Criação de tilápia em água salobra no semi-árido brasileiro: avaliação econômica da unidade demonstrativa de São José do Seridó-RN Marco Aurélio Rotta 1, Daniela Ferraz Bacconi Campeche 2, Everaldo Rocha Porto 3, Renata Vale Paulino 4 2 1 Pesquisador; Embrapa Pantanal; Rua 21 de Setembro, 1880; Cx.P. 109; 79320-900, Corumbá - MS; <[email protected]> Pesquisador; Embrapa Semi-Árido; BR 428, km 152; Cx.P. 23; 56302-970, Petrolina – PE; <[email protected]> 3 Pesquisador; Embrapa Semi-Árido; BR 428, km 152; Cx.P. 23; 56302-970, Petrolina – PE; <[email protected]> 4 Bolsista; Embrapa Semi-Árido; BR 428, km 152; Cx.P. 23; 56302-970, Petrolina – PE; <[email protected]> Brackish water tilapia culture in brazilian semi-arid region: economic evaluation of demontrative unit of São José do Seridó-RN A água salobra oriunda do sistema de dessalinização, utilizado no semi-árido brasileiro para o abastecimento de água potável para a população, gerou a oportunidade de cultivo de peixes na região. A Embrapa Semi-árido desenvolveu um sistema de produção integrado como alternativa para o uso adequado do efluente do sistema de dessalinização, minimizando impactos ambientais e contribuindo para a segurança alimentar. O sistema é composto por três unidades distintas: de dessalinização de água, de produção aqüícola e de cultivo forrageiro para suplementação alimentar de caprinos e ovinos. O objetivo deste trabalho é a avaliação econômica da unidade de produção aqüícola proposta nas unidades demonstrativas do sistema de produção integrado. A unidade demonstrativa avaliada encontra-se localizada na Fazenda Caatinga Grande, município de São José do Seridó – RN (6°26’56’’ S; 36°49’50’’ W). A unidade de produção aqüícola é formada pelo conjunto de 03 reservatórios com capacidade média de 350m³ cada, sendo dois deles destinados exclusivamente ao cultivo da tilápia, visto sua resistência a ambientes com elevadas salinidades, e um à acumulação dos efluentes gerados na piscicultura e destinados diretamente à irrigação do cultivo de Atriplex (erva sal). Os reservatórios foram impermeabilizados com mantas de PVC de 0,8 mm de espessura resistentes à ação dos raios ultravioletas. A análise econômica foi realizada levando-se em conta quatro situações: com ou sem auxílio governamental para a instalação e início das atividades, e com a utilização de duas linhagens de tilápia (vermelha ou tailandesa). Os dados zootécnicos foram obtidos de cultivos já realizados na unidade experimental entre 2006 e 2008 com ambas linhagens. O fluxo de caixa gerado (período de 10 anos) baseou-se no custo operacional total, o qual levou em conta o custo operacional efetivo (custo de mão-de-obra, máquinas, equipamentos, ração, alevinos, transporte e energia elétrica, entre outros) e os custos de depreciação (método linear), manutenção, encargos diretos, impostos, encargos financeiros do investimento e do custeio, entre outros. Na situação com auxílio, os custos de investimento, assistência técnica e licenciamento não foram computados. No primeiro ano os custos com ração, alevinos, transporte e combustível também não foram computados. No segundo ano 50% da ração é subsidiada e no terceiro ano 25% (mantendo-se as demais vantagens). Do quarto ano em diante todos os custos ficaram a cargo da comunidade beneficiada. As principais diferenças da tilápia vermelha para a tailandesa (peixes com aproximadamente 500 g) foram: valor de venda (R$ 4,50/kg contra R$ 3,50/kg), sobrevivência (94% contra 80%) e tempo de cultivo (170 dias contra 250 dias). Pelas características das situações avaliadas da unidade de produção aqüícola, o melhor indicador de rentabilidade é o valor presente líquido (VPL) visto que ou taxa interna de retorno (TIR) e o período de recuperação de capital (Payback) não puderam ser utilizados, pois o primeiro apresentou, em três situações, valores nulos (VPL negativo) e o segundo, quando a primeira situação não ocorreu, apresentou o valor zero (inexistência de investimento inicial nas situações com auxílio). Na situação sem auxílio, a tilápia vermelha obteve um VPL de R$ -37.273,11, enquanto que a tailandesa obteve um VPL de R$ -62.442,91. Já para a situação com auxílio, o VPL da tilápia vermelha foi de R$ 21.545,68, muito superior ao da tilápia tailandesa, que foi de R$ -11.309,99. Dessa forma, pode-se verificar que para o estabelecimento de uma condição de permanência no longo prazo do cultivo de tilápia no sistema integrado, deve haver o auxílio governamental, visto que sem este a atividade se torna inviável economicamente. Estes resultados são preliminares, devendo ser confrontados com os resultados dos cultivos futuros e de diferentes unidades demonstrativas. Palavras-chave: tilápia vermelha, tilápia tailandesa, água salgada, reuso da água, segurança alimentar Keywords: red tilapia, taiwanese tilapia, salt water, water reuse, food aid Agradecemos ao BNDS pelo apoio financeiro e ao Ministério do Meio Ambiente pelo suporte prestado.