Nathalia Prado Rosolem, Karine Bueno Vargas

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ISBN: 978-85-7506-232-6
GEOTECNOLOGIAS APLICADAS A ANÁLISE
INTEGRADA DA PAISAGEM:
INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE
GEOPROCESSAMENTO E METODOLOGIA DE
PESQUISA EM GEOGRAFIA FÍSICA
Nathália Prado Rosolém
Universidade Estadual de Londrina
[email protected]
Karine Bueno Vargas
Universidade Estadual de Londrina
[email protected]
INTRODUÇÃO
Na busca da interdisciplinaridade dentro dos conteúdos geográficos propõe se
relatar a experiência da prática de ensino das disciplinas de Geoprocessamento e
Metodologia de Pesquisa em Geografia Física do curso de Geografia da Universidade
Estadual de Londrina, realizado junto aos alunos do terceiro ano do bacharelado.
De acordo com Brasil (1999, p. 89), a interdisciplinaridade não dilui as disciplinas,
ao contrário, mantém sua individualidade, mas integra as disciplinas, a partir da
compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha
todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e
negociação de significados e registro sistemático dos resultados.
A disciplina de Geoprocessamento acima citada envolve o processamento
informatizado de dados georreferenciados obtidos por meio de dados cartográficos (mapas,
cartas, plantas, imagens de satélite) e tem como objetivo espacializar e mapear fenômenos
físicos e sociais sendo, portanto um conjunto de conceitos, métodos e técnicas em torno do
processamento eletrônico de dados.
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Já a disciplina de Metodologia de Pesquisa em Geografia Física tem como
finalidade apresentar ao aluno os caminhos teóricos e práticos para o desenvolvimento da
pesquisa no campo dessa vertente geográfica, além de instrumentalizá-lo na elaboração e
desenvolvimento de projetos, conduzindo-o a realidade profissional do bacharel em
Geografia.
De tal modo, a união dessas duas disciplinas, com a elaboração de trabalhos em
conjunto, integraram-se com a proposta pedagógica de um trabalho de campo com ênfase
na análise conjunta da paisagem no final das disciplinas, onde os conteúdos foram
transmitidos de forma individual em sala de aula, mas inteirados com a mesma proposta de
análise e área de estudo.
A interface junto a disciplina de Geoprocessamento é válida para diversas áreas
das ciências naturais e sociais, pois instrui o aluno a espacializar fenômenos a partir da
cartografia digital e auxilia também em processos posteriores a produção de mapas, como a
análise e interpretação de seus significados.
De acordo com Mendes e Cirilo (2001), o Geoprocessamento pode ser
considerado como parte de um conjunto de tecnologias que, com o trabalho integrado,
ajudam a representar, simular, planejar e gerenciar o mundo real. Dessa maneira, a
interdisciplinaridade entre o Geoprocessamento e a Cartografia com disciplinas que têm
como objeto o espaço geográfico é enriquecedor a todos os envolvidos, pois os alunos
passam a compreender com o uso de geotecnologias os fenômenos na teoria e como eles
se distribuem no espaço.
O uso das geotecnologias tende a facilitar a elaboração de diversos tipos de
mapeamentos, principalmente com as funcionalidades do seu instrumento maior, o SIG
(Sistema de Informação Geográfica), de fundamental importância na formação e
qualificação do geógrafo para o mercado de trabalho.
Em conjunto com uso de técnicas e metodologias atuais, deve-se também
associar o uso de métodos clássicos dos estudos geográficos, como o trabalho de campo,
essencial nas pesquisas de Geografia Física, é a partir dele que se constata a realidade dos
fenômenos e adiciona novas informações que vão além do visto nas fotografias aéreas e
imagens de satélite, sendo função do geógrafo representar o espaço da forma mais real
possível com a escolha da escala de análise mais adequada.
De acordo com Suertegaray (2005), o trabalho de campo é um instrumento de
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análise geográfica que permite o reconhecimento do objeto e que, fazendo parte de um
método de investigação, permite a inserção do pesquisador no movimento da sociedade e
natureza como um todo. De acordo com a autora, essa visão não nega a possibilidade de
uso de instrumentalização no campo e na pesquisa de forma ampla, devendo-se utilizar as
novas tecnologias a serviço das escolhas do profissional geógrafo.
A opção do trabalho de campo como ferramenta da análise integrada da
paisagem surge a partir das discussões sobre os vários métodos e técnicas de Geografia
Física vistos em sala, principalmente nas áreas de biogeografia, hidrografia, geomorfologia,
pedologia e climatologia que são as mais trabalhadas pelos geógrafos dessa vertente. No
qual, os alunos em contato com os elementos físicos da natureza, terão condições de
analisar e identificar os fatores que levam a sua integração numa mesma paisagem.
Para Manosso (2009), os conteúdos físicos da paisagem podem ser interpretados
de forma integrada, buscando o entendimento interdisciplinar da organização do espaço,
principalmente sob a prática do ensino de Geografia. O autor ainda ressalta que, o estudo e
interpretação da organização do espaço requerem análises aprofundadas sobre diversos
elementos que compõem a paisagem expressa na superfície atual, dotados de
funcionalidade própria no espaço e no tempo.
O objetivo deste artigo, portanto é relatar as experiências e resultados
alcançados com esta integração disciplinar, utilizando a metodologia analítica descritiva para
apresentar a construção do conhecimento desenvolvido em sala, o qual pode ser aplicado
por diversas disciplinas, agregando maior valor ao conhecimento das ciências naturais e
sociais e ainda fortificando o processo de ensino aprendizado dos alunos.
Por meio desta proposta de integração, optou-se para o estudo uma escala
geográfica comum, o Morro da Antena, localizado no município de Ortigueira, na região
Centro Oriental Paranaense, área trabalhada em duas etapas, na primeira com estudos
prévios feitos em sala de aula até a realização do campo e na segunda com o Pós-campo, no
qual sistematizou as informações sobre a análise integrada da paisagem e a confecção dos
mapas temáticos.
PRIMEIRA ETAPA – PREPARAÇÃO PARA O CAMPO
A disciplina de metodologia em Geografia Física primeiramente introduziu os
alunos nas áreas de maior destaque dessa vertente (climatologia, pedologia, geomorfologia,
hidrografia e biogeografia), abordando seus objetos de estudos e suas técnicas e
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metodologias mais utilizadas na análise ambiental da paisagem.
O panorama dessas ciências foi resgatado para que os alunos pudessem
compreender que os elementos da paisagem como clima, relevo, solos, vegetação e rede
hidrográfica podem estar todos integrados. E por mais que o geógrafo trabalhe com uma
área específica, não se deve desconsiderar os demais elementos físicos que poderão auxiliar
nas respostas de dinâmicas e processos ocorrentes tanto num passado geológico como no
presente.
Dentro desse contexto, Venturi (2011) relata que o geógrafo não observa um
mundo estático e deve sempre procurar entender os processos, por exemplo, ao observar e
descrever amostras de solo ele estará, ao mesmo tempo, considerando determinado
contexto paisagístico e refletindo sobre sua conservação, aproveitamento ou fragilidade de
processos erosivos.
Em seguida, buscou-se trabalhar com a temática do trabalho de campo, no qual
deu enfoque a sua importância como método de análise geográfica e também sobre a
instrumentalização básica necessária para um bom desenvolvimento da coleta de dados e
informações obtidas em campo, sendo fundamental o uso de GPS, câmera fotográfica,
caderneta de campo, suportes para coleta de materiais quando necessário e ferramentas
específicas.
A instrumentalização pode variar de acordo com a pesquisa, devendo-se sempre
realizar um planejamento pré-campo para listar os objetivos a serem alcançados e os
equipamentos necessários para tal coleta de informações. Além disso, deve-se programar os
horários de partida, desenvolvimento do campo, horário de refeições e retorno, levando em
consideração as situações adversas como chuvas, problemas com os equipamentos e
transporte, ou acidentes que possam comprometer o cronograma.
Após todo o levantamento para um bom desenvolvimento do trabalho de
campo, foi apresentado os itens necessários para a elaboração do relatório de campo, como
introdução, com a contextualização da área a ser visitada, sua localização e caracterização
geral, o desenvolvimento com descrição dos pontos de parada, coordenadas geográficas,
descrição do fenômeno ou paisagem a ser analisada, fotografias, mapas e croquis, e por fim
as considerações finais e referências utilizadas, padronizados a partir das normas de trabalho
acadêmico (ABNT), pois se refere a um documento científico a ser avaliado como nota
parcial das disciplinas.
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A aula que antecipa o campo é destinada a preparação e o conhecimento prévio
sobre a área de estudo, para que os alunos possam chegar ao local devidamente
orientados, instrumentalizados e focados aos elementos que necessitam observar e
registrar.
Já a primeira etapa realizada na disciplina de Geoprocessamento foi a produção
de um mapa que pudesse demonstrar a localização da área e as características do relevo
que se encontra no trajeto e no entorno do Morro da Antena situado no município de
Ortigueira.
A elaboração do mapa hipsométrico foi proposta para compreender o
comportamento do relevo do trajeto entre o município de Londrina, tendo como ponto
inicial a Universidade Estadual de Londrina (23º 19’ 31,8” S e 51º 12’ 00” W) e o Morro da
Antena no município de Ortigueira (23º 58’ 12” S e 51º 04’ 33,6” W) como ponto de chegada e
área de estudo (Mapa 1).
O mapa foi elaborado a partir de arquivos raster em formato TIFF de Modelo
Numérico de Elevação obtidos por SRTM1 (Shuttle Radar Topography Mission) disponíveis para
download no site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já
georreferenciados.
No ambiente SIG no software ArcMap, fez-se a inserção e o mosaico do conjunto
das imagens, que em seguida foram recortadas a partir da base cartográfica da divisão
político-administrativa do Paraná de 2013 2 disponível no formato shapefile no site do ITCG
(Instituto de Terras, Cartografia e Geociências).
Para o recorte da imagem, além dos municípios de Londrina e Ortigueira,
vinculou-se também a delimitação dos municípios limítrofes que dão continuidade ao
trajeto, Tamarana e Mauá da Serra, para compor em uma etapa seguinte o perfil
topográfico.
Com a imagem já recortada, pode-se associar cores convencionadas a
representação do relevo, com o uso da cor amarela para regiões mais baixas e do marrom
para regiões de alta elevação, que resultou no mapa hipsométrico da área.
1
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Imagens SRTM do Brasil em Relevo. Disponível em:
http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/. Acesso em: 15 set 2013.
2
ITCG. Instituto de Terras, Cartografia e Geociências. Produtos Cartográficos: dados e informações geoespaciais
temáticos. Disponível em: http://www.itcg.pr.gov.br/modules/faq/category.php?categoryid=9. Acesso em: 15 de set
2013.
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Para complementar e finalizar o mapa, além da inclusão dos elementos
essenciais como legenda, escala, coordenadas geográficas, norte verdadeiro, fonte e
organização, optou-se pela elaboração de um perfil topográfico do trajeto com o objetivo de
compreender o comportamento do relevo.
Ao inserir as coordenadas dos pontos inicial e final do trajeto, utilizou-se a
ferramenta
3DAnalyst
para
a
elaboração
do
perfil
topográfico,
que
produziu
automaticamente, a partir da associação dos valores dos pixels da imagem, a representação
em gráfico do comportamento do relevo do trajeto a ser percorrido.
De acordo com a classificação do Atlas Geomorfológico do Paraná da
MINEROPAR (2006), a área de Londrina, que foi o ponto de partida para o campo,
corresponde a subunidade morfoescultural Planalto de Londrina, que situa-se no Terceiro
Planalto Paranaense, apresenta dissecação média e ocupa numa área de 3.233,83 km². A
classe de declividade predominante é menor que 12% em uma área de 2.475,50 km². Em
relação ao relevo, apresenta um gradiente de 820 metros com altitudes variando entre 360
(mínima) e 1.180 (máxima). As formas predominantes são topos alongados, vertentes
convexas e vales em “V”, modeladas em rochas da Formação Serra Geral.
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Mapa 1. Hipsometria e Perfil Topográfico do Trajeto de Campo: Londrina-Morro da Antena (Ortigueira)
– PR.
Fonte: Embrapa e ITCG, 2013. Elaboração: Nathália Prado Rosolém, 2013.
Já a área do município de Ortigueira, corresponde a subunidade morfoescultural
denominada Planalto de Ortigueira, situada no Segundo Planalto Paranaense, apresenta
dissecação média. As classes de declividade predominantes são menores que 6% em uma
área de 432,22 km² e de 12-30% em uma área de 360,21 km². Em relação ao relevo,
apresenta um gradiente de 560 metros com altitudes variando entre 420 (mínima) e 980
(máxima). As formas predominantes são topos alongados e em cristas, vertentes retilíneas e
vales em “V”. A direção geral de morfologia é NW/SE, modelada em rochas da Formação Rio
do Rastro e da Formação Teresina (MINEROPAR, 2006).
Com relação ao relevo regional de Ortigueira, esse é formado por uma zona de
transição entre o Segundo e o Terceiro Planalto Paranaense. Segundo Maack (2012), nas
proximidades da Escarpa da Serra Geral, destacam-se morfoesculturas de mesetas, colinas e
morros testemunhos formados por rochas vulcânicas (derrames de basalto da Formação
Serra Geral). A área é conhecida regionalmente como Serra do Cadeado (Figura 1), sendo
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um prolongamento fisiográfico da Serra Geral, que se estende do nordeste do Rio Grande
do Sul até o estado de São Paulo.
O Segundo Planalto contempla uma faixa de aproximadamente 100 km de
largura, limitado a oeste e norte pela Escarpa da Serra Geral e a leste pela Escarpa
Devoniana. Na parte leste do Segundo Planalto, nas proximidades do município de Tibagi, as
altitudes máximas atingem 1290 m, diminuindo até cerca de 510 m no leito do rio Tibagi,
quando este atravessa a Escarpa da Serra Geral, no limite entre o Segundo e o Terceiro
Planalto Paranaense (FREITAS, 2005).
Já o Terceiro Planalto corresponde ao maior compartimento de relevo do Estado
do Paraná, seus limites ocorrem entre o reverso de cuesta da Serra Geral a oeste e a calha
do rio Paraná a leste, na divisa com o Mato Grosso do Sul. As litologias características desse
compartimento são os basaltos da Formação Serra Geral e os arenitos da Formação Caiuá,
que serviram de substrato para o relevo suave ondulado, com amplas vertentes convexas e
espessos mantos de alteração (SANTOS; FORTES; MANIERI, 2009).
Figura 1. Perfil topográfico esquemático do Estado do Paraná (E-W).
Obs.: quadrado em vermelho corresponde à área de estudo. Fonte: Maack (1968), modificado por Vargas (2012).
Além da geologia e da geomorfologia da área, buscou-se a caracterização de
outros elementos físicos da paisagem, como clima, solos, geologia, rede hidrográfica e
biogeografia, que foram também explanados e analisados em sala de aula, buscando
sempre a conexão entre os elementos.
Sobre as características pedológicas do morro, sua base possui solos
provenientes dos arenitos da Formação Botucatu/Pirambóia e dos siltitos, argilitos e
arenitos da Formação Rio do Rasto. O latossolo vermelho encontrado no topo no morro é
oriundo de atividades pedogenéticas sobre as rochas basálticas, que com o passar dos anos
foram se decompondo, dando origem a esse tipo de solo.
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A vegetação da área é formada de Floresta Ombrófila Mista, com a presença de
Araucárias, espécies angiospermas e coníferas, sendo um ecossistema mantido pelo regime
de chuvas anual, ocorrente em altitudes elevadas. Assim, o clima, os tipos de solo e a
altitude proporcionam características específicas às vegetações, que se adaptam e
expandem seu domínio de acordo com a sua harmonização e adequabilidade aos
elementos físicos quem compõem a paisagem.
SEGUNDA ETAPA – PÓS-CAMPO
Após a realização do campo foram elaborados em sala de aula mais quatro
mapas temáticos, que tiveram como base a Carta Topográfica de Mauá da Serra 3 publicada
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 1992 na escala de
1:50000. Essa foi inserida no software ArcMap, georreferenciada, para então iniciar a etapa
seguinte.
Primeiramente, buscou-se a vetorização da base e delimitação do Morro da
Antena. Para essa ação utilizou-se da ferramenta ArcScan que auxilia na vetorização de
cartas binárias (1 bit – preto e branco) de forma semiautomática, no qual o operador
direciona o caminho a ser percorrido no processo de transformação do raster em vetor.
Para elaborar o mapa hipsométrico vetorizou-se as curvas de nível e associou-se
a cada uma delas o seu valor de altitude em um banco de dados alfanuméricos, para que o
software pudesse reconhecer e gerar a partir dessas informações o Modelo Numérico de
Terreno (MNT), em que resultou no mapa do relevo da área e de declividade do Morro da
Antena (Mapa 2 e 3).
3
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Carta Topográfica de Mauá da Serra: escala 1:50000. Rio de
Janeiro, Departamento de Cartografia, 1992.
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Mapa 2. Hipsometria e MNT do Morro da Antena do município de Ortigueira – PR.
Fonte: Carta Topográfica de Mauá da Serra, IBGE, 1992. Elaboração: Nathália Prado Rosolém, 2013.
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Mapa 3. Declividade do Morro da Antena do município de Ortigueira – PR.
Fonte: Carta Topográfica de Mauá da Serra, IBGE, 1992. Elaboração: Nathália Prado Rosolém, 2013.
O que se vê a partir dos mapas é a representação do relevo serrano em uma
área de borda planáltica formada por escarpas típicas de cuesta, que se caracteriza por
relevos dissimétricos constituídos por uma sucessão alternada das camadas litológicas com
diferentes resistências à erosão, formando um declive suave de um lado e um corte abrupto
de outro, sendo o front e o reverso da escarpa. No Morro da Antena é possível visualizar esse
contexto geomorfológico, porém o morro é apenas um fragmento dessa escarpa,
realçando-se na paisagem como um relevo testemunho, formado pela atuação de agentes
intempéricos em conjunto com a instalação da rede drenagem.
Da base para o topo do morro, como pode ser visto no mapa 2, as altitudes
variam de 1060 a 1220 metros e apresentam declividades de 5 a 50%, como observado no
mapa 3. Tal diferenciação, tanto da altitude como declividade, é decorrente das diferentes
camadas litológicas que embasam o morro de forma assimétrica sob a ação dos agentes
erosivos que moldam essa estrutura.
No campo foram coletados informações sobre a paisagem das paradas
realizadas em um intervalo de 200 metros no trajeto de subida do morro. Além das
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coordenadas geográficas recolhidas com o aparelho receptor GPS, anotou-se informações
referentes à altitude, geologia, geomorfologia e vegetação dos dez pontos, dados que foram
utilizados posteriormente em sala de aula para elaboração do banco de dados do morro.
Com os dados em mãos e com a base cartográfica do morro já vetorizada,
inseriram-se os pontos das paradas a partir da relação das coordenadas geográficas e
também os elementos temáticos da carta topográfica como redes de transporte (PR-445 rodovia de acesso ao morro e estrada sem pavimentação de acesso ao topo do morro) e
hidrografia, no que gerou a produção do mapa 4 de localização dos pontos de paradas
realizados no Morro da Antena.
Mapa 4. Pontos de parada do campo no Morro da Antena em Ortigueira – PR.
Fonte: Carta Topográfica de Mauá da Serra, IBGE, 1992. Elaboração: Nathália Prado Rosolém, 2013.
Após a elaboração dos mapas temáticos propostos, com o objetivo de
complementar o relatório de campo, confeccionou-se o mapa de localização do Morro da
Antena a partir das bases disponíveis em formato shapefile no site do IBGE (base cartográfica
do Brasil), do ITCG (base cartográfica do Paraná e o do município de Ortigueira) e da Carta
Topográfica do município (delimitação do Morro) (Mapa 5).
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Mapa 5. Localização do Morro da Antena em Ortigueira – PR.
Fonte: Base Cartográfica do Paraná, ITCG, 2013. Elaboração: Nathália Prado Rosolém, 2013.
Sendo assim, por meio de bases cartográficas digitais e analógicas e dados
coletados em campo, em cartas topográficas e sites de instituições públicas, criou-se um
banco de dados de Sistema Informação Geográfica (SIG) e representações cartográficas,
importantes instrumentos para compreender a realidade da paisagem encontrada e
analisar os fatos geográficos em sua extensão e localização, resultando na elaboração do
relatório de campo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interdisciplinaridade entre o Geoprocessamento e a Metodologia de Pesquisa
em Geografia Física resultou em um relatório de campo, com um conjunto de mapas
produzidos pelos próprios alunos e uma descrição do que foi visto, fortalecendo o processo
de ensino aprendizagem e a compreensão da análise integrada da paisagem, seguindo os
preceitos da práxis (teoria e prática).
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Na disciplina de Metodologia de Pesquisa em Geografia Física, os alunos tiveram
acesso às discussões de diversos temas e metodologias evidenciando a importância da
técnica do trabalho de campo para a Geografia e sua inserção nas ementas dos cursos, com
a aplicação da teoria em sala de aula e a prática em campo ou laboratórios, para se
visualizar as dinâmicas que atuam no espaço geográfico.
Já na disciplina de Geoprocessamento, os alunos puderem se qualificar quanto
ao uso das geotecnologias, especificamente com o Sistema de Informação Geográfica, com a
elaboração de produtos cartográficos associados a um banco de dados, importante
ferramenta para atuação do geógrafo no mercado de trabalho e como suporte para análise
espacial de fenômenos, que auxilia o pesquisador a gerar soluções para os problemas,
tomar decisões e realizar diagnósticos sobre a região estudada.
Deste modo, com o desempenho dessas duas disciplinas em uma escala
geográfica comum, buscou-se qualificar melhor os profissionais geógrafos, tanto na teoria
quanto na prática, com introdução a métodos e técnicas essenciais a sua formação e
atuação, para que esse profissional esteja preparado para atuar em pesquisas científicas,
planejamentos, implantações de políticas sociais, econômicas e administrativas em órgãos
públicos ou em iniciativas privadas.
Dá-se por fim, uma atenção a importância da interdisciplinaridade, analisada e
respeitada
pelo
célebre
geógrafo
brasileiro
Aziz
Ab’Sáber:
“...hoje
em
dia,
a
interdisciplinaridade torna-se um verdadeiro imperativo para a construção de uma
sociedade que seja capaz de receber e absorver, em todos os seus segmentos, os benefícios
e as facilidade dessa ciência integrada” (2005, p. 24).
REFERÊNCIAS
AB’SÁBER,
A.
Refletindo
sobre
questões
ambientais: ecologia, psicologia e outras
ciências. Psicologia USP, São Paulo, v. 16, n. 1
e 2, p. 19-34, 2005. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/vie
w/41832/45500. Acesso em 28 jul 2014.
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Ensino Médio. Ministério da Educação. Brasília,
1999.
FREITAS, R. C. Análise estrutural multitemática
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Bacia do Paraná. Dissertação (Mestrado em
Geologia) Universidade Federal do Paraná.
2005.
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná.
Curitiba: IBPT, 1968.
MAACK, R. Geografia Física do Paraná. 4.ed.
Ponta Grossa: Editora UEPG, 2012.
MANOSSO, F. C. Estudo integrado da paisagem nas
regiões norte, oeste e centro-sul do estado do
Paraná:
relações
entre
a
estrutura
geoecológica e a organização do espaço.
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ISBN: 978-85-7506-232-6
Boletim de Geografia. Maringá, v. 26/27, n. 1,
p. 81-94, 2008/2009.
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VARGAS, K. B. Caracterização morfoestrutural e
evolução da paisagem da bacia hidrográfica
do ribeirão Água das Antas – PR. 2012.
Dissertação
(Mestrado
em
Geografia).
Universidade Estadual de Maringá. Maringá,
2012.
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GEOTECNOLOGIAS APLICADAS A ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM:
INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE GEOPROCESSAMENTO E
METODOLOGIA DE PESQUISA EM GEOGRAFIA FÍSICA
EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais
RESUMO
Este trabalho vem como um produto da proposta de interação entre as disciplinas de
Geoprocessamento e Metodologia de Pesquisa em Geografia Física do curso de Geografia da
Universidade Estadual de Londrina, realizado junto aos alunos do terceiro ano do bacharelado. A
interdisciplinaridade foi uma maneira de complementar a formulação de um saber crítico-reflexivo
e superar a fragmentação científica, relacionando-as entre si para a compreensão da realidade, na
busca de que os alunos compreendam e analisem as dinâmicas da paisagem em caráter territorial
e ambiental. O presente artigo tem como objetivo relatar as experiências e resultados alcançados
com esta integração disciplinar, utilizando a metodologia analítica descritiva para apresentar a
construção do conhecimento aplicado em sala. Nas aulas de Metodologia de Pesquisa em
Geografia Física, os alunos tiveram contato com os vários métodos e técnicas visando uma futura
análise integrada da paisagem. Seguidamente, na disciplina de Geoprocessamento, houve um
reconhecimento espacial da área pesquisada, para identificar suas principais características como
localização, hipsometria e perfil topográfico do trajeto a ser percorrido, com a elaboração de
mapas primários com as bases de dados já disponíveis como cartas topográficas e imagens SRTM,
utilizando o software ArcGis para a confecção dos mapas. A escolha da área do campo se deu por
ser um ponto estratégico para analisar a compartimentação do relevo paranaense, situado nas
bordas planálticas do Segundo para o Terceiro Planalto Paranaense, no município de Ortigueira,
onde no Morro das Antenas, popularmente conhecido, se tem uma vista panorâmica regional
devido a sua altitude e localização, o que permite realizar uma análise integrada da paisagem. O
trabalho de campo realizado foi um importante recurso adicional na coleta de dados necessários
para a disciplina de Geoprocessamento, que em conjunto com a disciplina de Metodologia de
Pesquisa em Geografia Física foi essencial para expor aos alunos o papel do Geógrafo fora do
ambiente dos laboratórios, buscando uma melhor análise integrada da paisagem para além da
vista nas imagens de satélite. Com os dados coletados no campo criou-se um banco de dados de
Sistema Informação Geográfica (SIG) e a confecção de representações cartográficas como de
localização da área de estudo, altimetria, localização dos pontos de parada, Modelo Numérico de
Terreno (MNT), hipsometria e declividade, que possibilitou a compreensão de que a localidade
apresentava um relevo bastante dissecado com altitudes mais elevadas, diferente da maioria das
regiões em Londrina. Sendo assim, buscou-se evidenciar em conjunto com os alunos a
importância da técnica do trabalho de campo para a Geografia e sua inserção nas ementas dos
cursos se dá pelo uso da práxis no sistema de ensino, aplicando a teoria em sala de aula e a
prática em campo ou laboratórios, para se visualizar as dinâmicas que atuam no espaço
geográfico.
Palavras-chave: interdisciplinaridade; geotecnologias; análise integrada da paisagem.
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