estudo do perfil clínico e epidemiológico de pacientes com câncer

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ESTUDO DO PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM
CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS EM HOSPITAL PÚBLICO DE REFERÊNCIA DE
TERESINA – PI.
Lorena Norberta Mendes Moura (ICV), Benedito Borges da Silva (Orientador, Departamento
Materno Infantil – UFPI)
Introdução:
O câncer de mama é a neoplasia mais incidente na população feminina excluindo-se os
tumores de pele não melanoma. Acomete, preferencialmente, mulheres por volta dos 50 anos de
idade, sendo raro antes dos 30 anos. Todavia, nas últimas décadas, tem sido observado aumento da
incidência dessa neoplasia inclusive em faixas etárias mais jovens (VIEIRA et al., 2012). No Brasil, a
mortalidade por câncer de mama continua elevada, provavelmente porque a doença é diagnosticada
em estágios avançados, segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da
Silva.
Entendendo-se a gênese do câncer de mama como sendo multifatorial, sabe-se que diversos
aspectos genéticos, ambientais e relacionados ao estilo de vida estão implicados em sua etiologia.
Fatores de risco então devem ser analisados, a menarca precoce e a menopausa tardia, por
exemplo, parecem apresentar um risco pouco elevado, enquanto uma suscetibilidade genética
comprovada. Fatores como obesidade, dieta gordurosa e ingestão alcoólica excessiva também
parecem ser indicativos de risco pouco elevado (VIEIRA et al., 2012).
De acordo com a American Cancer Society Breast Cancer Facts and Figures (2009-2010), a
chance de uma mulher desenvolver a neoplasia maligna da mama aumenta com a idade. A chance
de uma mulher ter câncer de mama, consoante sua idade atual, é de cerca de 1 em 1760, para
mulheres com 20 anos, 1 em 69, para mulheres com 40 anos e 1 em 27 para mulheres com 70 anos;
sendo ao longo da vida, o risco de 1 em 8. Dessa forma, o sexo feminino em relação ao masculino é
o principal fator de risco para o câncer de mama.
História familiar, principalmente em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos, é um
importante fator de risco para o câncer de mama e pode indicar predisposição genética associada à
presença de mutações. Entretanto, o câncer de mama de caráter hereditário corresponde a cerca de
5-10% do total de casos, segundo o INCA (2014). O risco de uma mulher desenvolver câncer de
mama é aumentado em até três vezes se um parente de primeiro grau for afetado. O gene BCRA-1,
no cromossomo 17q21, e BCRA-2, no cromossomo 13q12.3 foram descobertos como aumentadores
de suscetibilidade ao câncer de mama em casos de mutações (NUSSBAUM et al., 2002),
favorecendo câncer de mama hereditário.
O estadiamento refere-se ao grupo de pacientes de acordo com a extensão de suas doenças.
É útil em (1) determinar a escolha de um tratamento para pacientes individuais, (2) estimar seu
prognóstico, e (3) comparar os resultados dos diferentes programas de tratamento (DeVita et. al,
2001). O prognóstico será mais favorável para as pacientes com diagnóstico precoce, pois as células
malignas estarão menos disseminadas no local (in situ), ou linfonodos (N0), ou sem metástase (M0).
Portanto, o diagnóstico em um estadiamento precoce da doença favorece a sobrevida das mulheres.
O estadiamento é fundamentado na classificação TNM, sendo a mamografia o principal método de
rastreamento do Câncer de Mama, segundo INCA (2014).
Assim, tendo em vista a incidência dessa neoplasia se faz clara a sua importância em
estudos clínicos e laboratoriais a fim de melhorar o prognóstico de pacientes diagnosticadas e
estimular a prevenção com campanhas promotoras de informação, como o Outubro Rosa, que visa
chamar atenção, diretamente, para a realidade atual do câncer de mama e a importância do
diagnóstico precoce. Os fatores de risco devem ser analisados em tentativas de se confirmar ou
refutar padrões existentes e melhorar as formas de prevenção, direcionando o público alvo. Dessa
forma, tendo em vista a importância da seleção de mulheres com maior risco para o câncer de mama
e a detecção precoce da doença, assim como a análise de suas características clínicas, visando uma
terapêutica mais adequada, é que o presente estudo foi proposto.
Metodologia:
Estudo observacional, descritivo, transversal. Atendendo à resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (Ministério da Saúde, 2003), das normas para pesquisa envolvendo seres
humanos, este projeto foi submetido à Comissão de Ética do Hospital Getúlio Vargas.
Foram incluídas no presente estudo, mulheres portadoras de Câncer de Mama tratadas no
Hospital Getúlio Vargas, durante o período (maio de 2013 a junho de 2014), ao contrário foram
excluídos os históricos incorretamente preenchidos ou com ausência de dados fundamentais à
pesquisa. Coletou-se as seguintes variáveis: idade da paciente, paridade, idade ao primeiro parto,
idade à menarca, idade à menopausa, classificação TNM, tipo histológico e estádio do tumor.
Resultados e Discussão:
A idade das pacientes variou entre 32 e 91 anos (média de 59,6 anos), sendo que 6,4%
tinham entre 30 e 39 anos de idade; 42,5% entre 40 e 59 anos e 51% tinham 60 anos ou mais. Dessa
forma, conclui-se que a idade é fator que influencia notavelmente o perfil clínico e epidemiológico das
mulheres com câncer de mama, de forma que, com o avanço da idade, as consultas e exames
preventivos precisam tornar-se mais frequentes.
A média de idade da menarca foi 13,3 anos,
enquanto 34,9% foi menor e 65,1% maior que 12 anos. Semelhante à menarca precoce, a
menopausa tardia surge como um fator reprodutivo de risco importante para o câncer de mama, uma
vez que também aumenta a vida reprodutiva da mulher e sua exposição a sucessivos ciclos
menstruais com aumento do estrogênio e da progesterona.
Com relação à paridade, 30,4% eram nulíparas, 43,5% eram multíparas e 8,70% e 19,56%,
primíparas e secundíparas, respectivamente. O primeiro parto ocorreu abaixo dos 30 anos em 96,7%
e acima em 3,3%. Dessa forma, esse resultado não está em plena consonância com o estabelecido
pela literatura, uma vez que menarca abaixo dos 12 anos é considerada fator de risco, devido ao fato
do câncer de mama ser uma doença estrogênio-dependente. A menopausa ocorreu abaixo dos 55
anos de idade em 100% das pacientes. Constatou-se que 100% das pacientes tiveram a menopausa
antes dos 55 anos, o que de certa forma refuta esse fator de risco.
Concernente às características tumorais, o tipo histológico mais comum foi ductal invasivo
(87%). Em relação à classificação TNM, houve predomínio de T2 (58,53%) e 44% tinham axila
clinicamente negativa (N0), enquanto 41% tinham axila positiva tipo N1. Nenhum caso com
metástases à distância (M0). Enfim, a distribuição por estádios mostrou estádio I (25%), II (63,6%) e o
estádio III em 11,4%. Felizmente, nenhuma paciente apresentou metástase e, portanto, nenhuma foi
classificada como estadio IV. Isso é muito significante para a pesquisa, pois a paciente metastática
apresenta pior prognóstico.
Conclusão:
Em análise dos fatores de risco propostos, o carcinoma de mama foi mais comum em
mulheres com idade acima de 60 anos, menarca maior que 12 anos, menopausa abaixo dos 55 anos
e idade do primeiro parto menor que 30 anos. A maioria das pacientes era nulípara ou de baixa
paridade, o que está de acordo com a literatura. O tumor mais comum foi o ductal invasivo, com
predomínio de T2N0M0 e estádio II, em que não há metástase nem migração para os linfonodos.
Dessa forma, conclui-se que o câncer de mama na casuística estudada foi mais comum em mulheres
de baixa paridade ou nulípara e o estádio clínico II foi o mais comum, havendo necessidade de
intensificação do rastreamento do câncer de mama das mulheres do nosso meio.
Referências Bibliográficas:
VIEIRA, Sabas, et al. Oncologia básica. 1ª ed. Teresina, PI: Fundação Dom Quixote, 2012: 41 – 56.
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama Tipos de Câncer - Mama
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Acesso em 25 de fevereiro de 2014.
DEVITA, Vincent; HELLMAN, Samuel; ROSENBERG, Steven. Cancer: Principles and Practice of
Oncology Volume 1. 6ª ed. Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2001: 1193.
NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington. Genética Médica. 6ª ed. ABPDE,
2002: 353-354
http://www.outubrorosa.org.br/objetivo.htm Outubro Rosa. Acesso em 13 de março de 2014.
http://www.inca.gov.br/publicacoes/consensointegra.pdf. Controle do Câncer de Mama. Acesso em
18 de agosto de 2014.
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estadiamento-do-cancer-de-mama/1394/264/. Estadiamento do
Câncer de Mama. Acesso em 18 de agosto de 2014.
http://ww5.komen.org/uploadedFiles/Content_Binaries/translate/Breast%20Cancer%20Risk%20Factor
s_Portuguese.pdf Fatores de Risco do Câncer de Mama, Susan G. Acesso em 20 de agosto de
2014.
Palavras – chave: Câncer de mama; Perfil clínico; Perfil epidemiológico.
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