produtividade de feijoeiro de diferentes hábitos de

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PRODUTIVIDADE DE FEIJOEIRO DE DIFERENTES HÁBITOS DE
CRESCIMENTO NO NORTE DO RS1
MORAES, M. T.2; BARRO, E. 2; MENEGAT, N. R. V. 2; FABBRIS, C.2; CHERUBIN,
M. R.2; BASSO, C. J.3; LAMEGO, F. P.3; SANTI, A. L.3;
1
Trabalho de Iniciação Científica – Universidade Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen (UFSM/CESNORS)
Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen, RS, Brasil
Professor do departamento de Agronomia da UFSM,Frederico Westphalen, RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
2
3
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de feijoeiro de diferentes
hábitos de crescimento na região do Médio Alto Uruguai – RS. Os tratamentos consistiram na utilização da
cultivar Iraí (Tipo I), Juriti branco (Tipo II) e Pérola (Tipo III). Foram avaliadas as variáveis: comprimento da haste
principal, inserção do primeiro legume, legumes por m², legumes por planta, grãos por planta, grãos por legume,
massa de cem grãos e rendimento de grãos. As cultivares de Tipo II e III demonstraram indícios de acamamento
por ocasião do seu exagerado crescimento. Não ocorreu diferença significativa entre o rendimento de grãos das
cultivares. Os componentes de rendimento não influenciaram a produtividade de grãos. Considerando o
comprimento da haste principal a cultivar mais indicada para mecanização é a de Tipo I (cultivar Iraí). As
cultivares de diferentes hábitos de crescimento mostram-se adequadas ao cultivo na região do Médio Alto
Uruguai – RS.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., componentes agronômicos, tipo de crescimento, rendimento de grãos
1. INTRODUÇÃO
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada no mundo entre as do
gênero Phaseolus, tendo o Brasil como o maior produtor e ao mesmo tempo o maior
consumidor (BERTOLDO et al., 2008). A produção nacional de feijão é de cerca de 3,55
milhões de toneladas, com uma área colhida de 4,03 milhões de hectares e produtividade
média das duas safras (1ª e 2ª safra) de feijão para o ano de 2009/2010 de 872 kg.ha-1, a
produtividade média para a primeira safra esteve em torno de 1.033 kg.ha-1, já para o estado
do Rio Grande do Sul a produtividade de grãos para esta safra foi de 900 kg.ha-1 (CONAB,
2010).
Entre os fatores responsáveis pela baixa produtividade de feijão, no Brasil, inclui-se a
inadequação das densidades populacionais utilizadas, particularmente para cultivares de
feijoeiro semi-ereto a ereto. Nessa cultura têm sido testadas populações de cem mil até um
milhão de plantas por hectare, embora tradicionalmente se utilizem cerca de 200 mil plantas
por hectare (SHIMADA et al., 2000).
O maior problema para o cultivo do feijão, em lavouras empresariais, reside na
dificuldade de mecanização da colheita, devido às elevadas perdas que ocorrem no
1
processo. Isso acontece porque a maioria das cultivares de feijão existentes atualmente
possuem baixa altura de inserção de vagens, concentradas nos 2/3 inferiores da planta, e
também altos índices de acamamento (SILVA et al., 1994). Isso impede a utilização de
colheitadeiras tradicionais em face das elevadas perdas com a operação de colheita
(ALCÂNTARA et al., 1991). Apesar disso, na atualidade, número significativo de produtores
rurais demonstram grande interesse na implantação da cultura do feijão e no uso de novas
tecnologias que viabilizem a produção em termos empresariais (HORN et al., 2000).
A estatura de planta e o hábito de crescimento do feijoeiro exercem papel importante
na supressão do desenvolvimento de espécies daninhas. Neste aspecto, as plantas com
hábito indeterminado e guias abertas tendem a ser mais efetivas na supressão de plantas
indesejadas do que, por exemplo, plantas do tipo I (hábito determinado) (URCHEI et al.,
2000).
A planta ideal de feijão para colheita mecanizada, conforme Simone et al. (1992) é a
que tem a altura superior a 50 cm; de porte ereto do tipo I ou II; resistência ao acamamento;
ramificação compacta, com três ou quatro ramificações primárias, cujo ângulo de inserção
seja agudo, positivo; vagens concentradas sobre o ramo principal e sobre os 2/3 superiores
da planta; vagens indeiscentes com não mais de 6 a 8 cm de comprimento; maturação
uniforme e boa desfolha natural por ocasião da colheita.
As plantas relacionadas ao tipo III apresentam hábito de crescimento indeterminado
prostrado ou semiprostrado com grande número de ramificações. Esse tipo de planta possui
guias
longas,
ramos laterais
bem
desenvolvidos,
evidenciam
aptidão
trepadora,
principalmente quando crescem junto a qualquer tipo de suporte. Como característica de
planta de crescimento indeterminado, continuam emitindo folhas e ramos vegetativos após o
início da floração. O seu período de florescimento é extremamente amplo para a espécie (15
a 20 dias) quando comparado ao tipo I (cinco a sete dias) e ao tipo II (10 a 15 dias). Este
tipo de planta se destaca pelo grande potencial de produção; excelente capacidade de
compensação de espaços vazios (baixo estande) presentes na área e rusticidade.
Apresenta grande desuniformidade de maturação dos legumes e grande quantidade de
legumes localizada na parte basilar da planta, o que possibilita seu contato com o solo, além
de freqüentes reduções de produção quando da constatação de inadequada distribuição ou
excesso de plantas na área (DOURADO NETO et al., 2000).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de
cultivares de feijoeiro de diferentes hábitos de crescimento na região do Médio Alto Uruguai
– RS.
2
2. METODOLOGIA
O trabalho foi realizado de dezembro de 2009 a Março de 2010, na área
experimental do departamento de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria,
campus de Frederico Westphalen - RS, cuja localização é, latitude 27039’26” S; longitude
53042’94” W e altitude 490 m, região do Conselho Regional de Desenvolvimento Médio Alto
Uruguai do RS, município de Frederico Westphalen. O solo é classificado como Latossolo
Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA, 2006), com textura argilosa. O experimento foi
conduzido sob área de plantio direto cultivada sob palhada de trigo.
O clima dessa região, segundo a classificação de Koppen, é subtropical úmido sem
estiagens, tipo Cfa. A precipitação média anual varia de 1.185 a 1.364 mm com temperatura
média anual entre 17 e 18ºC, onde a temperatura do mês mais quente é superior a 22ºC e
do mês mais frio varia de 3 a 18ºC (MOTA, 1981). A precipitação pluvial diária ocorrida
durante a condução do experimento está disponível na Figura 1.
Precipitação diária (mm)
100
Total: 491 mm/95 dias
80
60
Semeadura
Colheita
40
20
02.03.10
23.02.10
16.02.10
09.02.10
02.02.10
26.01.10
19.01.10
12.01.10
05.01.10
29.12.09
22.12.09
15.12.09
08.12.09
01.12.09
0
Período de condução do experimento (dias)
Figura 1: Precipitação pluvial diária (mm), ocorrida durante a condução do experimento com
cultivares de diferentes hábitos de crescimento de feijoeiro (dezembro de 2009 a março de
2010) (Frederico Westphalen, RS, 2010).
O delineamento experimental foi de blocos ao acaso (DBC), com três tratamentos e
quatro repetições. Foram avaliados os seguintes tratamentos: Tipo I – Hábito de
crescimento determinado, tipo comercial carioca (Cultivar Iraí); Tipo II – Hábito de
crescimento Indeterminado, tipo comercial carioca (Cultivar Juriti Branco); e Tipo III – Hábito
de crescimento Indeterminado, tipo comercial carioca (Cultivar Pérola).
3
Os cultivares de feijão, foram semeados no dia 1 de dezembro de 2009,
manualmente, a 3 cm de profundidade. A adubação mineral, foi uniforme para todos os
tratamentos, sendo aplicado na semeadura: 300 kg.ha-1 de adubo com a fórmula 09-33-12
(N-P-K); a adubação de cobertura foi realizada com 300 kg.ha-1 de uréia (45-00-00), dividida
em duas aplicações, sendo 50% na emissão do 1º trifólio e o restante quinze dias após. O
controle de plantas daninhas foi realizado para todas as parcelas através de capina manual.
O espaçamento entre linhas foi de 0,4 m, com população média final de,
aproximadamente, 250 mil plantas.ha-1. Cada parcela com dimensão de 4 m x 3 m possuía
nove linhas de 3 m de comprimento, sendo utilizadas como área útil cinco linhas centrais
desconsiderando 0,50 m das extremidades, perfazendo 4 m², desta forma foi colhida todas
as plantas presentes dentro da área útil da parcela.
Na ocasião da colheita, avaliou-se em dez plantas na área útil de cada parcela as
seguintes variáveis explicativas (componentes de rendimento): a) Comprimento da Haste
Principal (CHP): através da distância entre a inserção da planta no solo até o final do ramo
principal (guia), medida com auxilio de uma trena; b) Inserção do Primeiro Legume (IPL):
medida da inserção da planta no solo até o primeiro legume, considerando a curvatura da
planta; c) Número de Legumes por m²: através da contagem do número médio de legumes
em dez plantas, e estimado para um metro quadrado, através da população de plantas de
cada parcela; d) Número de Legumes por Planta (NLP): contagem manual do número de
legumes presentes nas plantas avaliadas na área útil; e) Número de Grãos por Planta
(NGP): através da contagem do número de grãos das plantas avaliadas; f) Número de
Grãos por Legume (NGL): divisão do número de grãos presente nas plantas pelo número de
legumes de cada planta; g) Massa de Cem Grãos: contagem manual de oito repetições de
100 grãos, corrigindo a umidade para 13% e calculando a média da massa de cem grãos,
conforme as Regras de Análises de Sementes - RAS (BRASIL, 2009); h) Tamanho de
grãos: de acordo com a massa de cem grãos e classificados segundo Zirmmermann et al.
(1988), sendo muito pequeno (< 20 gramas), pequeno (20 a 30 g) médio (30 a 40 g) normal
(40 a 50 g) e grande (>60 g); i) A variável básica ou dependente, no caso, a produtividade
de grãos: foi determinada através da colheita das plantas presentes na área útil da parcela
(cinco linhas com 2 m), as quais foram trilhadas manualmente e os grãos foram pesados, os
dados corrigidos para 13% de umidade e expressos em kg.ha-1.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas
pelo teste de Duncan todos a 5% de probabilidade de erro. Para realização das análises
utilizou-se o software estatístico Statistical Analysis System – SAS 8.0 (SAS, 1999).
4
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A precipitação pluviométrica diária durante o período de condução do experimento
pode ser observada na Figura 1, onde se verifica que a distribuição desta foi uniforme em
todo o ciclo da cultura, totalizando 491 mm, precipitando em média 5,17 mm.dia-1. De acordo
com Doorenbos et al. (1979), a necessidade de água do feijoeiro varia entre 300 e 500 mm
para obtenção de alta produtividade de grãos, desta forma, se observa que a cultura não
passou por déficit hídrico, pois a precipitação ficou dentro da esperada para o seu
desenvolvimento.
O Comprimento da haste principal (CHP) (Figura 2a) apresentou média de 129,76
cm, sendo assim este influenciado pelo hábito de crescimento das cultivares. Desta forma, a
cultivar do Tipo I apresentou o menor CHP (56,20 cm), diferindo significativamente das
demais cultivares, o maior CHP foi observado na cultivar de Tipo III (187,38 cm), enquanto
que a cultivar de Tipo II teve crescimento intermediário (151,03 cm).
A altura de inserção do primeiro legume (IPL) (Figura 2b) esteve em média 31,14 cm
em relação ao colo da planta, sendo que as cultivares de Tipo II e Tipo III, não diferiram
estatisticamente entre si, com IPL a 36,53 e 35 cm, respectivamente. Enquanto a cultivar de
Tipo I apresentou o menor IPL que foi de 23,45 cm, desta forma a IPL correlacionou
diretamente com o comprimento da haste principal. Santi et al. (2006) avaliando adubação
nitrogenada na cultura do feijoeiro, observou que a média de inserção do primeiro legume
na cultivar Pérola (Tipo III) foi de 24,36 cm e a cultivar de Tipo II, TPS Nobre, apresentou a
inserção do primeiro legume à 26,32 cm. Quando as cultivares são avaliadas para
mecanização, podemos observar que este dados de inserção do primeiro legume, estão
adequados para a mecanização destas cultivares, porém, quando se observa juntamente
com o comprimento da haste principal, podemos visualizar a campo e com os dados
adquiridos que a cultivar que mais se adapta a mecanização é a cultivar de Tipo I, pois esta
apresentou, a menor estatura de planta, não apresentando acamamento em função do
comprimento da haste principal, as demais cultivares apresentaram crescimento exagerado,
dificultando assim a realização de alguns tratos culturais.
O número de legumes por planta (NLP) (Figura 2c) foi de 13,52 Legumes.planta-1,
sendo esta variável influenciada pela pelo hábito de crescimento, desta forma, o tratamentos
com a cultivar de Tipo I apresentou maior NLP em relação aos demais hábitos de
crescimento, apresentando 16,23 legumes por planta, contrastando com 12,10 e 11,33
legumes por planta, das cultivares Tipo II e Tipo III, respectivamente. Ramos Junior et al.
(2005) avaliando a cultivar Pérola (Tipo III) encontrou 14 legumes por planta. Santi et al.
5
(2006) avaliando adubação nitrogenada na cultura do feijoeiro em plantio convencional,
obteve com a cultivar de Tipo III “Pérola” 15,25 legumes por planta, e com a cultivar de Tipo
II “TPS Nobre” 18,27 legumes por planta, ficando esta pouco acima da quantidade de
legumes por planta observadas com a cultivar Tipo II deste trabalho. Ribeiro et al. (2004a)
avaliando alterações em caracteres agromorfológicos em função da densidade de plantas
em cultivares de feijão, observou que a
cultivar Iraí (Tipo I), apresentou 13,15
legumes.planta , e a cultivar Pérola (Tipo III), obteve 13,97 legumes.planta-1.
c)
Hábitos de Crescimento
10
0
Hábito de Crescimento
a
b
b
Tipo 3
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Tipo 2
b
Legumes por planta (unid.)
a
Tipo 3
Tipo 3
c
30
a
Tipo 2
b
40
Tipo 1
a
Tipo 2
200
175
150
125
100
75
50
25
0
Altura de inserção do 1º Legume
b)
Tipo 1
a)
Tipo 1
Comprimento da haste principal (cm)
-1
Hábito de Crescimento
Figura 2: Variáveis explicativas das cultivares de feijoeiro de diferentes hábitos de crescimento: a)
Comprimento da haste principal; b)Altura de inserção do 1º legume; c) Legumes por planta (Frederico
*
Westphalen, RS, Brasil, 2010). Médias seguidas da mesma não diferem entre si nos tratamentos,
pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade de erro.
O número de legumes por m² (NLm²) (Figura 3a) médio foi de 336,56 legumes em
cada metro quadrado, desta forma, apresentou variação entre as cultivares, apresentando o
maior NLm² na cultivar de Tipo I (394), sendo superior aos demais hábitos de crescimento.
As cultivares de hábito de crescimento de Tipo II e III, não apresentaram diferença
significativa entre si, demonstrando 304 e 293 Legumes por m², respectivamente. Jauer et
al. (2006) avaliando o comportamento da cultivar Pérola (Tipo III) em quatro densidades de
semeadura na safrinha em Santa Maria, não encontrou diferença significativa no NLm²,
sendo a média do experimento de 250 legumes.m-2.
O Número de Grão por Legume (NGL) (Figura 3b) médio foi de 3,57, onde a cultivar
de Tipo I (3,51 grãos por legume), não diferiu estatisticamente das demais cultivares. A
cultivar de Tipo II (3,12 grãos por legume) foi significativamente inferior a de Tipo III (3,98
grãos por legume). Jauer et al. (2006), avaliando a cultivar Pérola (Tipo III) em quatro
densidades de semeadura, observou que a densidade não influenciou o NGL, apresentando
média de 4,63 grãos.legume-1. Ribeiro et al. (2004b) avaliando cultivares de feijão de
6
diferentes hábitos de crescimento, observou na cultivar Iraí (Tipo I) 2,98 grãos.legume-1,
sendo que para a cultivar Pérola (Tipo III) o NGL foi de 3,64 grãos.legume-1.
100
3.0
a
b
2.0
1.0
Hábitos de Crescimento
b
c
40
30
20
10
0
Tipo 3
Tipo 2
0.0
Tipo 1
Tipo 3
Tipo 2
Tipo 1
0
50
Hábitos de Crescimento
Tipo 3
200
ab
a
Tipo 2
300
b
4.0
60
Tipo 1
b
5.0
Grãos por planta (unid.)
a
Grãos por Legume
Legumes por m²
400
c)
b)
a)
Hábito de Crescimento
Figura 3: Variáveis explicativas das cultivares de feijoeiro de diferentes hábitos de crescimento: a)
Legumes por metro quadrado; b) Grãos por legume; c) grãos por planta (Frederico Westphalen, RS,
*
Brasil, 2010). Médias seguidas da mesma não diferem entre si nos tratamentos, pelo teste de Duncan
a 5 % de probabilidade de erro.
A média do Número de Grãos por Planta (NGP) (Figura 3c) foi de 47,17, sendo esta
variável influenciada pelo hábito de crescimento, ocorrendo diferença significativa entre
todos os tratamentos. A cultivar de Tipo I apresentou o maior NGP (56,83 grãos por planta),
sendo superior as cultivares de Tipo III (44,23 grãos por planta) e Tipo II (37,23 grãos por
planta). Ribeiro et al., (2004a) avaliando alterações em caracteres agromorfológicos em
cultivares de diferentes hábitos de crescimento, observou que a cultivar Iraí (Tipo I)
apresentou 63,2 grãos.planta-1. Já Santi et al. (2006) avaliando adubação nitrogenada na
cultura do feijoeiro em plantio convencional, observou para a cultivar Pérola (Tipo III), 37,59
grãos.planta-1, valor semelhante ao encontrado neste experimento. Segundo Shimada et al.
(2000) o número de vagens e o número de grãos por planta são os componentes do
rendimento mais afetados por variações na densidade de plantas na linha de semeadura, e
pelo espaçamento entre linhas, tais variações nem sempre estão relacionadas com o
rendimento de grãos.
A Massa de Cem Grãos (MCG) (Figura 4a) não diferiu estatisticamente entre as
cultivares, apresentando média de 24,83 g, desta forma, segundo Zimmermann, et al. (1988)
o tamanho de grãos de feijão é estabelecida de acordo com a massa de cem grãos, com
isso as cultivares foram classificadas como grãos pequenos, ou seja, com peso entre 20 e
30 g, desta forma, Ribeiro et al. (2004b) encontrou valores semelhantes, com a cultivar Iraí
(Tipo I), onde o peso de cem grãos foi de 32,14 g. Este mesmo autor, para a cultivar Pérola
7
(Tipo III), observou MCG de 30,82 g, valores semelhantes aos observados por Santi et al.
(2006) com a cultivar Pérola (Tipo III), onde a MCG foi de 29,02 g.
a)
b)
25
-1
Rendimento de grãos (kg.ha )
Massa de Cem Grãos (g)
30
a
a
a
20
15
10
5
1000
a
a
Tipo 1
Tipo 2
a
800
600
400
200
0
0
Tipo 1
Tipo 2
Tipo 3
Tipo 3
Hábito de Crescimento
Hábito de Crescimento
Figura 4: Desempenho produtivo de cultivares de feijoeiro de diferentes hábitos de crescimento. a)
*
Massa de cem grãos; e b) Rendimento de grãos (Frederico Westphalen, RS, Brasil, 2010). Médias
seguidas da mesma não diferem entre si nos tratamentos, pelo teste de Duncan a 5 % de
probabilidade de erro.
Quanto ao rendimento de grãos (Figura 4b), a média obtida das cultivares, foi de
891,58 kg.ha-1, ficando semelhante a média esperada para o Rio Grande do Sul, na safra
2009/2010, onde segundo a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, para a
primeira safra de feijão a produtividade média foi de 900 kg.ha-1 (CONAB, 2010). Dentre as
cultivares não houve diferença estatística significativa, a produção da cultivar de hábito de
crescimento Tipo I foi de 851,70 kg.ha-1, a de Tipo II foi de 874,10 kg.ha-1, e a de Tipo III
produziu 944,50 kg.ha-1, evidenciando que as cultivares apresentaram produtividade
semelhante entre si.
Na cultura do feijão, a produtividade de grãos é altamente correlacionada com os
componentes da produção, ou seja, número de legumes por planta, número de grãos por
planta e massa de grãos (COIMBRA et al., 1999). Dependendo das condições, alguns
componentes da produção podem aumentar e outros diminuir, facilitando a manutenção da
estabilidade da produtividade de grãos (COSTA et al., 1983). Segundo Ramos Junior et al.
(2005) a massa de cem grãos e o número de grãos por vagem são os componentes de
maior influência na produtividade de grãos de cultivares de feijão. Desta forma, nas
condições experimentais deste trabalho, ficou evidente que a produtividade de grãos está
ligada diretamente com a massa de cem grãos, onde este igualmente a produtividade de
grãos, não apresentou diferença significativa entre os tratamentos.
8
4. CONCLUSÃO
As cultivares de diferentes hábitos de crescimento mostram-se adequadas ao cultivo
na região do Médio Alto Uruguai – RS, não apresentando diferença de produtividade entre
si, e a produtividade de grãos é influenciada diretamente pela massa de cem grãos.
Observando a altura de inserção do primeiro legume verifica-se que as cultivares se
adaptam para mecanização, porém, considerando o comprimento da haste principal a
cultivar mais indicada para a mecanização é a de Tipo I (cultivar Iraí).
Os componentes de rendimento (número de legumes por m², número de legumes por
planta, número de grãos por planta e número de grãos por legume) foram influenciados
pelos hábitos de crescimento.
REFERÊNCIAS
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