um estudo exploratório sobre a expressão do vestir

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UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A EXPRESSÃO DO VESTIR
Mirella Campello Bresani1
Maria Alice Vasconcelos Rocha2
RESUMO
Este estudo pretendeu investigar, identificar, refletir e analisar os principais fatores que influenciam as formas
de expressão no ato de vestir dos gêneros, das gerações, das classes econômicas em meio às suas audiências. Os
conceitos de vestuário, de moda e de comunicação embasaram a elaboração das hipóteses e os métodos de
análise. Dentre os resultados, foi identificada a necessidade do conforto no vestuário, independente de gênero,
idade, classe e audiência; a procura das tendências da moda pelas classes baixas e a preocupação com o preço
pelas classes altas. A pesquisa ainda revelou que as mulheres se vestem para os outros e os homens para si.
PALAVRAS CHAVE: Vestuário. Moda. Linguagem não verbal.
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa se relaciona com as expressões do vestuário e da moda. Trata-se
aqui de um sistema comportamental ao invés dos artifícios dos seguidores de tendências
segundo Alcântara (1996), com a necessidade de demonstrar que a moda ultrapassa o simples
ato de cobrir-se, de vestir-se puramente, do desejo pelo consumo, dando um diferente caráter
ao sistema da moda.
Parte-se do pressuposto que homens e mulheres possuem diferentes comportamentos
de expressão de moda em diferentes idades e classes econômicas. O vestuário nesse momento
passa a não existir apenas como necessidade física ao corpo, e sim, uma maneira de fazer o
próprio corpo dizer quem você é. Mais do que entender a expressão do ato de vestir-se, é
conhecer suas diversas maneiras de observadores, suas audiências3 – a essencial razão pela
qual nos vestimos: para quem nos dedicamos é fundamental, mesmo que para nós mesmos.
O estudo tem como foco os gêneros, as gerações e as classes econômicas e aspira
buscar as principais causas da existência do vestuário; procurando ainda trazer aqui a
discussão do real valor do ato de vestir, com os objetivos de investigar, identificar, refletir e
analisar os principais fatores que influenciam as formas de expressão no ato de vestir e da
1
Discente do Curso de Graduação da Economia Doméstica. Departamento Economia Doméstica. Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Email: [email protected].
2
Arquiteta, Mestre em Engenharia de Produção, Doutora em Design de Moda, Professora do Departamento de
Ciências Econômicas da UFRPE. Email: [email protected].
3
Audiência: Forma de denominar quem lê e interpreta as expressões do vestuário.
1
comunicação do vestuário de homens e mulheres, faixas etárias e classes econômicas e avaliar
a importância desses fatores que colaboram e contribuem para a compreensão do fenômeno de
moda na diversidade de suas audiências (para si e para os outros). O presente trabalho tem o
intuito de responder qual a relação existente nas expressões do ato de se vestir. Qual a
importância desta relação existente entre gênero, classe econômica, geração e audiências? E
qual a repercussão na qualidade de vida do usuário/usuária?
A importância desse estudo para a Economia Doméstica é a compreensão
comportamental no ato de se vestir do nosso próprio eu e perante a sociedade, com ênfase na
qualidade de vida dos indivíduos, independente de gênero, geração, classe econômica,
audiências e sociedade em que vivem. Desse modo, assim espera-se que essa pesquisa
contribua para a reflexão das ações voluntárias e involuntárias relacionadas ao ato de se vestir
e visíveis no dia a dia, somando, assim, conhecimento aos diversos estudos sobre o
desenvolvimento humano.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Gênero
O termo ‘gênero’ na definição gramatical do Dicionário Houaiss (2004, p. 368)
significa “4. em gramática, categoria que classifica as palavras em masculino, feminino e
neutro.” Gênero na concepção feminina significa a construção social do sexo, constitui uma
categoria de análise para explicar as causas da dominação e subordinação da mulher ao
homem; É igualmente utilizado para designar e indicar as relações e construções sociais entre
os sexos, as idéias sobre os papéis próprios aos homens e às mulheres.
No vestuário não se é diferente em relação a gênero. O vestuário feminino é marcado
por imposições machistas desde que a humanidade existe. Em séculos passados, tinha como
obrigação a exibição de seus corpos para simbolizar a fertilidade e, até, para ‘divertimento’
masculino. Lipovetsky (1989, p. 65:66) comenta que a diferença dos trajes no vestuário
feminino e masculino, no Século XIV possui característica “estética preciosista da sedução,
sexualiza como nunca a aparência.” Afirma ainda que, o vestuário a partir dessa época passa
a “exibir os encantos do corpo. O traje de moda feminino tornou-se traje de sedução,
revelando e escondendo os atrativos do sexo.” Essa figura da mulher como símbolo de apelo
sexual, idealizada pelos homens existe até hoje em busca do domínio. Essa hierarquia entre os
gêneros, nas relações sociais, privilegia os homens, tornando a mulher dependente e oprimida.
2
2.2 Geração
A adolescência é uma das fases do desenvolvimento humano caracterizada por
transformações físicas, psíquicas e sociais. Os aspectos físicos da adolescência, crescimento e
maturação sexual, são os componentes da puberdade, vivenciados de forma semelhante por
todos os indivíduos. Quanto às transformações psíquicas e sociais, essas vão comunicar
expressões diversas dependendo da época e da cultura na qual está inserida. São essas
alterações do próprio corpo e da necessidade inicial de uma maturidade, que o (a) adolescente
procura entender quem é e qual o seu papel na sociedade em que vive. Becker (1994) explica
que o adolescente vive em busca da sua individualidade, que a adolescência é uma transição
entre ser criança e ser adulto, porém não se é mais criança e, muito menos, se chegou à
maturidade, logo:
A adolescência é uma fase da vida humana, caracterizada por um conjunto de
transformações, deixando o indivíduo exposto a um modelo de vida até então
desconhecido, de certa forma vulnerável, mais ao mesmo tempo estabelecendo
padrões comportamentais e sonhos que permearão toda a vida. Os padrões
comportamentais se definem dentro de um ambiente que envolve a família, os pares, a
escola, o social, dentre outros, onde, o adolescente sofre influências para sua formação
e construção da personalidade de um futuro adulto (BECKER, 1994, p. 94).
Já a maturidade é a capacidade de adaptar-se e de reagir adequadamente diante das
várias circunstâncias da vida. Mascaro (1997) afirma que um indivíduo pode enraizar-se na
adolescência até os 35 anos, pelo simples fato de não ter atingido a maturidade. É fácil separar
um adulto maduro de um adulto infantil pelas atitudes que toma em seu dia a dia.
O processo de envelhecimento e a fase da terceira idade fazem parte de nossas
experiências como seres vivos. Além disso, os (as) idosos (as) são personagens reais e
também fictícios em nossa vida pessoal, afetiva e intelectual. Mascaro (1997) exemplifica
que, em tempos contemporâneos existem pessoas entre 60 e 80 anos saudáveis, interessadas
na vida, produtivas, as quais não podem ser consideradas idosas. Por outro lado, existem
pessoas entre 40 e 50 anos desgastadas, doentes, desinteressadas da vida, essas sim podem ser
consideradas da terceira idade.
2.3. Classe Econômica
Para Bourdieu (1983), a estrutura social é composta por grupos hierarquizados de
privilégios – materiais, econômicos, culturais e simbólicos – determinados pelos próprios
3
indivíduos. Esses grupos são classificados conforme a má distribuição dos tipos de capital,
assim classificados por Bourdieu. Essas desiguais distribuições podem ser por capital
econômico (renda), capital cultural (conhecimento), capital social (relações sociais), e, capital
simbólico (prestígio). Logo, entende-se que o prestígio social de um indivíduo depende do
acúmulo, do volume de ‘capitais’ adquiridos que ele próprio conseguiu durante sua trajetória
na sociedade. Contudo, a moda está ligada diretamente aos tipos de capitais aos quais Pierre
Bourdieu se refere em suas obras.
Pela moda ser caracterizada como “sistema temporal, constantemente mutante, frívola,
efêmera, ocasional”, entre outras características, segundo Lipovetsky (1989), é que o consumo
dos signos desse sistema tomados e ditados como moda, em determinado período, “cumpre a
função de classificar hierarquicamente os agrupamentos sociais”, nascendo, assim, “disputas
de autoridade de um poder para a aceitação social” independente do grupo a que se deseja
pertencer (SETTON, 2008, p. 107:121).
Considerando a complexidade da classificação de populações em estratos hierárquicos,
a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa recomenda a utilização do Critério de
Classificação Econômica Brasil, no qual a divisão dos mercados é definida exclusivamente
por classes econômicas (ANEP, 2008).
2.4. A Comunicação e suas Audiências
Segundo Barthes (1979), teórico da comunicação, esse é o mais básico dos esquemas
para entender a trajetória da comunicação: EMISSOR → MENSAGEM → RECEPTOR.
Com base neste conceito, pode-se afirmar que essa maneira de entender a comunicação une
conjuntos de pessoas ou grupos sociais, por identificar produtos da consciência a partir de
mensagens emitidas pelos objetos do mundo (BARTHES, 1979 apud. ROCHA, 2009). A
linguagem humana é um acontecimento fundamental para a interação social. Na verdade, a
linguagem, seja ela qual for, deu origem à sociedade. Existem diversas maneiras e formas de
nos comunicarmos. Quando nos apoderamos de signos e símbolos para comunicarmos algo,
chamamos de Linguagem Não Verbal. E, quando utilizamos palavras – linguagem oral –,
classificamos como Linguagem Verbal. Qualquer objeto, som, palavras, capazes de
representar outra coisa é denominado signo. Para Peirce (1834-1914), “Signo é toda coisa que
substitui outra, representando-a para alguém, sob certos aspectos e em certa medida”
(PEIRCE apud. PIGNATARI, 1973, p. 26). Já os símbolos são objetos, que independente do
contexto, local, época e cultura, já existam um significado, bem com a cruz, que sempre
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representará o Cristianismo, onde quer que esteja” (ALCURE; CARNEIRO; FERRAZ (1996,
p. 17).
A expressão não-verbal nem sempre possui a clareza das palavras, é carregada de
significados. [...] é tão plena que às vezes se expressa inconscientemente. [...] mais
emocional e sensitiva, muitas vezes, o elemento de surpresa na comunicação
consciente e programada (ALCURE; CARNEIRO; FERRAZ (1996, p. 29).
A linguagem verbal está presente quando falamos com alguém, quando lemos e
quando escrevemos; é a forma de comunicação mais praticada no dia a dia. Com a falada e a
escrita, expomos nossas idéias, planejamentos, insatisfações, pensamentos, trabalhos,
sentimentos, entre outros. A grande dificuldade em relação à linguagem verbal é o entender
da sua audiência, ou seja, o indivíduo que a escuta ou a lê necessita reconhecer o seu
significado para que possa processá-la e interpretá-la. Já a linguagem não verbal é
caracterizada por movimentos corporais e faciais, gestos, olhares, entonações da voz. Logo,
podemos afirmar que a comunicação é todo o processo de transmissão e de troca de
mensagens entre seres humanos. Segundo Rocha (2009), o ser como indivíduo social é
mensageiro de sua própria pluralidade de mensagens e receptor de linguagens oferecidas por
outros indivíduos sociais.
2.5. As Principais Origens do Vestuário
Diversas áreas, como a Antropologia e a Sociologia, que tentam decifrar o
comportamento humano através do vestuário se veem em sintonia quando o assunto são as
principais causas e motivações para o surgimento do interesse de importantes pesquisas sobre
a temática, são elas: Enfeite, Pudor e Proteção, segundo Flügel (1966).
A essência do enfeite, de acordo com Flügel (1966, p. 15), “é embelezar a aparência
física, de modo a atrair olhares admiradores de outros e fortalecer a auto-estima”. Ver-se
pessoas utilizando conceitos, como marcas de roupas e acessórios, os quais demonstram poder
aquisitivo e acessibilidade em classes econômicas altas, mesmo se o indivíduo não possuir tal
poder aquisitivo, entende-se que o enfeite é muito mais que uma simples decoração. Desde os
povos primitivos e selvagens que se tem conhecimento que os enfeites eram utilizados por
indivíduos das tribos para demarcar hierarquias sob os demais, como demonstração de poder
entre eles.
O pudor tende a nos fazer ocultar as excelências físicas que possamos ter, e,
geralmente, nos impede de chamar a atenção de outros para nós mesmos (FLÜGEL, 1966).
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Logo, podemos entender que é uma demonstração de controle sobre as questões relacionadas
ao sexo, à exibição do corpo e à sensualidade, pois faz com que ocultemos características
físicas. Uma roupa pode ser totalmente aceita pelas demais pessoas do ambiente em que
esteja, porém, pode ser completamente julgada e condenada imprópria, em local com hábitos
e culturas diferentes, em diferentes países ou não.
O termo proteção, além de significar proteção física, significa também proteção
psicológica, segundo Flügel (1966). Evidentemente, a roupa surgiu para proteger os
habitantes primitivos da terra do clima de seu habitat, logo os povos primitivos passaram a
descobrir que seu vestuário e ornamentos serviam também para classificar suas diversas
hierarquias, para diferenciar gênero, poder e crenças. Segundo Eco (1989), os homens
primitivos usavam peles de animais para cobrirem-se, sem dúvida, também as usavam para se
distinguirem entre bons caçadores, portando peles e presas como amuletos.
2.6. O Corpo, a Roupa e os Acessórios
O vestuário e a roupa são caracterizados por qualquer objeto usado para cobrir o
corpo, ou parte dele. Os objetos pertencentes à ornamentação de diversas partes do corpo são
chamados ‘acessórios’, ‘adornos’ ou, ainda, ‘ornamentos’; São dotados de funções utilitárias,
normalmente para o conforto do usuário, ou ainda, que por emprego de enfeite, para os
antepassados certamente tinham funções usuais, mesmo que por caráter cultural ou religioso.
Os ornamentos modificam qualquer combinação entre peças de roupas. Lurie (1997), os
chamam de modificadores, pois tornam possível distinguir um estilo decorado de um simples.
Já as roupas são entendidas como expressões individuais, os termos utilizados são os
mesmos utilizados para as pessoas e suas qualidades, por exemplo, as peças de roupa, podem
ser: iradas, insanas, poderosas, sensuais, românticas, sonhadoras, entre outras. Cada uma delas
coincide com a qualidade de quem as usa e traduz a sua atitude diante do mundo e diante da
moda (BERGAMO, 2004); Exprimem e ditam tudo aquilo que está à volta, reagindo às
vivências de cada um, inconscientemente, quem somos, o que aspiramos ser, o que
precisamos ser e o que sentimos dia a dia. Contudo, não é demasiado dizer ser impossível
separar a roupa do corpo, pois são interligados por formas e movimentos naturais de cada ser.
A roupa traduz o que o corpo escreve, mostrando, assim, que um depende do outro para
expressar, comunicar, ligar as pessoas.
Alcântara (1996, p. 25), afirma que “vestimos o que está dentro de nós.” (...) “Através
das roupas quase sempre identificamos o sexo, a profissão, nacionalidade, classe social, entre
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outros.” É óbvio, a identidade é característica fundamental do homem social: seu nome, sua
data de nascimento, sua raça, sua nacionalidade. Contudo, seu modo de se ‘enfeitar’ é o que
primeiro lhe apresenta. [...] “o modo como nos vestimos desnuda toda a nossa alma muito
mais do que quando estamos nus.”
2.7. A Moda
Moda é tendência de consumo da atualidade, composta por diversos estilos, podendo
ser influenciada sob diversos aspectos. É uma forma passageira e facilmente mutável de se
comportar e, sobretudo de se vestir, entre outros, assim é classificada a moda por diversos
autores. Porém, estar na moda não significa vestir ou fazer o que os outros fazem. “Moda não
é só ‘estar na moda’. Moda é muito mais do que roupa” (PALOMINO, 2002, p. 14).
A moda é uma maneira de elaborar a identidade; É a exigência do novo reciclando o
passado; É a maneira mais segura de se expressar, a qual ninguém poderá julga-lo (a) de algo
que foi dito com palavras, e sim, expressa por signos. Barnard (2003) confessa que a moda e a
indumentária são formas de comunicação não verbal uma vez que não usam palavras faladas.
Sendo assim, “o comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano
generalizado e está presente na sua interação com o mundo” (GOMES, 2002, p. 12).
2.8. A Comunicação das Roupas
Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por sua capacidade de decifrar signos e
formas
não
verbais.
No
vestuário
esses
signos,
geralmente,
informam
classes
socioeconômicas, profissão, geração, gênero, necessidades diversas, entre outros. Designado
como estratificador social, o vestuário é ao mesmo tempo espaço de comunicação e meio de
mediação entre indivíduos, grupos sociais e culturais, entre civilizações inteiras; [...] “é
instrumento de discurso simbólico da comunicação representado pela iconicidade, segundo
argumento de Cidreira” (2005, p. 114).
É nesse processo de consumo que as coisas tendem a se transformar em signos, e os
signos em coisas, segundo Pignatari (1973), argumentando que, o que importa é observar
como os objetos utilitários se organizam em linguagem de duração relativamente curta, num
ritmo peculiar à sociedade de consumo, que é o próprio ritmo da moda.
Objetos e peças de roupas escolhidos para funcionar como verdadeiros símbolos de
demonstração de poder aquisitivo são exclusivos a determinados grupos sociais, como sempre
7
foi desde as tribos primitivas. Pellegrini (2003) conclui, ainda, que o mundo faz de conta em
que vivemos, em boa parte, constrói a partir de representações fúteis, de valores mais falsos
do que verdadeiros, pessoas que valem mais pelo que possuem e ostentam, do que por aquilo
que realmente são em termos de acervo pessoal humano.
3 METODOLOGIA
Inicialmente foi realizado um pré projeto de pesquisa para a descoberta dos problemas
e objetivos nas cidades de São Paulo e Recife e realizou-se uma pesquisa para a
fundamentação teórica em bibliotecas do SENAC/SP E SENAC/PE e BC/UFRPE.
Para iniciar a pesquisa, optou-se pela elaboração de hipóteses que pudessem nortear a
investigação. Neste sentido, elegeu-se como objetos de análise os fatores relacionados com os
gêneros, as gerações, as classes econômicas e suas audiências relacionadas ao ato de vestir:
H.1 – As mulheres consideram a exposição do corpo e os homens consideram o conforto
como prioridade ao se vestirem;
H.2 – As mulheres e os homens pertencentes à classe baixa se vestem considerando
prioritariamente o preço das roupas;
H.3 – O status social é uma das grandes motivações para o vestir;
H.4 – O fator gênero interfere nas atitudes de moda das mulheres;
H.5 – A faixa etária interfere nas atitudes de moda dos jovens;
H.6 – As mulheres se vestem para os outros e os homens se vestem para si.
Para a pesquisa propriamente dita, de caráter exploratório, estabeleceu-se que a coleta
de dados fosse realizada por meio de um questionário elaborado com 27 perguntas abertas e
fechadas, para a geração de análises qualitativas e quantitativas capazes de aceitar ou refutar
as hipóteses iniciais da pesquisa.
Os questionários foram aplicados no mês de junho de 2009, entre clientes e
funcionários do Shopping Center Recife, totalizando uma amostra com 45 pessoas, sendo 25
mulheres e 20 homens, de diferentes idades e classes econômicas, escolhidas aleatoriamente.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em se tratando de Fator Decisivo de Compra de uma roupa, a maioria das pessoas
entrevistadas leva primeiro em consideração a confortabilidade da roupa, depois o preço. As
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mulheres consideram primeiro a confortabilidade e depois o tipo de corpo, diferente dos
homens, que pensam prioritariamente em preço e conforto.
Quando relacionamos os principais Fatores Decisivos de Compra de vestuário às
classes econômicas, a classe baixa se preocupa primeiro com o seu estilo e as tendências da
moda, já a classe econômica alta procura-se primeiro nas roupas que irá comprar a
confortabilidade e o preço. Os resultados revelam que o comportamento dessas classes
econômicas é diferenciado com relação às roupas, pois o que normalmente se observa é que a
classe baixa preocupa-se primeiramente com os preços e depois, dentro de sua realidade, com
outros atributos dos bens e serviços.
Em relação à Motivação para o Vestir, foi encontrado um alto grau de importância da
Proteção, talvez por ser uma necessidade básica física e possuir ligação direta à
confortabilidade. A motivação menos associada ao ato de vestir-se foi o Status Social, pois
das 45 pessoas pesquisadas nenhuma o referenciou como principal e, muito pelo contrário, ele
foi declarado como a motivação de menor grau de importância no ato de se vestir dentre os
entrevistados.
A pesquisa mostra que 62,5% das mulheres disseram que suas Atitudes de Moda são
influenciadas pelo fato de serem mulheres e que 65% dos homens disseram que suas Atitudes
de Moda não são influenciados pelo fato de serem homens. Os argumentos mais utilizados
para as declarações foram a feminilidade, a vaidade e a diversificação do vestuário feminino,
a praticidade do vestuário masculino e o estilo e a necessidade de sentimento de bem estar de
ambos os gêneros.
Ainda sobre Atitudes de Moda, 72% dos (as) adultos (as) jovens entre 18 e 32 anos
afirmaram que sua idade interfere e 65% dos (as) adultos (as) da meia idade entre 35 a 59
anos também disseram que sua faixa etária interfere nas suas atitudes de moda.
Em se tratando de Audiência, um terço da amostra se veste para seus/suas pretendentes
e apenas uma mulher declarou se vestir para suas concorrentes, sendo que mais da metade do
total de entrevistados (as) se vestem para si mesmos (as) independente das classes econômicas
as quais pertençam. Porém, ao analisar os dados comparando por gênero, quase metade das
mulheres se vestem para seus/suas pretendentes enquanto que três quartos dos homens se
vestem para eles mesmos. Esses resultados são interessantes achados relacionados com o
comportamento feminino no ato de vestir.
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5 CONCLUSÃO
Este estudo pretendeu contribuir para o conhecimento dos principais fatores que
influenciam a sociedade do século XXI no ato de se vestirem. Mesmo sendo um estudo
limitado tanto em termos geográficos quanto demográficos, é valido no sentido de apontar
caminhos para pesquisas futuras mais aprofundadas.
Um dos fatores observados e que se faz necessário investigar como um dos principais
fatores que interferem nas atitudes de moda é a confortabilidade. Em tempos contemporâneos,
pode-se afirmar que homens e mulheres, de idades distintas, pertencentes a diferentes classes
econômicas, e relacionados com audiências diversas, primam por roupas confortáveis.
O desafio para a indústria está no oferecimento de roupas extremamente confortáveis
que tenham qualidade e preço justo, mas que se não se distanciem de fatores relacionados
com as mais diversas expressões que o vestuário possa informar.
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