INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIAS E

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIAS E TECNOLOGIA DE SANTA
CATARINA - IFSC
Elida Marlene Alvarez Medina
José Carlos Albino Claumann
Júlia Mariliza Lima
FRENTES FRIAS E SUAS INFLUENCIAS NOS ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS: UM ESTUDO DE CASO EM FLORIANÓPOLIS
Florianópolis
10 de julho de 2016
Elida Marlene Alvarez Medina
José Carlos Albino Claumann
Júlia Mariliza Lima
FRENTES FRIAS E SUAS INFLUENCIAS NOS ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS: UM ESTUDO DE CASO EM FLORIANÓPOLIS
Projeto integrador a ser apresentado ao Curso
Técnico em Meteorologia do Instituto Federal de
Ciências e Tecnologias de Santa Catarina IFSC.
Orientadores: Profª Márcia V. Fuentes
Profº Mario Francisco L. de Quadro
Florianópolis
10 de Julho de 2016
“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades. Lembre-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas
do que parecia impossível.”
Charles Chaplin
RESUMO
Um estudo de caso de uma frente fria no litoral de Santa Catarina, em duas
comunidades de maricultura e pesca (Cacupé e Morro das Pedras), utilizando dados de
uma estação meteorológica automática móvel WXT520 e entrevistas, para verificação
da atuação do sistema frontal nas comunidades e constatação da atuação do sistema nos
arranjos produtivos locais. Neste estudo encontrou-se evidencias de que os sistemas
frontais podem alterar a pesca e maricultura local de forma direta e indireta.
Palavras-chave: Frentes frias; arranjos produtivos locais; estudo de caso.
ABSTRACT
A case study of cold front that affected the coast of Santa Catarina in two fishing
communities (Cacupe and Morro das Pedras), using data from a mobile automatic
weather station WXT520 to check the frontal system activity in communities and
verification of the performance of system in local clusters. In this study, we found
evidence that the frontal systems can change the local fishing and mariculture directly
and indirectly.
Key Words: Cold front; local productive arrangements; case study.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de localização das Comunidades ........................................................ 12
Figura 3 - Peixes capturados na praia da Armação durante as entrevistas ..................... 13
Figura 2 - Fazenda de ostras Bairro Cacupé ................................................................... 13
Figura 4 - Entrevista com Alex Alves dos Santos na EPAGRI/CIRAM........................ 14
Figura 5 - Palestre com o professor Luis Antonio de Oliveira Proença ......................... 14
Figura 6 - Estação WXT520 no IFSC – Campus Florianópolis para intercomparação . 16
Figura 7- Instalação estação WZT520 Bairro Cacupé.................................................... 16
Figura 8 - Instalação WXT520 Bairro Cacupé ............................................................... 17
Figura 9 - Analise de Pressão Reduzida ao Nível do Mar (hPa), Vento a 10 m (m/s)
espessura da camada (/10 m) entre 500 e 1000 hPa para 12Z do dia 15 de junho de
2016. ............................................................................................................................... 20
Figura 10 - Como na figura 1, para 12Z do dia 16 de junho de 2016. ........................... 21
Figura 11- Analise de Pressão Reduzida ao Nível do Mar (hPa), Vento a 10 m (m/s)
espessura da camada (/10 m) entre 500 e 1000 hPA para 12Z do dia 17 (a), Analise
como a figura 3a das 18Z do dia 17 (b) e Magnitude do vento (m/s) e Linhas de
Corrente em 850 hPa (c) ................................................................................................. 22
Figura 13 - Analise do Vento (m/s) e Linhas de Corrente em 200 hPa para 12Z do dia
17 de junho de 2016. ...................................................................................................... 23
Figura 12- Analise de Temperatura (°c) a 2m (a), Analise de Instabilidade de Cape
(J/kg) e Lifted(K) (b), Analise de Velocidade Vertical (Pa/s) e Altura Geopotencial em
500 hPa para 12Z do dia 17 de junho de 2016.(c) .......................................................... 23
Figura 14 - Série temporal de pressão atmosférica (hPa), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. .......................................................................... 24
Figura 15- Série temporal de pressão atmosférica (hPa), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. .......................................................................... 25
Figura 16 - Série temporal de umidade relativa (%), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. .......................................................................... 26
Figura 17 - Série temporal de precipitação (mm), ao nível da estação para CASAN
Lagoa do Perí, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. ................................................. 27
Figura 18 - Série temporal de precipitação (mm), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. ............................................................ 28
Figura 19 - Série temporal de direção do vento (°), ao nível da estação, para CASAN
Lagoa do Peri, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. ................................................. 29
Figura 20 - Série temporal de direção do vento (°), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. ............................................................ 30
Figura 21 - Série temporal de velocidade do vento (m/s), ao nível da estação, para
CASAN Lagoa do Peri, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016 .................................... 31
Figura 22 - Série temporal de velocidade do vento (m/s), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016. ............................................................ 32
Figura 23 - Tilofisis, algas que produzem toxinas da Maré Vermelha........................... 33
Figura 24 - Coloração avermelhada na água devido ao fenômeno................................. 34
Figura 25 - Encontro das correntes do Brasil (quente) e a corrente das Malvinas (fria). 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características das variáveis meteorológicas presentes da estação WXT52015
SUMARIO
1.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8
2.
OBJETIVOS ........................................................................................................... 9
2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 9
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 9
3.
REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 9
3.1 Influências das frentes frias no litoral de Santa Catarina ................................ 9
3.2 Os efeitos das frentes frias nas atividades pesqueiras ..................................... 10
4.
METODOLOGIA................................................................................................. 11
5.1 RESULTADO DAS ENTREVISTAS ............................................................... 17
5.1.2 ESPECIALISTA EPAGRI/CIRAM .......................................................... 17
5.1.3 PESCADORES DO MORRO DAS PEDRAS / ARMAÇÃO .................. 18
5.1.4 PESCADORES CACUPÉ ........................................................................... 19
5.1.5 MARICULTORES CACUPÉ .................................................................... 19
5.2 ANÁLISE SINÓTICA DO PERÍODO DA PASSAGEM DA FRENTE FRIA
.................................................................................................................................... 19
5.3
ANÁLISE GRAFICA DO PERÍODO DA PASSAGEM DA FRENTE
FRIA 24
6.
CONCLUSÃO....................................................................................................... 32
7.
ANEXO .................................................................................................................. 33
REFERENCIAS BIBILIOGRAFICAS ...................................................................... 35
8
1. INTRODUÇÃO
As frentes frias ocorrem quando uma massa de ar frio avança em direção a uma
massa de ar quente (FERREIRA, 2006). “Geralmente, com a passagem de uma frente
fria, a temperatura e a umidade diminuem, a pressão sobe e o vento muda de direção.
Precipitações usualmente antecedem e sucedem a frente fria” (INMET, 2015). O
sistema geralmente acompanha uma faixa de nebulosidade, por se localizar entre o
encontro de duas diferentes massas de ar, uma quente e úmida vinda da região
equatorial e outra relativamente mais fria e mais densa vinda da região polar.
Quando uma frente fria está distante, temperaturas quentes e céu claro
predominam em sua vanguarda, já quando uma frente fria passa por uma determinada
região, o ar denso e frio toma lugar do ar quente, que é forçado a subir rapidamente,
essa rápida subida do ar quente causa o aparecimento de nuvens cumuliformes,
formando as linhas pré-frontais, que se desenvolvem justamente nas proximidades da
linha frontal. Enquanto à frente fria se encontra ainda em uma distância de 10 a 15 km
muitas trovoadas podem ocorrer, podendo ser acompanhadas por granizo, ventos de
rajada e intensa precipitação (FERREIRA 2006).
O Estado de Santa Catarina está localizado em latitudes medias região que
apresenta grande frequência de sistemas transientes meteorológicos, entre eles as frentes
frias. Segundo uma climatologia de frentes frias, realizada no estado por Rodrigues
(2004), foram constatados que três a quatro frentes frias atingem a costa Catarinense,
mensalmente, com um intervalo médio de oito dias entre elas, o que comprova a
relevante importância em se conhecer o comportamento da mesma e suas influências no
Estado Catarinense. Durante o inverno, estes sistemas são mais frequentes,
principalmente nos meses de julho, causando geadas e friagem, devido à massa de ar
frio que acompanha o mesmo (CAVALCANTI, 2009).
Vários estudos como os de Rodrigues (2004) e Nenos e Calmet (1998), por
exemplo, abordam sobre frequência, intensidade e influências das frentes frias no Brasil
e em Santa Catarina. No entanto, os estudos sobre as influências locais desses sistemas
ainda são raros. A influência da complexidade do terreno, por exemplo, interagindo com
a frente fria ainda constitui uma lacuna no estudo deste sistema. Algumas características
gerais, associadas ao seu descolamento, podem ser verificadas na revisão da literatura e
mesmo em relatos de moradores destas regiões que identificam a chegada do sistema
como a mudança do vento do quadrante norte para o quadrante sul. Esta característica é
muito comentada pelos pescadores; que segundo eles normalmente o sistema trás chuva,
interferindo nas suas atividades.
Neste sentido, o presente estudo de caso avalia as características locais das
principais variáveis meteorológicas por ocasião da passagem de uma frente fria, a fim
de identificar localmente a ação deste sistema. Através deste estudo verificou-se a ação
do mesmo sobre o arranjo produtivo local.
9
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo deste projeto de pesquisa foi identificar os principais efeitos locais,
associados à passagem de uma frente fria, em duas comunidades pesqueiras da ilha de
Santa Catarina (Cacupé e Morro das Pedras).
2.2 Objetivos Específicos

Conhecer a região de estudo, sua orografia, localização, a comunidade pesqueira
e os principais fatores do clima que influenciam a pesca local.

Realizar uma análise comparativa, por ocasião da passagem de uma frente fria,
com a finalidade de verificar as diferenças registradas das variáveis
meteorológicas de uma comunidade para outra.
3. REVISÃO DA LITERATURA
A presente revisão da literatura tem como finalidade referenciar os principais
trabalhos relacionados com a atuação das frentes frias no Estado Catarinense. Num
primeiro momento será apresentada uma climatologia de frentes frias estabelecida para
o Estado de Santa Catarina por Rodrigues (2004) e posteriormente os principias efeitos
das frentes frias na pesca e maricultura segundo (Karakawa, 2009).
3.1 Influências das frentes frias no litoral de Santa Catarina
Nesta seção iremos descrever as principais influências das frentes frias em Santa
Catarina, segundo uma climatologia de frentes frias estabelecida por Rodrigues (2004),
baseada em uma reanalise do NCEP-NCAR (o National Centers for Environmental
Prediction – National Center for Atmospheric Research dos Estados Unidos da America
do Norte), durante um período de 10 anos, entre 1990 a 1999.
Os critérios utilizados pela autora, para identificação da passagem das frentes
frias, levaram em conta a mudança da direção do vento para o quadrante sul por pelo
menos um dia, e uma queda de temperatura do ar simultânea ao giro do vento ou até
dois dias depois. Com base nisso, foram constatados que em média três a quatro frentes
frias atingem a costa Catarinense, mensalmente, com um período de oito dias.
Foram diagnosticados um padrão climatológico de desenvolvimento de frentes
frias movendo-se de sudoeste para nordeste. Foi observado que durante o inverno um
dia antes da passagem da frente fria, ela pode ser vista no Rio Grande do Sul, e logo
após passar por Santa Catarina, um dia depois é observada no Rio de Janeiro e alcança
10
latitudes de aproximadamente 20 °S já em estado de dissipação. Ao completar três dias
da sua passagem por Santa Catarina a frente fria não pode mais ser observada.
Foi constatado que um padrão climatológico semelhante é notado no período de
verão, entretanto com menor intensidade e dissipação mais rápida.
3.2 Os efeitos das frentes frias nas atividades pesqueiras
O litoral catarinense estende-se por 530 quilômetros, desde a foz do Rio SaíGuaçu até a foz do Rio Mampituba. Associado às condições climáticas, geográficas e
oceanográficas favoráveis a pesca e a atividades da maricultura (Revista Cpsul, 2005).
Entretanto por se encontrar em latitudes médias o Estado de Santa Catarina sofre
influências climáticas tanto de características tropicais quanto subtropicais, contudo
possui estações bem definidas e chuvas distribuídas por todo o ano. No verão, há
predomínio das massas de ar de origem tropical e durante o inverno, principalmente de
massas polares (Harakawa, 2009).
As frentes frias são as principais responsáveis por incursões de massas de ar
polar no Estado Catarinense, que durante o inverno podem causar geadas e até neve em
maiores altitudes, já no verão, geralmente ocorrem associadas à convecção tropical,
provocando chuvas e temperaturas mais amenas (Harakawa, 2009).
Segundo Quadro (1996), alguns fenômenos atmosféricos que atuam sobre a
Região Sul são essenciais para a determinação da climatologia de temperatura e
precipitação. Entre os mais importantes, podemos citar a passagem de sistemas frontais,
que são responsáveis por grande parte dos totais pluviométricos registrados. As
penetrações frontais na Região Sul, estão diretamente relacionadas a diversas
características fisiográficas das paisagens geográficas. Esta relação é decorrente das
incursões da dinâmica frontal, que trazem consigo grandes volumes de umidade
atmosférica.
Outro fato interessante a considerar, são os eventos de “ressaca marinha”
decorrentes da entrada de frentes frias de forte intensidade. Os ventos fortes
provenientes deste sistema transferem grandes quantidades de energia ao oceano. Esta
energia se manifesta na forma de agitação marítima, o que causa a formação de ondas
que, ao atingirem a região litorânea, provocam alterações na linha da costa, devido ao
transporte de sedimentos (eventos erosivos). Além disso, afetam a atividade pesqueira,
no sentido de impossibilitar a saída das embarcações ao mar em função da grande
agitação e também a atividade da maricultura à medida que, podem destruir ou causar
danos as estruturas de cultivo localizadas em áreas menos protegidas. (Harakawa, 2009)
O Estado de Santa Catarina, é um dos maiores produtores nacionais de pescado,
possui uma frota numerosa e diversificada. A pesca desempenha um importante papel
na economia catarinense, o estado é o maior produtor de pescado e crustáceos do país.
Cerca de 500 quilômetros do litoral contribuem para que a atividade pesqueira de Santa
Catarina seja bastante diversificada, tendo sua produção baseada em diversas espécies
11
de peixes, crustáceos e moluscos, capturados por diferentes tipos de embarcações e
métodos de pesca.
De modo especial, a maricultura no Brasil, com foco no cultivo de moluscos
vem se desenvolvendo ano após ano no estado. Atualmente, as baías propícias ao
cultivo de ostras e mariscos em determinadas áreas ao longo do litoral catarinense, estão
já quase todas ocupadas por fazendas marinhas (SEBRAE, 2010).
Considerando-se que as principais classes de organismos cultivados em Santa
Catarina ocorrem em ambientes abertos, isto é, sob influência direta das condições do
tempo, estes impactos podem ser determinantes na sobrevivência e continuidade da
produção.
Os principais fatores que podem afetar a aqüicultura são alterações severas de
temperatura, que causam estresse nos animais, e chuvas intensas que promovem
alterações na salinidade da água. Estes eventos podem ocorrer em seqüência quando
ocasionados pela atuação de frentes frias, que primeiro trazem a instabilidade e
posteriormente a queda na temperatura. Segundo Andrade e Cavalcante (2004), na
América do Sul estes sistemas são responsáveis principalmente por acumulados
significativos de chuva e incursões de ar frio. Segundo Valentine (2000), entre os
extremos norte e sul do Brasil, encontrasse ambientes marinhos e regimes
climatológicos totalmente distintos.
A interferência das condições do tempo está diretamente relacionada à
susceptibilidade do organismo produzido, assim como o tipo de sistema de produção
praticado (Harakawa, 2009).
4. METODOLOGIA
Para a identificação da passagem da frente fria e descoberta das influências que a
mesma provoca nos arranjos produtivos, foram escolhidas duas comunidades de
maricultura e pesca de Florianópolis. Uma delas, a praia de Cacupé, localizado no lado
oeste da ilha na Baia Norte, um local protegido das ações dos ventos pela formação
elevada da Barra do Sambaqui, o Morro do Forte, o Morro de Jurerê-Canasvieiras e os
morros da Dorsal Norte da Ilha. Da mesma forma, protegida de correntes e ondas
marítimas. A praia do Morro das Pedras, segunda localidade estudada, localiza-se no
lado leste da Ilha de Santa Catarina, portanto em uma área de mar aberto do Oceano
Atlântico. A Figura 1 apresenta o mapa com a localização das comunidades:
12
Figura 1 – Mapa de localização das Comunidades
Para conhecer a região de estudo, sua orografia, localização, bem como os
principais fatores do clima, que influenciam as atividades locais, foram realizadas
entrevistas semi estruturadas, tanto com as comunidades locais, como com alguns
pesquisadores do tema.
Nas entrevistas com a comunidade local utilizou-se uma pergunta principal aos
pescadores e maricultores das regiões: “Qual a influencia das frentes frias observadas
nas atividades de pesca e maricultuta?”. A partir dessa pergunta estabeleceu-se um
diálogo onde o entrevistador pode avançar nos seus questionamentos, sempre
objetivando o entendimento de todas as questões de tempo e clima que influenciavam,
direta ou indiretamente, o arranjo produtivo local. Foram realizadas entrevistas na praia
de Cacupé com pescadores e maricultores. Na praia do Morro das Pedras e Armação do
Pântano do Sul as entrevistas foram realizadas com os pescadores. Abaixo segue fotos
das entrevistas realizadas:
13
Figura 2 - Fazenda de ostras Bairro Cacupé
Figura 3 - Peixes capturados na praia da Armação durante as entrevistas
Além das entrevistas nas comunidades foi realizada uma entrevista, da mesma
forma semi estruturada com intuito de se conhecer a relação entre o tempo, clima e a
produção de ostras, com o Engenheiro Agrônomo Alex Alves dos Santos na
EPAGRI/CIRAM de Florianópolis, especialista em Aquicultura. Ainda neste sentido, a
participação da equipe a uma palestra proferida pelo professor Luis Antonio de Oliveira
Proença do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC, campus Itajaí foi igualmente
esclarecedora, uma vez que o tema da palestra foi à compreensão do evento de “Maré
Vermelha”, que acontecia no Estado de Catarinense. Abaixo podemos verificar fotos da
entrevista e pa
14
Figura 4 - Entrevista com Alex Alves dos Santos na EPAGRI/CIRAM
Figura 5 - Palestre com o professor Luis Antonio de Oliveira Proença
Após o reconhecimento das regiões, foi realizada a instalação de duas estações
meteorológicas automáticas (WXT520) da marca Vaisala, com sensores armazenados
em um datalogger (CR800 series da marca Campbell). Os sensores existentes na estação
estão descritos na tabela 1 abaixo, cada qual com suas características:
15
Tabela 1 - Características das variáveis meteorológicas presentes da estação WXT520
Variável
Meteorológica
Pressão
Atmosférica
Unidade de Medida
Resolução
Erro
hPa
0.1
+/- 0.5 hPa at 0
.... + 30°C +-1
hPa at -52.... +
60°C
Temperatura do ar
Umidade Relativa
do Ar
°C
%
0.1
0.1
+/- 0.3 °C
+/- 3% entre 0 e
90% RH e +/- 5%
de 90 a 100% RH
Intensidade dos
Ventos
m/s
0.1
Tempo de
resposta 0.25 s;
+/- 0,3 m/s para
ventos até 35m/s
e +/- 5% para
ventos entre 36 a
60 m/s.
Direção dos Ventos
Precipitação diária
Acumulada
°
mm/h
1
0.01
- 3°
5%
A fim de intercomparar e verificar eventuais diferenças de registros instalou-se
estas estações no IFSC - Campus Florianópolis, por um período de uma semana que
antecedeu a campanha meteorológica, nos sítios do estudo.
16
Figura 6 - Estação WXT520 no IFSC – Campus Florianópolis para intercomparação
Figura 7- Instalação estação WZT520 Bairro Cacupé
A campanha meteorologia foi realizada nas duas comunidades supracitadas no
período entre os dias dezenove de maio e vinte e um de junho de 2016. No Cacupé a
instalação se deu na sede do Serviço Social do Comércio – SESC. No bairro do Morro
das Pedras a instalação foi realizada na Companhia Catarinense de Água e Saneamento
– CASAN.
17
Figura 8 - Instalação WXT520 Bairro Cacupé
O programa utilizado para instalação e coleta dos dados foi o software
Loggernet (User Guide’s Vaisala).
Para analise dos dados coletados foram gerados gráficos comparativos através do
programa IDL que é uma linguagem de programação de visualização e análise de dados.
Para a elaboração dos mapas utilizou-se o software GRADS que é uma ferramenta de
desktop iterativo que é utilizada para facilitar o acesso, manipulação e visualização de
dados.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta secção serão apresentados os principais resultados do projeto de pesquisa
que contempla a análise comparativa dos dados, bem como os resultados das entrevistas
como as comunidades locais e pesquisadores da área. Além disso, as discussões
referentes a estes resultados e aos anexos que contribuíram para compor o resultado.
5.1 RESULTADO DAS ENTREVISTAS
5.1.2 ESPECIALISTA EPAGRI/CIRAM
Na entrevista realizada no Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca
(Cedap), localizada na sede da Epagri/Ciram em Florianópolis, com o Engenheiro –
Agrônomo Alex Alves dos Santos, que é responsável pela parte das ostras do local,
18
podemos concluir que para os profissionais da área da aquicultura muitas especulações
são feitas, entretanto é difícil dizer qual a real influência de uma frente fria nas
atividades de pesca e principalmente no cultivo de ostras. No entanto, o que vem sendo
discutido entre os profissionais da área é o fenômeno conhecido popularmente como
“Maré Vermelha”, que existe a muito tempo, e tem se mostrado o principal fator
contrário à produção do molusco em Santa Catarina. Entretanto a pouco que a ciência
tem estudado a existência de algas produtoras de toxinas e que algumas dela produzem
uma coloração avermelhada na água, contudo existem algas com tonalidades diversas
cada qual com sua característica, entretanto as algas que ocorrem no Brasil são as que
produzem toxinas diarréicas.
O fenômeno da "mare vermelha” ocorre de maneira natural, pois as algas que
dão origem as mesmas vivem no ambiente aquático durante todo tempo, no entanto em
concentrações muito baixas. A maré vermelha surge em zonas ressurgentes que são as
correntes marítimas, que se deslocam durantes todos os anos para as regiões de baias.
Segundo Alex o índice de PH das águas é muito alto devido à poluição dos mares isso
acaba fortalecendo o desenvolvimento de algas, outro fator que ajuda no espalhamento
de algas são as chuvas, com isso as correntes trazem os nutrientes das algas, e com a
passagem de grandes volumes de chuvas a água se dessaliniza. Com a presença dessas
algas alguns crustáceos se fecham como é o caso das ostras. Já com um grande volume
de chuva as águas ficam turvas toda a sujeira que está no fundo das lagoas acaba se
deslocando, todo esse material que é arrastado acaba bloqueando o sistema de filtração
dos moluscos.
5.1.3 PESCADORES DO MORRO DAS PEDRAS / ARMAÇÃO
Ao realizarmos as entrevistas, no dia dezoito de junho de 2016 na comunidade
do Morro das Pedras e Armação do Pântano do Sul, foi verificado que a aproximação da
massa de ar frio que acompanha o sistema frontal favorece a aproximação dos pescados.
Com destaque para o pescado do tipo tainha que segundo eles se desloca da região do
Rio Grande do Sul para Florianópolis, devido à presença da corrente fria vinda do sul
pelo Atlântico Sul. Quando o aparecimento de tainhas escasseia eles observam que
predominam mais os peixes do tipo anchova. Logo a chegada de uma massa de ar
quente não favorece a aproximação.
Com relação ao vento é observado pelos pescadores que com a mudança do
mesmo para o quadrante sul há um aumento significativo da maré, e muitas vezes com
presença de precipitação que não prejudica as atividades dos trabalhadores, apenas
dificultando no processo de desmalhar os peixes das redes, onde muitos pescadores
reclamam que as mãos congelam devido ao frio, dificultando no desenvolver das
atividades. Observa-se também que a mudança das fases da lua influencia no aumento
ou diminuição das marés.
Em suma podemos concluir que para os pescadores das regiões o sistema
denominado como frente fria, para eles nada mais é do que a mudança do vento do
quadrante norte para o quadrante sul podemos verificar também que as variáveis
meteorológicas que mais afetam no desenvolvimento de suas atividades são a queda de
19
temperatura, mudança da corrente fria no oceano e a mudança de quadrante do vento, o
que interfere diretamente na produção pesqueira local.
5.1.4 PESCADORES CACUPÉ
Logo nas entrevistas realizadas na praia do Cacupé, pode-se verificar que a
atuação do sistema frontal nos arranjos produtivos locais, coincide muito com a atuação
que tem na comunidade do morro das pedras. Os pescadores destacam muito que as
baixas temperaturas trazidas pelo sistema são boas para a aproximação dos pescados,
principalmente para os peixes do tipo tainha que predominam nos meses de transição de
outono para inverno. Entretanto, o sistema precisa ser intenso, pois o local é protegido
das ações dos ventos pela geografia da região, e o mesmo auxilia muito na captura dos
pescados, pois deixa as águas turvas e os peixes desorientados, auxiliando na captura.
Os pescadores do Bairro Cacupé, assim como os do Bairro Morro das Pedras,
citam também as mudanças das fases da lua como um empecilho, para eles as mudanças
do mar têm relação com as mudanças das fases lunar e citam também que com a
chegada da lua cheia esperam mudanças das condições de tempo.
5.1.5 MARICULTORES CACUPÉ
Ao realizarmos as entrevistas propostas, no Bairro Cacupé, podemos observar
que os maricultores identificam qualquer tipo de mudança de tempo relacionado à chuva
e frio como aproximação de frente fria. Para o cultivo segundo os maricultores a
temperatura das águas dos mares não afeta na produção dos molúsculos e sim a
mudança brusca de temperatura, que muitas vezes ocorre devido à passagem do sistema
frontal, está mudança de temperatura pode levar a morte das ostras que se encontram
nos primeiros estágios do desenvolvimento onde elas são mais frágeis.
Com a grande ocorrência de morte das sementes os maricultores realizam a
limpeza constante das lanternas, que é o local onde as ostras permanecem para o seu
desenvolvimento, para evitar a morte dos molúsculos. Nos meses de verão os
maricultores relatam que as chuvas não atrapalham as lanternas, pois existem correntes
na baia responsáveis pela mistura dessas águas o que não altera de forma negativa a
salinidade local.
Com o evento da “maré vermelha” os maricultores estão no aguardo da liberação
da comercialização. Apos a passagem do evento a ostra pode ser consumida, já que o
fenômeno não afeta aos moluscos. Mas sim a comercialização e por consequência a
economia dos produtores.
5.2 ANÁLISE SINÓTICA DO PERÍODO DA PASSAGEM DA FRENTE FRIA
A presente análise contempla o período decorrido entre às 12Z do dia 15 e 18Z
do dia 17 de junho de 2016. Na figura 9 observa-se que a alta subtropical do Atlântico
sul, com centro de 1030 hPa, se encontra atuando no sudeste Brasileiro, com ventos
predominantes de direção nordeste sobre o litoral catarinense, observa-se também um
20
fluxo ciclônico no litoral uruguaio. Esta figura mostra também um centro de baixa
pressão no norte de Paraguai e sudeste de Bolívia, de 1020 hPa, um anticiclone de 1028
hPa no sul Atlântico, localizado em torno de 54W e 44°W. No campo de espessura da
camada, observa-se que Santa Catarina se encontra numa área da camada entorno de
5700m, indicando uma atmosfera menos densa (mais quente) sobre o território
catarinense. Observa-se também um anticiclone de 1028 hPa dentro da massa de ar frio,
no centro da Argentina. O campo de vento mostra a presença de um ciclone sobre o
Atlântico, na costa do Uruguai.
Figura 9 - Analise de Pressão Reduzida ao Nível do Mar (hPa), Vento a 10 m
(m/s) espessura da camada (/10 m) entre 500 e 1000 hPa para 12Z do dia 15 de
junho de 2016.
N
Na figura 10, o fluxo ciclônico da figura 9, intensificou ficando com um centro
de 1020 hPa, observa-se também a intensificação do anticiclone sobre o território
argentino mantendo o centro de 1028 hPa. Esta figura mostra, em latitudes subtropicais,
o deslocamento dos centros de alta e baixa pressão em direção a leste e sudeste,
respectivamente, intensificando o gradiente dos ventos nessa região do Atlântico.
Observa-se também uma linha de convergência (frente fria) chegando até o norte do Rio
Grande do Sul. Na imagem de espessura podemos ver que a massa de ar quente
continua predominando sobre o Estado de SC, porém sem haver uma predominância
significativa dos ventos próximos a superfície. Este padrão atmosférico configura uma
condição pré-frontal em SC.
21
Figura 10 - Como na figura 1, para 12Z do dia 16 de junho de 2016.
Na figura 11a é possível observar o deslocamento da frente fria sobre a região da
Grande Florianópolis, no horário das 18Z, mostra a frente já localizada no norte de
Santa Catarina. Estas figuras mostram também o predomínio do sistema de alta pressão
no território argentino, ingressando no Rio Grande do Sul e Paraguai, e a evolução da
baixa pressão de 1006 hPa (Figura 11b), intensificando os ventos até 20 m/s no
Atlântico sul. Associado a intensificação do ciclone, os ventos ficaram mais fortes na
região marítima do Atlântico sul. Pode-se observar também que o vento sul (associado à
massa de ar frio) está chegando até o centro-oeste do Brasil (Mato Grosso).
22
Figura 11- Analise de Pressão Reduzida ao Nível do Mar (hPa), Vento a 10 m (m/s)
espessura da camada (/10 m) entre 500 e 1000 hPA para 12Z do dia 17 (a), Analise
como a figura 3a das 18Z do dia 17 (b) e Magnitude do vento (m/s) e Linhas de
Corrente em 850 hPa (c)
Na figura 12a mostra a presença de águas mais quentes (acima de 20°C) desde o
litoral do Sudeste até a costa do Uruguai. Pela análise do termo diabático de Sutcliffe
esta região favorece a intensificação do ciclone. Em SC a análise do modelo GFS
mostra temperaturas 10C e 12C no estado de SC. Na figura 4b observa-se que o índice
Cape indica instabilidade na região leste catarinense e oceano Atlântico adjacente
(29°S/45°W). O índice Lifted mostra instabilidade na faixa litorânea de Santa Catarina.
Na figura 4c observam-se ventos ascendentes no leste Atlântico e no litoral de Santa
Catarina a partir da ilha de Florianópolis. Pelo termo adiabático de Sutcliffe, há
intensificação do ciclone nessas áreas. Este fato se configurou através da passagem do
sistema frontal próximo das 12Z do mesmo dia. A análise dos campos de advecção de
vorticidade em 500 hPa e advecção de temperatura em 850 hPa, do mesmo horário da
figura 12 (figuras não mostradas), corroboram a indicação da passagem deste sistema
frontal sobre o estado catarinense.
23
Figura 12- Analise de Temperatura (°c) a 2m (a), Analise de Instabilidade de Cape
(J/kg) e Lifted(K) (b), Analise de Velocidade Vertical (Pa/s) e Altura Geopotencial em
500 hPa para 12Z do dia 17 de junho de 2016.(c)
Na figura13 mostra o jato subtropical entre as latitudes 16°S e 39°S com direção
de oeste à leste, associado com o deslocamento da frente fria no horário das 12Z da
figura 4a, pode-se observar também uma intensidade acima de 50 m/s, sobre a região do
Rio Grande Sul e sul de Santa Catarina. Esta figura mostra também uma maior
intensificação no leste Atlântico sul.
Figura 13 - Analise do Vento (m/s) e Linhas de Corrente em 200 hPa para 12Z do dia
17 de junho de 2016.
24
5.3 ANÁLISE GRAFICA DO PERÍODO DA PASSAGEM DA FRENTE FRIA
A figura 14 apresenta a comparação da evolução da temperatura do ar medida
nas estações meteorológicas localizadas no Bairro Cacupé e Lagoa do Peri. Através da
análise desta figura, verifica-se um comportamento similar entre as duas localidades,
destacando a estação do bairro Cacupé que apresenta os maiores (menores) valores de
temperaturas máximas (mínimas), entre os dias 10 e 13 de junho. Este comportamento é
devido à localização das estações, pois enquanto a estação do Bairro Cacupé encontrase em um ambiente abrigado (árvores no entorno) na Lagoa do Peri a estação está
localizada em uma área mais aberta e está próxima (250 m) a praia do Morro das
pedras. Com a aproximação do sistema frontal, nota-se a elevação das temperaturas em
ambas as estações, atingindo máxima de 22 °C e, após sua passagem, o declínio
acentuado das mesmas, devido a presença da massa de ar frio na sua retaguarda.
Durante e após a passagem da frente fria, as estações apresentaram, ao contrário do
período anterior, valores similares de temperaturas máximas e mínimas.
Figura 14 - Série temporal de pressão atmosférica (hPa), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
25
Através da figura 15, verifica-se que ambas as estações, assim como nas
medidas de temperatura do ar, apresentam registros similares sem a ocorrência de
discrepâncias. A estação localizada no bairro Lagoa do Peri registrou os maiores valores
de pressão sem exceção, observasse também à flutuação da pressão ao longo do dia.
Com a aproximação do sistema frontal no dia 17 de junho, verifica-se a queda de
pressão (de 1030 hPa no dia 13 a 1016 hPa na madrugada do dia 17) e a consequente
elevação após a passagem.
Figura 15- Série temporal de pressão atmosférica (hPa), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
Na figura 16, verifica-se que ambas as linhas que representam as estações são
similares umas às outras com pequenas diferenças, que não estão relacionadas com a
diferença das localidades e sim no equipamento utilizado para captação dos dados,
exceto no dia quinze onde o bairro Cacupé obteve uma maior elevação com relação ao
bairro Lagoa do Peri, registrando uma diferença de em media 15 %, e na noite do dia 16
de junho notasse o oposto, Cacupé obteve um menor registro, observasse uma diferença
de em média 20 %. Com relação à verificação do sistema observou-se um aumento de
umidade relativa com a aproximação da frente fria e como esperado um declínio logo
após a passagem do sistema.
26
Figura 16 - Série temporal de umidade relativa (%), ao nível da estação, para as
localidades do SESC Cacupé (linha azul) e da CASAN Lagoa do Perí (linha amarelo),
entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
Nas figuras 17 e 18, observasse durante a passagem do sistema frontal os
maiores volumes de chuva no Bairro do Cacupé, entretanto mesmo no Bairro Lagoa do
Peri ter registrado os menores valores, a chuva ocorreu de maneira mais continua.
27
Figura 17 - Série temporal de precipitação (mm), ao nível da estação para CASAN
Lagoa do Perí, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
28
Figura 18 - Série temporal de precipitação (mm), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
Verificasse nas figuras 19 e 20, que a mudança do vento do quadrante norte para
o sul pode ser melhor observada no Bairro da Lagoa do Peri, onde no momento da
passagem do sistema frontal predominou o vento de sudoeste, logo no Cacupé existe
predomino também do vento de sudoeste, entretanto com um período menor devido o
local apresentar arvores próximo da estação meteorológica.
29
Figura 19 - Série temporal de direção do vento (°), ao nível da estação, para CASAN
Lagoa do Peri, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
30
Figura 20 - Série temporal de direção do vento (°), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
Através das figuras 21 e 22, verificam-se os maiores registro no bairro Lagoa do
Peri, devido suas proximidades perto da praia do Morro das Pedras e estação estar
localizada em uma área aberta. Destacasse as maiores intensidades entre os dias 17 e 18
de junho devido à aproximação do sistema frontal.
31
Figura 21 - Série temporal de velocidade do vento (m/s), ao nível da estação, para
CASAN Lagoa do Peri, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016
32
Figura 22 - Série temporal de velocidade do vento (m/s), ao nível da estação, para SESC
Cacupé, entre os dias 10 e 21 de junho de 2016.
6. CONCLUSÃO
Conclui-se através do estudo de caso executado, que existem influencias diretas do
clima nos arranjos produtivos locais das comunidades escolhidas, tanto numa produção
de pesca como de maricultura, entretanto foi verificado que a atuação das frentes frias
tem um efeito remoto nas atividades de maricultura, devido a uma condição que se
propicia ao longo do tempo. Logo na comunidade com as atividades voltadas para
pesca, esse efeito se da de maneira instantânea.
Outro fenômeno que ocorreu de maneira intensa no Estado devido às condições de
atuação remotas das frentes frias foi o fenômeno de “Maré Vermelha”, onde podemos
verificar que a ocorrência do fato se da devido a todo o processo de chuvas constantes
ocasionadas pelo sistema, que fizeram com que a bacia do Rio Prata criasse uma
condição especial para o desenvolvimento do fenômeno.
Tivemos também a oportunidade de vivenciar uma das maiores safras de pescados
de tainha e anchova no Estado Catarinense, isto pode ser explicado devido à presença da
massa de ar polar que atuou no Estado nos meses de outono, ocasionando em uma safa
expressional para os pescadores.
Foi verificado com relação às variáveis meteorológicas que a mudança brusca de
temperatura afeta no desenvolvimento dos molusculos, logo nas atividades de pesca as
baixas temperaturas trazidas pelo sistema auxiliam na aproximação dos pescados. Com
relação à salinidade das águas e o vento não afetam nas atividades.
33
7. ANEXO
ANEXO A - MARÉ VERMELHA 2016
Os autores deste projeto de pesquisa acompanharam uma palestra no Instituto
Federal de Santa Catarina – IFSC no campus Florianópolis, dirigida pelo professor do
IFSC campus Itajaí Luis Antonio de Oliveira Proença, o debate trazia como tema o
fenômeno conhecido popularmente como “Maré Vermelha” que atuava no estado de
Santa Catarina anteriormente. Pode-se verificar que este fenômeno natural, se mostrou
com maior intensidade no ano de 2016, devido aos fatores climáticos, este evento está
relacionado à biomassa no mar, que seria a concentração muito grande de microalgas de
coloração vermelha alterando a cor da água, no litoral sudeste do Brasil.
As algas são organismos autotróficos, sendo à base da cadeia atrófica, não
possuem estruturas complexas de reprodução e vivem a maior parte no ambiente
aquático, sendo que algumas delas não fazem fotossínteses, são um grupo bem genérico
entre elas temos as macroalgas e as microalgas que servem de alimento para outros
organismos.
Algumas microalgas são nocivas, pelo fato de que elas produzem toxinas, como
a TILOFISIS de classificação dos dinoflagelados, que é um protozoário, unicelular e
predador, que produz toxinas diarreicas ao serem consumidas, causando dores
abdominais, diarréia, vômitos, indisposição crônica e há registros que sejam produtoras
de tumores. Foram encontrados registros da presença da toxina destas microalgas, no
habitat dos moluscos (ostras, berbigões mariscos, etc) que filtram e acumulam esta
toxina, causando assim dano a saúde pública, inclusive a própria economia do país.
Exames laboratoriais mostraram a presença desta alga TILOFISIS. O qual foi o motivo
pela interdição drástica desta atividade em 2016. A presença intensa desta microalga
apresentou uma contagem muito anômala de 20,000 células por litro, tendo como
referência normal de 71 a 500 células por litro.
No âmbito comercial, sabemos que os moluscos só chegam ao prato do
consumidor depois de passar por uma rigorosa análise no laboratório do Instituto
Federal de Santa Catarina – IFSC no campus Itajaí, onde se encontra o Laboratório
Oficial de análise de resíduos e contaminantes de recursos pesqueiros, o qual é
responsável por monitorar a presença de toxinas nocivas de moluscos bivalves.
Figura 23 - Tilofisis, algas que produzem toxinas da Maré
Vermelha.
34
Figura 24 - Coloração avermelhada na água devido ao fenômeno.
Figura 25 - Encontro das correntes do Brasil (quente) e a corrente
das Malvinas (fria).
Com a chegada do inverno a corrente das Malvinas sobe e a corrente do Brasil se
retrai; a entrada (penetração) de águas mais frias pela costa de Argentina, se junta com a
drenagem das chuvas do Rio da Prata, a Bacia do Paraguai e toda a água doce que se
junta em toda essa região, os ventos do quadrante sul empurram essa água em direção
ao continente, até as costas dos países vizinhos Argentina e Uruguai, essa água de
menor intensidade fica reprimida e começa a subir em direção à costa de Santa Catarina.
35
REFERENCIAS BIBILIOGRAFICAS
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2006.
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CAVALCANTI et al. (Org.). Tempo e Clima no Brasil. 2. ed. São Paulo: Oficina de
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SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas. 05 de outubro de
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36
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