Resumos do 56º Congresso Nacional de Botânica. Aplicações das filogenias para a evolução MARIA ALEJANDRA JARAMILLO - INSTITUTO DE BIOQUÍMICA MÉDICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO [email protected] As filogenias moleculares descrevem as relações entre as espécies vivas (e algumas vezes as extintas também) usando informação das seqüências de DNA. Construidas desta forma elas ilustram a história evolutiva das espécies. Por este motivo, filogenias são a base fundamental para estudos de biologia comparativa. A abordagem filogenética tem sido usada com sucesso para estudar a evolução de linhagens de plantas – a sua divergência e diversificação – bem como para o estudo da evolução de carateres morfológicos e moleculares. As filogenias são úteis também no estudo de coevolução entre as plantas e seus polinizadores ou herbivoros. Poderiamos dizer que a pergunta evolutiva mais freqüente entre os filogeneticistas é: O grupo X é monofilético? Responder esta pergunta para as angiospermas foi um dos grandes desafios nos últimos 20 anos e gerou uma imensa quantidade de dados bem como estabeleceu importantes colaborações entre botânicos. Estas filogenias tem sido usadas para tentar entender o tempo e modo da grande diversificação das plantas com flores. O primeiro grande esforço para reconstruir a filogenia das angiospermas usando dados moleculares foi liderado por M. Chase, o qual conseguiu combinar esforços para seqüênciar cerca de 500 espécies de angiospermas e produzir uma filogenia global para este grupo de plantas. Este trabalho foi seguido por várias equipes de pesquisadores que produziram, depois de vários anos de trabalho, numa árvore que identifica Amborella como grupo irmão de todas as outras angiospermas que viventes. Recentemente S. Magallón e M. Sanderson analizaram as taxas absolutas de diversificação dentro das angiospermas e encontraram que 10 clados apresentam mais espécies que a media, bem como que 13 clados apresentam un número de espécies muito mais baixo que o esperado. A distribuição filogenética de clados com muitas espécies sugere que os carateres que são responsáveis pelas altas taxas de diversificação evoluíram várias vezes e não são características comuns das angiospermas como um todo. Resumos do 56º Congresso Nacional de Botânica. A biologia comparada tem se beneficiado imensamente das filogenias moleculares já que estas representam hipóteses independentes dos carateres morfológicos. Por exemplo, os estudos de W. Friedman sobre a evolução do gametófito feminino nas plantas com sementes. Neste estudo foram combinadas informações sobre a ontogenia e filogenia, os quais demostraram que a dupla fertilização não é um carater sinapomórfico das angiospermas. Além deste trabalho, muitos outros tem ilustrado a evolução de caracteres morfológicos em detalhe dentro de gêneros ou complexos de espécies. Na minha própria pesquisa com Piperales sem perianto, a reconstrução de carateres ancestrais das flores demostrou que o número de estames é muito lábil e homoplástico dentro da história evolutiva da ordem. As filogenias moleculares também têm facilitado o estudo de coespeciação. Por exemplo, os estudos de J. Becerra sobre a coevolução de àrvores do gênero Bursera e os besouros herbivoros demostraram que a especiação dos dois grupos ocorreu sincronicamente e que a associação entre os mesmos se extende a mais de 112 milliões de anos.