o jogo como mediador do processo de aprendizagem em

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Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola
O JOGO COMO MEDIADOR DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: ALGUMAS REFLEXÕES
Luis Sebastião Barbosa Bemme – Universidade Federal de Santa Maria
Vanessa Zuge – Universidade Federal de Santa Maria
Resumo
Diante das grandes dificuldades apontadas tanto por professores da Educação Básica quando por pesquisadores da área do ensino da Matemática escolar fica evidente a necessidade de discutirmos meios dos quais podemos lançar mão para contribuir nos processos de ensino e aprendizagem dessa disciplina. No presente estudo buscamos discutir, a partir de uma ação desenvolvida na escola, como o jogo pode se converter em um recurso que favorece o processo de ensino e aprendizagem dos alunos nas aulas de Matemática. A atividade aqui referida foi desenvolvida em uma sétima série do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública estadual do município de Santa Maria – RS durante a realização do Estágio Supervisionado do curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal de Santa Maria ­ UFSM, no primeiro semestre do ano de 2013. Denominamos o jogo como “dominó dos monômios” e seu principal objetivo estava no fato dos alunos compreenderem o modo como operamos corretamente com os monômios. Após a aplicação do jogo observamos alguns indícios que nos permitem concluir dois pontos de extrema relevância sobre essa ação que realizamos: primeiramente acreditamos que o jogo pode ser um recurso que permite ao aluno se apropriar dos conhecimentos científicos historicamente elaborados pelo homem e em um segundo momento acreditamos que ele possa se torna um recurso importante para professor ao organizar seu ensino na medida em que o professor compreenda que a organização de uma atividade desse porte permite a interação entre os alunos contribuindo desse modo para a apropriação de novos conceitos.
Palavras – chaves: Educação Matemática, aprendizagem matemática, jogo
Introdução
O presente trabalho surge a partir de algumas reflexões feitas durante o Estágio Supervisionado que foi desenvolvido no primeiro semestre do ano de 2013, em uma sétima série de uma escola estadual no município de Santa Maria – RS. O Estágio Supervisionado de Matemática no Ensino Fundamental (disciplina MEN1100) faz parte do currículo obrigatório do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/ RS), com duração de 210 horas incluindo estudos, organização e regência de aulas. Nesse trabalho em especial nosso olhar estará voltado para uma das ações que foi realizada durante a regência de aulas e que denominamos “dominó dos monômios”, tal atividade foi planejada com o intuito de discutir com os EdUECE- Livro 1
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alunos o modo como operamos com monômios através de uma atividade lúdica, pois, embora tivéssemos dedicados algumas aulas para o estudo desse conteúdo, os estudantes ainda demonstravam grande dificuldade para operar corretamente.
A intenção aqui não é analisar o jogo em si, nem a forma como ele foi desenvolvido. Nosso objetivo é discutir como a organização de um jogo na aula de matemática pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem e como isso pode converter­se em uma ferramenta auxiliar para o professor em sala de aula. Essa discussão está pautada na necessidade que sentimos em contribuir para o aprofundamento do tema em questão.
Ao pensarmos sobre a educação e refletirmos sobre as inquietudes que cercam tanto professores quanto pesquisadores da área de Matemática, ficam evidentes a necessidade de discutirmos o modo como estamos concebendo a escola e qual o seu papel na formação do sujeito humano, uma vez que é nesse espaço que ocorre a organização do ensino de maneira formal e intencional.
Embora nos últimos anos nossa sociedade tenha passado por profundas mudanças, em diferentes segmentos, a função primordial da escola ainda está pautada na possibilidade de proporcionar ao aluno condições para que esse se aproprie dos conhecimentos científicos construídos historicamente pelo homem.
Concordamos com Moura et al (2010), quando destacam que “entender a escola como o lugar social privilegiado para a apropriação de conhecimentos produzidos historicamente é necessariamente assumir que a ação do professor deve estar organizada intencionalmente para esse fim. (p. 89)”. Nesse sentido, nos questionamos, de que modo o professor pode construir esse espaço propício para aprendizagem?
Entendemos que a resposta para essa questão é extremamente complexa, no entanto ela pode ser construída na relação teoria e prática de modo que o professor seja capaz de criar e recriar seu próprio conhecimento acerca do ensinar, diariamente. Assim, discutimos a possibilidade de introduzir o elemento lúdico como motivador no processo de ensino e aprendizagem da matemática pode ser um elemento de extrema importância para esse fim.
Para isso, apresentamos a seguir, de forma breve, o desenvolvimento do jogo para, posteriormente tecermos algumas considerações finais.
Sobre o Jogo
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O jogo que apresentamos nesse estudo foi denominamos “dominó dos monômios” e foi criado a partir da ideia original do jogo dominó. Ele foi desenvolvido posteriormente ao trabalho das operações de adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação com monômios, e, portanto caracteriza­se como um jogo de aplicação dos conceitos anteriormente estudados.
Inicialmente a turma foi dividida em quatro grupos, sendo que cada um dos grupos recebeu oito cartas organizadas do seguinte modo: a carta era dividida em duas partes, sendo a primeira o resultado de uma operação entre monômios e a segunda uma nova operação, desse modo quando um dos grupos completava com o resultado da operação do grupo anterior já lançava imediatamente uma nova operação para que o jogo pudesse dar continuidade.
Além das cartas, que foram distribuídas no grupo inicialmente, haviam outras cartas para as quais os alunos poderiam recorrer caso não tivessem a que completava corretamente a sequência.O jogo era ganho quando um dos grupos conseguisse acabar primeiro com as cartas que havia recebido no inicio da partida.
Além dessa organização inicial, posteriormente os alunos organizaram­se nos próprios grupos de modo que todos pudessem participar do jogo.
O jogo como instrumento de aprendizagem: algumas considerações
Reportando­nos ao jogo realizado durante o Estágio Supervisionado, foi possível perceber nas avaliações realizadas que, após o mesmo, os alunos traziam indícios de ter se apropriado do conteúdo referente às operações com monômios, o que fez com que refletíssemos sobre como esse jogo, aparentemente tão simples, parece ter trazido resultados mais satisfatórios que a aulas anteriormente organizadas.
Concordamos com Ritzmann (2009) que ao analisar o desempenho de crianças durante o jogo, ressalta que,
para que de fato aprendam, elas precisam encontrar no jogo motivos, situações que respondam às suas necessidades, devem ser encorajadas a pensar em ações, operações e buscar resolver problemas coletivamente. E o professor precisa assumir uma postura de mediador nesse processo, problematizar questões que aparecem durante as partidas e desafiar os alunos a pensarem em modos diferentes de resolver os conflitos surgidos durante a realização dos jogos. (p.48)
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Nesse sentido, podemos dizer que o jogo em si não foi o responsável pela aprendizagem dos alunos. O que permitiu que eles se apropriassem de conhecimentos através dessa atividade lúdica foi à interação com o professor, na medida em que buscamos conduzir as ações para que os alunos discutissem e refletissem até encontrar a resposta certa. Assim, entendemos a importância do professor problematizar também as respostas dadas pelos alunos permitindo desse modo que ele percebessem os equívocos que haviam cometidos ao resolver algumas operações. Outro fator que podemos destacar em um jogo é o papel da interação que pode resultar em uma mediação entre um aluno que já se apropriou do conhecimento e os demais que ainda caminham para esse fim. As relações estabelecidas tanto do professor com os alunos quanto dos alunos com os alunos podem ser entendidas pelo que Vigostky chama de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que, segundo o próprio autor, é a que “permite­nos, pois, determinar os futuros passos da criança e a dinâmica do seu desenvolvimento, e examinar não só o que o desenvolvimento já produziu, mas também o que produzirá no processo de maturação“ (VIGOTSKY, 2005. p. 35).
Nesse sentido o sujeito que age na ZDP nem sempre será o professor, mas pode ser um colega mais experiente em relação aos conceitos a serem concretizados.
Concluindo, acreditamos que o jogo pode ser um aliado do professor ao organizar seu ensino, pois ele possibilita a apropriação de conhecimentos de maneira lúdica, contudo faz­se primordial à mediação intencional do professor e o estímulo à interação entre os alunos. Desse modo ampliam­se as possibilidades de criação de um ambiente propício para a aprendizagem.
Nossas conclusões foram evidenciadas pelos resultados que tivemos com os alunos após o desenvolvimento do jogo, o que mostrou que essa ação de jogar acabou se convertendo em um momento de aprendizagem rica tanto para os alunos quanto para o professor estagiário envolvido no processo de organização do ensino voltado para a apropriação do conceito de operações com monômios.
Referencia
RIGON, Algacir Jose. ASBHAR, Flávia da Silva Ferreira. MORETTI, Vanessa Dias. Sobre o processo de humanização. IN: MOURA, Manoel Oriosvaldo de. (org.). Brasília: Liber Livros, 2010
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LEONTIEV, Alexis. O desenvolvimento do psiquismo. DUARTE, Manuel Dias. (trad.). 1978
MOURA, ManoelOriosvaldo de. Et al. A atividade Orientadora de Ensino como Unidade entre Ensino e Aprendizagem. IN: MOURA, Manoel Oriosvaldo de. (org.). A atividade Pedagógica na Teoria Histórico­Cultural. Brasília: Liber livros, 2010.
RITZMANN, Camilla Duarte Schiavo. O jogo na atividade de ensino: um estudo das ações didáticas de professores em formação inicial. 2009. 191 f. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós­Graduação em Educação. Área de concentração: Ensino de Ciências e Matemática. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 2009
VIGOTSKY. L. S. Aprendizagem e Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar. In: LEONTIEV, A. N. et al. Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo: Centauro, 2005. p. 25­42.
Anexos
Figura 1 – Fotos da realização do jogo
Fonte: Acervo do pesquisador
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