assistência de enfermagem no cuidado aos doentes terminais

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CUIDADO AOS DOENTES
TERMINAIS
Gabriel Chaves Neto1
Larissa Karla Silveira Dias2
Lidiane Lima de Andrade3
Daiane Medeiros da Silva4
Marta Miriam Lopes Costa5
Eixo Temático: Ética e legislação em enfermagem
RESUMO
Introdução: Os trabalhadores de enfermagem que atuam na área da assistência
oncológica enfrentam situações estressantes de diversas ordens. Para atender esses
pacientes, o principio ético mais adequado requer a adoção de medidas para aliviar o
sofrimento. Objetivos: identificar condutas dos enfermeiros frente aos dilemas éticos no
cuidado ao doente terminal através da produção científica nacional e internacional
durante os últimos dez anos. Metodologia: trata-se de uma pesquisa bibliográfica,
utilizando-se para a busca os descritores ética, doente terminal e enfermagem, inseridos
na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde. Obtiveram-se 41 artigos, publicados
entre os anos de 1979 a 2010, dos quais apenas três atenderam aos objetivos propostos
pelo estudo. Resultados: Os artigos encontrados abordaram as condutas do enfermeiro
frente aos dilemas éticos no cuidado ao doente terminal mostrando que isto exige muito
mais do que conhecimentos acerca da doença e que para desenvolver o cuidado ao
paciente com ética é necessário desenvolver a sensibilidade para superar os dilemas.
Diversas vezes, devido ao grande potencial tecnológico, o trabalho se torna padronizado
Discente da Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraiba. Email:[email protected]
1
2
Enfermeira.
Graduada
pela
Universidade
Federal
da
Paraíba.
E-mail:
[email protected]
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós- Graduação da Universidade Federal da
Paraíba. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós- Graduação da Universidade Federal da
Paraíba. E-mail: [email protected]
4
Enfermeira. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba. Professora
Associada da Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências da Saúde,
Departamento de Enfermagem Clínica, João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail:
[email protected]
5
e as enfermeiras têm dificuldades em lidar com o morrer e muitas vezes mantêm a
conduta, mesmo considerando como fúteis. Há certas dificuldades também no diálogo
com doentes terminais, levando o profissional de saúde ao distanciamento da situação.
Conclusões: Acredita-se que existe real necessidade do trabalho interdisciplinar na área
e que os profissionais necessitam de apoio psicológico para lidar com diversos dilemas
e situações que podem acontecer no ambiente de trabalho com doentes terminais.
Observou-se carência em estudos nessa área, portanto, o desenvolvimento de estudos,
constitui-se uma necessidade para que haja reflexão do papel do enfermeiro na
participação ativa no processo de tomada de decisão e nas condutas a serem
desenvolvidas a doentes terminais.
Palavras-Chaves: Ética; Doente terminal; Enfermagem.
INTRODUÇÃO
O aumento da longevidade e das doenças crônicas e progressivas tem causado
nos últimos anos um impacto notório na organização do sistema de saúde e têm
despertado um grande interesse dos profissionais em amenizar a dor do paciente, e
prover maior conforto diante de suas possibilidades físicas, psicológicas e sociais. Com
a complexidade das situações clínicas, a variedade das patologias, o manejo de práticas
terapêuticas e a gestão de um sofrimento intenso, vêm exigindo naturalmente desses
profissionais que são chamados à prática de cuidados paliativos, um preparo técnico,
formação teórica e experiência prática efetiva (1).
O profissional de enfermagem deve reconhecer o cliente como pessoa igual a
ele, que necessita de cuidado efetivo, estando presente assim à atitude ética do
enfermeiro, este cuidado deve instrumentalizar a conduta da enfermagem, no sentido de
resguardar os direitos do paciente, contudo, ainda são observadas situações nas quais
não há respeito à autonomia dos usuários e onde predomina a falta de informação,
diálogo ao paciente e seus familiares (2).
É necessário cada vez mais o cuidado ético, humano e respeitoso com o
paciente, pois mesmo que os profissionais estejam tecnicamente preparados para utilizar
procedimentos inovadores, muitas vezes não conseguirem minimizar o sofrimento e a
dor, pois para isto são envolvidos vários fatores além do preparo prático(3). A construção
de um modelo mais humanizado na área de saúde pressupõe o exercício de uma ética
profissional mais independente, comprometida com a clientela, com a comunidade e
com o trabalho(3).
Os trabalhadores de enfermagem que atuam na área da assistência oncológica,
enfrentam situações estressantes de diversos aspectos, não apenas pelo tipo de cuidado
que realizam junto aos pacientes com câncer, mas também pelas lacunas de
conhecimentos e tecnologias que dificultam a assistência integral aos mesmos(4). Já que
a complexidade do cuidado prestado a esses pacientes e o emprego de tecnologias
podem evidenciar em seu ambiente o intervencionismo e o curativismo. Estes modelos
têm como características a adoção de medidas que, frequentemente, não permitem o
cuidado de forma holística, comprometendo muitas vezes um cuidado de forma
resolutiva e eficaz(5).
O câncer pode causar uma dor intensa, além de outros sintomas físicos,
sofrimento emocional e espiritual, que podem tornar a continuidade da vida intolerável.
Para atender esses pacientes, o princípio ético mais adequado requer a adoção de
medidas que não visam mais curar, mas aliviar o sofrimento e o cuidar(6).
No processo de tomada de decisão relacionado a ações com pacientes terminais,
os enfermeiros geralmente não participam, mas consideram que a participação da
família e de outros profissionais, e o respeito pelo desejo do paciente são importantes no
processo decisório. Assim, é importante que os enfermeiros tenham uma maior
fundamentação teórica dos conjuntos de princípios éticos que compõem a base
necessária para o delicado processo de tomada de decisão(5).
Pois mesmo os profissionais de saúde que lidam com a morte de perto
demonstram sérias dificuldades em encarar este fenômeno, talvez por não estarem
preparados para enfrentar a própria morte, devido a um entrave cultural que conduz,
muitas vezes, a um afastamento do profissional de saúde do doente em fase terminal(7).
Sendo assim, pontua-se a importância de tal pesquisa acerca da temática
abordada, visto que o profissional de enfermagem tem o contato constante com o
paciente e muitas vezes não se encontra capacitado para lidar com diversas situações
que envolvem pacientes com doenças terminais, pois este processo envolve além da
tomada de decisões de cunho técnico - cientifico profissional, como alguém que
apresente sensibilidade frente as necessidades do outro.
Com base nos argumentos apresentados, questiona-se a possibilidade de
identificar condutas dos enfermeiros frente aos dilemas éticos no cuidado ao doente
terminal. Para responder tal questionamento traçou-se o seguinte objetivo: identificar
condutas dos enfermeiros frente aos dilemas éticos no cuidado ao doente terminal
através da produção científica nacional e internacional durante os últimos dez anos.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica utilizando fonte de dados secundária. Esse
tipo de estudo é elaborado a partir de material já publicado, no sentido de coletar dados
gerais ou específicos acerca de um tema, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa
natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas
(FIGUEIREDO, 2008).
Utilizou-se para a busca os descritores do DeCS (Descritores em Ciência da
Saúde): ética, doente terminal e enfermagem, em seguida, estes foram inseridos na base
de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo utilizado como operador booleano
o termo “and”.
Como resultado da pesquisa, obteve-se 41 artigos, publicados entre os anos de
1979 a 2010, dos quais apenas cinco são disponibilizados em textos completos. Após
leitura exaustiva a fim de confirmar se o estudo se enquadrava ao objetivo dessa
investigação, foram selecionados três artigos por abranger o tema do comportamento
dos enfermeiros frente aos dilemas éticos no cuidado ao doente terminal.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O primeiro artigo selecionado é intitulado “A ética no cuidado durante o
processo de morrer: relato de experiência”(8), relata a experiência de acompanhamento
domiciliar de um paciente em fase terminal e promove reflexão a respeito do dilema
ético de cuidar de um paciente em fase terminal a partir de uma pesquisa intitulada:
Perda, Luto e Separação (PLUS), que tem o intuito de levantar a discussão entre
profissionais e acadêmicos da área da saúde e áreas afins em torno do tema, além de
realizar atendimento domiciliar com o propósito de executar atividades diversificadas e
específicas, buscando promover a melhora da auto-estima, a compreensão saudável dos
sentimentos e da situação vivenciada, bem como outras necessidades apresentadas.
Durante a pesquisa, o atendimento domiciliar era realizado por dois acadêmicos
de cursos diferentes, semanalmente, visando à promoção da interdisciplinaridade. As
atividades realizadas durante cada visita eram estabelecidas de acordo com a demanda
do paciente onde não havia tempo determinado para o fim das visitas e cada visita era
registrada em um relatório e discutida entre os integrantes do grupo. Sendo estas
baseadas no direito de expressar sentimentos e emoções diante da morte, o direito de
receber respostas honestas e o direito de ser cuidado por pessoas sensíveis, humanas e
competentes que procuram compreender e responder às necessidades e ajudar a
enfrentar a morte. Eram baseadas também nas cinco fases do morrer identificada por
Kübler Ross: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação(9).
Os resultados deste estudo foram discutidos em cinco partes, relacionando aos
cinco atendimentos domiciliares realizados por dois estudantes, um do curso de
graduação em enfermagem e outro de psicologia em que antes discutiram as
possibilidades de intervenções com o paciente e sua família, como o relaxamento,
técnicas alternativas para alívio da dor ou mesmo o esclarecimento de questões
relacionadas ao processo vivenciado pelo cliente.
Na primeira visita utilizaram a técnica de escuta terapêutica, e o paciente foi
estimulado a relatar suas conquistas profissionais e pessoais. Sentindo-se bem
manifestou o desejo de continuarmos a realização do atendimento. Nesse momento
demonstrou a negação por não querer em nenhum momento falar sobre sua doença.
Esse primeiro estágio pode ser uma defesa temporária ou, em alguns, casos pode
sustentar-se até o fim. O paciente se torna receoso, desconfiando de troca de exames ou
competência da equipe de saúde(10).
Na segunda visita, foi relatada a percepção que a ética pressupõe o paciente
como um ser capaz de expressar desejos que ultrapassam os limites confortáveis da
ciência. A partir daí pode-se compreender que a forma de diálogo livre, sem a
preocupação constante em falar sobre o câncer, se torna mais acessível ao momento. O
paciente expressou mágoas e insatisfações diante de seu estado de saúde expressando a
segunda fase do morrer, a raiva.
No terceiro momento, foi descoberto que o paciente tinha uma grande afinidade
pela leitura e sua esposa pela musicoterapia, a partir daí foram incentivados a realizar
essas atividades. Diante do relato dos autores, percebeu-se que muitas vezes as pessoas
não conseguem entender que simples atividades que se tem afinidade podem melhorar
consideravelmente situações de estresse, raiva e mágoas, principalmente quando
relacionado a doenças terminais. Assim, o papel do profissional de saúde em incentivar
essas atividades é de grande importância.
Durante a quarta visita, foi observado pelos discentes a ausência de sinais de
estresse, pouco diálogo e falta de ânimo iniciando a depressão/aceitação da doença. A
depressão era também mais percebida através da falta de cooperação ou de interesse dos
pacientes pelo tratamento, atitudes de apatia, o ficar quieto, e a falta de atividades(10).
Na quinta visita, o paciente, em decadência física, não recebeu os discentes. A
esposa explicou que ele gostaria de conversar apenas ao telefone, e assim foi feito.
Conclui-se que o dilema ético de como cuidar de quem se encontra na iminência
da morte exige muito mais do que conhecimentos acerca da doença, a consciência que o
profissional deve ter nesse momento só pode ser sentida com a individualidade do
paciente. E para isso acontecer, acreditamos que é necessário que os profissionais,
principalmente de enfermagem, tenham um preparo, aprimoramento continuado e
formação especializada na área de cuidados paliativos.
Apesar de o estudo ter sido realizado com acadêmicos, percebemos o quanto é
importante à relação de interdisciplinaridade no processo de trabalho, quando o assunto
é doente terminal. E que ainda, há carência de profissionais especializados nessa área,
pois muitas vezes eles não têm o contato com a disciplina de oncologia no curso de
graduação em enfermagem.
O estudo relata que após o acompanhamento a sensação é de realização por ter
contribuído para um caminho menos solitário e, apesar de tudo, mais digno para a
morte. A conduta dos estudantes frente ao doente terminal nos revela que a questão
ética não segue uma regra, mas sim desenvolve a sensibilidade para superar os dilemas.
O segundo artigo selecionado “Obstinação terapêutica como questão ética:
Enfermeiras de unidades de terapia intensiva”(11), procura compreender como as
enfermeiras vêm enfrentando a implementação de medidas terapêuticas que reconhecem
como fúteis. É um estudo qualitativo, exploratório descritivo realizado em dois hospitais
privados de uma cidade do Rio Grande do Sul. Os sujeitos da pesquisa foram
enfermeiras que atuam nas Unidades de Terapias Intensivas (UTI) desses hospitais há
mais de um ano. O estudo foi realizado a partir de entrevistas semi-estruturadas e os
resultados foram divididos em quatro categorias.
Na primeira, foi relatado o entendimento das enfermeiras sobre obstinação
terapêutica, onde a maioria desconheceu o termo. Porém após explicação do significado
do termo a maioria referiu que a problemática acontecia na UTI em que trabalhavam.
De acordo com a entrevista as enfermeiras demonstraram que o trabalho parece
mecânico, priorizando a manutenção da ordem na unidade e o atendimento do paciente
em suas necessidades apenas biológicas, muitas vezes ignorando a vontade a as
particularidades do paciente.
Na segunda categoria as enfermeiras caracterizaram a obstinação terapêutica
como a conduta de estender o tempo de vida de um paciente que está em fase terminal
da doença, prolongando o seu sofrimento, implementando terapêuticas fúteis. Há
dificuldades das enfermeiras em lidar com a morte e o morrer, e muitas vezes na ilusão
que a cura vai ser atingida implementam mesmo não vislumbrando sua real
possibilidade.
Na terceira categoria a obstinação terapêutica na visão das enfermeiras é
necessária, pois há priorização da cura do paciente, acreditando que por meio da
manutenção da vida, estão beneficiando o paciente e minimizando danos, como a morte.
Na quarta categoria é possível perceber a dificuldade vivenciada por muitas
enfermeiras de ouvir o paciente. Há receio em dialogar sobre o diagnóstico e
prognóstico da doença, muitas vezes o doente não tem chances de demonstrar suas
dúvidas e questionamentos, porém é importante esclarecer as opções de cuidados a
serem implementados e suas possíveis consequências, pois, para que o doente tenha
condições de escolha, é necessário que as conheça. Além do diálogo com o paciente, é
importante que as enfermeiras tenham atividades multiprofissionais, construindo
trabalho em equipe em benefício do doente.
Podemos perceber nesse estudo que nas UTI, muitas vezes, devido ao grande
potencial tecnológico, o trabalho parece padronizado. As enfermeiras têm grandes
dificuldades em lidar com o morrer e muitas vezes mantêm a conduta e implementam
ações, mesmo considerando como fúteis. Há certas dificuldades também no diálogo
com doentes terminais, e existe real necessidade do trabalho interdisciplinar na área.
No terceiro artigo “A distanásia como geradora de dilemas éticos nas Unidades
de Terapia Intensiva: considerações sobre a participação dos enfermeiros”(12) discutese o contexto que favorece a prática da distanásia, com ênfase na utilização excessiva do
suporte tecnológico.
O estudo relata que a participação dos enfermeiros no processo de tomada de
decisão de dilemas éticos, apesar de importante, muitas vezes tem se mostrado retraída.
Pois os enfermeiros poderiam contribuir efetivamente para a tomada de decisões
defendendo a autonomia do paciente e a família, porém, priorizam o desejo dos
pacientes e familiares, diferente do que ocorre com os médicos, e aí enfrentam novos
dilemas, por terem que cumprir tratamentos com os quais não concorda.
Observa-se também que a decisão de se interromper determinado tratamento
nem sempre é consensual entre os profissionais e sustentada pelos diferentes
intensivistas da mesma instituição. Os enfermeiros tendem a manter distanciamento
dessas situações, em razão do sofrimento emocional que o enfrentamento dessas
situações acarreta.
Os dilemas éticos são de difícil solução e trazem desgaste e sofrimento a todos
os envolvidos. Assim, certamente, seria mais fácil e menos doloroso se as decisões
fossem discutidas e compartilhadas conjuntamente entre os profissionais, paciente,
quando possível, e família visando à resolução de eventuais conflitos sobre objetivos e
possibilidades reais de tratamento.
Em relação à presença da família é necessário ouvi-la e incentivar em todo
processo do cuidar. É preciso considerar a família como um elemento terapêutico que
deve ser incorporado ao cuidado do paciente
No estudo foi descrito outros estudos onde evidenciaram a preocupação dos
enfermeiros com os pacientes e seus familiares e a busca de novas maneiras de prestar
assistência de enfermagem na UTI, visando valorizar princípios éticos na prática
cotidiana.
É tarefa difícil quando e como agir fazendo o melhor possível para atender aos
interesses dos pacientes, sem transpor a linha da futilidade bem maior do que apenas
dominar o uso da tecnologia sustentadora da vida.
Observa-se o quanto é pequena a participação dos enfermeiros na tomada de
decisão em dilemas éticos, e o distanciamento da situação, que geralmente é resolvida
por médicos. Porém deveria acontecer a decisão conjunta entre os profissionais,
paciente e família, esta se tornando muito importante no processo de cuidar do paciente.
Os enfermeiros geralmente realizam a assistência programada de uma forma
mecanicista esquecendo muitas vezes do cuidado mental e espiritual do paciente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos selecionados, pode-se perceber que a conduta do enfermeiro
frente aos dilemas éticos no cuidado ao doente terminal exige muito mais do que
conhecimentos acerca da doença. Reflete que para desenvolver o cuidado ao paciente
com ética não é necessário seguir uma regra, mas sim desenvolver a sensibilidade para
superar os dilemas.
O estudo revelou também que diversas vezes, devido ao grande potencial
tecnológico, o trabalho se torna padronizado e que as enfermeiras têm dificuldades em
lidar com o morrer e muitas vezes mantêm a conduta e implementam ações, mesmo
considerando como fúteis. Há certas dificuldades também no diálogo com doentes
terminais, se distanciamento da situação.
Acredita-se que existe real necessidade do trabalho interdisciplinar na área e que
os profissionais necessitam de apoio psicológico para lidar com diversos dilemas e
situações que podem acontecer no ambiente de trabalho com doentes terminais, sejam
eles no acompanhamento domiciliar, enfermarias ou Unidades de Terapia Intensiva.
Observou-se também a carência em estudos nessa área, portanto, o
desenvolvimento de estudos, constitui-se uma necessidade para que haja reflexão do
papel do enfermeiro na participação ativa no processo de tomada de decisão e nas
condutas a serem desenvolvidas a doentes terminais.
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