UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETICA – IESC MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA HELEN REGINA MOTA MACHARETH AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS HOSPITALARES UTILIZANDO TAXAS DE MORTALIDADE: CONSTRUÇÃO DE UMA MEDIDA DE AJUSTE DE RISCO Orientadora: Prof. Dra. Rejane Sobrino Pinheiro Rio de Janeiro 2014 HELEN REGINA MOTA MACHARETH AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS HOSPITALARES UTILIZANDO TAXAS DE MORTALIDADE: CONSTRUÇÃO DE UMA MEDIDA DE AJUSTE DE RISCO Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Saúde Coletiva, da Universidade federal do Rio de Janeiro, para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientadora: Prof. Dra. Rejane Sobrino Pinheiro Rio de Janeiro 2014 M149 Machareth, Helen Regina Mota. Avaliação da qualidade dos serviços hospitalares utilizando taxas de mortalidade: construção de uma medida de ajuste de risco/ Helen Regina Mota Machareth. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2014. 56 f.; 30cm. Orientador: Rejane Sobrino Pinheiro. Dissertação (Mestrado) - UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2014. Referências: f. 45-52. 1. Fraturas do fêmur. 2. Mortalidade hospitalar. 3. Coeficiente de mortalidade. 4. Modelos logísticos. 5. Análise de regressão. 6. Indicador de risco. I. Pinheiro, Rejane Sobrino. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título. CDD 611.718 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Senhor Jesus, por todas as bênçãos concedidas e por ter me agraciado com mais esta conquista. Senhor, se a Tua mão poderosa não estivesse comigo eu jamais teria chegado até aqui. Muito Obrigada! Aos meus pais, por serem sempre modelos de perseverança, caráter, luta e amor. Ensinandome a nunca desistir e a sempre confiar no Senhor. Ao meu amado esposo, por toda compreensão e carinho. Obrigada por todas as madrugadas que passamos trabalhando juntos. Obrigada por todo incentivo, que sempre me deu para continuar estudando e lutando por minha formação. Até mesmo em momentos em que a distância foi necessária para chegar até aqui, sempre senti que éramos um. Te Amo! À minha orientadora Rejane Sobrino Pinheiro, muito obrigada por todo o carinho, paciência e compreensão. Por me ensinar a amar o trabalho com dados secundários e a principalmente, lutar para vencer a cada dia o desafio da busca pelo conhecimento. Você é realmente muito especial! À professora Claúdia Medina Coeli e aos amigos do grupo de pesquisa do LABMECS, sou grata pela oportunidade de poder conviver e aprender com vocês importantes lições no dia a dia do trabalho. Muito obrigada por tudo! Ao professor Rômulo Cristóvão de Souza, por ter sido para mim uma inspiração, ainda na faculdade de enfermagem, quando em seus valiosos ensinamentos me permitia vislumbrar novos horizontes na área de saúde coletiva. Aos meus amados irmãos da Igreja, muito obrigada por todas as orações e apoio que sempre encontrei em vocês. São realmente minha querida família! Helen Machareth. RESUMO Este estudo tem como objetivo analisar as internações prévias como um indicador da gravidade dos pacientes para a construção de um índice de ajuste de risco na comparação da mortalidade entre hospitais, usando como exemplo a fratura proximal de fêmur (FPF). Foram acompanhados 1984 pacientes internados no município do Rio de Janeiro para correção cirúrgica de FPF entre os anos de 2010 e 2011. Para análise da associação das internações prévias com a mortalidade hospitalar após a FPF utilizou-se modelos de regressão logística. Identificou-se que a idade acima dos 80 anos apresentou associação com a mortalidade hospitalar com um aumento de 3,3 vezes na chance de morte para pacientes na faixa de 80 89 anos (IC = 1,30 - 8,49) e um aumento de 9,05 vezes para os pacientes com 90 anos ou mais ( IC = 3,44 - 23,81). Ter alguma internação prévia por qualquer causa antes da internação por FPF também demonstrou associação com um aumento de 77% na chance de morte (IC = 1,06 - 2,94). Entre as comorbidades, destacam-se a doença renal severa ou moderada com OR= 20,196 (IC = 3,042 - 134,092), doenças isquêmicas com OR = 9,099 (IC = 0,973 - 85,106), pneumonia com OR = 3,619 (IC = 0,977 - 13,401) e fraturas diversas e lesões com OR = 2,041 (IC = 0,900 - 4,627). Apesar de o estudo ter sido realizado com uma amostra de tamanho considerável, não foi possível avaliar a associação de algumas comorbidades em função da ausência de variabilidade do desfecho em alguns grupos. Os resultados apontam para o fato de que a internação prévia do SIH-SUS possa ser utilizada como proxy da gravidade. Palavras chaves: Ajuste de risco; fratura proximal de fêmur; mortalidade; ABSTRACT This study aims to analyze the previous admissions as an indicator of the severity of patients for the construction of an index of risk adjustment in the comparison of mortality between hospitals , using as an example the hip fracture. 1984 patients hospitalized in the city of Rio de Janeiro for surgical correction of hip fracture between the years 2010 and 2011 were followed . To analyze the association of previous hospital admissions to hospital mortality after the hip fracture was used logistic regression models . It was found that the age above 80 years was associated with hospital mortality with a 3.3 times increase in the risk of death for patients in the range 80-89 years ( CI = 1.30 to 8.49 ) and increased 9.05 times for patients aged 90 or more ( CI = 3.44 to 23.81 ). Having some previous hospitalization for any cause before admission by hip fracture also showed association with a 77% increase in risk of death ( CI = 1.06 to 2.94 ) . Among the comorbidities, stand out with severe or moderate kidney disease OR = 20.196 ( CI = 3.042 to 134.092 ) , ischemic diseases with OR = 9.099 ( CI = 0.973 to 85.106 ) , pneumonia with OR = 3.619 ( CI = 0.977 to 13.401 ) and several fractures and injuries with OR = 2.041 ( CI = 0.900 to 4.627 ) . Although the study was conducted with a sample of considerable size, it has not been possible to assess the association between selected comorbidities due to the lack of variability of outcome in some groups. The results point to the fact that previous hospitalization SIH-SUS can be used as a proxy for severity. Word-keys: Risk adjustment; hip fracture; mortality; LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Pesos das condições clínicas referentes a diagnósticos secundários, considerados pelo Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) Tabela 2 - Ponderação em função da idade utilizada com o índice de Comorbidade de Charlson (ICC) Tabela 3 - POSSUM – Avaliação fisiológica e da gravidade do caso do paciente Tabela 4 - POSSUM – Avaliação operacional e da gravidade do caso do paciente Tabela 5 - Modelo final não -ajustado e ajustado e pontuação atribuída no score do risco de Jiang et al. 2004 Tabela 6 - Perfil dos pacientes internados para correção cirúrgica de fratura proximal de fêmur no município do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2011 Tabela 7 - Perfil dos pacientes internados para correção de fratura proximal de fêmur, segundo ocorrência de óbito durante a internação no município do Rio de Janeiro nos anos de 2010 e 2011. Tabela 8 - Causas de internações prévias mais próximas da internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos de 2010 e 2011. Tabela 9 - Modelos de regressão logística para ajuste de risco de mortalidade hospitalar após internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos 2010 e 2011. Tabela 10 Modelos de regressão logística para ajuste de risco de mortalidade hospitalar após internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos 2010 e 2011. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Equações para estimar o índice Physiologic Ability and Surgical Stress (E-PASS) Quadro 2 - Classificação do Risco do Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE II) Quadro 3 - Agrupamento dos diagnósticos das internações prévias segundo a CID-10 e diagnósticos de maior impacto na mortalidade após FPF Quadro 4 - Perfil das internações prévias dos pacientes internados para correção cirúrgica de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro entre 2010 e 2011. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APACHE Acute Physiology and Chronic Health Evaluation ASA American Society of Anestesiology CID-10 Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão CCS Clinical Classification Software CSP Complications Screening Program DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica E- PASS Physiologic Ability and Surgical Stress FPF Fratura proximal de fêmur ICC Índice de Comorbidade de Charlson NHFS Nottingham Hip Fracture Score POSSUM Physiological and Operative Severity Score for the Enumeration of Mortality and Morbidity SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 11 Avaliação da Qualidade dos Serviços de Saúde...................................................................................... 12 1.1. Mortalidade: um Indicador de Desempenho.............................................................................................13 1.2.Mortalidade Após Fratura Proximal de Fêmur........................................................................................ 16 1.3.Medidas de Ajuste de Risco em Estudos sobre Mortalidade após a Fratura Proximal de Fêmur...................................................................................................................................................... 17 1.3.1.Índice de Comorbidade de Charlson (ICC)................................................................................... 19 1.3.2.Complications Screening Program (CSP) e Clinical Classification Software (CCS)………………………………………………………………………. .………….………. 21 1.3.3.Physiological and Operative Severity Score for the Enumeration of Mortality and Morbidity (POSSUM)………………..……………………………………………………………………... 23 1.3.4.Physiologic Ability and Surgical Stress (E- PASS)….………………………………………….. 25 1.3.5Nottingham Hip Fracture Score (NHFS)…………..…………………………………………… 26 1.3.6Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) ……........................................... 27 1.3.7.RAND Score……………………………………………………….............................................. 27 1.3.8.Outras Medidas de Ajuste de Risco.............................................................................................. 31 1.4.Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH –SUS).......................................... 32 1.5.Justificativa e Relevância......................................................................................................................... 33 1.6.Objetivos.................................................................................................................................................. 33 2. METODOLOGIA........................................................................................................................................... 33 2.1. Desenho de Estudo................................................................................................................................... 33 2.2. População do Estudo................................................................................................................................ 33 2.3. Fonte de Dados......................................................................................................................................... 34 2.4. Análise de Dados...................................................................................................................................... 34 2.5. Variáveis de interesse............................................................................................................................... 36 2.6. Análise dos dados..................................................................................................................................... 36 2.7. Questões Éticas........................................................................................................................................ 37 3. RESULTADOS.............................................................................................................................................. 39 4. DISCUSSÃO................................................................................................................................................. 45 5. REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 48 6. APENDICE.................................................................................................................................................... 56 11 1. INTRODUÇÃO Avaliação da Qualidade dos Serviços de Saúde A qualidade dos serviços de saúde prestados à população deve ser constantemente avaliada e monitorada para que o impacto na saúde da mesma seja otimizado. Donabedian (1980) estabelece que o conceito de qualidade dos serviços de saúde abrange aspectos como: acesso ao serviço, equidade, adequação técnica deste serviço para atenção à demanda, efetividade, custos, segurança e satisfação do paciente, alvo do cuidado em saúde. Percebe-se, então, que, para que as instituições de saúde ofereçam serviços de qualidade aos usuários, as mesmas devem pautar sua assistência nestes pilares fundamentais. Donabedian, em 1980, desenvolveu uma estratégia de trabalho para avaliação da qualidade em saúde baseada nos conceitos da tríade: estrutura, processo e resultado. O objetivo era construir indicadores ou atributos de qualidade para a avaliação de cada um dos componentes dessa tríade. A estrutura está relacionada aos recursos humanos, físicos e financeiros. Recursos estes que devem possuir boa qualidade e estar disponíveis para o atendimento da demanda. O processo é definido como todos os procedimentos, tudo o que se relaciona ao tratamento de saúde que foi realizado para produzir o resultado da assistência em saúde. Questões como a ética médica e o relacionamento interpessoal devem ser avaliadas. O resultado é o produto do processo de trabalho que visa o reestabelecimento do indivíduo e está relacionado com questões como a sua satisfação e expectativas. Rattner (1996) destaca que avaliar a qualidade dos serviços de saúde não constitui uma tarefa simples. Antes, é necessário lançar mão de conhecimentos que, por vezes, não estão disponíveis, e sendo necessário que sejam desenvolvidos. Os indicadores de desempenho são úteis na avaliação da qualidade dos serviços de saúde, pois, mensuram o processo de trabalho que objetiva o cuidado do paciente e, também, o impacto favorável ou desfavorável deste na saúde do indivíduo (Donabedian, 1980). Para Travassos et al. (1999), estes indicadores de desempenho são instrumentos que visam monitorar a qualidade dos serviços e processos de trabalho dos profissionais de saúde, com vistas ao destaque da necessidade de uma avaliação mais específica, quando indicarem possíveis problemas. 12 Os indicadores de desempenho são comumente utilizados em atividades de monitoramento com o fim de evidenciar a qualidade dos serviços e as atividades desenvolvidas para aprimorar sua qualidade (Sheldon, 1998). Para Donabedian (1980), os resultados provenientes do processo de avaliação utilizando os indicadores de desempenho indicam alterações no estado de saúde dos indivíduos, decorrentes do processo empregado para a assistência do mesmo. Para que os indicadores de desempenho forneçam informações fidedignas para o desenvolvimento de ações que aperfeiçoem os processos de atendimento, é necessário que os mesmos sejam válidos. Travassos et al. (1999) afirmam que quando os indicadores possuem pouca precisão, os resultados que eles apresentam também são imprecisos. 1.1 Mortalidade: um Indicador de Desempenho A mortalidade hospitalar, por exemplo, se apresenta como um importante indicador da qualidade da assistência prestada aos indivíduos, pois avalia o resultado do processo de trabalho que foi empregado com vistas ao cuidado. É considerada um indicador de desempenho, podendo ser utilizado para a avaliação da qualidade de um hospital separadamente ao longo do tempo ou, ainda, na comparação de um conjunto de hospitais (Dubois et al., 1987; Blunberg, 1988; Travassos et al., 1999). A avaliação da mortalidade hospitalar já era proposta no século passado por Florence Nightingale, por meio de uma coleta sistemática de dados sobre os pacientes internados, com o propósito de avaliar o quanto as taxas de mortalidade variavam quando comparadas entre hospitais (Nightingale apud Travassos et al., 1999). A mortalidade hospitalar como um indicador de desempenho será utilizada ainda por muito tempo, em função de evidenciar um aspecto crucial da qualidade da assistência prestada: o resultado final (Iucef et al., 2004). Embora seja um indicador tradicional na avaliação da qualidade dos serviços de saúde, a mortalidade hospitalar não nos permite avaliar os óbitos após a alta. A mortalidade após a fratura proximal de fêmur tem sido avaliada em diferentes períodos, como 30 dias, 60 dias, 90 dias, 180 dias, 1 ano e 2 anos após a admissão hospitalar (Hannan et al.,2001; Jiang et al., 2005; Alves, 2007; Hu et al., 2011; Kirkland et al., 2011). 13 Em 2002, a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) publicou uma lista de indicadores de desempenho utilizados para avaliar o cuidado prestado pelas instituições de saúde norte - americanas. Esta lista contém 32 indicadores que são definidos como um conjunto de medidas que nos permitem avaliar a qualidade do hospital e os cuidados empregados para uso de seus dados administrativos. Incluem a mortalidade hospitalar e procedimentos realizados para algumas patologias e para outros procedimentos médicos. Avaliam, ainda, a questão da utilização excessiva, subutilização e volume de procedimentos. Entre eles, está mencionada a mortalidade hospitalar por fratura proximal de fêmur como um indicador da qualidade do serviço (AHRQ, 2002). 1.2 Mortalidade Após Fratura Proximal de Fêmur A fratura proximal de fêmur é uma importante causa relacionada com a mortalidade da população idosa (Nather et al., 1995; Hannan et al., 2001; Sakaki et al., 2004; Souza et al., 2007). Zuckerman (1996) relata que a fratura proximal de fêmur é classificada de acordo com sua localização anatômica, podendo ser denominada como: fraturas de colo de fêmur, transtrocanterianas e subtrocantéricas. Estudos sobre fatores associados à mortalidade após a fratura proximal de fêmur têm sido publicados há pelo menos duas décadas (Broos et al., 1989; Clayer et al., 1989). Revisões sobre fatores preditores da mortalidade após fratura proximal de fêmur apontam para a forte relação entre a mortalidade e fatores como: sexo masculino, idade avançada, quantidade de comorbidades e deficiência cognitiva (Sakaki et al., 2004; Mesquita et al., 2009; Hu et al., 2011;). As comorbidades que mais se relacionaram com a mortalidade nestes estudos foram: doenças pulmonares, doenças cardíacas, doenças renais, diabetes mellitus e acidente vascular cerebral (Sakaki et al., 2004; Mesquita et al., 2009; Hu et al., 2011). Sakaki et al. (2004) realizaram um estudo de revisão sobre a mortalidade, em diferentes tempos de seguimento, desde a admissão para correção da fratura proximal de fêmur até o óbito. A versão avaliou do período de 1998 a 2002, sendo incluídos 25 artigos do tipo ensaio clínico randomizado e revisão sistemática e totalizou 24.062 pacientes com idade superior a 60 anos. As taxas de incidência acumulada de mortalidade dos pacientes foi de 10,8% aos seis meses, 19,2% ao final de um ano e de 24,9% aos dois anos. Essas taxas foram 14 bem maiores quando comparadas com as dos grupos controle: 3,2%, 5,2% e 9,6%, respectivamente. Os fatores destacados no estudo como tendo uma relação direta com a mortalidade após fratura proximal de fêmur do idoso foram: idade avançada, grande número de doenças associadas, sexo masculino e existência de deficiência cognitiva. Em alguns trabalhos isolados identificados no estudo de Sakaki et al. (2004), foram encontrados determinantes como: capacidade deambulatória prévia, índice ASA, anemia, hipoalbuminemia, linfopenia e existência de acidente vascular cerebral. Por outro lado, tipo de tratamento cirúrgico na fratura de fêmur, tipo de anestesia utilizada e o tempo decorrido antes da cirurgia não apresentaram correlação com a mortalidade. Embora as mulheres apresentem a maior incidência de fraturas de fêmur, até três vezes maior que nos homens, em alguns casos, percebe-se que pacientes do sexo masculino apresentam as maiores taxas de mortalidade (Gdalevich et al., 2004; Forsén et. al., 1999; Chariyalertasak et al., 2001; Johnell et al., 2001; Meyer et al., 2000; Fransen et al., 2002; Trombetti et al., 2002; Jiang et al., 2005; Garcia et al., 2006). Algumas hipóteses são levantadas por Cree et al. (2000) como: a queda do homem em geral é mais traumática do que a da mulher; o homem tem um número maior de comorbidades ou ainda deficiências cognitivas mais graves. No Brasil, há controvérsias com relação à mortalidade maior dos homens que sofrem fratura proximal de fêmur, pois alguns estudos não encontraram associação entre mortalidade e sexo (Pinheiro et al., 2006; Alves, 2007; Souza et al., 2007;). Mesquita et al. (2009) avaliaram a morbimortalidade por fratura proximal do fêmur em idosos por meio de uma revisão que utilizou publicações referentes ao período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007. Foram incluídos 14 artigos relacionados ao tema, com um total de 4.013 pacientes com fratura proximal de fêmur. Observou-se maior frequência de mulheres (72,5%), pacientes com idade superior a 80 anos tinham maior probabilidade de morrer quando comparados com paciente na faixa etária de 60 a 80 anos, em concordância com a literatura científica. Já Alarcon et al. (2001), em um estudo sobre experiências com nonagenários com fratura proximal de fêmur, concluíram que, embora os pacientes possuíssem mais de noventa anos, as taxas de mortalidade dos mesmos não foram maiores do que as encontradas na literatura. Dentre os pacientes avaliados no estudo de Mesquita et al. (2009), 88% apresentaram doenças 15 associadas, com uma média de 2,6 comorbidades que contribuíram para a mortalidade após fratura proximal de fêmur (21,8%) no decorrer do primeiro ano. Observaram ainda, que a permanência hospitalar dos pacientes foi de 4,1 a 20, 5 dias, com uma média de 13 dias de permanência. Ressaltaram que um longo período de internação é um fator agravante para complicações e podem exercer influência na morbimortalidade. Recentemente, Hu et al. (2011), por meio de uma revisão sistemática com metaanálise, estudaram os preditores pré–operatórios para mortalidade em pacientes com fratura proximal de fêmur após a cirurgia para sua correção. Foram selecionadas para este estudo publicações não-intervencionistas e incluídos 75 estudos, que totalizaram 64.316 pacientes com fratura proximal de fêmur. As taxas de mortalidade após um mês foi de 13,3%, de três a seis meses foi de 15,8%, em um ano 24,5%, em dois anos 34,5% e de três a cinco anos foi de 38,1%. Foram identificados trinta e um potenciais fatores de risco para mortalidade após fratura proximal de fêmur. Destes, doze fatores apresentaram fortes evidências preditoras: idade avançada; sexo masculino; índice da American Society of Anesthesiologists (ASA) alto; demência; múltiplas comorbidades; cuidados de enfermagem em casa e facilidade para sair da residência; capacidade limitada de deambulação; poucas atividades diárias; deficiência do estado mental; diabetes; câncer e doenças cardíacas. Foram encontradas evidências moderadas de predição que são: fratura intertrocantérica (quando comparada com a fratura de colo de fêmur), baixo índice de massa corporal, baixa concentração de albumina, desnutrição, baixa concentração de hemoglobina, alta concentração de creatinina, doença renal crônica e doença pulmonar crônica. Fatores como morar sozinho, internação prévia, função social comprometida, fumo, alta concentração de potássio, alta concentração de troponina T, doença cerebrovascular, baixa taxa de linfócitos, frequência cardíaca alta na admissão, doença do sistema digestivo, delírio e depressão foram considerados fatores com evidência limitada. Os autores concluíram que, embora não haja evidências conclusivas com relação aos preditores pré – operatórios, estes doze que foram considerados como fortes preditores devem ser avaliados com especial atenção. Em revisão sistemática com meta-análise, Simunovic et al. (2010) estudaram o efeito da cirurgia precoce após a fratura proximal de fêmur na mortalidade e nas complicações pósoperatórias. Foram identificadas 1.939 citações relevantes, nas bases Medline, Embase e em arquivos da Sociedade Internacional de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia, arquivos gerados de encontros anuais da Associação de Trauma Ortopédico, Associação Ortopédica 16 Canadense, entre outros. Foram incluídos 13.478 pacientes e selecionadas todas as publicações até dia 08 de Fevereiro de 2008. Os pesquisadores perceberam que a realização precoce da cirurgia (entre 24 e 72 horas) para correção da fratura proximal de fêmur está associada com uma significante redução da mortalidade e de complicações pós-operatórias como pneumonia e úlceras de pressão. Concluíram que a cirurgia realizada entre 24 e 72 horas está associada a uma menor taxa de mortalidade e de complicações pós - operatórias entre pacientes com fratura proximal de fêmur. Este tema ainda é polêmico em função de existirem autores que não encontraram em seus estudos associação com o tempo até a realização da cirurgia e outros que discutem os períodos relevantes para que haja associação de 24h, 48h e 72 h (Lyons, 2001; Grimes et al., 2002; Casaletto & Gatt, 2004; Sakaki et al., 2004). Alguns estudos associam a internação prévia ao aumento do risco de morte após a fratura proximal de fêmur. No estudo norueguês de Meyer et al. (2000), os pesquisadores perceberam que os pacientes que haviam sido admitidos por qualquer causa nas instituições hospitalares nos dois anos anteriores à fratura tinham um risco de morte quatro vezes maior do que os pacientes do grupo controle, enquanto os pacientes que não haviam internado previamente apresentaram um risco de morte semelhante ao risco do grupo controle. Costa et al. (2006), em Portugal, avaliaram que homens que haviam relatado outra admissão hospitalar por qualquer razão, nos anos anteriores a fratura, tinham um risco dez vezes maior de morte após fratura proximal de fêmur do que os homens que não haviam relatado internação prévia. 1.3 Medidas de Ajuste de Risco em Estudos sobre Mortalidade após a Fratura Proximal de Fêmur Embora a mortalidade seja um indicador tradicional para a avaliação dos serviços de saúde, há fatores importantes que devem ser considerados, para que as diferenças encontradas não reflitam as diferenças nos perfis dos pacientes e, sim, a diferença entre os perfis dos serviços e o cuidado prestado (Green et al., 1990; Martins et al., 2001; Iucif et al., 2004). Por exemplo, pacientes que apresentem uma maior gravidade em seu caso, exigirão mais recursos e tendem a apresentar complicações e piores respostas ao tratamento, ainda que, internados em uma mesma instituição hospitalar, do que outros pacientes menos graves. 17 O ajuste de risco tem como objetivo reduzir o papel confundidor que algumas variáveis relacionadas ao risco inerente ao paciente e a sua patologia (por exemplo, idade, sexo, comorbidades entre outras) possam exercer no resultado em saúde e permitir que as taxas de mortalidade sejam analisadas de forma que retratem a condição dos serviços de saúde (Martins et al., 2001). Nos estudos de mortalidade após a fratura proximal de fêmur, têm sido utilizadas as seguintes estratégias de ajuste: Índice de Comorbidade de Charlson (ICC); o score ASA (American Society of Anesthesiologists); Physiologic and Operative Severity Score for the Enumeration of Mortality and Morbidity (POSSUM); Physiologic Ability and Surgical Streess (E- PASS) risk scoring system; Nottingham Hip Fracture Score (NHFS); Clinical Classification Software (CCS); Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), Comorbidity Score (RAND); quantidade de comorbidades; Complications Screening Program (CSP); método proposto por Jiang et al., (2005) e método proposto por Alves (2007), (Poses et al., 1996; Iezzoni et al., 1996; Souza et al., 2005; Martins et al., 2001; Iucif et al., 2004; Goldstein et al., 2004; Lee et al., 2005, Myers et al., 2009, Radley et al., 2007, Zeeland et al., 2011, Hirose et al., 2008, Wiles et al., 2011, Hannan et al., 2001). Desses, o Índice de Comorbidade de Charlson (ICC), o Clinical Classification Software (CCS) e o Complications Screening Program (CSP) tem características que permitem sua aplicação em bases de dados administrativos. As demais estratégias de ajuste demandam informações clínicas que em geral não estão presentes nestas bases. 1.3.1 Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) Dentre as medidas de ajuste mais utilizadas nos estudos sobre mortalidade após a fratura proximal de fêmur está o Índice de Comorbidade de Charlson (ICC). Este é bastante utilizado em análises de bancos de dados administrativos (Charlson et al., 1987). O ICC é um índice que foi criado a partir da análise de uma coorte de mulheres com câncer de mama. Mas, apesar de ter sido elaborado para uma doença específica, tem-se mostrado útil no ajuste de risco de pacientes com outros problemas de saúde (Poses et al., 1996; Iezzoni et al., 1996; Souza et al., 2005; Martins et al., 2001; Iucif et al., 2004; Goldstein et al., 2004; Lee et al., 2005, Myers et al., 2009). 18 O ICC indica o risco de morte do paciente por meio dos diagnósticos secundários, que pertencem à uma lista de dezenove diagnósticos que visam mensurar a gravidade do caso e avaliar o seu impacto sobre a saúde do paciente (Tabela 1). Para cada uma das dezenove condições clínicas listadas, há uma pontuação que varia entre 1 e 6 (Charlson et al., 1987). O ICC permite, ainda, que a variável idade seja combinada, de forma que, a partir dos 50 anos, para cada 10 anos do paciente é atribuída uma pontuação adicional ao índice (Tabela 2) (Charlson et al., 1987). Tabela 1 - Pesos das condições clínicas referentes a diagnósticos secundários, considerados pelo Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) Pesos Condições clínicas 1 Infarto do miocárdio Insuficiência cardíaca congestiva Doença vascular periférica Demência Doença cerebrovascular Doença pulmonar crônica Doença do tecido conjuntivo Úlcera Doença crônica do fígado 2 Hemiplegia Doença renal severa ou moderada Diabetes Diabetes com complicação Tumor Leucemia Linfoma 3 Doença do fígado severa moderada 6 Tumor maligno, metástase. SIDA Fonte: Adaptado de Charlson et al., 1987, página 377. Estudos sobre a adaptação do Índice de Comorbidade de Charlson para o uso em bases de dados administrativas foram realizados (Deyo et al., 1992; Romano et al., 1993; D’Hoore 19 et al., 1996; Quan et al., 2005). Esse índice, que havia sido criado a partir do uso de registros médicos, foi adaptado para ser utilizado também em bases de dados administrativos nas quais são registrados diagnósticos secundários utilizando a Classificação Internacional de Doenças (CID). Tabela 2 - Ponderação em função da idade utilizada com o Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) Idade (anos) 0 – 49 50 – 59 60 – 69 70 – 79 80 – 89 90 – 99 Pontos 0 1 2 3 4 5 Fonte: Adaptado de Charlson et al,. 1987, página 379. Kirkland et al. (2011) analisaram a capacidade de predição do Índice de Comorbidade de Charlson na predição da mortalidade em 30 dias após a cirurgia para correção da fratura proximal de fêmur. Foram selecionados para o estudo 485 pacientes que foram submetidos á cirurgia para correção da fratura proximal de fêmur na Mayo Clinic Rochester localizada em Minessota, Estados Unidos. A seleção dos pacientes foi realizada no período de 1 de janeiro de 2000 a 30 de junho de 2002. Neste estudo os fatores associados com a mortalidade em 30 dias foram: idade maior que 90 anos e índice de comorbidade de Charlson. O índice de comorbidade de Charlson apresentou uma forte associação com a mortalidade precoce (30 dias), embora tenha sido originalmente validado como uma ferramenta para predizer a mortalidade em um ano (Charlson et al., 1987). 1.3.2 Complications Screening Program (CSP) e Clinical Classification Software (CCS) Iezzoni et al. (1994) desenvolveram o Complications Screening Program (CSP), método que visa à identificação de complicações médicas e cirúrgicas em adultos, baseado em dados como: idade do paciente; sexo; códigos de diagnósticos e de procedimentos usando a Classificação Internacional de Doenças (CID) nona revisão; grupo de diagnósticos relacionados (DRG); número de dias da admissão até a cirurgia principal ou procedimentos 20 específicos realizados durante a internação. Foram especificados 27 grupos de complicações para o programa incluindo pneumonia no pós–operatório; hemorragia após o procedimento cirúrgico; infecção das feridas cirúrgicas; sepse; medicações mais utilizadas; “reabertura” de sítio cirúrgico seguido de outra cirurgia; falha dos equipamentos e perfuração de alguma víscera. Os grupos de risco foram definidos de acordo com os grupos de diagnósticos relacionados (DRG) e com os códigos de procedimentos nona revisão. Os pacientes podem ser classificados em mais de um grupo de risco. O Clinical Classification Software (CCS) é um programa de diagnóstico e de processo de categorização por códigos diagnósticos, usando a Classificação Internacional de Doenças (CID) nona revisão, que pode ser utilizado em muitos tipos de análises de dados usando diagnósticos e procedimentos (HCUP, 2013). Foi desenvolvido pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), e também pode ser utilizado como uma ferramenta para classificação de populações por doenças ou procedimentos específicos, e ainda é útil no desenvolvimento de estatísticas (HCUP, 2013). Embora o CCS não tenha sido desenvolvido como um índice de ajuste de risco, estudos apontam para o fato de que, quando utilizado em bases de dados secundários, apresenta um bom desempenho na predição do risco em função de classificar os pacientes em grupos de baixo e alto risco (Ash et al., 2003; Radley et al., 2007). Radley et al. (2007) estudaram estratégias de comparação entre índices de ajuste de risco em pacientes com fratura proximal de fêmur. Utilizaram três medidas de ajuste: Complications Screening Program (CSP), Índice de Comorbidade de Charlson (adaptado por ROMANO) e Clinical Classification Software (CCS). Embora todos os instrumentos tenham tido uma capacidade de predição semelhante, o instrumento que teve a melhor capacidade de predizer a mortalidade em um ano após a fratura proximal de fêmur foi o CCS, seguido pelo CSP e, por fim, o ICC. Os pesquisadores concluíram que, em função da semelhança nos resultados apresentados pelas medidas de ajuste, a escolha da abordagem deverá ser pautada na facilidade da implementação. 21 1.3.3 Physiological and Operative Severity Score for the Enumeration of Mortality and Morbidity (POSSUM) O POSSUM (Physiological and Operative Severity Score for the Enumeration of Mortality and Morbidity) é um sistema preditor de morbidade e mortalidade para pacientes cirúrgicos e utiliza em sua avaliação fatores fisiológicos e operacionais (Copeland et al., 1991). O POSSUM foi criado originalmente com o intuito de ser um sistema de pontuação simples que teria possibilidade de utilização no campo da cirurgia geral, mas com foco principal na auditoria cirúrgica (Copeland et al., 1991). Mohamed et al. (2002) validaram a utilização do POSSUM para pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas. O sistema incluiu uma avaliação do estado fisiológico e da gravidade do caso. O índice POSSUM é constituído com base na análise de 12 condições fisiológicas, cada uma com uma pontuação em quatro níveis (1, 2, 4 e 8). E seis condições operacionais que também possuem pontuação em quatro níveis como demonstrado na tabela 3 e 4. O score POSSUM final para avaliação da mortalidade e da morbidade é calculado com base nas equações 1 e 2 , sendo a equação 1 relacionada com a mortalidade e a 2 relacionada com a morbidade: Log℮ R1/ (1-R1) = -7,04 + (0,13 X score fisiológico) + (0,16 x score operacional) (eq. 1) Log℮ R2/ (1-R2) = -5,91 + (0,16 X score fisiológico) + (0,19 x score operacional) (eq. 2) Zeeland et al. (2011) estudaram a capacidade de predição do POSSUM para a mortalidade hospitalar e para a sobrevida em uma coorte de 272 pacientes com fratura proximal de fêmur por até três anos. Os pacientes foram classificados em três grandes grupos com base no POSSUM: baixo risco, risco intermediário e alto risco. O POSSUM teve um bom desempenho na predição da mortalidade e da morbidade, com área sob a curva ROC de 0.83 para ambas as avaliações. Observou-se que o POSSUM ortopédico é uma excelente ferramenta para predição da mortalidade e da sobrevivência a longo prazo de pacientes com fratura proximal de fêmur. 22 Tabela 3 - POSSUM - Avaliação fisiológica e da gravidade do caso do Paciente Escore Fisiológico 2 1 Idade (anos) ≤ 60 61 a 70 4 8 ≥ 71 Sinais cardíacos Normal Drogas Cardíacas ou Edema de pericárdio Aumento de Pressão Esteróides por terapia com Venosa na Jugular Warfarina Radiografia de tórax Normal Cardiomegalia leve Cardiomegalia Sinais respiratórios Normal Dispnéia por Esforço Dispnéia Limitante Dispnéia de repouso Radiografia de tórax Normal DPOC - Suave DPOC - Moderada 110 a 130 131 a 170 100 a 109 ≥ 171 90 a 99 Fibrose ou consolidação pulmonar ≤ 89 50 a 80 81 a 100 40 a 49 101 a 120 ≥121 ≤ 39 15 12 a 14 9 a 11 ≤8 Uréia na corrente sanguínea (mmol/l) ≤ 7,5 7,6 a 10,0 10,1 a 15,0 ≥ 15,1 Sódio na corrente sanguínea (mmol/l) ≥ 136 131 a 135 126 a 130 ≤ 125 Potássio na corrente sanguínea (mmol/l) 3,5 a 5,0 3,2 a 3,4 5,1 a 5,3 2,9 a 3,1 5,4 a 5,9 ≤ 2,8 ≥ 6,0 13,0 a 16,0 11,5 a 12,9 16,1 a 17,0 10,0 a 11,4 17,1 a 18,0 ≤ 9,9 ≥ 18,1 4,0 a 10,0 10,1 a 20,0 3,1 a 3,9 ≥ 20,1 ≤ 3,0 PA sistólica (mmHg) Pulso (batimentos/minuto) Escala de coma Hemoglobina (g/100ml) Contagem de células brancas (x10¹²/l) ECG Normal Fonte: Adaptado de Copeland et al., 1991, página 356. Fibrilação Atrial (Taxa 60 a 90) Alguma outra alteração 23 Tabela 4 - POSSUM - Avaliação Operacional da gravidade do caso do Paciente Escore Operacional Magnitude 1 2 4 8 Menor Intermediário Maior Maior+ 2 >2 501 a 999 ≥ 1000 Número de variáveis operacionais em 30 dias 1 Perda sanguínea por cirurgia (ml) ≤ 100 101 a 500 Infecção Nenhuma Incisão, ferida, ex: facada Presença de malignidade Nenhuma Primário apenas Tempo para cirurgia Eletiva Contaminação leve Contaminação grave ou tecido necrosado e tecido necrosado Tumor metastático Metástase generalizada Emergência. Ressuscitação possível < 48 hrs Emergência. Immediata < 6 hrs Fonte: Adaptado de Copeland et al., 1991, página 356. 1.3.4 Physiologic Ability and Surgical Stress (E- PASS) O Physiologic Ability and Surgical Stress (E-PASS) compreende um conjunto de três índices: o score do risco pré-operatório (PRS), o score do stress cirúrgico (SSS) e um score do risco compreendido (CRS). Foi desenvolvido por Haga et al. (1999) com dados de 292 pacientes submetidos à cirurgia gastrointestinal eletiva entre os anos 1992 e 1995 no departamento de Cirurgia, na Universidade e Escola Médica de Kumanoto, no Japão. Todos os pacientes foram analisados retrospectivamente para avaliação do status pré-operatório, procedimentos cirúrgicos e avaliação do pós-operatório. Para realização do trabalho, foram coletados dados médicos e de enfermagem. O índice de gravidade das complicações pósoperatórias foi calculado por meio de análise de regressão múltipla utilizando onze fatores pré–operatórios e seis fatores cirúrgicos. Os fatores pré–operatórios incluíam (quadro 1): idade; sexo; status de desempenho do índice desenvolvido por Eastern Cooperative Oncology Grooup (ECOG) (Grau 0: não possui restrições da atividade social; Grau 1: apresenta sintomas que restringem o trabalho muscular, mas não impede a caminhada ou o esforço leve; Grau 2: condições que requerem alguma 24 assistência, mas não têm a caminhada ou o esforço leve restringidos; Grau 3: condições que requerem assistência diária, pacientes ficam acamados mais da metade do dia; Grau 4: pacientes que necessitam de assistência constante, pois ficam acamados durante todo o dia); índice ASA; doença cardíaca severa; doença pulmonar severa; cirrose em curso; falência renal; doença cerebrovascular; diabetes mellitus e hipertensão. Os fatores cirúrgicos foram: perda sanguínea comparada ao peso corporal; tempo para cirurgia; extensão da incisão na pele; resíduos de câncer após a cirurgia; número de órgãos que foram submetidos à ressecção e anastomoses. Após as análises de regressão múltipla, foram identificados como fatores de risco importantes para compor o índice, seis fatores pré-operatórios e três fatores cirúrgicos: idade; presença de doença cardíaca severa; presença de doença pulmonar severa; diabetes mellitus; status de desempenho do índice (ECOG); índice ASA; perda sanguínea comparada ao peso corporal; tempo de cirurgia e extensão da incisão na pele. Os pesquisadores concluíram que o E-PASS é reprodutível e pode ser útil para tomada de decisão cirúrgica e, como não é necessário lançar mão de nenhum exame específico, este pode ser utilizado em muitos hospitais (Haga et al., 1999). Quadro 1 - Equações para estimar o índice Physiologic Ability and Surgical Stress (E-PASS) PRS = -0,0686 + 0,00345X1 + 0,323X2 + 0,205X3 + 0,153X4 + 0,148X5 + 0,0666X6 X1: idade X2: presença (1) ou ausência (0) de doença cardíaca severa X3: presença (1) ou ausência (0) de doença pulmonar grave X4: presença (1) ou ausência (0) de diabetes mellitus grave X5: desempenho do índice de capacidade de locomoção (0 - 4) X6: American Society of Anesthesiologists physiological status classification (1 - 5) SSS = -0,342 + 0,0139X1 + 0,0392X2 + 0,352X3 X1: perda sanguínea no transoperatório por peso corporal (gm/kg) X2: tempo de cirurgia (hr) X3: Extensão da incisão cirurgica (0:incisão menor sem laparotomia e toracotomia, 1: apenas laparotomia, 2: laparotomia e toracotomia) CRS = -0,328 + 0,936(PRS) + 0,976(SSS) Fonte: Adaptado de Hirose et al.,2008, página 1448. Hirose et al. (2008) avaliaram o poder de predição do E-PASS dos riscos pósoperatórios em pacientes com fratura proximal de fêmur. Foram avaliados 419 pacientes que foram submetidos à cirurgia de osteossíntese ou artroplastia para correção de fratura proximal de fêmur e foram prospectivamente avaliados pelo E-PASS score system. O score foi 25 adaptado para pacientes com fratura proximal de fêmur utilizando as variáveis do quadro 1. Neste estudo, as taxas de mortalidade e morbidade cresceram de forma linear com o score do risco pré-operatório (PRS) e o score do risco composto (comprehensive risk score CRS). Os resultados sugeriram que o E-PASS pode ser utilizado para predizer o risco pós-operatório e estimar gastos médicos com cirurgias em caso de fratura proximal de fêmur. Ainda no ano de 2008, foi realizado um estudo multicêntrico, em sete hospitais localizados no Japão, com o objetivo de avaliar a efetividade e reprodutibilidade do sistema E-PASS em predizer o risco pós- operatório da fratura proximal de fêmur. Participaram do estudo 813 pacientes. Destes, 20,0% desenvolveram complicações pós-operatórias e 1,6% morreram. As taxas pós–operatórias de morbidade e mortalidade cresceram de forma linear com o score do risco pré-operatório (PRS) e o score do risco composto (comprehensive risk score CRS). Para os pesquisadores, estes resultados sugerem que o E-PASS pode ser utilizado para predizer o risco pós-operatório, estimar custos e comparar desfechos em pacientes submetidos à cirurgia para tratamento de fratura proximal de fêmur (Hirose et al., 2008). Hirose et al. (2009) realizaram um estudo comparando o poder de predição do EPASS e do POSSUM. Perceberam que as taxas de mortalidade e morbidade preditas pelo sistema POSSUM estavam todas superestimadas e que o E-PASS teve um maior poder de predição das taxas de morbidade e mortalidade do que o POSSUM. 1.3.5 Nottingham Hip Fracture Score (NHFS) O Nottingham Hip Fracture Score (NHFS) foi desenvolvido por Maxwell et al. (2008). Este estudo teve como objetivo desenvolver e validar este score pré-operatório para predição da mortalidade em trinta dias em pacientes submetidos à cirurgia para correção da fratura proximal de fêmur. Foi realizada uma coorte de 4967 pacientes acompanhados de maio de 1999 a abril de 2006 no Queen’s Medical Centre em Nottingham. Foram encontradas sete variáveis preditoras independentes: idade; sexo masculino; número de comorbidades; score mini-mental; concentração de hemoglobina na admissão; morar em uma instituição e presença de neoplasias. Estas variáveis foram analisadas em um modelo de regressão multivariada. O NHFS foi produzido pela multiplicação dos coeficientes da regressão por 26 dois, arredondando para o valor inteiro mais próximo. O score varia de 0 a 10. A área sob a curva ROC para o NHFS foi de 0,719. Wiles et al. (2011) estudaram o poder de predição do Nottingham Hip Fracture Score (NHFS) na mortalidade em um ano de pacientes submetidos à cirurgia para correção da fratura proximal de fêmur. Foram analisados 6.202 pacientes entre 1999 e 2009. Consideraram um score NHFS menor ou igual a quatro como sendo um indicador de baixo risco e um score maior ou igual a cinco para alto risco. A mortalidade foi maior no grupo de alto risco e menor no grupo de baixo risco, para a mortalidade até um ano após a fratura proximal de fêmur. 1.3.6 Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) O sistema Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) foi proposto com o objetivo de classificar os pacientes, com base em informações fisiológicas, para mensurar quão graves são as condições clínicas dos pacientes cirúrgicos admitidos no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Após esta classificação, é possível realizar comparações entre indicadores de desempenho (Knaus, 1981). O Sistema possuía trinta e quatro medidas fisiológicas (APACHE I) que, posteriormente, foram reduzidas para doze em proposta de modificação (APACHE II). Estas doze condições fisiológicas são somadas a scores para idade e para doenças crônicas, na formatação do índice (Knauss et al., 1985) (Quadro2). O sistema passou, ainda, por adaptações de forma a otimizar o seu poder de predição e já foram realizados estudos para avaliar a acurácia dos Sistemas APACHE III e IV (Knaus et al., 1991; Cook, 2000; Zimmerman et al., 2006). Estudos foram realizados com intuito de validá-lo para aplicação em pacientes do CTI em outras situações como no pré-operatório de esofagectomia, gastrectomia, duodenopancreatectomia cefálica e em pacientes com insuficiência renal aguda fora da UTI e também em pacientes com fratura proximal de fêmur (Castro et al., 2006; Fernandes et al., 2009). 27 1.3.7 RAND Score O Rand score foi proposto por Pitto (1994) em um estudo sobre a mortalidade e o prognóstico social da fratura proximal de fêmur. Os fatores que influenciaram a taxa de mortalidade em seis meses foram: a cognição; doenças associadas; idade maior que oitenta e cinco anos; e tempo decorrido entre a fratura e a cirurgia. Também foram associadas as seguintes complicações: pneumonia, úlcera por pressão e infecção do trato urinário e função social. Hannan et al. (2001) realizaram um estudo sobre a mortalidade e locomoção em seis meses após a hospitalização por fratura proximal de fêmur. Neste estudo foram avaliados 571 pacientes com fratura proximal de fêmur, com idade de 50 anos ou mais, admitidos no Hospital Metropolitano de Nova York, entre agosto de 1997 e agosto de 1998. Neste estudo, para ajuste de risco da mortalidade foi utilizado o sistema APACHE adaptado (sem a Escala de Coma de Glasgow) e o RAND Score. Os resultados indicaram que os seguintes fatores estão associados ao risco de morte: raça; demência; tipo de fratura por deslocamento; uso dos serviços de saúde; estado funcional do paciente antes da fratura; Rand score e APACHE. 1.3.8 Índice Proposto por Jiang et al.(2005) e Outras Medidas de Ajuste de Risco Jiang et al. (2005) desenvolveram e validaram um score para predição do risco de morte, em um ano, em uma coorte de 3981 pacientes com fratura proximal de fêmur, que foram admitidos no período de 1994 a fevereiro de 2000, e representavam a base populacional de todos os pacientes do centro e do norte da província de Alberta, Canadá. Foram utilizados os registros eletrônicos do Hospital da Universidade de Alberta (UAH) e do Royal Alexandria Hospital (RAH). 28 Quadro 2 - Classificação do Risco do Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE II) Intervalo Abdominal Alto Variáveis Fisiológicas +2 Intervalo Abdominal Baixo +4 +3 +1 0 +1 +2 +3 +4 TEMPERATURA - retal (°C) Ο ≥ 41° Ο 39°-40,9° Ο 38,5°-38,9° Ο 36°-38,4° Ο 34°-35,9° Ο 32°-33,9° Ο 30°-31,9° Ο ≤ 29,9° Pressão Arterial Média - mmHg Ο ≥ 160 Ο 130-159 Ο 110-129 Ο 70-109 Ο 50-69 Frequência Cardíaca (resposta ventricular) Ο ≥ 180 Ο 140-179 Ο 110-139 Ο 70-109 Ο 50-69 Ο Ο ≤ 39 Frequência Respiratória (Com ou sem ventilador) Ο ≥ 50 Ο 35-49 Ο 6-9 Ο 40-54 Ο ≤5 Saturação de Oxigênio: A-aDO₂ ou PaO₂ (mmHg) a. FlO₂ > 0,5 registro A-aDO₂ Ο ≥ 500 Ο 350-499 Ο PO₂ 55-60 Ο PO₂ < 56 Ο 25-34 Ο 200-249 Ο PO₂ >70 pH Sanguíneo Ο ≥ 7,7 Ο 7,6-7,69 Concentração de Sódio (mMol/L) Ο ≥ 180 Ο 160-179 Concentração de Potássio (mMol/L) Ο ≥ 7,7 Ο 6-6,9 Concentração de Creatinina (mg/ml) (Escore de pontuação dobrada para falha renal) Ο ≥ 3,5 Ο 2-3,4 HEMATÓCRITO (%) Ο ≥ 60 Ο ≥ 40 Concentração de HCO₃ (Venoso-mMol/L) Gasometria Fonte: Adaptado de Knaus et al., 1985, página 820. Ο ≥ 52 Ο 155-159 Ο 41-5,9 Ο PO₂ 61-70 Ο 7,5-7,59 Ο 7,33-7,49 Ο 7,25-7,32 Ο 7,15-7,24 Ο < 7,15 Ο 150-154 Ο 130-149 Ο 120-129 Ο 111-119 Ο ≤ 110 Ο 5.5-5.9 Ο 3,5-5,4 Ο 1,5-1,9 Ο 50-59,9 Ο 20-39,9 Ο 10-11 Ο < 200 b. FlO₂ < 0,5 registro único PaO₂ Contagem de células brancas (total/mm³) (em 1,000s) Escala de Coma de Glasgow (ECG): Escore = 15 menos ECG atual Total ACUTE PHYSIOLOGY SCORE (APACHE): Média dos pontos das 12 variáveis Ο 12-24 Ο ≤ 49 Ο 3-3,4 Ο 2,5-2,9 Ο 0,6-1,4 Ο < 0,6 Ο 46-49,9 Ο 15-19,9 Ο 30-45,9 Ο 3-14,9 Ο 20-29,9 Ο 1-2,9 Ο 32-40,9 Ο 22-31,9 Ο Ο ≤ 2,5 Ο < 20 Ο <1 Ο 15-17,9 Ο < 15 29 Para construção do modelo, foram utilizados os dados do Royal Alexandria Hospital e, para validação, os dados do Hospital da Universidade de Alberta. As associações dos fatores de risco com a mortalidade foram avaliadas por meio de modelo de regressão logística multivariado. No modelo multivariado final, permaneceram as variáveis: idade avançada; sexo masculino; tempo de cuidado em casa; doença pulmonar obstrutiva crônica; pneumonia; doença isquêmica cardíaca; infarto do miocárdio prévio; algum tipo de arritmia cardíaca; falência cardíaca congestiva; doença maligna; subnutrição e falência renal. Para construção do índice de ajuste de risco, os coeficientes da regressão logística multivariada foram multiplicados por 10, aproximando do valor inteiro mais próximo. Foi atribuída uma pontuação para cada variável incluída no modelo como demonstrado na tabela 5. Alves (2007) adotou uma estratégia semelhante a de Jiang et al. (2005) ao estudar uma coorte de 390 pacientes com 50 anos ou mais, que haviam sido submetidos à cirurgia para correção de FPF, no período de 1995–2000, no município do Rio de Janeiro. Analisou fatores relacionados à mortalidade em 30 dias, 90 dias, 180 dias e 1 ano após a cirurgia para correção da fratura proximal de fêmur em idosos. As variáveis preditoras que compuseram o novo score foram: demência; doença pulmonar obstrutiva crônica; pneumonia, acidente vascular cerebral e insuficiência renal crônica. Com exceção da variável pneumonia, todas as outras compunham a lista do índice de comorbidade de Charlson. Quando comparado com o ICC, percebeu-se que o novo score atribuiu um peso diferenciado a algumas variáveis, indicando, assim, que alguns fatores impactaram de forma diferente a mortalidade e devem ser considerados com pesos diferenciados dos usados no ICC no ajuste de risco. Outro score amplamente utilizado para predição do risco é o ASA (American Society of Anesthesiologists). Embora não seja considerado uma medida de ajuste de risco, tem sido amplamente utilizado em trabalhos com fratura proximal de fêmur. O Índice ASA está diretamente relacionado com a presença de um número maior de comorbidade. Alguns estudos em pacientes com fratura proximal de fêmur encontram associação do ASA com a mortalidade, mas sua utilização ainda é controversa, pois alguns estudos não encontraram associação (Elliott et al., 2003;Souza et al., 2008; Paksima et al., 2008; Holvik et al., 2010; Kalra et al.,2010; Ozturk et al., 2010). 30 Tabela 5 - Modelo final Não ajustado e Ajustado e Pontuação Atribuída no Score do Risco de Jiang et al. 2004. Idade 60-69 70-79 80-89 ≥90 Sexo masculino Cuidados em longo prazo empregados DPOC Pneumonia Doença isquêmica do coração Infarto do miocárdio prévio Alguma arritmia cardíaca Insuficiência congestiva cardíaca Neoplasia Desnutrição Algum distúrbio eletrolítico Falência renal Bruto odds ratio (95% IC) Ajustado odds ratio (95% IC) 1 2,1 (1,1 - 3,9) 2,7 (1,57 - 4,9) 4,4 (2,3 - 8,3) 2,3 (1,8 - 3,0) 1 1,8 (0,9 - 3,4) 2,0 (1,1 - 3,9) 3,5 (1,8 - 7,1) 1,8 (1,3 - 2,4) 0 6 7 13 6 2,1 (1,6 - 2,7) 1,6 (1,2 - 2,1) 4 2,1 (1,6 - 2,7) 7,2 (5,0 - 10,4) 2,0 (1,5 - 2,6) 4,4 (2,4 - 8,2) 2,5 (2,0 - 3,3) 3,4 (2,6 - 4,4) 3,3 (2,2 - 4,4) 6,4 (3,5 - 11,7) 2,6 (1,9 - 3,7) 9,2 (6,1 - 13,9) 1,5 (1,1 - 2,0) 3,9 (2,6 - 5,9) 1,6 (1,2 - 2,2) 3,6 (1,8 - 7,3) 1,7 (1,3 - 2,3) 1,9 (1,4 - 2,6) 3,7 (2,4 - 5,9) 7,4 (3,9 - 14,1) 1,7 (1,1 - 2,5) 6,7 (4,2 - 10,7) 4 14 5 13 5 7 13 20 5 19 score Fonte: Adaptado de Jiang et al, 2004, página 497. O ASA é utilizado para classificação do paciente de acordo com o risco pré-operatório que o mesmo apresenta. A Sociedade Americana de Anestesiologia propôs em 1963, a classificação do estado físico dos pacientes no pré-operatório para a avaliação do risco anestésico (ASA, 1963). É realizada uma classificação subjetiva do estado de saúde do paciente que possui cinco classes. ASA1: o paciente está completamente saudável; ASA 2: o paciente tem doença sistêmica leve; ASA3: o paciente tem doença sistêmica grave que não é incapacitante; ASA4: o paciente tem uma doença incapacitante que representa uma ameaça à vida; ASA5: paciente sem possibilidade terapêutica que com ou sem cirurgia não se espera que viva mais do que 24 horas (ASA, 1963). Souza et al. (2007) estudaram a aplicabilidade de medidas de ajuste de risco, dentre elas o ICC, para a mortalidade em até 90 dias após a fratura proximal de fêmur. Foram estudados 390 pacientes atendidos em um hospital universitário vinculado ao SUS, no município do Rio de Janeiro, entre 1995 e 2000. Neste estudo, constataram que os fatores 31 associados à mortalidade foram: idade, quantidade de comorbidades, índice de comorbidade de Charlson acima de 2 e intervalo de tempo para a realização da cirurgia. Não foi encontrada associação entre o score ASA e a mortalidade. Concluíram que a quantidade de comorbidades e o índice de comorbidade de Charlson foram ferramentas úteis para predição da mortalidade. Souza et al. (2008) estudaram a aplicação do Índice de Comorbidade de Charlson no ajuste de risco da mortalidade após a fratura proximal de fêmur. Neste estudo perceberam que o poder preditivo do Índice de Comorbidade de Charlson foi mantido até mesmo quando calculado apenas com uma comorbidade (a de maior peso). Concluíram que índices de gravidade com apenas uma comorbidade podem ser utilizados para procedimento de ajuste de risco. 1.4 Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) O Brasil possui grandes bases de dados administrativas que seriam muito úteis se empregadas na avaliação da qualidade dos serviços de saúde (Martins et al., 2001) . Dentre estas, está o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). O Sistema de Informações Hospitalares é uma base de dados administrativa utilizada para a realização dos pagamentos das internações hospitalares realizadas no âmbito do SUS. O instrumento por meio do qual os dados do SIH/SUS são coletados é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH). A mesma é preenchida pelos hospitais e contém dados sobre: o hospital (nome, endereço, natureza jurídica); o paciente (idade, sexo, endereço); da internação (diagnóstico da internação, diagnóstico de alta, tempo de permanência, procedimentos realizados, tipo de saída da instituição); valores pagos pelos procedimentos (Brasil, 2005). O SIH-SUS é um sistema de abrangência nacional, ampla disponibilização dos dados, com cobertura de quase 70% de todas as internações realizadas no Brasil (PNAD, 2008). No entanto há uma limitação do SIH/SUS no que diz respeito aos dados sobre as comorbidades dos pacientes. No SIH-SUS, há apenas um campo para preenchimento do diagnóstico secundário, que, ainda, não é preenchido adequadamente. Este fato limita a utilização da AIH como fonte de informações para ajustes de risco. 32 1.5 Justificativa e Relevância A qualidade dos serviços que as instituições de saúde prestam aos usuários deve ser constantemente avaliada. As taxas de mortalidade são indicadores tradicionais do desempenho das instituições hospitalares, mas para que esta análise seja realizada de forma adequada é necessária a utilização de medidas de ajuste de risco. As grandes bases administrativas do Ministério da Saúde são cada vez mais utilizadas para a avaliação da qualidade dos serviços prestados à população. Um dos bancos de dados que poderiam ser amplamente utilizados para este fim é o do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS), mas este possui limitações no que diz respeito a campos importantes para a obtenção de medidas de ajuste de risco. Estratégias para a obtenção de informações para a construção de um índice de ajuste de risco são fundamentais para que a avaliação do desempenho dos serviços das instituições hospitalares seja realizada. A motivação para a realização deste estudo se deve ao fato de que o Brasil dispõe de um grande acervo de dados em saúde. O SIH/SUS é um sistema de abrangência nacional, que registra elevado volume das internações realizadas em um importante segmento da população do país, sabendo-se que o SUS financia a maioria (aproximadamente 67% - PNAD 2008). As internações de um indivíduo no conjunto de dados das internações do SUS é uma fonte de informação rica para o planejamento e monitoramento de ações em saúde e pode vir a ser um instrumento mais preciso à tomada de decisão pelos gestores da área de saúde na avaliação do desempenho dos estabelecimentos de saúde. As internações prévias têm sido citadas na literatura internacional como fatores que impactam a mortalidade após fratura proximal de fêmur (Meyer et al., 2000; Costa et al., 2006). 33 1.6 Objetivos Objetivo Geral: Analisar as internações prévias como um indicador de gravidade do paciente na comparação de resultados em saúde entre hospitais, usando com exemplo a fratura proximal de fêmur. Objetivos Específicos: • Analisar a contribuição das internações prévias como um indicativo de gravidade do paciente internado para correção de fratura proximal do fêmur. • Analisar a contribuição de diferentes grupos de causas de causas de internações prévias na mortalidade hospitalar após a fratura proximal do fêmur. 2 Metodologia 2.1 Desenho de Estudo Foi realizado um estudo de coorte não concorrente em uma população de pacientes idosos internados com diagnóstico de fratura proximal de fêmur no estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2010 e 2011. 2.2 População do Estudo A população de estudo foi composta por pacientes, com 62 anos ou mais, de ambos os sexos, que foram internados no SUS com diagnóstico principal codificados como S72.0 (fratura do colo do fêmur), S72.1 (fratura pertrocanterica) e S72.2 (fratura subtrocanterica) da Classificação Internacional de Doenças, 10° Revisão - CID10 e submetidos à cirurgia para correção (procedimento de códigos 408040050 (artroplastia de quadril parcial), 408040084 34 (artroplastia total primária de quadril cimentada), 408040092 (artroplastia total primária de quadril não cimentada híbrida), 408040297 (tratamento cirúrgico de fratura do acetábulo), 408050489 (tratamento cirúrgico de fratura/ lesão fisária proximal (colo) do fêmur (síntese)), 408050616 (tratamento cirúrgico de fratura subtrocanteriana), 408050632 (tratamento cirúrgico de fratura transtrocanteriana)), no estado do Rio de Janeiro nos anos de 2010 e 2011. Por características próprias do banco que foi cedido, consideraram-se pacientes com 62 anos ou mais, uma vez que o banco do SIH-SUS continha apenas pacientes a partir de 60 anos. 2.3 Fonte de dados Para o presente estudo utilizou-se dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIHSUS), cedido pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Para a identificação do perfil de causas das internações prévias, ocorridas até dois anos antes da internação por FPF, foi necessário recuperar os dados de diagnóstico principal da internação do SIH-SUS, por meio do relacionamento entre o banco de dados dos pacientes com 62 anos ou mais internados para realização de cirurgia para correção de fratura proximal de fêmur do SIH-SUS, relativos anos de 2010 e 2011, e o banco do SIH-SUS com pacientes com 60 anos ou mais que internaram entre 2008 – 2011 por qualquer causa. Para a realização do relacionamento entre os bancos foram utilizadas tabelas auxiliares contendo: descrição do CID, descrição CID grupos, descrição CNES e descrição dos procedimentos, para complementar o conjunto de dados a serem utilizados na análise. 2.4 Linkage entre as bases de dados do SIH-SUS Os dados fornecidos para o estudo passaram por procedimento de linkage probabilístico dos registros da coorte de pacientes com fratura contendo dados do SIH-SUS 2010 - 2011 com os registros do SIH-SUS 2008 – 2011. Assim, foram obtidos os pares de registros do mesmo paciente nos anos anteriores. Para tal, utilizou-se o programa OpenReclink®, seguindo os cinco passos de blocagem sugeridos em Coeli e Camargo. 35 Jr.(2002), que envolve estratégias de padronização dos dados, relacionamento e combinação dos registros. No processo de padronização, os campos nominais das bases de dados foram subdivididos, eliminados os acentos e as pontuações, e os campos referentes ao sexo (tipo numérico) e à data de nascimento (tipo data) do SIH-SUS foram ambos convertidos para caracter. A partir de campos utilizados na padronização dos dados, foram criadas chaves de indexação, utilizadas para relacionar os registros dos arquivos padronizados. O relacionamento ocorreu por meio de um procedimento denominado blocagem, com o objetivo de reduzir a quantidade de comparações entre registros das duas bases de dados, eliminando registros com escores muito diferentes. Neste processo foram estabelecidos blocos lógicos de registros baseados em campos chaves. A blocagem se deu por meio da divisão lógica do banco em blocos que se excluíram mutuamente de acordo com as chaves de blocagem que foram configuradas (Coeli & Camargo, 2002). No processo de blocagem, para realização da comparação dos campos nome foram empregados códigos fonéticos, usando a função soundex. Essa função gera um código de quatro dígitos que representa a palavra, em que o primeiro dígito do código se refere à primeira letra da palavra e os demais são valores que representam consoantes existentes na palavra. O objetivo do código soundex é a diminuição dos erros por meio de eliminar vogais e substituir consoantes com sons similares. Os passos e chaves utilizados para blocagem foram: Passo 1: Soundex do primeiro nome + soundex do último nome + sexo Passo 2: Soundex do último nome + sexo + ano de nascimento Passo 3: Soundex do primeiro nome + sexo + ano de nascimento Passo 4: Soundex do primeiro nome + soundex do último nome + ano de nascimento Passo 5: Soundex do primeiro nome + ano de nascimento Após o relacionamento dos registros nas duas bases de dados, no processo de pareamento, foi atribuído um score sobre a comparação dos dois registros. Esse score leva em consideração parâmetros relacionados à soma da verossimilhança. Para a variável nome foram atribuídos os seguintes valores: sensibilidade de 92%, especificidade 1% e 85% para 36 proporção mínima de concordância. Para a variável data de nascimento, 90%, 5% e 65%, respectivamente. Após cada passo de blocagem, foi gerado um arquivo, com os dados relacionados aos links encontrados e seus respectivos escores. Foi realizada a inspeção visual de cada link da tabela de pares. Para inspeção visual foram selecionados os seguintes dados: nome; nome da mãe; data de nascimento; código do município; data da internação; data da alta; motivo da saída; CNES; sexo; AIH. O critério para combinação dos registros foi estabelecido empiricamente durante a inspeção visual de cada link, após cada passo de blocagem. 2.5 Variáveis de interesse Foram utilizadas variáveis: demográficas (sexo e idade, agrupada em faixas etárias: 6069 anos, 70-79 anos, 80-89 anos e 90 anos ou mais); internação prévia (sim ou não); número de internações; Índice de Comorbidades de Charlson (calculado com base nos pesos dos diagnósticos principais das internações prévias) e os diagnósticos principais das internações prévias, agrupados com base no Índice de Comorbidade de Charlson, com base no agrupamento realizado por Alves (2007) e na literatura científica que aborda fatores que impactam na mortalidade após FPF (quadro 3). A variável dependente utilizada foi a morte hospitalar, variável dicotômica, definida pelo motivo da cobrança de códigos 4.1, 4.2, 4.3, 4.4, 5.1, 5.2, 5.3, 5.4. 2.6 Análise dos dados Para construção da base de dados de análise, foram utilizados os seguintes arquivos: a coorte de internações ocorridas entre 2010 e 2011, para correção cirúrgica de FPF e os registros do SIH-SUS para todos os diagnósticos principais de pacientes com 60 anos ou mais entre 2008-2011. A tabela de pares verdadeiros proveniente do linkage da base do SIH-SUS após revisão manual para identificação das internações prévias. A junção das bases foi realizada por meio do número da AIH, e para tal utilizou-se o programa Microsoft Acces®. 37 Foram realizadas análises univariadas e bivariadas para todas as variáveis do estudo. O teste estatístico utilizado para avaliar a associação entre as variáveis categóricas foi o quiquadrado de Pearson e para a avaliação das variáveis contínuas com distribuição normal foi o Teste t e o teste de Mann-Whitney, caso contrário. Foi realizada análise mais detalhada das causas de internação prévia e de sua relação com a mortalidade hospitalar dos pacientes após a cirurgia para correção de FPF. Foram realizadas regressões logísticas simples para cada variável. As variáveis que apresentaram p≤ 0,20 foram incluídas no modelo completo. A análise multivariada foi realizada por meio de um modelo de regressão logística, conforme realizado por Jiang et al. (2005) e Alves (2007). As variáveis foram retiradas uma a uma do modelo completo, iniciando pela variável menos significante na regressão simples. E a permanência das variáveis no modelo final foi avaliada pela significância estatística e pelo teste de razão de verossimilhança entre o modelo com e sem a variável testada. Para as análises foi utilizado o programa Stata9®. 2.7 Questões Éticas O subprojeto “Avaliação da qualidade dos serviços hospitalares utilizando taxas de mortalidade: construção de uma medida de ajuste de risco” está vinculado ao projeto de pesquisa “Sistema de informação em saúde nacionais, confiabilidade dos dados, integração entre os sistemas e o uso de dados integrados para a discussão das possibilidades e limites para o apoio a gestão em saúde”. Este pressupõe a análise dos limites e as vantagens da utilização de sistemas de informação integrados na resposta às demandas de informação para apoiar a gestão em saúde, foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva - (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ – Processo 67/2006 e Parecer 121/2006. Este projeto foi submetido ao Comitê de ética em Pesquisa (CEP) após a qualificação. Os dados identificados foram apenas utilizados no processo de linkage e as etapas foram executadas em computador não ligado a rede de internet. Após o processo de linkage, os nomes foram retirados da análise e os resultados do estudo estão apresentados de forma agregada, não sendo apresentados resultados individuais. 38 Quadro 3 - Agrupamento dos diagnósticos das internações prévias segundo a CID-10 e diagnósticos de maior impacto na mortalidade após FPF GRUPOS CID10 A09, A46, A480, A488, A490, A499, B958, K294, K315, K359, K36, K409, K419, K439, K579, K599, Doenças Infecciosas e K612, K639, K802, K808, K810, K920, K928, K938, gastrointestinas L021, L029, L89, L97, N329, N813, N832, N840, R100, R198, Z039 Anemias D508, D559, D630, D649 Doença Crônica do Fígado K746 Doença Cerebrovascular G459, G589, I635, I64, S061, S065 Diabetes Mellitus E108, E111, E116, E145, E149 Doença Pulmonar J449 Obstrutiva Crônica Doença Renal Severa e Moderada N179, N180, N189 Doenças do Trato Urinário N10, N111, N310, N328, N390, N394, N398, N508, R32, R33 Doença Vascular Periférica Esquizofrenia I702, I716, I802, I830 F205 R262, S068, S318, S324, S424, S428, S525, S526, S528, S718, S818, S820, S821, S822, S828, S930, T021, T023, Fraturas Diversas e Lesões T028, T039, T068, T131, T141, T821, T840, T845, T846, T848, T931, Z470 Fratura de Fêmur Doença Hipertensiva e HAS Doenças Isquêmicas Doença de Válvula e ICC Linfomas e Leucemias Doenças Metabólicas, Nutricionais e Hematológicas Neoplasias Malignas Doenças do Tecido Conjuntivo Pneumonia Tuberculose Arritmias e Transtornos da Condução Transtornos da Visão Úlceras S720, S721, S722, S723, S724, S727, S728, S729 I10, I119, I159 I200, I210, I219, I248 I260, I500, I509 C835, C859, D110, D259, D267, D34, D400 D759, E054, E40, E86, K900 C19, C20, C318, C348, C349, C448, C449, C501, C502, C509, C541, C61, C672, C728 M064, M153, M161, M171, M318, M738, M966 J129, J159, J180, J189 A150, A153, A310 I441, I442, I48 H024, H160, H250, H251, H258, H270 K251, K252 39 3.RESULTADOS Dos 1938 pacientes acompanhados (tabela 6), 1411 (72,81%) eram do sexo feminino, 40,66 % dos pacientes estavam na faixa etária entre 80 a 89 anos. A fratura de colo de fêmur foi a responsável por 56,66% das internações para correção cirúrgicas de FPF. Dentre os pacientes internados, 14,96% tinham registro de uma ou mais internações no SUS por qualquer causa nos anos anteriores (2008-2011). Destes, 73,19% apresentaram 01 internação prévia por qualquer causa e 18,27% apresentaram 02. Dos pacientes que internaram previamente, 4,75% internaram por causas que pontuam no Índice de Comorbidade de Charlson. A tabela 7 apresenta o percentual de óbitos hospitalares para cada categoria das variáveis. Percebeu-se que idade (90 anos ou mais) e tipo de fratura (colo de fêmur) apresentaram maiores percentuais de morte. A tabela 8 apresenta as causas das internações prévias, mais próximas da internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, mais frequentes. Destacam-se fraturas diversas e lesões (27,99%), seguida de doenças infecciosas e gastrointestinais (13, 31%), fratura de fêmur (6,83 %), neoplasias malignas (6,14%), doenças do trato urinário (5,8%). O quadro 4 (apêndice) apresenta o perfil das internações prévias dos pacientes que internaram previamente 3 vezes ou mais. Percebeu-se que os diagnósticos mais frequentes para foram fratura envolvendo regiões múltiplas de um membro inferior (5,25%), infecção do trato urinário (2,63%), hipertensão essencial (2,39%) e pneumonia (2,39). Nos modelos de regressão logística da chance de mortalidade hospitalar ajustados por sexo e idade (tabela 9), observou-se que faixa etária e internação prévia foram estatisticamente significantes ao nível α = 0,05. Os diagnósticos das internações prévias associados à maior mortalidade hospitalar (tabela 10) no modelo simples foram: doença renal severa ou moderada (OR = 12,092; IC 95% = 1,998 - 73,182), doenças do trato urinário (OR = 3,208; IC = 0,925 - 11,128), fraturas diversas e lesões (OR = 1,735; IC = 0,778 - 3,869), doenças isquêmicas (OR = 4,488; IC = 0,497 - 40,517), doenças metabólicas, nutricionais e metabólicas (OR = 4,561; IC = 0,861 -24,151), pneumonia (OR = 3,902; IC = 1,103 - 40 13,799), com exceção de fraturas diversas e lesões, que apresentaram intervalos de confiança muito grandes, esses foram estatisticamente significantes ao nível de α = 0,20. Tabela 6 - Perfil dos pacientes internados para correção cirúrgica de fratura proximal de fêmur no município do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2011. Variável Sexo Feminino Masculino Idade (anos) 60 a 69 70 a 79 80 a 89 90 ou mais Tipo de Fratura Colo do femur Pertrocantérica Subtrocantérica Internação Prévia Não Sim Número de Internações Prévias 0 1 2 3 4 5 ou mais Índice de Comorbidade de Charlson 0 1 2 ou mais Total n % 1411 527 72,81 14,96 270 658 788 222 13,93 33,95 40,66 11,46 1098 619 221 56,66 31,94 11,40 1648 290 85,04 14,96 1648 214 53 9 9 5 85,04 11,04 2,73 0,46 0,46 0,25 1846 41 51 1938 95,25 2,12 2,63 100,00 41 Tabela 7 - Perfil dos pacientes internados para correção de fratura proximal de fêmur, segundo ocorrência de óbito durante a internação no município do Rio de Janeiro nos anos de 2010 e 2011. Variável Não n Sexo Feminino Masculino Idade (anos) 60 a 69 70 a 79 80 a 89 90 ou mais Tipo de Fratura Colo do femur Pertrocantérica Subtrocantérica Internação Prévia Não Sim Número de Internações Prévias 0 1 2 3 4 5 ou mais Índice de Comorbidade de Charlson 0 1 2 ou mais * Teste do χ² % Morte Sim n % P-Valor* Total n (100%) 0,648 1334 501 94,54 95,07 77 5,46 26 4,95 1411 527 0,000 265 638 742 190 98,15 96,96 94,16 85,59 5 20 46 32 1,85 3,04 5,84 14,41 270 658 788 222 0,035 1027 596 212 93,53 96,28 95,93 71 6,47 23 3,72 9 4,07 1098 619 221 0,113 1566 269 95,02 92,76 82 4,98 21 7,24 1648 290 0,748 1566 198 49 9 8 5 95,02 92,52 92,45 100,00 88,89 100,00 82 16 4 0 1 0 4,98 7,48 7,55 0,00 11,11 0,00 1648 214 53 9 9 5 1751 37 47 94,85 90,24 92,16 95 5,15 4 9,76 4 7,84 1846 41 51 0,307 42 Tabela 8: Causas de internações prévias mais próximas da internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos de 2010 e 2011 Fraturas Cardiovasculares Tumores Sistema Urinário Sistema Respiratório Doenças Metabólicas, Nutricionais e Hematológicas Outros Grupos de Diagnósticos Fratura de Fêmur Fraturas Diversas e Lesões Doença Cerebrovascular Doenças Hipertensivas Arritmias e Transtornos da Condução Doenças Isquêmicas Doença Vascular Periférica Doença de Válvula e ICC Linfomas e Leucemias Neoplasias Malignas Doença Renal Severa e Moderada Doenças do Trato Urinário Pneumonia Tuberculose Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Anemias Diabetes Mellitus Doenças Metabólicas, Nutricionais e Hematológicas Doença Crônica do Fígado Doenças do Tecido Conjuntivo Doenças Infecciosas e gastrointestinas Esquizofrenia Transtornos da Visão Úlceras Total Freq. Percent % 20 6,83 82 27,99 12 4,10 7 2,39 6 2,05 5 1,71 6 2,05 7 2,39 9 3,07 18 6,14 4 1,37 17 5,80 12 4,10 3 1,02 4 1,37 6 2,05 5 1,71 7 2,39 1 0,34 7 2,39 36 12,28 1 0,34 13 4,44 2 0,68 290 100,00 Nos modelos que continham os diagnósticos das internações prévias, ajustados (tabela 10) por sexo e idade, os diagnósticos associados com a morte hospitalar foram: doença renal severa ou moderada, com OR = 20,196 (IC = 3,042 - 134,092), indicando que a presença de doença renal aumenta em 20, 20 vezes a chance de mortalidade hospitalar; as doenças do trato urinário, OR = 3,949 (IC = 1,117 - 13,958), indicando que a presença das mesmas aumenta em 3,9 vezes a chance de óbito hospitalar após a fratura; as doenças isquêmicas, OR = 9,099 (IC = 0,973 - 85,106), que aumentam em 9,1 vezes a chance de óbito e pneumonia, OR = 3,619 (IC = 0,977 - 13,401), aumentando em 3,7 vezes a chance de óbito hospitalar após a fratura. Ambos com intervalos de confiança grandes. Fraturas diversas e lesões foi border 43 line, com OR = 3,619 ( IC = 0,977 - 13,401), indicando assim um aumento em 3,7 vezes na chance de mortalidade hospitalar. Tabela 9 - Modelos de regressão logística para ajuste de risco de mortalidade hospitalar após internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos 2010 e 2011. Variável P-Valor OR Bruto IC (95%) OR Ajustado IC (95%) 0,90 1,00 0,57 1,42 - 1,06 1,00 0,67 1,69 - 0,80 - 1,00 1,66 3,29 8,93 0,62 4,47 1,29 8,36 3,42 23,33 1,00 1,68 3,32 9,05 0,62 4,53 1,30 8,49 3,44 23,81 0,31 0,01 0,00 1,49 1,00 0,91 2,45 - 1,77 1,00 1,06 2,94 - 0,03 - 1,00 1,54 1,56 0,87 0,89 2,69 0,55 4,42 0,12 6,52 1,00 1,76 2,11 1,16 1,76 3,10 0,73 6,10 0,15 8,97 0,05 0,17 0,89 1,00 1,99 0,70 5,71 1,00 2,60 0,88 7,70 0,08 1,57 0,55 4,44 2,22 0,77 6,42 0,14 (OR Ajustado) Sexo Masculino Feminino Faixa Etária 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 89 anos 90 anos ou mais Internação Prévia (IP) Sim Não Número de IP 0 1 2 3 ou mais ICC 0 1 2 ou mais 44 Tabela 10 - Modelos de regressão logística para ajuste de risco de mortalidade hospitalar após internação para cirurgia de correção de fratura proximal de fêmur, no município do Rio de Janeiro nos anos 2010 e 2011. Variável Doenças Infecciosas e Gastrointestinais OR Bruto IC (95%) OR Ajustado P-Valor IC (95%) (OR Ajustado) 0,357 0,049 2,614 0,456 0,062 3,372 0,442 Anemias* - - - - - - - Doença Crônica do Figado* - - - - - - - 1,374 0,178 10,607 2,330 0,293 18,538 0,424 Diabetes Mellitus* - - - - - - - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica* - - - - - - - Doença Renal Severa e Moderada 12,092 1,998 73,182 20,196 3,042 134,092 0,002 Doenças do Trato Urinário 3,208 0,925 11,128 3,949 1,117 13,958 0,033 Doença Vascular Periférica* - - - - - - - Esquizofrenia* - - - - - - - 1,735 0,778 3,869 2,041 0,900 4,627 0,087 Doença Cerebrovascular Fraturas Diversas e Lesões Fratura de Fêmur* - - - - - - - Doenças Isquêmicas 4,488 0,497 40,517 9,099 0,973 85,106 0,053 Doenças de Válvula e ICC 2,239 0,277 18,073 2,375 0,276 20,413 0,431 - - - - - - - Doenças Metabólicas, Nutricionais e Hematológias 4,561 0,861 24,151 3,739 0,605 23,128 0,156 Neoplasias Malígnas 1,378 0,322 5,886 1,696 0,389 7,384 0,482 - - - - - - - 3,902 1,103 13,799 3,619 0,977 13,401 0,054 Tuberculose* - - - - - - - Arritmias e Transtornos da Condução* - - - - - - - Visão* - - - - - - - Ulceras* - - - - - - - Linfomas e Leucemia* Doenças do Tecido Conjuntivo* Pneumonia *Não foi possível estimar por falta de variabilidade 45 4 DISCUSSÃO Neste estudo, observou-se que pacientes que tiveram internação, por qualquer causa, anterior à internação para correção cirúrgica da FPF tiveram um acréscimo de 77% na chance de morte durante essa internação. Esse resultado aponta que a internação prévia pode ser usada como um marcador da chance de morte durante a internação para correção cirúrgica da FPF. No entanto, o número de internações prévias não se mostrou associado, sugerindo que a associação ocorre não apenas pela quantidade de internações prévias, mas sim pela identificação de diagnósticos ou comorbidades específicas que reconhecidamente impactam na mortalidade após FPF. Embora considerando diferentes períodos para a internação prévia, Meyer et al., 2000 e Costa et al., 2009 encontraram um aumento da mortalidade em seus estudos. Meyer et al. (2000) identificaram que os pacientes que tiveram uma ou mais admissões (por qualquer causa) nos dois anos anteriores à FPF tiveram um incremente de quatro vezes na chance de morte em 01 ano. E Costa et al. (2009) em seu estudo perceberam que os homens que relataram ter tido admissão hospitalar anterior (por qualquer causa) durante o período de seguimento tiveram um aumento em 10,36 vezes na chance de morte em 01 ano. Os resultados aqui encontrados apontam para a possibilidade de se utilizar o próprio SIH-SUS para auxiliar na identificação do risco de morte de pacientes internados, com vistas a análises comparativas das taxas de mortalidade hospitalar entre diferentes prestadores de serviço. Percebeu-se nesse estudo a predominância de pacientes do sexo feminino (72,33%), no entanto, não foi possível identificar associação entre gênero e morte hospitalar, concordando com trabalhos nacionais já realizados, em tempos de seguimento diferentes (Pinheiro et al., 2006, Alves., 2007, Souza et al., 2005). Estudos internacionais apontam o sexo masculino como o mais propenso à morte em diferentes tempos de seguimento (Sakaki et al.,2004, Fransen et al.,2012, Cree et al., 2000, Gdalevich et al., 2004, Jiang et al., 2005, Garcia et al., 2006). Hipóteses para a associação entre gênero masculino e mortalidade são levantadas por Cree et al. (2000) que discutem que as quedas dos homens em geral geram mais traumas do que as das mulheres e, ainda, a deficiência cognitiva nos homens e suas comorbidades têm um nível maior de gravidade. 46 A idade é um forte marcador biológico do óbito. Foi possível identificar a associação entre a idade mais avançada e a mortalidade após FPF, com pacientes entre 80 e 89 anos apresentando 3,3 vezes a chance de morte hospitalar após FPF se comparados com os de 60 a 69 anos e pacientes com 90 anos ou mais com 9,05 vezes essa chance. A associação entre morte após FPF e idades avançadas foi encontrada também por outros autores nacionais e internacionais (Souza., 2005; Alves., 2007; Sakaki et al.,2004,; Cree et al., 2000; Hu et al.,2011; Mesquita et al., 2009; Jiang et al., 2005). O Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) tem se mostrado associado à mortalidade em diferentes tempos, apesar de ter sido criado originalmente para um estudo sobre câncer de mama. Observou-se que o ICC com valor 1 demonstrou associação com a morte hospitalar com 2,60 vezes maior chance de morte, ao contrário de índices com uma maior pontuação, comparando com o ICC com valor zero. Esse fato pode indicar que as comorbidades com ponderação igual à unidade 1 do ICC apresentam uma maior gravidade para a mortalidade hospitalar após a FPF. Por outro lado, usando dados de internações para correção cirúrgica de FPF de um hospital universitário, Souza (2005), encontrou que a chance de morte para pacientes com ICC com peso acima de 2 tiveram a chance de morte aproximadamente 6 vezes maior quando comparados aos pacientes com ICC igual a 0. Utilizaram-se as causas das internações prévias como proxy das possíveis comorbidades dos pacientes internados para correção cirúrgica de FPF. A doença renal severa e moderada, as doenças do trato urinário, as doenças isquêmicas, pneumonia e ocorrência de fraturas diversas e lesões demonstraram-se associadas com a morte hospitalar. Esse fato foi consistente com a literatura científica, mesmo em outros períodos de seguimento para o óbito (Jiang et al., 2005; Alves., 2007; Sakaki et al.,2004; Mesquita et al., 2009; Hu et al.,2011). Percebeu-se associação entre as doenças do trato urinário (diagnósticos N10, N111, N310, N328, N390, N394, N398, N508, R32, R33) e a morte hospitalar em discordância com o estudo de Jiang et al., 2005, que não encontrou associação entre infecção urinária e morte após FPF. Pacientes com doenças isquêmicas tem um aumento da chance de morte após a FPF. Assim como observado no grupo das doenças cardíacas que aparece associado com a mortalidade após fratura na literatura (Sakaki et al.,200; Mesquita et al., 2009; Hu et al.,2011). A pneumonia mostrou associação com a mortalidade hospitalar com um aumento da chance de morte para pacientes que internaram previamente a FPF em consonância com outros estudos (Alves., 2007; Jiang et al., 2005; Sakaki et al.,2004; Mesquita et al., 2009; Hu et 47 al.,2011). A ocorrência de fraturas diversas e lesões previamente a FPF apresentou uma associação border line, com um aumento de 2 vezes na chance de morte. Não foi possível encontrar associação para algumas causas de internação prévia que possivelmente estariam associadas ao óbito, em função da ausência de variabilidade do desfecho. Uma alternativa seria aumentar a amostra para que fosse possível captar mais casos e possivelmente maior variação no desfecho. Este estudo apresenta relevantes limitações que devem avaliadas. Primeiramente, ao trabalhar com diagnóstico das internações prévias como um indicativo das comorbidades, percebe-se que comorbidades importantes para o prognóstico da fratura podem não originar internações quando o quadro do paciente está estável e consequentemente não foram computadas para análise. Como foram analisadas as internações do Sistema Único de Saúde, as internações prévias que foram porventura realizadas na rede privada não foram captadas para o estudo. Entretanto, supõe-se que o paciente que interne no SUS para correção de FPF tem probabilidade alta de internar as demais vezes também no SUS. Outra limitação importante é o fato de terem sido consideradas unidades hospitalares com perfis diferenciados, o que pode refletir também na qualidade da assistência prestada ao paciente e, com isso, a chance de morte também ter sido influenciada por esse fato. Analisar um volume maior de dados de hospitais específicos poderia minimizar o impacto dessa limitação. Por características próprias do banco que foi cedido, consideraram-se pacientes com 62 anos ou mais, uma vez que o banco do SIH-SUS continha apenas pacientes a partir de 60 anos. Concluindo, ainda que levando-se em consideração as limitações do presente estudo, observou-se consistência com a literatura científica. Tal fato ressalta a possibilidade de se utilizar o próprio SIH-SUS para auxiliar na identificação do risco de morte de pacientes internados, com vistas a análises comparativas das taxas de mortalidade hospitalar entre diferentes prestadores de serviço. E, assim, trabalhar a internação prévia como uma das proxy da gravidade do paciente. Sugere-se outros estudos para avaliar se a internação prévia como uma proxy da gravidade, se aplica a outras causas de internação além da fratura proximal de fêmur. 48 5 REFERÊNCIAS ALARCON, T.; GONZALEZ MONTALVO, J. I.; BARBACENA, A.; SAEZ, P. Further experience of nonagenarians with hip fracture. Injury. 2001. ALVES, C. B. Fatores associados à mortalidade em diferentes períodos após cirurgia para correção de fratura proximal de fêmur. 2007. 62f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2007. AMERICAN SOCIETY OF ANESTHESIOLOGISTS. New classification of physical status[editorial]. Anesthesiology. 1963. ASH, A.S; POSNER, M. A.; SPECKMAN, J.; FRANCO, S.; YATCH, A. C.; BRAMWELL, L. Using claims data to examine mortality trends following hospitalization for heart attack in Medicare. 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PACIENTE NUM IP 1 3 2 4 3 4 4 4 5 3 6 3 7 4 8 4 9 5 DIAGNÓSTICOS C50.0 Mamilo e areola I50.9 Insuf cardiaca NE S92.5 Frat de outr artelho J44.9 Doenc pulmonar obstrutiva cronica NE J81 Edema pulmonar NE de outr form J81 Edema pulmonar NE de outr form I49.0 Flutter e fibrilacao ventricular M06.9 Artrite reumatoide NE M06.8 Outr artrites reumatoides espec M86.9 Osteomielite NE A49.9 Infecc bacter NE E14.5 C/compl circulatorias perifericas E14.5 C/compl circulatorias perifericas L03.8 Celulite de outr locais L97 Ulcera dos membros infer NCOP S71.8 Ferim outr partes e das NE cintura pelvica I25.3 Aneurisma cardiaco I47.0 Arritmia ventricular p/reentrada C67.2 Parede lateral da bexiga C34.9 Bronquios ou pulmoes NE C34.9 Bronquios ou pulmoes NE J18.9 Pneumonia NE J18.9 Pneumonia NE E40 Kwashiorkor J15.8 Outr pneumonias bacter J15.8 Outr pneumonias bacter I10 Hipertensao essencial J44.9 Doenc pulmonar obstrutiva cronica NE J44.9 Doenc pulmonar obstrutiva cronica NE I64 Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquemico I69.4 Sequelas acid vasc cerebr NE c/hemorr isquem I69.4 Sequelas acid vasc cerebr NE c/hemorr isquem I69.4 Sequelas acid vasc cerebr NE c/hemorr isquem R26.2 Dificuldade p/andar NCOP 57 10 5 11 4 12 3 13 4 14 4 15 3 16 9 17 5 18 3 E14.9 S/complic A46 Erisipela I69.4 Sequelas acid vasc cerebr NE c/hemorr isquem E14.9 S/complic R02 Gangrena NCOP I77.0 Fistula arteriovenosa adquir N18.0 Doenc renal em estadio final D40.0 Prostata N18.8 Outr insuf renal cronica C20 Neopl malig do reto D12.6 Colon NE N39.0 Infecc do trato urinario de localiz NE I15.9 Hipertensao secund NE S31.8 Ferim de outr partes e de partes NE abdome H59.0 Sindr vitrea subseq a cirurgia de catarata H25.1 Catarata senil nuclear T02.3 Frat envolv regioes mult de um membro infer T02.3 Frat envolv regioes mult de um membro infer C54.1 Endometrio C54.1 Endometrio I50.0 Insuf cardiaca congestiva I50.0 Insuf cardiaca congestiva I70.2 Aterosclerose das arterias das extremidades R69 Causas desconhecidas e NE de morbidade D16.9 Osso e cartilagem articular NE T84.5 Infecc reacao inflam dev protese artic int T84.0 Complic mecanica protese articular interna T84.0 Complic mecanica protese articular interna T84.0 Complic mecanica protese articular interna M87.3 Outr osteonecroses secund T81.4 Infecc subsequente a proced NCOP T84.0 Complic mecanica protese articular interna T84.5 Infecc reacao inflam dev protese artic int T84.5 Infecc reacao inflam dev protese artic int A49.0 Infecc estafilococica NE I64 Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquemico G45.9 Isquemia cerebral transitoria NE A49.8 Outr infecc bacter de localiz NE J12.9 Pneumonia viral NE 58 19 3 20 5 21 3 22 6 23 4 24 4 C82.0 Pequenas celulas clivadas folicular I44.1 Bloqueio atrioventricular de 2.grau J84.1 Outr doenc pulm intersticiais c/fibrose S81.8 Ferim de outr partes da perna F20.5 Esquizofrenia residual F20.5 Esquizofrenia residual F20.5 Esquizofrenia residual F20.5 Esquizofrenia residual F20.5 Esquizofrenia residual G91.9 Hidrocefalia NE G91.9 Hidrocefalia NE C72.8 Lesao invasiva encef out part sist nerv cent A49.8 Outr infecc bacter de localiz NE I79.2 Angiopatia periferica em doenc COP E10.5 C/compl circulatorias perifericas D64.9 Anemia NE L97 Ulcera dos membros infer NCOP E10.5 C/compl circulatorias perifericas K56.4 Outr obstrucoes do intestino C20 Neopl malig do reto D50.0 Anemia p/defic ferro secund perda de sangue C20 Neopl malig do reto N39.0 Infecc do trato urinario de localiz NE M15.0 Artrose prim generalizada M15.3 Artrose mult secund M15.3 Artrose mult secund