados
que previamente obtivemos com o VIH-2.
-
Investigação do CNC e da FFUC
Nanopartícula desenvolvida em Coimbra
patenteada nos EUA
Os EUA concederam a patente a uma nanopartícula de
nova geração destinada ao tratamento do cancro da
mama desenvolvida por um grupo de farmacêuticos e
investigadores do Centro de Neurociêncjas e Biologia
Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de
Coimbra. A nanopartícula agora patenteada previne os
efeitos secundários associados ã quimioterapia e, simul
taneamente, aumenta a eficácia terapêutica do trata
mento. A investigação contou com a colaboração do Ins
tituto Português de Oncologia de Coimbra, da Faculdade
de Farmácia da Universidade de Lisboa e da Faculdade
de Medicina da Universidade do Porto e dispõe de um
apoio de meio milhão dê euros, concedidos no âmbito
do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
Os farmacêuticos João Nuno Moreira, Sérgio Simões
e Vera Moura explicam a nova estratégia terapêutica
de combate ao cancro da mama através de uma ana
logia com “um camião TIR (nanopartícula) atestado de
mercadoria muito sensível (medicamento), que tem de
realizar uma viagem muito complexa para um destino
muito específico. Esta viagem tem de ser efectuada em
segurança máxima, não sendo permitidas falhas até ao
seu destino”. O segredo para garantir esta segurança
“está num GPS altamente sofisticado formado por qua
tro componentes essenciais. Assim, a nanopartícula é
revestida por um polímero que a torna invisível ao sis
tema de defesa do organismo e, na extremidade desse
polímero, colocámos as chaves que permitem abrir ape
nas as portas das células cancerígenas e das células que
I~ti
Os farmacêuticos Sérgio Simões, João Nuno Moreira e
Vera Moura coordenam a investigação em torno da nova
nanopartícula para o tratamento do cancro
revestem os vasos sanguíneos tumorais”. Ao entrar no
seu interior, a nanoparticula liberta o conteúdo “como
se fosse uma granada, disponibilizando uma grande
quantidade de fármaco num curto período de tempo.
Além de matar as células cancerígenas, esse conteúdo
destrói também os vasos sanguíneos do tumor”, expli
caram os investigadores.
A PEGASEMP distingue-se assim pela sua capacidade
de matar as células cancerigenas e os vasos sanguí
neos que alimentam o tumor, impedindo que o cancro
Download