Angel sangrava. O autor do corte jazia sem vida no chão. Seus

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Angel sangrava.
O autor do corte jazia sem vida no chão. Seus muitos companheiros, porém, teriam a chance
de aproveitar seu legado: Angel só enxergava com um único olho no momento.
Ela já não conseguia enxergar muito bem antes, devido à chuva forte que caía constante e,
agora, com o sangue escorrendo em abundância sobre seu olho, a luta ficaria ainda mais difícil, mas
abençoava sua sorte pela lâmina inimiga ter atingido seu rosto a milímetros do olho direito.
Os vultos de seus inimigos, acizentados pela chuva, a cercavam. Não conseguia contá-los e
decidiu não se importar. Não com os que estavam distantes.
Sua atenção era voltada apenas para os que se aproximavam, de espadas curtas em punho.
Usavam armaduras de couro escuro e ocultavam seus rostos com capuzes pesados.
Também não se importava com isso.
A jornada quase sem pausas de Angel não a permitiu mais do que uma armadura leve, que
escorria as incontáveis sujeiras de suas placas, recuperando seu brilho metálico.
Em um gesto expansivo com a mão que segurava seu escudo, ela jogou para trás o capuz
que, molhado, lhe apertava a cabeça. Por um segundo, seu rosto fino e alvo, emoldurado por seus
longos cabelos negros, brilhou naquele vale cinzento.
Angel estava pronta para lutar. Apenas sua espada longa e seu escudo seriam seus aliados,
apenas sua coragem seria sua força e sua fé, seu alimento.
Era uma luta impossível. Sem esperanças. Uma recém-nomeada e exausta cavaleira não
tinha chances contra incontáveis inimigos sem rosto.
Mas Angel morreria antes de se entregar.
Junto com seu bem mais valioso, um pingente tão branco que parecia possuir brilho próprio,
ela recebera um importante conselho:
“Persevere.”
Ela não mais possuía o pingente.
Mas sua lâmina iria mostrar a seus inimigos que ainda possuía o conselho.
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